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TCC 1 VERSÃO 2022 22 de março

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INSTITUTO DAMÁSIO DE DIREITO - IDD 
FACULDADE IBMEC SP 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DIREITO PROCESSUAL 
PENAL. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JULIANA REIS DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
PACOTE ANTICRIME E O DIREITO PROCESSUAL PENAL 
O instituto do Juiz das Garantias, constitucional ou inconstitucional? 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPINAS/SP 
2022 
INSTITUTO DAMÁSIO DE DIREITO - IDD 
FACULDADE IBMEC SP 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DIREITO PROCESSUAL PENAL. 
 
 
 
JULIANA REIS DA SILVA 
 
 
 
 
 
PACOTE ANTICRIME E O DIREITO PROCESSUAL PENAL 
O instituto do Juiz das Garantias, constitucional ou inconstitucional? 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Instituto 
Damásio de Direito - IDD da Faculdade 
IBMEC SP, como exigência parcial para 
obtenção do título de Especialista em 
Direito Processual Penal, sob orientação da 
professora Cristiane Isabel de Oliveira 
Leite. 
 
 
 
 
 
CAMPINAS/SP 
2022 
JULIANA REIS DA SILVA. 
PACOTE ANTICRIME E O DIREITO PROCESSUAL PENAL: O instituto do Juiz das 
Garantias, constitucional ou inconstitucional? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
 
 
Esta monografia apresentada no final do Curso de 
Pós-Graduação Lato Sensu em Direito Processual 
Penal no Instituto de Damásio de Direito da 
Faculdade IBMEC SP, foi considerada suficiente 
como requisito parcial para obtenção do 
Certificado de Conclusão. 
O examinado foi ___________ com a nota _____. 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo, 20 de março de 2022. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Muitos e muitas (Muitas pessoas queridas) a quem 
dedicar este trabalho, as quais me oportunizam as 
constantes inquietações acadêmicas, contribuem 
com minha construção profissional até aqui e 
auxiliam em minha transformação pessoal. 
Contudo este trabalho, em especial, dedico a meu 
filho, Luiz Henrique, a quem no cotidiano 
compreende minhas ausências, meus humores e 
meus anseios em busca de ser um ser humano 
melhor e uma profissional mais capacitada. Dedico 
também às pessoas interessadas pela temática, na 
busca por uma atuação frente a um Estado 
Democrático de Direito. 
 
Agradeço a Deus pela vida, pela saúde e pela sanidade. 
Agradeço aos professores e professoras que me oportunizaram, proporcionaram suporte em 
mais esta etapa em minha vida acadêmica, e que, com muito carinho e dedicação se esforçam 
para uma educação de qualidade e significativa. 
Minha gratidão! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“E uma das condições necessárias a pensar certo 
é não estarmos demasiado certos de nossas 
certezas” 
Paulo Freire. 
 
TERMO DE RESPONSABILIDADE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte 
ideológico e autoral conferido ao presente Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, intitulado 
PACOTE ANTICRIME E O DIREITO PROCESSUAL PENAL: o instituto do Juiz das 
Garantias, constitucional ou inconstitucional? isentando a Faculdade IBMEC São Paulo, a 
coordenação do curso e a orientadora Cristiane Isabel de Oliveira Leite de toda e qualquer 
responsabilidade acerca deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
Campinas, 20 de março de 2022. - Juliana Reis da Silva - 317.340.988-48 
 
RESUMO 
 
Não havendo verdade absoluta, nem posição que se prevaleça nas ciências humanas, e 
considerando que não haja contaminação cognitiva política partidária tendenciosa, à qual sabe-
se que se está sujeito, visto que se trata de um trabalho de conclusão de curso atribuído e 
realizado por um ser humano, factível de erros e limitações, este trabalho se limita a levantar, 
por meio de referências bibliográficas e documentos normativos, em nível qualitativo com 
propósito de análise crítica dos materiais e conteúdos levantados, por meio de visão analítica 
sendo construída de modo descritivo por meio empírico e exploratório, por intermédio das 
leituras de artigos que abordam a temática do instituto do juiz das garantias como sendo controle 
de legalidade e aplicação prática dos direitos fundamentais do acusado, havendo possibilidade 
de interpretação do instituto do juiz das garantias e melhor entendimento das contradições no 
âmbito do universo penal. Observado que, na persecução penal, é imprescritível a atuação do 
magistrado, e que este se apresenta comprometido quanto à imparcialidade objetiva do juiz, 
para o julgamento do mérito. O caminho a que muitos ordenamentos jurídicos chegaram foi 
que a atuação na função e atribuição de uma investigação, e no julgamento do mérito, cabem e 
são possíveis atribuições e funções distintas, cuja nova atribuição denomina-se juiz das 
garantias, que será o responsável pelo controle da legalidade na investigação processual penal, 
salvaguardando os direitos individuais, fazendo-se base na figura que o princípio acusatório 
apresentado pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88), nossa 
então conhecida como Constituição Cidadã, assegura como imparcialidades, trazendo a 
proposta do distanciamento do julgador ao qual fez parte na colhida dos elementos probatórios 
durante a investigação criminal, dentro do sistema acusatório, frente ao Estado Democrático de 
Direito. 
 
Palavras-chave: Juiz das Garantias. “Pacote Anticrime”. Processo Penal. 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Since there is no absolute truth, nor position that prevails in the human sciences, and 
considering that there is no biased political cognitive contamination, to which it is known that 
one is subject, since it is a course conclusion work assigned and carried out by a human being, 
prone to errors and limitations. This work is limited to raising, through bibliographical 
references and normative documents, at a qualitative level with the purpose of critical analysis 
of the materials and contents raised, through an analytical vision being constructed in a 
descriptive way by empirical and exploratory means, through the readings of articles that 
approach the theme of the institute of the judge of guarantees as being control of legality and 
practical application of the fundamental rights of the accused with the possibility of interpreting 
the institute of the judge of guarantees and better understanding of the contradictions in the 
scope of the criminal universe. Observing that, in criminal prosecution, the performance of the 
magistrate is imprescriptible and that he is compromised as to the objective impartiality of the 
judge for the judgment of the merits, the way that many legal systems arrived was that the 
performance in the function and attribution of an investigation preliminary and in the judgment 
of the merits, different attributions and functions fit and are possible, whose new attribution is 
called judge of guarantees, who will be responsible for the control of legality in the procedural 
investigation penalty safeguarding individual rights, based on the figure that the accusatory 
principle presented by the Federative Constitution of the Republic of Brazil of 1988 (CFRB/88) 
our then known as the Citizen Constitution ensures impartiality, bringing the proposal of 
distancing the judge to which he took part in the collection of probative elements during the 
criminal investigation within the system accusatory against a Democratic State of Law. 
 
 Keywords: Judge of Guarantees. “Anti-Crime Package”. Criminal proceedings. 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO. ..................................................................................................................... 10 
CAPÍTULO I: RESTROPECTIVA HISTÓRICA.............................................................. 14 
1.1 Juiz das Garantias e a Lei nº 13.964/19 ................................................................. 26 
1.2 Tutela do Instituto. ..................................................................................................31 
CAPÍTULO II: SUSPENSÃO DO INSTITUTO................................................................. 33 
2.1 ADI 6298, ADI 6299, ADI 6300 e ADI 6305. .............................................................. 34 
CAPÍTULO III: IMPARCIALIDADE OBJETIVA NO SISTEMA DE JUSTIÇA 
CRIMINAL BRASILEIRO. .................................................................................................. 37 
3.1 Princípios e o Status Constitucional do dever de motivar, Sanções Processuais de 
Nulidade. .............................................................................................................................. 42 
3.2 Artigo 157, parágrafo 5° do Código de Processo Penal (CPP) ................................. 45 
CAPÍTULO IV: FUNDAMENTAÇÕES DAS DECISÕES JUDICIAIS NO PROCESSO 
PENAL. ................................................................................................................................... 47 
4.1 Controle da legalidade.................................................................................................. 53 
CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 55 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ................................................................................ 59 
 
 
 
 
 
 
10 
 
INTRODUÇÃO. 
 
Início de 2022, e a discussão permanece acerca da suspensão do instituto do juiz das 
garantias estabelecido em Lei vigente nº 13.964 de 24 de dezembro de 2019. Polêmica em 
diversos sentidos, a conhecida “Lei do Pacote Anticrime” trouxe alterações não apenas ao 
Código de Processo Penal (CPP), mas também em diversos ordenamentos jurídicos penais. 
Uma dessas alterações, de grande relevância e muito aguardada pelos operadores do 
direito frente ao sistema criminal brasileiro, trata-se do sistema acusatório, com a proposta de 
um sistema misto a um sistema acusatório puro, ou seja, um sistema acusatório precedido do 
sistema inquisitório. 
Historicamente reaparece após a Revolução Francesa e se apresenta com força em países 
inclinados à democracia, pela característica da distinção dos atores e suas funções em acusar, 
julgar e defender, oportunizando às partes o devido processo legal, sendo este amparado na 
publicidade, igualdade de armas frente ao contraditório e em uma perspectiva mais moderna 
em sua ampla defesa. 
O sistema acusatório misto é entendido por suas etapas: fases pré-processual e 
processual, sendo o inquérito de característica acusatório definido como inquisitorial. Já a fase 
processual, amparada pela ampla defesa, dá-se pelas características e garantia dos direitos 
fundamentais, que aparentemente respeita um processo que promova o princípio do indúbio pro 
reo (expressão latina com significado literal de que, na dúvida, a favor do réu), dando garantia 
ao benefício da dúvida e à presunção de inocência pela garantia de que a liberdade deve 
prevalecer, predominantemente, sobre a pretensão punitiva do Estado, garantia esta de difícil 
aplicação em uma sociedade punitivista com herança no patriarcado. 
Na prática do dia a dia jurídico, há fortes resquícios do sistema inquisitório, observado 
na atualidade pela disposição física em um tribunal, por exemplo, quando há a localização do 
assento do acusador ao lado do julgador, muitas vezes representada pelo Estado x julgador, 
também representada pelo Estado x defesa (processado/réu), e que, na Idade Média, 
apresentava-se nas funções do processo penal, centralizado em uma única pessoa, denominada 
de juiz, e não havendo separação nos papéis entre acusar e julgar, que sem dúvidas deixa a 
11 
 
parcialidade como fonte de argumentos a uma condenação inevitável nesse cenário, quando 
assim definido por esse personagem central no processo penal, e não havendo de forma clara 
às partes processuais distintas a garantia do interesse do processado, ou seja, o réu. Isso posto, 
apenas com relação à disposição e organização física do espaço, reflete exatamente a forma 
como esses atores se comportam, da mesma forma que a disposição física do plenário e se 
colocam em uma posição de poder frente ao acusado/réu ali exposto ao julgamento. 
Todavia observa-se que a imparcialidade da função de julgar é garantida quando 
realizado certo distanciamento da colhida de provas, uma vez que o papel desse julgador está 
direcionado à instrução no então devido processo legal. Segundo a professora Garcia (2014, p. 
2), em sua Dissertação de Mestrado "O Juiz das Garantias e a Investigação Criminal": 
 
[...] o processo penal deve servir como instrumento de 
limitação da atividade estatal de modo a coibir eventuais 
arbítrios praticados, estruturando-se de modo a garantir plena 
efetividade aos direitos individuais constitucionalmente 
previstos, como a presunção de inocência o contraditório, a 
ampla defesa, o juiz natural, a imparcialidade e a 
publicidade, entre tantos outros. 
 
Exige-se em respeito a um sistema acusatório um julgador neutro, o que, por si só, 
muitos autores defendem ser algo inalcançável, sendo parta de um sistema acusatório quando 
esse julgador não participa da produção de provas no processo, perfazendo seu distanciamento 
no que tange ao levantamento de provas e demais atos durante o processo. 
A função da garantia do devido processo legal e a função de definir quanto a uma 
possível punição ou não ao processado deve sempre estar amparada nos princípios 
constitucionais e na dignidade da pessoa humana, considera-se realizada por um julgador que, 
ao se afastar do desejo de punição ao sujeito que cometeu o delito (se assim alcançado), 
estabelece a manutenção e cumprimento do devido processo legal após a conclusão nos autos 
pela necessidade de aplicação da pena. Ou seja, em caso de condenação do acusado, também 
há aplicação da dosimetria da pena para a então execução dela, que, garantido o devido processo 
legal em todas as fases, fica estabelecido ao acusado que nessa fase passa a ser condenado para 
12 
 
cumprimento de sua sentença, no decorrer de um sistema acusatório que oportunizou a garantia 
dos direitos fundamentais. 
Nessa perspectiva, entende-se o processo penal não apenas como instrumental técnico 
a serviço do órgão jurisdicional, o qual é acionado pelo próprio Estado, fica também a 
reprodução de valores políticos e aparelhamento ideológico de uma sociedade como um todo, 
que se espelha em seu momento histórico na busca por uma resposta às suas próprias mazelas, 
na ânsia pela punição e pelo poder punitivo que o Estado representa, ao mesmo tempo em que 
há necessidade de garantir ao indivíduo instrumentais de defesa a seus direitos e garantias, com 
objetivo de preservar sua própria liberdade. 
Os objetivos deste estão além de ser um trabalho a ser submetido ao Instituto Damásio 
de Direito (IDD), Faculdade IBMEC-SP, como requisito parcial para conclusão do curso de 
pós-graduação em direito processual penal, possui proposta de estudo, levantamento e análise 
da necessidade de inserção e aplicabilidade do instituto do juiz das garantias no processo penal 
brasileiro na garantia para efetividade de um sistema acusatório e a declaração de sua 
constitucionalidade na garantia de um Estado Democrático de Direito. 
Utilizada como metodologia, a pesquisa exploratória e descritiva, tendo como panorama 
inicial à Lei n° 13.964/2019, este trabalho aborda em seu primeiro capítulo a retrospectiva 
histórica para construção do instituto do juiz das garantias dentro da realidade brasileira, assim 
como a tutela do instituto. 
No segundo capítulo, desdobra-se o impacto da suspensão do instituto e o 
posicionamento contrário à aplicabilidade desta. 
Já no capítulo terceiro, aborda-se a imparcialidade objetiva no sistema de justiça 
criminal e seus impactos na sociedade brasileira, assim como a previsão de atuação do juiz das 
garantias no processo penal e os princípios constitucionais basilaresdessa atuação. 
Seguindo ao capítulo quarto, busca-se entendimento quanto à fundamentação das 
decisões judiciais no processo penal e o controle da legalidade. 
Por fim, em sua conclusão, sem presunção de verdades absolutas, busca compreensão 
pela necessidade da aplicação do instituto do juiz de garantias no processo penal brasileiro 
13 
 
frente a um Estado Democrático de Direito, defende sua constitucionalidade e o impacto que a 
demora em enfrentar e superar as questões de sua implementação em lei já sancionada causa 
para além da “estranheza” em possíveis interesses cumulado com posicionamentos políticos 
partidários e ideológicos, mas que descredibiliza sua necessidade com reflexo a prejuízos ao 
instituto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
CAPÍTULO I: RESTROPECTIVA HISTÓRICA 
 
 Discutir sobre a temática do instituto do Juiz das Garantias não é levantar bandeiras, 
torcidas ou apresentar clamores ideológicos, ou até mesmo partidário. Afinal, o direito é uma 
ciência e deve como tal ser tratada, ou seja, debatida no âmbito científico. 
 Nesse contexto, este trabalho de conclusão de curso se limitou a uma construção 
bibliográfica e reflexões empíricas, as quais possibilitaram o enriquecimento na construção 
acadêmica para uma atuação profissional em um contexto de contradições frente a um Estado 
Democrático de Direito. 
 Trata-se de um instituto que possui em seu repertório histórico um viés na contramão 
de uma sociedade punitivista. Atualmente o Brasil se vê com um instituto legislado, aprovado 
e suspenso por meio do guardião constitucional, em meio a debates acadêmicos, doutrinários, 
sociais, jurídicos, políticos e econômicos. Em um último contexto, realizado até audiência 
pública, no início do ano de 2022, para que fosse possível ouvir as instituições jurídicas e os 
operadores do direito que atuam com o processo penal, para melhor compreensão atual frente 
ao entendimento de tal instituto, perfazendo assim a garantia de um Estado Democrático de 
Direito. Contudo, que sejam apresentados o contexto histórico e a parte fática. 
Não é consenso a imprescindibilidade da atuação do magistrado na fase preliminar da 
persecução penal como garantidor dos direitos fundamentais, embora seja inegável que sua 
atuação não garanta uma fase preliminar imparcial, mas corrobora para que seja esse que se 
busca no contexto da fase preliminar em um Estado Democrático de Direito, assim como após 
seu recebimento e atual rito processual penal. 
Quanto ao comprometimento da imparcialidade objetiva do magistrado para o 
julgamento do mérito, as atribuições das funções de atuar na fase de investigação preliminar e 
durante todo o processo é exatamente a perspectiva para obter distintos julgadores. É entendido 
por esse o caminho de muitos dos ordenamentos processuais penais para lidar com a questão 
da imparcialidade, e o Brasil observa que aplicação desse instituto é validar exatamente que 
não possui imparcialidade, o que não precisa desse desfecho para tal apontamento. 
15 
 
 Em 2021, a Justiça Brasileia foi apontada como uma das piores do mundo no que tange 
ao ranking do "World Justice Project: Rule of Law Index 2021", ocupando a 112ª posição 
mundial entre 139 países avaliados, sendo o segundo país com a justiça criminal mais parcial 
do mundo, e intitulando-o como o indevido processo legal. Segundo a Revista Consultor 
Jurídico, de 28 de dezembro de 2021: 
Entre os medidores usados na pesquisa estão a efetividade 
das investigações, a duração razoável do processo, a 
capacidade de prevenção criminal, a imparcialidade do 
sistema de justiça, a ausência de corrupção e o respeito ao 
devido processo legal. Respeito aos direitos dos presos 
também foi um dos critérios de avaliação 
Mesmo dentro da América Latina, o Brasil ficou abaixo da 
média, ocupando a 20ª posição entre 32 países. 
No medidor "efetividade e razoável duração do processo", o 
Brasil está na posição 133 (de 139), à frente apenas de 
Trindade e Tobago, Peru, Paraguai, Bolívia e Venezuela. Em 
primeiro lugar, está a Noruega, seguida da Finlândia, 
Dinamarca, Áustria, Suécia e Alemanha. Os EUA estão na 
posição 30, enquanto a China, na 69ª posição. 
No medidor "imparcialidade" do sistema de justiça criminal, 
que analisa práticas discriminatórias e seletividade do 
sistema, o Brasil aparece na penúltima colocação, perdendo 
apenas para a Venezuela. 
No quesito eficácia do sistema carcerário para reduzir a 
criminalidade e a reincidência, e respeito aos direitos dos 
presos, o Brasil ficou na 131ª posição. Nessa categoria o 
primeiro colocado é a Noruega. 
A qualidade das investigações no Brasil também é baixa e o 
país ocupa o lugar 117 do ranking. 
A posição brasileira melhora quando avaliado se policiais, 
promotores e juízes seriam corruptos: o país está na 66ª 
colocação. Quanto à independência política do sistema 
criminal o Brasil está na 50ª colocação. Porém, aparece em 
119ª no medidor de respeito aos direitos do acusado, como a 
presunção da inocência. 
O World Justice Project (WJP) é uma organização 
independente e multidisciplinar que trabalha para gerar 
conhecimento e conscientização sobre a importância do 
devido processo legal no mundo. O "Rule of Law Index" 
mede como o devido processo legal é praticado em 139 
países, e possui oito indicadores. 
16 
 
Muito antes os operadores do direito atuantes da política criminal brasileira foram a 
favor de que a solução para minimizar essa perspectiva da então parcialidade na fase preliminar 
processual penal na busca pela solução era adotar as medidas apresentadas pelo Projeto de 
Código de Processo Penal Brasileiro PLS nº 156/2009, que ao prever tal instituto e apresentando 
a figura do juiz das garantias, que seria o responsável pelo controle da legalidade da 
investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais do acusado, seria essa figura 
consentânea à aplicação do princípio acusatório consagrado na Carta Magna, conhecida como 
Constituição Cidadã (Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988 - CRFB/88) para 
assegurar a imparcialidade de forma mais efetiva e objetiva, preservando o distanciamento do 
magistrado julgador dos elementos probatórios colhidos em fase preliminar da investigação 
criminal. 
O PLS n° 156/2009 tinha por finalidade seguir com uma tendência que estava 
relativamente consolidada entre a separação das funções judiciais concernentes à investigação 
e ao processo, para a experiência internacional posta em o giudice per le indagini preliminari 
na Itália, o juiz da instrução em Portugal e o juez de garantía no Chile, o qual foi influenciado 
pelo Código de Processo Penal, modelo para América Latina, servindo de base para a reforma 
que se deu em diversos países latino-americanos para aquele momento histórico. 
A proposta da figura do juiz das garantias foi trazida ao ordenamento jurídico brasileiro 
pelo então PLS n° 156/2009, que foi proposto para, naquele momento, a reforma global do 
Código de Processo Penal, e tinha como objeto de estudo analisar a conveniência e a utilidade 
da proposta para a então inserção da figura do juiz das garantias no processo penal brasileiro. 
Como ponto de partida, analisa-se a investigação criminal como a primeira fase da 
persecução penal à luz do garantismo, e a formação de um Estado Democrático de Direito, que 
se destina a investigar, tendo como objeto a investigação criminal, analisando suas 
características dentro dos sistemas processuais, sendo esses: o inquisitório, o acusatório e o 
misto. Entende-se ser relevante, pôr em seu contexto histórico ter sido apresentado um 
ordenamento jurídico que adota o meio de investigação preliminar, que lhe parece ser mais 
adequado, ousa-se a descrever “mais conveniente para a sociedade da época”, mas que leva em 
consideração, principalmente, o sistema processual penal adotado, estruturando e baseando-seem aspectos eminentemente políticos e correlacionando-se ao processo e sua projeção na fase 
preliminar da persecução penal. 
17 
 
Questiona-se neste trabalho, e busca-se análise do significado e conteúdo do devido 
processo legal propriamente dito, assim como observa-se a aplicabilidade das garantias 
processuais decorrentes do que incide a investigação criminal e que são eleitos como 
imprescindíveis para o desenvolvimento desse trabalho. 
Entende-se estarem intimamente relacionadas a estas reflexões a elaboração da figura 
do juiz das garantias no que tange ao direito de defesa, à presunção de inocência e à 
imparcialidade do julgador, com foco para o conceito de imparcialidade objetiva, que se 
desenvolve na jurisprudência dos tribunais internacionais, sobretudo pelo Tribunal Europeu de 
Direitos Humanos. 
Também se aplicou refletir quanto ao juiz/magistrado e em relação à investigação 
preliminar, o papel que o juiz desempenha em fase preliminar e que é possível evoluir nesse 
contexto, também o olhar crítico o legislador nesse ponto para que seja possível uma atuação 
que se aplique efetivamente a nossa vigente Constituição e a figura desse juiz de modo a garantir 
conformidade a então proposta pelo Projeto de Lei do Senado nº 156/2009 demonstrando sua 
atuação e suas atribuições. 
Uma vez que estariam compreendidos esses pontos quanto à atuação e às atribuições, 
tem- se por objetivo a aplicabilidade ao ordenamento jurídico nacional, mas o que se observa 
são as exposições das críticas formuladas por outra parte dos operadores e instituições jurídicas, 
e até pela doutrina nacional, a respeito da adoção do instituído do juiz das garantias; e assim, o 
Projeto de Lei n° 156/2009 segue para seu aprimoramento e adequações aos objetivos a serem 
alcançados, onde perde a sociedade e o Estado Democrático de Direito. 
Ainda sobre os sistemas de investigação, é necessário registrar neste contexto histórico 
o sistema inquisitorial, em que, inicialmente, o próprio juiz investiga e instaura de ofício o 
processo, entendida por evitar a impunidade decorrente da ineficiência da atuação privada e 
popular, e nesse cenário, para que se evite também que o juiz se comprometa com a tese 
acusatória, prevaleceu a acusação pelo Ministério Público, por óbvio nos países em que essa 
instituição se desenvolveu e fortaleceu para tal atribuição e função. Dessa forma, apara além de 
garantir que a acusação deva estar fundamentada em prévia apuração dos fatos deveria também 
ser ofertada por órgão diverso do que julga a causa, por obviedade. 
18 
 
Firmam-se então, com o tempo, as regras com relação à forma de como deve ser 
formulada a acusação, de modo a proporcionar ao acusado uma reação mais eficiente à 
imputação do delito. Sendo imposto que o fato ocorrido - o crime - fosse narrado com todas as 
suas circunstâncias, sendo precisamente identificado o acusado, e que as razões para imputar 
ao acusado o delito/crime fosse claramente indicada, sem que houvesse dúvidas. Resumindo: a 
acusação instaura o processo, havendo vários atos relevantes, formais e com regras 
estabelecidas e observadas. 
Uma vez recebida a acusação, o juiz/magistrado dá início à instrução criminal para 
coleta das provas que lhe forem apresentadas por ambas as partes; chegada à conclusão, ouve-
se o pretenso culpado. Sendo a etapa instrutória momento processual para produção das provas 
requeridas pelas partes ou determinadas pelo juiz/magistrado. 
O sistema inquisitório se desenvolve, sobretudo, na Roma Imperial. Sua principal fonte 
jurídica tem inspiração do Direito Romano Imperial (cognitio extra ordinem) e na Europa, 
sobretudo a Europa Continental, durante o século XIII, até o século XVIII. Nesse contexto, com 
as mudanças políticas, desaparecem as circunstâncias que mantinham a forma acusatória, que 
rompe completamente com o século XVI, tendo início com Inocêncio III, e colocada em prática 
em virtude de vários decretos de Bonifácio VIII. A famosa Ordenança Criminal de Luis XIV, 
toda dedicada ao procedimento, representa a plena e definitiva codificação do procedimento 
inquisitorial. 
Emergido, portanto, esse processo inquisitorial em Roma, permitindo que o juiz 
iniciasse com o processo de ofício, quando atinge a Idade Média, já influenciado pela Igreja, 
passa a dominar então a Europa Continental por meio do Concílio de Lateranense, de 1215, e 
trazido na verdade pelo Direito Canônico, que logo percebido pelos soberanos como sendo um 
mecanismo poderoso, espalha-se, assim, entre os Tribunais seculares, onde é transformado em 
um instrumento de dominação. 
O sistema processual inquisitório corresponde a uma ideia central de absoluto! Tendo o 
poder a forma a que todos os atributos são decorrentes da soberania e se concentram nas mãos 
de uma só pessoa. O que pode ser considerado o ínfimo da pessoa humana. 
19 
 
Nesse contexto, nota-se então um procedimento que reduz o acusado a um mero objeto 
de investigação e legitima a utilização de qualquer meio, mesmo que se demonstre cruel, mas 
que garanta alcançar seus objetivos em reprimir a quem perturbe a ordem social. Sendo esse a 
máxima extraída dos fundamentos do sistema inquisitório: uma persecução penal pública dos 
delitos e crimes e um procedimento dirigido ao resultado principal de descoberta da verdade 
histórica, utilizando-se de todos os meios necessários para tal, demonstrando, portanto, 
concentração dos poderes processuais penais nas mãos de um único órgão, que passa a 
perseguir, acusar e decidir ao mesmo tempo, sendo essas atividades exercidas por uma única 
pessoa, o inquisidor. 
Já o sistema acusatório, é um sistema processual penal baseado no princípio da dialética, 
necessário a verdade apurada, quanto em maior espaço dado para o embate entre as partes que 
animadas por interesses divergentes, caracterizando-se pela separação entre as funções de 
acusação, defesa e julgador, fundamentando-se pelo princípio do contraditório na formação das 
provas. 
Foi o primeiro sistema processual a ser concebido (guardadas as especificidades de cada 
ordenamento), um sistema que estabelece, sobretudo, na República Romana e Na Idade Média 
até o século XIII, com prevalência para o direito Germânico. 
No sistema acusatório se concebe por um juiz como sujeito rigidamente apartado das 
partes e o processo como uma disputa entre as partes em posição de igualdade, iniciada pela 
acusação, recaindo a esse o ônus da prova e o procedimento se dá a partir de debate 
contraditório, oral e público. Sendo decidido pelo magistrado/juiz segundo sua livre convicção. 
Não sendo esquecido o exercício da jurisdição quando atribuído aos tribunais populares 
e o julgador o papel de árbitro entre as partes, sendo exercida por uma pessoa física e não um 
órgão como um órgão do Estado. O acusado é um sujeito de direitos ao qual deve ser garantido 
a esse sujeito uma posição de igualdade frente ao acusador que cuja situação de inocência não 
deve ser alterada até o trânsito em julgado de sua condenação e garantido medidas coercitivas 
durante o processo de modo excepcional, ou seja, seja sua liberdade a regra e não uma exceção. 
Garantido o procedimento, oral, público, contínuo e contraditório na valoração das 
provas que seja reservado o sistema do livre convencimento e que não haja sujeição dos 
20 
 
julgadores a quaisquer regras de valoração das provas, sendo a sentença resultado de uma 
votação com resultado pela maioria ou pela unanimidade entre os julgadores. 
Não é novidade que não há consenso entre identificar em sua essência um sistema 
processual penal acusatório, contudo, inequívoco no sentido de que constitui componente 
primordial a separação equilibrada de poderes ao longo da persecução penal. 
Esse equilíbrio e divisão de poderemos processuais penais tem a distinção subjetiva 
entre o órgão acusador e julgador, fator esse essencial para que seja possível distinguir do 
sistemainquisitorial, possuindo em seu efeito prático o direito a impossibilidade de o 
juiz/magistrado exercer a função de acusação, supondo da mesma forma, a proibição de um 
juiz/magistrado de participar da construção da própria acusação, sendo a investigação um 
trabalho de averiguação da materialidade do delito/crime e da provável autoria para que seja 
orientado pelo propósitos de se elaborar e estabelecer uma afirmação acusatória coesa. 
A aplicabilidade do sistema misto se apresenta em sua origem pela França, tendo sido o 
sistema inquisitorial reformado pela Revolução Francesa, restando o mais odioso desse 
momento histórico, concretizado no Code d'instruction criminelle de 1808, e difundindo-se 
rapidamente entre os códigos modernos. 
O sistema misto surge com a expansão napoleônica e ao triunfo das ideias que deu base 
a Revolução Francesa, qual se difundiu por toda Europa Continental com princípios em um 
processo penal ancorado em premissas do iluminismo. Mesmo sendo as intenções originária 
dos revolucionários de regresso ao sistema acusatório (criado pelos gregos, aperfeiçoado pela 
República Romana e conservado pela Inglaterra), na prática, a solução que se impôs, foi outra, 
com a sucessão dos diplomas legais revolucionários por outros que mantiveram características 
próprias do sistema inquisitório e mesmo adicionando a outras típicas do sistema acusatório, 
razão pela qual é este também denominado de sistema inquisitório reformado. 
O sistema acusatório e seu procedimento é denominado misto por ter sido dividido em 
dois principais períodos qual foi interligado por um intermediário: o primeiro consiste numa 
investigação nos moldes inquisitivos, mas com certos limites e o segundo passo, intermediário, 
objetiva analisar a viabilidade da acusação, evitando processos inúteis, já o terceiro, 
formalmente acusatório, consiste, especialmente, num debate público e oral perante o órgão 
21 
 
julgador, com a presença do acusador e do acusado, dando desfecho na absolvição ou 
condenação do acusado com base unicamente nos atos levados a cabo durante os debates. 
Pode ser considerado que o sistema misto possui semelhança com o sistema 
inquisitorial. Observe as etapas: a) investigação preliminar b) instrução preparatória e c) fase 
do julgamento. 
Contudo, enquanto no inquisitorial essas três etapas eram secretas, não contraditórias, 
escritas, e as funções de acusar, defender e julgar se concentravam nas mãos do juiz/magistrado, 
no processo misto ou também chamado de acusatório formal apenas as duas primeiras fases são 
secretas e não contraditórias. Já a fase do julgamento se dá mediante a forma oral, pública e 
contraditória e as funções e atribuições de acusar, defender e julgar são designadas a pessoas 
distintas, o sistema processual misto é a atividade investigatória entregue ao MP (Ministério 
Público) ou pode ser entregue ao juiz da instrução, podendo haver ou não previsão legal quanto 
ao princípio do contraditório nessa fase processual e prevalecendo indícios da autoria a serem 
conduzidos pela polícia ou por um outro órgão ou sujeito que se aplique essa função dentro do 
processo. A investigação deve ser prévia, ou seja, antecede a instrução preliminar, não afeta a 
essência do sistema que continua pressupor a figura do juiz ou promotor instrutor e os demais 
nesse contexto de investigação meros coadjuvantes de quem possui a detenção do poder 
investigatório. 
Em sua finalidade, a persecução penal possui como um de seus objetos, a tutela da 
liberdade ou a privação dela quando o ser humano em sua conduta possa ter rompido com as 
regras, convenções sociais e atuado de modo contrário a lei, ou em alguns casos realizando o 
que descreve a lei de modo a ser punido. 
 Sendo o homem um ser coexistencial, sem que subsista por longo tempo independente 
de qualquer contato, e que a partir de sua natureza e condições existenciais, depende uns dos 
outros, perfazendo intercâmbio, colaborações e estabelecendo confianças recíprocas que por 
não alcançar sua plenitude de modo isolado, o homem está obrigado as interações com outros 
homens. 
22 
 
Essa necessidade da conivência social, impõe ao homem estabelecer regras em prol do 
desenvolvimento e convivência pacífica. O direito então apresenta regras com finalidade de 
controle dos impulsos e vontades humanas, possibilitando assim harmonia ao convívio social. 
Nesse sentido, o direito penal se apresenta como importante instrumento de manutenção 
da paz social, havendo como missão a convivência coletiva e a proteção do controle social para 
proteger os valores necessários da vida em comunidade no que tange a ordem social, 
assegurando a manutenção da então almejada paz social e proveitosa vida em coletividade. 
Cabe ressaltar que a utilização da restrição ou ausência da liberdade do outro como 
forma de assegurar o êxito das regras sociais é uma particularidade do direito penal, ficando a 
limitação ou restrição da liberdade como um dos bens mais preciosos à condição humana e 
inegavelmente de complexo e contraditória análise para se valorar quanto custa a liberdade 
humana. Sendo entendida a liberdade, um bem inegociável no âmbito patrimonial. 
Por esse motivo consenso na afirmação de que o direito penal deva ser de caráter 
fragmentário, subsidiário e de ultima ratio para o resguardo de bens jurídicos tutelados. Em 
outras palavras, que para punir uma conduta socialmente danosa ao meio coletivo é exigível 
que não existam outros meios menos gravosos para alcançar tal punição, considerando a pena 
nociva à existência social do então condenado, pela exclusão que tal punição gera e sua 
produção no sentido do dano social como desdobramento dessa exclusão. 
Deve se preferir às penalidades que afetam de forma a gerar consequências menos 
gravosas, obtendo o sentido de que o direito penal se aplica em ultima ratio quanto a política 
social e devendo ser aplicado tão somente quando todos os demais instrumentos extrapenais 
fracassam. 
Sendo o Estado a figura que possui o dever de punir, ou seja, possui o Estado o direito-
dever de punir, se aplicando então o conhecido: jus puniendi, não há que compreender pela 
simples previsão de norma incriminadora que o faz ter capacidade de impedir a violação dos 
dispositivos legais e penais. Suprimido a vingança privada e aplicação dos normas e requisitos 
de justiça é que surge a titularidade do direito de punir por parte do Estado. Avoca o Estado (a 
si) o direito - dever de proteção de toda a sociedade, incluindo o próprio acusado. 
23 
 
Para o Professor Aury Lopes Jr., o injusto típico é resultante do fracasso do direito penal 
em sua função de prevenção, daí resultando uma conduta humana voluntária, finalística 
dirigida, que fere ou expõe a perigo bens e valores reconhecidos e protegidos pelo ordenamento, 
o que acarreta um juízo de desvalor do resultado. Esse juízo de desvalor, para o professor Lopes 
Junior, exterioriza-se, em última análise, mediante a aplicação de uma pena e sintetiza a função 
repressiva do direito penal. 
Não sendo o direito penal de coerção automática e para que possa ser aplicado uma 
pena, é necessário para além do injusto típico e que também esteja estabelecido previamente o 
devido processo penal. 
O Estado conhecendo dos riscos que gera pela autodefesa, à medida que se fortalece, 
assume o monopólio da então chamada Justiça, que proíbe de modo expresso aos particulares 
de aplicarem a conhecida justiça pelas próprias mãos onde forem observadas à violação de um 
bem que está juridicamente protegido, não sendo possível outra atividade que não o 
acionamento da devida tutela jurisdicional com todos os requisitos e procedimentos que ao 
direito penal de aplica trazendo estabilidade no meio social as partes litigantes, não cabendo o 
uso da força física no âmbito de toda e qualquer esfera, inclusive no âmbito penal que possui 
ordem repressiva, não cabendo excessos imensuráveis.Nesse trabalho se entende por uma realidade irrefutável quando o Estado se autolimita 
ao seu poder repressivo, introduz uma estrutura preestabelecida, qual seja, o processo judicial, 
que a partir da atuação de um terceiro imparcial e alheio aos conflitos sejam apresentados e 
designado, não podendo corresponder à escolha das partes (qual é designado pela imposição da 
estrutura institucional) será então, resolvido o conflito e devidamente sancionado. 
Dessa forma, o então processo penal, representado pela “instituição estatal” se apresenta 
na sociedade como única estrutura legítima para a imposição da punição, ou seja, aplicação da 
pena. 
Nesse contexto, ficou estabelecido, o caráter instrumental do processo penal com 
relação ao direito penal e a aplicação da pena e o processo sendo meio obrigatório para a 
imposição da pena que será aplicada e tendo o Estado o monopólio da jurisdição penal. 
24 
 
Para o jurista italiano Luigi Ferrajoli, o modelo garantista de direitos e de 
responsabilidades penal não se é admitido qualquer modo de imposição de pena sem que se 
produzam a comissão de um delito, que tenha a previsão legal anterior a esse delito e a 
necessidade estabelecida de sua proibição e punição tendo como efeito lesivo a terceiros com 
caráter externo ou material da ação delituosa e que haja imputação expressa e a culpabilidade 
definida ao autor da conduta crime. E ainda, que sua prova empírica seja produzida por uma 
acusação perante a um juiz imparcial, em um processo que seja público e garantido o 
contraditório em face da defesa e ancorado aos procedimentos legais pré-estabelecidos. 
Prevalecendo o respeito à dignidade humana e à liberdade individual é que o Estado se 
fundamenta em seu poder repressivo não apenas em pressupostos jurídico-penal material, mas 
também garantindo aplicação da lei nos casos concretos, tendo as formalidades prescritas 
previamente em lei e aplicada pelos órgãos jurisdicionais, conhecido como: 
nullum crimen, nulla poena sine lege = não há crime sem prévia definição, nem 
pena sem anterior cominação legal. 
nulla poena sine judice, nulla poena sine judicio = nenhuma pena pode ser imposta 
senão pelo juiz, nenhuma pena pode ser aplicada senão por meio do processo. 
Incabível um direito penal material que se aplique sem a garantia das formalidades 
processuais, sendo o direito penal portanto, conjunto de regras, sancionada direta ou 
indiretamente, fundamentada pelas instituições jurisdicionais reguladoras da atividade de 
apuração das condições que aplica o direito penal substantivo no direito penal em concreto. 
Sendo o direito penal uma ciência que não se presta a imposição de caprichos ou ordens por 
parte dos detentores do poder, ao contrário, deve ser respeitada, respeitar e assegurar os direitos 
fundamentais do acusado qual recai a aplicação da imposição Estatal, ou seja, a pena. De modo 
objetivo conclui-se que: “Não existe delito sem pena, nem pena sem delito e processo, nem 
processo penal senão para determinar o delito e impor uma pena”. 
Nesse trabalho os direitos fundamentais do indivíduo que importa particularmente ao 
processo são defendidos como dois segundo os ensinamentos de Antonio Scarance apresentado 
pela professora Alessandra Garcia: o direito à liberdade e o direito à segurança, ambos previstos 
no caput do artigo 5º da CF/88: “os indivíduos têm direito a que o Estado atue positivamente, 
25 
 
no sentido de estruturar órgãos e criar procedimentos que, ao mesmo tempo, lhes garantam 
segurança e lhes assegurem liberdade. 
Uma vez que a história do direito penal é considerada como uma história conflituosa entre 
as finalidades de punir e garantias processuais que envolvem e condicionam aos modos e 
instâncias repressivas a aplicação punitiva, chega-se a um impasse no que tange o processo 
penal: sua efetividade da coerção penal x direitos fundamentais do acusado/sujeito. 
Inevitável que para coerção eficaz seja necessário limitação aos direitos fundamentais, caso 
contrário trataria de uma retórica. 
Ampliando os direitos fundamentais na aplicação da pena, fica constrangido a efetividade 
da coerção. Necessário um ponto de equilíbrio compatível com um Estado Democrático de 
Direito e que não haja dois pesos e duas medidas pois não se pode justificar o uso dos meios 
para se avançar a finalidade do objeto. 
Tem então aplicabilidade da ética e obediência para efetividade da coerção penal, garantido 
o mínimo dos direitos fundamentais, conquistado e não oportunizado sem uma evolução 
histórica do processo penal, houveram descobertas para alcançar equilíbrio almejado entre 
segurança e a liberdade em cada época e em cada local com mudanças de valores, ideias, 
concepções dos sistema político e formas distintas de expressão da sociedade e no todo 
estabelecido diretrizes necessárias que constitui os fundamentos para formação dos 
procedimentos processuais penal e cabendo a organização do Estado definir estrutura e órgão 
dirigidos à eficiente operação do direito punitivo, prevendo procedimentos, atos, fases (ritos) 
de modo a assegurar atuação efetiva. 
A consolidada e conhecida persecutio criminis. O Estado possui a persecução penal na 
busca pelo jus puniendi, assim sendo o resultado do crime cometido a conduta do criminoso a 
sua então sanção penal. Aqui entende o processo meio exclusivo para a se concretizar as 
finalidades repressivas do Estado, preparando seu ingresso nos tribunais e a posterior aplicação 
jurisdicional das normas do direito penal e pode se dizer que há duas fases de modo ordinário 
para se dar a persecução penal, como regra: a investigação preliminar e processo judicial que 
desdobra em regra em três momentos distintos: postulatório, instrutório e decisório. 
26 
 
A fase prévia destinada à investigação, que não integra a ação penal. Sendo o persecutio 
criminis, a fase da ação penal, quando do início da propositura da ação que se compreende pelo 
pedido de julgamento da pretensão punitiva, ou seja, precedida pela fase de pesquisas e 
levantamentos o informatio delicti, onde se reúnem os dados necessários para ser requerida a 
aplicação da pena. 
O que antes das fases processuais, pode haver necessidade de ser superado em uma fase 
prévia, ou seja, à investigação, e que não necessariamente fará parte do processo, contudo, 
antecede e se assemelha a investigação, e assim permita que o MP (Ministério Público) possa 
exercer o direito de ação penal onde colhido informações, como regra, em primeiro momento 
da persecução penal, por um também órgão Estatal, a quem se incube de investigar o fato, 
típico, ilícito e sua respectiva autoria para culpabilização desse, a fim de subsidiar a propositura 
da então ação penal. 
E após o estudo do material de cognição alcançado e recolhido, o magistrado analisa 
prevalência do interesse do Estado na punição ao culpado, ou se o interesse ao acusado em não 
caber a restrição de sua liberdade e aplicando o jus libertatis, proferindo sentença com a razão 
da pretensão denunciada. E assim concluindo pela aplicação da sanção, impondo ao culpado a 
condenação, ou se, reconhece pela absolvição do acusado, então conhecido como réu. 
 
1.1 Juiz das Garantias e a Lei nº 13.964/19 
 
Intitulada como “Pacote Anticrime”, a Lei n° 13.964 de dezembro de 2019, já em vigor 
desde o início de 2020, se apresenta ainda em março de 2022 com o instituído do juiz das 
garantias suspenso no que tange seu artigo 3º e seguintes quando a aplicabilidade do instituto 
por meio das ADI’S (Ação Direta de Inconstitucionalidade) (ADI 6.298), (ADI 6.299), (ADI 
6.300), (ADI 6.305), que são tratadas mais adiante nesse trabalho. 
Nesse trabalho oportuniza reflexão crítica para um melhor entendimento e compreensão sob 
enfoco da constitucionalidade do instituto tendo em vista uma sociedade Democrática e um 
http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15342138711&ext=.pdf
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADI&documento=&s1=6300&numProcesso=6300http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADI&documento=&s1=6300&numProcesso=6300
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5844852
27 
 
processo penal de garantias dos direitos à luz dos princípios constituições, que foram abarcados 
mediante conquistas e lutas sociais e nada sendo disponibilizado mediante benesse. 
Ainda dentro de um Estado Democrático, corroborado por instituições sendo responsáveis 
for formalizar interesses e necessidades políticas, sociais e econômicas para punir e encarcerar 
os “indesejáveis” e através da compreensão de um maior rigor na aplicação da pena privativa 
de liberdade e idealizado para uma estrutura da execução penal que seja cruel se impõe com a 
lei aqui tratada o aumento da pena privativa de liberdade de 30 a 40 anos para o prazo máximo 
da privação da liberdade. (Art.75 do CP com aplicação da Lei 13.964/19)). Muito criticado 
pelos operadores de direito sobre a efetividade sobre o aumento da punição inclusive por sugerir 
que um sujeito que queira praticar um delito possa usar o fator do aumento da aplicação da pena 
para que venha desconsiderar sua vontade no ato e passar a desistir desse delito. Apontamento 
que não se alcança entendimento em ingenuidade, contudo, ausência de boa-fé na análise crítica 
do contexto histórico frente aos estudos da criminologia. 
Considerando que dentro do contexto histórico não há observação empírica que comprove 
que com aumento da pena se minimize os delitos. Alguns defendem de modo diverso, contudo, 
o que se é considerado pelo fato observação histórica é que antes do dever e garantia do Estado 
de punir, devem ser garantido condições mínimas para uma sociedade humana e digna, com 
atenção a educação como meio de oportunidade, e que também historicamente não há 
demonstração de oferta dessa igualdade social ou equidade. 
Se não há observação no que toca a educação pelas políticas públicas como prioridade em 
uma sociedade que atua na punição, não será atrevido nesse trabalho descrição em 
ressocialização, o que nesse sentido seria de fato ingenuidade assim como não se faz presente 
em característica popular quando período eleitoral e suas campanhas. Até porque do ponto de 
vista político se evidencia que as soluções punitivistas sejam mais tentáveis, até por se 
apresentar como uma conotação simples e pelas características do sistema prisional que também 
sejam cruéis se tornando o tema da privação da liberdade aos sujeitos delinquentes e 
indesejáveis pela sociedade e como consequência uma forma de eliminar a questão e dar 
respostas com soluções rápidas à sociedade, fortalecendo assim a mazela Estatal e a 
complexidade social que envolve a temática e mais uma vez não fica garantido a constituição 
no que toca ao punir aos que desviam sua conduta mantendo assim um sistema cíclico e sem 
garantias individuais a esses que ficam excluídos, ou seja, á margem da sociedade. 
28 
 
Passando então a fundamentar e a normalizar a necropolítica, sendo compreendido 
necropolítica o que se relaciona com o racismo, com a ideia de eliminação do inimigo e dos 
territórios vulneráveis. 
 Dessa forma trata-se os princípios constitucionais sob a perspectiva e garantida da 
dignidade da pessoa humana sendo essa pessoa humana determinada e definida a partir de um 
contexto social excludente e nada digno. 
Sendo a Lei 13.964/2019 enquanto objeto de análise jurídica, se observa que logo em seu 
Art.1º se anuncia o aperfeiçoamento da legislação penal e processual penal. 
 
Art. 1º Esta Lei aperfeiçoa a legislação penal e processual penal. 
 
Se tratando de aperfeiçoamento não se evidencia na prática sua aplicabilidade e não pode 
por esse artigo se deixar enganar em suas finalidades declaradas que intitulada pelo próprio 
governo federal como “Pacote Anticrime”, o que em sua forma se observa cognome carregado 
de simbolismo penal populista. 
No que toca a matéria em sua essência político-criminal a Lei 13.964/2019 se equivoca ao 
abraçar práticas de criminologia e segurança pública já comprovadamente falidas e com imensa 
necessidade de superação. Exemplo do aumento das penas in abstracto, assim como elevado as 
frações quanto a obtenção de progressão do regime prisional em fase de execução. Claramente 
demonstra nesses aspectos quanto a políticas criminais, a prevenção geral negativa, ou que se 
apresente intimidação psicológica. Inclusive já superada propostas pelo fato de que não há na 
violação a punição efetiva, pública e exemplar, sabe-se ser impossível essa aplicabilidade. 
Já a prevenção geral positiva se contrapõe a quem acredita que o indivíduo que decide 
praticar um delito age de modo a ser um economizar racional, qual calcula os prós e contras no 
momento que antecede a prática da conduta delituosa, que vai contabilizar pena x para o delito 
y em anos de privação de sua liberdade e que possui determinada porcentagem para que possa 
progredir em sua fase de execução a um regime menos severo. Por óbvio no momento da 
conduta delituoso o cálculo mental a ser realizado não é preponderantemente com um homo 
29 
 
economicus racional, mas sim na realidade próxima, qual seja, a do medo de ser surpreendido 
e preso durante a prática do delito. 
Contudo, o objeto desse trabalho está na questão de desdobramento em seu aprimoramento 
que de fato a lei 13.964/2019 apresenta, qual seja: o sistema acusatório. 
Sistema esse que impede o juiz de decretar de ofício medidas cautelares na fase processual 
penal, exigindo também maior rigor do juiz não apenas na técnica de motivação das decisões, 
mas também na fundamentação delas e sendo considerado sempre o caso concreto. 
Fato que a lei trouxe maior grau de exigência na decretação e manutenção das prisões 
preventivas. Sendo essas possíveis mediante existência concreta de fatos novos ou 
contemporâneos que justifiquem sua decretação ou manutenção e diante da presença de perigo, 
sendo elas sujeitas à revisão periódicas, sob pena de ilegalidade, se apresentando a lei 
13.964/2019 mais garantista em direitos fundamentais nesse sentido e menos repressiva. 
Já no tocante a cadeia de custódia também se alegra o devido processos legal ao observar 
uma maior segurança jurídica e inédita, ainda que meio a alguns equívocos, por não conter 
exigência legal de perito oficial na coleta de vestígios. 
Mas há resquícios da ditadura em sua origem quando se observa proposta na hipótese de 
conversão obrigatória do flagrante em prisão preventiva, e inconstitucional! 
Chama atenção também de modo negativo, a inclusão de mais crimes entre o rol dos 
denominados hediondos e viola o princípio constitucional proporcional quando apresenta o 
furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum 
se incluir no rol da lei 8.072/1990 em seu artigo 1º, que passa ao mesmo nível de reprovação 
de crimes abjetos, como latrocínio e o homicídio praticado por grupos de extermínio. 
Nesse sentido a política criminal legislativa não é carta branca para editar simbolismos 
penais que possa pacificar aflições comunitárias. É muito mais, atividade republicana de maior 
responsabilidade democrática na busca de um controle social que rompa com a alienação. 
Para muitos estudiosos na área do campo penal e processual penal, a Lei 13.964/2019, 
deixou de tratar questões relevantes e perdeu a oportunidade aos quais mereciam especial 
atenção dos legisladores brasileiros com maior grau de especificidade no contexto atual. 
30 
 
Considerando a justiça penal negocial se entende por ter avançado no que tange o acordo 
de não persecução penal, observados pelo artigo 28-A que anda sim, de maneira tímida para 
incidência da negociação penal comparado com o disposto como referência para produção do 
“Pacote Anticrime” qual foi declarado ter sido inspirações dentro do que ocorre no plea 
bargaining. As críticas no entendo estão no contexto das ausências de estudosde impacto 
financeiros e administrado, cuidando de temas controversos e não tocando em necessidades 
mais atuais dos tempos em questão, por exemplo quando dispõe sobre o instituto do juiz das 
garantias. Para alguns, poderia ter sido realizado ampliação dos acordos penais celebrados entre 
o Estado e o acusado com os quais se encerra o processo-crime com resolução do mérito sendo 
homologado pelo juiz. 
Já apontado pela doutrina lacuna da lei processual quanto a procedimentos investigativos 
ao uso de gravações de imagens e sons, qual havia restrição a Lei 12.850/2013, com a chegada 
do “Pacote Anticrime” foi introduzido o artigo 8-A na Lei 9296/1996 que dispõe sobre a 
captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos. 
A então apelidada “Pacote Anticrime” para além do extremo rigor ao cumprimento das 
penas, também apresentou dentro dos procedimentos da negocial penal a colaboração premiada, 
que passou a ser disciplinada desde o recebimento de sua proposta até sua formalização de 
acordo e descreve atuação dos agentes infiltrados virtuais na fase investigativa. 
Para além de outras temáticas a Lei 13.964/2019, previu o acordo de não persecução cível 
da Lei 8.429/1992, quanto aos atos de improbidade administrativa e sua responsabilização que 
recai a seus autores, permitiu a ação controlada e da infiltração de agentes nas apurações dos 
crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores em sua utilização com reflexo na 
Lei 9.613/1988, criou novos tipificações, dispõe quanto aos presos provisórios ou definitivos 
nas unidades prisional federal de segurança máxima e apresenta rigor quanto ao cumprimento 
das medidas privativas de liberdade e possibilidade permanência nessas unidades por período 
de até 3 anos sendo renovável por igual período e não limita suas prorrogações. Possibilita que 
se instale nos TJ,’ Estaduais e Tribunais Regionais Federais, de Caras Criminais Colegiadas 
com competência para processo de julgamento dos crimes de organização criminosa armada ou 
o que prevê o artigo 288-A do CP, assim como os conexos em seu artigo 1º da Lei 12.964/2012. 
Ampliou o serviço denominado disque-denúncia nos crimes contra a administração pública, 
aumentou as fontes de recursos para o Fundo Nacional de Segurança Pública e obriga o 
31 
 
exercício da defesa técnica em face de investigação onde os servidores das forças de segurança 
pública são investigados pelo uso da força letal praticados no exercício profissional. 
Sendo o trazido na Lei 13.964/2019, o denominado pacote anticrime, escasso debate da 
relevância em política criminal e como todo debate, se extrai erros e acertos, ausências de 
critérios claros e objetivos frente a diversas matérias, diversas essas para o ajuste legal, assim 
como sias inconstitucionalidades e o simbolismo penal populista no contexto e uso da retórica 
em que ela foi então sancionada. Ficando por óbvio e se ousa nesse trabalho atribuir uma 
verdadeira colcha de retalhos legislativa, perfazendo os desafios aos operadores do direito, 
decifrá-la não apenas no âmbito acadêmico, mas em sua aplicabilidade para uma sociedade em 
constante e rápidas mudanças. 
 
1.2 Tutela do Instituto. 
 
 Tendência na separação entre as funções judiciárias à investigação no processo adotado 
em países como Itália, Portugal e Chile por exemplo, influenciando o Código de Processo Penal 
por um modelo para América Latina sendo inspiração para reforma do Código Penal Brasileiro, 
o instituto do juiz das garantias. Esse instituto busca privilegiar com sua implementação da 
então Lei 13.964/2019, já sancionada e em vigor com o instituto suspenso, o controle da 
legalidade nas investigações criminais e garantias de direitos fundamentais ao acusado. 
 Nesse cenário é figura o magistrado tendo como papel na fase de investigação, assegurar 
os direitos e garantias individuais do sujeito, que grosso modo e de maneira análoga, pode ser 
comparada ao sistema de freios e contrapesos que tempos como princípio na separação dos 
poderes, com objeto na busca pela imparcialidade através de uma estrutura acusatória na esfera 
na persecução penal. 
 A atuação do juiz das garantias, apresentada no então “Pacote Anticrime” em seu artigo 
3º D, estabelece que o juiz que atue na fase da investigação, pratique qualquer ato inseridos em 
sua competência nos artigos 4º e 5º do Código e fica impedido de atuar. Entre outras atribuições, 
a atuação do juiz das garantias, trazido pela Lei 13.964/19, em seu artigo 3º- D, estabelece que 
32 
 
o juiz que, na fase de investigação, pratique qualquer ato incluído nas competências dos artigos. 
4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar na fase processual, para que possa haver 
maior grau de imparcialidade, ao mesmo tempo que pode muitos entendem pela afronta ao 
princípio do juiz natural. 
A essa mencionada afronta é um dos aspectos mais criticados pela Magistratura a nível 
Nacional, fundamentando-se pela suposta inconstitucionalidade no tocando ao princípio do juiz 
natural (sendo esse o juiz que possui competências prévia e jurisdição definida no rito 
processual penal). 
Em que pese o que está posto ao contraditório a essa suposta inconstitucionalidade se 
for estabelecido em lei não há quebra ao princípio ao juiz natural, visto que havendo norma 
produzida, como consta publicada e sancionada, que se afirma o juiz das medidas cautelares e 
sendo esse o juiz diverso da instrução há como consequência um juiz da decisão e sentença 
sendo esse o juiz natural que a lei estabelecer competência, ou seja, a alteração posta no artigo 
3-A do Código de Processo Penal pela Lei 13.964/2019, proporcionando de fato um sistema 
acusatório onde será vedada a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da 
atuação probatória do órgão de acusação. 
Onde o juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação 
criminal e pela salvaguarda dos direitos fundamentais individuais do acusado, franqueado sua 
autorização prévia pelo Poder Judiciário que lhe compete especialmente: reserva à autorização 
prévia do Poder Judiciário e define competência especial com rol pré-estabelecido, por um rol 
taxativo as atribuições do juiz das garantias. 
Contudo, até o atual momento (fevereiro de 2022) não há orientação por parte do CNJ 
– Conselho Nacional de Justiça para implementação do juiz das garantias, observado a 
suspensão do instituto pelo STF. 
Já no que toca a institucionalização da figura do juiz das garantias na Lei 13.964.2019, 
fica sua suspensão fundamentada pelo ministro relator das ADIs – Ação Direta de 
Inconstitucionalidade, necessidade de discussão das questões do então apelidado “pacote 
anticrime”, não apenas pelo não pacífico entendimento quanto ao princípio do juiz natural, mas 
pela problemática da alteração dos serviços judiciários, o que, para o ministro relator, requer 
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completa reorganização da justiça criminal em território nacional e uma reforma do sistema 
judiciário como um todo, sendo um dos aspectos mais preocupantes e de impacto orçamentário 
do novo regime fiscal da União instituída na Emenda Constitucional 95/2016 mas que até então 
não se realizou estudo na produção e análise da Lei que já sancionada está. 
Seguindo com a questão da garantia da imparcialidade e até mesmo por contaminação 
através de tendencias políticas partidárias possam ser influência nesse campo, o que é consenso, 
que se trata de um campo obscuro e sensível, sendo atuação realizada por um ser humano falível 
em todos os aspectos, mesmo dentro de uma estrutura acusatória. Seja em que fase estiver 
realizando sua atuação cognitiva, o fato é, que essa atuação não seja enveredada a uma 
contaminação pela atuação em sua fase investigativa. E aos que estão propensos na divisão na 
atuação da fase investigativa se entende que possa e seja realizada com o mínimo de intervenção 
cognitiva pessoal possível, se desdobrandopara uma atuação como medida de inteira justiça 
frente a quem recai a punição do delito, posterior sendo concluído por sua autoria, quando for 
o caso, ou que, no mínimo seja garantido os princípios constitucionais no todo! 
 
CAPÍTULO II: SUSPENSÃO DO INSTITUTO. 
 
 Debates e fundamentos a serem considerados, o fato é que desde a sanção da Lei 
13.964/2019, suspenso está o instituto do juiz das garantias. Onde já se observou audiência 
pública pelo clamor a um Estado Democrático de Direito, mas que de ordem prática não se 
observam debates no sentido de sua aplicabilidade e então da organização na estrutura 
judiciária. 
 A suspensão por mais de dois anos já se demonstra ausência de interesse e com o passar 
do tempo trás descrédito para sua aplicabilidade. 
 Instituições e operadores do direito em audiência Pública realizada e convocação pelo 
presidente do STF, ministro Luiz Fux, para debate da figura do instituto do juiz das garantias e 
outros pontos do intitulado” Pacote Anticrime” referente a Lei 13.964/2019 e também relator 
das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI) 6298, 6299, 6300 e 6305, destacou a 
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necessidade de amadurecimento do tema e da pluralidade das discussões sobre a matéria, 
reafirmando impacto da estrutura e organização da Justiça criminal brasileira, realizada no 
período de 25 e 26 de outubro de 2021 para contribuição da sociedade civil e fundamentando-
se pela pluralidade na interpretação e guarda da Constituição, sendo a sociedade e cidadãos 
brasileiros interprete e partícipes, assim como executores dos desígnios da Carta Maior, dando 
legitimidade e efetividade a Constituição Cidadã. 
 
2.1 ADI 6298, ADI 6299, ADI 6300 e ADI 6305. 
 
 No tocante ao instituto do juiz das garantias o CNJ – Conselho Nacional de Justiça, se 
posiciona contrário a implementação se justificando pela inconstitucionalidade e contrário ao 
sistema acusatório e do ordenamento jurídico por conta da titularidade da ação penal pelo MP 
– Ministério Público e não necessariamente da investigação, considerando não haver separação 
entre os atores que conduz a investigação daquele realiza sua instrução e julgamento e a 
implementação do instituto afronta o princípio acusatório, uma vez que há inclusive 
investigações conduzidas pelo Poder Executivo e pelo próprio Poder Judiciário para apurações 
de crimes praticados por magistrado. Não havendo separação estrita entre juiz julgador e juiz 
que produz provas, sendo o sistema acusatório misto se admitindo produção de provas pelo 
órgão que julgará os fatos e até mesmo arquivamento do inquérito em manifestação contrária 
pelo MP, em ingerência do julgador na fase de investigação, que em regra caberia ao MP tal 
posicionamento, mas do que consta no regimento interno do STF, e não cabe ser diverso dos 
demais ritos implementando com distinção aos demais inquérito, não sendo republicano. 
 No tocante a organização e estrutura judiciária a justificativa se dá que não seria pelo 
viés legislativo determinada atuação, para muitos fere a separação dos poderes. 
 De ordem formal interpretando a Constituição em seu artigo 96, entende o Conselheiro 
Mario Augusto Figueiredo do CNJ em posicionamento público que não pode ser aplicado a 
organização e estrutura judiciária através de Lei Federal. 
Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, 
incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei 
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tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos 
os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo 
Estado à época de sua criação. 
 
 Nesse sentido os tribunais organizam seus serviços judiciários para definir competência 
de seus órgãos determinando qual tribunal realiza o devido julgamento de determinado fato. 
Estando definido a competência do tribunal cabe a esse a definição das matérias de julgamento 
de seus juízes que lhe é cabível. 
 Sendo matéria essa determinada por lei, não cabe invasão no tocante a organização 
judiciária o que afronta o regulado em lei, e que a própria Lei 13.964/2019 conduz a 
interpretação, além de ferir de morte a autonomia financeira e administrativa, impondo uma 
nova estrutura com possibilidade de rodízio, mas que será conduzido para além dos tetos de 
gastos e da realidade no vasto e geograficamente amplo território ao qual está atuação do poder 
judiciário na atual atuação em déficit nos números de juízes em um momento que não se possui 
certezas de investimentos nessa área. 
No viés de confirmação para sentença possui mecanismos no próprio código de processo 
penal que coíbe a sentença fundamentada tão somente nas provas em fase de inquérito. 
 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação 
da prova produzida em contraditório judicial, não podendo 
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 
Assim como o Código de Processo Penal apresenta no artigo 157, que serão 
inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as 
obtidas em violação a normas constitucionais ou legais, amparando os bens jurídicos tutelados 
pela proposta do juiz das garantias no sentido de um viés de confirmação e nesse sentido muitos 
entendem indevido a implementação do instituto. 
Para o desembargador Federal Nilo Toldo que representando o Conselho da Justiça 
Federal – CJF e o Presidente Ministro Humberto Martins, apresenta a mais importante alteração 
36 
 
do sistema judiciário e do código do processo penal ao instituto do juiz das garantias e com 
subsídios empíricos propõe manutenção do grupo de trabalho para tal implementação na justiça 
federal em soluções para além dos impactos financeiros. 
Pensado numa implementação do instituto no contexto da limitação orçamentária, a 
justiça federal descreve diretrizes para atuação a essa figura do juiz das garantias onde nova 
distribuição se dará após recebimento da denúncia ou queixa a um juiz diverso. Cabendo ao 
STF a definição se para essa figura seria a ela atribuído o recebimento da denúncia ou queixa. 
Exemplificando que onde couber o juiz substituto, ou seja, na vara que houver o substituto, esse 
seria a figura do instituto do juiz das garantias, ou vice e versa, para com o juiz julgador. 
Com aplicação prática quando ausências de um ou do outro, teria a busca de um terceiro, 
prevalecendo o juiz do local do fato o julgador, já o juiz das garantias não será o juiz do local 
dos fatos necessariamente para atuação dentro desse contexto na Justiça Federal que em breve 
serão consideradas 6 e não mais 5 regiões, sem um único modelo pela extensão territorial e 
necessidades geográficas muito menos ofendendo a autonomia financeira e administrativa de 
cada ente em sua competência de atuação, não havendo vínculo para com varas especializadas 
em sua implementação quanto ao instituto, com custos que já se apresentam disponibilizados a 
justiça federal, respeitando as especificidades regionais em um País plural como o Brasil. 
Para muitos (o que para esse estudo, se entende de modo equivocado) a implementação 
do instituto do juiz de garantias será uma atuação de uma justiça ainda mais cara e mais lenta a 
toda sociedade e não se trata de uma medida de custo zero (nesse sentido não se defende que 
será de custo zero mais que cabe uma restruturação e redistribuição do orçamento qual já se 
possui) 
No sentido contrário a implementação os fundamentos aludidos está na afronta aos 
princípios da necessidade, proporcionalidade, por esse entendimento defendem não ser 
necessário e não proporcional sua implementação apenas sendo um pretexto a garantia do 
cidadão e que não sendo o instituto o caminho desejado para alcançar a garantia do indivíduo, 
vindo a afetar o princípio da duração razoável do processo e que na legislação vigente já possui 
mecanismos para eventuais abusos no sentidoda garantia de direitos, não perfazendo 
necessidade de alargamentos, considerando metade da comarcas do Brasil ser de varas únicas. 
37 
 
 
CAPÍTULO III: IMPARCIALIDADE OBJETIVA NO SISTEMA DE JUSTIÇA 
CRIMINAL BRASILEIRO. 
 
 Para o direito processual brasileiro era um fator considerável não haver normas 
específicas contidas em seu ordenamento quanto a motivação das decisões judiciais quando 
observado o código de processo civil. 
 Com a chegada da Lei 13.964/2019, se apresenta a mesma redação do código de 
processo civil (CPC) quanto a seu artigo 489, parágrafos 1º, incisos I a VI para aplicação no 
processo penal no artigo 315, parágrafos 2º, incisos de I a VI a ser considerado de grande 
relevância. 
Código de Processo Civil - CPC 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a 
identificação do caso, com a suma do pedido e da 
contestação, e o registro das principais ocorrências havidas 
no andamento do processo; 
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de 
fato e de direito; 
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões 
principais que as partes lhe submeterem. 
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão 
judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato 
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a 
questão decidida; 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem 
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer 
outra decisão; 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no 
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada 
pelo julgador; 
38 
 
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, 
sem identificar seus fundamentos determinantes nem 
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles 
fundamentos; 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou 
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência 
de distinção no caso em julgamento ou a superação do 
entendimento. 
 
Observa-se quanto ao código de processo penal a partir da Lei 13.964/2019 
 
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a 
prisão preventiva será sempre motivada e 
fundamentada. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
§ 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de 
qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar concretamente 
a existência de fatos novos ou contemporâneos que 
justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão 
judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, 
que: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato 
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a 
questão decidida; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem 
explicar o motivo concreto de sua incidência no 
caso; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer 
outra decisão; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no 
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada 
pelo julgador; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, 
sem identificar seus fundamentos determinantes nem 
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles 
fundamentos; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou 
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
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de distinção no caso em julgamento ou a superação do 
entendimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Uma possibilidade de conclusão é que a técnica pelo CPP se relaciona aos tipos que 
revelam que o magistrado descumpriu o dever de motivar a decisão. Sendo esses atos praticados 
pelo magistrado com a aparência de decisão, isso devido a não apresenta conteúdo substancial 
em fundamentação. 
Quanto ao descumprimento do dever de motivar, para o professor Cláudio do Prado 
Amaral: 
 
...conforme esses standards (se relaciona aos tipos) 
o descumprimento do dever de motivar não se 
apressa apenas quando a decisão não é motivada 
total (plena ausência de motivação) ou parcialmente 
(parcial ausência de motivação), mas também 
quando ocorre a motivação inadequada conforme o 
que vem ensinando a teoria da motivação das 
decisões judiciais. 
 
 Os requisitos da motivação e o não cumprimento do dever de fundamentar e de suas 
respectivas funções, compromete o Estado Democrático de Direito por fragilizar as garantias e 
direitos fundamentais quanto ao cumprimento das funções do magistrado, ou seja, a motivação 
deve atender a determinados requisitos, sendo compreendido pelas doutrinas brasileiras 
considerando os requisitos da 1. Integridade; 2. Dialética; 3. Correção; 4. Racionalidade interna 
e externa. Quanto ao requisito dialética será compreendido nesse trabalho e denominando pelo 
requisito dialógico da motivação. 
1. Sobre a Integralidade ser requisito que a ela se designa a deliberação parcial que contêm 
no provimento jurisdicional, ou seja, caminho racional que o julgador terá frente as suas 
decisões finais, enfrentando cada tópico para concluir o todo e que por si só já representa 
um desafio. Professor Cláudio do Prado Amaral faz uma analogia com a prova de 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
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atletismo olímpico e conhecida como corrida com barreiras, onde cada avanço, cada, 
passada e cada salto é um desafio superado que faz parte de um inteiro. 
 Desse modo, cada decisão do magistrado determina o passo para a seguinte decisão, e 
como tal, deve ser justificada, assim como no direito processual penal que a decisão que 
converte prisão em flagrante em preventiva dever ser justificada, assim como o auto de prisão 
deve estar formalmente em ordem, do contrário tal decisão não será íntegra, que segundo a 
melhor doutrina, tal integridade na decisão também obriga ao magistrado a justificar sua 
escolha, fundamentando com a norma que empregou ao caso, ou seja, explicando-se por qual 
motivo decidiu empregá-la, de modo direito explicando o porquê não utilizou-se de outra norma 
jurídica eventualmente existente assemelhada àquela que optou seguir. 
 
2. No campo da dialeticidade cabe ao magistrado analisar os elementos que constam no 
processo e que sejam relevantes para a decisão. Há nos autos os elementos disponíveis 
para o magistrado basear quanto as razões ofertadas elas partes para eu chegue as suas 
conclusões. Optando por um ou outro argumento para que possa motivar sua decisão, 
ou decidindo em seus próprios motivos, mais que de modo algum poderá ignorara as 
manifestações das partes. 
 Cabe ao magistrado analisar os argumentos a ele trazidos, racionalidades, pedidos de 
realização das provas, argumentos sobres essas, atuando no campo da dialética

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