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5 Complexo de golgi ESTRUTURA O CG é o local de modificação, seleção, endereçamento e transporte de biomoléculas, além de ser um dos principais sítios de produção de carboidratos dentro da célula. Esta organela, descrita pela primeira vez em 1898 pelo citologista italiano Camillo Golgi, tem uma estrutura característica, composta por cinco a oito cisternas (em média) planas, em forma de disco, definidas por membrana e dispostas em pilha. O CG é uma organela central do sistema de endomembranas das células eucarióticas e na maioria dos organismos o CG é organizado como uma pilha de sáculos achatados (cisternas) sobrepostos em corte transversal e organizados de modo polarizado (de cis para trans). Estrutura do complexo de Golgi. Como vimos anteriormente, o CG é composto por aproximadamente de cinco a oito cisternas mantidas unidas por proteínas de matriz, sendo que o conjunto do CG é suportado por microtúbulos citoplasmáticos. Entretanto, o número de cisternas pode variar dependendo do tipo e estado fisiológico da célula. Se você observar atentamente as figuras acima vai ver que não existe comunicação física entre as cisternas, ou seja, as cisternas são sáculos achatados e sobrepostos sem continuidade entre eles. Desta forma, a comunicação entre as cisternas é realizada através de vesículas. O CG possui três compartimentos primários, geralmente conhecidos como “cis” (cisternas mais próximas do retículo endoplasmático), “medial” (camadas centrais das cisternas) e “trans” (cisternas mais distantes do retículo endoplasmático). Duas redes, a rede cis e a rede trans do Golgi, compostas pelas cisternas mais externas nas faces cis e trans, são responsáveis pela tarefa essencial de classificar as proteínas e lipídios que são recebidos (na face cis) ou liberados (na face trans) pela organela. Desta forma, podemos dizer que o próprio CG é estruturalmente polarizado, consistindo de uma face “cis”, que é o sítio de entrada do CG e se localiza perto da região transicional do RER, um segmento medial e uma face “trans”, que é o sítio de saída do CG e se localiza perto da membrana celular. É interessante notar que a face cis do CG apresenta estrutura convexa, enquanto que a face trans apresenta estrutura côncava. Assim, podemos dizer que a face cis é a face convexa onde se fundem as vesículas de transição ou transporte pequenas que vem do retículo endoplasmático contendo biomoléculas que serão processadas e endereçadas no CG. Já a face trans é a face côncava onde são liberadas vesículas de secreção grandes contendo o material que já foi processado e endereçado pe lo CG. As faces cis e trans do CG são bioquimicamente distintas sendo que o conteúdo enzimático de cada segmento é bastante diferente. Além disso, a composição e a espessura das membranas que compõem as cisternas das faces cis e trans também são diferentes. As membranas da face cis são geralmente mais finas que as membranas das outras regiões. As enzimas encontradas na luz das cisternas do CG são diferentes pois cada região do Golgi tem uma função. Sendo assim, a composição bioquímica das cisternas varia de acordo com a sua função. Proteínas e glicoproteínas da membrana celular, proteínas lisossômicas e alguns glicolipídios passam, em algum momento, pela estrutura do complexo de Golgi para que sejam processados. Atualmente, sabemos que o CG é responsável por desempenhar grande número de funções dentro da célula. Essas funções incluem as já consagradas funções dessa organela na via biossintética-secretora, além de funções diversas que tornam esta organela um componente ativo das vias celulares que controlam a divisão celular, a organização e a dinâmica do citoesqueleto, a homeostase do cálcio e eventos de sinalização celular, entre outras. Neste módulo, vamos abordar especificamente as funções clássicas de síntese, processamento e transporte de vesículas realizadas pelo CG que atua na separação e endereçamento de moléculas produzidas pela célula, ou seja, proteínas e lipídeos https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2018/09/aula_biocel_top6_img02.jpg sintetizados pelo retículo endoplasmático (RER e REL, respectivamente) são enviados para o CG que processa, seleciona, endereça e transporta estas moléculas até seus destinos. Antes de começarmos a falar das funções específicas do CG, vamos entender o que é uma via biossintética-secretora e uma via endocítica na célula? Essas vias envolvem o transporte de moléculas de dentro da célula para fora da célula e vice-versa, ou seja, de fora para dentro da célula. Na via biossintética-secretora as moléculas produzidas no retículo endoplasmático, são direcionadas ao CG, onde serão processadas, selecionadas e endereçadas à superfície celular para serem mandas para fora da célula. Já na via endocítica as moléculas localizadas do lado de fora da célula podem ser transportadas para dentro da célula, fazendo o caminho inverso, ou seja, da superfície celular, as moléculas são internalizadas em vesículas que são direcionadas a compartimentos específicos dentro da célula. O esquema abaixo representa, resumidamente, a via biossintética- secretora (setas azuis) e endocítica (seta laranja) das células eucariotas. Por meio da via biossintética-secretora as células enviam proteínas, lipídeos e carboidratos recém-sintetizados para a membrana plasmática ou para o meio extracelular. Pelo caminho inverso, as células retiram da membrana plasmática biomoléculas que necessitam ser recicladas ou mesmo degradadas. Além disso, pela via endocítica, as células podem capturar nutrientes importantes que serão utilizados em diferentes processos biossintéticos ou mesmo agentes agressores, como microrganismos, para serem degradados. Veremos especificamente os processos de transporte para dentro e para fora da célula mais adiante, em um módulo no final da disciplina. Neste módulo, vamos falar sobre o papel do CG na via biossintética-secretora e endocítica. Uma estrutura muito importante para o funcionamento da via biossintética-secretora são as vesículas de transporte. Estas vesículas precisam apresentar características bastante específicas, por exemplo, vesículas que brotam do CG contendo proteínas da membrana plasmática, devem ser direcionadas à membrana, conter exclusivamente biomo léculas que serão incorporadas à membrana e se fundir especificamente à esta estrutura da célula. Mas como estas vesículas de transporte sabem seu destino dentro da célula? Como elas sabem para qual compartimento celular devem migrar? A resposta para estas perguntas é que a membrana das vesículas possui componentes específicos, denominados marcadores de membrana, que revestem as vesículas e as direcionam para os compartimentos de destino. O CG tem um papel bem estabelecido como organela responsável pelo processamento e triagem no transporte de proteínas transmembranas e solúveis para seus destinos na célula. O GC recebe proteínas e lipídeos recém-sintetizados do retículo endoplasmático. O tráfego entre o retículo endoplasmático e o CG envolve complexos de revestimento vesicular que permitem direcionar conteúdos distintos para organelas específicas. Existem três tipos de vesículas com proteínas de revestimento bem caracterizadas. São elas: • Vesículas revestidas por clatrina • Vesículas revestidas por COPI (complexo de proteína de revestimento I) • Vesículas revestidas por COPII (complexo de proteína de revestimento II) Cada tipo de proteína de revestimento determina a etapa do processo de transporte dentro da célula em que a vesícula será necessária. Por exemplo, as vesículas revestidas por clatrina estão relacionadas ao transporte a partir do CG e da membrana plasmática. Vesículas revestidas por COPI e COPII estão relacionadas ao transporte a partir do retículo endoplasmático e do CG, sendo que as vesículas com COPI estão relacionadas à reciclagem de moléculas do CG de volta para o retículoendoplasmático, em um tipo de transporte denominado retrógrado, enquanto que as vesículas com COPII estão relacionadas ao transporte do retículo endoplasmático em direção ao CG, denominado anterógrado. Como acabamos de ver, as vesículas de transporte de moléculas dentro da célula podem ser revestidas por proteínas. As vesículas revestidas por clatrina, transportam moléculas entre os compartimentos celulares, assim como moléculas vindas da membrana plasmática. Por outro lado, as vesículas revestidas por COPI e por COPII transportam moléculas entre os compartimentos da via secretora, sendo que COPI revestem vesículas originadas no CG e COPII revestem vesículas originadas no ret ículo endoplasmático. Mas como estas vesículas conseguem transportar moléculas até os compartimentos de destino? Por exemplo, como uma vesícula produzida no retículo endoplasmático, consegue transportar seu conteúdo até o CG? Como acabamos de ver, a transferência de material entre os compartimentos celulares é mediada por vesículas transportadoras que brotam de uma membrana e se fundem com outra. Nas últimas décadas, um progresso considerável foi feito na https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2018/09/aula_biocel_top6_img03-768x752.jpg identificação do maquinário molecular que mantém e regula o tráfego de membranas. Cada reação de transporte de vesículas pode ser dividida em quatro etapas essenciais que incluem: brotamento, transporte, ancoramento e fusão de vesículas. Essas etapas são rigorosamente reguladas para garantir que as vesículas geradas a partir de um compartimento doador sejam entregues ao seu compartimento de destino (receptor) correto. Como vimos, existem proteínas que revestem as vesículas de transporte. Estas proteínas (clatrina, COPI e COPII) estão diretamente relacionadas à etapa de brotamento das vesículas uma vez que são recrutadas para a membrana do compartimento doador para induzir a formação de uma vesícula. Após a etapa de brotamento, temos a etapa de transporte em que a vesícula se move em direção ao compartimento-alvo (receptor) por difusão ou com o auxílio do citoesqueleto. A próxima etapa é denominada ancoramento. Nesta etapa as proteínas efetoras de Rab localizadas na membrana do compartimento-alvo, interagem com proteínas Rab ativas (Rab-GTPs) localizadas na membrana da vesícula, para ancorar (prender) a vesícula à membrana do compartimento receptor. Por fim, a última etapa deste processo, denominada fusão, ocorre quando a vesícula de transporte se funde à membrana do compartimento-alvo (receptor). Para isso, existe uma outra classe de proteínas que participam ativamente desta etapa, as proteínas SNARE. Associada à vesícula encontra-se a proteína v-SNARE, enquanto que associada à membrana do compartimento-alvo encontramos a proteína t-SNARE. Durante a etapa de fusão, acontece a interação entre as proteínas v-SNARE e t-SNARE formando um complexo que conduz a fusão da vesícula à membrana do compartimento- alvo e a entrega da “carga” (moléculas” carregadas por esta vesícula. Funções do Complexo de Golgi Como vimos no início deste módulo, o CG é uma organela membranosa que apresenta diferentes funções nas células eucarióticas. Entre as funções do CG podemos destacar o processamento, seleção, endereçamento, transporte e secreção de biomoléculas. Entretanto, o CG possui outras funções. Ele é responsável pela síntese de carboidratos (polissacarídeos), pela proliferação das membranas celulares, pela formação do acrossomo, pela formação dos lisossomos, entre outras. Antes de falarmos do principal papel do CG nas células eucariotas, vamos aprender um pouco sobre suas outras funções. O CG possui papel essencial na síntese de polissacarídeos nos animais eucariotos. A maioria dos polissacarídeos do tipo glicosaminoglicanos encontrados na matriz extracelular são produzidos no lúmen do CG. Grande parte dos carboidratos produzidos no CG encontram-se ligados à proteínas e lipídeos. Na parede da via respiratória humana, encontramos um tipo de célula, chamada de caliciforme ou célula de Goblet, cuja função é produzir e secretar grande quantidade de muco. A principal função do muco produzido pelas células caliciformes é de proteção. Este muco é formado por glicoproteínas e proteoglicanos. Nas células especializadas em secreção de muco o CG é abundante. Célula de Goblet. Outra função desempenhada pelo CG é a formação do acrossomo, uma estrutura encontrada na cabeça dos espermatozoides. O acrossomo é composto por grande quantidade de enzimas hidrolíticas que tem como função realizar a digestão da zona pelúcida do óvulo durante a fecundação. O acrossomo é formado a partir da fusão de vesículas produzidas no CG. O CG também tem como função a formação de lisossomos que são organelas celulares responsáveis pela digestão intracelular. Os lisossomos realizam a digestão de organelas e moléculas para reciclagem, além de atuarem na destruição de microrganismos. Esta organela será estudada no próximo módulo. Agora que já conhecemos algumas funções do CG e entendemos os processos de brotamento (origem), transporte, ancoramento e fusão de vesículas, vamos estudar a principal função do CG: o processamento, seleção, endereçamento, transporte e secreção de biomoléculas. O CG está presente nas células eucarióticas como um ou mais grupos de compartimentos ou sacos achatados delimitados por membrana. Eles estão localizados muito perto do RER e, portanto, perto do núcleo. https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2018/09/aula_biocel_top6_img07-768x405.jpg https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2018/09/aula_biocel_top6_img08.jpg As cisternas do CG se assemelham a uma pilha de pães Pitta (esse pão parece com um “envelope”, é um pão folha que pode ser recheado e consumido como um sandu íche) sendo que o topo e o fundo não são lisos, mas têm as superfícies externas mais abertas. O número de conjuntos de CG em uma célula pode ser bastante variável. Células secretoras especializadas contêm mais conjuntos de CG do que outras células. Se utilizarmos uma analogia, em termos não biológicos, o CG pode ser comparado com uma agência dos correios, sendo dividido em três seções principais: 1. Recebimento de mercadorias 2. Área de processamento principal de mercadorias 3. Envio de mercadorias Em termos de biologia celular, essas três seções são as seguintes: Rede cis Golgi (recebimento de mercadorias) - é a área de entrada do CG. Nesta região do CG, chegam as chamadas vesículas de transição/transporte originadas no retículo endoplasmático. Estas vesículas trazem biomoléculas (mercadorias) para serem processadas no CG. Pilha do Golgi (área de processamento principal de mercadorias) - esta seção é composta de um número variável de sacos achatados chamados cisternas. As cisternas da pilha de Golgi são divididas em três áreas de trabalho: cisternas ou face cis, cisternas ou face medial e cisternas ou face trans. Rede Golgi trans (envio de mercadorias) - esta seção está diretamente conectada às cisternas trans e é aqui que as reações finais (processamento) e a classificação (endereçamento) ocorrem. As biomoléculas são empacotadas em gotículas ou vesículas seladas que se formam por brotamento da superfície trans do Golgi. As vesículas são então transportadas para serem utilizadas em outros compartimentos celulares ou mesmo fora da célula. Mas o que o CG faz na célula? O CG é como uma agência dos correios, ou seja, recebe, processa e distribui “mercadorias”. O CG recebe “mercadorias” do retículo endoplasmático. Essas “mercadorias” são transportadas para o CG em gotículas ou vesículas que se movem para uma região específica do Golgi, a rede cis, onde as “mercadorias” são entregues. Aqui, as “mercadorias recebidas” são verificadas. Qualquer mercadoria que tenha sido entregue incorretamente, incluindo produtos químicos que deveriam ter permanecido no retículoendoplasmático, é embalada em vesículas e enviada de volta para o retículo endoplasmático. As “mercadorias” que foram entregues corretamente são então passadas para as cisternas mediais da pilha de Golgi, processadas e classif icadas em uma sequência ordenada de acordo com o endereço que eles carregam. A correta rotulagem (endereço) das mercadorias é fundamental. A doença de inclusão celular denominada mucolipidose ou doença da célula I, um distúrbio hereditário do armazenamento do lisossomo em humanos, é causada por um erro de rotulagem metabólica. O erro faz com que os produtos químicos sejam despachados para a superfície da célula e secretados, ao passo que a rotulagem correta os despacharia para os lisossomos. Os lisossomos, em seguida, acumulam material que deveria ter sido quebrado. Esse acúmulo causa a desordem. A maneira pela qual as biomoléculas se movimentam entre as cisternas do CG não é completamente conhecida. Uma teoria diz que uma cisterna se forma na face cis do Golgi, localizada próximo ao retículo endoplasmático, e à medida em que se afasta do retículo endoplasmático esta cisterna vai se modificando até se tornar uma cisterna da extremidade trans. Entretanto, a teoria mais aceita e que melhor explica essa movimentação de biomoléculas sugere que as biomoléculas que estão sendo processadas no CG se movimentam entre as cisternas em vesículas de transporte. Seja qual for o método de transporte, o que está claro é que diferentes reações químicas ocorrem em partes específicas do CG. Agora você deve estar se perguntando: para onde vão as biomoléculas processadas no CG? Existem três destinos principais para as biomoléculas que são liberados da rede trans do Golgi, elas podem ser transportadas: • Para dentro dos lisossomos; • Para a membrana plasmática; • Para fora da célula. Em cada caso, o destino das biomoléculas está claramente ligado à função que elas vão desempenhar. Todas as biomoléculas transportadas para longe da rede trans do Golgi têm “etiquetas” que determinam seu compartimento-alvo. Todas são embaladas em vesículas e a construção da vesícula está diretamente relacionada ao seu conteúdo, seu destino e uso final. O primeiro destino das vesículas dentro da cé lula são os lisossomos. Aproximadamente 50 biomoléculas diferentes são processadas dentro do CG e destinadas aos lisossomos. As células animais contêm uma quantidade muito grande de lisossomos e é nesta estrutura que organelas velhas e outros materiais são digeridos, ou seja, os lisossomos são as organelas responsáveis pela digestão intracelular. Vamos falar especificamente sobre a origem e funções dos lisossomos em um próximo módulo. O segundo destino das vesículas originadas na face trans do Golgi é a membrana plasmática. Vesículas contendo biomoléculas para secreção contínua fluem da face trans do Golgi e se fundem com a membrana plasmática. Estas vesículas fazem parte de uma linha contínua de secreção pois contribuem com biomoléculas para a formação da matriz extracelular, para atuarem como sinais químicos e fornecendo proteínas para o reparo e substituição de biomoléculas da membrana plasmática. Esta via é conhecida como via secretora constitutiva ou contínua onde biomoléculas originadas do CG e sem endereçamento específico, são destinadas à essa via. O último destino das vesículas sintetizadas na rede trans do CG é o meio extracelular. Neste caso, células secretoras especializadas produzem biomoléculas e vesículas específicas para este fim. Estas vesículas se movem da rede trans do Golgi para a membrana plasmática. Entretanto, antes de atingirem a membrana, estas vesículas se acumulam no citoplasma da célula secretora. Alguns sinais serão responsáveis por fazer com que as vesículas se fundam com a membrana plasmática e liberem seu conteúdo na superfície da célula. A liberação de insulina é um exemplo deste mecanismo. Quando a concentração plasmática de glicose (glicemia) se eleva, as células β pancreáticas liberam insulina na corrente sanguínea. Um outro exemplo deste mecanismo é observado durante a ingestão de alimentos que estimulam a liberação de muco e enzimas digestivas no tubo digestivo. Célula secretora de mucina (muco) O transporte de vesículas do retículo endoplasmático para o CG ocorre através de vesículas de transição ou de transporte. Essas vesículas se originam no retículo endoplasmático e se fundem à face cis do CG, transferindo proteínas e lipídeos sintetizados no retículo endoplasmático para o CG. Vimos também que o tráfego de vesículas é bidirecional, ou seja, existem vesículas que brotam do retículo e migram para o CG (transporte anterógrado), mas também existem vesículas que fazem o caminho inverso, do CG para o retículo endoplasmático (transporte retrógrado). A função do transporte anterógrado é o direcionamento de biomoléculas para o seu destino final (lisossomos ou meio extracelular). Já a função do transporte retrógrado é manter quantidades estáveis de membrana no retículo endoplasmático e recuperar proteínas do retículo que são necessárias ao seu funcionamento. No transporte retrógrado, as vesículas são recobertas com COPI e, além disso, as proteínas que devem voltar do CG para o retículo endoplasmático possuem uma sequência formada por 4 aminoácidos (lisina, ácido aspártico, ácido glutâmico e leucina) conhecida como KDEL, sendo este o sinal de retenção das proteínas no retículo. Além de transportar, o CG também é capaz de processar biomoléculas. Desta forma, muitas proteínas e lipídeos sintetizados pelo retículo endoplasmático e enviados ao CG são processados nesta organela através de reações químicas como sulfatação, fosforilação e glicosilação, principalmente. Como vimos anteriormente, os polissacarídeos são sintetizados no CG. Quando o CG recebe proteínas e lipídeos vindos do retículo, essas biomoléculas são ligadas a carboidratos produzidos no CG. Algumas destas moléculas de carboidratos são utilizadas no endereçamento de biomoléculas, uma vez que são selecionadas dentro de vesículas e transportadas aos seus compartimentos de destino. Muitas glicoproteínas de mamíferos são sintetizadas no retículo endoplasmático e processadas no CG. Existem duas classes principais de carboidratos que se encontram ligadas a proteínas: oligossacarídeos ricos em manose e oligossacarídeos complexos. Os cientistas descobriram que cada região do CG é responsável por um tipo de processamento. Por exemplo, a rede cis é responsável pela fosforilação de oligossacarídeos e pela remoção de manose, a rede medial está envolvida na remoção de resíduos de manose e adição de N-acetil glicosamina (Glc-NAc). Já a região trans do Golgi é responsável pela adição de ga lactose e ácido siálico. Apesar de a maioria das funções da glicosilação de proteínas ainda não ser completamente conhecidas, sabe-se que este processamento que ocorre no CG é capaz de tornar as glicoproteínas mais resistentes a ação de proteases, além de direcionar o transporte destas moléculas. https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2018/09/aula_biocel_top6_img09-1-768x457.jpg https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2018/09/aula_biocel_top6_img11-768x584.jpg