Buscar

AMBIENTAL (2)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 97 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO 
AMBIENTAL
2 
 
 
 
 
I - INTRODUÇÃO AO DIREITO AMBIENTAL 
 
A questão ambiental está presente na humanidade desde os seus primórdios, 
sendo que os homens, para a satisfação de suas necessidades, que são ilimitadas, 
disputam os bens da natureza, que são limitados. 
Como é do nosso conhecimento, o processo de desenvolvimento dos países se 
realiza, basicamente, à custa dos recursos naturais vitais, provocando a deterioração 
das condições ambientais (desmatamento, escassez de água, alterações climáticas, 
poluição). Em 1972, em Estocolmo, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre 
o Meio Ambiente Humano, fruto da percepção da degradação ambiental e da 
escassez de recursos naturais causados pelo modelo de crescimento adotado pelas das 
nações ricas e industrializadas (chegou-se a propor um crescimento zero, os ricos 
continuariam ricos e os pobre, pobres). 
Nesta época, o Brasil encontrava-se em pleno regime militar, defendendo tese contrária, 
a do crescimento a qualquer custo. A degradação ambiental era vista como um mal 
menor e necessário ao crescimento do país. 
Hoje, o país esta pagando o preço pela política adotada (surgimento de processos de 
desertificação no pampa gaúcho, no Nordeste e em vários pontos da Amazônia, 
poluição dos rios, uso desmedido de agrotóxicos, etc). 
Assim, pode-se afirmar que a evolução da legislação ambiental brasileira vivenciou três 
fases, não muito bem definidas e/ou distintas, mas relevantes face a própria evolução 
do conhecimento sobre os bens naturais, bem como sobre o processo evolutivo do 
desenvolvimento econômico-social do País. 
 
III – O DIREITO DO AMBIENTE 
 
Nomenclatura 
Terminologia MEIO AMBIENTE: Acentuam autores portugueses que a 
expressão meio ambiente embora seja bem sonante, não é a mais correta, isto porque 
envolve em si mesma um pleonasmo, pois ambiente e meio são sinônimos, haja vista 
que meio é precisamente aquilo que envolve, ou seja, o ambiente. A questão é de pouca 
importância para o conteúdo da matéria. 
Direito Ambiental é o conjunto de normas e princípios editados objetivando a 
manutenção de um perfeito equilíbrio nas relações do homem com o meio ambiente. - 
Prof. Des. Tycho Brahe Fernandes Neto 
O Direito Ambiental propõe-se organizar o relacionamento do homem com o meio 
ambiente, isto é, a regrar as atividades humanas que afetam ou possam afetar esses 
frágeis processos físicos, químicos e biológicos, estando umbilicalmente amarrado à 
Ecologia, que propõe-se estudar a biosfera. Antônio V. Hermam Benjamim. 
3 
 
 
 
 
 
 
Direito Ecológico é o conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos 
sistematizados por princípios apropriados, que tenham por fim a disciplina do 
comportamento relacionado ao meio ambiente – Diogo de Figueiredo Moreira Netto. 
Para Michel Prieur “é constituído por um conjunto de regras jurídicas relativas à 
proteção 
da natureza e à luta contra as poluições”. 
O Direito Ambiental (no estágio atual de sua evolução no Brasil) é um conjunto de 
normas e institutos jurídicos pertencentes a vários ramos do Direito, reunidos por sua 
função instrumental para a disciplina do comportamento humano em relação ao seu 
meio ambiente – Toshio Mukai 
Para Edis Milaré Direito do Ambiente “é o complexo de princípios e normas 
reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a 
sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sua sustentabilidade para as 
presentes e futuras gerações”. 
A definição legal de meio ambiente foi trazida pela Lei de Política Nacional do Meio 
Ambiente (lei 6.938/81): 
Art. 3 ... 
I - O meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e 
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga 
e rege a vida em todas as suas formas. 
Esta definição legal é ampla, tendo o legislador optado por dar um conceito 
jurídico indeterminado. 
A definição acima foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que tutelou o 
meio ambiente natural, artificial, cultural e o do trabalho. Basta observar o art. 225, CF, 
que usa a expressão sadia qualidade de vida, que diz respeito ao meio ambiente, à 
saúde, ao bem-estar, à segurança da população. 
A citada lei também definiu no art. 3: 
II - Degradação da qualidade ambiental: a alteração adversa das 
características do meio ambiente; 
III - Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de 
atividades que direta ou indiretamente: 
prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da 
população; criem condições adversas às atividades sociais 
e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; 
afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões 
ambientais estabelecidos. 
IV - Poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou 
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade de 
degradação ambiental. 
V - Recursos Ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e 
4 
 
 
 
 
 
 
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da 
biosfera, a fauna e a flora. 
ECOLOGIA = A palavra ecologia deriva do grego oicos (casa) e logos 
(estudo, ciência), que reunidos, significam algo em torno de: estudo ou ciência do 
habitat, com a idéia essencial de ciência que estuda as relações ambientais., isto é, as 
relações que se produzem num dado ambiente, entre os seres vivos e o meio. 
Natureza jurídica 
O direito do ambiente não pode ser visto em sua natureza jurídica com a 
visão simplista da ótica dos demais ramos do direito e isto porque ele diz respeito à 
proteção de interesses plurindividuais que superam as noções tradicionais de interesse 
individual ou coletivo. Trata-se da proteção do que se denominou na doutrina de 
interesses difusos, que nada mais são que “os interesses juridicamente reconhecidos, de 
uma pluralidade indeterminada ou indeterminável de sujeitos que, potencialmente, pode 
incluir todos os participantes da comunidade geral de referência, o ordenamento geral 
cuja normativa protege tal tipo de interesse”. (cf. Luis Felipe Colaço Antunes, A tutela 
dos Interesses difusos em Direito Administrativo, 1989, os. 20-21) 
Autonomia 
Pode-se afirmar que o Direito Ambiental no Brasil é na realidade um direito 
adulto. Conta ele com assento Constitucional e com um regramento infraconstitucional 
complexo e moderno. Além disso, tem a seu dispor toda uma estrutura administrativa 
especializada e instrumentos eficazes de implementação. 
O direito do Ambiente é constituído por um conjunto de regras jurídicas relativas à 
proteção da natureza e à luta contra as poluições, assim tem ele objeto bem distinto e 
específico em relação aos demais ramos do direito. 
Multidisciplinariedade 
O Direito Ambiental, como disciplina autônoma, mas não independente, é 
fundamentalmente multidisciplinar. Isto quer dizer que lhe cabe congregar 
conhecimentos de uma série de outras disciplinas e ciências, jurídicas ou não. 
 
IV - CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE 
Meio ambiente é um conceito jurídico indeterminado. Unicamente para fins 
de sistematização da matéria, a doutrina costuma fazer uma classificação do meio 
ambiente da seguinte forma: 
Meio Ambiente 
Natural; Meio 
Ambiente Artificial; 
Meio Ambiente 
Cultural; 
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 5 
 
 
 
 
 
 
Meio Ambiente do Trabalho. 
O Meio Ambiente Natural ou físico 
Solo, água, ar atmosférico, flora e fauna constituem o meio ambiente, o que 
deve permanecer em equilíbrio dinâmico (fenômeno da homeostase) entre os seres 
vivos e meio em que vivem, conforme preceitua o Art. 225, caput, §1, I e VII, CF: 
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para aspresentes e futuras 
gerações. 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover 
o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
(...) 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas 
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção 
de espécies ou submetam os animais à crueldade. 
Meio Ambiente Artificial 
Os centros urbanos sintetizam a idéia de meio ambiente artificial. De 
maneira mais abrangente, corresponde o meio resultante da intervenção do homem no 
meio ambiente natural, transformando este para que possa organizar a vida em 
sociedade. 
Obs. O meio ambiente artificial recebe tratamento constitucional nos dispositivos: 
art. 225, art. 182 (capítulo referente à política urbana), art. 21, XX, art. 5, XXIII, etc. 
Meio Ambiente Cultural 
O patrimônio cultural traduz a história de um povo. O povo é resultado 
desta formação histórica que identifica a sua própria cidadania. 
O Prof. José Afonso da Silva, citado por Celso Antônio Pacheco Fiorillo, diz que meio 
ambiente cultural: é integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico 
paisagístico, turístico, que embora artificial, em regra, como obra do homem, difere 
do anterior (que também é cultural) pelo sentido de valor especial”. 
Art. 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de 
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em 
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória 
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais 
se incluem: 
I - as formas de expressão; 
II - os modos de criar, fazer e viver; 
 
 
 
 
 
 
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços 
destinados às manifestações artístico-culturais; 
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, 
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. 
Meio Ambiente do Trabalho 
Refere-se ao local onde as pessoas exercem suas atividades laborais, 
independente de remuneração ou posição que ostentam (homens, mulheres, menores, 
maiores de idade, celetistas, funcionário público etc.). O equilíbrio deste meio está em 
oferecer condições de salubridade e incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores. 
O meio ambiente do trabalho vem tutelado de forma imediata no art. 200, VIII, CF: 
Art. 200... 
(...) 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido 
o do trabalho. 
O art. 225, caput, tutela de forma mediata o meio ambiente do trabalho 
quando refere-se a sadia qualidade de vida. A proteção do meio ambiente do trabalho 
visa salvaguardar a saúde e a segurança do trabalhador no local onde exerce seu 
trabalho. 
 
V - OBJETO JURÍDICO DO DIREITO AMBIENTAL 
O meio ambiente é um bem jurídico autônomo e unitário que não se 
confunde com os diversos bens jurídicos que o integram, pois não é um simples 
somatório de flora e fauna, de recursos hídricos e minerais. 
O bem jurídico ambiente resulta da supressão de todos os componentes que, 
isoladamente, podem ser identificados, tais como florestas, animais, ar, etc. Este 
conjunto de bens adquire uma particularidade jurídica que é derivada da própria 
integração ecológica de seus elementos componentes (tal qual ocorre com o conceito 
de ecossistema que não pode ser compreendido como se fosse um simples aglomerado 
de seus componentes). O bem jurídico meio ambiente, portanto, não pode ser 
decomposto, sob pena de desaparecer do mundo jurídico. 
 
 
VI - INTERESSE DIFUSO – BEM AMBIENTAL 
 
 
Direito difuso é um direito transindividual (transcendem o indivíduo, 
ultrapassa o limite de direito e dever individuais), tendo um objeto indivisível (pertence 
a todos, mas ninguém em específico o possui, exemplo o ar), pluralidade de titulares 
indeterminados e interligados por circunstâncias de fato. Vê-se que difuso determina 
um 
6 
 
 
 
 
 
 
alcance abrangente indeterminado ou indeterminável (para o futuro), não se sabe ou 
não se determina a sua extensão. Exemplo: propaganda enganosa (grupo 
indeterminável; origem fato de ouvir a propaganda; lesão ao direito de saber a verdade), 
proteção ao meio ambiente. 
Interesse Difuso é o interesse juridicamente reconhecido, de uma pluralidade 
indeterminada ou indeterminável de sujeitos que, potencialmente, pode incluir todos os 
participantes da comunidade geral de referência, o ordenamento geral cuja normativa 
protege tal tipo de interesse – Luís Felipe Colaço Antunes 
Segundo Hugo Nigro Mazzilli, interesse difuso: são como um feixe de interesses 
individuais com pontos em comum. 
Objetivamente, o interesse difuso estrutura-se como um interesse pertencente a todos e 
a cada um dos componentes da pluralidade indeterminada de que se trate. Não é um 
simples interesse individual, reconhecedor de uma esfera pessoal e própria, exclusiva 
do domínio. O Interesse difuso é o interesse que cada indivíduo possui pelo fato de 
pertencer à pluralidade de sujeitos a que se refere à norma. 
O interesse difuso sendo um direito transindividual (pessoas indeterminadas ligadas por 
circunstância de fato) pressupõe “a existência de um bem de natureza indivisível”, ou 
seja, que “não pode ser fracionado por sua natureza, por determinação de lei ou por 
vontade das partes” 
Cada indivíduo do grupo indeterminado possui interesses. Uma certa situação fática 
pode gerar neste grupo indeterminado um interesse comum, mas não necessariamente 
cada indivíduo tem a mesma intensidade deste interesse, já que não há vínculo jurídico 
entre eles (trata-se de um situação de fato). No que estes interesses coincidem gera o 
todo que é impossível de dividir, então, aqui se mostra o interesse difuso. 
Direito coletivo stricto sensu é um direito transindividual, tem objeto indivisível e 
tutela os interesses de determinada classe de pessoas, um grupo determinado. Esses 
titulares encontram-se ligados por uma relação jurídica entre si ou com parte contrária, 
são identificáveis, sendo que a relação jurídica antecede à lesão ao interesse. Assim, o 
que gera a titularidade do interesse não é a lesão, mas a relação jurídica precedente. 
Exemplo: consórcio de veículos (empresa altera os termos do contrato aumentando o 
preço das prestações). 
Já os interesses ou direitos individuais homogêneos são direitos individuais com 
origem comum, ou seja, decorrem de uma mesma causa, tendo um objeto divisível. 
Aqui se inclui o direito de ação civil pública que poderá ser proposta em nome próprio, 
caracteriza-se pela natureza comum, similar, semelhante entre todos os titulares. Não é 
um modelo de litisconsórcio, onde há várias demandas, pluralidade subjetiva, mas uma 
única demanda com o objetivo de tutelar os interesses individuais homogêneos. Por 
exemplo: fabricação de um produto com o mesmo defeito. O grupo pode ser 
determinado (quem comprou o produto). A união do grupo deve-se ao fato de terem 
comprado o produto com defeito. O interesse é divisível, pode-se quantificar o prejuízo 
de cada um. 
Destaca-se que nos interesses transindividuais (difusos, coletivos ou individuais 
homogêneos) sempre haverá uma situação fática e jurídica subjacente a ser 
questionada 
7
 
8 
 
 
 
 
 
como causa de pedir, contudo, o interesse coletivo tem origem numa relação jurídica 
comum, e os interesses difusos e individuais homogêneos tem origem em uma relação 
fática. 
O legislador, reconhecendo a importância deste interesse comum, modificou o 
ordenamento jurídico de modo a remover os óbices existentes: alterou a sistemática da 
legitimação (Art. 82 CDC) e os limites subjetivos da coisa julgada, para garantir o 
atendimento ao princípio constitucional na inafastabilidade do controle jurisdicional. 
Faz-se necessário apresentar aqui os ensinamentos do ilustre Prof. Nelson Nery Júnior 
em matéria de direitos difusos: 
Interessante notar o enganoem que vem incorrendo a doutrina, ao 
pretender classificar o direito segundo a matéria genérica, dizendo 
por exemplo que meio ambiente é direito difuso, consumidor é 
coletivo etc. Na verdade o que determina a classificação de um 
direito como difuso, coletivo, individual puro ou individual 
homogêneo é o tipo de tutela jurisdicional que se pretende quando 
se propõe a competente ação judicial. Ou seja, o tipo de pretensão 
que se deduz em juízo. O mesmo fato pode dar ensejo à pretensão 
difusa, coletiva e individual Em 
suma tipo de pretensão é que classifica um direito ou interesse como 
difuso, coletivo ou individual. 
 
Difusos Coletivos Individuais 
Homogêneos 
Origem Liame de fato Liame jurídico Liame de fato 
Grupo Pessoas 
indetermináveis 
Pessoas determinadas 
ou determináveis 
Pessoas determinadas 
Objeto Interesses indivisíveis Interesses 
indivisíveis 
Interesses divisíveis 
 
VII – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO AMBIENTAL 
O direito ambiental é uma ciência nova, porém autônoma. Essa 
independência existe porque a Constituição Federal, no art. 225, conferiu ao direito 
ambiental princípios diretores próprios. 
Os princípios de direito ambiental estão voltados para a finalidade básica de proteger 
a vida, em qualquer forma que esta se apresente, e garantir um padrão de existência 
digno para os seres humanos desta e das futuras gerações, bem como conciliar os dois 
elementos anteriores com o desenvolvimento econômico ambientalmente sustentado. 
Identifica-se, então, princípio de Política Nacional do Meio Ambiente e princípios 
relativos a uma Política Global do Meio Ambiente. 
Inicialmente os princípios da Política Global de Meio Ambiente foram formulados na 
Conferência de Estocolmo de 1972 e ampliados na ECO-92. Estes princípios são 
9 
 
 
 
 
 
 
genéricos e diretores. 
Os princípios da Política Nacional do Meio Ambiente decorrem da implementação dos 
princípios globais adaptados à realidade cultural e social de cada país. 
Sem querer trazer aqui uma classificação, os princípios podem estar explícitos e 
implícitos: 
princípios explícitos: aqueles que estão expressamente descritos nos textos legais e 
principalmente na CF; 
princípios implícitos: os que decorrem do sistema constitucional, mesmo que não 
estando escritos, estando também alicerçados nos fundamentos éticos que devem 
nortear as relações sociais e nas dos humanos com as demais formas de vida. 
No art. 225, da CF, destacam-se como princípios globais: 
Princípio do desenvolvimento sustentável 
Primeira referência a este princípio foi na Conferência de Estocolmo. Na 
ECO/92 empregou o termo em onze de seus vinte e sete princípios. 
Princípios 3 e 4 da Declaração do Rio/92 : 
“O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de forma tal que 
responda eqüitativamente às necessidades ambientais e de 
desenvolvimento das gerações presentes e futuras.” (3) 
“a fim de alcançar o desenvolvimento sustentado a proteção ao meio 
ambiente deve constituir parte integrante do processo de 
desenvolvimento e não pode ser considerada de forma isolada.”(4) 
Art. 225 caput, CF: 
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo- se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê- 
lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. [grifo nosso] 
O desenvolvimento que atende às necessidades do presente, sem 
comprometer a capacidade das futuras gerações atenderem as suas próprias 
necessidades. Partindo-se da premissa que os recursos ambientais são esgotáveis e que 
as gerações futuras (que não sabemos quantas serão) devem ter oportunidade de 
desfrutar desses mesmos recursos, o desenvolvimento presente não poderá esgotar estes 
mesmos recursos ambientais. Assim, permite-se o desenvolvimento, mas de forma 
sustentável. É o que requer o art. 225 e 170, VI,da CF. 
 
Princípio da Precaução/Prevenção 
O princípio da prevenção é o sustentáculo do direito ambiental. 
Indaga-se inicialmente: Como o sistema jurídico pode restabelecer um dano causado ao 
permanente. 
10 
 
 
 
 
 
 
meio ambiente, fazendo com que este retorne a uma situação idêntica a anterior? Em 
termos técnicos, os danos ambientais são na sua grande maioria irreversíveis e 
irreparáveis (ex. como erradicar os efeitos de Chernobyl?), assim juridicamente surge 
o princípio da prevenção, que vem de encontro a ações humanas tendentes a transformar 
o meio ambiente sem que haja um prévio conhecimento de suas conseqüências. 
Princípio 15 – ECO 92: 
Para proteger o meio ambiente medidas de precaução devem ser 
largamente aplicadas pelos Estados segundo suas capacidades. Em 
caso de risco de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza 
científica absoluta não deve servir de pretexto para procrastinar a 
adoção de medidas efetivas viando a prevenir a degradação do meio 
ambiente. 
O art. 225, CF, também faz menção ao princípio da prevenção ao 
determinar que é dever do Poder Público e da coletividade de proteger e preservar o 
meio ambiente para as presentes e futuras gerações. 
Destacam-se como ferramentas do princípio da prevenção: 1) o Estudo Prévio de 
Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA); 2) o manejo 
ecológico; 3) o tombamento; 4) as liminares; 5) as sanções administrativas; etc. 
O Estado em seu poder de polícia tem papel crucial na efetiva prevenção, pois uma 
punição correta desestimula agressões ao meio ambiente. Incentivos fiscais àqueles 
particulares que adotam uma política de respeito ao meio ambiente. Uma legislação 
adequada com multas e sanções severas, levando-se em conta o poder econômico do 
poluidor e o lucro obtido com a agressão ao meio ambiente. 
O Princípio da Prudência ou da Cautela é aquele que determina que não se produzam 
intervenções no Meio Ambiente antes de ter a certeza de que estas não serão adversas 
para o Meio Ambiente . Deste princípio decorre um implícito que é: Princípio da 
avaliação do meio ambiente na tomada de decisões - obrigatoriedade do EIA/RIMA, 
licenciamento ambiental etc. 
Princípio da Publicidade/ participação do cidadão 
Qualquer processo decisório com implicações ambientais significativas 
deve haver a participação do cidadão, bem como ser acessível ao conhecimento público. 
Publicidade. Audiência Pública – art. 225, § 1, VI (princípio da publicidade) O art. 
225, § 1, VI, (princípio da participação) busca trazer a consciência ecológica ao povo, 
titular do direito ao meio ambiente. 
 
Princípio do Limite/controle do Poluidor pelo Poder Público 
 
 
Resulta das intervenções necessárias à manutenção, preservação e restauração dos 
recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade 
11 
 
 
 
 
 
 
A ação dos órgãos e entidades públicas se concretiza através do exercício do seu poder 
de polícia administrativa, isto é, daquela faculdade inerente à administração pública de 
limitar o exercício dos direitos individuais, visando assegurar o bem-estar da 
coletividade. 
Necessidade do regramento e fiscalização da atividade produtiva e de desenvolvimento 
- licenças, autorizações e fiscalização - Art. 225, § 1º, V. 
 
Princípio da Responsabilidade/dever de indenizar/poluidor-pagador 
Poluidor pagador - Art. 225, § 3º, CF: 
As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais 
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados. [grifo nosso] 
Frise-se: Este princípio não traz a idéia de “pagar para poluir” ou “se poluir 
basta pagar que resolve o problema”. Na verdade há busca-se alcançar dois objetivos: 
1) evitar a ocorrência de danos ambientais – prevenção; 2) se ocorrido dano deve haver 
reparação – repressão. 
Impõe-se então ao poluidor o dever de arcar com todas as despesas de prevenção dos 
danos que sua atividade possaocasionar. Ocorrendo dano o responsável deverá reparar 
(responsabilidade objetiva). 
Observa-se que a responsabilidade de reparar o dano não tem caráter de pena, nem 
sujeição à infração administrativa, podendo, até, ser cumuladas quando o poluidor age 
com culpa ou dolo. 
Em síntese é o seguinte: Responsabilidade civil e ato ilícito são dissociáveis. Qualquer 
atividade que causar dano ao meio ambiente, mesmo que dentro dos padrões legais, 
independente de haver agido licitamente ou não, deverá indenizar, bastando existir, 
logicamente, o nexo de causalidade (atividade e o dano ambiental). 
Princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental 
da pessoa humana 
O legislador de 1988, no caput do artigo 225 da Constituição Federal, 
acrescentou um novo direito fundamental da pessoa humana ao rol dos direito já elencos 
em seu artigo 5, direcionado ao desfrute de condições de vida adequada em um 
ambiente saudável ou, na dicção da lei, “ecologicamente equilibrado”. 
O reconhecimento do direito a um meio ambiente sadio configura-se, na verdade, como 
extensão do direito à vida, quer sob o enfoque da própria existência física e saúde dos 
seres humanos, quer quanto ao aspecto da dignidade desta existência – a qualidade de 
vida-, que faz com que valha a pena viver. 
12 
 
 
 
 
 
 
Princípio da consideração da variável ambiental no processo decisório de 
políticas de desenvolvimento 
Este princípio diz com a elementar obrigação de se levar em conta a variável 
ambiental em qualquer ação ou decisão – pública ou privada – que possa causar algum 
impacto negativo sobre o meio. O surgimento deste princípio deste princípio coincide 
com o surgimento do Estudo de Impacto Ambiental nos aos sessenta, nos Estados 
Unidos. 
Princípio da participação comunitária 
Este princípio expressa a idéia de que para a resolução dos problemas do 
ambiente deve ser dada especial ênfase à cooperação entre o Estado e a sociedade, 
através dos diferentes grupos sociais na formulação e na execução da política 
ambiental. A participação comunitária na tutela do meio ambiente foi objeto do 
princípio 10 da Declaração do Rio de 1992. No Brasil, tal princípio vem contemplado 
no art. 225, caput, da CF, quando ali se prescreve ao poder público e à coletividade o 
dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. 
Está intrinsecamente ligado ao direito de informação. 
Princípio da função socioambiental da propriedade 
Por este princípio, a propriedade, sem deixar de ser privada, se socializou, 
com isso significando que deve oferecer à coletividade uma maior utilidade, dentro da 
concepção de que o social orienta o individual. 
A função social ou socioambiental da propriedade urbana vem qualificada no artigo 
182, parágrafo 2, da Constituição, ou seja, é cumprida quando atende às exigências 
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. A função 
socioambiental da propriedade rural, de sua parte, encontra qualificação no artigo 186 
da mesma Carta que a tem por cumprida quando atende, entre outros requisitos, à 
utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e à preservação do meio 
ambiente. 
O uso da propriedade deve-se adequar à preservação do meio ambiente, está é a nova 
visão contemplada no atual Código Civil, em seu art. 1.228, parágrafo 1º: 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o 
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas 
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de 
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas 
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como 
evitada a poluição do ar e das águas. (grifamos) 
Princípio da Ubiqüidade (Celso Antonio Fiorillo) 
A proteção do meio ambiente deve ser levada em consideração toda vez que 
uma política, uma legislação, uma atividade, uma obra etc, for criada ou desenvolvida. 
do 13 
 
 
 
 
 
 
A vida e a qualidade de vida são tutelados constitucionalmente, portanto, tudo que 
possa afetá-los deverá ser avaliado cuidadosamente, levando em conta a vida com 
dignidade. 
Princípio da cooperação entre os povos (Édis Milaré) 
Trata-se do princípio das relações internacionais previsto no art. 4º, IX, da 
CF/88: 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais 
pelos seguintes princípios: 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
As agressões ao meio ambiente não se restringem aos limites territoriais de 
um único país, havendo a necessidade de integração e cooperação entre os países para 
superarem os problemas ambientais e garantirem uma sadia qualidade de vida para as 
presentes e futuras gerações. 
Surgem aí os grandes encontros, conclaves, conferências, protocolos (Conferência de 
Estocolmo em 1.972, Rio 92 em 1.992, Protocolo de Kyoto etc). 
 
 
IX - PATRIMÔNIO NATURAL 
Ar 
Ligado ao processo vital de respiração e fotossíntese. É o recurso que mais 
rapidamente se contamina e mais rapidamente se recupera. Sua poluição resulta da 
alteração das características físicas, químicas e biológicas da atmosfera. 
Legislação aplicável: 
Constituição Federal art. 23, VI (competência comum - material), 24, VI 
(competência concorrente – legislativa), 30, II (competência suplementar) e 225. 
Lei n. 6.938/81, art. 2º, V, zoneamento de 
atividades. Lei n. 9.294/96, tabagismo. 
 
Água 
Recurso diretamente associado à vida. 
Elevado potencial na composição dos seres vivos. 
¾ da superfície da terra é coberto de água, sendo 2,5% de água doce (consumo e 
irrigação). 
Recurso está mal distribuído. 
Lei n. 9.433/97 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema 
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 
A implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos está regulamentada pela 
Lei 
n. 9.984/00, que criou a Agência Nacional de Águas – ANA, vinculada ao Ministério 
14 
 
 
 
 
 
 
Meio Ambiente – MMA, supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades 
decorrentes da utilização dos recursos hídricos. 
Outorga do uso da água, com articulação dos Comitês de Bacias Hidrográficas. Rios 
Araguaia, Paranaíba, Tocantins e São Francisco. 
Usos múltiplos da água: 
- abastecimento para consumo humano; 
- abastecimento para uso doméstico; 
- irrigação; 
- dessedentação de animais; 
- conservação da fauna e flora; 
- recreação; 
- pesca; 
- geração de energia; 
- transportes. 
Legislação aplicável: 
Constituição Federal art. 20, III, V e VI (bens da União), 26, I, 21, XIX, 22, 
IV, 23, VI (competência comum - material), 24, VI (competência concorrente – 
legislativa), 30, II (competência suplementar) e 225. 
Lei n. 9.433/97 – 
PNRH. Lei 9.984/00 
– ANA. 
R. C. 357/05. 
Lei n. 12.651/2012 (Código Florestal) APP. 
Decreto-lei n. 221/67 (Código de pesca) lançamento de efluentes por indústrias somente 
quando não tornarem as águas poluídas. 
 
Solo 
Tem vida própria, além dos suportes aos biomas (conjunto de 
comunidades) 
e ecossistemas peculiares (mundo de fungos e decompositores). 
Constituição Federal art. 23, VI (competência comum - material), 24, VI 
(competência concorrente – legislativa), 30, II (competência suplementar) e 225. 
Lei n. 8.171/91 (Política 
Agrícola). Lei n. 
12.651/2012(Código Florestal). 
Lei 7.802/89 (agrotóxicos). 
Lei 6.766/79 Princípios gerais de ordenação do uso e ocupação do 
solo. Plano diretor e zoneamento (urbano). 
Lei 9.985/00 (SNUC). 
Decreto-lei 227/67 (Código de mineração). 
15 
 
 
 
 
 
 
Flora 
Fauna é a totalidade de espécies que compreendem a vegetação de uma 
determinada região, sem qualquer expressão de importância individual que a compõem. 
Compreende também as bactérias, fungos e fitoplânctons marinhos.Vegetação: é a cobertura vegetal de certa área, região ou pais. 
Floresta: uma formação vegetal de proporções e densidade maiores (mata, selva, 
grandes extensões formadas por arvoredos silvestres e espessos). 
Legislação aplicável: 
Constituição Federal art. 23, VII (competência comum - material), 24, VI 
(competência concorrente – legislativa), 30, II (competência suplementar) e 225, caput, 
§ 1º, VII, § 4º. 
Lei n. 12.651/2012 (Código 
Florestal). Lei 9.985/00 (SNUC). 
Decreto 750/93 (Mata Atlântica). 
 
Fauna 
 
período 
geológico. 
 
É o conjunto de animais que vivem numa determinada região, ambiente ou 
 
Divide-se em: 
- terrestre (fauna silvestre e avifauna); 
- aquática (oceano, fluvial e lacustre); 
- outras (abissal, bentônicas, zooplânctons). 
Legislação aplicável: 
Constituição Federal art. 23, VII (competência comum - material), 24, VI 
(competência concorrente – legislativa), 30, II (competência suplementar) e 225, caput, 
§ 1º, VII. 
Lei n. 12.651/2012(Código 
Florestal). Lei 9.985/00 (SNUC). 
Decreto-lei n. 221/67 (Código de 
pesca). Lei 5.197/67 (Proteção da 
fauna). 
X - PATRIMÔNIO AMBIENTAL CULTURAL 
 
1 - Evolução Histórica e Conceito: A Constituição de 1934 limitou-se a proteger bens 
de valor histórico, artístico, arqueológico e paisagístico. O art. 216 e incisos da 
Constituição de 1988 conceituou cientificamente o patrimônio cultural brasileiro e 
exemplificou alguns tipos de bens culturais (bens tangíveis e intangíveis). Vide também 
resolução nº 5 do CONAMA de 06/08/87 que incluiu o patrimônio espeleológico. 
16 
 
 
 
 
 
 
2 - Competência: No plano executório ou de zelo do patrimônio, a competência é 
comum aos entes estatais (art. 23 da Constituição). Plano legislativo, a competência é 
concorrente (art. 24). Atenção, o município sofre limitações no plano executório e 
legislativo, ficando sujeito às normas da União e Estado, pois sua competência 
legislativa é suplementar decorrente da competência executiva e convalidada pela regra 
do interesse local. 
 
3 - Forma de proteção dos bens culturais: 
3.1 - Administrativa: vide exemplos no art. 216, §1º da Constituição Federal e também 
arts. 72 e ss do Dec. 6514/2008. 
3.1.1 - Tombamento: 
Conceito: resultado de procedimento administrativo (art 10º Dec.Lei 25/37), é uma 
intervenção do Estado na propriedade privada que limita o exercício do direito de 
propriedade pelo qual se declara ou reconhece o valor cultural do bem por suas 
características especiais, e passa a ser preservado no interesse da coletividade. (arts. 5º, 
XXIII, e 170, III da Constituição Federal). 
Natureza jurídica: caracteriza-se como meio de intervenção do Estado consistente na 
restrição do uso de propriedades determinadas. 
Modalidades: de ofício (art. 5º - bens públicos), voluntário e compulsório (art. 6º - bens 
particulares) – quanto ao procedimento; provisório ou definitivo (art.10, parágrafo 
único) 
– quanto à eficácia; e individual ou geral – quanto aos destinatários. Todos os arts. são 
do Dec.Lei 25/37. 
Efeitos: obrigação de transcrição no registro público, restrições à alienabilidade, 
restrições à modificabilidade, possibilidade de nela intervir o órgão de tombamento 
para fiscalização e vistoria, sujeição da propriedade vizinha a restrições especiais. 
Dever de indenizar: só na hipótese de restrição causar prejuízo concreto, atual, 
esvaziando total ou parcialmente a propriedade. 
3.2 - Legislativa: realiza-se por lei específica ou em lei de uso do solo. Ex. Ouro 
Preto/MG – Decreto 22.928/93; lei dos sambaquis, lei 3.924/61; art. 216 §5º 
Constituição Federal. 
3.3 - Judicial: realiza-se por meio de decisão judicial independentemente do critério 
administrativo conforme art. 1º, III da lei 7.347/85. 
 
4 - Instrumentos de defesa e repressão: 
4.1 - Administrativos: 
multa: de caráter punitivo e preventivo, desestimulante às agressões; possibilita 
arrecadação de verbas. Vide arts. 13, §1º, 17, 19, 20, 22 §2º, 52 parágrafo único do Dec. 
Lei 25/37. 
destruição de obra: construída na vizinhança de coisa tombada que impeça ou reduza 
a sua visibilidade; art. 18 do Dec. Lei 25/37 
remoção de objeto: anúncios ou cartazes na vizinhança de coisa tombada; art. 18 do 
Dec. Lei 25/37 
4 – Regiões metropolitanas: observam-se as legislações federal, estadual e municipal. 
17 
 
 
 
 
 
 
4.2 - Judiciais: 
ação popular: contra ato administrativo lesivo ao patrimônio público; art. 5º, LXXIII, 
Constituição Federal e art. 14, §4º da Lei 4.717/65 
ação civil pública: contra não só o Estado, mas também contra os particulares; art. 1º, 
III, Lei 7.347/85, art. 14 §1º da lei 6.938/81 e art. 129, III, 225, §3º da Constituição 
Federal. ação penal pública: art. 26 da lei 9.605/98, revogados os arts. 165 e 166 do 
Código Penal. Vide art. 62 da referida lei acima. 
4.3 - Observações: 
4.3.1 - Novos Instrumentos, além dos legais: 
educação ambiental: proporcionar meio pedagógicos e métodos de participação 
comunitária, com o objetivo de conscientizar e formar atitudes de cuidado cívico e 
preservação cultural. 
estímulos econômicos: isenção ou dedução fiscal, financiamentos com juros 
subsidiados, incentivo à utilização de edifícios históricos para fins comerciais ou 
institucionais com benefícios fiscais, criação de um fundo destinado a apoiar obras 
preservacionistas. 
 
XI - PATRIMÔNIO AMBIENTAL ARTIFICIAL 
 
1 - Conceito: é o meio construído pelo homem, que não surgiu em decorrência de leis 
e fatores naturais, mas da transformação do homem mo meio ambiente natural. Ex. 
cidades, praças, parque, equipamentos urbanos etc (ambiente urbano), culturas 
artificiais (vegetais e animais). Está ligado, ademais do Direito Ambiental, ao Direito 
Urbanístico. 
 
2 - O ambiente construído: cabe ao Município a tutela do patrimônio ambiental 
artificial através do Plano Diretor. Ex. uso e ocupação do solo, zoneamento, edificações 
e obras, limpeza pública etc. Assim, a desordem das cidades e o caos urbano requerem, 
como em qualquer forma de impacto ambiental, medidas mitigatórias ou 
compensatórias, através de práticas de planejamento, monitoração e controle da 
qualidade de vida urbana. 
 
3 – Legislação aplicável: a tutela do ambiente urbano concretiza-se por via da proteção 
de seus elementos construídos (praças, parques, equipamentos urbanos, etc.), assim 
como naturais (ar, solo, água, flora e fauna) e culturais (bem imóvel tombado, ou 
especialmente protegido) ali inseridos. Essa proteção é, no geral, regulamentada em 
normas ambientais e urbanísticas. Obedecem a normas gerais, tais como a Lei n. 
6766/79 e o estatuto da cidade e ainda as leis estaduais e locais de uso e ocupação do 
solo urbanos, tais como o plano diretor do município as leis de zoneamento e pelos 
códigos de obras e edificações. Na área criminal e administrativa aplicam-se a lei n. 
9.605/98 e o seu decreto regulamentador n. 6.514/2008. 
18 
 
 
 
 
 
 
5 - Poluição sonora e por radiação ou ondas eletromagnéticas: resolução do 
CONAMA nº001, 002, 003/90, 017/93, 020/94, 252/99, art. 3º, III e alíneas Lei 
6.938/81 e lei n. 9.605/98 
 
6 - Poluição visual: art. 3º, III e alíneas Lei 6.938/81 e a legislação local 
 
7 - Crimes contra ordenamento urbano: Lei 9.605/98. Ex. Parque Municipal art. 40 
caput e §1º., art. 60, art 65 
 
8 - Infrações administrativas: Dec. 6.514/2008 arts. 72 e segs. 
 
9 – Crimes contra o ordenamento urbano: considerando que a cidade é o ambiente 
preferido do homem, tipificou os crimes contra o ordenamento urbano. São eles: a) 
causar dano a parque municipal (art. 40, caput, e parágrafo 1.); implementar atividade 
potencialmente poluidora, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais 
competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes (art. 60); e 
pichar, grafitar ou conspurcar edificações (art. 65). 
 
XII – TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE 
 
1 – Histórico 
a) Noções: tema atual tratado apenasnas Constituições mais recentes, isto é, nos países 
que elaboraram seus textos constitucionais após a Conferência de Estocolmo em 1972. 
Anteriormente, apenas algumas leis e regulamentos tratavam do assunto, mas o 
princípio de proteção ao meio ambiente era subsidiário ao princípio da saúde humana. 
b) A questão ambiental nas Constituições brasileiras: 
- desde a Constituição de 1934 todas mantiveram a proteção do patrimônio histórico, 
cultural e paisagístico do país; 
b) houve constante indicação no texto constitucional da função social da propriedade 
sem proteger efetivamente o patrimônio ambiental; 
- o legislador não se preocupou em proteger o meio ambiente de forma específica e 
global, ou então disciplinando subsidiariamente à saúde pública. 
- A Constituição de 1988: secundada por constituições estaduais e leis municipais, é 
uma das mais avançadas do mundo, deu total destaque matéria ambiental. O maior 
problema enfrentado entretanto é o desrespeito generalizado, imputado ou imputável à 
legislação vigente. 
 
2 – Noções Gerais 
A CF de 88 instituiu, pela primeira vez no âmbito constitucional, um 
capítulo exclusivo de proteção ao meio ambiente. Apesar do capítulo VI conter apenas 
um artigo (225), a relevância consiste em elevar a questão ambiental para a categoria 
de bens de 
19 
 
 
 
 
 
 
interesse constitucionalmente protegido. 
Caracteriza-se o meio ambiente como direito absoluto inerente a cada indivíduo e a toda 
sociedade, cumprindo ao poder público e a coletividade o dever de preservar e garantir 
o equilíbrio desse meio ambiente para presentes e futuras gerações. 
Utilizando-se da mesma terminologia de José Afonso da Silva, a da norma-matriz 
insculpida no “caput” do artigo 225, cria um direito constitucional fundamental ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado. “Como todo direito fundamental, o direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado é indisponível. Ressalte-se que essa 
indisponibilidade vem acentuada na Constituição Federal pelo fato de mencionar-se que 
a preservação do meio ambiente deve ser feita no interesse não só das presentes, como 
igualmente das futuras gerações. Estabeleceu-se, por via de conseqüência, um dever 
não apenas moral, como também jurídico e de natureza constitucional, para as gerações 
atuais de transmitir esse patrimônio ambiental às gerações que nos sucederem e nas 
melhores condições possíveis do ponto de vista do equilíbrio ecológico.” Álvaro Luiz 
Valery Mirra, in Fundamento do Direito Ambiental no Brasil, RT, p.13, 1994, v. 706. 
O art. 225, caput, da Constituição Federal diz: 
Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
Passando à análise dos termos do caput temos que: 
Todos: há dois entendimentos: 1) significa brasileiros e estrangeiros residentes no 
país, fundamentando no art. 5, CF; 2) quer dizer qualquer pessoa humana, art. 1, 
III, CF. Pela 1 corrente, os brasileiros e estrangeiros residentes no país são titulares 
no exercício dos direitos ambientais. Pela 2 corrente, qualquer pessoa humana 
mesmo que não abarcada pela soberania nacional pode exercer direitos ambientais. 
A primeira corrente parecer ser a mais acertada, pois respeita a soberania do país e se 
adapta às prescrições do próprio art. 225 que diz: o bem ambiental é de uso comum do 
“povo”. 
Bem de uso comum: A Constituição Federal instituiu um novo gênero de bem, diverso 
do público e privado, ao dispor em seu art. 225 que o meio ambiente ecologicamente 
equilibrado é bem de uso comum do povo, isto é não pertence a indivíduos isolados, 
mas à generalidade da sociedade (interesse difuso). 
Segundo Celso Antônio Pacheco Fiorillo, a Constituição criou o bem ambiental, ligado 
aos direitos difusos, desvinculado dos institutos da posse e da propriedade referidos no 
direito tradicional. Há inovação no que tange a proteção de bens não suscetíveis de 
apropriação por pessoa física ou por pessoa jurídica. 
§ 1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe 
ao Poder Público: 20 
 
 
 
 
 
 
Sadia qualidade de vida: objetiva a tutela do ser humano. Há uma condição mínima 
que deve ser respeitada dentro do preceito da dignidade da pessoa humana (prevista no 
art.6 da CF) de modo a garantir a todos o direito à saúde, educação, trabalho, lazer, 
segurança, etc. Assim a vida não pode ser enfocada apenas do ponto de vista fisiológico, 
mas inserida em outros valores que a tornem sadia no sentido amplo do termo, exemplo: 
os valores culturais permitem a sobrevivência em conformidade com nossa estrutura 
constitucional, isto se refere à sadia qualidade de vida. 
 
Futuras gerações: a Constituição resguarda os direitos não só da geração presente, mas 
visa garantir a futuras gerações o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
O artigo em comento, expressamente no § 1, inciso II, contempla a preservação da 
diversidade e da integridade do patrimônio genético do País, demonstrando que já uma 
preocupação com futuro da vida humana em decorrência do grande avanço tecnológico. 
 
Impondo-se ao Poder Público e à Coletividade o Dever de Defendê-lo e Preservá- 
lo: “Cria-se para o Poder Público um dever constitucional, geral e positivo, 
representado por verdadeiras obrigações de fazer, vale dizer, de zelar pela defesa 
(defender) e preservação (preservar) do meio ambiente. Não mais tem o Poder Público 
uma mera faculdade na matéria, mas está atado por verdadeiro dever. Transforma-se 
sua atuação, quanto à possibilidade de ação positiva de defesa e preservação, de 
discricionária em vinculada. Sai-se da esfera da conveniência e oportunidade para se 
ingressar num campo estritamente delimitado, o da imposição, onde só cabe um único, 
e nada mais que único, comportamento: defender e proteger o meio ambiente a pretexto 
de que tal não se encontra entre as suas prioridades públicas. Repita-se, a matéria não 
mais se insere no campo da discricionariedade administrativa. O Poder Público, a partir 
da Constituição de 1988, não atua porque quer, mas porque assim lhe é determinado 
pelo legislador-maior.” Édis Milaré, in Direito do Ambiente, p. 215/216. 
Da mesma forma deixa o cidadão de ser mero titular de um direito ao meio ambiente 
equilibrado e passa a também ser exigido o dever de defender e preservar a natureza 
O núcleo da questão ambiental encontra-se no Capítulo VI, do Título VIII, sobre a 
Ordem Econômica, cuja compreensão necessita de uma abordagem de outros 
dispositivos que a ela (questão ambiental) se referem explicita ou implicitamente. 
O Art. 225 assim disciplina: 
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se 
ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê- lo 
e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. 
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 
§ 6º. As usinas que operem com reator nuclear deverão ter 
21
 
 
 
 
 
 
 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos 
essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e 
ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio 
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à 
pesquisa e manipulação de material genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidos 
somente através de lei, vedada qualquer utilização que 
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem 
sua proteção; 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou 
atividade potencialmente causadora de significativa 
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto 
ambiental, a que se dará publicidade;V - controlar a produção, a comercialização e o emprego 
de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco 
para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis 
de ensino e a conscientização pública para a preservação 
do meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, 
as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, 
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais 
a crueldade. 
§ 2º. Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado 
a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com 
solução técnica exigida pelo órgão público competente, na 
forma da lei. 
§ 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao 
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou 
jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos 
causados. 
§ 4º. A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, 
a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona 
Costeira são patrimônio nacional e sua utilização far-se-á, 
na forma da lei, dentro de condições que assegurem a 
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos 
recursos naturais. 
§ 5º. São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas 
pelos Estados, por ações discriminatórias, 
ambiente, além da promoção econômico-social dos garimpeiros, quer dizer que, se o 
ambiente não 22 
 
 
 
 
 
 
sua localização definida em lei federal, sem o que não 
poderão ser instaladas.” 
O artigo 5º, XXII, da CF deu ao direito de propriedade status de direito 
fundamental, protegido até com cláusula pétrea. O inciso seguinte XXIII, no entanto, 
condiciona este direito de propriedade ao cumprimento da função social, i.e., utilização 
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, 
conforme preceitua o art. 186, II da CF, ao estabelecer os requisitos que a propriedade 
rural deve cumprir para atingir sua função social. 
O artigo 5º, LXXIII confere legitimidade a qualquer cidadão para propor 
ação popular que vise anular ato lesivo ao meio ambiente , patrimônio histórico e 
cultural. 
O art. 20, II, por seu turno considera entre os bens da União, as terras 
devolutas indispensáveis à preservação do meio ambiente. 
O artigo 23 reconhece a competência comum da União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios para proteger as paisagens naturais notáveis e o meio ambiente; 
combater a poluição em qualquer de suas formas; e para preservar as florestas, fauna e 
flora. 
O artigo 24, VI, VII e VIII por seu lado, dá competência concorrente à 
União, aos Estados e ao Distrito Federal para legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, 
conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio 
ambiente e controle de poluição; sobre proteção do patrimônio histórico, cultural, 
artístico, turístico e paisagístico; bem como sobre responsabilidade por dano ao meio 
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico 
e paisagístico. 
O artigo 91, § 1º, III inclui dentre as atribuições do Conselho de Defesa 
Nacional opinar sobre o efetivo uso das áreas indispensáveis à segurança do território 
nacional, especialmente na faixa de fronteiras e nas áreas relacionadas com a 
preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo. 
O artigo 129, III declara ser função institucional do Ministério Público 
promover o Inquérito Civil Público e a Ação Civil Pública para a proteção do 
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. 
O artigo 170, VI, reputa a defesa do meio ambiente como um dos princípios da ordem 
econômica, o que envolve a consideração de que toda a atividade econômica só pode 
desenvolver-se legitimamente enquanto atende a tal princípio, entre os demais 
relacionados no mesmo dispositivo, ensejando, no caso de descumprimento, a aplicação 
da responsabilidade da empresa e de seus dirigentes na forma prevista no art. 173, § 5º. 
O artigo 174 § 3º determina que o Estado favorecerá a organização da 
atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio 
23 
 
 
 
 
 
 
estiver devidamente protegido, o Estado não poderá favorecer a organização da 
atividade garimpeira. 
No artigo 186, II fica estabelecida que a propriedade rural só cumprirá sua 
função social quando fizer a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e a 
preservação do meio ambiente. 
O artigo 200, ao tratar do sistema único de saúde, diz ser sua atribuição 
colaborar na proteção do meio ambiente, incluindo o do trabalho. Vê-se claramente a 
preocupação com a sadia qualidade de vida, que depende do meio ambiente 
ecologicamente equilibrado (art. 225). 
Os artigos 215 e 216 tratam da proteção ao meio ambiente cultural. Para 
garantir de todas as formas proteção ao meio ambiente, o artigo 129, III atribui como 
função institucional do Ministério Público a promoção do ICP – Inquérito Civil Público 
da ACP – Ação Civil Pública para a proteção do meio ambiente, entendendo- se neste 
caso não somente a legitimidade ativa ad causam para buscar a reparação dos danos 
ambientais, mais sobretudo a legitimidade para tutelar preventivamente nos casos de 
riscos de danos ambientais. 
O artigo 220, § 3º, II, traz referência relevante, quando determina que 
compete à lei federal estabelecer meios legais que garantam às pessoas e à família a 
possibilidade de se defenderem da propaganda de produtos, práticas e serviços que 
possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. 
No artigo 231, § 1º há referência às terras ocupadas pelos índios 
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem estar. 
 
3 - Deveres específicos do Poder Público: 
3.1 - Preservação e restauração dos processos ecológicos: (art. 225 §1º, I 1ª parte) 
garantir o que se encontra em boas condições originais e recuperar o que foi degradado 
tendo em vista que a saúde humana depende da saúde ambiental. Ex. fixação, 
transformação, transporte e utilização de energia produção, transporte, transformação e 
utilização de rejeitos; restituição aos corpos receptores (ar, água, solo) de suas 
condições e qualidade naturais; propagação e aperfeiçoamento das formas de vida num 
sentido evolutivo e de seleção natural; estabelecimento de condições adequadas à 
perpetuação e aperfeiçoamento da espécie humana, sobretudo no que ela tem de 
específico através de programas de saneamento, conservação e utilização racional dos 
recursos. 
3.2 - Promoção do manejo ecológico das espécies e do ecossistema: (art. 225 §1º 2ª 
parte) o manejo ecológico conota o caráter técnico-científico dos recursos naturais 
conhecidos pela gestão ambiental. Manejo ecológico das espécies significa lidar com 
elas de modo a conservá-las ou recuperá-las. Manejo dos ecossistemas é o equilíbrio 
das relações entre a comunidade biótica e seu habatat. 
24 
cerrados, 
 
 
 
 
 
 
3.3 - Preservação da biodiversidade e controle das entidades de pesquisa e 
manipulação de material genético: (art. 225 §1º II) Biodiversidade é a variedade de 
seres que compõem a vida na terra. Preservar a biodiversidade significa reconhecer, 
inventariar e manter o leque dessas diferenças. A ciência não conhece 10% da 
biodiversidade do Planeta e grande parte já se perdeu. Preocupação centrada no 
patrimônio genético. Normas de segurança e mecanismos de fiscalização pelo Poder 
Público das entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético está 
regulamentada pela Lei 8.974/85. 
3.4 - Definição de espaços territoriais protegidos: (art.225 §1º III) figuram no rol dos 
Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente Lei 7.804/89 que deu nova 
redação ao art. 9º VI da Lei 6.938/81. A CF prevê um número significativo de unidades 
de conservação, entretanto criados por legislação infraconstitucional (ora por lei, ora 
pordecreto) deficiente e lacunosa. Para resolver a situação criou-se a Lei 9.985/2002, 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Nestes termos está definindo limites e 
disciplinando uso, conservação e preservação do território e recursos nele existente. 
Existem quatro categorias de espaços especialmente protegidos: 
- Áreas de Proteção Especial: são os espaços regulados pelo art. 13, I, da Lei n. 
6.766/79; 
- Áreas de Preservação Permanentes: arts. 4 e ss da Lei n. 12.651/2012; 
- Reserva Legal: art. 12 e ss da Lei n. 12.651/2012; e 
- Unidades de Conservação: art. 2º, I, da Lei n. 9.985/2000. 
3.5 - Realização de estudo prévio de impacto ambiental: (art. 225, §1º, VI) EIA – 
Estudo de Impacto Ambiental – Lei 6.803/80 e Lei 6.938/81, instrumento da Política 
Nacional do Meio Ambiente. Objetivo: evitar que um projeto (obra ou atividade) 
justificável sob o prisma econômico ou em relação a interesses imediatos, revele-se 
posteriormente nefasto ou catastrófico ao meio ambiente. “Melhor prevenir que 
remediar”. Dá-se antes do início da execução, ou mesmo nos atos preparatórios, do 
projeto. Têm caráter pedagógico e preventivo, sendo que sua publicidade é exigida. 
3.6 - Controle da produção, comercialização e utilização de técnicas, métodos e 
substâncias nocivas à vida, à qualidade de vida e ao meio ambiente: (art. 225 §1º, 
V) interferência do Poder Público nas atividades privadas e econômicas para impedir 
práticas danosas ao meio ambiente. Controle e fiscalização (produção e manipulação) 
de substâncias nocivas, técnicas e métodos. Vide Leis 7.802/89 e 8.974/95. 
3.7. Educação Ambiental: (art. 225 §1º, VI) o princípio e a determinação de que a 
educação ambiental permeie os currículos de todos os níveis de ensino, e que a 
população em geral seja conscientizada da necessidade de preservar o meio ambiente. 
Vide Lei 9.795/99. Objetivo: consciência ecológica e exercício da cidadania. Dá-se sob 
aspecto formal (prevê a matéria no currículo escolar) e não-formal (educação 
permanente alcançadas fora da escola). 
3.8. Proteção à fauna e à flora: (art. 225, §1º, VII) a fauna não se resume a silvestre, 
abrange todos os seres vivos de valor, função e importância ecológica. Vide Lei 
5.197/67 e art. 29 Lei 9.605/98. A flora compreende as florestas, matas ciliares, 
25 sob sua 
 
 
 
 
 
 
manguezal e quaisquer formas de vegetação. Vide lei 12.651/2012 A Floresta 
Amazônica, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal, e vegetação da Zona Costeira estão 
sobre a égide do art. 225 §1º III e §4º. A CF não disse quais são as práticas degradadoras, 
mas estão vedadas por lei infraconstitucional como é no caso da art. 2º Lei 5.197/67, 
art. 35 alínea c, Dec.Lei 221/67 e Lei 9.605/98. Também fica vedado a introdução de 
animais exóticos ou alienígenas. Ver Convenção sobre o comércio internacional das 
espécies da fauna e flora selvagens em perigo de extinção assinada em 1973 e ratificada 
em 1975. Sobre a crueldade o mesmo tipo de legislação veda. Ex. de práticas cruéis: 
touradas, brigas de galo, rodeios. 
 
4 - A responsabilização cumulativa das condutas e atividades lesivas ao ambiente: 
(art. 225 §3º) aplicam-se medidas de caráter reparatório e punitivo (sanções penais, 
administrativas e civil – obrigação de reparar danos). Observar que: primeiro a 
lesividade invoca a responsabilidade objetiva e solidária – art.14 §1º Lei 6.938/81 sem 
necessidade que qualquer perquirição sobre culpa ou legalidade do ato cometido pelo 
agente; e segundo que apenas para a punição de caráter penal e administrativa que é 
necessária a apuração da ilicitude do ato cometido pelo infrator. 
 
5 - Proteção especial a macroregiões: (art. 225; §4º) São Floresta Amazônica, Mata 
Atlântica, Serra do Mar, Pantanal e Zona Costeira. 
 
6 - Indisponibilidade das terras devolutas e das áreas indispensáveis a preservação 
ambiental: (art. 225 §5º e 20, II) terra devoluta é a que não está destinada a qualquer 
uso público e nem está legitimamente integrada ao patrimônio particular. São 
instituídas por exemplo das unidades de conservação, parques, reservas etc., ou seja, 
um espaço territorialmente delimitado e protegido em razão de seus peculiares 
atributos. 
 
7 - O direito adquirido em matéria ambiental: no direito a regra é a irretroatividade 
da lei, excepcionalmente a retroatividade é permitida quando há expressa disposição 
legal e ressalvados o direito adquirido (aquele definitivamente incorporado no 
patrimônio de alguém), o ato jurídico perfeito (situação jurídica definitivamente 
constituída, por reunir todos os elementos necessários: agente capaz, objeto lícito e 
forma prescrita e não defesa em lei) e coisa julgada (decisão judicial da qual não cabe 
mais recurso). 
O exercício do direito de propriedade deve atender a função social (art. 5º, 
XXII, CF/88), bem como a defesa do meio ambiente é um dos princípios constitucionais 
norteadores da ordem econômica (art. 170, VI, CF/88), erigindo-se em limite ao 
exercício do direito de propriedade. 
Ademais, as normas editadas com o escopo de defender o meio ambiente, 
são de ordem pública (prevalecem sobre as de direito privado e sua ofensa acarreta a 
nulidade de pleno direito, sendo suas disposições irrevogáveis pela vontade das partes) 
e têm aplicação imediata, vale dizer, aplicam-se não apenas aos fatos ocorridos 
26 
 
 
 
 
 
 
vigência, mas também às conseqüências e efeitos dos fatos ocorridos sob a égide da lei 
anterior. Essas normas só não atingirão os fatos e relações já resolvidas. 
Portanto, não há direito adquirido em relação à matéria ambiental, visto que 
é de natureza particular, em prejuízo do interesse coletivo. 
8 - O direito à informação: é um direito constitucional previsto no art. 5º, XIV, da 
CF/88, considerado um dos postulados básicos do regime democrático, essencial ao 
processo de participação da comunidade no debate e nas deliberações de assuntos de 
seu interesse direto. Vale lembrar que a CF/88 contemplou o princípio da participação 
comunitária, bem como estabeleceu ao cidadão a obrigação de preservar o meio 
ambiente para as presentes e futuras gerações. 
Portanto, deve ser garantido ao cidadão o acesso a informação 
proporcionando melhores condições para a sociedade atuar na defesa do meio ambiente, 
bem como contribuir para diminuição ou até mesmo eliminação de situações de abusos. 
Assim, a informação é uma ferramenta eficiente de controle social do Poder Público, 
tornando o cidadão apto para envolver-se ativamente na tomada de decisões em matéria 
ambiental. 
 
9 - Destinatário do Direito Ambiental Segundo a Constituição Federal 
Segundo a Constituição Federal quem é destinatário do Direito Ambiental, 
o homem ou qualquer outra forma de vida? 
Em uma visão antropocêntrica o meio ambiente é voltado para a satisfação das 
necessidades da pessoa humana, mas isso não quer dizer que o fato em si impeça a 
proteção da vida em todas as suas formas. Cabe ao homem preservar a sua espécie bem 
como os demais seres vivos do planeta. 
O art. 3 da Lei 6.938/81 protege a vida em todas as suas formas, independente de que 
o homem seja o destinatário do direito ambiental. Em havendo conflito entre 
determinadas formas de vida e o interesse do homem na manutenção da sadia qualidade 
de vida, cabe ao interprete do direito refletir sobre o caso específico para saber qual o 
direito a ser preservado. 
Em uma visão holística de que todas as formas de vida são destinatárias do direito 
ambiental: a natureza viva assume papel de destaque em face da proteção ambiental, 
podendo ser dirigida contra o próprio homem. Neste sentido haveria uma interpretação 
literal do art. 3, I, da Lei 6.938/91. O meio ambiente não existiria para favorecer o 
homem, e sim figurar como algo dissociado (?) deste. 
 
 
XIII – COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS 
A CF/88 criou uma federação em três níveis, reconhecendo como entes 
federados a União, os Estados-Membros e Distrito Federale os Municípios. 
(restritivo) ao meio 27 
 
 
 
 
 
 
A federação tem como uma de suas características a descentralização ou 
repartição de competências entre os entes federados. 
Nossa Constituição adotou o chamado federalismo cooperativo, conforme 
veremos a seguir. 
1 - Repartição de Competências 
Competência é a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade, órgão 
ou agente do Poder Público para emitir decisões. Competências são as diversas 
modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais para realizar 
suas funções. 
É a própria Constituição Federal que estabelece as matérias que competem 
a cada um dos Entes federativos. 
O princípio norteador para distribuição de competências é o 
da 
predominância do interesse. Assim, pode-se sintetizar: 
• matéria em que predomina o interesse geral compete a União; 
• matéria em que predomina o interesse regional compete aos Estados; 
• matéria em que predomina o interesse local compete aos Município; 
• matéria em que predomina o interesse regional e local ao Distrito Federal 
 
3 - Competência Legislativa – Meio Ambiente 
A partir da CF de 88 muda-se o sistema de competência legislativa 
ambiental. Houve equilíbrio na posição de competência. Não se permite mais que 
somente a União estabeleça os limites de controle ambiental sobre o meio ambiente. 
A parte global da matéria ambiental poderá ser legislada nos três planos, isto é, a 
concepção de meio ambiente não ficou na competência exclusiva da União, ainda que 
alguns setores (água, atividades nucleares e transporte), permaneçam na sua 
competência privativa. Os entes políticos (UNIÃO, ESTADOS E O DF) têm 
competência legislativa concorrente sobre: floresta, caça, pesca, fauna, conservação da 
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente, controle 
de poluição e responsabilidade por dano ao meio ambiente. 
É importante esclarecer que em matéria ambiental os Estados (ou o DF) já têm sua 
competência determinada na CF, não havendo necessidade de se provar que o assunto 
é de interesse estadual e/ou regional – art. 24, § 3, art. 25, CF. 
Enquanto aos municípios competem tão somente suplementar a legislação federal e 
estadual no que couber, em se tratando de interesse local. Art. 30, I e II, CF. 
A competência legislativa concorrente não é plena, devendo a União traçar normas de 
caráter gerais, art. 24, § 1º, enquanto que os demais entes federados podem suplementar 
tais normas gerais (§ 2º), mas sempre no sentido mais protetivo 
28 
 
 
 
 
 
 
ambiente, nos termos da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente. 
Competência legislativa em matéria ambiental sempre privilegiará a maior e mais 
efetiva preservação ao meio ambiente, independente do ente político que a realize. 
 
4 - Competência Material 
Quanto à competência de implementação, tem-se que o artigo 23 faz uma 
lista de atividades que devem merecer a atenção do Poder Público. O modo como o 
Ente federado vai efetivamente atuar em cada matéria dependerá de sua organização 
administrativa interna. 
Os estados, DF e municípios poderão ter sua organização administrativa ambiental 
diferente do governo federal. As normas gerais federais ambientais não podem ferir a 
autonomia dos primeiros de maneira a exigir dos mesmos uma estrutura administrativa 
ambiental idêntica à praticada no âmbito federal. 
A competência dos Estados para legislar, quando a União já editou norma geral, 
pressupõe uma obediência à norma federal. Situa-se no campo da hierarquia das normas 
e faz parte do sistema chamado de “fidelidade federal”. 
Na implementação administrativa da lei (art.23) não há hierarquia nas atuações das 
diferentes esferas administrativas. 
Os estados, ao implementar a sua própria legislação ambiental (quando obediente à 
norma federal), ou quando executam as normas gerais da União, não estão sujeitos ao 
poder revisional ou homologatório da União. Esse controle somente pode ser feito pela 
União por meio de ação judicial, procurando anular o ato administrativo. 
Em um determinado Estado, havendo uma legislação estadual válida, isto é dentro dos 
limites constitucionais e respeitando a norma geral federal, mesmo que mais protetiva 
ao ambiente, a administração federal é obrigada a implementá-la naquele Estado, em 
detrimento à própria legislação federal. 
Celso Antônio Pacheco Fiorillo, comenta: 
O fato de a competência ser comum a todos os entes 
federados poderá tornar difícil a tarefa de discernir qual a 
norma administrativa mais adequada a uma determinada 
situação. Os critérios que deverão ser verificados para tal 
análise são: a) o critério da preponderância do interesse; 
e 
b) o critério da colaboração (cooperação) entre os entes 
da Federação, conforme determina o já transcrito 
parágrafo único do art. 23. Desse modo, deve-se buscar, 
como regra, privilegiar a norma que atenda de forma 
mais efetiva ao interesse comum.[grifo do autor] 
A mencionada lei complementar já foi criada, trata-se da Lei Complentar 
140 de dezembro de 2011. Referida Lei complementar alterou drasticamente os 
critérios de licenciamento ambiental em relação aos entes federados (União, Estados, 
Municípios e 
29 
 
 
 
 
 
 
Distrito Federal). Trataremos deste assunto de forma pormenorizada em capitulo 
próprio. 
 
5 - Constituição Federal 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados do 
Distrito Federal e dos Municípios: 
I – omissis 
II – omissis; 
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor 
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens 
naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
IV – impedir evasão, a destruição e a descaracterização de 
obras de arte e outros bens de valor histórico, artístico ou 
cultural; 
V – omissis; 
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em 
qualquer de suas formas; 
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; 
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de 
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e 
minerais em seus territórios. 
Parágrafo único – Lei complementar fixará normas para a 
cooperação entre a União e os Estados, Distrito Federal e os 
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e 
do bem-estar em âmbito nacional. 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal, 
legislar concorrentemente sobre: 
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e 
urbanístico; 
VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, 
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio 
ambiente e controle da poluição; 
V – produção e consumo; 
VII – proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico e 
paisagístico; 
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao 
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico; 
§1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da 
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas 
30 
 
 
 
 
 
 
gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os 
Estados exercerão a competência legislativa plena, para 
atender a suas peculiaridades. 
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais 
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 
CAPÍTULO IV 
DOS 
MUNICÍPIOS 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I – legislar sobre assuntos de interesse local; 
II – suplementar a legislação federal e a estadual no que 
couber; 
 
XIV - RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 
Art. 225, § 3º, da CF: 
As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos. 
A CF/88 previu uma tríplice (responsabilização) penalização do poluidor 
(degradador)do meio ambiente, que pode ser pessoa física ou jurídica. Tem-se então; 
sanção penal - responsabilidade penal; 
sanção administrativa – responsabilidade 
administrativa; sanção civil – responsabilidade civil. 
Sem aprofundar no tema dos ilícitos civil, penal e administrativo. Não há uma distinção 
inicial, todos os tipos decorrem de uma previsão no ordenamento jurídico contra o ato 
ilícito praticado. O que distinguem os ilícitos é a política criminal. Somente as condutas 
realmente graves à segurança da coletividade pode ser erigida ao status de ilícito penal, 
em atendimento ao princípio da intervenção mínima do Estado. Se a(s) sanções civil 
e/ou administrativa bastarem para repressão, inconveniente e inconstitucional se torna 
a penal. Frise-se que há diferenças entre as três penalidades: a administrativa limita o 
individualismo; a penal a liberdade; a civil o patrimônio. 
Para identificar a natureza do ilícito é necessário: a) reconhecer o objeto precípuo 
tutelado por cada um; e b) reconhecer o órgão que imporá a sanção. 
Convém destacar que inexiste bis in idem entre as sanções aplicadas, pois a CF/88 
consagrou a regra da cumulatividade, visto que os objetos precípuos de tutela são 
distintos e regimes jurídicos diversos. 
 
XV – TUTELA ADMINISTRATIVA DO AMBIENTE 
31 309-310). 
 
 
 
 
 
 
A Administração Pública deverá guiar-se pelos seguintes princípios na 
defesa do meio ambiente: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, 
eficiência, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa, 
contraditório, segurança jurídica e interesse público. 
A CF/88 estabelece responsabilidade comum e solidária do Poder Público e da 
coletividade na defesa do meio ambiente com bem difuso e de uso coletivo, devendo 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
Insta salientar que, o Estado, tendo em vista a incumbência de proteger o meio 
ambiente, pode ele próprio ser responsabilizado por ações e omissões lesivas ao meio 
ambiente enquanto patrimônio da coletividade. 
Como tutor do meio ambiente, o Estado ou o Poder Público pode impor medidas 
preventivas, repressivas, corretivas, dentre outras. 
Ao contrário das sanções civis e penais, que só são aplicadas pelo Poder Judiciário, as 
sanções administrativas são impostas pelos órgãos da Administração direta ou indireta. 
 
1 - Responsabilidade ambiental administrativa 
Responsabilidade administrativa resulta de infração a normas 
administrativas sujeitando-se o infrator a uma sanção também de natureza 
administrativa: advertência, multa, interdição de atividade, suspensão de benefício, etc. 
A responsabilidade administrativa fundamenta-se na capacidade que tem as pessoas 
jurídicas de direito público de impor condutas aos administrados. Esse poder 
administrativo (poder de polícia) é inerente à Administração de todas as entidades da 
federação, nos limites de suas competências. 
Poder de polícia administrativa (é o poder) que a administração pública exerce sobre 
todas as atividades e bens que afetam ou possam afetar a coletividade” José Afonso da 
Silva – Direito Constitucional Ambiental p. 209 
Sempre deverá ser obedecido o devido processo legal administrativo, para a imposição 
de qualquer sanção administrativa ambiental. 
Encontra-se presente aqui o princípio do controle do poluidor pelo Poder Público, que 
se materializa no exercício do poder de polícia administrativa. 
 
2 – Poder de Polícia Ambiental 
2.1 - Conceito 
É a atividade da Administração Pública que limita ou disciplina direito, 
interesse, ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato em razão de 
interesse público concernente à saúde da população, á conservação dos ecossistemas à 
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividade econômica ou de outras 
atividades dependentes de concessão, autorização, ou licença do poder público de cujas 
atividades possam decorrer poluição ou agressão à natureza (Paulo Afonso Leme 
Machado. Direito Ambiental Brasileiro. 11 ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 
32 
 
 
 
 
 
 
É prerrogativa do Poder Público particularmente do Executivo que pode exercê-lo 
diretamente ou por delegação com esteio legal e é dotado dos atributos de 
discricionariedade, auto-executoriedade e coercibilidade, inerentes dos atos 
administrativos. 
Não é exercido por policiais profissionais em manter ordem pública, mas por 
profissionais técnicos capacitados em aspectos específicos do bem comum. 
Pode ser reforçado por outras modalidades de polícia como Polícias Florestais, 
Delegacias Ambientais. É exercida comumente por meio de ações fiscalizadoras, 
medidas corretivas e inspectivas. ex. licenciamento, ações preventivas , advertências, 
cominações e outras medidas. 
Objetivo: adequar a conduta antes da punição do infrator sem que porem seja descartada 
a hipótese. 
 
2.2 – Competência 
Em se tratando de distribuição de competência entre os entes federados, a 
Constituição estabelece que a União, os Estados e o Distrito Federal têm competência 
concorrente para legislar sobre a proteção do meio ambiente. Logo, têm-na, também 
em matéria de polícia administrativa ambiental, uma vez que essa decorre daquela. 
Por outro lado todos os entes federativos têm competência comum para proteger o meio 
ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, sendo pacífico na doutrina 
tratar-se aqui de atribuições na esfera administrativa, que inclui o poder de polícia. 
Pela sistemática do SISNAMA (leia-se Resolução 237 – CONAMA) em matéria de 
licenciamento ambiental, portanto, polícia administrativa ambiental, tal competência é 
exercida cumulativamente pelos três níveis, Competindo ao órgão federal (IBAMA) o 
licenciamento de atividades que causem impacto em âmbito nacional ou regional, áreas 
marítimas adjacentes à costa, terras indígenas e unidades de conservação de domínio da 
União, material radioativo ou a utilização de energia nuclear, bem como 
empreendimento militares; aos órgãos ambientais estaduais e do Distrito Federal cabe 
o licenciamento dos empreendimentos localizados em seus territórios, cujos impactos 
abarquem mais de um município, assim como os desenvolvidos em área recoberta por 
vegetação de preservação permanente, definida no art. 2. do Código Florestal, e os que 
lhes forem delegados pela União, por convênio ou instrumento legal. Aos Municípios 
toca o licenciamento ambiental dos empreendimentos de impacto local, ouvidos quando 
necessário os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal. 
A omissão do exercício do poder de polícia configura infração administrativa (art. 70, 
§ 3º, da Lei 9.605/95) e ato de improbidade administrativa (art. 11, II, da Lei 8.429/92) 
ensejando a co-responsabilidade. 
 
3 – Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA 
3.1 - Objetivos: 2º 4º e 5º da lei 6.938/81 
(CONAMA), 33 
 
 
 
 
 
 
gerais: art. 2º:”a Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, 
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no 
país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança 
nacional e à proteção da dignidade da vida humana...” 
específicos: 4º incs. I a VII: entre os objetivos específicos maior ênfase se deve dar ao 
objetivo insculpido no inc. VII, que trata da imposição aos poluidores e predadores de 
obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados; e, ao usuário, da obrigação 
de contribuir (como compensação), visto que a utilização com fins econômicos supõe 
sempre apropriação de benefícios por parte do usuário, como possível depleção do 
recurso e socialização do prejuízo. 
O objetivo geral só é alcançado com a realização dos objetivos específicos, que são 
suas partes integrantes. 
3.2 - Metas: art. 2º da lei 6.938/81 em seus incisos I a IX 
O artigo 2. da Lei n. 6.938/81, em seus incisos I a X, elenca uma série de 
ações que mais condizem com

Continue navegando