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1583330528E-book_RESUMOS_04-03

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RESUMOS
J U R Í D I C O S
Coleção
CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
www.editorajhmizuno.com.brSiga nossasredes sociais: /editorajhmizuno
Resumos Jurídicos 
em Pílulas
Este e-book foi elaborado para apresentar a nova 
“Coleção Resumos Jurídicos da Editora JH Mizuno” em forma 
de pílulas. Nele, poderá conhecer um pouco de cada volume. 
Inserimos trechos dos volumes da coleção para degustar a 
didática inovadora aplicada com excelência pelos autores.
Apresentação
Com uma linguagem simples e direta, a Coleção Resumos da JH 
Mizuno tem por objetivo proporcionar um estudo preciso sobre cada uma 
das disciplinas do direito de modo a permitir que o leitor realize um exa-
me rápido, porém, com compromisso científico e educacional. Cada um 
dos volumes da coleção aborda as matérias de forma condensada, em um 
volume único, o que facilita uma visão geral e concisa sobre o conteúdo 
programático desses temas. Assim, seja para uma compreensão inicial da 
matéria, seja para uma revisão ou consulta rápida ou mesmo para a pre-
paração para concursos públicos, a presente coleção visa proporcionar 
um estudo sintonizado com o mundo jurídico contemporâneo, marcado 
pela necessidade de especialidade e qualidade dos profissionais do direi-
to. A diversidade e experiência acadêmica dos autores escolhidos para a 
coleção assegura uma visão geral do ordenamento jurídico e proporciona 
um rigoroso conteúdo técnico-jurídico de cada obra. Além da exposição e 
citações das principais doutrinas e julgados do Brasil, a abordagem possui 
senso crítico e prático, necessários para o profissional atual. A coleção Re-
sumos Jurídicos da JH Mizuno foi pensada para preencher uma lacuna no 
mercado jurídico brasileiro: oferecer uma fonte de estudos que une qua-
lidade e simplicidade, atributos para todos aqueles que almejam sucesso 
nas carreiras jurídicas.
4 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
Reforma da Previdência Comentada 5
Resumo De Direito Penal
1 Considerações iniciais: ..........................................................................................12
2 Princípios em espécie: ...........................................................................................12
2.1 Princípio da legalidade: ................................................................................12
2.2 Princípio da anterioridade: ............................................................................13
2.3 Princípio da individualização da pena: ..........................................................14
2.4 Princípio da alteridade ou da transcendentalidade: .....................................14
2.5 Princípio da confiança: ..................................................................................15
2.6 Princípio da adequação social: .....................................................................15
2.7 Princípio da intervenção mínima: .................................................................16
2.8 Princípio da proporcionalidade: ...................................................................17
2.9 Princípio da ofensividade ou da lesividade: ..................................................18
2.10 Princípio da exclusiva proteção do bem jurídico: ......................................18
2.11 Princípio da responsabilidade penal do fato: ...............................................18
2.12 Princípio da personalidade: .........................................................................19
2.13 Princípio da responsabilidade penal subjetiva ou da culpabilidade: .............19
2.14 Princípio do ne bis in idem: ..........................................................................19
2.15 Princípio da insignificância ou da bagatela: .................................................20
Resumo De Direito Civil
1 Considerações Gerais - Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro ........24
1.1 Da classificação das normas ..........................................................................24
1.2 Fontes Do Direito ........................................................................................25
1.3 A lei e sua vigência no tempo ......................................................................26
1.4 A lei e a segurança e estabilidade social ........................................................26
1.5 A lei no tempo ..............................................................................................26
1.6 Interpretação das leis e as antinomias...........................................................27
Sumário
6 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
1.7 A lacuna e sistema de complementação (analogia aos costumes, aos 
princípios gerais de direito) ............................................................................28
Resumo De Processo Penal
1 Introdução ao direito processual penal .................................................................32
1.1 Conceito. ......................................................................................................32
1.2 Princípios ......................................................................................................33
1.2.1 Princípio do devido processo legal .......................................................33
1.2.2 Princípio do Contraditório ...................................................................34
1.2.3 1.2.3 – Princípio da ampla defesa .........................................................34
1.2.4 Princípio da verdade real ......................................................................35
1.2.5 Princípio da presunção de inocência ou da não-culpabilidade .............36
1.2.6 Princípio da motivação .........................................................................37
1.2.7 Princípio da vedação das provas ilícitas ................................................38
1.2.8 Princípio da imparcialidade...................................................................39
Resumo De Processo Civil
1 Teoria Geral do Processo ......................................................................................42
1.1 Normas Processuais Civis .............................................................................42
1.2 Direitos Processuais Fundamentais...............................................................42
1.2.1 Noções gerais.......................................................................................42
1.2.2 Princípios da inércia e do impulso oficial ..............................................43
1.2.3 Princípio da razoável duração do processo e primazia do julga-
mento do mérito ......................................................................................43
1.2.4 Princípio da lealdade e boa-fé processual ............................................44
1.2.5 Princípio da cooperação .......................................................................44
1.2.6 Princípio do contraditório ....................................................................45
1.2.7 Princípio da publicidade e da motivação das decisões judiciais ............46
1.3 Disposições Finais e Transitórias do CPC/2015 ............................................46
1.3.1 Generalidades ......................................................................................46
1.3.2 Vigência do CPC e direito intertemporal .............................................47
Direito Administrativo
Estado, Governo E Administração Pública: Conceitos, Elementos, Poderes E 
Organização; Natureza, Fins E Princípios. ...........................................................50
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 7
I - Noções preliminares de Direito Administrativo ...................................................50
1 Direito Administrativo ............................................................................................50
1.1 Conceito de Direito Administrativo ..............................................................501.2 Relações com outros ramos do Direito .........................................................50
1.3 Fontes do Direito Administrativo ..................................................................50
1.4 Formação do Direito Administrativo .............................................................50
1.5 Sistemas Administrativos ...............................................................................51
2 Estado .....................................................................................................................51
2.1 Conceito de Estado .......................................................................................51
2.2 Formas de Estado ..........................................................................................51
2.3 Poderes e Funções do Estado ........................................................................51
3 Governo .................................................................................................................52
4 Administração Pública ............................................................................................52
II – Princípios Fundamentais Da Administração Pública ............................................53
1.1 Conceito de Princípios ...................................................................................53
1.1 Princípios .......................................................................................................53
Direito Tributário.............................................................................................59
Direito Constitucional
1 O Direito Constitucional .......................................................................................64
1.1 Constitucionalismo e Neoconstitucionalismo. ..............................................64
1.2 Constituição: Conceito, Sentidos, Classificações, Histórico e Elementos. ........65
1.2.1 Acepções de Constituição ....................................................................66
1.2.2 Classificação das Constituições ............................................................68
Quadro-resumo do histórico das Constituições brasileiras ...........................73
1.2.4 Elementos da Constituição ..................................................................74
Direito Do Consumidor
1 Política nacional de relações de consumo ............................................................78
1.1 Objetivos da política nacional de relações de consumo ...............................78
1.1.1 Atendimento das necessidades dos consumidores ..............................78
1.1.2 Respeito à dignidade, saúde e segurança dos consumidores ...............79
1.1.3 Proteção dos interesses econômicos dos consumidores .................79
1.1.4 Transparência e harmonia das relações de consumo ....................... 80
8 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
1.2 Princípios norteadores do Código de Defesa do Consumidor .....................80
1.2.1 Princípio da transparência ....................................................................80
1.2.2 Princípio da vulnerabilidade .................................................................81
1.2.3 Princípio da intervenção estatal (protecionismo, imperativo de 
ordem pública e interesse social) .............................................................84
1.2.4 Princípio da harmonia...........................................................................84
1.2.5 Princípio da boa-fé objetiva ..................................................................85
1.2.6 Princípio do equilíbrio das relações de consumo .................................86
1.2.7 Princípio da educação e da informação ................................................87
1.2.8 Princípio da qualidade, da segurança e da solução de confltos por 
meios alternativos .....................................................................................87
1.2.9 Princípio da proibição e repressão de abusos ......................................88
1.2.10 Princípio da racionalização e melhoria dos serviços públicos ............88
1.2.11 Princípio do estudo constante das modificações do mercado de 
consumo ...................................................................................................89
1.3 Instrumentos para a execução da Política Nacional das Relações de 
Consumo ........................................................................................................89
1.3.1 Manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o con-
sumidor carente .......................................................................................90
1.3.2 Instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, 
no âmbito do Ministério Público ..............................................................90
1.3.3 Criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento 
de consumidores vítimas de infrações penais de consumo ......................90
1.3.4 Criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Espe-
cializadas para a solução de litígios de consumo .......................................91
1.3.5 Concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Asso-
ciações de Defesa do Consumidor ...........................................................91
1.3.6 Rol meramente exemplificativo ............................................................92
Direito Ambiental
1 Introdução ao Direito Ambiental...........................................................................94
1.1 Direito Ambiental no Brasil ..........................................................................94
1.2 Antropocentrismo e Biocentrismo ..............................................................95
1.3 Conceito de Meio Ambiente ........................................................................96
1.4 Os 4 Tipos de Meio Ambiente ......................................................................96
1.5 Natureza Jurídica do Bem Ambiental ...........................................................98
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 9
Direito Médico
1 Princípios da bioética ...........................................................................................106
1.0.1 Princípio hipocrático da beneficência .................................................107
1.0.2 Princípio hipocrático da não maleficência ..........................................107
1.0.3 Princípio da autonomia da vontade do paciente ................................108
1.0.4 Princípio do ideário da justiça ............................................................108
Direito Penal E Processual Penal Militar
Introdução ...........................................................................................................112
1 Direito Militar: teleologia, instrumentalidade e normatividade. ..........................112
2 A lei penal e processual penal militar: histórico e atualidades .............................114
3 O Direito penal e processual penal militar: características, natureza e as-
pectos do Direito comparado. ......................................................................116
Direito Eleitoral
1 Introdução ao Direito Eleitoral ............................................................................122
Filosofia Do Direito
 Existe Relação entre Direito e Moral? ....................................................................128
Como se Estabelece a Relação entre Direito e Moral? ......................................135
10 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
Reforma da Previdência Comentada 11
Pós-graduado em Direito e Processo Penal pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. 
Promotor de Justiça do Estado de Mato Grosso. Professor de Direito Penal.
Luiz Fernando Rossi Pipino
Renee do Ó Souza
Mestre pelo Centro Universitário de Brasília-Uniceub. Pós-graduado em Direito Cons-
titucional, em Direito Processual Civil, em Direito Civil,Difusos e Coletivos pela Escola Supe-
rior do MP de Mato Grosso. Membro do Ministério Público de Mato Grosso. Professor e autor 
de obras jurídicas.
PENAL
 Resumo de
Direito
rESUMO DE dIREITO pENAL
12 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
1 Considerações iniciais:
Os preceitos penais são compostos por regras e princípios, espécies 
normativas dotadas de imperatividade, mas aplicadas de formas distintas. De 
acordo com Robert Alexy, as regras são normas de conduta que definem o 
limite entre o lícito e o ilícito, aplicadas ao tudo ou nada. Já os princípios são 
mandados de otimização, aplicados no sentido de uma máxima efetividade 
possível. 
De acordo com a clássica definição de Celso Antônio Bandeira de Mello: 
“O princípio é um mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce 
dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas com-
pondo-lhes o espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e 
inteligência, exatamente para definir a lógica e racionalidade do sistema nor-
mativo, no que confere a tônica que lhe dá sentido harmônico”. 
2 Princípios em espécie:
Os principais princípios do Direito Penal são:
2.1 Princípio da legalidade: 
Preceito principiológico inscrito expressamente na Constituição da Re-
pública (CF, art. 5º, inciso XXXIX) e no Código Penal (art. 1º), também de-
nominado de princípio da reserva legal ou da estrita legalidade, é no sentido 
de que não há crime sem lei que o defina, nem pena sem cominação legal. 
Somente a lei (ordinária) pode criar infrações penais e cominar as respectivas 
sanções penais. Consagrado pela primeira vez na Carta Magna Inglesa, edi-
tada em 1215 pelo Rei João Sem Terra (art. 39), este postulado representa 
uma efetiva limitação do poder punitivo estatal, já que protege o indivíduo 
contra o poder arbitrário de punir do Estado. Trata-se de uma das cláusulas 
pétreas da Constituição Federal, cuja finalidade é dispensar segurança jurídica 
aos cidadãos, porquanto a lei anuncia a todos o que está proibido e o que está 
permitido.
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 13
Atenção → A Constituição da República de 1988 (“Constituição Cida-
dã”), seguindo o exemplo de algumas constituições europeias, protegeu 
determinados bens jurídicos, pelo que impôs ao legislador ordinário, as-
sim, a obrigatoriedade de criminalizar as condutas humanas que ofendes-
sem esses interesses. Por força dos mandados de criminalização, o 
legislador penal tornou-se obrigado a criar leis com vistas a proteger os 
bens jurídicos tutelados constitucionalmente. E os mandados de crimi-
nalização podem ser: a) expressos (ou explícitos), a exemplo do art. 5º, 
incisos XLII e XLIII (ordem direta para a criminalização do racismo, tor-
tura, tráfico ilícito de drogas e terrorismo); ou b) tácitos (ou implícitos), a 
exemplo da necessidade de combater a corrupção.
Atenção → É vedada a edição de medida provisória sobre matéria de Di-
reito Penal, por força do que estabelece o art. 62, § 1º, inciso I, alínea “b”, 
da Constituição da República. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, já 
decidiu na direção de que a medida provisória pode versar sobre Direi-
to Penal não incriminador, desde que em benefício do agente (STF – RE 
254.818/PR – Tribunal Pleno – Relator Ministro Sepúlveda Pertence – Pu-
blicação em 19.12.2002).
2.2 Princípio da anterioridade:
Princípio também previsto explicitamente na Constituição Federal (CF, 
art. 5º, inciso XXXIX) e no Código Penal (CP, art. 1º), é no sentido de que 
a infração penal e a respectiva sanção devem estar definidas em lei antes da 
prática do fato cuja punição se pretende.
A lei penal produz os seus efeitos a partir de sua entrada em vigor e não 
pode retroagir, a não ser em benefício do réu. Trata-se, pois, do princípio da 
retroatividade da lei penal mais benéfica, cujo preceito está expressa-
mente inscrito no art. 5º, inciso XL, da Constituição da República. A lei penal 
mais benéfica ao agente, frise-se, é regida pelo princípio da extra-ativida-
de, já que possui os efeitos retroativo e ultra-ativo. Com efeito, na hipótese 
de novatio legis in mellius, é certo que essa norma retroagirá para alcançar 
fatos pretéritos à sua vigência (retroatividade) e continuará a produzir os seus 
efeitos para alcançar os fatos praticados durante a sua vigência, mesmo depois 
de revogada por lei penal mais gravosa (ultra-atividade).
14 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
Atenção → É vedada a aplicação da lei penal aos fatos praticados durante 
o período de sua vacância (período de vacatio legis). De acordo com o art. 
1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), “salvo 
disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco 
dias depois de oficialmente publicada”.
2.3 Princípio da individualização da pena: 
Previsto constitucionalmente (CF, art. 5º, inciso XLVI), orienta no sen-
tido de que deve ser dispensado ao agente exatamente a resposta que lhe 
caiba e na proporção do comportamento desenvolvido. Por isso é também 
chamado de princípio da personalização gradativa da pena. Deve ser 
observado em três distintas fases, a saber:
i) fase legislativa → o legislador estabelece o balizamento punitivo em 
abstrato, além de fixar as causas de aumento e diminuição, as circunstâncias 
agravantes e atenuantes e ainda os regimes de cumprimento de pena;
ii) fase judicial → o julgador deve aplicar a sanção de acordo com o 
sistema trifásico (CP, art. 68); e
iii) fase administrativa → é a fase executiva da pena, devendo o Estado 
zelar pelos direitos do condenado.
2.4 Princípio da alteridade ou da transcendentalidade: 
Idealizado pelo jurista alemão Claus Roxin, é no sentido de que o Di-
reito Penal só pode incriminar um comportamento humano que ofenda bem 
jurídico alheio, ou seja, ninguém pode ser punido por causar mal apenas a si 
mesmo.
Atenção → Por força desse princípio é que o suicídio ou a automutilação 
(ação de acabar com a própria vida ou de cortar-se) não é considerado 
um comportamento criminoso. Registramos, no entanto, que a conduta de 
induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação, ou 
prestar-lhe auxílio material para que o faça, é típica, cujo crime está de-
finido no art. 122 do Código Penal (com a redação que lhe foi dada pela 
Lei Federal nº 13.968/2019).
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 15
Atenção → Como dito alhures, o Direito Penal não pune a autolesão. 
Cuidado, todavia, com os crimes definidos no: a) art. 171, § 2º, inci-
so V, do Código Penal (prática de autolesão para fraudar recebimento 
de indenização ou valor de seguro), pois o bem jurídico tutelado pela 
norma não é a integridade física ou corporal, mas sim o patrimônio do 
segurador; e b) art. 184 do Código Penal Militar (prática de autolesão 
para inabilitação ao serviço militar), cujo bem jurídico protegido pela 
norma é a regularidade do serviço militar.
Atenção → E o crime de porte de drogas para consumo pessoal (art. 28, 
caput, da Lei Federal nº 11.343/2006)? O uso de drogas, por si só, não consti-
tui crime, já que o comportamento desenvolvido não coloca em risco o bem 
jurídico tutelado (saúde pública), já que o agente, ao consumir o entorpecen-
te, faz mal apenas a si mesmo. Em nome do princípio da alteridade, o legis-
lador não tipificou as condutas de usar ou consumir drogas, senão as ações 
de adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou trazer consigo substância 
entorpecente para consumo pessoal em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar. A criminalização das condutas descritas no art. 28 da Lei de 
Drogas não viola, portanto, o princípio da alteridade, pois os comportamen-
tos ali veiculados facilitam a circulação da droga e, assim, colocam em xeque 
e em perigo a saúde pública.
2.5 Princípio da confiança:
De um modo geral, as relações sociais são desenvolvidas em meio a ati-
vidades regradas por meio de códigos de boa conduta revestidosde fidelidade 
e crença de que todos irão agir de acordo com essas regras. Em razão disso, 
todos devem esperar, por parte das demais pessoas, ações responsáveis e de 
acordo com as regras positivadas. Aquele que observa as regras da vida em 
sociedade cria a legítima expectativa (direito de confiar) de que as demais 
pessoas também respeitarão tais regras. O princípio da confiança, portanto, 
serve de balizamento ao dever de cuidado e está ligado, principalmente, à 
teoria da imputação objetiva.
2.6 Princípio da adequação social: 
Idealizado pelo alemão Hanz Welzel, nada mais é do que uma ferramenta 
utilizada para afastar a tipicidade material de determinada conduta sob o funda-
mento de sua aceitação pela sociedade em geral. O comportamento humano, 
ainda que tipificado em lei, não deve ser considerado criminoso se não afrontar 
o sentimento social de justiça. Uma conduta socialmente aceita, tolerada e ad-
mitida pela coletividade não pode ser interpretada como um ilícito penal, ainda 
16 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
que assim seja formalmente por lei definida. Exemplo comumente apontado 
em doutrina é o “trote acadêmico” (uma espécie de “ritual de passagem” do 
período estudantil ao universitário do aluno “calouro”, em que são praticados 
pequenos atos de zombaria e violência física por parte dos alunos “veteranos”). 
Este postulado é muito questionado por duas principais razões, a saber:
 
i) violação ao princípio da continuidade das leis (LINDB, art. 2º, § 1º), 
pois este princípio possibilita, pelo menos em tese, que um costume revogue 
uma lei penal incriminadora; e 
ii) violação ao princípio da separação dos poderes (CF, art. 2º), pois o 
Poder Judiciário, com fundamento neste princípio, acaba por deixar de consi-
derar criminosa uma conduta humana que fora definida como tal pelo Poder 
Legislativo.
Atenção → De acordo com o posicionamento firmado pelos Tribunais 
Superiores (STF e STJ), não se aplica o princípio da adequação social 
aos crimes de: a) manutenção de casa de prostituição (CP, art. 229), 
pois protege bens jurídicos de elevada importância social, tais como a mo-
ralidade sexual e os bons costumes (STF – HC 104467/RS – 1ª Turma – 
Relatora Ministra Cármen Lúcia – Julgamento em 08.02.2011 – Publicação 
em 09.03.2011; e STJ – AgRg no REsp 1508423/MG – 6ª Turma – Relator 
Ministro Ericson Maranho – Desembargador convocado do TJ/SP – Jul-
gamento em 01.09.2015 – Publicação em 17.09.2015); e b) violação do 
direito autoral (CP, art. 184, § 2º), pois a prática rotineira da pirataria é 
sim uma conduta relevante do ponto de vista jurídico-social. Eis a Súmula 
502 do Superior Tribunal de Justiça: “Presentes a materialidade e a au-
toria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º, do CP, a 
conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas”.
2.7 Princípio da intervenção mínima: 
O Direito Penal deve ser a ultima ratio, ou seja, o último mecanismo e/
ou instrumento para a proteção de determinado bem jurídico. Assim, acaso o 
restabelecimento da ordem jurídica possa ser feito por medidas civis ou admi-
nistrativas, essas é que devem ser empregadas, e não as penais. Esse princípio 
tem como destinatário principal o próprio Poder Legislativo, sugerindo ao 
legislador, pois, cautela e moderação no instante de escolher as condutas que 
serão incriminadas. 
Há posicionamento doutrinário no sentido de que alguns comporta-
mentos incriminados no Estatuto do Torcedor (Lei Federal nº 10.671/2003) 
atentam contra o princípio da intervenção mínima, como, por exemplo, aque-
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 17
le de “promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio de 5.000 (cinco 
mil) metros ao redor do local da realização do evento esportivo, ou durante o 
trajeto de ida e volta do local da realização do evento” (art. 41-B, § 1º, inciso I). 
De fato, este tipo de lei penal incriminadora acaba por gerar um crescimento 
patológico da legislação penal (“inflação legislativa” e proliferação de leis pe-
nais). Muito por conta e para satisfazer os apelos popular e midiático, o legis-
lador acaba por usar e abusar do direito penal como instrumento de controle 
social, cujo fenômeno é conhecido por “nomorreia penal” (“hipertrofia 
penal” ou “panpenalismo”), provocando o descrédito do sistema criminal 
como um todo, já que essas infrações penais sequer acabam sendo apuradas 
e/ou perseguidas pelo Estado. 
Deste postulado decorrem outros dois princípios, a saber:
i) princípio da fragmentariedade → o Direito Penal é fragmentário, 
ou seja, composto por fragmentos de ilicitude. Apenas as condutas seleciona-
das pelo legislador são tipificadas.
ii) princípio da subsidiariedade → o Direito Penal é subsidiário, ou seja, 
somente deve atuar quando os outros ramos do Direito revelarem-se impotentes 
e/ou insuficientes para o controle social. O Direito Penal é, pois, um “soldado de 
reserva”.
Atenção → O que se entende por “fragmentariedade às avessas”? 
Ocorre quando o comportamento até então típico deixa de interessar ao 
Direito Penal (abolitio criminis), porém continua tutelado por um outro 
ramo do direito. Como exemplo, podemos citar o já revogado art. 240 do 
Código Penal (o adultério, muito embora tenha deixado de ser um ilícito 
penal desde o advento da Lei Federal nº 11.106/2005, continua sendo um 
ilícito de natureza civil).
2.8 Princípio da proporcionalidade: 
O Direito Penal deve respeitar as premissas da adequação, da necessi-
dade e da proporcionalidade em sentido estrito. A pena a ser imposta em des-
favor do sujeito deve guardar equivalência à ofensa praticada, ou seja, deve 
haver uma relação de equilíbrio entre o meio e o fim.
Esse princípio, frise-se, deve ser encarado sob duas perspectivas, a sa-
ber: 
i) proibição do excesso (garantismo negativo) → não se deve co-
minar (prever abstratamente) ou fixar (no caso concreto) penas em doses 
exageradas. 
18 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
ii) proibição da proteção deficiente (garantismo positivo) → os 
bens jurídicos fundamentais à própria preservação da sociedade não podem, 
de maneira alguma, estar desprotegidos e/ou expostos.
2.9 Princípio da ofensividade ou da lesividade: 
Somente há falar-se em infração penal se o comportamento humano 
desenvolvido causar lesão efetiva ou ao menos oferecer perigo de lesão ao 
bem jurídico tutelado, sob pena de ser considerado atípico. Ausente o perigo 
de lesão ao bem jurídico, o fato deve ser interpretado como um irrelevante 
penal.
Atenção → Por força desse princípio é que parcela da doutrina entende 
serem inconstitucionais os crimes de perigo abstrato ou presumido. Con-
tudo, a doutrina e a jurisprudência, em sua maioria, posicionam-se no senti-
do da constitucionalidade dos crimes de perigo abstrato, sob o fundamento 
de que determinadas ações incriminadas são perigosas à luz da experiência 
cotidiana, pelo que justificada está a construção legal.
2.10 Princípio da exclusiva proteção do bem jurídico: 
O Direito Penal não se destina a proteger valores morais, religiosos, 
ideológicos ou éticos, mas tão somente aqueles bens jurídicos fundamentais 
para a preservação do ser humano e do corpo social.
2.11 Princípio da responsabilidade penal do fato:
Não se admite um “Direito Penal do autor”, mas sim um “Direito Penal 
do fato”. O Direito Penal só pode incriminar condutas humanas objetivamen-
te consideradas (fatos). Não se admite a punição de alguém pelo que é ou por 
conta de seu estilo de vida, crença, etc.
Atenção → O Superior Tribunal de Justiça já decidiu reiteradamente na 
direção de que a agravante genérica da reincidência não é resquício de 
um “direito penal do autor”, pois é circunstância que justifica uma maior 
reprovação da conduta pelo cometimento de um novo crime.
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 19
2.12 Princípio da personalidade:
Anunciado expressamente no texto constitucional (CF, art. 5º, inciso 
XLV), é também chamadode princípio da responsabilidade pessoal (ou da 
intranscendência). Apregoa no sentido de que ninguém pode ser responsabi-
lizado por fato cometido por outra pessoa, ou seja, a pena não pode passar da 
pessoa do condenado. A responsabilidade penal é personalíssima e, portanto, 
intransmissível. 
2.13 Princípio da responsabilidade penal subjetiva ou da 
culpabilidade:
O agente somente pode ser responsabilizado se atuou com dolo ou 
culpa. Fala-se em “Direito Penal da culpa”. Para a responsabilização do agen-
te, é indispensável, pois, a presença do elemento subjetivo. É bem verdade 
que, modernamente, a culpabilidade não é mais compreendida como um vín-
culo subjetivo entre a conduta do agente e o resultado, mas sim como um 
juízo de censurabilidade e de reprovação do comportamento, motivo pelo 
qual possui relevância: a) para aferir a existência do crime (não basta que a 
conduta seja típica e antijurídica, mas deve também ser culpável e atribuível 
ao agente); e b) como critério para determinar a aplicação da pena (função de 
medição da pena). 
Por força deste princípio é que não se admite a responsabilidade penal 
objetiva, muito embora o ordenamento jurídico pátrio ainda apresente alguns 
resquícios dessa espécie de responsabilidade, a saber: 
i) crime de rixa qualificada (CP, art. 137, parágrafo único) → mesmo 
que não tenha concorrido para o resultado morte, o agente que participou da 
rixa terá a pena qualificada.
ii) teoria da actio libera in causa → cometimento de infração penal em 
estado de embriaguez voluntária ou culposa. 
2.14 Princípio do ne bis in idem:
O ordenamento jurídico pátrio proíbe a dupla punição pelo mesmo 
fato, por força do princípio do ne bis in idem. Ninguém pode ser processado 
duas vezes pela prática do mesmo crime. Impede-se, pois, a dupla valoração 
do mesmo fato. Está previsto no art. 8, nº 4, da Convenção Americana de 
20 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
Direitos Humanos de 1969 (Pacto de San José da Costa Rica, inserido no or-
denamento jurídico brasileiro por meio do Decreto nº 678/1992).
Atenção → Com fundamento neste postulado, o Superior Tribunal de 
Justiça editou a Súmula 241: “A reincidência penal não pode ser conside-
rada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância 
judicial”.
Atenção → De acordo com a tranquila jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, a circunstância agravante da reincidência não ofende o princípio do ne 
bis in idem.
2.15 Princípio da insignificância ou da bagatela: 
O Direito Penal não pode (e nem deve) ocupar-se com as condutas que 
não causam efetiva lesão nem geram perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
Esse postulado funciona como verdadeira causa de exclusão da tipicidade 
material. Trata-se, pois, de interpretação restritiva do tipo penal. 
De acordo com o Supremo Tribunal Federal, são quatro os requisitos 
objetivos que autorizam a aplicação do princípio da insignificância, a saber: a) 
mínima ofensividade da conduta do agente; b) nenhuma periculosidade social 
da ação; c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e d) 
inexpressividade da lesão jurídica provocada. Além destes requisitos de ordem 
objetiva, também devem ser considerados os requisitos subjetivos, tais como 
a condição econômica da vítima, o valor sentimental do bem e as circunstâncias 
da infração penal.
Atenção → Aplica-se o princípio da insignificância nos crimes prati-
cados contra a Administração Pública? A respeito da temática, o Su-
perior Tribunal de Justiça editou a Súmula 599: “O princípio da insigni-
ficância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública”. Isso porque 
a norma penal busca proteger não só o patrimônio, mas também a moral 
administrativa. Há julgados do Supremo Tribunal Federal, no entanto, em 
sentido contrário, cujo posicionamento encontra apoio de parcela da dou-
trina.
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 21
Atenção → Não se aplica o princípio da insignificância nos crimes pratica-
dos com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa, ainda que o bem 
não possua valor econômico significativo.
Atenção → Aplica-se o princípio da insignificância nos crimes inscri-
tos na Lei de Drogas? Entende-se majoritariamente que não, já que os 
delitos de tráfico ilícito de drogas e de porte para consumo pessoal são de 
perigo abstrato e protegem a saúde pública, sendo desimportante a quan-
tidade de entorpecente apreendida.
Atenção → Pode o Delegado de Polícia Judiciária Civil valorar o caso 
concreto e aplicar o princípio da insignificância, deixando, assim, 
de lavrar o flagrante? Há dois posicionamentos, a saber: a) a autoridade 
policial pode sim valorar o postulado no caso concreto, já que o princípio 
está umbilicalmente vinculado à própria tipicidade do comportamento hu-
mano. Se não há tipicidade material, não há falar-se em crime, pelo que 
não é cabível a prisão em flagrante; e b) a autoridade policial não pode 
aplicar o princípio no caso concreto, pois a Constituição Federal confiou 
ao Ministério Público, com exclusividade, a promoção da ação penal (CF, 
art. 129, inciso I).
Reforma da Previdência Comentada 23
Cesar Peghini
Doutor em Direito Civil pela PUC/SP. Mestre em Função Social do Direito pela Faculdade 
Autônoma de Direito FADISP (2009). Especialista em Direito do Consumidor na experiência 
do Tribunal de Justiça da União Européia e na Jurisprudência Espanhola, pela Universidade de 
Castilla-La Mancha, Toledo/ES. Especialista em Direito Civil pela Instituição Toledo de Ensino 
ITE. Especialista em Direito Civil e Processo Civil pela Escola Paulista de Direito - EPD. Gra-
duado em Direito pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU. 
Professor da Escola Paulista de Direito - EPD; Professor da pós-graduação do Centro Universi-
tário Mackenzie; Professor visitante em vários cursos de pós-graduação lato sensu. Diretor de 
Eventos do Instituto Brasileiro de Direito Contratual (IBDCONT). Diretor de Eventos do Insti-
tuto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM/SP), associado ao Instituto Brasileiro de Política e 
Direito do Consumidor (BRASILCON) e Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário (IBRADIM).
CIVIL
 Resumo de
Direito
rESUMO DE dIREITO CIVIL
24 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
1 Considerações Gerais - Lei de Introdução às Normas de 
Direito Brasileiro
Conforme pode ser percebido, a Lei de Introdução às Normas do Di-
reito Brasileiro regulamenta basicamente os seguintes institutos:
A eficácia da lei no tempo art. 1º da LINDB; antinomia, considerando 
o fenômeno da vigência da lei (art. 2º da LINDB); obrigatoriedade sob a luz 
do direito (art. 3º da LINDB); anomia (ausência de norma), lacuna e meios 
de preenchimento das lacunas (art. 4º da LINDB); hermenêutica jurídica (art. 
5º da LINDB); direito intertemporal e segurança jurídica (art. 6° da LINDB); e 
normas de conexão de direito internacional privado (arts. 7º a 18 da LINDB).
1.1 Da classificação das normas
A lei pode ser classificada nos termos dos seguintes elementos:
a) Natureza:
i) Normas substantivas ou materiais: são aquelas que regulam o 
direito material, puro não regulamentando;
ii) Normas formais ou processuais: estas visam à proteção do di-
reito material, ou seja, concedem o procedimento pelo qual deve transitar o 
direito material.
b) Hierarquia:
i) Normas constitucionais: decorrem da Constituição Federal, bem 
como seus demais elementos, tais como as Emendas;
ii) Normas complementares: são normas regulamentadoras de um 
determinado assunto (art. 69 da CF);
iii) normas ordinárias: refere-se às leis comuns (art. 61 da CF);
iv) Normas Delegadas: são leis de delegação do presidente da repú-
blica (art. 68 da CF);
v) Medidas Provisórias: originam por ato do presidente (art. 62 da 
CF);
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 25
vi) Decretos legislativos: são normas promulgadas pelo legislativo so-
bre assuntos de sua competência (art. 59, VIda CF);
vii) Resoluções: são normas expedidas pelo poder legislativo para re-
gulamentar matéria de sua competência (art. 59, VII da CF);
viii) Regimentos internos: são normas de caráter regimental e esta-
tutário aplicado aos entes públicos e particulares.
c) Imperatividade:
i) Normas cogentes ou de ordem pública: são aquelas que interes-
sam a toda coletividade, sendo assim, não podem ser alteradas pela vontade 
das partes, seja por contrato ou outra forma, vez que possui imperatividade 
absoluta. Como exemplo, podemos citar os arts. 11 a 21 do CC;
ii) Normas dispositivas ou de ordem privada: são aquelas que so-
mente interessam aos entes privados, portanto, podem ser transacionados 
pelas partes. Como exemplo: a liberdade de contratar.
d) Especialidade:
i) Normas gerais: são aquelas que contêm caráter regulamentador 
geral, com premissas e elementos aplicados a toda uma sedimentação. Como 
exemplo, podemos citar o Código Civil e o Código Penal, não obstante estes 
também possuam suas características especiais;
ii) Normas especiais: são aquelas que dispõem de tratamento espe-
cífico de determinado instituto jurídico. Como exemplo: Lei de Locações nº 
8.245/91.
1.2 Fontes Do Direito 
As fontes do direito são os fatores determinantes que diferenciam o 
aspecto moral para a ciência jurídica. Trata-se de normas de condutas que 
podem ser classificadas como fontes formais e fontes não formais.
As fontes formais estão previstas no art. 4° da LINDB, quais sejam: a 
lei, analogia, costumes e pelos princípios gerais de direito. Já as demais 
tidas como não formais compõem a doutrina e a jurisprudência dos tribu-
nais que não são regras jurídicas, mas acabam contribuindo de forma significa-
tiva para a sistematização das fontes do direito. 
26 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
1.3 A lei e sua vigência no tempo 
A lei passa por um processo antes de entrar em vigor. Após a elabora-
ção, promulgação e publicação, existe a incidência de um período denomina-
do de vacatio legis que, conforme art. 1° da LINDB, será de 45 dias após sua 
publicação, salvo disposição em contrário. 
A vacatio legis pode ser conceituada como um período que medeia 
entre a publicação da lei e sua entrada em vigor. Tem por finalidade fazer com 
que os seus destinatários a conheçam e, por consequência, se preparem 
para aplicá-la. Esta pode ser alterada pelo instituto da cláusula de vigência 
que indica a data a partir da qual a Lei entrará em vigor.
A forma de contagem do prazo da vacatio legis está prevista no art. 8º, 
§1º da Lei Complementar 95/98, alterada pela Lei Complementar 107/2001, 
na qual deve ser incluído o dia da publicação e o último dia do prazo, devendo 
a lei entrar em vigor no dia imediatamente subsequente, independentemente 
de ser dia útil ou não. 
1.4 A lei e a segurança e estabilidade social
Tal como aponta o art. 5º, XXXVI da CF e o art. 6º da LINDB, a norma 
jurídica é criada para valer ao futuro, ou seja, sua aplicação somente vale para 
os fatos posteriores à sua vigência. Entretanto, caso uma norma atinja fatos 
pretéritos, devem ser respeitados os critérios do CC e da CF, em especial não 
violar o ato jurídico perfeito, direitos adquiridos e a coisa julgada.
1.5 A lei no tempo
As regras de revogação da lei encontram-se no art. 2° da LINDB, que 
consagra o princípio da continuidade. Todavia, a doutrina aponta duas formas 
de retirada da lei no tempo: a revogação e a ineficácia.
Quanto à revogação, no que tange à sua extensão, pode ser:
i) Total ou ab-rogação (exemplo: art. 2.045, CC); ou então,
ii) Parcial ou derrogação (exemplo: primeira parte do Código Comer-
cial, determinada pelo art. 2.045 do CC). 
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 27
Em relação ao modo, pode ser a revogação:
i) Expressa (exemplo: o CC, novo e antigo); ou então,
ii) Tácita (exemplo: da Lei de Divórcio que foi parcialmente incorporada 
pelo CC).
Há ainda o efeito repristinatório previsto no art. 2° da LINDB, que 
trata da restauração da vigência de uma lei, anteriormente revogada, em virtu-
de da revogação de lei revogadora, previsto no art. 2º, §3º da LINDB. Cumpre 
registrar que o efeito repristinatório existe no direito brasileiro, porém, não 
é automático, devendo vir expresso no texto da lei, ou ainda, quando ocorrer 
a declaração de constitucionalidade conforme o art. 11, §2°, da L. 9.868/99. 
Já a ineficácia ocorre quando a lei perde sua validade, ou seja, deixou de 
ser aplicada ao caso concreto. São hipóteses de ineficácia:
i) Caducidade: ocorre pela superveniência de uma situação cronológi-
ca ou factual que torna a norma inválida sem que ela tenha sido revogada;
ii) Desuso: a norma torna-se inefetiva porque o titular de direitos não 
quer dela se valer;
iii) Costume: contra legem ou negativo, que é aquela que contraria a lei. 
O costume não revoga a lei, mas pode gerar sua ineficácia.
1.6 Interpretação das leis e as antinomias
Em decorrência do princípio da indeclinabilidade de jurisdição, o juiz 
é obrigado a decidir, ainda que não haja lei para solucionar o caso concreto. 
Nesta hipótese, ele deve se socorrer com as seguintes técnicas de interpre-
tação:
a) Interpretação gramatical: consiste na busca do real sentido do 
texto legal a partir das regras de linguística do vernáculo nacional;
b) Interpretação lógica: consiste na utilização de mecanismos de lógi-
ca, como silogismo, deduções, presunções e de relações de textos legais;
c) Interpretação ontológica: busca pela essência da lei, ou seja, a sua 
motivação ou sua razão de ser (ratio legis);
d) Interpretação histórica: consiste no estudo das circunstâncias his-
tóricas de fáticas que envolveram a elaboração das normas;
28 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
e) Interpretação sistemática: é interpretação que tem como base a 
comparação entre a lei atual, em vários de seus dispositivos e outros textos, 
ou textos anteriores;
f) Interpretação sociológica ou teleológica: busca interpretar de 
acordo com a adequação da lei ao contexto da sociedade e aos fatos sociais.
Já a antinomia é a presença de duas normas conflitantes, válidas e 
emanadas da autoridade competente, sem que se possa dizer qual delas me-
recerá aplicação em um caso concreto. Na análise das antinomias, três meta-
critérios devem ser considerados para solução dos conflitos:
a) Cronológico: segundo o qual a norma posterior prevalece sobre a 
anterior. É o mais fraco deles;
b) Especialidade: segundo o qual a norma especial prevalece sobre a 
geral. É um critério intermediário e que tem base constitucional no art. 5º, que 
trata do princípio da isonomia, ou da igualdade lato sensu;
c) Hierárquico: segundo o qual a norma superior prevalece sobre a in-
ferior. É o mais forte deles, tendo em vista, inclusive, a importância do texto 
constitucional.
1.7 A lacuna e sistema de complementação (analogia aos 
costumes, aos princípios gerais de direito)
Conforme imposição constitucional no art. 5°, II da CF (princípio da 
legalidade), há obrigatoriedade quanto à aplicação da lei. Porém, é nítida a 
disposição que há falhas no sistema legislativo, pois em caso contrário não 
necessitaríamos do art. 4° e 5° da LINDB.
Neste sentido, entende-se que o direito criou ferramentas próprias 
para sistematizar e blindar eventuais lacunas no próprio direito, sendo as se-
guintes modalidades de classificação:
a) Lacuna normativa: ausência de norma prevista para um deter-
minado caso concreto;
b) Lacuna ontológica: presença da norma para o caso concreto, mas 
que não tenha eficácia social;
c) Lacuna axiológica: presença de norma para o caso concreto, mas 
que a aplicação seja injusta ou insatisfatória;
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 29
d) Lacuna de conflitos ou antinomia: choque de duas ou mais nor-
mas válidas, pendente de solução no caso concreto.
Nas referidas situações deverão ser aplicados às demais fontes do 
direito, que são: 
a) Analogia: é a aplicação ao caso não previstode uma lei regula-
dora de caso semelhante. Tem por fundamento o argumento pari ratione, ou 
seja, da lógica dedutiva, segundo o qual para solução do caso omisso utiliza-se 
o mesmo raciocínio do caso semelhante.
Como exemplo, podemos citar o art. 1.331 do CC, que trata do direi-
to real de habitação, em que o mesmo pode ser estendido do cônjuge para 
o companheiro. São espécies de analogia: legal é aquela que aplica ao caso 
omisso lei que regula caso semelhante; e jurídica, aplica ao caso omisso de um 
compilado de leis.
b) Costumes: É a repetição da conduta de maneira uniforme e cons-
tante (requisito objetivo) com a convicção da sua obrigatoriedade (requisito 
subjetivo) repetição e aceitação. 
Como exemplo, nos termos do art. 32, da Lei do Cheque, este é 
pagável à vista, considera-se não escrita qualquer menção em contrário. 
Se o cheque for apresentado antes do dia indicado como o da emissão, deverá 
ser pago no dia da sua apresentação.
c) Princípios gerais do direito: trata-se de premissas que não foram di-
tadas explicitamente pelo legislador, mas estão contidos de forma preponderante 
no ordenamento jurídico;
d) A doutrina: fonte de interpretação da lei feita pelos estudiosos 
da matéria, sendo construída por pareceristas, ensinamentos dos professores 
e mestres, nas opiniões decorrentes dos tratados, pelas dissertações e teses 
acadêmicas; 
e) A jurisprudência: é interpretação da lei conforme os órgãos do 
poder judiciário, que também faz parte dos costumes, e é formada especial-
mente pelos tribunais superiores; 
f) A equidade: não se encontra no rol do art. 4°, porém está nitida-
mente elencada no art. 5° da LINDB, fato que permite que a justiça seja aplica-
da ao caso concreto.
rESUMO DE PROCESSO penaL
Reforma da Previdência Comentada 31
Promotor de Justiça do MP/MT, com atuação no Tribunal do Júri da Capital, Doutor e Mestre 
em Direito pela PUC-SP, Professor de Direito Processual Penal da Faculdade de Direito da Uni-
versidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Professor do Programa de Mestrado em Direito 
da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Professor da Escola Superior do Ministério 
Público do Estado de Mato Grosso, Professor da Escola Superior do Ministério Público do Es-
tado de São Paulo, Líder do Grupo de Pesquisa Tutela Penal dos Bens Jurídicos Difusos.
Antonio Sergio Cordeiro Piedade
Ana Carolina Dal Ponte Aidar
Graduada em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Oficial de Gabinete 
do Ministério Público do Estado de Mato Grosso. Ex-Bolsista PIBIC/CNPQ, com o projeto 
de pesquisa intitulado ‘Tutela Penal Difusa no Contexto das Novas Formas de Criminalidade’
PENAL
 Resumo de
Processo
rESUMO DE PROCESSO penaL
32 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
1 Introdução ao direito processual penal
1.1 Conceito.
Embora a convivência humana seja regida por normas básicas de con-
duta, por vezes os indivíduos acabam por transgredi-las, o que, por via de 
consequência, gera conflitos. E, quando estes conflitos resultam na agressão 
de bens dignos de tutela penal (como a vida, a honra, o patrimônio), dentre 
outros, é necessária a atuação do Estado, para criar normas sancionatórias, a 
fim de que se previna e reprima a violação de direitos.
Para tanto, sobrevém o Direito Penal, que é o corpo de normas ju-
rídicas, que disciplina as relações que envolvam os bens tidos como mais 
importantes pela sociedade. A título de exemplificação, o Código Penal e a 
Legislação Penal Extravagante descrevem inúmeras condutas que, quando re-
alizadas, são passíveis de punição por parte do Estado.
E, neste contexto, surge o Direito Processual Penal, cujo objetivo é 
justamente regular a forma de atuação do Estado, através do Poder Judi-
ciário, de maneira que dê aplicabilidade às normas materiais, e garanta ao 
acusado e à sociedade, o devido processo legal.
Assim, caberá ao Direito Penal dispor acerca das condutas ilícitas, bem 
como cominar as respectivas sanções. Cometido o crime, surgirá para o Esta-
do, a pretensão punitiva, que somente se perfaz com os ditames procedimen-
tais estabelecidos pelo Direito Processual Penal.
Sendo assim, conforme preleciona Guilherme de Souza Nucci o Di-
reito Processual Penal“é o corpo de normas jurídicas cuja finalidade é regular o 
modo, os meios e os órgãos encarregados de punir do Estado, realizando-se por 
intermédio do Poder Judiciário, constitucionalmente incumbido de aplicar a lei ao 
caso concreto”1.
Em síntese, o Direito Processual Penal é um ramo autônomo 
do direito, que visa dar instrumentalidade às normas materiais, bem 
como organizar a atuação do Estado, a fim de solucionar os conflitos 
que, de alguma forma, violem os bens considerados mais caros à so-
ciedade.
1 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 2. ed. rev. e 
atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006, p. 73.
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 33
1.2 Princípios
Assim como todo o ramo autônomo do direito, o estudo do Direito 
Processual Penal pressupõe a existência de princípios próprios, os quais de-
vem estar em consonância com a Constituição da República de 1988, razão 
pela qual, nos dias atuais, só é possível dissecá-los, realizando uma análise em 
conjunto com os direitos fundamentais previstos na Magna Carta.
1.2.1 Princípio do devido processo legal
Conforme salientado, para dar aplicabilidade ao Direito Penal, é ne-
cessário um corpo de normas jurídicas que disciplinem a forma de atuação 
do Estado, objetivando proteger o acusado de eventuais abusos de direito. 
Assim, a atividade estatal não se dará de maneira discricionária ou ao bel-
-prazer do Poder Judiciário. Ao contrário, é necessário que se respeite o 
devido processo legal.
A doutrina costuma dividir o princípio do devido processo legal em 
duas vertentes: a formal e a material.
Entende-se por devido processo legal formal, a obediência aos di-
tames previstos em lei, os quais devem garantir a ampla defesa e o contra-
ditório, às partes interessadas. Desta forma, se o Código de Processo Penal 
prevê que após o recebimento da denúncia, a defesa tem o direito de apre-
sentar sua resposta à acusação, deve o Estado assegurar que esta regra seja 
respeitada.
Já o devido processo legal material volta-se à análise substancial do 
processo, oportunidade em que se aferirá se o trâmite processual foi ade-
quado e se a decisão proferida é proporcional ao caso concreto, devendo 
todos os atos processuais estarem em consonância com o princípio da dig-
nidade humana e a dupla face do princípio da proporcionalidade, de modo a 
não permitir excessos do Estado contra o acusado, mas também sem deixar 
de acautelar a sociedade, não permitindo uma proteção deficiente, insufi-
ciente ou uma infraproteção.
Portanto, o princípio do devido processo legal visa proteger o indiví-
duo de possíveis excessos por parte do Poder Judiciário, a partir da vincu-
lação da atuação estatal às normas previstas na lei, tornando-se imperioso, 
pois, que o caminho percorrido até o trânsito em julgado do feito seja ade-
quado e preserve todos os direitos constitucionalmente protegidos.
34 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
1.2.2 Princípio do Contraditório
A obediência ao contraditório assegura que a parte (seja acusação, seja 
defesa) tenha ciência do desenrolar do processo e participe de modo di-
reto da ação penal, ou seja, produza provas, seja ouvido e se faça presente. 
Afinal, é salutar para a garantia do devido processo legal e para assegurar a 
dignidade da pessoa humana, a existência de um debate argumentativo em 
torno do feito.
Mais do que poder participar do processo, deve o magistrado respei-
tar a atuação do agente, no sentido de que as manifestações serão efetiva-
mente consideradas pelo Estado. Assim, todas as teses trazidas pelas partes, 
em juízo, serão decididas motivadamente, cabendo ao julgador apontar as 
razões que o fizeram optar por deliberar daquela forma.
1.2.3 1.2.3– Princípio da ampla defesa
O princípio da ampla defesa é consectário do princípio do contradi-
tório: trata-se da obrigação do Estado em garantir ao réu, a maior e mais 
completa defesa possível dentro do processo penal. É uma especificação, 
a qual se subdivide em direito à autodefesa e direito à defesa técnica.
O direito à autodefesa garante ao próprio réu o poder de argumen-
tar, dialogar e participar do processo diretamente. No interrogatório, por 
exemplo, o agente que violou a norma penal poderá optar por falar ou até 
mesmo manter-se em silêncio, para não produzir provas contra si, exercen-
do o seu direito à ampla defesa, através da autodefesa, cujo caráter é, pois, 
personalíssimo.
Conclui-se, pois, que a autodefesa é disponível, podendo o acusado 
renunciá-la, se entender que isto lhe favorece.
Ainda, preceitua o artigo 367 do Código de Processo Penal que, “o 
processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoal-
mente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no 
caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo”. Ou 
seja, a participação do réu é (muito) importante, mas não é imprescindível.
Portanto, o acusado poderá se tornar revel no curso da lide ou até 
mesmo permanecer calado em seu interrogatório, sendo que nenhuma des-
tas circunstâncias darão ensejo a qualquer nulidade.
Diferentemente, a defesa técnica não detém caráter de prescindibi-
lidade. Ao contrário, a assistência jurídica é assegurada de modo absoluto ao 
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 35
réu, haja vista que o advogado/defensor detém conhecimento técnico para 
acompanhar e orientar o acusado, num trâmite que pode lhe resultar uma 
condenação.
Deste modo, ainda que o agente infrator não tenha condições de ar-
car com advogado, ou é considerado revel, ou ainda renuncie a assistência 
jurídica, caberá ao magistrado competente designar um profissional habilita-
do para assisti-lo (na grande maioria dos casos, um Defensor Público).
Logo:
Autodefesa Prescindível
Defesa Técnica Imprescindível
Por fim, cumpre ressaltar que o Supremo Tribunal Federal editou a 
Súmula Vinculante 14, cujo teor garante ao defensor, amplos poderes, para 
que melhor possa assistir o acusado e exercer sua defesa: “É direito do de-
fensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova 
que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de de-
fesa”.
1.2.4 Princípio da verdade real
Por ser o ramo do direito que visa proteger os bens mais caros da 
sociedade, a violação das normas penais acarretam a incursão em sanções 
mais duras, a citar a condenação à pena privativa de liberdade. Deste modo, 
cuida-se de uma esfera extremamente sensível, onde eventuais erros po-
dem gerar injustiças indeléveis.
Portanto, ainda que o legislador tenha adotado o sistema acusatório, 
o magistrado deve determinar de ofício a prática de atos, os quais entenda 
necessários para elucidar o feito. Assim, se o julgador tiver dúvidas, pode, 
por exemplo, diligenciar a fim de ouvir uma testemunha referida.
O processo penal, portanto, conforme preleciona Alexandre Cebrian 
Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves, “busca desvendar como os fa-
tos efetivamente se passaram, não admitindo ficções e presunções processuais, 
diferentemente do que ocorre no processo civil”.
É possível a execução
provisória da pena?
36 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
1.2.5 Princípio da presunção de inocência ou da não-culpa-
bilidade
A Constituição da República é clara ao elucidar em seu artigo 5º, in-
ciso LVII, que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória”. Ou seja, enquanto não esgotarem todas as vias 
recursais, o réu é inocente.
Entretanto, embora a Carta Magna traga expressamente o referido 
preceito, tal princípio não impede, tampouco é incompatível com as prisões 
provisórias, que possuem requisitos próprios para a sua decretação.
IMPORTANTE! O STF, em mudança recente de entendimento, 
decidiu não ser mais possível o início da execução provisória da pena, 
ainda que a condenação seja confirmada em segunda instância.
Até 07/11/2019, o Supremo Tribunal Federal entendia que, embora 
não esgotadas todas as possibilidades recursais, após a prolatação de acórdão 
condenatório, o acusado poderia ser submetido ao início da execução, sem 
que houvesse afronta ao princípio da presunção de inocência. Todavia, por 
ora, a compreensão da matéria mudou.
Sobre o polêmico tema concernente à execução provisória da pena, 
vejamos a linha do tempo abaixo. Observa-se que a matéria sempre foi con-
troversa:
 
Deste modo, atualmente, é impossível a execução provisória da pena 
cuja ação não tenha transitado em julgado. Via de consequência, os que se 
encontravam presos em razão da decisão proferida no âmbito do HC nº 
126292, de 17/02/2016, devem ser libertados, salvo os casos fundamentados 
nos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal, que estabelecem os re-
quisitos autorizadores da prisão preventiva.
Cumpre ressaltar que, a possibilidade da prisão em segunda instância 
foi uma das propostas aventadas no Pacote Anticrime. Todavia, a tentativa de 
SIM
HC nº 68726, julgado
em 28/06/1991
NÃO
HC nº 84078, julgado
em 05/02/2009
SIM
HC nº 126292, julgado
em 17/02/2016
NÃO
ACs 43, 44 e 54, julgadas
em 07/11/2019
Fevereiro/2009
ENTENDIMENTO
ATUAL
É possível a execução
provisória da pena?
Fevereiro/2016 Novembro/2019
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 37
1.2.5 Princípio da presunção de inocência ou da não-culpa-
bilidade
A Constituição da República é clara ao elucidar em seu artigo 5º, in-
ciso LVII, que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória”. Ou seja, enquanto não esgotarem todas as vias 
recursais, o réu é inocente.
Entretanto, embora a Carta Magna traga expressamente o referido 
preceito, tal princípio não impede, tampouco é incompatível com as prisões 
provisórias, que possuem requisitos próprios para a sua decretação.
IMPORTANTE! O STF, em mudança recente de entendimento, 
decidiu não ser mais possível o início da execução provisória da pena, 
ainda que a condenação seja confirmada em segunda instância.
Até 07/11/2019, o Supremo Tribunal Federal entendia que, embora 
não esgotadas todas as possibilidades recursais, após a prolatação de acórdão 
condenatório, o acusado poderia ser submetido ao início da execução, sem 
que houvesse afronta ao princípio da presunção de inocência. Todavia, por 
ora, a compreensão da matéria mudou.
Sobre o polêmico tema concernente à execução provisória da pena, 
vejamos a linha do tempo abaixo. Observa-se que a matéria sempre foi con-
troversa:
 
Deste modo, atualmente, é impossível a execução provisória da pena 
cuja ação não tenha transitado em julgado. Via de consequência, os que se 
encontravam presos em razão da decisão proferida no âmbito do HC nº 
126292, de 17/02/2016, devem ser libertados, salvo os casos fundamentados 
nos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal, que estabelecem os re-
quisitos autorizadores da prisão preventiva.
Cumpre ressaltar que, a possibilidade da prisão em segunda instância 
foi uma das propostas aventadas no Pacote Anticrime. Todavia, a tentativa de 
SIM
HC nº 68726, julgado
em 28/06/1991
NÃO
HC nº 84078, julgado
em 05/02/2009
SIM
HC nº 126292, julgado
em 17/02/2016
NÃO
ACs 43, 44 e 54, julgadas
em 07/11/2019
Fevereiro/2009
ENTENDIMENTO
ATUAL
consolidar a questão no parlamento e incorporá-la ao ordenamento jurídico 
não logrou êxito, tendo sido a referida proposta rejeitada pelo Congresso 
Nacional.
O Superior Tribunal de Justiça, invocando o princípio da presunção de 
inocência sumulou entendimento, no sentido de que inquéritos policiais e 
ações penais em curso não são fundamentos idôneos para exasperar a penado indivíduo.
Imagine que Tício possua duas ações em curso: uma pela prática de 
furto e outra por roubo. Quando o magistrado sentenciar o primeiro feito, 
não poderá aumentar a pena base do acusado, sob a justificativa de que Tício 
possui maus antecedentes por responder à ação penal pelo crime de roubo, 
afinal, ainda não houve o trânsito em julgado, e se não houve um provimento 
jurisdicional definitivo, o agente não poderá ser considerado culpado.
1.2.6 Princípio da motivação
Segundo o artigo 93, inciso IX, da Constituição da República, “todos 
os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade (…)”. No mesmo sentido, o Código de 
Processo Penal dispõe que a sentença indicará os “motivos de fato e de direito 
em que se fundar a decisão.”
Os supracitados dispositivos indicam que o magistrado, ao proferir 
qualquer deliberação de cunho decisório, deverá fundamentar, justificar, mo-
tivar o porquê de sua escolha.
De acordo com a inteligência do artigo 315, §2º, do Código de Pro-
cesso Penal, não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: (a) limitar-se à indicação, à repro-
dução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa 
ou a questão decidida; (b) empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem 
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; (c) invocar motivos que 
se prestariam a justificar qualquer outra decisão; (d) não enfrentar todos os 
argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão 
adotada pelo julgador; (e) limitar-se a invocar precedente ou enunciado de sú-
mula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que 
o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; ou (f) deixar de seguir 
enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem 
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação 
do entendimento.
38 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
Em verdade, vigora em nosso ordenamento jurídico o sistema do li-
vre convencimento motivado ou da persuasão racional, o qual aduz que 
o julgador tem plena liberdade para tomar as escolhas e deliberar conforme 
entender adequado, desde que justifique os motivos de estar tomando deter-
minada decisão
O Ministro Menezes Direito explicou, no âmbito do RHC 91.691, que 
“(…) vige em nosso sistema o princípio do livre convencimento motivado ou da per-
suasão racional, segundo o qual compete ao juiz da causa valorar com ampla liber-
dade os elementos de prova constantes dos autos, desde que o faça motivadamen-
te, com o que se permite a aferição dos parâmetros de legalidade e razoabilidade 
adotados nessa operação intelectual. Não vigora mais entre nós o sistema das pro-
vas tarifadas, segundo o qual o legislador estabelecia previamente o valor, a força 
probante de cada meio de prova. Tem-se, assim, que a confissão do réu, quando de-
sarmônica com as demais provas do processo, deve ser valorada com reservas (…)” 
.
Por outro lado, o STF já decidiu no âmbito do HC 128.031, de rela-
toria da Ministra Rosa Weber que “não se exigem, quando do recebimento da 
denúncia, a cognição e a avaliação exaustiva da prova ou a apreciação exauriente 
dos argumentos das partes, bastando o exame da validade formal da peça e a 
verificação da presença de indícios suficientes de autoria e de materialidade.” 
 Isso quer dizer que, ao receber a denúncia oferecida pelo órgão acusatório, 
o magistrado exercerá um juízo de cognição sumária, verificando a presença 
dos requisitos da denúnica e de indícios suficientes de autoria e materialidade.
1.2.7 Princípio da vedação das provas ilícitas
De acordo com o preceito constitucional previsto no artigo 5º, inciso 
LIV, são inadmissíveis, no processo penal, as provas obtidas por meios 
ilícitos. Deste modo, as provas produzidas em afronta aos ditames descritos 
na Constituição e na legislação ordinária não serão consideradas pelo julgador.
Considere que uma autoridade policial qualquer investigue um crime 
de homicídio, e indicie Tício, pela prática delitiva. Ao chegar na Delegacia 
de Polícia, para apresentar sua versão dos fatos, Tício passa a ser torturado 
pelos agentes policiais, a fim de que confesse a autoria do crime. Em pânico, 
buscando cessar àquela situação, o suspeito atribui a si, a conduta criminosa. 
Posteriormente, após exame de corpo de delito, descobre-se a tortura ocor-
rida em sede policial. Deve, portanto, o magistrado desconsiderar totalmente 
o interrogatório do acusado, não podendo utilizar tal meio de prova para 
embasar eventual sentença condenatória.
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 39
De outro modo, a doutrina e a jurisprudência vem entendendo pela 
possibilidade de se utilizar provas obtidas por meio ilícito, quando estas be-
neficiarem o réu. Ou seja, se ao violarem o sigilo de correspondência do in-
diciado, sem autorização judicial, os policiais militares descobrirem que Tício, 
no dia do crime de homicídio, estava em viagem para outro país, tal prova, 
embora agrida direitos fundamentais importantes, poderá ser utilizada para 
lastrear a absolvição do mesmo.
1.2.8 Princípio da imparcialidade
Trata-se o princípio da imparcialidade de um corolário do devido pro-
cesso legal, afinal, o trâmite processual apenas atingirá seu objetivo, se for 
conduzido por uma autoridade judiciária competente, a qual julgue os fatos 
trazidos em juízo com isonomia e sem sacrificar a verdade, em razão de con-
siderações particulares.
Por este motivo, poderão as partes arguir a suspeição ou impedimento 
do magistrado, em caso de eventual desconfiança acerca da parcialidade da 
autoridade, desde que, claro, esteja devidamente fundamentada.
Importante trazer à baila, o princípio do juiz natural, o qual dispõe 
que a competência da autoridade julgadora será anteriormente fixada em lei, 
a fim de evitar julgamentos de exceção. Ou seja, se determinado fato é levado 
ao conhecimento do Poder Judiciário, não poderá o Estado, a seu livre arbí-
trio, escolher qual magistrado decidirá a causa.
Em idêntica simetria, é o princípio do promotor natural, que as-
severa a necessidade de se conhecer previamente, quem será incumbido de 
representar o órgão acusatório.
Neste sentido, explica o Ministro Celso de Melo que o princípio em 
testilha “(…) repele, a partir da vedação de designações casuísticas efetuadas 
pela chefia da instituição, a figura do acusador de exceção.” E completa: “esse 
princípio consagra uma garantia de ordem jurídica, destinada tanto a proteger o 
membro do Ministério Público, na medida em que lhe assegura o exercício pleno 
e independente dos seus princípios penais e processuais penais ofício, quanto a 
tutelar a própria coletividade, a quem se reconhece o direito de ver atuando, em 
quaisquer causas, apenas o promotor cuja intervenção se justifique a partir de 
critérios abstratos e predeterminados, estabelecidos em lei.”
Assim, encerra-se o estudo dos principais princípios do Direito Pro-
cessual Penal, mas nunca por completo, afinal, a análise principiológica nos 
acompanhará ao longo de todo conteúdo desta obra.
Reforma da Previdência Comentada 41
Juiz de Direito (TJMG). Estágio de pesquisa pós-doutoramento (UNIVERSIDADE DE GIRO-
NA/ESP). Doutor em Direito Processual (PUC/MINAS). Mestre em Direito Processual Civil 
(PUC/CAMPINAS). Professor dos cursos de graduação (provimento) e pós-graduação “lato 
sensu” (PUC/MINAS - campus Poços de Caldas). Membro da ABDPro (Associação Brasileira 
de Direito Processual). Membro do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Processual).
Maurício Ferreira Cunha
CIVIL
 Resumo de
Processo
rESUMO DE PROCESSO CIVIL
42 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
1 Teoria Geral do Processo
1.1 Normas Processuais Civis
O Livro I do CPC, diferentemente do revogado Codex, trata das normas 
processuais civis e estabelece regras e princípiosnorteadores da interpretação 
e aplicação do Direito Processual Civil como um todo, tanto que o seu art. 
1º anuncia expressamente que “o processo civil será ordenado, disciplinado e 
interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na 
Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições 
deste Código”. A mencionada previsão, é bem verdade, menciona o óbvio 
e seria até mesmo dispensável, não fosse o desenvolvimento tímido da teo-
ria da força normativa da Constituição em nosso ordenamento jurídico. Seja 
como for, tem ganhado força o movimento de constitucionalização de todos 
os ramos do direito, incluindo o civil e o processual civil. Não por outra razão 
que autores como Cassio Scarpinella Bueno reconhecem um modelo consti-
tucional do processo civil em que os princípios constitucionais ocupam-se es-
pecificamente com a conformação do próprio processo, fornecendo diretrizes 
mínimas e moldando o comportamento das partes e do Estado-juiz (BUENO, 
2012, p. 192).
1.2 Direitos Processuais Fundamentais
1.2.1 Noções gerais
Os doze primeiros artigos do CPC materializam princípios funda-
mentais do processo que, em última análise, são decorrência do princípio-sín-
tese ou princípio-mãe, que é o devido processo legal, do qual decorrem todos 
os demais direitos e princípios fundamentais do processo. Por isso, Humberto 
Theodoro Júnior o rotula de superprincípio, na medida em que coordena e 
delimita todos os demais princípios que informam tanto o processo como o 
procedimento (THEODORO JÚNIOR, 2014, p. 183). O princípio do devido 
processo legal comporta duas dimensões, a saber:
Formal/processual Substancial
Observância das regras procedimentais 
na prestação da tutela jurisdicional.
Necessidade de observância dos princípios 
da razoabilidade e da proporcionalidade 
na aplicação das normas processuais.
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 43
A segunda dimensão recebeu especial atenção do legislador do 
CPC/2015 que estabeleceu, no art. 8º, que “ao aplicar o ordenamento jurídi-
co, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardan-
do e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcio-
nalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência”.
1.2.2 Princípios da inércia e do impulso oficial
O art. 2º do CPC consagra dois princípios que caracterizam a função 
jurisdicional: a inércia ou dispositivo e o impulso oficial. Com efeito, o início 
do processo depende da iniciativa da parte interessada (nemo iudex sine acto-
re; ne procedat iudex ex officio), mas o seu desenvolvimento dá-se por impulso 
oficial.
A parte final do mencionado preceptivo legal ressalva os casos previs-
tos em lei, ou seja, excepcionalmente o processo pode ter início por iniciativa 
do magistrado, conforme os seguintes exemplos: (a) instauração de cumpri-
mento de sentença relativo a obrigação de fazer, não fazer ou dar coisa distin-
ta de dinheiro (arts. 536 e 538, CPC); (b) incidente de resolução de demandas 
repetitivas (art. 976, CPC) e (c) conflito de competência (art. 951, CPC).
Atenção: o CPC/2015, diferentemente do Codex anterior, não reproduziu a exceção 
outrora vigente consistente na possibilidade de instauração do processo de 
inventário e partilha ex officio pelo magistrado.
Além disso, a consagração dos negócios jurídicos processuais tende a 
mitigar o princípio do impulso oficial, eis que, a teor do art. 190, caput, do 
CPC, é lícito às partes convencionar mudanças no procedimento para ajustá-
-lo às especificidades da causa.
1.2.3 Princípio da razoável duração do processo e primazia 
do julgamento do mérito
É taxativo o art. 4º do CPC ao prever que “as partes têm o direito de ob-
ter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satis-
fativa”. Buscando concretizar o referido direito fundamental processual, o art. 
3º da mesma Codificação estimula a solução consensual do conflito, sempre 
que possível. Até porque a prestação da tutela jurisdicional deve assegurar às 
partes a solução integral do mérito, incluindo a atividade satisfativa, circuns-
tâncias que inevitavelmente demandam tempo.
44 COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO
O que não se tolera, e é incompatível com o princípio da razoável du-
ração do processo, é a desproporcionalidade entre a duração do processo e 
a complexidade do debate. Logo, “o direito ao processo justo implica direito 
ao processo sem dilações indevidas, que se desenvolva temporalmente dentro 
de um tempo justo” (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2015, p. 97). 
Para tanto, o julgador deve valorizar a apreciação do mérito em detrimento 
de questões de admissibilidade, tal como preconiza o art. 139, IX, do CPC, 
incumbindo ao juiz o dever de determinar o suprimento dos pressupostos 
processuais e o saneamento de outros vícios processuais.
1.2.4 Princípio da lealdade e boa-fé processual
Trata-se de princípio insculpido no art. 5º do CPC, dispositivo que pres-
creve que “aquele que de qualquer forma participa do processo deve compor-
tar-se de acordo com a boa-fé”. Importante observar que a norma se aplica a 
todos que participam do processo, incluindo o magistrado. A título de exem-
plo, é pacífico na jurisprudência o entendimento de que o juiz não pode dis-
pensar a fase instrutória sob o argumento da desnecessidade de produção de 
outras provas e julgar improcedente a demanda por insuficiência probatória, 
o que denota comportamento contraditório e ofensivo à boa-fé processual.
1.2.5 Princípio da cooperação
A cooperação é prevista no art. 6º do CPC: “todos os sujeitos do pro-
cesso devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, de-
cisão de mérito justa e efetiva”. O referido postulado exige que todos os sujei-
tos processuais (partes, juiz, Ministério Público etc.) colaborem mutuamente 
para a construção do provimento jurisdicional, fato que elimina qualquer pro-
tagonismo na condução do processo, eis que a decisão será fruto do diálogo 
com todos os envolvidos na lide. Enfim, o princípio da cooperação remodela 
a participação das partes e do órgão jurisdicional, estabelecendo-se novos de-
veres na condução e ordenação do processo:
(i) dever de esclarecimento:
Em relação às partes Obrigação de deduzir pretensões de forma clara, objetiva 
e coerente;
Em relação ao juiz Obrigação de esclarecer todas as dúvidas das partes relativas 
a suas alegações e pedidos. Nesse sentido, incumbe 
ao magistrado, no despacho que determina a emenda 
à petição inicial, indicar precisamente o que deve ser 
corrigido ou complementado pela parte.
COLEÇÃO RESUMOS JURÍDICOS: CONHECIMENTO DIRETO AO PONTO 45
(ii) dever de lealdade: as partes devem comportar-se observando parâ-
metros éticos mínimos;
(iii) dever de proteção: proíbe-se a prática de comportamentos ten-
dentes a prejudicar a parte contrária;
(iv) dever de consulta: trata-se de obrigação que impõe ao magistra-
do a obrigatoriedade de ouvir previamente as partes sobre quaisquer ques-
tões capazes de influenciar o julgamento da causa, ainda que cognoscíveis de 
ofício;
(v) dever de prevenção: o juiz deve indicar as deficiências das postula-
ções das partes a fim de sejam supridas e, assim, seja o processo aproveitado, 
em homenagem ao princípio da economia processual, da razoável duração do 
processo e da primazia do julgamento do mérito.
1.2.6 Princípio do contraditório
O princípio do contraditório é direito fundamental previsto no inciso 
LV do art. 5º da Constituição Federal, o qual assegura que “aos litigantes, em 
processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados 
o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. 
Para além da ciência e possibilidade de reação, o contraditório, no contexto 
dos direitos fundamentais, significa que a parte tem direito de influir na con-
vicção do magistrado ao longo de todo processo. Fala-se, destarte, em uma 
dupla faceta do princípio:
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