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RESUMOS J U R Í D I C O S Coleção CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO www.editorajhmizuno.com.brSiga nossasredes sociais: /editorajhmizuno Resumos Jurídicos em Pílulas Este e-book foi elaborado para apresentar a nova “Coleção Resumos Jurídicos da Editora JH Mizuno” em forma de pílulas. Nele, poderá conhecer um pouco de cada volume. Inserimos trechos dos volumes da coleção para degustar a didática inovadora aplicada com excelência pelos autores. Apresentação Com uma linguagem simples e direta, a Coleção Resumos da JH Mizuno tem por objetivo proporcionar um estudo preciso sobre cada uma das disciplinas do direito de modo a permitir que o leitor realize um exa- me rápido, porém, com compromisso científico e educacional. Cada um dos volumes da coleção aborda as matérias de forma condensada, em um volume único, o que facilita uma visão geral e concisa sobre o conteúdo programático desses temas. Assim, seja para uma compreensão inicial da matéria, seja para uma revisão ou consulta rápida ou mesmo para a pre- paração para concursos públicos, a presente coleção visa proporcionar um estudo sintonizado com o mundo jurídico contemporâneo, marcado pela necessidade de especialidade e qualidade dos profissionais do direi- to. A diversidade e experiência acadêmica dos autores escolhidos para a coleção assegura uma visão geral do ordenamento jurídico e proporciona um rigoroso conteúdo técnico-jurídico de cada obra. Além da exposição e citações das principais doutrinas e julgados do Brasil, a abordagem possui senso crítico e prático, necessários para o profissional atual. A coleção Re- sumos Jurídicos da JH Mizuno foi pensada para preencher uma lacuna no mercado jurídico brasileiro: oferecer uma fonte de estudos que une qua- lidade e simplicidade, atributos para todos aqueles que almejam sucesso nas carreiras jurídicas. 4 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO Reforma da Previdência Comentada 5 Resumo De Direito Penal 1 Considerações iniciais: ..........................................................................................12 2 Princípios em espécie: ...........................................................................................12 2.1 Princípio da legalidade: ................................................................................12 2.2 Princípio da anterioridade: ............................................................................13 2.3 Princípio da individualização da pena: ..........................................................14 2.4 Princípio da alteridade ou da transcendentalidade: .....................................14 2.5 Princípio da confiança: ..................................................................................15 2.6 Princípio da adequação social: .....................................................................15 2.7 Princípio da intervenção mínima: .................................................................16 2.8 Princípio da proporcionalidade: ...................................................................17 2.9 Princípio da ofensividade ou da lesividade: ..................................................18 2.10 Princípio da exclusiva proteção do bem jurídico: ......................................18 2.11 Princípio da responsabilidade penal do fato: ...............................................18 2.12 Princípio da personalidade: .........................................................................19 2.13 Princípio da responsabilidade penal subjetiva ou da culpabilidade: .............19 2.14 Princípio do ne bis in idem: ..........................................................................19 2.15 Princípio da insignificância ou da bagatela: .................................................20 Resumo De Direito Civil 1 Considerações Gerais - Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro ........24 1.1 Da classificação das normas ..........................................................................24 1.2 Fontes Do Direito ........................................................................................25 1.3 A lei e sua vigência no tempo ......................................................................26 1.4 A lei e a segurança e estabilidade social ........................................................26 1.5 A lei no tempo ..............................................................................................26 1.6 Interpretação das leis e as antinomias...........................................................27 Sumário 6 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 1.7 A lacuna e sistema de complementação (analogia aos costumes, aos princípios gerais de direito) ............................................................................28 Resumo De Processo Penal 1 Introdução ao direito processual penal .................................................................32 1.1 Conceito. ......................................................................................................32 1.2 Princípios ......................................................................................................33 1.2.1 Princípio do devido processo legal .......................................................33 1.2.2 Princípio do Contraditório ...................................................................34 1.2.3 1.2.3 – Princípio da ampla defesa .........................................................34 1.2.4 Princípio da verdade real ......................................................................35 1.2.5 Princípio da presunção de inocência ou da não-culpabilidade .............36 1.2.6 Princípio da motivação .........................................................................37 1.2.7 Princípio da vedação das provas ilícitas ................................................38 1.2.8 Princípio da imparcialidade...................................................................39 Resumo De Processo Civil 1 Teoria Geral do Processo ......................................................................................42 1.1 Normas Processuais Civis .............................................................................42 1.2 Direitos Processuais Fundamentais...............................................................42 1.2.1 Noções gerais.......................................................................................42 1.2.2 Princípios da inércia e do impulso oficial ..............................................43 1.2.3 Princípio da razoável duração do processo e primazia do julga- mento do mérito ......................................................................................43 1.2.4 Princípio da lealdade e boa-fé processual ............................................44 1.2.5 Princípio da cooperação .......................................................................44 1.2.6 Princípio do contraditório ....................................................................45 1.2.7 Princípio da publicidade e da motivação das decisões judiciais ............46 1.3 Disposições Finais e Transitórias do CPC/2015 ............................................46 1.3.1 Generalidades ......................................................................................46 1.3.2 Vigência do CPC e direito intertemporal .............................................47 Direito Administrativo Estado, Governo E Administração Pública: Conceitos, Elementos, Poderes E Organização; Natureza, Fins E Princípios. ...........................................................50 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 7 I - Noções preliminares de Direito Administrativo ...................................................50 1 Direito Administrativo ............................................................................................50 1.1 Conceito de Direito Administrativo ..............................................................501.2 Relações com outros ramos do Direito .........................................................50 1.3 Fontes do Direito Administrativo ..................................................................50 1.4 Formação do Direito Administrativo .............................................................50 1.5 Sistemas Administrativos ...............................................................................51 2 Estado .....................................................................................................................51 2.1 Conceito de Estado .......................................................................................51 2.2 Formas de Estado ..........................................................................................51 2.3 Poderes e Funções do Estado ........................................................................51 3 Governo .................................................................................................................52 4 Administração Pública ............................................................................................52 II – Princípios Fundamentais Da Administração Pública ............................................53 1.1 Conceito de Princípios ...................................................................................53 1.1 Princípios .......................................................................................................53 Direito Tributário.............................................................................................59 Direito Constitucional 1 O Direito Constitucional .......................................................................................64 1.1 Constitucionalismo e Neoconstitucionalismo. ..............................................64 1.2 Constituição: Conceito, Sentidos, Classificações, Histórico e Elementos. ........65 1.2.1 Acepções de Constituição ....................................................................66 1.2.2 Classificação das Constituições ............................................................68 Quadro-resumo do histórico das Constituições brasileiras ...........................73 1.2.4 Elementos da Constituição ..................................................................74 Direito Do Consumidor 1 Política nacional de relações de consumo ............................................................78 1.1 Objetivos da política nacional de relações de consumo ...............................78 1.1.1 Atendimento das necessidades dos consumidores ..............................78 1.1.2 Respeito à dignidade, saúde e segurança dos consumidores ...............79 1.1.3 Proteção dos interesses econômicos dos consumidores .................79 1.1.4 Transparência e harmonia das relações de consumo ....................... 80 8 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 1.2 Princípios norteadores do Código de Defesa do Consumidor .....................80 1.2.1 Princípio da transparência ....................................................................80 1.2.2 Princípio da vulnerabilidade .................................................................81 1.2.3 Princípio da intervenção estatal (protecionismo, imperativo de ordem pública e interesse social) .............................................................84 1.2.4 Princípio da harmonia...........................................................................84 1.2.5 Princípio da boa-fé objetiva ..................................................................85 1.2.6 Princípio do equilíbrio das relações de consumo .................................86 1.2.7 Princípio da educação e da informação ................................................87 1.2.8 Princípio da qualidade, da segurança e da solução de confltos por meios alternativos .....................................................................................87 1.2.9 Princípio da proibição e repressão de abusos ......................................88 1.2.10 Princípio da racionalização e melhoria dos serviços públicos ............88 1.2.11 Princípio do estudo constante das modificações do mercado de consumo ...................................................................................................89 1.3 Instrumentos para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo ........................................................................................................89 1.3.1 Manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o con- sumidor carente .......................................................................................90 1.3.2 Instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público ..............................................................90 1.3.3 Criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo ......................90 1.3.4 Criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Espe- cializadas para a solução de litígios de consumo .......................................91 1.3.5 Concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Asso- ciações de Defesa do Consumidor ...........................................................91 1.3.6 Rol meramente exemplificativo ............................................................92 Direito Ambiental 1 Introdução ao Direito Ambiental...........................................................................94 1.1 Direito Ambiental no Brasil ..........................................................................94 1.2 Antropocentrismo e Biocentrismo ..............................................................95 1.3 Conceito de Meio Ambiente ........................................................................96 1.4 Os 4 Tipos de Meio Ambiente ......................................................................96 1.5 Natureza Jurídica do Bem Ambiental ...........................................................98 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 9 Direito Médico 1 Princípios da bioética ...........................................................................................106 1.0.1 Princípio hipocrático da beneficência .................................................107 1.0.2 Princípio hipocrático da não maleficência ..........................................107 1.0.3 Princípio da autonomia da vontade do paciente ................................108 1.0.4 Princípio do ideário da justiça ............................................................108 Direito Penal E Processual Penal Militar Introdução ...........................................................................................................112 1 Direito Militar: teleologia, instrumentalidade e normatividade. ..........................112 2 A lei penal e processual penal militar: histórico e atualidades .............................114 3 O Direito penal e processual penal militar: características, natureza e as- pectos do Direito comparado. ......................................................................116 Direito Eleitoral 1 Introdução ao Direito Eleitoral ............................................................................122 Filosofia Do Direito Existe Relação entre Direito e Moral? ....................................................................128 Como se Estabelece a Relação entre Direito e Moral? ......................................135 10 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO Reforma da Previdência Comentada 11 Pós-graduado em Direito e Processo Penal pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Promotor de Justiça do Estado de Mato Grosso. Professor de Direito Penal. Luiz Fernando Rossi Pipino Renee do Ó Souza Mestre pelo Centro Universitário de Brasília-Uniceub. Pós-graduado em Direito Cons- titucional, em Direito Processual Civil, em Direito Civil,Difusos e Coletivos pela Escola Supe- rior do MP de Mato Grosso. Membro do Ministério Público de Mato Grosso. Professor e autor de obras jurídicas. PENAL Resumo de Direito rESUMO DE dIREITO pENAL 12 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 1 Considerações iniciais: Os preceitos penais são compostos por regras e princípios, espécies normativas dotadas de imperatividade, mas aplicadas de formas distintas. De acordo com Robert Alexy, as regras são normas de conduta que definem o limite entre o lícito e o ilícito, aplicadas ao tudo ou nada. Já os princípios são mandados de otimização, aplicados no sentido de uma máxima efetividade possível. De acordo com a clássica definição de Celso Antônio Bandeira de Mello: “O princípio é um mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas com- pondo-lhes o espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência, exatamente para definir a lógica e racionalidade do sistema nor- mativo, no que confere a tônica que lhe dá sentido harmônico”. 2 Princípios em espécie: Os principais princípios do Direito Penal são: 2.1 Princípio da legalidade: Preceito principiológico inscrito expressamente na Constituição da Re- pública (CF, art. 5º, inciso XXXIX) e no Código Penal (art. 1º), também de- nominado de princípio da reserva legal ou da estrita legalidade, é no sentido de que não há crime sem lei que o defina, nem pena sem cominação legal. Somente a lei (ordinária) pode criar infrações penais e cominar as respectivas sanções penais. Consagrado pela primeira vez na Carta Magna Inglesa, edi- tada em 1215 pelo Rei João Sem Terra (art. 39), este postulado representa uma efetiva limitação do poder punitivo estatal, já que protege o indivíduo contra o poder arbitrário de punir do Estado. Trata-se de uma das cláusulas pétreas da Constituição Federal, cuja finalidade é dispensar segurança jurídica aos cidadãos, porquanto a lei anuncia a todos o que está proibido e o que está permitido. COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 13 Atenção → A Constituição da República de 1988 (“Constituição Cida- dã”), seguindo o exemplo de algumas constituições europeias, protegeu determinados bens jurídicos, pelo que impôs ao legislador ordinário, as- sim, a obrigatoriedade de criminalizar as condutas humanas que ofendes- sem esses interesses. Por força dos mandados de criminalização, o legislador penal tornou-se obrigado a criar leis com vistas a proteger os bens jurídicos tutelados constitucionalmente. E os mandados de crimi- nalização podem ser: a) expressos (ou explícitos), a exemplo do art. 5º, incisos XLII e XLIII (ordem direta para a criminalização do racismo, tor- tura, tráfico ilícito de drogas e terrorismo); ou b) tácitos (ou implícitos), a exemplo da necessidade de combater a corrupção. Atenção → É vedada a edição de medida provisória sobre matéria de Di- reito Penal, por força do que estabelece o art. 62, § 1º, inciso I, alínea “b”, da Constituição da República. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, já decidiu na direção de que a medida provisória pode versar sobre Direi- to Penal não incriminador, desde que em benefício do agente (STF – RE 254.818/PR – Tribunal Pleno – Relator Ministro Sepúlveda Pertence – Pu- blicação em 19.12.2002). 2.2 Princípio da anterioridade: Princípio também previsto explicitamente na Constituição Federal (CF, art. 5º, inciso XXXIX) e no Código Penal (CP, art. 1º), é no sentido de que a infração penal e a respectiva sanção devem estar definidas em lei antes da prática do fato cuja punição se pretende. A lei penal produz os seus efeitos a partir de sua entrada em vigor e não pode retroagir, a não ser em benefício do réu. Trata-se, pois, do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, cujo preceito está expressa- mente inscrito no art. 5º, inciso XL, da Constituição da República. A lei penal mais benéfica ao agente, frise-se, é regida pelo princípio da extra-ativida- de, já que possui os efeitos retroativo e ultra-ativo. Com efeito, na hipótese de novatio legis in mellius, é certo que essa norma retroagirá para alcançar fatos pretéritos à sua vigência (retroatividade) e continuará a produzir os seus efeitos para alcançar os fatos praticados durante a sua vigência, mesmo depois de revogada por lei penal mais gravosa (ultra-atividade). 14 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO Atenção → É vedada a aplicação da lei penal aos fatos praticados durante o período de sua vacância (período de vacatio legis). De acordo com o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), “salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”. 2.3 Princípio da individualização da pena: Previsto constitucionalmente (CF, art. 5º, inciso XLVI), orienta no sen- tido de que deve ser dispensado ao agente exatamente a resposta que lhe caiba e na proporção do comportamento desenvolvido. Por isso é também chamado de princípio da personalização gradativa da pena. Deve ser observado em três distintas fases, a saber: i) fase legislativa → o legislador estabelece o balizamento punitivo em abstrato, além de fixar as causas de aumento e diminuição, as circunstâncias agravantes e atenuantes e ainda os regimes de cumprimento de pena; ii) fase judicial → o julgador deve aplicar a sanção de acordo com o sistema trifásico (CP, art. 68); e iii) fase administrativa → é a fase executiva da pena, devendo o Estado zelar pelos direitos do condenado. 2.4 Princípio da alteridade ou da transcendentalidade: Idealizado pelo jurista alemão Claus Roxin, é no sentido de que o Di- reito Penal só pode incriminar um comportamento humano que ofenda bem jurídico alheio, ou seja, ninguém pode ser punido por causar mal apenas a si mesmo. Atenção → Por força desse princípio é que o suicídio ou a automutilação (ação de acabar com a própria vida ou de cortar-se) não é considerado um comportamento criminoso. Registramos, no entanto, que a conduta de induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação, ou prestar-lhe auxílio material para que o faça, é típica, cujo crime está de- finido no art. 122 do Código Penal (com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal nº 13.968/2019). COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 15 Atenção → Como dito alhures, o Direito Penal não pune a autolesão. Cuidado, todavia, com os crimes definidos no: a) art. 171, § 2º, inci- so V, do Código Penal (prática de autolesão para fraudar recebimento de indenização ou valor de seguro), pois o bem jurídico tutelado pela norma não é a integridade física ou corporal, mas sim o patrimônio do segurador; e b) art. 184 do Código Penal Militar (prática de autolesão para inabilitação ao serviço militar), cujo bem jurídico protegido pela norma é a regularidade do serviço militar. Atenção → E o crime de porte de drogas para consumo pessoal (art. 28, caput, da Lei Federal nº 11.343/2006)? O uso de drogas, por si só, não consti- tui crime, já que o comportamento desenvolvido não coloca em risco o bem jurídico tutelado (saúde pública), já que o agente, ao consumir o entorpecen- te, faz mal apenas a si mesmo. Em nome do princípio da alteridade, o legis- lador não tipificou as condutas de usar ou consumir drogas, senão as ações de adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou trazer consigo substância entorpecente para consumo pessoal em desacordo com determinação legal ou regulamentar. A criminalização das condutas descritas no art. 28 da Lei de Drogas não viola, portanto, o princípio da alteridade, pois os comportamen- tos ali veiculados facilitam a circulação da droga e, assim, colocam em xeque e em perigo a saúde pública. 2.5 Princípio da confiança: De um modo geral, as relações sociais são desenvolvidas em meio a ati- vidades regradas por meio de códigos de boa conduta revestidosde fidelidade e crença de que todos irão agir de acordo com essas regras. Em razão disso, todos devem esperar, por parte das demais pessoas, ações responsáveis e de acordo com as regras positivadas. Aquele que observa as regras da vida em sociedade cria a legítima expectativa (direito de confiar) de que as demais pessoas também respeitarão tais regras. O princípio da confiança, portanto, serve de balizamento ao dever de cuidado e está ligado, principalmente, à teoria da imputação objetiva. 2.6 Princípio da adequação social: Idealizado pelo alemão Hanz Welzel, nada mais é do que uma ferramenta utilizada para afastar a tipicidade material de determinada conduta sob o funda- mento de sua aceitação pela sociedade em geral. O comportamento humano, ainda que tipificado em lei, não deve ser considerado criminoso se não afrontar o sentimento social de justiça. Uma conduta socialmente aceita, tolerada e ad- mitida pela coletividade não pode ser interpretada como um ilícito penal, ainda 16 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO que assim seja formalmente por lei definida. Exemplo comumente apontado em doutrina é o “trote acadêmico” (uma espécie de “ritual de passagem” do período estudantil ao universitário do aluno “calouro”, em que são praticados pequenos atos de zombaria e violência física por parte dos alunos “veteranos”). Este postulado é muito questionado por duas principais razões, a saber: i) violação ao princípio da continuidade das leis (LINDB, art. 2º, § 1º), pois este princípio possibilita, pelo menos em tese, que um costume revogue uma lei penal incriminadora; e ii) violação ao princípio da separação dos poderes (CF, art. 2º), pois o Poder Judiciário, com fundamento neste princípio, acaba por deixar de consi- derar criminosa uma conduta humana que fora definida como tal pelo Poder Legislativo. Atenção → De acordo com o posicionamento firmado pelos Tribunais Superiores (STF e STJ), não se aplica o princípio da adequação social aos crimes de: a) manutenção de casa de prostituição (CP, art. 229), pois protege bens jurídicos de elevada importância social, tais como a mo- ralidade sexual e os bons costumes (STF – HC 104467/RS – 1ª Turma – Relatora Ministra Cármen Lúcia – Julgamento em 08.02.2011 – Publicação em 09.03.2011; e STJ – AgRg no REsp 1508423/MG – 6ª Turma – Relator Ministro Ericson Maranho – Desembargador convocado do TJ/SP – Jul- gamento em 01.09.2015 – Publicação em 17.09.2015); e b) violação do direito autoral (CP, art. 184, § 2º), pois a prática rotineira da pirataria é sim uma conduta relevante do ponto de vista jurídico-social. Eis a Súmula 502 do Superior Tribunal de Justiça: “Presentes a materialidade e a au- toria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas”. 2.7 Princípio da intervenção mínima: O Direito Penal deve ser a ultima ratio, ou seja, o último mecanismo e/ ou instrumento para a proteção de determinado bem jurídico. Assim, acaso o restabelecimento da ordem jurídica possa ser feito por medidas civis ou admi- nistrativas, essas é que devem ser empregadas, e não as penais. Esse princípio tem como destinatário principal o próprio Poder Legislativo, sugerindo ao legislador, pois, cautela e moderação no instante de escolher as condutas que serão incriminadas. Há posicionamento doutrinário no sentido de que alguns comporta- mentos incriminados no Estatuto do Torcedor (Lei Federal nº 10.671/2003) atentam contra o princípio da intervenção mínima, como, por exemplo, aque- COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 17 le de “promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio de 5.000 (cinco mil) metros ao redor do local da realização do evento esportivo, ou durante o trajeto de ida e volta do local da realização do evento” (art. 41-B, § 1º, inciso I). De fato, este tipo de lei penal incriminadora acaba por gerar um crescimento patológico da legislação penal (“inflação legislativa” e proliferação de leis pe- nais). Muito por conta e para satisfazer os apelos popular e midiático, o legis- lador acaba por usar e abusar do direito penal como instrumento de controle social, cujo fenômeno é conhecido por “nomorreia penal” (“hipertrofia penal” ou “panpenalismo”), provocando o descrédito do sistema criminal como um todo, já que essas infrações penais sequer acabam sendo apuradas e/ou perseguidas pelo Estado. Deste postulado decorrem outros dois princípios, a saber: i) princípio da fragmentariedade → o Direito Penal é fragmentário, ou seja, composto por fragmentos de ilicitude. Apenas as condutas seleciona- das pelo legislador são tipificadas. ii) princípio da subsidiariedade → o Direito Penal é subsidiário, ou seja, somente deve atuar quando os outros ramos do Direito revelarem-se impotentes e/ou insuficientes para o controle social. O Direito Penal é, pois, um “soldado de reserva”. Atenção → O que se entende por “fragmentariedade às avessas”? Ocorre quando o comportamento até então típico deixa de interessar ao Direito Penal (abolitio criminis), porém continua tutelado por um outro ramo do direito. Como exemplo, podemos citar o já revogado art. 240 do Código Penal (o adultério, muito embora tenha deixado de ser um ilícito penal desde o advento da Lei Federal nº 11.106/2005, continua sendo um ilícito de natureza civil). 2.8 Princípio da proporcionalidade: O Direito Penal deve respeitar as premissas da adequação, da necessi- dade e da proporcionalidade em sentido estrito. A pena a ser imposta em des- favor do sujeito deve guardar equivalência à ofensa praticada, ou seja, deve haver uma relação de equilíbrio entre o meio e o fim. Esse princípio, frise-se, deve ser encarado sob duas perspectivas, a sa- ber: i) proibição do excesso (garantismo negativo) → não se deve co- minar (prever abstratamente) ou fixar (no caso concreto) penas em doses exageradas. 18 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO ii) proibição da proteção deficiente (garantismo positivo) → os bens jurídicos fundamentais à própria preservação da sociedade não podem, de maneira alguma, estar desprotegidos e/ou expostos. 2.9 Princípio da ofensividade ou da lesividade: Somente há falar-se em infração penal se o comportamento humano desenvolvido causar lesão efetiva ou ao menos oferecer perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, sob pena de ser considerado atípico. Ausente o perigo de lesão ao bem jurídico, o fato deve ser interpretado como um irrelevante penal. Atenção → Por força desse princípio é que parcela da doutrina entende serem inconstitucionais os crimes de perigo abstrato ou presumido. Con- tudo, a doutrina e a jurisprudência, em sua maioria, posicionam-se no senti- do da constitucionalidade dos crimes de perigo abstrato, sob o fundamento de que determinadas ações incriminadas são perigosas à luz da experiência cotidiana, pelo que justificada está a construção legal. 2.10 Princípio da exclusiva proteção do bem jurídico: O Direito Penal não se destina a proteger valores morais, religiosos, ideológicos ou éticos, mas tão somente aqueles bens jurídicos fundamentais para a preservação do ser humano e do corpo social. 2.11 Princípio da responsabilidade penal do fato: Não se admite um “Direito Penal do autor”, mas sim um “Direito Penal do fato”. O Direito Penal só pode incriminar condutas humanas objetivamen- te consideradas (fatos). Não se admite a punição de alguém pelo que é ou por conta de seu estilo de vida, crença, etc. Atenção → O Superior Tribunal de Justiça já decidiu reiteradamente na direção de que a agravante genérica da reincidência não é resquício de um “direito penal do autor”, pois é circunstância que justifica uma maior reprovação da conduta pelo cometimento de um novo crime. COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 19 2.12 Princípio da personalidade: Anunciado expressamente no texto constitucional (CF, art. 5º, inciso XLV), é também chamadode princípio da responsabilidade pessoal (ou da intranscendência). Apregoa no sentido de que ninguém pode ser responsabi- lizado por fato cometido por outra pessoa, ou seja, a pena não pode passar da pessoa do condenado. A responsabilidade penal é personalíssima e, portanto, intransmissível. 2.13 Princípio da responsabilidade penal subjetiva ou da culpabilidade: O agente somente pode ser responsabilizado se atuou com dolo ou culpa. Fala-se em “Direito Penal da culpa”. Para a responsabilização do agen- te, é indispensável, pois, a presença do elemento subjetivo. É bem verdade que, modernamente, a culpabilidade não é mais compreendida como um vín- culo subjetivo entre a conduta do agente e o resultado, mas sim como um juízo de censurabilidade e de reprovação do comportamento, motivo pelo qual possui relevância: a) para aferir a existência do crime (não basta que a conduta seja típica e antijurídica, mas deve também ser culpável e atribuível ao agente); e b) como critério para determinar a aplicação da pena (função de medição da pena). Por força deste princípio é que não se admite a responsabilidade penal objetiva, muito embora o ordenamento jurídico pátrio ainda apresente alguns resquícios dessa espécie de responsabilidade, a saber: i) crime de rixa qualificada (CP, art. 137, parágrafo único) → mesmo que não tenha concorrido para o resultado morte, o agente que participou da rixa terá a pena qualificada. ii) teoria da actio libera in causa → cometimento de infração penal em estado de embriaguez voluntária ou culposa. 2.14 Princípio do ne bis in idem: O ordenamento jurídico pátrio proíbe a dupla punição pelo mesmo fato, por força do princípio do ne bis in idem. Ninguém pode ser processado duas vezes pela prática do mesmo crime. Impede-se, pois, a dupla valoração do mesmo fato. Está previsto no art. 8, nº 4, da Convenção Americana de 20 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO Direitos Humanos de 1969 (Pacto de San José da Costa Rica, inserido no or- denamento jurídico brasileiro por meio do Decreto nº 678/1992). Atenção → Com fundamento neste postulado, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 241: “A reincidência penal não pode ser conside- rada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial”. Atenção → De acordo com a tranquila jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a circunstância agravante da reincidência não ofende o princípio do ne bis in idem. 2.15 Princípio da insignificância ou da bagatela: O Direito Penal não pode (e nem deve) ocupar-se com as condutas que não causam efetiva lesão nem geram perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Esse postulado funciona como verdadeira causa de exclusão da tipicidade material. Trata-se, pois, de interpretação restritiva do tipo penal. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, são quatro os requisitos objetivos que autorizam a aplicação do princípio da insignificância, a saber: a) mínima ofensividade da conduta do agente; b) nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. Além destes requisitos de ordem objetiva, também devem ser considerados os requisitos subjetivos, tais como a condição econômica da vítima, o valor sentimental do bem e as circunstâncias da infração penal. Atenção → Aplica-se o princípio da insignificância nos crimes prati- cados contra a Administração Pública? A respeito da temática, o Su- perior Tribunal de Justiça editou a Súmula 599: “O princípio da insigni- ficância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública”. Isso porque a norma penal busca proteger não só o patrimônio, mas também a moral administrativa. Há julgados do Supremo Tribunal Federal, no entanto, em sentido contrário, cujo posicionamento encontra apoio de parcela da dou- trina. COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 21 Atenção → Não se aplica o princípio da insignificância nos crimes pratica- dos com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa, ainda que o bem não possua valor econômico significativo. Atenção → Aplica-se o princípio da insignificância nos crimes inscri- tos na Lei de Drogas? Entende-se majoritariamente que não, já que os delitos de tráfico ilícito de drogas e de porte para consumo pessoal são de perigo abstrato e protegem a saúde pública, sendo desimportante a quan- tidade de entorpecente apreendida. Atenção → Pode o Delegado de Polícia Judiciária Civil valorar o caso concreto e aplicar o princípio da insignificância, deixando, assim, de lavrar o flagrante? Há dois posicionamentos, a saber: a) a autoridade policial pode sim valorar o postulado no caso concreto, já que o princípio está umbilicalmente vinculado à própria tipicidade do comportamento hu- mano. Se não há tipicidade material, não há falar-se em crime, pelo que não é cabível a prisão em flagrante; e b) a autoridade policial não pode aplicar o princípio no caso concreto, pois a Constituição Federal confiou ao Ministério Público, com exclusividade, a promoção da ação penal (CF, art. 129, inciso I). Reforma da Previdência Comentada 23 Cesar Peghini Doutor em Direito Civil pela PUC/SP. Mestre em Função Social do Direito pela Faculdade Autônoma de Direito FADISP (2009). Especialista em Direito do Consumidor na experiência do Tribunal de Justiça da União Européia e na Jurisprudência Espanhola, pela Universidade de Castilla-La Mancha, Toledo/ES. Especialista em Direito Civil pela Instituição Toledo de Ensino ITE. Especialista em Direito Civil e Processo Civil pela Escola Paulista de Direito - EPD. Gra- duado em Direito pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU. Professor da Escola Paulista de Direito - EPD; Professor da pós-graduação do Centro Universi- tário Mackenzie; Professor visitante em vários cursos de pós-graduação lato sensu. Diretor de Eventos do Instituto Brasileiro de Direito Contratual (IBDCONT). Diretor de Eventos do Insti- tuto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM/SP), associado ao Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (BRASILCON) e Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário (IBRADIM). CIVIL Resumo de Direito rESUMO DE dIREITO CIVIL 24 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 1 Considerações Gerais - Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro Conforme pode ser percebido, a Lei de Introdução às Normas do Di- reito Brasileiro regulamenta basicamente os seguintes institutos: A eficácia da lei no tempo art. 1º da LINDB; antinomia, considerando o fenômeno da vigência da lei (art. 2º da LINDB); obrigatoriedade sob a luz do direito (art. 3º da LINDB); anomia (ausência de norma), lacuna e meios de preenchimento das lacunas (art. 4º da LINDB); hermenêutica jurídica (art. 5º da LINDB); direito intertemporal e segurança jurídica (art. 6° da LINDB); e normas de conexão de direito internacional privado (arts. 7º a 18 da LINDB). 1.1 Da classificação das normas A lei pode ser classificada nos termos dos seguintes elementos: a) Natureza: i) Normas substantivas ou materiais: são aquelas que regulam o direito material, puro não regulamentando; ii) Normas formais ou processuais: estas visam à proteção do di- reito material, ou seja, concedem o procedimento pelo qual deve transitar o direito material. b) Hierarquia: i) Normas constitucionais: decorrem da Constituição Federal, bem como seus demais elementos, tais como as Emendas; ii) Normas complementares: são normas regulamentadoras de um determinado assunto (art. 69 da CF); iii) normas ordinárias: refere-se às leis comuns (art. 61 da CF); iv) Normas Delegadas: são leis de delegação do presidente da repú- blica (art. 68 da CF); v) Medidas Provisórias: originam por ato do presidente (art. 62 da CF); COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 25 vi) Decretos legislativos: são normas promulgadas pelo legislativo so- bre assuntos de sua competência (art. 59, VIda CF); vii) Resoluções: são normas expedidas pelo poder legislativo para re- gulamentar matéria de sua competência (art. 59, VII da CF); viii) Regimentos internos: são normas de caráter regimental e esta- tutário aplicado aos entes públicos e particulares. c) Imperatividade: i) Normas cogentes ou de ordem pública: são aquelas que interes- sam a toda coletividade, sendo assim, não podem ser alteradas pela vontade das partes, seja por contrato ou outra forma, vez que possui imperatividade absoluta. Como exemplo, podemos citar os arts. 11 a 21 do CC; ii) Normas dispositivas ou de ordem privada: são aquelas que so- mente interessam aos entes privados, portanto, podem ser transacionados pelas partes. Como exemplo: a liberdade de contratar. d) Especialidade: i) Normas gerais: são aquelas que contêm caráter regulamentador geral, com premissas e elementos aplicados a toda uma sedimentação. Como exemplo, podemos citar o Código Civil e o Código Penal, não obstante estes também possuam suas características especiais; ii) Normas especiais: são aquelas que dispõem de tratamento espe- cífico de determinado instituto jurídico. Como exemplo: Lei de Locações nº 8.245/91. 1.2 Fontes Do Direito As fontes do direito são os fatores determinantes que diferenciam o aspecto moral para a ciência jurídica. Trata-se de normas de condutas que podem ser classificadas como fontes formais e fontes não formais. As fontes formais estão previstas no art. 4° da LINDB, quais sejam: a lei, analogia, costumes e pelos princípios gerais de direito. Já as demais tidas como não formais compõem a doutrina e a jurisprudência dos tribu- nais que não são regras jurídicas, mas acabam contribuindo de forma significa- tiva para a sistematização das fontes do direito. 26 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 1.3 A lei e sua vigência no tempo A lei passa por um processo antes de entrar em vigor. Após a elabora- ção, promulgação e publicação, existe a incidência de um período denomina- do de vacatio legis que, conforme art. 1° da LINDB, será de 45 dias após sua publicação, salvo disposição em contrário. A vacatio legis pode ser conceituada como um período que medeia entre a publicação da lei e sua entrada em vigor. Tem por finalidade fazer com que os seus destinatários a conheçam e, por consequência, se preparem para aplicá-la. Esta pode ser alterada pelo instituto da cláusula de vigência que indica a data a partir da qual a Lei entrará em vigor. A forma de contagem do prazo da vacatio legis está prevista no art. 8º, §1º da Lei Complementar 95/98, alterada pela Lei Complementar 107/2001, na qual deve ser incluído o dia da publicação e o último dia do prazo, devendo a lei entrar em vigor no dia imediatamente subsequente, independentemente de ser dia útil ou não. 1.4 A lei e a segurança e estabilidade social Tal como aponta o art. 5º, XXXVI da CF e o art. 6º da LINDB, a norma jurídica é criada para valer ao futuro, ou seja, sua aplicação somente vale para os fatos posteriores à sua vigência. Entretanto, caso uma norma atinja fatos pretéritos, devem ser respeitados os critérios do CC e da CF, em especial não violar o ato jurídico perfeito, direitos adquiridos e a coisa julgada. 1.5 A lei no tempo As regras de revogação da lei encontram-se no art. 2° da LINDB, que consagra o princípio da continuidade. Todavia, a doutrina aponta duas formas de retirada da lei no tempo: a revogação e a ineficácia. Quanto à revogação, no que tange à sua extensão, pode ser: i) Total ou ab-rogação (exemplo: art. 2.045, CC); ou então, ii) Parcial ou derrogação (exemplo: primeira parte do Código Comer- cial, determinada pelo art. 2.045 do CC). COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 27 Em relação ao modo, pode ser a revogação: i) Expressa (exemplo: o CC, novo e antigo); ou então, ii) Tácita (exemplo: da Lei de Divórcio que foi parcialmente incorporada pelo CC). Há ainda o efeito repristinatório previsto no art. 2° da LINDB, que trata da restauração da vigência de uma lei, anteriormente revogada, em virtu- de da revogação de lei revogadora, previsto no art. 2º, §3º da LINDB. Cumpre registrar que o efeito repristinatório existe no direito brasileiro, porém, não é automático, devendo vir expresso no texto da lei, ou ainda, quando ocorrer a declaração de constitucionalidade conforme o art. 11, §2°, da L. 9.868/99. Já a ineficácia ocorre quando a lei perde sua validade, ou seja, deixou de ser aplicada ao caso concreto. São hipóteses de ineficácia: i) Caducidade: ocorre pela superveniência de uma situação cronológi- ca ou factual que torna a norma inválida sem que ela tenha sido revogada; ii) Desuso: a norma torna-se inefetiva porque o titular de direitos não quer dela se valer; iii) Costume: contra legem ou negativo, que é aquela que contraria a lei. O costume não revoga a lei, mas pode gerar sua ineficácia. 1.6 Interpretação das leis e as antinomias Em decorrência do princípio da indeclinabilidade de jurisdição, o juiz é obrigado a decidir, ainda que não haja lei para solucionar o caso concreto. Nesta hipótese, ele deve se socorrer com as seguintes técnicas de interpre- tação: a) Interpretação gramatical: consiste na busca do real sentido do texto legal a partir das regras de linguística do vernáculo nacional; b) Interpretação lógica: consiste na utilização de mecanismos de lógi- ca, como silogismo, deduções, presunções e de relações de textos legais; c) Interpretação ontológica: busca pela essência da lei, ou seja, a sua motivação ou sua razão de ser (ratio legis); d) Interpretação histórica: consiste no estudo das circunstâncias his- tóricas de fáticas que envolveram a elaboração das normas; 28 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO e) Interpretação sistemática: é interpretação que tem como base a comparação entre a lei atual, em vários de seus dispositivos e outros textos, ou textos anteriores; f) Interpretação sociológica ou teleológica: busca interpretar de acordo com a adequação da lei ao contexto da sociedade e aos fatos sociais. Já a antinomia é a presença de duas normas conflitantes, válidas e emanadas da autoridade competente, sem que se possa dizer qual delas me- recerá aplicação em um caso concreto. Na análise das antinomias, três meta- critérios devem ser considerados para solução dos conflitos: a) Cronológico: segundo o qual a norma posterior prevalece sobre a anterior. É o mais fraco deles; b) Especialidade: segundo o qual a norma especial prevalece sobre a geral. É um critério intermediário e que tem base constitucional no art. 5º, que trata do princípio da isonomia, ou da igualdade lato sensu; c) Hierárquico: segundo o qual a norma superior prevalece sobre a in- ferior. É o mais forte deles, tendo em vista, inclusive, a importância do texto constitucional. 1.7 A lacuna e sistema de complementação (analogia aos costumes, aos princípios gerais de direito) Conforme imposição constitucional no art. 5°, II da CF (princípio da legalidade), há obrigatoriedade quanto à aplicação da lei. Porém, é nítida a disposição que há falhas no sistema legislativo, pois em caso contrário não necessitaríamos do art. 4° e 5° da LINDB. Neste sentido, entende-se que o direito criou ferramentas próprias para sistematizar e blindar eventuais lacunas no próprio direito, sendo as se- guintes modalidades de classificação: a) Lacuna normativa: ausência de norma prevista para um deter- minado caso concreto; b) Lacuna ontológica: presença da norma para o caso concreto, mas que não tenha eficácia social; c) Lacuna axiológica: presença de norma para o caso concreto, mas que a aplicação seja injusta ou insatisfatória; COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 29 d) Lacuna de conflitos ou antinomia: choque de duas ou mais nor- mas válidas, pendente de solução no caso concreto. Nas referidas situações deverão ser aplicados às demais fontes do direito, que são: a) Analogia: é a aplicação ao caso não previstode uma lei regula- dora de caso semelhante. Tem por fundamento o argumento pari ratione, ou seja, da lógica dedutiva, segundo o qual para solução do caso omisso utiliza-se o mesmo raciocínio do caso semelhante. Como exemplo, podemos citar o art. 1.331 do CC, que trata do direi- to real de habitação, em que o mesmo pode ser estendido do cônjuge para o companheiro. São espécies de analogia: legal é aquela que aplica ao caso omisso lei que regula caso semelhante; e jurídica, aplica ao caso omisso de um compilado de leis. b) Costumes: É a repetição da conduta de maneira uniforme e cons- tante (requisito objetivo) com a convicção da sua obrigatoriedade (requisito subjetivo) repetição e aceitação. Como exemplo, nos termos do art. 32, da Lei do Cheque, este é pagável à vista, considera-se não escrita qualquer menção em contrário. Se o cheque for apresentado antes do dia indicado como o da emissão, deverá ser pago no dia da sua apresentação. c) Princípios gerais do direito: trata-se de premissas que não foram di- tadas explicitamente pelo legislador, mas estão contidos de forma preponderante no ordenamento jurídico; d) A doutrina: fonte de interpretação da lei feita pelos estudiosos da matéria, sendo construída por pareceristas, ensinamentos dos professores e mestres, nas opiniões decorrentes dos tratados, pelas dissertações e teses acadêmicas; e) A jurisprudência: é interpretação da lei conforme os órgãos do poder judiciário, que também faz parte dos costumes, e é formada especial- mente pelos tribunais superiores; f) A equidade: não se encontra no rol do art. 4°, porém está nitida- mente elencada no art. 5° da LINDB, fato que permite que a justiça seja aplica- da ao caso concreto. rESUMO DE PROCESSO penaL Reforma da Previdência Comentada 31 Promotor de Justiça do MP/MT, com atuação no Tribunal do Júri da Capital, Doutor e Mestre em Direito pela PUC-SP, Professor de Direito Processual Penal da Faculdade de Direito da Uni- versidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Professor do Programa de Mestrado em Direito da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Professor da Escola Superior do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, Professor da Escola Superior do Ministério Público do Es- tado de São Paulo, Líder do Grupo de Pesquisa Tutela Penal dos Bens Jurídicos Difusos. Antonio Sergio Cordeiro Piedade Ana Carolina Dal Ponte Aidar Graduada em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Oficial de Gabinete do Ministério Público do Estado de Mato Grosso. Ex-Bolsista PIBIC/CNPQ, com o projeto de pesquisa intitulado ‘Tutela Penal Difusa no Contexto das Novas Formas de Criminalidade’ PENAL Resumo de Processo rESUMO DE PROCESSO penaL 32 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 1 Introdução ao direito processual penal 1.1 Conceito. Embora a convivência humana seja regida por normas básicas de con- duta, por vezes os indivíduos acabam por transgredi-las, o que, por via de consequência, gera conflitos. E, quando estes conflitos resultam na agressão de bens dignos de tutela penal (como a vida, a honra, o patrimônio), dentre outros, é necessária a atuação do Estado, para criar normas sancionatórias, a fim de que se previna e reprima a violação de direitos. Para tanto, sobrevém o Direito Penal, que é o corpo de normas ju- rídicas, que disciplina as relações que envolvam os bens tidos como mais importantes pela sociedade. A título de exemplificação, o Código Penal e a Legislação Penal Extravagante descrevem inúmeras condutas que, quando re- alizadas, são passíveis de punição por parte do Estado. E, neste contexto, surge o Direito Processual Penal, cujo objetivo é justamente regular a forma de atuação do Estado, através do Poder Judi- ciário, de maneira que dê aplicabilidade às normas materiais, e garanta ao acusado e à sociedade, o devido processo legal. Assim, caberá ao Direito Penal dispor acerca das condutas ilícitas, bem como cominar as respectivas sanções. Cometido o crime, surgirá para o Esta- do, a pretensão punitiva, que somente se perfaz com os ditames procedimen- tais estabelecidos pelo Direito Processual Penal. Sendo assim, conforme preleciona Guilherme de Souza Nucci o Di- reito Processual Penal“é o corpo de normas jurídicas cuja finalidade é regular o modo, os meios e os órgãos encarregados de punir do Estado, realizando-se por intermédio do Poder Judiciário, constitucionalmente incumbido de aplicar a lei ao caso concreto”1. Em síntese, o Direito Processual Penal é um ramo autônomo do direito, que visa dar instrumentalidade às normas materiais, bem como organizar a atuação do Estado, a fim de solucionar os conflitos que, de alguma forma, violem os bens considerados mais caros à so- ciedade. 1 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, p. 73. COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 33 1.2 Princípios Assim como todo o ramo autônomo do direito, o estudo do Direito Processual Penal pressupõe a existência de princípios próprios, os quais de- vem estar em consonância com a Constituição da República de 1988, razão pela qual, nos dias atuais, só é possível dissecá-los, realizando uma análise em conjunto com os direitos fundamentais previstos na Magna Carta. 1.2.1 Princípio do devido processo legal Conforme salientado, para dar aplicabilidade ao Direito Penal, é ne- cessário um corpo de normas jurídicas que disciplinem a forma de atuação do Estado, objetivando proteger o acusado de eventuais abusos de direito. Assim, a atividade estatal não se dará de maneira discricionária ou ao bel- -prazer do Poder Judiciário. Ao contrário, é necessário que se respeite o devido processo legal. A doutrina costuma dividir o princípio do devido processo legal em duas vertentes: a formal e a material. Entende-se por devido processo legal formal, a obediência aos di- tames previstos em lei, os quais devem garantir a ampla defesa e o contra- ditório, às partes interessadas. Desta forma, se o Código de Processo Penal prevê que após o recebimento da denúncia, a defesa tem o direito de apre- sentar sua resposta à acusação, deve o Estado assegurar que esta regra seja respeitada. Já o devido processo legal material volta-se à análise substancial do processo, oportunidade em que se aferirá se o trâmite processual foi ade- quado e se a decisão proferida é proporcional ao caso concreto, devendo todos os atos processuais estarem em consonância com o princípio da dig- nidade humana e a dupla face do princípio da proporcionalidade, de modo a não permitir excessos do Estado contra o acusado, mas também sem deixar de acautelar a sociedade, não permitindo uma proteção deficiente, insufi- ciente ou uma infraproteção. Portanto, o princípio do devido processo legal visa proteger o indiví- duo de possíveis excessos por parte do Poder Judiciário, a partir da vincu- lação da atuação estatal às normas previstas na lei, tornando-se imperioso, pois, que o caminho percorrido até o trânsito em julgado do feito seja ade- quado e preserve todos os direitos constitucionalmente protegidos. 34 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 1.2.2 Princípio do Contraditório A obediência ao contraditório assegura que a parte (seja acusação, seja defesa) tenha ciência do desenrolar do processo e participe de modo di- reto da ação penal, ou seja, produza provas, seja ouvido e se faça presente. Afinal, é salutar para a garantia do devido processo legal e para assegurar a dignidade da pessoa humana, a existência de um debate argumentativo em torno do feito. Mais do que poder participar do processo, deve o magistrado respei- tar a atuação do agente, no sentido de que as manifestações serão efetiva- mente consideradas pelo Estado. Assim, todas as teses trazidas pelas partes, em juízo, serão decididas motivadamente, cabendo ao julgador apontar as razões que o fizeram optar por deliberar daquela forma. 1.2.3 1.2.3– Princípio da ampla defesa O princípio da ampla defesa é consectário do princípio do contradi- tório: trata-se da obrigação do Estado em garantir ao réu, a maior e mais completa defesa possível dentro do processo penal. É uma especificação, a qual se subdivide em direito à autodefesa e direito à defesa técnica. O direito à autodefesa garante ao próprio réu o poder de argumen- tar, dialogar e participar do processo diretamente. No interrogatório, por exemplo, o agente que violou a norma penal poderá optar por falar ou até mesmo manter-se em silêncio, para não produzir provas contra si, exercen- do o seu direito à ampla defesa, através da autodefesa, cujo caráter é, pois, personalíssimo. Conclui-se, pois, que a autodefesa é disponível, podendo o acusado renunciá-la, se entender que isto lhe favorece. Ainda, preceitua o artigo 367 do Código de Processo Penal que, “o processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoal- mente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo”. Ou seja, a participação do réu é (muito) importante, mas não é imprescindível. Portanto, o acusado poderá se tornar revel no curso da lide ou até mesmo permanecer calado em seu interrogatório, sendo que nenhuma des- tas circunstâncias darão ensejo a qualquer nulidade. Diferentemente, a defesa técnica não detém caráter de prescindibi- lidade. Ao contrário, a assistência jurídica é assegurada de modo absoluto ao COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 35 réu, haja vista que o advogado/defensor detém conhecimento técnico para acompanhar e orientar o acusado, num trâmite que pode lhe resultar uma condenação. Deste modo, ainda que o agente infrator não tenha condições de ar- car com advogado, ou é considerado revel, ou ainda renuncie a assistência jurídica, caberá ao magistrado competente designar um profissional habilita- do para assisti-lo (na grande maioria dos casos, um Defensor Público). Logo: Autodefesa Prescindível Defesa Técnica Imprescindível Por fim, cumpre ressaltar que o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante 14, cujo teor garante ao defensor, amplos poderes, para que melhor possa assistir o acusado e exercer sua defesa: “É direito do de- fensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de de- fesa”. 1.2.4 Princípio da verdade real Por ser o ramo do direito que visa proteger os bens mais caros da sociedade, a violação das normas penais acarretam a incursão em sanções mais duras, a citar a condenação à pena privativa de liberdade. Deste modo, cuida-se de uma esfera extremamente sensível, onde eventuais erros po- dem gerar injustiças indeléveis. Portanto, ainda que o legislador tenha adotado o sistema acusatório, o magistrado deve determinar de ofício a prática de atos, os quais entenda necessários para elucidar o feito. Assim, se o julgador tiver dúvidas, pode, por exemplo, diligenciar a fim de ouvir uma testemunha referida. O processo penal, portanto, conforme preleciona Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves, “busca desvendar como os fa- tos efetivamente se passaram, não admitindo ficções e presunções processuais, diferentemente do que ocorre no processo civil”. É possível a execução provisória da pena? 36 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 1.2.5 Princípio da presunção de inocência ou da não-culpa- bilidade A Constituição da República é clara ao elucidar em seu artigo 5º, in- ciso LVII, que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Ou seja, enquanto não esgotarem todas as vias recursais, o réu é inocente. Entretanto, embora a Carta Magna traga expressamente o referido preceito, tal princípio não impede, tampouco é incompatível com as prisões provisórias, que possuem requisitos próprios para a sua decretação. IMPORTANTE! O STF, em mudança recente de entendimento, decidiu não ser mais possível o início da execução provisória da pena, ainda que a condenação seja confirmada em segunda instância. Até 07/11/2019, o Supremo Tribunal Federal entendia que, embora não esgotadas todas as possibilidades recursais, após a prolatação de acórdão condenatório, o acusado poderia ser submetido ao início da execução, sem que houvesse afronta ao princípio da presunção de inocência. Todavia, por ora, a compreensão da matéria mudou. Sobre o polêmico tema concernente à execução provisória da pena, vejamos a linha do tempo abaixo. Observa-se que a matéria sempre foi con- troversa: Deste modo, atualmente, é impossível a execução provisória da pena cuja ação não tenha transitado em julgado. Via de consequência, os que se encontravam presos em razão da decisão proferida no âmbito do HC nº 126292, de 17/02/2016, devem ser libertados, salvo os casos fundamentados nos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal, que estabelecem os re- quisitos autorizadores da prisão preventiva. Cumpre ressaltar que, a possibilidade da prisão em segunda instância foi uma das propostas aventadas no Pacote Anticrime. Todavia, a tentativa de SIM HC nº 68726, julgado em 28/06/1991 NÃO HC nº 84078, julgado em 05/02/2009 SIM HC nº 126292, julgado em 17/02/2016 NÃO ACs 43, 44 e 54, julgadas em 07/11/2019 Fevereiro/2009 ENTENDIMENTO ATUAL É possível a execução provisória da pena? Fevereiro/2016 Novembro/2019 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 37 1.2.5 Princípio da presunção de inocência ou da não-culpa- bilidade A Constituição da República é clara ao elucidar em seu artigo 5º, in- ciso LVII, que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Ou seja, enquanto não esgotarem todas as vias recursais, o réu é inocente. Entretanto, embora a Carta Magna traga expressamente o referido preceito, tal princípio não impede, tampouco é incompatível com as prisões provisórias, que possuem requisitos próprios para a sua decretação. IMPORTANTE! O STF, em mudança recente de entendimento, decidiu não ser mais possível o início da execução provisória da pena, ainda que a condenação seja confirmada em segunda instância. Até 07/11/2019, o Supremo Tribunal Federal entendia que, embora não esgotadas todas as possibilidades recursais, após a prolatação de acórdão condenatório, o acusado poderia ser submetido ao início da execução, sem que houvesse afronta ao princípio da presunção de inocência. Todavia, por ora, a compreensão da matéria mudou. Sobre o polêmico tema concernente à execução provisória da pena, vejamos a linha do tempo abaixo. Observa-se que a matéria sempre foi con- troversa: Deste modo, atualmente, é impossível a execução provisória da pena cuja ação não tenha transitado em julgado. Via de consequência, os que se encontravam presos em razão da decisão proferida no âmbito do HC nº 126292, de 17/02/2016, devem ser libertados, salvo os casos fundamentados nos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal, que estabelecem os re- quisitos autorizadores da prisão preventiva. Cumpre ressaltar que, a possibilidade da prisão em segunda instância foi uma das propostas aventadas no Pacote Anticrime. Todavia, a tentativa de SIM HC nº 68726, julgado em 28/06/1991 NÃO HC nº 84078, julgado em 05/02/2009 SIM HC nº 126292, julgado em 17/02/2016 NÃO ACs 43, 44 e 54, julgadas em 07/11/2019 Fevereiro/2009 ENTENDIMENTO ATUAL consolidar a questão no parlamento e incorporá-la ao ordenamento jurídico não logrou êxito, tendo sido a referida proposta rejeitada pelo Congresso Nacional. O Superior Tribunal de Justiça, invocando o princípio da presunção de inocência sumulou entendimento, no sentido de que inquéritos policiais e ações penais em curso não são fundamentos idôneos para exasperar a penado indivíduo. Imagine que Tício possua duas ações em curso: uma pela prática de furto e outra por roubo. Quando o magistrado sentenciar o primeiro feito, não poderá aumentar a pena base do acusado, sob a justificativa de que Tício possui maus antecedentes por responder à ação penal pelo crime de roubo, afinal, ainda não houve o trânsito em julgado, e se não houve um provimento jurisdicional definitivo, o agente não poderá ser considerado culpado. 1.2.6 Princípio da motivação Segundo o artigo 93, inciso IX, da Constituição da República, “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade (…)”. No mesmo sentido, o Código de Processo Penal dispõe que a sentença indicará os “motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão.” Os supracitados dispositivos indicam que o magistrado, ao proferir qualquer deliberação de cunho decisório, deverá fundamentar, justificar, mo- tivar o porquê de sua escolha. De acordo com a inteligência do artigo 315, §2º, do Código de Pro- cesso Penal, não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (a) limitar-se à indicação, à repro- dução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; (b) empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; (c) invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; (d) não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (e) limitar-se a invocar precedente ou enunciado de sú- mula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; ou (f) deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. 38 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO Em verdade, vigora em nosso ordenamento jurídico o sistema do li- vre convencimento motivado ou da persuasão racional, o qual aduz que o julgador tem plena liberdade para tomar as escolhas e deliberar conforme entender adequado, desde que justifique os motivos de estar tomando deter- minada decisão O Ministro Menezes Direito explicou, no âmbito do RHC 91.691, que “(…) vige em nosso sistema o princípio do livre convencimento motivado ou da per- suasão racional, segundo o qual compete ao juiz da causa valorar com ampla liber- dade os elementos de prova constantes dos autos, desde que o faça motivadamen- te, com o que se permite a aferição dos parâmetros de legalidade e razoabilidade adotados nessa operação intelectual. Não vigora mais entre nós o sistema das pro- vas tarifadas, segundo o qual o legislador estabelecia previamente o valor, a força probante de cada meio de prova. Tem-se, assim, que a confissão do réu, quando de- sarmônica com as demais provas do processo, deve ser valorada com reservas (…)” . Por outro lado, o STF já decidiu no âmbito do HC 128.031, de rela- toria da Ministra Rosa Weber que “não se exigem, quando do recebimento da denúncia, a cognição e a avaliação exaustiva da prova ou a apreciação exauriente dos argumentos das partes, bastando o exame da validade formal da peça e a verificação da presença de indícios suficientes de autoria e de materialidade.” Isso quer dizer que, ao receber a denúncia oferecida pelo órgão acusatório, o magistrado exercerá um juízo de cognição sumária, verificando a presença dos requisitos da denúnica e de indícios suficientes de autoria e materialidade. 1.2.7 Princípio da vedação das provas ilícitas De acordo com o preceito constitucional previsto no artigo 5º, inciso LIV, são inadmissíveis, no processo penal, as provas obtidas por meios ilícitos. Deste modo, as provas produzidas em afronta aos ditames descritos na Constituição e na legislação ordinária não serão consideradas pelo julgador. Considere que uma autoridade policial qualquer investigue um crime de homicídio, e indicie Tício, pela prática delitiva. Ao chegar na Delegacia de Polícia, para apresentar sua versão dos fatos, Tício passa a ser torturado pelos agentes policiais, a fim de que confesse a autoria do crime. Em pânico, buscando cessar àquela situação, o suspeito atribui a si, a conduta criminosa. Posteriormente, após exame de corpo de delito, descobre-se a tortura ocor- rida em sede policial. Deve, portanto, o magistrado desconsiderar totalmente o interrogatório do acusado, não podendo utilizar tal meio de prova para embasar eventual sentença condenatória. COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 39 De outro modo, a doutrina e a jurisprudência vem entendendo pela possibilidade de se utilizar provas obtidas por meio ilícito, quando estas be- neficiarem o réu. Ou seja, se ao violarem o sigilo de correspondência do in- diciado, sem autorização judicial, os policiais militares descobrirem que Tício, no dia do crime de homicídio, estava em viagem para outro país, tal prova, embora agrida direitos fundamentais importantes, poderá ser utilizada para lastrear a absolvição do mesmo. 1.2.8 Princípio da imparcialidade Trata-se o princípio da imparcialidade de um corolário do devido pro- cesso legal, afinal, o trâmite processual apenas atingirá seu objetivo, se for conduzido por uma autoridade judiciária competente, a qual julgue os fatos trazidos em juízo com isonomia e sem sacrificar a verdade, em razão de con- siderações particulares. Por este motivo, poderão as partes arguir a suspeição ou impedimento do magistrado, em caso de eventual desconfiança acerca da parcialidade da autoridade, desde que, claro, esteja devidamente fundamentada. Importante trazer à baila, o princípio do juiz natural, o qual dispõe que a competência da autoridade julgadora será anteriormente fixada em lei, a fim de evitar julgamentos de exceção. Ou seja, se determinado fato é levado ao conhecimento do Poder Judiciário, não poderá o Estado, a seu livre arbí- trio, escolher qual magistrado decidirá a causa. Em idêntica simetria, é o princípio do promotor natural, que as- severa a necessidade de se conhecer previamente, quem será incumbido de representar o órgão acusatório. Neste sentido, explica o Ministro Celso de Melo que o princípio em testilha “(…) repele, a partir da vedação de designações casuísticas efetuadas pela chefia da instituição, a figura do acusador de exceção.” E completa: “esse princípio consagra uma garantia de ordem jurídica, destinada tanto a proteger o membro do Ministério Público, na medida em que lhe assegura o exercício pleno e independente dos seus princípios penais e processuais penais ofício, quanto a tutelar a própria coletividade, a quem se reconhece o direito de ver atuando, em quaisquer causas, apenas o promotor cuja intervenção se justifique a partir de critérios abstratos e predeterminados, estabelecidos em lei.” Assim, encerra-se o estudo dos principais princípios do Direito Pro- cessual Penal, mas nunca por completo, afinal, a análise principiológica nos acompanhará ao longo de todo conteúdo desta obra. Reforma da Previdência Comentada 41 Juiz de Direito (TJMG). Estágio de pesquisa pós-doutoramento (UNIVERSIDADE DE GIRO- NA/ESP). Doutor em Direito Processual (PUC/MINAS). Mestre em Direito Processual Civil (PUC/CAMPINAS). Professor dos cursos de graduação (provimento) e pós-graduação “lato sensu” (PUC/MINAS - campus Poços de Caldas). Membro da ABDPro (Associação Brasileira de Direito Processual). Membro do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Processual). Maurício Ferreira Cunha CIVIL Resumo de Processo rESUMO DE PROCESSO CIVIL 42 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 1 Teoria Geral do Processo 1.1 Normas Processuais Civis O Livro I do CPC, diferentemente do revogado Codex, trata das normas processuais civis e estabelece regras e princípiosnorteadores da interpretação e aplicação do Direito Processual Civil como um todo, tanto que o seu art. 1º anuncia expressamente que “o processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código”. A mencionada previsão, é bem verdade, menciona o óbvio e seria até mesmo dispensável, não fosse o desenvolvimento tímido da teo- ria da força normativa da Constituição em nosso ordenamento jurídico. Seja como for, tem ganhado força o movimento de constitucionalização de todos os ramos do direito, incluindo o civil e o processual civil. Não por outra razão que autores como Cassio Scarpinella Bueno reconhecem um modelo consti- tucional do processo civil em que os princípios constitucionais ocupam-se es- pecificamente com a conformação do próprio processo, fornecendo diretrizes mínimas e moldando o comportamento das partes e do Estado-juiz (BUENO, 2012, p. 192). 1.2 Direitos Processuais Fundamentais 1.2.1 Noções gerais Os doze primeiros artigos do CPC materializam princípios funda- mentais do processo que, em última análise, são decorrência do princípio-sín- tese ou princípio-mãe, que é o devido processo legal, do qual decorrem todos os demais direitos e princípios fundamentais do processo. Por isso, Humberto Theodoro Júnior o rotula de superprincípio, na medida em que coordena e delimita todos os demais princípios que informam tanto o processo como o procedimento (THEODORO JÚNIOR, 2014, p. 183). O princípio do devido processo legal comporta duas dimensões, a saber: Formal/processual Substancial Observância das regras procedimentais na prestação da tutela jurisdicional. Necessidade de observância dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade na aplicação das normas processuais. COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 43 A segunda dimensão recebeu especial atenção do legislador do CPC/2015 que estabeleceu, no art. 8º, que “ao aplicar o ordenamento jurídi- co, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardan- do e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcio- nalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência”. 1.2.2 Princípios da inércia e do impulso oficial O art. 2º do CPC consagra dois princípios que caracterizam a função jurisdicional: a inércia ou dispositivo e o impulso oficial. Com efeito, o início do processo depende da iniciativa da parte interessada (nemo iudex sine acto- re; ne procedat iudex ex officio), mas o seu desenvolvimento dá-se por impulso oficial. A parte final do mencionado preceptivo legal ressalva os casos previs- tos em lei, ou seja, excepcionalmente o processo pode ter início por iniciativa do magistrado, conforme os seguintes exemplos: (a) instauração de cumpri- mento de sentença relativo a obrigação de fazer, não fazer ou dar coisa distin- ta de dinheiro (arts. 536 e 538, CPC); (b) incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 976, CPC) e (c) conflito de competência (art. 951, CPC). Atenção: o CPC/2015, diferentemente do Codex anterior, não reproduziu a exceção outrora vigente consistente na possibilidade de instauração do processo de inventário e partilha ex officio pelo magistrado. Além disso, a consagração dos negócios jurídicos processuais tende a mitigar o princípio do impulso oficial, eis que, a teor do art. 190, caput, do CPC, é lícito às partes convencionar mudanças no procedimento para ajustá- -lo às especificidades da causa. 1.2.3 Princípio da razoável duração do processo e primazia do julgamento do mérito É taxativo o art. 4º do CPC ao prever que “as partes têm o direito de ob- ter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satis- fativa”. Buscando concretizar o referido direito fundamental processual, o art. 3º da mesma Codificação estimula a solução consensual do conflito, sempre que possível. Até porque a prestação da tutela jurisdicional deve assegurar às partes a solução integral do mérito, incluindo a atividade satisfativa, circuns- tâncias que inevitavelmente demandam tempo. 44 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO O que não se tolera, e é incompatível com o princípio da razoável du- ração do processo, é a desproporcionalidade entre a duração do processo e a complexidade do debate. Logo, “o direito ao processo justo implica direito ao processo sem dilações indevidas, que se desenvolva temporalmente dentro de um tempo justo” (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2015, p. 97). Para tanto, o julgador deve valorizar a apreciação do mérito em detrimento de questões de admissibilidade, tal como preconiza o art. 139, IX, do CPC, incumbindo ao juiz o dever de determinar o suprimento dos pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais. 1.2.4 Princípio da lealdade e boa-fé processual Trata-se de princípio insculpido no art. 5º do CPC, dispositivo que pres- creve que “aquele que de qualquer forma participa do processo deve compor- tar-se de acordo com a boa-fé”. Importante observar que a norma se aplica a todos que participam do processo, incluindo o magistrado. A título de exem- plo, é pacífico na jurisprudência o entendimento de que o juiz não pode dis- pensar a fase instrutória sob o argumento da desnecessidade de produção de outras provas e julgar improcedente a demanda por insuficiência probatória, o que denota comportamento contraditório e ofensivo à boa-fé processual. 1.2.5 Princípio da cooperação A cooperação é prevista no art. 6º do CPC: “todos os sujeitos do pro- cesso devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, de- cisão de mérito justa e efetiva”. O referido postulado exige que todos os sujei- tos processuais (partes, juiz, Ministério Público etc.) colaborem mutuamente para a construção do provimento jurisdicional, fato que elimina qualquer pro- tagonismo na condução do processo, eis que a decisão será fruto do diálogo com todos os envolvidos na lide. Enfim, o princípio da cooperação remodela a participação das partes e do órgão jurisdicional, estabelecendo-se novos de- veres na condução e ordenação do processo: (i) dever de esclarecimento: Em relação às partes Obrigação de deduzir pretensões de forma clara, objetiva e coerente; Em relação ao juiz Obrigação de esclarecer todas as dúvidas das partes relativas a suas alegações e pedidos. Nesse sentido, incumbe ao magistrado, no despacho que determina a emenda à petição inicial, indicar precisamente o que deve ser corrigido ou complementado pela parte. COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 45 (ii) dever de lealdade: as partes devem comportar-se observando parâ- metros éticos mínimos; (iii) dever de proteção: proíbe-se a prática de comportamentos ten- dentes a prejudicar a parte contrária; (iv) dever de consulta: trata-se de obrigação que impõe ao magistra- do a obrigatoriedade de ouvir previamente as partes sobre quaisquer ques- tões capazes de influenciar o julgamento da causa, ainda que cognoscíveis de ofício; (v) dever de prevenção: o juiz deve indicar as deficiências das postula- ções das partes a fim de sejam supridas e, assim, seja o processo aproveitado, em homenagem ao princípio da economia processual, da razoável duração do processo e da primazia do julgamento do mérito. 1.2.6 Princípio do contraditório O princípio do contraditório é direito fundamental previsto no inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, o qual assegura que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Para além da ciência e possibilidade de reação, o contraditório, no contexto dos direitos fundamentais, significa que a parte tem direito de influir na con- vicção do magistrado ao longo de todo processo. Fala-se, destarte, em uma dupla faceta do princípio: Formal Material
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