Prévia do material em texto
Dados de Catalogação na Publicação Roccato, Pedro Luiz. Venda+Valor®. Como Vender Valor e não Preço/Pedro Luiz Roccato. 2010 – São Paulo – M.Books do Brasil Editora Ltda. 1. Vendas 2. Marketing 3. Estratégia de Negócios ISBN: 978-85-7680-089-7 ©2010 by Pedro Luiz Roccato Editor Milton Mira de Assumpção Filho Produção Editorial Lucimara Leal Coordenação Gráfica Silas Camargo Editoração Crontec Capa W5 Comunicações e Artes Gráficas 2010 M.Books do Brasil Editora Ltda. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão punidos na forma da lei. Dedico esta obra a meus alunos e clientes que me motivam a superação a cada nova aula, palestra, consultoria ou projeto. Sumário Prefácio ........................................................................................ 15 Contatos do Autor ......................................................................... 17 Introdução .................................................................................... 19 Capítulo 1 Conheça quem Compõe o Processo de Venda ................................. 21 A cadeia de vendas e distribuição .............................................. 21 O foco no cliente final ............................................................... 22 Capítulo 2 Quais os Modelos de Vendas Conhecidos? ..................................... 25 O modelo transacional e o relacional .......................................... 25 8 Sumário Capítulo 3 O que É Valor? A Importância da Percepção de Valor ..................... 27 O valor percebido .................................................................... 27 Não se engane com conceitos predefinidos e estereótipos .............. 29 A precificação ......................................................................... 31 O dinamismo da percepção de valor .......................................... 33 Simplicidade na venda de valor agregado ................................... 34 Capítulo 4 A Importância do Valor Percebido pela sua Marca .......................... 35 O poder da marca ................................................................... 35 Revendedor: construa a sua marca aliada a marcas conhecidas ....... 36 Marcas próprias de varejistas ..................................................... 37 Capítulo 5 O que É Venda de Valor? .............................................................. 39 Capítulo 6 Quebrando Oito Paradigmas Típicos de Vendas ............................. 41 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço 9 Primeiro paradigma: os clientes compram produtos......................... 41 Segundo paradigma: os clientes sabem a melhor solução para seu problema .................................................................. 42 Terceiro paradigma: o que importa para os clientes é apenas o preço .................................................................................. 44 Quarto paradigma: tudo virou commodity ..................................... 45 Quinto paradigma: o e-commerce possui diferencial de prazo e preço que inviabilizam a competição sadia com o varejo tradicional off-line ..................................................................... 46 Sexto paradigma: os grandes competidores possuem condições diferenciadas que o deixam fora do jogo ..................................... 47 Sétimo paradigma: vender mais é a solução ................................. 48 Oitavo paradigma: tenho de saber tudo o que meu cliente perguntar ................................................................................ 49 Capítulo 7 O Ensaio: a Importância da Preparação e do Planejamento ............. 51 Capítulo 8 Estratégias de Abordagem ............................................................. 55 A primeira abordagem .............................................................. 56 O foco na experiência diferenciada ............................................ 56 10 Sumário A poderosa arte da observação do comportamento de nossos clientes ................................................................................... 57 Identifique o perfil de comportamento do cliente ........................... 57 Capítulo 9 A Venda de Valor Orientada a Mercado e à Oferta de Produtos, Serviços e Soluções ....................................................................... 59 Venda de valor aplicada ao mercado de varejo ............................ 60 Venda de valor aplicada ao mercado SMB/PME .......................... 62 Venda de valor aplicada ao mercado corporativo .......................... 64 Como ofertar valor na venda de produtos ..................................... 65 Como ofertar valor na venda de serviços ...................................... 66 Como ofertar valor na venda de soluções ..................................... 67 Capítulo 10 Como Vencer Objeções ................................................................. 69 Dicas de condução do processo de vendas diante de objeções ....... 70 Concorrentes diretos e indiretos .................................................. 71 Capítulo 11 O Fechamento como Objetivo ou Consequência? ............................ 73 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço 11 Entenda o ciclo de venda de cada produto ou serviço que comercializa...................................................................... 74 O ciclo de venda no SMB/PME e no mercado corporativo ............. 74 O ciclo de venda no mercado de varejo ...................................... 75 Como fechar uma venda – gestão do pipeline .............................. 76 Capítulo 12 O Encantamento ........................................................................... 79 A busca pela experiência de compra diferenciada ......................... 80 Explore todos os sentidos ........................................................... 81 Preste atenção nos movimentos e desejos de seus clientes ................ 82 Capítulo 13 A Inovação ................................................................................... 85 Quebra de paradigmas ............................................................. 86 O processo cíclico e sua retroalimentação .................................... 86 Inovação e liderança ................................................................ 87 Exemplos de inovação .............................................................. 88 12 Sumário Capítulo 14 A Busca do Comprometimento com o Cliente .................................. 91 Quem é o chefe? ..................................................................... 92 O que os clientes buscam? ........................................................ 92 A importância da emoção no processo de vendas ......................... 94 Capítulo 15 A Importância da Comunicação e do Feedback .............................. 97 Unificação do discurso institucional da empresa ............................. 97 A importância do feedback ........................................................ 99 A sabedoria de ouvir nossos clientes ..........................................100 Capítulo 16 Liderança e Motivação pela Venda de Valor ................................103 O que é valor para nossa equipe? ............................................103 Motivação e premiação da força de vendas ...............................105 O poder da observação do comportamento e das respostas de nossa equipe .........................................................................109 A importância da capacitação e ensaio prévios no desenvolvimento da venda de valor ..................................................................109 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço 13 A composição da equipe ........................................................111 A postura do líder ..................................................................112 Capítulo 17 Colaboração e as Alianças Estratégicas ........................................115 A colaboração de forma multifacetada ......................................116 Alianças estratégicas ..............................................................117 Capítulo 18 Estratégia Multicanal e a Web com a Venda de Valor .................... 119 Estratégia multicanal ...............................................................119 A web de forma interativa ........................................................121 Capítulo 19 Gestão por Indicadores:a Importância das Métricas de Controle ................................................................................. 123 Sobre o Autor .............................................................................127 Prefácio “Não compramos produtos, mas sim os benefícios que eles propor- cionam.” Logo de cara, Pedro Roccato lança essa observação para deixar claro o que ele vai abordar em seu novo livro. Falando de uma maneira simples e direta, e por meio de uma me- todologia de fácil aplicação, Roccato aborda um conceito cada vez mais determinante no sucesso dos profissionais de vendas. Como vender valor e, principalmente, como fazer parte da solução do problema dos clientes, ou como identificar as oportunidades de ampliar a utilização de tecnolo- gia nas empresas. Por intermédio de um trabalho de observação bastante detalhado, Roccato irá, ao longo dos 19 capítulos que compõem este livro, apresen- tar a maneira correta de entender, identificar, e acima de tudo liderar esse processo de mudança pessoal na forma de se preparar para esse novo momento do mercado. O interessante também é que ele centra toda essa metodologia em uma mudança de atitude do indivíduo, tratado como fator fundamental no processo, e sendo o ponto fundamental nessa revolução. Acompanhar a leitura até o final é passar por um guia que irá ajudar de uma maneira definitiva qualquer pessoa que já teve diante de si, o desafio de superar a enorme comoditização que as empresas e profissionais de vendas têm enfrentado nos últimos anos no mercado. Não existirá nenhuma possibilidade de sucesso do verdadeiro pro- fissional de vendas, se ele não entender a maneira de melhorar a experiência de relacionamento com seus clientes. Eles esperam de você uma postu- ra de consultor e de profundo conhecedor do ambiente de negócios no qual ele atua. 16 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço Pedro Roccato, depois de tantos anos acompanhando de perto em- presas e profissionais de vendas, usa de sua enorme experiência em de- senhar programas de canal para muitas delas, para construir um livro direto, conciso e extremamente estruturado, com conceitos profundos e fundamentais. Tenho certeza absoluta de que este livro irá ajudar demais todos os profissionais de vendas, e todos os empresários que estão bus- cando mudanças e atualizações em seu objetivo de manter permanente- mente a competitividade de suas empresas. Mais do que recomendar a leitura deste livro, eu sugiro a implemen- tação desta metodologia em suas atividades diárias. E, principalmente, você deve assumir a atitude da mudança de sua postura pessoal e se pre- parar para os enormes desafios que estão surgindo nas novas solicitações do mercado. Fábio Gaia Presidente da Officer Contatos do Autor Pedro Luiz Roccato - Presidente do Grupo Direct Channel Av. das Nações Unidas, 12995 – 10o Andar - 04578-000 São Paulo SP +55 11 32949400 - proccato@directchannel.com.br Projetos e consultoria: www.directchannel.com.br Cursos, eventos e treinamentos: www.channelsuniversity.com Portal de conteúdo: www.portaldocanal.com Introdução Somos desafiados por nossos clientes a surpreendê-los a cada oportuni- dade de contato. A informação está cada vez mais acessível a todos, o que exige muita agilidade e inovação para que tenhamos sucesso em vendas. É indiscutível o apelo do preço na tomada de decisão, mas muitos acre- ditam erroneamente que a única forma de serem vitoriosos em seu negó- cio é disponibilizar produtos pelo menor preço do mercado. Aqueles que centrarem sua estratégia de diferenciação junto aos clientes finais exclusi- vamente no menor preço, terão cada vez mais problemas para garantir a sustentabilidade e longevidade de seu negócio. O preço é importantíssimo se analisado sob a ótica de um preço competitivo comparativamente às ofertas consideradas semelhantes na percepção de seus clientes finais. Seguindo esta linha de raciocínio, o seu objetivo principal deve ser identificar o que é valor para seus clientes para que sua oferta seja considerada diferenciada. Desta forma, o preço conti- nuará entre os itens determinantes na decisão de compra, mas passará a não ser o único fator relevante. Não compramos produtos. Como profissionais de vendas, os pro- dutos são apenas o meio que utilizamos para atender as necessidades de nossos clientes. Como clientes finais, buscamos adquirir os produtos ten- do como objetivo final os benefícios que eles proporcionam. O produto é apenas a desculpa, o meio de obtermos o benefício desejado. O valor está nas pessoas e não nos produtos, visto que o valor percebido estará sem- pre na forma que o cliente reage a experiência proporcionada no contato com sua marca e marcas que representa, sua força de atendimento e ven- das e outros componentes que projetam a sua empresa no mercado. Esta obra tem como objetivo apresentar a metodologia Venda+Valor® resultante da experiência com inúmeras empresas que obtiveram sucesso 20 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço junto a seus clientes pela diferenciação da oferta centrada no valor agre- gado e não exclusivamente na oferta de menor preço. Tenho imensa satis- fação em poder compartilhar esta experiência vivida com vocês para que possam obter sucesso em um mercado cada vez mais competitivo como o que vivemos. Por meio desta metodologia, os profissionais de vendas passarão a atuar como gestores da percepção dos clientes. Afinal, devemos quebrar definitivamente o paradigma de que as pessoas compram produtos. A sa- tisfação que a compra proporcionará aos clientes é o que os motivará a comprar mais e frequentemente com você. Boa leitura e boas vendas a todos! Pedro Luiz Roccato Capítulo 1 Conheça quem Compõe o Processo de Venda Para entendermos de forma ampla o processo de vendas, gostaria de apre- sentar-lhes cada um dos componentes que integram a cadeia de vendas e distribuição. Cada um deles, produtores, distribuidores, revendedores e clientes finais, são considerados elos da cadeia de vendas e distribuição. A cadeia de vendas e distribuição Os produtores, como fabricantes, por exemplo, chegam até os clientes fi- nais por meio de seus canais de vendas. Os canais de vendas são classifi- cados como: canais diretos, canais indiretos e híbridos. Consideramos ca- nal direto de vendas quando a empresa que produz o produto ou serviço se dispõe a ofertar e comercializar seus produtos diretamente aos clientes finais (empresas ou consumidores finais). Quando o produtor opta por nomear terceiros, ou seja, uma ou mais empresas para distribuir e comer- cializar seus produtos para os revendedores e clientes finais, dizemos que o modelo adotado foi o de canal indireto. Por fim, temos a combinação dos dois modelos que é chamado híbrido. Ele ocorre quando o produtor utili- za simultaneamente os canais diretos e indiretos para ofertar seus produ- tos, serviços e soluções aos clientes finais. Um exemplo de modelo híbrido é o adotado pelas operadoras de telefonia celular que disponibilizam suas ofertas por meio de seu site, televendas, lojas próprias e equipe de campo, canais típicos do modelo de canais diretos, simultaneamente aos canais indiretos, como agentes de negócios, revendedores de varejo e do mercado empresarial, que também ofertam os planos de serviços da operadora de telefonia celular aos clientes finais (consumidores ou empresas). 22 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço Além do produtor, temos também o elo da cadeia de vendas e dis- tribuiçãochamado distribuidor. O distribuidor adquire produtos do produtor em volumes elevados para que cheguem aos revendedores. Os distribuidores operam exclusivamente para venda dos produtos para re- vendedores, por questões de equilíbrio da cadeia, não sendo permitida a venda a clientes finais. Os revendedores são empresas que adquirem os produtos e serviços de um fornecedor que pode ser o fabricante, distri- buidor ou provedor de serviços, dependendo do modelo de canais adota- do, e os comercializa diretamente aos clientes finais, agregando sua mar- gem de lucro. O cliente final é o último e mais importante elo da cadeia, pois to- dos os demais existem para atender às suas necessidades. O cliente final poderia ser conceituado como sendo a empresa ou consumidor final que adquire o produto ou serviço sem o objetivo de revendê-lo, mas sim para uso próprio. Podemos encontrar clientes finais constituídos como uma empresa (pessoa jurídica), independente do porte, bem como consumi- dores finais (pessoa física). O foco no cliente final Todo o processo de vendas somente alcançará bons resultados se nunca nos esquecermos de que o centro das atenções deve ser sempre o cliente final. Como líderes de empresas e profissionais de vendas, toda a atenção deve ser direcionada a superação da expectativa de nossos clientes finais. No decorrer do desenvolvimento do conteúdo desta obra abordaremos cada um dos componentes, processos e detalhes da condução bem-suce- dida do processo de vendas, mas sempre centrados no motivo da existên- cia de vendas: o cliente final. Algumas vezes, no processo de condução de consultoria que desen- volvo, deparo com situações em que são realizadas inúmeras reuniões nas quais o foco principal de discussão da equipe é o cliente, mas não como elo principal da cadeia e razão para a existência da empresa, e sim como um problema. Algumas vezes, para trazê-los à realidade, argumento que se todos os problemas estão relacionados com os clientes, poderíamos acabar com os problemas eliminando os clientes. Em 100% dos casos que utilizei essa argumentação, alcancei resultados positivos, trazendo-os Conheça quem Compõe o Processo de Venda 23 para o foco principal da discussão. O cliente é a solução para nossos pro- blemas na empresa e não “o problema”. Quando consideramos o cliente como problema, provavelmente encontraremos distorções quanto à ra- zão de ser da empresa e, ainda mais, do papel do profissional de ven- das. Como vendedores, temos de ser guerreiros, desafiados a cada nova oportunidade de contato com os clientes, visto que apesar de podermos identificar perfis previamente definidos de comportamento, não há como dizer que encontraremos dois clientes com comportamentos idênticos. Portanto, o foco no cliente final deve ser o desafio constante de todos os colaboradores da empresa e não só da força de vendas. Capítulo 2 Quais os Modelos de Vendas Conhecidos? Encontramos variações no modelo de venda, mas como nosso foco é a venda de valor, centraremos nossa discussão apenas em dois: modelo transacional e o modelo relacional. O modelo transacional e o relacional O modelo transacional é caracterizado pelo processo tradicional de ven- das, no qual temos fornecedores que disponibilizam seus produtos e ser- viços aos clientes finais. O foco do atendimento no modelo transacional é atender às solicitações dos clientes finais, ou seja, o vendedor vende o que o cliente demonstrou interesse em comprar. As lojas de auto-atendi- mento poderiam ser citadas como um exemplo do modelo transacional. Como a própria designação aponta, esse modelo é focado no volume de transações e não na individualização do atendimento. O modelo relacional compreende o desenvolvimento de um relacio- namento mais completo entre aquele que vende e seus clientes finais. O processo tende a ser mais individualizado, no qual o profissional de ven- das atua como um consultor, identificando as necessidades dos clientes finais para apresentar-lhes as soluções propostas. Quando tratamos da venda de valor, o modelo relacional oferece maior compatibilidade com a metodologia Venda+Valor®. Há casos de aplicação da metodologia de venda de valor no modelo transacional, mas as dificuldades serão maiores, visto que o modelo contempla um ciclo de venda mais curto, com forte apelo de preço e uma visão mais presente de commodity. A percepção de valor está presente em tudo que realizamos, 26 Venda + Valor®: Como Vender Valor e não Preço mas há casos em que a predisposição dos clientes em perceber o valor da oferta e reconhecer o seu valor é mais facilitada, o que oferecerá resul- tados mais sustentados com a metodologia Venda+Valor®. Portanto, in- dependentemente do modelo, há alguns valores percebidos que poderão diferenciar a sua oferta de seus principais concorrentes, como atenção, conhecimento etc. Independentemente do modelo adotado de venda, fo- que em conhecer muito bem as necessidades de seus clientes para que possa surpreendê-los positivamente na entrega. Capítulo 3 O que É Valor? A Importância da Percepção de Valor Para que possamos ter sucesso na venda de valor é fundamental a identi- ficação do que é valor para o cliente final. Um termo comumente utiliza- do neste contexto é “valor agregado”. O valor agregado está diretamente relacionado à percepção do cliente sobre o diferencial do produto, serviço ou solução ofertada. Poderíamos definir a percepção como o ato de per- ceber, ou seja, a imagem, visão ou conceito prévio que estabelecemos sem que necessariamente esteja relacionado à realidade, aos fatos. Geralmen- te tomamos as decisões no decorrer de nossa vida de acordo com nossa percepção relativa às experiências que vivemos. Portanto, é fundamen- tal identificarmos a percepção de nossos clientes finais para nossa oferta, uma vez que se a percepção estiver em desacordo com os fatos, provavel- mente não seremos bem-sucedidos. A solução para uma situação como essa seria o alinhamento da percepção com os fatos, o que é a missão dos consultores de venda especializados na venda de valor. Afinal, como pro- fissional de vendas devemos ser gestores da percepção de nossos clientes. O valor percebido O valor percebido pelo cliente com relação a um produto, serviço ou solu- ção que apresentamos será decisivo quanto à opção de exercer a aquisição conosco, nosso concorrente ou nem mesmo efetivar a compra. Portanto, é fundamental que você identifique o que é valor para os clientes finais com relação a seu atendimento, empresa, marca, portfólio etc. Os valores estão diretamente relacionados à percepção dos clientes quanto aos be- nefícios que a aquisição proporcionará a eles. Não compramos produtos. 28 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço Os produtos são apenas o meio que utilizamos para atender as necessida- des de nossos clientes. Não compramos produtos, mas sim os benefícios que eles proporcionam. O produto é apenas a desculpa. O valor está nas pessoas e não nos produtos, visto que o valor percebido estará sempre na forma que o cliente reage à experiência proporcionada no contato com sua empresa. Os profissionais de vendas devem atuar como gestores da percepção dos clientes. Devemos quebrar definitivamente o paradigma de que as pessoas compram produtos. A satisfação que a compra proporcionará aos clientes é o que os motivará a comprar de você, bem como querer com- prar mais com você e retornar o contato outras vezes. Veja, por exemplo, a importância da percepção em situações em que a mídia reporta momen- tos de crise como a que passamos em setembro de 2008 com o estouro da bolha do mercado imobiliário norte-americano. O fato influenciou um movimento de retração global e não só no mercado norte-americano, epi- centro da crise. É obvio e inquestionável que o fato realmente ocasionou mudanças para todos, mas não podemos negar que a percepção de cri- se ocasionou retração nas compras, independentemente do efeito que ela tenha efetivamente causadona vida das pessoas. Afinal, países como os Estados Unidos sofreram mais, comparativamente a outros países. Encon- tramos retração em todos os mercados, como, por exemplo, no mercado de alta renda, sem que possa ter sentido uma redução relevante em seu poder aquisitivo, mas sim uma contaminação pelo restante da população. É óbvio que muitos viram o seu capital deteriorar em dias, principalmente aqueles que estavam alavancados em ações da bolsa, mas não podemos generalizar. Esse fato é uma prova de que tomamos as decisões mais rela- cionadas à nossa percepção do que aos fatos propriamente ditos. A identificação do valor percebido pode ser distorcida quando em vez de buscar identificar os reais valores percebidos pelos clientes finais, utilizamos nossas suposições. De forma mais clara, quando formato mi- nha oferta como o que imagino que seja valor para os futuros clientes e não necessariamente o que é de fato percebido por eles, podemos ser surpreendidos negativamente com o resultado. Outro dia solicitei algu- mas cópias em uma empresa que atende a minha empresa há algum tem- po. Passei para retirar os impressos no caminho do evento no qual eu iria utilizar os formulários impressos. A solicitação foi enviada por email, O que É Valor? A Importância da Percepção de Valor 29 constando o arquivo atachado, bem como as orientações quanto ao nú- mero de cópias, local e horário de retirada etc. Em nenhum momento fora solicitado que cada um dos jogos de três folhas fosse grampeado. Porém, “imaginaram” que eu iria gostar e iriam facilitar o trabalho, mon- taram os 500 jogos e grampearam cada um deles. Quando cheguei para retirar os materiais no horário previamente combinado, fui informado que o trabalho ainda não havia sido finalizado. Aguardei mais de 30 mi- nutos, com o horário do evento muito próximo, indaguei sobre o motivo do atraso. Neste momento fiquei sabendo que estavam grampeando cada um dos jogos. Como não poderiam ser grampeados, o atraso foi maior ainda para tirarem os grampos. Veja que o que poderia ser um valor agre- gado se tornou um problema por dois motivos. Primeiro, pelo atraso e segundo, porque o material não deveria ser grampeado. Podemos con- cluir, portanto, que nem sempre o que acreditamos ser valor, será perce- bido como valor por nossos clientes finais. Não se engane com conceitos predefinidos e estereótipos Somos condicionados o tempo todo a acreditar que compramos produtos. Muito cuidado com a ilusão proporcionada pelos conceitos predefinidos e estereótipos que trazemos conosco. Veja um caso clássico como o de uma das redes líderes do segmento de cafeterias no mundo. O que eles vendem? Provavelmente você dirá que é café. Resposta errada. Eles vendem um am- biente agradável para tomar café. Veja que a experiência é fator fundamen- tal na percepção de valor. Os clientes estão dispostos a pagar mais por um café se a experiência for diferenciada. Porém, muito cuidado ao ouvir todas as solicitações de seus clientes sem alinhá-las com a identidade e a proposta de sua marca. No caso des- sa rede de cafeterias, a experiência vivenciada ao atender uma solicitação de seus clientes foi negativa. Eles pediram que a cafeteria ofertasse lanches quentes feitos na chapa. Quando iniciaram a oferta alinhada às aspirações de seus clientes, eles descaracterizaram o cheiro de café da loja, passando a exalar o cheiro dos alimentos quentes. Essa mudança ocasionou perda de clientes. Portanto, fique atento aos movimentos, comportamentos e opor- tunidades, transitando de forma muito cuidadosa pela inovação, uma vez que você pode descaracterizar a sua imagem junto aos clientes. 30 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço Como consumidores temos alguns paradigmas a serem quebrados, como: o produto mais caro é o melhor. Outro paradigma é o de que os produtos importados são melhores que os nacionais. Com o advento dos produtos chineses que invadiram as prateleiras das lojas de todo o mundo, muitos foram forçados a revisar seus conceitos de qualidade relacionados aos produtos importados, visto que encontramos produtos importados com qualidade elevada como também produtos de baixíssima qualidade. Há algum tempo eu estava no restaurante de um hotel em Campos do Jordão, uma cidade turística muito conhecida por suas baixas tempe- raturas e estilo montanhês, que fica no estado de São Paulo. Na mesa ao meu lado, sentaram-se alguns hóspedes que participaram de uma con- venção de vendas no hotel. Apesar de ser indelicado ouvir a conversa de meus “vizinhos de mesa”, não foi possível resistir à tentação quando uma delas pegou a carta de vinhos, correu o dedo pela coluna de preços e pe- diu o mais caro. Como provavelmente o vinho mais caro não era o de maior giro, o garçom, muito educado, informou que não dispunha do produto em estoque. Muito atencioso, percebeu que ela havia escolhido o vinho pelo preço mais alto. De forma muito arrojada, afirmou a ela que nem sempre o vinho mais caro era o melhor. Em continuidade à sua defesa, afirmou que na carta de vinhos do hotel ele dispunha de alterna- tivas de preço melhor, mas de elevada qualidade. A hóspede não gostou muito do comentário, mas aceitou a sugestão do garçom. Veja que nesta situação, o garçom, que não deixa de ser um consultor de vendas, teve de ser corajoso ao indagar, de forma muito sutil, sobre o método de esco- lha de vinhos por seu cliente. Ele correu o risco de ser mal interpretado pelo cliente. Porém, caso não o fizesse poderia deixar de atender ao desejo do cliente de degustar um bom vinho. O mais intrigante em situações como essa é que nem sempre temos consciência efetiva de nossas atitudes ou mesmo do motivo que nos levou a determinada escolha. Nosso cére- bro pode estar condicionado a determinados valores referências e, antes mesmo de tomarmos o vinho, se o preço for considerado referencial de qualidade, já definimos que o vinho não será bom, independentemente da qualidade efetiva do produto. Temos de tomar muito cuidado com a ilusão de que os produ- tos mais caros são os melhores. A afirmação pode ser verdadeira para alguns produtos, mas não para 100% dos casos. Como especialistas na O que É Valor? A Importância da Percepção de Valor 31 Venda+Valor® é fundamental que estejamos atentos aos sinais e movi- mentos de nossos clientes, buscando identificar seus valores. Quando reali- zamos essa conexão com nossos clientes finais teremos nossas chances de sucesso em vendas maximizadas, sempre tomando muito cuidado com a maneira de comunicar algo que possa, na percepção do cliente, ser perce- bido como ofensivo ou arrogante. A precificação O modelo de precificação adotado também deve estar diretamente re- lacionado ao valor percebido pelo cliente com relação ao seu produto, serviço ou solução. Qual o preço ideal? Sob a ótica da área financeira, o preço ideal de venda é aquele que cobre os custos do produto ou serviço e ainda proporciona o resultado (lucro) desejado, ou melhor, necessário para a sustentabilidade de seu negócio. Sob a ótica do marketing, o preço ideal é o preço que o cliente final está disposto a pagar, que está direta- mente relacionado à sua percepção de valor para a oferta, ou seja, quais os benefícios que irá proporcionar. No lançamento de um novo produto ou serviço, quando realiza- mos o exercício de precificação, às vezes, identificamos que o preço que o cliente final está disposto a pagar não oferece a rentabilidade desejada ou apresenta margem negativa. Em situações como essas existem saídas. A primeira delas seria verificar se há como reduzir custos para rentabilizar a operação. Outra alternativa seria identificar uma forma de mudar a per- cepção de valor do cliente final perante o produto, tornando-a superior aos concorrentes, o que o levaria a estar disposto a pagar mais pela sua oferta. Nesse caso, a simples mudança da embalagem do produto ou a adição de um serviço diferenciado, possibilita o reposicionamento. Estudos apontam queos clientes estão dispostos a gastar 30% mais quando a experiência da compra é diferenciada. Quando os clientes finais têm a percepção de seu produto ou serviço como transacional, ou seja, uma commodity que encontra em qualquer lugar, ele estará disposto a pagar menos pelo seu produto. Caso contrário, se ele percebe benefícios diferenciados, individualização, valor agregado e encantamento no mo- mento da compra, ou seja, se a experiência de compra é diferenciada, ele estará disposto a pagar mais e ainda gastar mais. 32 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço Anteriormente à definição do preço, não podemos nos esquecer da importância da composição da oferta, ou seja, do portfólio correto para o público que queremos atrair. Fornecedores que adotavam o modelo tradi- cional de compras buscavam adquirir apenas os produtos oferecidos pelos fornecedores. Acredito que o modelo ideal seja o processo dinâmico, que está alinhado com o foco centrado nos clientes. Por este novo modelo, o primeiro passo seria identificar as necessidades dos clientes finais que você definiu como foco, para depois iniciar a busca das ofertas disponibilizadas pelos seus fornecedores. Esta linha não quer dizer que você deve ofertar tudo o que o cliente quiser, sem a busca pela identidade de sua empresa e as alianças estratégicas com os fornecedores. Defendo que o processo deve ser conduzido sempre dos clientes para a sua empresa e não da empresa para os clientes. O seu objetivo deve ser identificar realmente quais são suas aspirações, desejos e necessidades. Portanto, o preço certo é determinado pelo cliente e pelo mercado e não pela margem que objetivamos alcançar ou pelo custo de compra dos produtos. Considerando o modelo tradi- cional de precificação, antigamente considerávamos o custo, a análise dos movimentos da concorrência e a sugestão de preço dos fornecedores, sem a leitura da percepção de valor do cliente final para aquela oferta. Consi- derando o modelo alinhado à oferta de valor, temos de considerar nosso posicionamento estratégico, os competidores, a demanda por seção e cam- panhas promocionais, a percepção de preço do cliente final e do mercado, para depois realizarmos o alinhamento com os fornecedores na composi- ção dos custos finais. Esse estudo nos leva a deixar de ofertar determinados produtos de alguns fornecedores, uma vez que o resultado projetado ofere- ça desalinhamento com nossos objetivos e perfis de clientes. No caso de um supermercado, por exemplo, o preço de cada item de venda é importante de forma única na decisão de compra do consumidor, mas o preço de cada item não é determinante do local em que se irá rea- lizar a compra. Por esse motivo, é comum encontrarmos ofertas diferen- ciadas de um determinado item que atrairá os consumidores para o ponto de venda, sem a garantia que os demais produtos que figuram na lista de compras do cliente também sejam ofertados com preços diferenciados. Uma vez no estabelecimento comercial, o cliente provavelmente irá rea- lizar as compras dos demais itens na lista, além do produto que o atraiu à loja. Veja que, neste caso, é fundamental a percepção de preço competitivo O que É Valor? A Importância da Percepção de Valor 33 para a lista de preços e não necessariamente menor preço individualmente de cada item. Essa situação é muito comum nos hipermercados. Portanto, a estratégia de precificação deverá considerar diversos fato- res na composição da cesta e não apenas disponibilidade e menor preço. Por meio da oferta de valor, os fatores determinantes serão centrados nos valores percebidos pelo cliente final na composição total da oferta, e não necessariamente em um único item. Nesse caso, o apelo estará centrado na oferta de valor e não de menor preço. O dinamismo da percepção de valor Outro fator importante se refere ao dinamismo da percepção de valor agregado adequado ao mercado que atuamos. O que é considerado hoje o principal valor percebido pelos clientes finais, poderá amanhã não ser mais visto como valor agregado. Esse fato ocorre quando as necessidades e as prioridades do cliente final mudam. Encontramos também mudan- ças na percepção de valor quando o benefício ofertado por você não é mais considerado diferencial, visto que os demais concorrentes e o pró- prio mercado passaram a ofertá-lo também. Vamos a um exemplo muito simples e verídico. Há alguns anos, os supermercados no Brasil ofereciam bebidas como refrigerantes e cervejas sem refrigeração, mas com preços altamente agressivos. Se você desejasse adquirir uma bebida gelada para consumo imediato em sua casa, você deveria se dirigir a outro tipo de es- tabelecimento, como um bar, mercearia ou loja de conveniência. Esses esta- belecimentos ofertavam as bebidas com preços superiores aos praticados pelo supermercado, uma vez que a percepção de valor dos clientes finais para as bebidas geladas posicionava-os em vantagem, o que justificava o preço mais elevado. Quando os supermercados instalaram refrigeradores com o patrocínio dos fabricantes nas áreas de vendas da loja, a percepção de valor agregado dos demais estabelecimentos mudou. Um exemplo admirável de mudança de percepção de valor está na humanização de bonecas e ursinhos, uma inovação dos varejistas nor- te-americanos AmericanGirl® e Build-A-Bear Workshop®, respectiva- mente. No caso da AmericanGirl® o processo foi realmente revolucio- nário na venda de bonecas, visto que tornaram a saída para compra de uma boneca um evento especial e diferenciado. Apresentaremos mais 34 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço detalhes sobre os dois admiráveis cases no Capítulo 13 no qual trata- remos o tema inovação. Simplicidade na venda de valor agregado A venda de valor agregado pode ser aplicável em operações simples. Você já imaginou como poderia criar uma oferta de valor agregado para a ven- da de milho verde cozido na praia? Eu presenciei uma situação realmente instigante. O milho verde cozido é ofertado há anos por vendedores am- bulantes não só em praias, quanto em parques e demais locais públicos. No Brasil, o preço varia de R$ 1,50 a R$ 2,00 por unidade. A concorrência é acirrada, sem muita diferenciação, a não ser pela aparência e percepção de higiene. Há 15 anos um dos vendedores ambulantes recebeu a solicita- ção de um cliente para cortar o milho, uma vez que tinha dificuldade para morder a espiga e retirar os grãos cozidos. O vendedor respondeu pronta- mente, cortando os grãos e colocando-os em um copinho de refrigerante. O cliente ficou muito satisfeito e contou para seus familiares. Alguns dei- xavam de comprar o milho devido à dificuldade de comê-lo. Como a de- manda aumentou, o vendedor comprou pratinhos e garfinhos e começou a cobrar 50% mais pelo milho. As vendas aumentaram muito e hoje os demais vendedores ambulantes também oferecem essa alternativa. Nesse caso simples, podemos perceber que os clientes estão dispos- tos a pagar mais se a percepção de valor foi superior, mesmo em produ- tos considerados comuns. Quando há a percepção diferenciada de valor alinhada ao benefício oferecido pela oferta, os clientes estarão dispostos a pagar mais. Independentemente do produto, uma vez que você consiga perceber as necessidades, desafios e problemas de seus clientes, você po- derá formatar ofertas de valor que atendam a essas necessidades. De forma conclusiva, as perguntas que devem ser respondidas por você serão: qual a sua proposta de valor? O que levaria o cliente a esco- lher a efetivação da compra com você ao invés de seu concorrente? O que foi considerado valor há algum tempo ainda se mantém? Portanto, muito cuidado quanto à sustentação de forma estática de sua estratégia de diferenciação nos valores percebidos pelos clientes finais, visto que a percepção de valor é dinâmica, ou seja, muda de um momento para ou- tro. Fique ligado às mudanças! Capítulo 4 A Importância do Valor Percebido pela sua Marca A marca figura como um dos componentes altamenterelevantes no pro- cesso de identificação do valor percebido em sua oferta de produtos, ser- viços ou soluções. A percepção de valor que sua marca desperta em seus clientes irá influenciá-los no momento de tomada de decisão. No caso de comercializar produtos de terceiros, como revendedor ou distribuidor, por exemplo, a influência das marcas que você disponibilizará em seu portfó- lio poderá agregar valor ou depreciar a sua imagem junto a seu público- alvo. O inverso também é válido, pois há casos em que a marca de deter- minados fabricantes sofre depreciação se maltrabalhada junto aos clientes finais por seus canais indiretos de vendas (revendedores e distribuidores). Portanto, muito cuidado na definição do portfólio que irá comercializar por intermédio de canais indiretos. No caso de operação como fabricante, atenção na nomeação e operação com seus canais indiretos. Nesse caso, torna-se fundamental a definição de regras para uso da marca e de aderên- cias às melhores práticas junto aos clientes finais. O modelo de franquia, por exemplo, possibilita exatamente a replicação de marca e de know-how junto a seus franqueados, prezando pela construção e sustentação da mar- ca junto aos clientes finais. O poder da marca Encontramos casos em que a marca se torna tão forte que se assemelha a uma religião. Veja o caso da Apple, que leva uma verdadeira legião de adeptos a cada lançamento de novos produtos e lojas. Há casos de pessoas que se deslocam por distâncias elevadas, permanecem pela madrugada 36 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço em uma fila, apenas para participar da inauguração de uma nova Apple Store e, com sorte, ganhar uma camiseta com o logo da empresa. Veja o peso da questão emocional no processo de relacionamento com a marca, visto que o lado racional, nesse caso, perdeu relevância há muito tempo. Há casos da maximização do valor percebido na marca por meio de sua vinculação a celebridades. Muitos fabricantes e canais de vendas aliam a imagem de celebridades aos seus produtos de marcas próprias visando maior credibilidade junto a seus clientes finais, despertando o desejo de consumo. Esse é um exemplo de maximização de valor da marca perante seu público-alvo. Busque identificar formas de encantar seus clientes com a sua mar- ca, para que possa fidelizá-los e torná-los promotores dentre seu espec- tro de contato. Torne a sua marca admirada e respeitada por seus cola- boradores, fornecedores e clientes finais. Você pensou qual seria a sua satisfação em medir a fidelidade de seus clientes à sua marca, como a Harley-Davidson, pelo número de clientes com a marca tatuada em al- guma parte do corpo? Revendedor: construa a sua marca aliada a marcas conhecidas Independentemente de qual elo da cadeia você faça parte (fabricante, dis- tribuidor ou revendedor), a construção de sua marca é fundamental para que o cliente final perceba valor em sua oferta e opte por realizar a compra com você. No caso dos fabricantes, exemplificamos no desenvolvimento do conteúdo deste capítulo, diversos exemplos de construção e sustenta- ção de marca atrelada a percepção de valor para os clientes. Porém, neste tópico gostaria de abordar a importância da construção de uma marca como canal indireto de uma ou mais marcas de fabricantes. Quando você não produz os produtos que comercializa, você se esquece da importância da construção de sua marca. Estabelecer alianças com marcas relevantes é fundamental para seu comércio, mas não se esqueça de que a sua marca também deve ser considerada relevante junto ao seu público-alvo. No caso de revendedores de tecnologia (informática), por exemplo, firmar alianças estratégicas com marcas relevantes como Microsoft, Ado- be, Symantec, Cisco, IBM, HP e outros pode ser decisivo para o sucesso A Importância do Valor Percebido pela sua Marca 37 de seu negócio. Porém, não deixe de construir também a marca de sua re- venda. O mind-share é fundamental para a tomada de decisão do cliente final, principalmente em casos como esse, no qual a percepção inicial é de que todos ofertam os mesmos produtos e o que importa apenas é a dis- ponibilidade e menor preço. Para garantir a diferenciação de sua revenda perante os concorrentes, busque o foco na diferenciação da oferta por meio do foco nas soluções de valor agregado. Quando você disponibiliza um atendimento impecável de pré-venda, capaz de traduzir as caracterís- ticas técnicas dos produtos em benefícios, você passará a ser diferenciado, pois venderá benefícios e não exclusivamente produtos. Quando sua empresa não possui identidade própria reconhecida pelo cliente, a fidelização estará relacionada às marcas que você comer- cializa, hoje ofertadas por você e amanhã por outros revendedores ou distribuidores. Portanto, sugiro que construa o relacionamento com seus clientes finais sustentados em sua marca, com o aval das marcas de seus fornecedores e aliados estratégicos. Somente dessa forma, a fidelização será possível com a sua empresa. Assim todos sairão vitoriosos, você, seus parceiros de negócios e, mais importante, seus clientes finais. Marcas próprias de varejistas Há alguns anos, o número de produtos com marcas próprias do varejista disponíveis nas gôndolas dos hipermercados era reduzido. Nos últimos anos, temos acompanhado elevado crescimento na oferta. Os mesmos fornecedores que abastecem marcas conhecidas disponibilizam produtos para as marcas próprias. Os clientes sabem disso e por este motivo não estão dispostos a pagar mais por isso. Percepção que leva ao crescimento admirável dessas linhas alternativas. Encontramos produtos posicionados um ao lado do outro, com variações de preços relevantes, de 10%, 20% ou mais, produzidos pelo mesmo fornecedor, mas disponibilizados com a marca do varejista. O lançamento de produtos com marca própria somente é possível, neste caso do mercado de varejo, quando houve a construção da marca do varejista com valores diferencialmente percebidos por seus consumi- dores. Por outro lado, a vinculação de uma marca que é percebida pelos clientes como de baixo valor quanto à qualidade ou procedência, por 38 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço exemplo, poderá afetar diretamente a sua trajetória de sucesso. Nesse caso específico, a percepção de segurança tem considerável valor para os consumidores, uma vez que há um aval do varejista quanto à procedência e qualidade do que é ofertado com a sua marca. Inclusive, não podemos deixar de citar a criação de uma relação de fidelização quando encontra- mos uma determinada marca em uma única loja. Porém, o conhecimento do portfólio de marcas próprias deve também ser defendido junto a seus profissionais de vendas, visto que eles devem conhecer muito bem a linha para poder ofertar sob a ótica de valor aos consumidores. Os clientes estão cada vez mais propensos a identificar a sua propos- ta de valor, visto que o volume de informações está cada vez maior e mais acessível pelas mais diversas formas, como pela internet. A qualidade dos produtos é semelhante, sendo realçada a relevância do preço como dife- rencial, caso não haja outro diferencial percebido, como atendimento ou outra forma de atração da atenção dos clientes. A experiência de compra, nesse caso, se torna fundamental. Muitas lojas com produtos iguais e com elevado apelo de menor preço irão lutar até a morte, se toda a estratégia de diferenciação de sua empresa estiver centrada na oferta de menor pre- ço. Nesse caso, as formas de diferenciação devem sempre estar centradas no que é valor para seus clientes. A conveniência da localização próxima da residência ou no caminho do trabalho poderá figurar como valor per- cebido relevante por seus clientes. Portanto, temos de estar preparados para identificar o que nossos clientes querem comprar, com que marcas, quais nossos principais com- petidores e como se propõem a se diferenciar de nossa operação. Veja por exemplo, casos de varejistas que apresentam gôndolase ilhas com eleva- do volume de produto com o intuito de despertar a percepção de poder de compra e disponibilidade, o que pode ser percebido pelo cliente fi- nal também como garantia de menor preço. No caso desse exemplo, você pode perceber que nem tudo é realizado de forma ocasional, mas sim planejada para que seja construída uma imagem atrativa e compatível aos valores percebidos por seus clientes finais. Capítulo 5 O que É Venda de Valor? Traduzir características e demais funcionalidade de um produto, serviço ou solução em benefícios para os clientes finais. Diria que essa é a definição mais simples de venda de valor. Por meio da metodologia Venda+Valor® de fácil compreensão, poderemos conhecer as necessidades dos clientes fi- nais, os benefícios que a oferta proporciona e fomentar a sua correlação, com o objetivo de realizar o fechamento de uma operação de venda. Enten- der quais as necessidades dos seus clientes finais e revertê-las para a venda de produtos, serviços ou soluções: esse é o real foco da venda de valor. A venda de valor é uma arte. A arte de observar, ouvir, descobrir, captar as necessidades de seus clientes e revertê-las em produtos e serviços. Sempre lembrando que não compramos produtos, mas sim o que eles proporcio- nam. Portanto, para que sua força de vendas tenha sucesso na venda de valor, necessário se faz torná-los especialistas em clientes. Isso mesmo, es- pecialistas em clientes. Uma vez que conheçam seus clientes, saberão como tocá-los, como despertar o seu interesse e encantá-los. Mas isso não quer dizer que não devam conhecer a empresa e os produtos, serviços e demais soluções que comercializa. Como também, todo o processo de pré-venda, desenvolvimento e pós-venda. Podemos concluir, portanto, que o conheci- mento exigido para a condução de uma venda de valor bem-sucedida está diretamente relacionado ao conhecimento e preparo de sua força de ven- das para administrar a percepção de seus clientes finais. Conhecimento do cliente, seus desejos e aspirações, necessidades, problemas, anseios etc. Co- nhecimento da empresa que trabalha, bem como dos fornecedores, produ- tos e suas aplicações. Conhecimento do mercado que atua, seus principais competidores e suas práticas. Conhecimento da situação econômica e suas implicações no seu negócio, devendo chegar até mesmo a conhecimento 40 Venda + Valor®: Como Vender Valor e não Preço sobre a circulação de pessoas, datas relevantes no calendário, previsão do tempo e outros. Talvez neste momento você tenha visualizado a figura de um super- homem que é inatingível. Diria que estamos falando de um profissional de vendas que está atento aos acontecimentos ao seu redor. Para que sua força de vendas esteja preparada para realizar a ven- da de valor é fundamental que ela conheça muito bem a aplicabilidade dos produtos para oferecer a seus clientes o conhecimento seguro para indicação de compra. Na venda de valor, vendemos valor e não preço. O preço foi e continuará sendo um fator importantíssimo em qualquer processo de venda, mas não deve ser considerado o mais importante. Pre- ços competitivos no mercado no qual se pretende atuar figuram como uma premissa para a sobrevivência de sua operação. Portanto, foque no valor do que está ofertando, pois ele o levará para a percepção de pre- ço justo para determinado produto, serviço ou solução. No caso do segmento de tecnologia, por exemplo, somos doutri- nados pelos fabricantes a realizar a venda de características técnicas dos produtos. Participamos de diversos eventos e, erroneamente, todos eles focam em produtos. Os gestores dos fabricantes se esquecem de que tão importante quanto capacitar à força de vendas para deter conhecimento das características técnicas é torná-la capaz de entender os benefícios que cada característica técnica oferece, de forma simples, para que os clientes finais, que detém pouco ou nenhum conhecimento técnico, se sintam se- guros e confiantes de que esta é a melhor solução para seu problema (sua necessidade). Capítulo 6 Quebrando Oito Paradigmas Típicos de Vendas Para termos sucesso na venda de valor devemos estar dispostos a quebrar alguns paradigmas. Paradigma, palavra originária do grego parádeigma, é um modelo previamente definido e que seguimos. Uma forma de pensar que nos leva a realizar a mesma atividade de forma continuada. Primeiro paradigma: os clientes compram produtos No caso de venda de valor, o primeiro paradigma a ser quebrado deverá ser o de que os clientes compram produtos. Não compramos produtos, mas sim os benefícios que eles proporcionam. Os produtos são apenas o meio que utilizamos para atender as necessidades de nossos clientes. O produto é apenas a desculpa, o meio de obtermos o benefício desejado. Os benefícios são particulares de cada cliente, sendo este o desafio dos profissionais de vendas: identificar o valor percebido pelos clientes den- tre o espectro de benefícios proporcionados por uma determinada oferta (produto, serviço ou solução), como: satisfação, emoção, status, solução de problemas, diversão, prazer, experiência e outros. Quando uma pessoa passeia por um shopping center, por exemplo, você acredita que ela tenha claramente em mente a intenção de comprar algum produto? Algumas vezes optamos simplesmente por passear pelo shopping, desfrutar de uma deliciosa refeição na praça de alimentação ou restaurante, ir ao cinema ou teatro e caminhar para acompanhar os movimentos e tendências. Talvez você imagine que todos que se dispõe a ir até um shopping tenham claramente a intenção de realizar a compra de um produto, mas este fato não é uma verdade. Quantas vezes você 42 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço mesmo já foi até o shopping apenas para caminhar um pouco em um local seguro? Ou para ver pessoas e se conectar ao mundo que vive? Afi- nal, a compra é para algumas pessoas a forma de se conectar ao mundo. Imagine, por exemplo, pessoas que não saem de casa e compram tudo pelo telefone? A compra, além de uma necessidade no caso de alimentos, higiene e saúde, por exemplo, é a forma que ele utiliza para se conectar ao mundo que vive, por mais inconsciente que possa ser o motivo. Em todos os casos citados, a compra dos produtos figura como meio e não fim. É a desculpa, o meio que utilizamos para conseguir algum benefício deseja- do. Um benefício que não está explícito, mas inconscientemente, temos necessidade. Portanto, como profissionais de vendas aderentes a meto- dologia Venda+Valor®, devemos figurar como gestores da percepção de nossos clientes, tendo como foco a venda dos benefícios que os produtos proporcionam. Segundo paradigma: os clientes sabem a melhor solução para seu problema Infelizmente os clientes finais nem sempre sabem realmente qual é a me- lhor solução para o seu problema, podem até imaginar que sabem. No caso de uma compra de produtos que exijam maior conhecimento, como de um computador, por exemplo, sempre há um amigo, namorado, ma- rido, irmão ou conhecido que se considera “especialista em informática” e se predispõe a dar conselhos, indicar modelos, configurações, progra- mas e demais soluções para os problemas dos outros. Tendo em mãos uma “cola” com a configuração do equipamento indicada pelo conhecido “especialista” o cliente se dirige à loja para efetivar a compra. Caso o pro- fissional de vendas assuma que ele sabe o que precisa, o apelo será pelo equipamento de menor preço que seja compatível com a configuração indicada, além da forma de pagamento (caso tenha interesse em parcelar a compra) e a disponibilidade em estoque. Portanto, nesse caso os dife- renciais se resumirão a preço e disponibilidade, ou seja, para ganhar a venda deverá prejudicar a rentabilidade da operação. A prática de conces- são de desconto e prazo maior para pagamento impactam diretamente na rentabilidade da venda, o que não é nada bom para a empresa. Quebrando Oito Paradigmas Típicos de Vendas 43 Caso o episódio ilustradoanteriormente estivesse inserido em um contexto no qual a venda de valor é praticada, o profissional de vendas te- ria como primeiro e principal objetivo identificar qual seria a aplicação do equipamento, independentemente da “cola” (configuração indicada pelo “especialista”) que o cliente viesse a apresentar. A identificação da aplica- ção do equipamento, ou seja, da necessidade do cliente seria feita por meio de perguntas leves, como um diálogo entre conhecidos, de forma descon- traída. Por exemplo, no caso da compra realizada por uma mãe para um de seus filhos (60% dos casos de venda no Brasil do primeiro computa- dor), a pergunta seria se o computador seria utilizado por ela ou por seu filho. No caso de uso pelo filho, o segundo passo seria identificar a idade e quais seriam as supostas atividades por ele desenvolvidas no computador. Apesar de considerar que o cliente não conhece o que está comprando, você não pode de forma alguma fazê-lo se sentir um total desconhecedor do assunto, com perguntas que subestimem a sua inteligência. Em casos como esse, a didática é muito útil. Em uma das turmas de treinamento do curso que ministro Venda+Valor®, um dos partici- pantes afirmou: “Não gosto de ensinar nada aos meus clientes porque me sinto usado por eles quando não efetivam a compra comigo. Apren- dem e depois seguem para comprar em uma pontocom (loja da inter- net). Há como garantir que todo o tempo que vou gastar com o clien- te será revertido no fechamento de um venda?”. Eu respondi a ele que não. Você nunca terá essa garantia. Porém, atendendo bem seus clientes, com atenção, cordialidade, conhecendo bem os benefícios dos produtos e serviços que você comercializa por intermédio da Venda+Valor®, eu lhe garanto que você terá mais chance de fechamento do que se não realizar o atendimento. Quem garante que a configuração que foi in- dicada atende as necessidades do filho daquele cliente? Imagine que a indicação foi de um desktop (computador de mesa), por exemplo, mas a melhor alternativa seja um notebook (computador portátil)? Você so- mente identificará essa possibilidade se estabelecer um diálogo com o cliente. No caso da mãe de nosso exemplo, imagine que o filho pode ter mudado de cidade para estudar na faculdade e tem planos de vir nos finais de semana visitar os pais. Você poderia utilizar esta argumentação para indicar a compra do notebook, que iria proporcionar mobilidade ao filho nas visitas aos pais. Perfeito! Você conseguiu migrar do plano 44 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço de preço como fator determinante da compra para a venda de valor. Nesse caso, o preço perdeu relevância perante o valor para a mãe de ter o seu filho próximo a ela. Esse é o desafio da venda de valor. Estamos tratando de pessoas e como pessoas, temos anseios, desejos, medos e é fundamental estabelecer uma relação de confiança e segurança com aquele que se predispõe a vender um produto ou serviço a você. Terceiro paradigma: o que importa para os clientes é ape- nas o preço No exemplo citado no segundo paradigma já ilustramos o terceiro, se- gundo o qual o que importa para os clientes é apenas o preço. O processo de vendas é altamente dinâmico. Se você assume que o que o cliente busca é apenas o menor preço, você já iniciará o processo de atendimento dire- cionado a conceder descontos aos clientes. Há uma grande rede de varejo de eletro no Brasil que historicamente sempre teve o direcionamento de sua força de vendas para cobrir o preço de seus concorrentes. O principal problema é que, apesar da loja oferecer um visual atrativo, com um am- biente agradável que o convida a permanecer mais tempo na loja, a força de vendas não está preocupada em identificar as suas necessidades. Você entra na loja, circula entre as gôndolas e não é abordado. Quando para em frente a um produto, olha para os lados, com sorte algum vendedor que não conseguiu desviar o olhar do seu, se aproxima e faz a pergunta errada: “Posso ajudar?”. Como se não bastasse, não se empenha em iden- tificar o motivo que me levou a loja. Assume simplesmente qual o pro- duto que eu disse que desejo comprar. Nesse exemplo, o profissional tem em mente apenas duas questões: a primeira é fornecer o menor preço e a segunda o parcelamento. Dessa forma, ele me direciona exatamente a focar em preço e parcelamento. Quando faço perguntas sobre o produto, atenta apenas para responder aos questionamentos repetindo caracterís- ticas técnicas dos produtos, sem se preocupar em identificar o motivo que me levou a optar por uma marca, produto ou modelo específico. Em um cenário como esse, imagine qual seria o motivo que me levaria a rea- lizar a compra com ele? A única coisa que me vem à mente é desconto perante o menor valor que consegui até aqui para a cotação, ou ainda um número maior de parcelas sem juros, se desejo realizar a compra a prazo. Quebrando Oito Paradigmas Típicos de Vendas 45 Por fim, para completar o ótimo atendimento, quando pedi um cartão de visita dele e que anotasse as condições do produto que eu tinha in- tenção de comprar, ele me disse: “Você fará pesquisa de preço em outras lojas? Se encontrar preço menor volte aqui comigo que cobrirei a oferta”. Nesse caso, eu lhe pergunto: qual a sua percepção deste atendimento e da empresa? A primeira é que realmente o principal diferencial é preço. Segundo, ele acabou de me dizer que tem condição de disponibilizar o produto a um preço menor, mas que se eu não disser que tenho a mesma oferta por um preço menor ele venderá o produto pelo valor sem descon- to. Neste momento eu pergunto a você: Esta é a imagem que você quer passar a seus clientes? Veja que a aplicação de uma metodologia correta de vendas é fundamental para o sucesso em vendas e para construir uma imagem positiva de sua empresa junto aos clientes finais. Em casos como esse, o foco de sua força de vendas deve estar centrada na venda de valor por meio da identificação prévia dos benefícios disponi- bilizados pelos produtos e não no menor preço. Busque reverter descontos em outros benefícios. Você já pensou que em vez de cobrar menos pelo que vende, não seria muito melhor você oferecer mais pelo mesmo preço? Agregue valor à sua oferta. Quarto paradigma: tudo virou commodity Não importa ao cliente onde vai comprar ou mesmo qual marca, pois os produtos são muito semelhantes, com preços semelhantes, não há dife- renciação aparentemente visível. Se tomarmos este fato como uma ver- dade, você já imaginou o problema que seria vender um produto con- sagrado como Coca-cola, que é um fortíssimo exemplo de commodity. Como agregar valor a uma latinha de Coca-cola? Como fazer com o que os clientes estejam dispostos a pagar mais por uma latinha de Coca-cola? A resposta é muito simples. Coloque a bebida em um copo com algumas pedrinhas de gelo com uma rodela de limão, que o cliente pagará mais por ela. Veja que a idéia de que em mercados altamente competitivos não há como diferenciar-se na oferta é uma inverdade. Outra situação de di- ferenciação da oferta de Coca-cola poderia ser referenciada, com preços diferenciados de venda do refrigerante no supermercado e da latinha dis- ponível no frigobar de um quarto de hotel. Caso a sua percepção de valor 46 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço proporcionada pela conveniência da disponibilidade da latinha gelada ao alcance de sua mão seja superior, você provavelmente estará disposto a pagar mais pelo produto. Veja mais um exemplo de valor agregado a um produto considerado commodity! Outro exemplo pertinente a este paradigma seria a diversificação do portfólio das casas que vendem carnes e afins (açougues). A carne poderia ser considerada um produto largamente comercializado e comum. Com o objetivo de diferenciação, alguns açougues optaram pela diversificação de seu portfólio com sinergia e complementaridade, sem perder seu foco. Em vez de ofertar apenas alguns cortes de carnes mais comuns, passaram a oferecercortes de carnes mais nobres ou mesmo carnes temperadas, nas quais a percepção de valor é superior. Outros ofertaram entregas de pro- dutos nas residências de seus clientes sem custo, com pedidos por telefo- ne. Presenciei casos de oferta de carnes já preparadas e assadas em uma churrasqueira instalada no estacionamento da loja nos finais de semana. Os valores comercializados de determinados produtos chegam a ser duas a três vezes superiores após o preparo na churrasqueira especial. Vejam mais um exemplo simples de valor agregado para um produto considera- do commodity. Entenda seus clientes. Estude como você poderá maximizar os resul- tados de seu negócio pela diversificação de oferta. Faça experiências com alguns clientes para dimensionar a atratividade para depois disponibi- lizar para toda a clientela. Transforme suas idéias em inovação para seu negócio! Quinto paradigma: o e-commerce possui diferencial de prazo e preço que inviabilizam a competição sadia com o varejo tradicional off-line Realmente as operações de e-commerce nos desafiam a cada dia. Opera- ções de alto giro, com processos completos de logística ou em alguns pa- íses como no Brasil, com o agravante de venda a prazo (produtos vendi- dos em 12 ou até 20 parcelas iguais sem juros), são vistos como grande ameaça ao varejo tradicional. Porém, os grandes players de e-commerce estão aí há alguns anos e nem por isso as vendas off-line acabaram. Se analisarmos de forma mais ampla o cenário atual perceberemos que o Quebrando Oito Paradigmas Típicos de Vendas 47 e-commerce levou os varejistas tradicionais, bem como outras operações de comércio eletrônico para o mercado SMB/PME (pequenas e médias empresas) e corporativo (grandes corporações) a se reinventarem para oferecer condições compatíveis. Os estudos apontam que os consumido- res ainda preferem realizar suas compras no varejo tradicional. Porém, com o fenômeno do cross-channel, cada vez mais os consumidores de um canal irão navegar livremente entre um canal e outro. Estima-se que 36% das vendas em 2012 virão a ter influência do canal on-line. Em resumo, utilize o e-commerce como seu aliado. Cada vez mais estaremos nos de- parando com os chamados “compradores cirúrgicos”, que são aqueles que conhecem mais do que nossa equipe de venda. Eles consultam a web, amigos, pesquisas, análises comparativas etc, colocando nossa força de vendas sempre à prova. Porém, a venda presencial da força de vendas alia- da à venda de valor devem ser os seus diferenciais. Imagine que, se a visita à loja física ou mesmo a visita de um profissional de venda em sua casa ou escritório, não oferecerem uma experiência diferenciada, realmente o e-commerce irá acabar com o seu negócio. Sexto paradigma: os grandes competidores possuem con- dições diferenciadas que o deixam fora do jogo Você realmente acredita que o mundo será dominado pelas grandes cor- porações? Ao mesmo tempo em que os grandes competidores possuem condições diferenciadas, com o pequeno ou médio empreendedor você também dispõe de diferenciações junto ao seu público-alvo. Identifique quais os valores percebidos pelos seus clientes finais comparativamente aos grandes players. Um caminho não indicado seria buscar equiparar- se ao modelo dos grandes players. Será que você realmente precisa se equiparar ou o melhor caminho seria se diferenciar deles no que você faz melhor, como o atendimento individualizado? Como a proximidade do cliente, atenção. Os clientes desejam individualização no atendimento. Eles querem ser vistos e reconhecidos. A entrega da individualização está muito mais próxima de você do que dos grandes players. Você encontrará muitos players relevantes em seus segmentos de atuação na busca da in- dividualização do atendimento. Você tem muito mais chance de alcançar 48 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço rápido e a baixo custo este objetivo do que eles. Deixe-os com vontade de “quero mais”! Encante os seus clientes! Sétimo paradigma: vender mais é a solução O sétimo paradigma refere-se ao perigoso objetivo: devo sempre vender mais. Muitos gestores acreditam que vender mais é a solução para os seus problemas. Nem sempre vender mais é a solução. Vender mais poderá ser o motivo de seu fracasso. Se a operação estiver deficitária, ou seja, se você está operando no modelo de compra e venda com margem negati- va, vender mais pode potencializar o seu prejuízo. Se tiver uma estrutura de atendimento de serviços, por exemplo, que tem capacidade de aten- der quatro ocorrências por dia com dois profissionais alocados, e você tenha de contratar mais um profissional para atender a nova demanda, mas com horas ociosas, vender mais, neste caso, pode não ser uma boa alternativa se a venda não tiver sido planejada antes. No caso de um re- vendedor, por exemplo, o crescimento rápido no volume de vendas, caso não esteja previsto, pode apresentar problemas de capital de giro, ou seja, falta de lastro para cobrir as compras dos produtos que serão revendidos. Quando trabalhei em um fabricante de telecom que produzia equi- pamentos para acesso à banda larga pela linha telefônica (modem ADSL) presenciei uma situação que poderia ser utilizada como exemplo para sustentar a quebra desse paradigma. A venda desse produto estava dire- tamente condicionada à disponibilidade dos serviços pela operadora de telecom que atendia uma determinada região. Se não houvesse disponi- bilidade de portas de acesso locais, ou seja, capacidade da rede de telefo- nia na região para suportar uma expansão no número de usuários, não adiantaria nada fomentar a venda junto aos revendedores que atendiam aquela região. Nesse caso específico, podemos perceber que nem sempre o direcionamento isolado da força de vendas para vender mais é a so- lução. Se não temos como atender a demanda, a pressão por vendas so- mente estressa a equipe. Nesse caso, a solução foi realizar o planejamento totalmente sincronizado com o plano de expansão e disponibilidade de portas de acesso da operadora de telecom. Portanto muito cuidado! Vender mais pode ser a solução desde que te- nha sido alinhada à previsão de vendas (forecast) e este com o planejamen- to de produção (potencial de entrega/produção de produtos e serviços). Quebrando Oito Paradigmas Típicos de Vendas 49 Oitavo paradigma: tenho de saber tudo o que meu cliente perguntar Por fim, temos o oitavo paradigma: tenho de saber tudo o que meu clien- te perguntar. Não temos e não poderemos ter a ilusão de querer saber tudo, mas temos de estar preparados para conhecer os benefícios da em- presa em que trabalhamos, marcas e portfólio que ofertamos, devendo estes estar sempre relacionados com as necessidades de nossos parceiros e clientes. Portanto, em situações em que há uma solicitação do cliente so- bre um assunto ou característica do produto que você não conhece, seja sincero. Afirme desconhecer a resposta. Mas comprometa-se a pesquisar e retornar com a solução. Firme e cumpra este compromisso. Ou ainda, diga que não sabe, mas poderá descobrir junto com o cliente. Acesse o site do fabricante com ele, ligue para seus contatos e fornecedores. De- monstre empenho para resolver o problema. Tenho certeza de que uma aparente fraqueza se tornará sua fortaleza perante o cliente final. Por fim, não se esqueça de que o seu maior desafio não é só ven- der, mas sim fazer com que o seu cliente volte com o desejo de com- prar novamente com você. Encante seus clientes com a metodologia Venda+Valor®! Capítulo 7 O Ensaio: a Importância da Preparação e do Planejamento Quando você vai ao teatro para assistir a uma peça ou mesmo a um show, você já deve ter percebido que os artistas ensaiaram antes da apresenta- ção. Já colocaram seus instrumentos prontos e afinados para uso no local específico que cada músico ocupará no palco. Por esse motivo, eu per- gunto a você, profissional de vendas, você se prepara para o “show” que você apresentará ao cliente em uma visita comercial,em um atendimento telefônico ou mesmo presencialmente em uma loja? Provavelmente a res- posta será não, com inúmeras justificativas. Inclusive, uma delas prova- velmente será que você não é um artista e que esta comparação não se aplica à sua realidade. Eu diria que se esse é o seu pensamento, lamento informar que provavelmente você não terá sucesso em vendas. Quando realizamos o contato com os clientes, devemos estar pre- parados para “dar um show”. Surpreendê-los positivamente, encantá-los. Atingiremos esse objetivo apenas com muito preparo prévio que consi- derarei aqui como aquecimento para a realização da venda de valor. O aquecimento consiste no preparo prévio para o atendimento ao cliente. Em uma loja de varejo, por exemplo, consiste em chegar antes do horário de abertura da loja para acender as luzes, verificar se a área de loja está limpa e preparada para o recebimento dos clientes, ligar os ter- minais de atendimento (terminal de ponto de venda para check-out para consultas e faturamento) etc. Quando o cliente chegar, não se esqueça de que ele é a figura principal do espetáculo da venda. A loja deve estar agra- dável. O cliente deve se sentir bem quando entrar na loja. Seja pontual para abertura, mas caso tenha algum cliente na porta da loja e você já es- teja pronto para atender, deixe-o entrar. Tenho certeza de que o encanta- 52 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço mento será inevitável. Diferencie-se. No caso de loja de rua, em situações em que o cliente estiver em um estado desconfortável, como molhado pela chuva, convide-o a entrar e peça que ele o aguarde um pouco para o atendimento. Veja que o encantamento pode se dar com pequenas ações. O fundamental é entender as necessidades, desejos e aspirações de seus clientes. Faça a seguinte pergunta para você: o que é valor para o cliente naquele exato momento de contato? Talvez você já tenha presenciado situações desagradáveis como já vi- venciei no horário de abertura das lojas. Outro dia cheguei mais cedo que o previsto em um pet shop e eles ainda não haviam aberto as portas para os clientes entrarem. A megastore possuía um estacionamento gran- de em frente à loja e outro no subsolo. Para minha surpresa, o segurança não me deixou estacionar o carro no estacionamento, visto que faltavam 15 minutos para a abertura da loja. Estacionei o carro na rua em fren- te da loja e me dirigi à entrada, junto com alguns outros clientes que já aguardavam a abertura. Logo que cheguei, havia vendedores chegando ao trabalho sendo que um deles olhou para nós com a expressão “Que clientes chatos. Já chegaram tão cedo na loja?”. A sensação de não poder entrar no estacionamento já não foi boa e depois daquela recepção de um dos vendedores, minha percepção da loja ficou muito ruim. O mínimo que esperava era ser recebido com um bom dia e um sorriso. Talvez, con- siderando a venda de valor, provavelmente não fora realizado qualquer exercício de inversão de papéis, buscando identificar como gostariam de ser tratados em uma situação como esta. Quando entrei na loja, 10 minu- tos após o horário anunciado de abertura, ainda encontrei terminais de check-out sendo ligados e pessoas mal-humoradas. Total falta de preparo para o “espetáculo da venda”. Não voltei mais naquela loja. Talvez volte algum outro dia para conferir se continuam da mesma forma ou direcio- naram seus esforços para a figura mais importante da loja: o cliente, se ainda conseguirem resistir às investidas dos concorrentes... No caso de atendimento presencial por meio de visitas a empresas, típico do mercado SMB/PME (pequenas e médias empresas) e corporati- vo (grandes corporações), agendem a visita antecipadamente. Entendam as necessidades do cliente, acesse o site da empresa, obtenha o máximo possível de informações anteriormente à visita. Caso tenha um notebook e utilize uma apresentação em slide-show, por exemplo, teste a apresen- O Ensaio: a Importância da Preparação e do Planejamento 53 tação antes. Revise-a para garantir que está atualizada e alinhada com o que realmente interessa ao cliente final visitado. Ensaie. Considere que a reunião deverá ser um show. O objetivo não é atender às expectativas do cliente final, mas sim superá-las. Encante os seus clientes. Ouça, seja aten- cioso. Atente para os sinais. Seja pontual tanto para o início como para o término. Respeite o tempo de cada um. O preparo para o atendimento também compreende muito conhe- cimento prévio do produto, suas características e funcionalidades (apli- cabilidade dos produtos e serviços) e, mais importante, os benefícios que eles proporcionarão aos clientes. Para que tenha efetividade nesse desafio, necessário se faz pesquisar muito sobre o que você pretende vender. As pesquisas podem ser realizadas por meio de ferramentas de busca na web como, Google, bem como por meio do acesso aos sites dos fabricantes, fó- runs de discussão, blogs, sites de clientes que usam a solução etc. Os trei- namentos disponibilizados pelos fabricantes também são muito valiosos, desde que não apresentem apenas as características técnicas dos produtos. As características são muito importantes, mas mais importante que elas é a sua aplicação, bem como os benefícios que proporcionam aos clientes. Não adianta participar de treinamentos cansativos e dispendiosos dos fa- bricantes para ouvir o discurso de produto, produto e produto. Os clientes compram os produtos pelos benefícios que eles oferecem e não simplesmen- te por suas características técnicas. Os fabricantes estão ainda em processo de descoberta desse “mistério”, mas acredito que eles irão “acordar” para o fato do insucesso e desmotivação causado por esse discurso. Capítulo 8 Estratégias de Abordagem A forma que você utiliza para a abordagem dos clientes no processo de venda é de elevada relevância para que ela resulte em fechamento. Estra- tégias malconduzidas ou mesmo abordagens sem qualquer estratégia não possibilitarão sucesso em um modelo de venda, ainda mais no modelo de venda de valor agregado. A primeira abordagem malconduzida pode inviabilizar novas abordagens ou correções futuras. O seu objetivo deve- rá ser proporcionar uma experiência de compra diferenciada ao cliente. Em momentos de alta competitividade como o que vivemos, com oferta ampla de canais de vendas (presencial, telefone, TV, internet etc.) e ex- cesso de informações disponíveis pelos mais variados meios e acessíveis a todos, cada vez está mais difícil atrair a atenção do cliente e se diferenciar dos competidores. Como proporcionar uma abordagem atrativa e que possibilite a condução do ciclo de venda a culminar com o fechamento? Eu diria que só há uma forma: tornar a experiência de compra única por meio do encantamento de seus clientes. Quando a experiência de compra é diferenciada, os clientes com- pram mais. Eu diria que não só compram mais, mas sim se tornam fiéis a sua marca, não importa em qual elo da cadeia de vendas e distribuição você esteja: fabricante, distribuidor ou revendedor. A experiência é que conta. Não compramos produtos ou tecnologia, mas sim os benefícios que eles proporcionam. Compramos status, satisfação, segurança, emo- ção, experiência, prazer. Em tecnologia, por exemplo, não compramos bits e bytes, mas sim os benefícios que proporcionam. Não compramos gigabytes ou terabytes de armazenamento em um HD (disco rígido) do computador, mas sim o benefício de armazenar um volume considerável de fotos, arquivos, documentos, planilhas etc. 56 Venda+Valor®: Como Vender Valor e não Preço A primeira abordagem A atenção, o sorriso e um simples “bom dia” sincero e não automático poderão fazer milagres. Infelizmente pecamos em nosso dia a dia em não oferecer o básico que nossa educação nos proporcionou. Independente- mente do mercado de atuação, cordialidade e atenção são efetivos com to- dos. Inclusive para desarmar aqueles que vieram carregados, estressados e estão procurando um vivente para descarregar