Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO Meu nome é Daiana Patrícia Marchetti Pio. Sou graduada em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP, 2007) e possuo especialização em Enfermagem em Centro Cirúrgico e em Central de Materiais e Esterilização pela mesma instituição; possuo também especialização em Recuperação Pós-Anestésica, pela Universidade Hermínio Ometto (2009); e em Gestão em Enfermagem, pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp, 2012). Sou doutora em Ciências pelo Programa Interunidades, da EERP/USP (2017), e membro do Grupo de Pesquisa Núcleo de AIDS e Doenças Sexualmente Transmissíveis NAIDST, também da EERP/USP. Atuo como enfermeira técnica responsável pelo centro cirúrgico da clínica civil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP/USP) e sou atuante nas temáticas envolvendo assistência de enfermagem, infecções hospitalares e HIV/Aids. Email: daiana_pio@yahoo.com.br Claretiano – Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 claretiano.edu.br/batatais Daiana Patrícia Marchetti Pio Batatais Claretiano 2019 ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO © Ação Educacional Claretiana, 2017 – Batatais (SP) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 610.73 P733e Pio, Daiana Patrícia Marchetti Enfermagem cirúrgica, central de material e esterilização / Daiana Patrícia Marchetti Pio – Batatais, SP : Claretiano, 2019. 163 p. ISBN: 978-85-8377-574-4 1. Centro cirúrgico. 2. Recuperação pós-anestésica. 3. Central de materiais e esterilização. 4. Assistência de enfermagem. 5. Cirurgias. I. Enfermagem cirúrgica, central de material e esterilização. CDD 610.73 INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação Título: Enfermagem Cirúrgica, Central de Material e Esterilização Versão: fev./2019 Formato: 15x21 cm Páginas: 163 páginas SUMÁRIO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 14 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 20 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 21 5. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 22 UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 25 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 25 2.1. HISTÓRIA DA CIRURGIA ......................................................................... 25 2.2. CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE A ANESTESIA ............................ 30 2.3. A ENFERMAGEM E A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CIRURGIA ................ 32 2.4. DOR .......................................................................................................... 35 2.5. ANESTESIA ............................................................................................... 37 2.6. CUIDADOS DE ENFERMAGEM DURANTE O PROCEDIMENTO ANESTÉSICO ............................................................................................. 43 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 47 3.1. A ENFERMAGEM E A HISTÓRIA DA CIRURGIA ...................................... 47 3.2. DOR .......................................................................................................... 48 3.3. ANESTESIA E CUIDADOS DE ENFERMAGEM DURANTE O PROCEDIMENTO ANESTÉSICO ................................................................ 49 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 50 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 53 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 53 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 56 UNIDADE 2 – CENTRO CIRÚRGICO, FERIDA CIRÚRGICA E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 59 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 59 2.1. CENTRO CIRÚRGICO ................................................................................ 60 2.2. PERÍODO PERIOPERATÓRIO ................................................................... 63 2.3. CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS ............................................................ 66 2.4. FERIDA CIRÚRGICA.................................................................................. 70 2.5. CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM A FERIDA CIRÚRGICA.................. 77 2.6. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA ............................. 83 2.7. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA (SAEP) ......................................................................... 84 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 99 3.1. CENTRO CIRÚRGICO ............................................................................... 99 3.2. FERIDAS CIRÚRGICAS .............................................................................. 100 3.3. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA ............................ 101 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 102 5. CONSIDERAÇÕES .............................................................................................106 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 107 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 109 UNIDADE 3 – SEGURANÇA DO PACIENTE, PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES NO PERÍODO PERIOPERATÓRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 113 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 113 2.1. SEGURANÇA DO PACIENTE ..................................................................... 113 2.2. PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ..................................................... 116 2.3. PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES NO PERÍODO PERIOPERATÓRIO ..................................................................................... 120 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 127 3.1. SEGURANÇA DO PACIENTE ..................................................................... 127 3.2. PROTOCOLOS BÁSICOS DE SEGURANÇA DO PACIENTE ....................... 127 3.3. PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...................................................... 128 3.4. PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES NO PERÍODO PERIOPERATÓRIO ..................................................................................... 129 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 129 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 132 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 132 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 133 UNIDADE 4 – CENTRAL DE MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO(CME) 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 137 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 137 2.1. CENTRAL DE MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO ........................................... 137 2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS SEGUNDO O POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO ...................................................................................... 142 2.3. ETAPAS DO PROCESSAMENTO DOS ARTIGOS ....................................... 145 2.4. PREPARO E EMPACOTAMENTO DE ARTIGOS ........................................ 149 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 155 3.1. CENTRAL DE MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO ........................................... 156 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 157 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 160 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 160 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 163 9 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Conteúdo Estrutura organizacional e funcional da Central de material e esterilização, Centro cirúrgico e Centro de recuperação pós-anestésica/Legislação. Proces- so e métodos de desinfecção e esterilização: físico, químico e físico-químico. Tipos de embalagens para esterilização. Controle da esterilização. História da cirurgia no mundo e no Brasil. Prevenção e controle de infecções no ambiente perioperatório. Classificação das cirurgias. Segurança do paciente e dos pro- fissionais de saúde em ambiente cirúrgico. Assistência de enfermagem ao pa- ciente cirúrgico no período perioperatório. Tipos de anestesia. Monitorização perioperatória. Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP) dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, torácica, do trato gas- trintestinal, ginecológica, geniturinária, neurológica, ortopédica, plástica/re- construtiva e boca/nariz e garganta. Avaliação e Manejo da dor pós-operató- ria. Enfermagem em centro cirúrgico ambulatorial. Educação e planejamento da alta. Bibliografia Básica BRUNNER, L. S.; SUDDARTH, D. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. GRAZIANO, K. U.; SILVA, A.; PSALTIKIDIS, E. M. (Org.). Enfermagem em centro de material e esterilização. Barueri: Manole, 2011. HINRICHSEN, S. L. Biossegurança e controle de infecções: risco sanitário hospitalar. Rio de Janeiro: Medsi, 2009. KAVANAGH, C. M. G. Elaboração do manual de procedimentos em central de materiais e esterilização. São Paulo: Atheneu, 2007. LACERDA, R. A. Controle de infecção em centro cirúrgico: fatos, mitos e controvérsias. São Paulo: Atheneu, 2003. 10 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO SOBECC – SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE CENTRO CIRÚRGICO, RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO. Práticas recomendadas: centro cirúrgico, recuperação pós-anestésica e centro de material e esterilização. 6. ed. São Paulo: SOBECC, 2013. Bibliografia Complementar BONFIM, I. M.; MALAGUTTI, W. (Org.). Recuperação pós-anestésica: assistência especializada no centro cirúrgico. São Paulo: Martinari, 2010. GRAZIANO, K. U.; SILVA, A.; PSALTIKIDIS, E. M. Enfermagem em centro de material e esterilização. Barueri: Manole, 2011. POSSARI, J. F. Centro de material e esterilização: planejamento, organização e gestão. 4. ed. São Paulo: Iátria, 2010. SAMAMA, G. Enfermagem no centro cirúrgico: generalidades, anestesia, cirurgia digestiva, cirurgia vascular. 2. ed. São Paulo: Andrei, 2005. ______. Enfermagem no centro cirúrgico: ortopedia, traumatologia, urologia, ginecologia, cirurgia torácica. 2. ed. São Paulo: Andrei, 2005. É importante saber Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se- lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu- ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató- rios, para efeito de avaliação. 11© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO Prezado aluno, seja bem-vindo! Iniciaremos o estudo de Enfermagem cirúrgica, Central de material e esterilização, no qual você verá que o ambiente cirúr- gico é um local que merece ser explorado e aprofundado pela enfermagem, pois o enfermeiro tem um papel crucial no seu ge- renciamento e funcionamento. Além disso, considerando o evento cirúrgico, seja qual for seu caráter, será um evento impactante na vida de qualquer in- divíduo. Toda e qualquer ação que viabilize o cuidado minucioso e adequado neste momento conflui para uma assistência mais segura. Segundo Silva e Alvim (2017), Na especificidade do centro cirúrgico, a dinâmica do cuidar e os cuidados de enfermagem são muito voltados à objetivida- de das ações, cuja intervenção é de natureza técnica, visando à recuperação do cliente. Dadas as características do setor, a interação social no cuidado muitas vezes érestrita. A presença da enfermeira junto ao leito, a demonstração de afeto, o toque, a conversa, também são restritos face às atividades outras do setor, o que não quer dizer que não haja expressividade no cui- dado. Isto acontece, por vezes, não no sentido de desmerecer ou desvalorizar os aspectos do cuidar que são da ordem da sub- jetividade, mas porque, neste setor, a atenção ao órgão físico como central é necessária. O pouco tempo de convivência com o cliente no centro cirúrgico, embora não seja o determinante, pode também interferir na construção da relação entre ele e a enfermeira. O enfermeiro atua no ambiente cirúrgico assumindo muitos papéis e funções que estão se tornando cada vez mais complexas, na medida em que necessita interligar os aspectos 12 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO humanos – explicitados no atendimento ao paciente enquanto indivíduo único em suas particularidades – simultaneamente às nuances do relacionamento interpessoal, normalmente dificul- tado em unidades de trabalho fechadas, estressantes e dinâmi- cas, nas quais os profissionais das mais variadas formações in- teragem e mutuamente se interdependem. Cabe ao enfermeiro também assumir o papel de gerenciador das atividades cotidia- nas do ambiente de trabalho. Para isso, é necessário que se de- senvolva habilidades múltiplas, tanto de fundamentação cientí- fica, quanto do manuseio prático de materiais e equipamentos que se renovam e modificam continuamente. Assim, entende-se que a esfera de atuação esperada do enfermeiro no ambiente cirúrgico contemple atividades ad- ministrativas; assistenciais; de ensino e de pesquisa. Para tal, o desenvolvimento científico e a fundamentação teórica são imprescindíveis. Segundo Gomes; Dutra e Pereira (2017) O trabalho do enfermeiro no CC tem se tornado cada vez mais complexo, na medida em que há a necessidade de integração entre as atividades que abrangem a área técnica, gerencial, administrativo-burocrática, assistencial, de ensino e pesquisa, e na dimensão de sua atuação, por ser um profissional que atua diretamente com uma equipe diversificada profissionalmente. Por isso, a compreensão dos fatos históricos e sociais que culminam até os dias atuais para o desenvolvimento e evolu- ção da profissionalização da enfermagem em ambiente cirúrgi- co deve ser enfocada, tanto quanto o detalhamento da atuação deste profissional nos diferentes períodos perioperatórios e o seu notório papel na segurança do paciente. 13© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Em se tratando de um setor diferenciado e com especifi- cidades peculiares, a dinâmica de trabalho e o relacionamento profissional precisam ocorrer de maneira consensual, sendo im- prescindível a execução do trabalho multiprofissional, com uma equipe capacitada e preparada, a fim de que todos estejam aptos a enfrentar as exigências das atividades peculiares do ambiente cirúrgico, visando à segurança e o bem-estar do paciente a ser assistido. Uma vez que a relação interpessoal é uma constante no centro cirúrgico, problemas entre as equipes repercutem na dinâmica de funcionamento da unidade, podendo gerar danos à saúde desses profissionais. Por isso, é necessário que haja habilidade e competência para que o enfermeiro administre de forma adequada e saiba ouvir as partes envolvidas em busca de soluções dos conflitos (STUMM, MAÇALAI, KIRCHNER; 2017). É importante ressaltar que as atividades de enfermagem em centro cirúrgico são muito específicas e de grande respon- sabilidade profissional, como, por exemplo, no preparo da sala de operação, do instrumental cirúrgico e dos equipamentos es- pecíficos. Nessa situação, o enfermeiro tem na equipe de enfer- magem aliados aos quais pode delegar as funções para que a assistência seja alcançada com êxito. São eles: técnicos de en- fermagem e instrumentadores cirúrgicos (OGUISSO, SCHIMIDT; 1999). As leis de formação do enfermeiro no país normatizam que o aluno deve ser preparado para uma atuação profissional gene- ralista. Entretanto, cabe frisar que a atuação do enfermeiro em ambiente cirúrgico é algo bastante específico e complexo e que dia após dia ela vem ganhando destaque e necessitando cada vez mais de fundamentações científicas. 14 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Segundo Turrini et al. (2017), Apesar de o total envolvimento das docentes de CC, a disci- plina ECC não tem tido mais lugar de destaque na formação do enfermeiro, estando sujeita ao risco de o aluno ter apenas uma vivência prática observacional por ocasião da cirurgia de seu paciente. Com a aposentadoria dos docentes de CC e com a nova estrutura curricular, tem-se notado resistência à conti- nuidade de contratação de docentes especialistas em CC para repor as vagas liberadas, o que progressivamente enfraquecerá as tentativas e os esforços para a manutenção deste conteúdo no currículo de graduação. Assim, o papel do enfermeiro em um ambiente cirúrgico muitas vezes emerge como algo bastante complexo e presente em um universo bem diferenciado daquilo que pode ser estuda- do até o momento. Por conta disso, a maioria dos enfermeiros que se forma nos cursos de graduação em enfermagem e atua profissionalmente em um ambiente cirúrgico acaba buscando maior aprofundamento e fundamentação científica da especia- lidade principalmente nos cursos de pós-graduação lato sensu. Portanto, explore ao máximo todo o conteúdo e bons estudos! 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí- nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci- mento dos temas tratados. 1) Ambiente cirúrgico: todo espaço físico que contemple atividades direcionadas aos procedimentos cirúrgicos, como Centro Cirúrgico (CC), Sala Operatória (SO), Re- 15© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO cuperação Pós-Anestésica (RPA) e Central de Materiais e Esterilização (CME). 2) Anestesiologista: especialista médico que se dedica ao estudo e pesquisa de anestésicos e de áreas correlatas. 3) Anestesista: profissional treinado em anestesiologia. 4) Antissepsia: utilização de produtos específicos sobre a pele ou mucosas com o objetivo de reduzir os micror- ganismos em sua superfície. 5) Artigos hospitalares: materiais/instrumentais utiliza- dos para a execução de procedimentos em serviços de saúde. Segundo Spauling, podem ser classificados em artigos críticos, artigos semicríticos e artigos não críticos. 6) Assepsia: conjunto de medidas adotadas para impedir a introdução de agentes patogênicos no organismo. 7) Autoclave: equipamento hermético destinado, entre outros fins, ao aquecimento de líquidos e à indução de reações químicas sob pressão com a utilização de tem- peraturas elevadas, como o vapor de água sob pressão para esterilizar instrumentais. 8) Bactérias: microrganismos unicelulares, procariontes que podem ser encontradas isoladas ou em colônias. 9) Barreira física: bloqueio físico que deve existir nos lo- cais de acesso à área onde seja exigida assepsia e se permita somente a entrada de pessoas com indumen- tária apropriada. 10) Biossegurança: conjunto de ações voltadas à preven- ção e proteção do trabalhador; à minimização de ris- cos inerentes às atividades de pesquisa, de produção, 16 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO de ensino e de desenvolvimento tecnológico e pré- -acional, ampliadas à proteção e qualidade ambiental. 11) Central de material esterilizado (CME): unidade desti- nada à recepção, expurgo, limpeza, descontaminação, preparo, esterilização, guarda e distribuição dos mate- riais utilizados nas diversas unidades de um estabele- cimento de saúde, que pode ser localizada dentro ou fora do serviço de saúde.12) Centro cirúrgico - CC: unidade destinada ao desenvol- vimento de atividades cirúrgicas, bem como à recupe- ração pós-anestésica imediata. 13) Centro obstétrico: setor de um serviço de saúde des- tinado ao atendimento de gestantes em trabalho de parto, principalmente para a realização de cesáreas ou partos normais. Pode estar ou não interligado ao Cen- tro Cirúrgico, dependendo do serviço de saúde. 14) Depósito de equipamentos e materiais: ambiente destinado à guarda de peças de mobiliário, aparelhos, equipamentos e acessórios de uso eventual. 15) Depósito de material de limpeza (DML): sala destina- da à guarda de aparelhos, utensílios e material de lim- peza, que deve ser dotada de tanque de lavagem. 16) Descontaminação: processo que consiste na remoção física de elementos contaminantes ou na alteração de sua natureza química através de métodos quimiome- cânicos, transformando-os em substâncias inócuas e, assim, tornando os equipamentos mais seguros para serem manuseados ou trocados. 17) Desinfecção: processo de destruição de agentes infec- ciosos em forma vegetativa, sendo classificados como 17© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO potencialmente patogênicos e aplicados em meios fí- sicos e químicos. 18) Equipamento de Proteção Individual - EPI: equipa- mentos utilizados para proteger e ou prevenir a dis- seminação de infecção por meio da manipulação ou contato com pacientes e profissionais da saúde 19) Esporo: camada que protege a bactéria, responsável pela resistência ao ataque de agentes físicos e quími- cos da desinfecção. Ocorre quando algumas bactérias estão em ambiente que ameace sua sobrevivência, ou seja, na ausência de nutrientes suficientes para que elas cresçam e se reproduzam. 20) Esterilização: processo de destruição ou eliminação total de todos os microrganismos, na forma vegetativa e esporulada, por meio de agentes físicos ou quími- cos, aplicando-se especificamente a artigos críticos e semicríticos. 21) Estufa: equipamento para acumular e conter em seu interior calor maior que o externo. 22) Internação: admissão de paciente para ocupar um lei- to hospitalar por um período superior a 24 horas. 23) Limpeza: processo de remoção mecânica de sujidades e detritos para manter em estado de asseio os artigos e as áreas. 24) Norma: preceito, regra; aquilo que se estabelece como base a ser seguida. 25) Paciente: pessoa que procura um meio de tratamento ou avaliação/prevenção com um profissional de saúde. 18 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 26) Paciente cirúrgico: indivíduo que recebeu uma indica- ção médica de uma determinada cirurgia e que será (ou foi) submetido a um procedimento cirúrgico. 27) Período perioperatório: trata-se de todo o período de tempo entre a indicação do procedimento cirúrgico até a alta hospitalar do paciente após a realização da cirurgia. É subdividido em período pré-operatório, pe- ríodo intra-operatório e período pós-operatório. 28) Precauções padrão: técnicas de barreiras, com separa- ção física ou química entre o hospedeiro e o indivíduo, com o objetivo de prevenção e proteção do profissio- nal de saúde e/ou do paciente. 29) Procedimento: ação executada a partir de princípios científicos descritos de forma a assegurar que seus fundamentos sejam mantidos. 30) Profissional capacitado: profissional preparado para desenvolver atividades determinadas após proces- so de treinamento ou aprendizado em serviços ou estágio. 31) Profissional habilitado: pessoa comprovadamente (por meio de certificado ou diploma) apta a exercer uma determinada função. 32) Profissional qualificado: profissional apto para desen- volver atividades complexas em área específica após curso que pode conferir titulação ou não. 33) Resíduo infectante: resíduo de serviços de saúde que por suas características de maior virulência, infectivi- dade e concentração de patógenos apresenta risco po- tencial adicional à saúde pública. 19© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 34) Rotina: técnicas estabelecidas por escrito que padro- nizam os passos para a execução de um procedimento. 35) Rouparia: área ou sala destinada à guarda de roupa proveniente da lavanderia. 36) Sala: ambiente envolto por paredes em todo o seu perímetro. 37) Sala de recuperação pós-anestésica: ambiente desti- nado às atividades de cuidados pós-anestésicos. 38) Sala de utilidades ou expurgo: ambiente destinado à limpeza, desinfecção e guarda dos materiais e rou- pas utilizadas na assistência ao paciente e que tam- bém poderá ser utilizado para a guarda temporária de resíduos. 39) Sanitário: ambiente dotado de bacia sanitária e lavatório. 40) Sala para pequenos procedimentos: ambiente desti- nado ao desenvolvimento de procedimentos de mé- dia complexidade, como curativo, punção, sondagem, cateterismo vesical, drenagem, retirada de ponto, pe- quenas suturas e outros. 41) Serviço de apoio: salas ou áreas que dão suporte aos ambientes destinados às atividades fins de uma unida- de, como inalação, métodos gráficos e outros. 42) Serviços de saúde: denominação dada à instituição destinada à prestação de assistência à saúde à popula- ção que demande o acesso de paciente. 43) Urgência: unidade destinada à assistência de pacien- tes sem risco de vida, cujos agravos necessitem de atendimento mediato. 20 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 44) Unidade de internação: unidade destinada à acomo- dação e assistência do paciente internado. 45) Vestiário: ambiente dotado de bacias sanitárias, lava- tórios, chuveiros e área de troca de roupa. 46) Vírus: agentes infecciosos diminutos, desprovidos de metabolismo independente, que se replicam no inte- rior de células vivas hospedeiras. 47) Vestiário de barreira: ambiente exclusivo para pa- ramentação, que serve de barreira à entrada da uni- dade. Pode estar acoplado ou não a um sanitário ou banheiro. 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE O esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei- tos mais importantes deste estudo. 21© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Enfermagem Cirúrgica, Central de Material e Esterilização. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AVELAR, M. C. Q.; SILVA, A. Assistência de enfermagem perioperatória: ensino em cursos de enfermagem. Rev. Esc Enferm USP, v. 39, n. 1, p. 46-52, 2005. 22 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar. Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde. 2. ed., Brasília,1994. OGUISSO, T.; SCHIMIDT, M. J. O exercício da enfermagem – uma abordagem ético- legal. São Paulo: LTR, 1999. 232p. URSI, E. S.; GALVAO, C. M. Prevenção de lesões de pele no perioperatório: revisão integrativa da literatura. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 14, n. 1, p. 124-131, fev. 2006. 5. E-REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível em: <http:// bvsms.saude.gov.br>. Acesso em: 9 maio 2017. BRASIL. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Glossário de definições legais. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/registros-e-autorizacoes/ agrotoxicos/produtos/conceitos-definicoes>. Acesso em: 5 out. 2017. ______. Ministério da Saúde. Terminologia da Saúde. Disponível em: <http://bvsms. saude.gov.br/bvs/folder/terminologia_da_saude.pdf>. Acesso em: 9 maio 2017. GOMES, L. C.; DUTRA, K. E.; PEREIRA, A. L. S. O enfermeiro no gerenciamento do centro cirúrgico. Disponível em: <http://re.granbery.edu.br/artigos/NTEy.pdf>. Acesso em: 23 out. 2017. SILVA, D. C.; ALVIM, N. A. T. Ambiente do Centro Cirúrgico e os elementos que o integram: implicações para os cuidados de enfermagem. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-1672010000300013>. Acesso em: 23 out. 2017. STUMM, E. M. F.; MAÇALAI, R. T.; KIRCHNER, R. M. Dificuldades enfrentadas por enfermeiros em um centro cirúrgico. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072006000300011>. Acesso em: 23 out. 2017. TURRINI, R. N. et al. Ensino de enfermagem em centro cirúrgico: transformações da disciplina na Escola de Enfermagem da USP. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342012000500032&Ing=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 out. 2017. 23 UNIDADE 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Objetivos • Contextualizar a evolução histórica dos procedimentos cirúrgicos. • Identificar as contribuições da Enfermagem para a evolução da histó- ria da cirurgia. • Contextualizar sobre dor e suas origens fisiológicas. • Explanar como a ação anestésica atua no alívio da dor. • Demonstrar os diferentes tipos de procedimentos anestésicos de acordo com as especificidades cirúrgicas e, assim, como eles agem. • Identificar a importância das ações de Enfermagem durante os proce- dimentos anestésicos. Conteúdos • História da cirurgia. • Práticas cirúrgicas de acordo com as fases históricas. • Marcos da evolução dos procedimentos cirúrgicos: a descoberta da anestesia e o desenvolvimento da assepsia. • Desenvolvimento histórico da Enfermagem no ambiente cirúrgico. • Dor. • Anestesia e tipos de anestesia. • Cuidados de Enfermagem nos procedimentos anestésicos. 24 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bi- bliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 2) Busque identificar os principais conceitos apresentados; siga a linha gra- dativa dos assuntos até poder observar a evolução do Ambiente Cirúrgico e as interfaces com a assistência de Enfermagem. 3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteú- do Digital Integrador. 25© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA 1. INTRODUÇÃO Iniciaremos a nossa primeira unidade de estudo. Você está preparado? Nesta unidade, faremos uma breve análise da evolução histórica dos procedimentos e das atividades cirúrgicas para que possamos compreender o fato de algumas intervenções e práti- cas serem executadas como tal nos dias atuais. Resgataremos a identidade profissional da Enfermagem e o seu papel crucial para o desenvolvimento das atividades cirúrgicas em seus primórdios. Faremos uma análise também da anestesia e de suas di- ferentes empregabilidades nos procedimentos cirúrgicos. Deli- nearemos a importância das ações de Enfermagem durante os procedimentos anestésicos. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su- cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú- do Digital Integrador. 2.1. HISTÓRIA DA CIRURGIA A palavra “cirurgia” remete ao trabalho manual, ou seja, aquele em cuja execução se utilizam as mãos. Esse termo é pro- veniente do latim “chirurgia”, que, por sua vez, veio do grego kheirourgía, composto pelos termos kheír (mão) e érgon (obra, trabalho), significando “ação de trabalhar com a mão” (REZEN- DE, 2005). 26 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA A história da cirurgia remonta ao aparecimento das doen- ças e é tão antiga quanto o surgimento da humanidade. Assim, na pré-história, já há indícios de cirurgias realizadas pelos feiti- ceiros, como a trepanação, que foi a primeira operação conheci- da (Figuras 1 e 2). Vale mencionar que a trepanação consistia na remoção de um pequeno fragmento ósseo craniano, seja por ordem religiosa – para liberação de espíritos e realização de amuletos – ou por indicações médicas para o alívio de dores de cabeça. Há indícios da realização de circuncisões e de subincisão uretral desta época também (SABBATINI, 1997). Figura 1 Realização da trepanação na Antiguidade. 27© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Figura 2 Antigo cartão-postal da Primeira Guerra Mundial. Ato cirúrgico da trepanação. Na Antiguidade, alguns papiros encontrados nas tumbas dos faraós mencionavam os cuidados com as feridas. Na Índia, registros indicam que nos primórdios eram realizadas cirurgias plásticas como a rinoplastia (plástica no nariz). Na Idade Média, o uso de cautérios para o tratamento de feridas era uma prática comum. Porém, a Igreja proibiu a realiza- ção desse procedimento cirúrgico, alegando ser um ato bárbaro. Observe a Figura 3. 28 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Figura 3 O cateter urinário – com um tubo de metal inserido através da uretra para a bexiga – foi utilizado pela primeira vez em meados dos anos 1300. A partir do século 15, os europeus introduziram uma nova era na cirurgia por meio de uma visão mais avançada de vários aspectos de vida, com o desenvolvimento da anatomia e da fisio- logia (TALAMONI, 2014). Essas especialidades cirúrgicas surgiram somente no fi- nal do século 19 como uma profissão dentro da Medicina. An- teriormente a isso, os médicos ou os chamados "aprendizes de cirurgião" tratavam apenas de fraturas simples, deslocamentos, abscessos e algumas amputações, mas com elevadas taxas de mortalidade. Em 1846, a descoberta da anestesia (Figura 4) e, entre 1870 e 1880, a compreensão da necessidade e a aceitação da an- tissepsia e assepsia cirúrgica foram fundamentais para os avan- ços na cirurgia. 29© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Figura 4 Reprodução da primeira cirurgia com anestesia geral. Para que uma operação fosse considerada um procedimento terapêutico viável, os cirurgiões apoiaram-se em três pré-requisitos clínicos fundamentais: 1) Conhecimento da anatomia humana. 2) Método para controlar a hemorragia e manter a he- mostasia intraoperatória. 3) Explicação da natureza da infecção, juntamente com a elaboração de métodos necessários para obter um ambiente antisséptico e asséptico na sala de operação (TOWNSEND et al., 2003). Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você vai co- nhecer as transformações e evoluções históricas da cirurgia e a atuação da Enfermagem em ambiente cirúrgico. Verá, tam- bém, a biografia de Florence Nightingale, considerada a fun- dadora da Enfermagem moderna, e um artigo sobre o ato de cuidar. 30 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA 2.2. CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE A ANESTESIA Anteriormente à descoberta da anestesia, os cirurgiões preocupavam-se mais com a velocidade da realização da cirurgia do que com a própria qualidade da dissecção. Os pacientes, por sua vez, retardavam ao máximo a realização do procedimento, pois assim evitariam as dores de realizar uma cirurgia sem anes- tesia (TOWNSEND et al., 2003). Durante muito tempo foram utilizados analgésicos, narcó- ticos e agentes soporíficos como haxixe, mandrágora e ópio para a realização de procedimentos cirúrgicos. Em 16 de outubro de 1846, em Boston (EUA), foi utilizado pela primeira vezo éter sul- fúrico em um paciente que se submeteu à retirada de um tumor vascular congênito na região cervical (Figura 5) de maneira in- dolor, o que se transformou em um grande marco para o avanço da cirurgia, ainda que não suficiente, pois reformas importantes a respeito da higiene cirúrgica eram imprescindíveis (CANGIANI et al., 2011). 31© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Figura 5 Primeira anestesia com éter (1894), Robert C. Hinckley (1853-1940). Óleo sobre tela, 243 × 292 cm. Biblioteca Médica de Boston (Cambridge). Mesmo com o advento da anestesia, sem a antissepsia e assepsia, a mortalidade cirúrgica permanecia elevada. Joseph Lister (1827-1912) foi um cirurgião e pesquisador inglês nascido em Upton (Figu- ra 6) que estudou sobre os seguintes proce- dimentos químicos antissépticos: o emprego do ácido carbólico em feridas, o mergulho das mãos na solução de fenol, o desenvolvimen- to de suturas absorvíveis (TOWNSEND et al., 2003). Figura 6 Joseph Lister (1827-1912). 32 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Os cirurgiões alemães foram os primeiros a desenvolver as técnicas de bacteriologia e da teoria do germe, aplicando as teorias de Lister e sendo favoráveis à fervura e ao uso da auto- clave. Assim, a possibilidade de esterilização levou ao desenvol- vimento de aventais, lençóis, instrumentos, suturas estéreis, uso de máscaras, gorros, luvas e jalecos operatórios (TOWNSEND et al., 2003). 2.3. A ENFERMAGEM E A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CIRURGIA De acordo com Waldow (2008), a prática do cuidar remon- ta à criação da Enfermagem e era ligada a questões religiosas, pois tinha o intuito de oferecer conforto, abrigo e alimentos. A prática de se dedicar à caridade no trato de feridas esten- deu-se às guerras, na figura dos voluntários que cuidavam dos soldados durantes as batalhas. Porém, de acordo com Padilha (1999, p. 445-446): Com a reforma protestante, houve a expulsão das religiosas ca- tólicas dos hospitais, comprometendo os cuidados prestados. Nos hospitais, não havia praticamente organização, supervisão, e a remuneração paga a quem se dispusesse ao trabalho era reduzida, apesar da quantidade de trabalho. Assim, pessoas sem qualquer formação — até mesmo pros- titutas e bêbados — eram colocadas para cuidar dos enfermos. Essa fase foi considerada o período lúgubre da Enfermagem. Durante a Guerra da Crimeia (1853-1856), emergiu a figura de Florence Nightingale, considerada a fundadora da Enferma- gem moderna. Com o movimento reformista de Nightingale, o cuidar assumiu novas características. A higiene, a importância do 33© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA ambiente e a preocupação em praticar ações com conhecimento foram os principais traços que Florence demarcou na Enferma- gem (Figura 7). Figura 7 Florence Nightingale (1820-1910). Com o advento da Revolução Industrial e da Era Científica, as especialidades médicas adquiriram uma importância que se refletiu na Enfermagem. Esta passou a se mirar no modelo bio- médico, buscando caracterizar-se como ciência. A incorporação do saber científico em relação à Enferma- gem no centro cirúrgico ocorreu aos poucos, uma vez que par- tiu inicialmente da necessidade de os enfermeiros atuarem nos procedimentos cirúrgicos. As atividades iniciais de Enfermagem em centro cirúrgico estavam diretamente ligadas às técnicas as- sépticas propostas por Lister, que anunciavam ser as enfermeiras as responsáveis principalmente pelos cuidados com os instru- mentais. Além disso, a evolução da prática de Enfermagem na cirurgia teve ligação com a prestação da assistência nos campos de batalha (MARTINS, 2013). 34 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Assim, [...] a especificidade de centro cirúrgico para a enfermagem foi sendo desenvolvida através do campo prático pela necessidade emergente dos enfermeiros atuarem nos processos cirúrgicos, e aos poucos o conhecimento científico foi sendo incorporado para dar sustentação a esse saber (TURRINI et al., 2012). A partir de 1900, a atuação da Enfermagem em centro ci- rúrgico foi sendo incorporada na grade curricular das escolas. A partir daí, deu-se maior notoriedade à disciplina, baseada agora em conhecimentos científicos. Em 1954, nos Estados Unidos, foi criada a primeira organi- zação com o objetivo representar a Enfermagem em centro cirúr- gico, denominada Associação de Enfermeiras de Sala de Cirurgia (Association of Operating Room Nurses). Tal organização mo- dernizou-se e, em 1999, recebeu a denominação de Organiza- ção dos Enfermeiros Perioperatórios Registrados (Association of periOperative Registered Nurses). Até hoje, esta entidade é bas- tante atuante e representa os interesses de mais de 160 mil en- fermeiros perioperatórios credenciados, fornecendo educação e atualização no ensino de Enfermagem perioperatória americana. No Brasil, os cursos de graduação em Enfermagem seguem as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ministério da Educação, as quais se baseiam na formação do enfermeiro generalista, ou seja, aquele que possui embasamento teórico e prático para atuar nas diversas especialidades clínicas sem aprofundar o co- nhecimento em áreas específicas. Neste sentido, há variantes na formação do enfermeiro em centro cirúrgico, pois ela depende da grade do curso em desenvolvimento. Neste contexto, a disciplina Enfermagem em Centro Cirúr- gico é bastante complexa e específica. Na formação do enfer- 35© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA meiro generalista, tal disciplina abrange a explanação geral das atividades principais de atuação desse profissional em centro cirúrgico. 2.4. DOR Como pôde ser observado ao falarmos sobre anestesia, o controle da dor foi um divisor de águas para o desenvolvimento cirúrgico em todo o seu contexto, possibilitando que as cirurgias fossem realizadas de maneira mais minuciosa e causando meno- res danos ao paciente. A Agência Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e a Sociedade Americana de Dor relatam que a dor é o quinto sinal vital que deve sempre ser registrado ao mesmo tem- po em que se avalia os outros sinais vitais do paciente: tempera- tura, pulso, respiração e pressão arterial (SOUSA, 2002). Desta forma, a dor é definida pela Associação Internacio- nal para o Estudo da Dor (IASP – International Association for the Study of Pain) como uma experiência sensorial e emocional de- sagradável associada a dano tecidual real ou potencial, ou ainda descrita em termos de tal dano (IASP, 1994). A dor recebe várias classificações, de acordo com o tempo e a origem neurofisiológica. Veremos a seguir algumas delas. De acordo com o tempo Nesse caso, a dor pode ser classificada como: • Aguda: duração de minutos a três meses. • Crônica: duração acima de três meses. 36 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA • Recorrente: períodos de curta duração que se repetem com frequência variável. De origem neurofisiológica Aqui, podemos classificar a dor como: • Nociceptiva: deriva de uma lesão tecidual contínua. Neste caso, o sistema nervoso central se mantém ínte- gro. Esse tipo de dor ocorre quando há ativação dos no- ciceptores, que são receptores sensoriais que enviam si- nais causadores da percepção da dor em resposta a um estímulo potencial de dano. Os nociceptores são recep- tores silenciosos e não captam, respondem ou sentem estímulos normais. Apenas quando são estimulados por uma ameaça em potencial ao organismo humano,eles desencadeiam o reflexo da dor. Esse tipo de dor pode ser somático ou visceral. • Não nociceptiva: não possui uma lesão ativa. É decor- rente de um dano neurológico de origem psicossocial (LANA, 2018). O Dr. Pedro Pinheiro (2018), em seu texto, afirma que, para bloquear a sensação de dor, podemos agir em três pontos: 1. No local exato onde a injúria está ocorrendo por meio do bloqueio dos receptores da dor presentes na pele. 2. Na medula espinhal, bloqueando um sinal doloroso vindo de um nervo periférico, impedindo que o mesmo continue seu trajeto e chegue ao cérebro. 3. No cérebro, impedindo que o mesmo reconheça os sinais dolorosos que chegam a si. 37© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Ao consultar os textos e vídeos propostos no Tópico 3. 2, você irá aprofundar seus estudos sobre a dor e sobre as inter- faces com a assistência de Enfermagem. 2.5. ANESTESIA A anestesia corresponde a um procedimento médico me- diado por drogas que tem como principal objetivo bloquear a capacidade do cérebro em reconhecer os estímulos dolorosos por um período de tempo determinado. Os riscos que envolvem o procedimento anestésico podem ter associação com vários as- pectos, e os principais são: as condições do paciente, a especifi- cidade cirúrgica e o tipo de droga escolhida. O estímulo doloroso acaba sendo recebido pelos neuro- transmissores sensoriais (transdução), que o transmitem para o Sistema Nervoso Central – SNC (transmissão) e este, por sua vez, o "traduz" (percepção). Os anestésicos atuam bloqueando, por um determinado período de tempo, a sensação de dor em um dos três momentos do caminho da dor até o SNC (transdução – transmissão – per- cepção). Observe a Figura 8. 38 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Figura 8 Caminho da dor até o Sistema Nervoso Central (SNC). O risco anestésico possui diferentes classificações, de acor- do com os escores. A escala de classificação do risco anestésico foi proposta pela Sociedade Americana de Anestesiologistas (Ameri- can Society of Anesthesiologists – ASA). Observe o Quadro 1. Quadro 1 – Classificação da condição clínica de acordo com a ASA (American Society of Anesthesiologists) CLASSIFICAÇÃO DEFINIÇÃO ASA I Paciente sadio, ausência de alterações fisiológicas, bioquímicas ou psiquiátricas. ASA II Paciente com doença sistêmica de grau leve ou moderado. ASA III Paciente com doença grave que limita a atividade, mas não é incapacitante. ASA IV Paciente com doença severa, incapacitante, contribuindo para ameaça à vida. ASA V Paciente em fase terminal, que não se espera sobreviver sem a cirurgia. ASA VI Paciente com morte cerebral declarada, doador de órgãos em potencial. Fonte: adaptado de American Society of Anesthesiologists (2014). 39© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Basicamente, os tipos mais comuns de anestesias utiliza- das são: anestesia geral, anestesia peridural ou epidural, anes- tesia raquidiana e anestesia local. Você conhecerá a seguir cada uma delas! Anestesia geral A anestesia geral corresponde ao procedimento anestési- co em que ocorre a perda da consciência, o bloqueio da dor e o relaxamento do paciente operado por meio de agentes medica- mentosos intravenosos e/ou inalatórios. Observe, na Figura 9, a imagem de uma indução anestésica inalatória. Figura 9 Indução anestésica inalatória. 40 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Os gases anestésicos mais utilizados para esse tipo de pro- cedimento são: óxido nitroso, halotano, sevofluorano, desflura- no, isoflurano e enflurano. Em se tratando de medicamentos intravenosos utilizados para esse tipo de procedimento, os mais utilizados são: tiopen- tal, propofol, cetamina, etomidato e os opioides – fentanil, su- fentanil, alfentanil, remifentanil. Na anestesia geral é comum que a função respiratória seja complementada com aparelhos chamados ventiladores mecâ- nicos (ou respiradores artificiais). Nesses casos, os pulmões são conectados ao aparelho através de um tubo que é inserido na traqueia do paciente. A intubação traqueal é um procedimen- to especializado, realizado pelo médico anestesiologista, e que, ao contrário do que se pensa popularmente, costuma conferir grande segurança ao ato anestésico geral (SAEMS, 2018). Anestesia regional (bloqueio) A anestesia regional ou bloqueio refere-se a um proce- dimento anestésico em que há um bloqueio parcial da sensi- bilidade à dor, ou seja, o procedimento é realizado visando ao bloqueio da transmissão da dor somente em uma determinada região. Pode ser realizada por meio da injeção de medicamentos anestésicos em plexos nervosos, bloqueando assim a transmis- são da dor para o Sistema Nervoso Central. Os dois tipos de anestesia regional mais usados são: • Anestesia raquidiana (ou raquianestesia). • Anestesia peridural. Basicamente, o que diferencia os tipos de anestesia citados é o espaço do canal medular onde é feita a administração dos medicamentos anestésicos. Observe a Figura 10. 41© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Figura 10 Anestesia regional e sítios de administração medicamentosa. Os medicamentos mais utilizados para a indução da anes- tesia regional são: bupivacapina, lidocaína, procaína, mepivacaí- na, prilocaína. Anestesia raquidiana Para realizar a anestesia raquidiana, uma agulha de pe- queno calibre é inserida nas costas, de modo a atingir o espaço subaracnoide da coluna espinhal. Em seguida, um anestésico é injetado dentro do líquido espinhal (liquor) – bupivacapina, li- docaína, procaína, mepivacaína, prilocaína –, resultando em bloqueio simpático, bloqueio motor, analgesia e insensibilidade aos estímulos e produzindo dormência temporária e relaxamen- to muscular, principalmente dos membros inferiores. Por isso é muito utilizada em cirurgia que requer a anestesia de regiões in- fraumbilicais e de membros inferiores. 42 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Anestesia peridural A anestesia peridural é muito semelhante à anestesia ra- quidiana, porém a administração de medicamentos anestésicos é feita na região peridural e consiste na manutenção contínua de um cateter nesse espaço, podendo permanecer com a infusão de medicamentos analgésicos por horas no pós-operatório. • Nas cirurgias de joelho e de quadril há a indicação da anestesia peridural a fim de que o paciente consiga rea- lizar a fisioterapia motora requerida no pós-operatório, recebendo a infusão do analgésico por meio do cateter peridural. • A anestesia peridural é comumente usada durante o parto normal. Cefaleia pós-raquianestesia Segundo Cangiani et al. (2011, n.p.): A complicação mais comum das anestesias raquidianas e peri- durais é a dor de cabeça que ocorre quando há extravasamen- to de liquor pelo furo feito pela agulha no canal espinhal. Essa perda de líquido provoca uma redução da pressão do liquor ao redor de todo o sistema nervoso central, sendo esta a causa da dor de cabeça. Atualmente, a tecnologia avançada utilizada nos cateteres anestésicos, com calibres menores e maior precisão, tem dimi- nuído a incidência das chamadas cefaleias pós-raqui. Em contra- partida, quando elas ocorrem, a conduta inicial deve ser hidratar bastante o paciente visando à reposição de líquidos perdidos. 43© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Nos casos mais acentuados, o anestesiologista pode indi- car a realizaçãodo procedimento denominado "tampão sanguí- neo" (mais conhecido como blood patch), que consiste na retira- da de aproximadamente 20 mL de sangue venoso do paciente e reinjetá-lo por via raquidiana no espaço do canal espinhal. Anestesia local A anestesia local corresponde a um procedimento anesté- sico que visa ao bloqueio superficial da dor, sendo mais utilizada em procedimentos que envolvem operações superficiais, como na pele. Diferentemente dos outros tipos de anestesia, esta pode ser realizada por outro especialista que não seja anestesiologis- ta. Vale mencionar que esta anestesia compreende a utilização de uma pequena quantidade de droga anestésica, como a lido- caína, a rupivacaína e a bupivacaína. 2.6. CUIDADOS DE ENFERMAGEM DURANTE O PROCEDIMEN� TO ANESTÉSICO Segundo Lemos e Peniche (2016, p. 159): A escolha do tipo de anestesia é de responsabilidade do aneste- siologista e varia de acordo com condições clínicas do paciente, ou seja, doenças preexistentes, condições mentais e psicoló- gicas do paciente, tempo de recuperação pós-operatória, pre- sença de dor pós-operatória, tipo e duração do procedimento cirúrgico, além da posição do paciente durante a cirurgia. A ava- liação das ações de enfermagem prestadas durante o ato anes- tésico tem como finalidade identificar as atividades da equipe de enfermagem na sala cirúrgica durante a anestesia e como estas atividades podem contribuir para a segurança do paciente e planejamento da assistência. 44 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Assim, a realização da avaliação pré-operatória de Enfer- magem possibilita a averiguação da condição do paciente e do levantamento do seu histórico de saúde. Junto com a avaliação pré-anestésica feita pelo médico, ela traz uma maior segurança ao ato anestésico e à própria cirurgia. Assim, a realização de uma anamnese e do seu registro pelo enfermeiro é primordial para a segurança deste paciente. Desse modo, o enfermeiro deve se atentar ao histórico de saúde do paciente em relação a: 1) alergias; 2) doenças pregressas; 3) uso domiciliar de medicamentos e dosagem; 4) tempo de jejum; 5) experiências cirúrgicas anteriores e maiores intercor- rências em relação ao ato anestésico. Durante o ato anestésico, o enfermeiro provê o anestesio- logista e o auxilia em relação a separação de materiais, equipa- mentos, posicionamento do paciente e aquecimento corporal, já que alguns medicamentos anestésicos tendem a diminuir o metabolismo e, consequentemente, causar hipotermia. Além disso, no término do ato anestésico, o paciente é encaminhado à Recuperação Pós-Anestésica, onde perma- nece em monitorização contínua e requer assistência acirra- da até o momento da alta da recuperação pós-anestésica pelo anestesiologista. O Manual de Práticas Recomendadas SOBECC (SOBECC, 2013) orienta ainda que o enfermeiro também deve estar atento às possíveis complicações decorrentes da anestesia, vejamos a seguir. 45© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Complicações decorrentes da anestesia ––––––––––––––– Relacionadas à anestesia local • Reações tóxicas locais. • Reações tóxicas sistêmicas. • Reações graves (se as reações tóxicas não forem atendidas rapidamente): hipotensão, bradicardia, arritmia, sudorese, palidez, ansiedade, tontura, convulsões, depressão respiratória e parada cardíaca. Relacionadas à anestesia geral • Sedação insuficiente. • Complicações respiratórias: hipóxia, broncoespasmo, aspiração do conteúdo gástrico (Síndrome de Mendelson), apneia. • Complicações cardiovasculares: bradicardias, arritmias, hipotensão, hipertensão, embolia, parada cardíaca. • Complicações neurológicas: anóxia cerebral, cefaleia, convulsões. • Complicações digestivas: parada da motilidade intestinal, insuficiência hepática. • Hipertermia maligna: é uma desordem farmacogenética potencialmente fatal. Durante a crise, os anestésicos inalatórios, os relaxantes musculares (succinilcolina) são os gatilhos para desencadear um imenso acúmulo de cálcio (Ca2+) no mioplasma, o que leva a uma aceleração do metabolismo e à atividade contrátil do músculo esquelético. Esse estado hipermetabólico gera calor e leva à hipoxemia, acidose metabólica, rabdomiólise e a um rápido aumento da temperatura corporal, que pode ser fatal se não reconhecida e tratada precocemente. Relacionadas à raquianestesia • Cefaleia pós-raquianestesia. • Retenção urinária. • Hipotensão por bloqueio de nervos simpáticos. • Lesão das raízes nervosas. • Hematoma espinhal. • Meningites sépticas – decorrentes da contaminação do liquor por germes patogênicos. 46 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA • Meningites assépticas – decorrentes da irritação meníngea. • Síndrome da cauda equina – disfunção vesical e intestinal, perda da sensibilidade do períneo e fraqueza de membros inferiores decorrentes do trauma das raízes nervosas, isquemia, infecção ou reações neurológicas. Relacionada à anestesia peridural • Cefaleia por punção subaracnoide acidental. • Retenção urinária. • Hipotensão e bradicardia por bloqueio de nervos simpáticos. • Abscesso epidural – por infecção local. • Hematoma peridural. • Dor lombar. Relacionadas aos bloqueios de nervos periféricos • Lesões de plexo. • Hematomas. Fonte: Galvão (2015). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A monitorização e a observação da equipe de Enfermagem devem ser criteriosas a fim de que a identificação de qualquer alteração no estado do paciente possa viabilizar medidas ime- diatas para sua estabilização, juntamente com a equipe médica. Com a consulta aos materiais indicados no Tópico 3. 3, você vai conhecer com maiores detalhes a história e a evolu- ção das cirurgias e dos procedimentos anestésicos, além dos cuidados de Enfermagem durante o processo anestésico. 47© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Vi- deoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. • Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e sele- cione: Enfermagem Cirúrgica, Central de Material e Esterilização – Ví- deos Complementares – Complementar 1. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmen- te os conteúdos apresentados nesta unidade. 3.1. A ENFERMAGEM E A HISTÓRIA DA CIRURGIA Os conteúdos disponibilizados a seguir são imprescindíveis para complementar e aprofundar os estudos. Além disso, eles trazem conhecimentos importantes a respeito da atuação da En- fermagem em ambiente cirúrgico. • AZEVEDO, J. L. Videocirurgia – histórico e aspectos atuais. Metodologia João Luiz. TV Unifesp. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LBKFCPxQVrk>. Acesso em: 27 out. 2018. • WALDOW, V. R. Atualização do cuidar. Aquichán, Bogotá, v. 8, n. 1, jan./jun. 2008. Disponível em: <http://www. scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1657- 48 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA 59972008000100008&lng=pt>. Acesso em: 27 out. 2018. • SANTANA, E. et al. Florence Nightingale – Biografia. 2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=rEiSBsIXRL4> Acesso em: 27 out.2018. 3.2. DOR A dor é considerada como o quinto sinal vital; assim, muito se investiga sobre ela. Ao acessar os materiais disponibilizados a seguir, podemos nos aprofundar sobre este tema. • SBED – Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. O que é dor? Disponível em: <http://www.sbed.org.br/ materias.php?cd_secao=76>. Acesso em: 27 out. 2018. • SOUSA, F. A. E. F. Dor: o quinto sinal vital. Revista Latino-Am. de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 10, n. 3, p. 446-447, maio-jun. 2002. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S0104-11692002000300020>. Acesso em: 27 out. 2018. • BOTTEGA, F. H.; FONTANA, R. T. A dor como quinto sinal vital: utilização da escala de avaliação por enfermeiros de um hospital geral. Texto Contexto Enferm., Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 283-290, jun. 2010. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/tce/v19n2/09>. Acesso em: 27 out. 2018. • ALTMAYER, S. Fisiologia da dor. 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=yIHeN8g2E_0>. Acesso em: 27 out. 2018. 49© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA • REDE GLOBO. Programa Bem-Estar – Dor – 1ª parte. 27 out. 2011. Parte 1. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=RGeIbQ2FqGc>. Acesso em: 27 out. 2018. 3.3. ANESTESIA E CUIDADOS DE ENFERMAGEM DURANTE O PROCEDIMENTO ANESTÉSICO A Enfermagem desempenha um papel fundamental duran- te o ato anestésico. O aperfeiçoamento do cuidado e uma assis- tência pautada na qualidade trazem benefícios na recuperação do paciente cirúrgico. Nesse contexto, os materiais indicados a seguir podem elu- cidar ainda mais sobre a atuação da Enfermagem no ato anes- tésico e sobre a evolução das cirurgias após a descoberta da anestesia. • THE BMJ. Joseph Lister – Surgery transformed. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=eKaaSxENXYM&t=79s>. Acesso em: 27 out. 2018. • MEDEIROS, N. História da anestesia. 2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=iqV57fgbgZw&t=83s>. Acesso em: 27 out. 2018. • SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANESTESIOLOGIA. Anestésicos inalatórios. Disponível em: <https:// w w w . y o u t u b e . c o m / w a t c h ? v = h - n l Z m a - cOw&list=PLn7jdLc3FeciEHYRKxjQmo-0MlpRquYDm>. Acesso em: 27 out. 2018. 50 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA • FISIOFORMA. Entrevista Dr. João Abrão Anestesista. Programa TPM, 19 mar. 2008. Parte 2. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YaT4t7ONvv0>. Acesso em: 27 out. 2018. • LEMOS, C. S; PENICHE A. C. G. Assistência de enfermagem no procedimento anestésico: revisão integrativa. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 50, n. 1, p. 158- 166, 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ reeusp/v50n1/pt_0080-6234-reeusp-50-01-0158.pdf>. Acesso em: 27 out. 2018. • ENFERMAGEM ATUAL. Anestesiologia em enfermagem. 2011. Disponível em: <http://enfeatual.blogspot.com. br/2011/03/anestesiologia-em-enfermagem.html>. Acesso em: 27 out. 2018. • SANTOS, M. Enfermagem cirúrgica: anestesia. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=RzFYOud-poA>. Acesso em: 27 out. 2018. • SO ENFERMAGEM. Anestesias gerais. 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=g80k7PKSnng>. Acesso em: 27 out. 2018. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú- dos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) Assinale a alternativa que corresponde aos quatro pré-requisitos clínicos fundamentais em que os cirurgiões se apoiaram para que o procedimento cirúrgico fosse considerado viável. 51© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA a) Anatomia humana, controle da hemorragia, anestesia, natureza e con- trole da infecção. b) Farmacologia, mecânica de fluidos, bioquímica e genética. c) Anestesia, hematologia, ortopedia e parasitologia. d) Imunologia, tração esquelética, fisiologia respiratória e antibioticoterapia. 2) A descoberta da anestesia proporcionou grandes avanços na cirurgia, jun- tamente com a descoberta do: a) Cateter central de passagem periférica (PICC). b) Bisturi elétrico. c) Óculos de proteção individual. d) Controle da infecção, antissepsia e assepsia cirúrgica. e) Foco cirúrgico. 3) Florence Nightingale é considerada a fundadora da Enfermagem moder- na, pois empregou técnicas que mudaram a forma do cuidar, as quais po- demos citar: a) Uso da anestesia local e bloqueios. b) Higiene, a importância do ambiente e a preocupação em praticar as ações com conhecimento. c) Posicionamento cirúrgico em sala operatória e utilização de clorexidina. d) Instrumentação cirúrgica e aquecimento de soros. 4) O ato cirúrgico requer prévia avaliação clínica do paciente. Algumas condi- ções clínicas aumentam o risco cirúrgico, exceto a: a) Obesidade. b) Apirexia. c) Hiperglicemia. d) Leucocitose. e) Hipertensão. 5) Com relação à assistência de Enfermagem ao paciente cirúrgico, julgue os itens subsecutivos. 52 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA A ocorrência de hipotermia no paciente em transoperatório deve ser pre- venida para evitar complicações severas, como arritmias cardíacas, inci- dência de infecção do sítio cirúrgico, sangramentos e a ampliação da per- manência do paciente na sala de recuperação pós-anestésica. a) Certo. b) Errado. 6) Acerca da recepção e das medidas de segurança do paciente no ambiente cirúrgico, julgue os itens seguintes. O enfermeiro e sua equipe são os responsáveis pela segurança e pelo conforto do paciente em todos os momentos de sua presença no centro cirúrgico. a) Certo. b) Errado. 7) O posicionamento cirúrgico do paciente é um procedimento de grande complexidade que, se não for realizado de forma adequada, pode com- prometer a sua saúde física e mental. Com respeito ao posicionamento do paciente, julgue os itens seguintes. O posicionamento cirúrgico, que tem caráter multidisciplinar, deve ser individualizado, adaptado às necessidades de cada pessoa e aos procedi- mentos previstos. a) Certo. b) Errado. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas: 1) a. 2) d. 3) b. 4) a. 53© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA 5) a. 6) a. 7) a. 5. CONSIDERAÇÕES Finalizamos esta primeira unidade, na qual buscamos con- textualizar a história da cirurgia para uma melhor compreensão do passado e o entendimento da evolução da cirurgia ao longo dos tempos até os dias atuais. Abordamos a relevância de pro- cedimentos cirúrgicos nas várias fases históricas dos povos e a descoberta da anestesia e do controle da infecção como marcos para o sucesso dos procedimentos cirúrgicos. Também tratamos sobre a ação da anestesia, os cuidados em ambiente cirúrgico e a imprescindibilidade das ações de enfermagem para esse desenvolvimento. Na próxima unidade, nos aprofundaremos na temática Anestesia, tratando de sua fundamental importância nos proce- dimentos cirúrgicos e do emprego de suas diferentes formas. 6. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 Realização da trepanação na Antiguidade. Disponível em: <http://tantettaus. blogspot.com.br/2013/07/cultura-de-paracas.html>. Acesso em: 28 out. 2018. Figura 2 Antigo cartão-postal da Primeira Guerra Mundial. Ato cirúrgico da trepanação. Disponível em: <https://br.depositphotos.com/22022565/stock-photo-old-postcard- of-the-war.html>. Acesso em: 28 out. 2018. 54 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIAFigura 3 O cateter urinário – com um tubo de metal inserido através da uretra para a bexiga – foi utilizado pela primeira vez em meados dos anos 1300. Disponível em: <http://zitosloko.blogspot.com.br/2009/06/10-inacreditaveis-tratamentos-medicos. html>. Acesso em: 28 out. 2018. Figura 4 Reprodução da primeira cirurgia com anestesia geral. Thomas Green Morton, o inventor da anestesia. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1676-24442009000400001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 28 out. 2018. Figura 5 Primeira anestesia com éter (1894). Robert C. Hinckley (1853 – 1940). Óleo sobre tela, 243 x 292 cm. Biblioteca Médica de Boston. (Cambridge). Disponível em: <http://medicineisart.blogspot.com.br/2010/12/primeira-anestesia-com-eter.html>. Acesso em: 28 out. 2018. Figura 6 Joseph Lister (1827-1912). Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/ biografias/joseph-lister.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 28 out. 2018. Figura 7 Florence Nightingale (1820-1910). Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/ wiki/Florence_Nightingale>. Acesso em: 28 out. 2018. Figura 8 Caminho da dor até o Sistema Nervoso Central (SNC). Disponível em: <http:// www.dol.inf.br/html/compreendendodor.html>. Acesso em: 28 out. 2018. Figura 9 Indução anestésica inalatória. Disponível em: <http://www. cirurgiaplasticajundiai.com/e-a-anestesia-geral-seguro-em-cirurgia-plastica/>. Acesso em: 28 out. 2018. Figura 10 Anestesia regional e sítios de administração medicamentosa. Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2012/11/tipos-de-anestesia.html>. Acesso em: 28 out. 2018. Sites pesquisados ASA – American Society of Anesthesiologists. ASA Physical Status Classification System. Disponível em: <http://www.asahq.org/resources/clinical-information/asa-physical- status-classification-system>. Acesso em: 21 set. 2018. GALVÃO, E. Anestesias: conheça os tipos e complicações. Disponível em: <http:// saudeexperts.com.br/anestesias-conheca-os-tipos-e-complicacoes/>. Acesso em: 27 out. 2018. IASP. Taxonomia da dor. Disponível em: <http://www.iasp-pain.org/index.aspx>. Acesso em: 21 set. 2018. 55© ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA LANA, J. F. Dor nociceptiva, neuropática e mista, o que são? Disponível em: <http:// institutomor.blogspot.com.br/2011/07/dores-nociceptiva-neuropatica-e-mista-o. html>. Acesso em: 28 out. 2018. LEMOS, C. S.; PENICHE, A. C. G. Assistência de enfermagem no procedimento anestésico: revisão integrativa. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 50, n. 1, p. 158-166, 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v50n1/pt_0080- 6234-reeusp-50-01-0158.pdf>. Acesso em: 28 out. 2018. PADILHA, M. I. C. de S. As representaçoes da história da Enfermagem na prática cotidiana atual. R. Bras. Enferm., Brasilia, v. 52, n. 3, p. 443-454, jul.lset 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v52n3/v52n3a14.pdf>. Acesso em: 1 nov. 2018. PINHEIRO, P. Tipos de anestesia – geral, local e raquidiana e peridural. 13 ago. 2018. Disponível em: <https://www.mdsaude.com/2012/11/tipos-de-anestesia.html>. Acesso em: 28 out. 2018. REZENDE, J. M. Cirurgia e patologia. Acta Cir. Bras., São Paulo v. 20, n. 5, set./out. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 86502005000500001&lng=en>. Acesso em: 28 out. 2018. SABBATINI, R. M. E. A história da psicocirurgia. 1997. Disponível em: <http://www. cerebromente.org.br/n02/historia/psicocirg_p.htm>. Acesso em: 28 out. 2018. SAEMS – SOCIEDADE DE ANESTESIOLOGIA DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL. O que é anestesia geral? Disponível em: <http://www.saems.com.br/o-que-e-anestesia- geral/>. Acesso em: 30 out. 2018. SBED – SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA DOR. Porque a dor é uma questão também de Saúde Pública! Disponível em: <http://www.sbed.org.br/materias. php?cd_secao=74>. Acesso em: 28 out. 2018. SOUSA, F. A. E. F. Dor: o quinto sinal vital. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 10, n. 3, p. 446-447, jun. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692002000300020>. Acesso em: 28 out. 2018. TURRINI, R. N. T.; et. al. Ensino de Enfermagem em centro cirúrgico: transformações da disciplina na Escola de Enfermagem da USP. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 46, n. 5, out. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342012000500032&Ing=en&nrm=iso>. Acesso em: 28 out. 2018. WALDOW, V. R. Atualização do cuidar. Aquichán, Bogotá, v. 8, n. 1, jan./jun. 2008. Disponível em: <http://aquichan.unisabana.edu.co/index.php/aquichan/rt/ printerFriendly/126/253>. Acesso em: 28 out. 2018. 56 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E ANESTESIA 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AULER JR., J. O. C. et al. (Orgs.). Anestesiologia Básica. Barueri: Manole, 2011. CANGIANI, L. M. et al. Tratado de anestesiologia. 7. ed. São Paulo: Atheneu, 2011. MARTINS, F. B. Atividades gerenciais do enfermeiro em Centro Cirúrgico. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Enfermagem, Pós- Graduação em Enfermagem, Porto Alegre, 2013. TOWNSEND, C et al. Sabiston – Tratado de cirurgia: as bases biológicas da prática cirúrgica moderna. 17. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. SOBECC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE CENTRO CIRÚRGICO, RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO. Práticas Recomendadas SOBECC. 6. ed. rev. e atual. São Paulo: Manole, 2013. TALAMONI, A. C. B. Anatomia, ensino e entretenimento. In: ______. Os nervos e os ossos do ofício: uma análise etnológica da aula de Anatomia. São Paulo: Unesp, 2014. p. 23-37. 57 CENTRO CIRÚRGICO, FERIDA CIRÚRGICA E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA Objetivos • Relacionar as normativas vigentes que regulamentam a estrutura or- ganizacional e funcional do Centro Cirúrgico (CC). • Conhecer o fluxo de atividades dentro do centro cirúrgico. • Identificar as várias denominações cirúrgicas e seus critérios de classificação. • Compreender sobre ferida cirúrgica e seus aspectos anatomofisiológi- cos, assim como os cuidados pertinentes. • Conhecer os procedimentos necessários para a prática da assistência de Enfermagem perioperatória. • Aprender sobre a assistência de Enfermagem perioperatória ao pa- ciente em todas as suas fases: planejamento, implementação e avalia- ção do cuidado: pré-operatório imediato; transoperatório; recupera- ção anestésica e pós-operatório imediato. Conteúdos • Centro cirúrgico. • Período perioperatório. • Classificação das cirurgias. • Revisão anatômica e fisiológica do sistema tegumentar. • Feridas cirúrgicas. • Cuidados de Enfermagem com a ferida cirúrgica. • Assistência de Enfermagem perioperatória. UNIDADE 2 58 © ENFERMAGEM CIRÚRGICA, CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO UNIDADE 2 – CENTRO CIRÚRGICO, FERIDA CIRÚRGICA E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA • Sistematização da assistência de Enfermagem perioperatória. • Recuperação pós-anestésica. • Assistência de enfermagem na recuperação pós-anestésica. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bi- bliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 2) Contextualize as normativas/regulamentações vigentes relacionadas ao Centro Cirúrgico com as atividades de Enfermagem que são executadas nesse setor. 3) Atente-se aos cuidados de Enfermagem relacionados à ferida cirúrgica e ao papel primordial na assistência ao paciente cirúrgico mediante a com- plexidade do ambiente apresentado.
Compartilhar