Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sistema Reprodutor Feminino Tutoria SP2 / UC2 O aparelho reprodutor feminino é formado por dois ovários, duas tubas uterinas, o útero, a vagina e a genitália externa (figura 17). Suas funções são: (1) produzir gametas femininos (ovócitos); (2) manter um ovócito fertilizado durante seu desenvolvimento completo ao longo das fases embrionária e fetal até o nascimento; (3) produção de hormônios sexuais que controlam órgãos do aparelho reprodutor e têm influência sobre outros órgãos do corpo. Os ovários, um em cada lado do útero, descem até a margem da parte superior da cavidade pélvica durante o terceiro mês de desenvolvimento. A partir da menarca, o sistema reprodutor sofre modificações cíclicas em sua estrutura e em sua atividade funcional, controladas por mecanismos neuro-humorais. A menopausa é um período variável durante o qual as modificações cíclicas tornam-se irregulares e acabam cessando. Ovários Os ovários são pequenas estruturas, com aproximadamente 3 cm de comprimento, 1,5 cm de largura e 1 cm de espessura e possuem formato de amêndoas. São recobertos por uma camada de tecido conjuntivo denso, a túnica albugínea, que confere seu aspecto esbranquiçado. A túnica albugínea é revestida pelo epitélio germinativo, classificado como epitélio cúbico simples. O ovário pode ser dividido em córtex, localizado abaixo da túnica albugínea e rico em folículos ovarianos, e medula, composta de estroma de tecido conjunto frouxo intensamente vascularizado. A medula possui células intersticiais secretoras de estrogênio e muitos fibroblastos. Desenvolvimento inicial do ovário Ao fim do primeiro mês de vida embrionária, uma pequena população de células germinativas primordiais migra do saco vitelino até os primórdios gonadais, onde as gônadas estão começando a se desenvolver. Nas gônadas, no sexo feminino, essas células se dividem e se transformam nas ovogônias. s A partir do terceiro mês, as ovogônias começam a entrar na prófase da primeira divisão meiótica, mas param na fase de Profase 1. Essas células constituem os ovócitos primários e são envolvidas por uma camada de células achatadas chamadas células foliculares, que em conjunto formam os folículos primordiais. Folículos primordiais O folículo ovariano consiste em um ovócito envolvido por uma ou mais camadas de células foliculares, também chamadas células da granulosa. A maioria desses folículos estão “em repouso” – que são folículos primordiais formados durante a vida fetal e que nunca sofreram nenhuma transformação. Os folículos primordiais são formados por um ovócito primário envolvido por uma única camada de células foliculares pavimentosa. A maioria desses folículos se localiza na região cortical, próximo à túnica albugínea. O ovócito do folículo primordial está na fase da primeira prófase da meiose. Os cromossomos estão em grande parte desenrolados e não se coram intensamente. As organelas citoplasmáticas tendem a se aglomerar próximo do núcleo. Uma lâmina basal envolve as células foliculares e marca o limite entre o folículo e o estroma conjuntivo adjacente. Folículos Primários O crescimento do ovócito é muito rápido durante a primeira fase do crescimento folicular, estimulado pelo FSH secretado pela hipófise. O núcleo aumenta de volume e as células foliculares também aumentam de volume e se dividem por mitose, formando uma camada única de células cuboides - neste momento, o folículo é chamado de folículo primário unilaminar (figura 20) As células foliculares continuam proliferando e originam um epitélio estratificado também chamado de camada granulosa. O folículo é então chamado folículo primário multilaminar ou folículo pré-antral. Uma espessa camada amorfa, chamada zona pelúcida, composta de várias glicoproteínas, é secretada e envolve todo o ovócito. Acredita-se que o ovócito e as células foliculares contribuam para a síntese da zona pelúcida. Delgados prolongamentos de células foliculares e microvilos do ovócito penetram a zona pelúcida e estabelecem contato entre si por junções comunicantes Folículos secundários Com o aumento das células granulosas, o líquido chamado líquido folicular começa a se acumular entre as células foliculares. Os pequenos espaços que contêm esse fluido se unem e as células da granulosa gradativamente se reorganizam, formando uma grande cavidade, o antro folicular (figura 22). Esses folículos são chamados folículos secundários ou antrais. O líquido folicular contém componentes do plasma e produtos secretados por células foliculares. Nele são encontrados glicosaminoglicanos, várias proteínas e altas concentrações de esteroides. Durante a reorganização das células da granulosa para formar o antro, algumas células dessa camada se concentram em determinado local da parede do folículo, formando um pequeno espessamento, o cumulus oophorus, que serve de apoio para o ovócito. Além disso, um pequeno grupo de células foliculares envolve o ovócito, constituindo a corona radiata. Este conjunto de células acompanha o ovócito quando este abandona o ovário por ocasião da ovulação. Tecas foliculares Durante essas modificações que ocorrem no folículo, o estroma situado imediatamente em sua volta se modifica para formar as tecas foliculares interna e externa. As células da teca interna, quando completamente diferenciadas, são poliédricas, têm núcleos arredondados e citoplasma acidófilo, e suas características ultraestruturais são de células produtoras de esteroides. As células da teca externa são semelhantes às células do estroma ovariano e se arranjam de modo organizado concentricamente em volta do folículo Folículos pré-ovulatórios Normalmente durante cada ciclo menstrual um folículo antral cresce muito mais que os outros e se torna o folículo dominante, que pode alcançar o estágio mais desenvolvido de crescimento e prosseguir até a ovulação. Quando alcança seu máximo desenvolvimento, esse folículo é chamado folículo maduro, pré-ovulatório ou de Graaf. Os outros folículos, pertencentes ao grupo que estava crescendo com certa sincronia, entram em atresia. Como resultado do acúmulo de líquido, a cavidade folicular aumenta de tamanho e a camada de células da granulosa da parede do folículo torna-se mais delgada, pois essas células não se multiplicam na mesma proporção que o crescimento do folículo. Esses folículos têm suas tecas muito espessas. Ovulação A ovulação consiste na ruptura de parte da parede do folículo maduro e a consequente liberação do ovócito. Acontece frequentemente na época próxima à metade do ciclo menstrual, isto é, ao redor do décimo quarto dia de um ciclo de 28 dias. Na mulher, geralmente só um ovócito é liberado pelos ovários durante cada ciclo. O estímulo para a ovulação é um pico e secreção de hormônio luteinizante (LH) liberado pela hipófise em resposta aos altos níveis de estrógeno circulante produzido pelos folículos em crescimento. As células da granulosa produzem mais ácido hialurônico e se soltam de sua camada. Uma pequena área da parede do folículo enfraquece por causa da degradação de colágeno da túnica albugínea, por causa de isquemia e pela morte de algumas células. Devido à ruptura da parede folicular, o ovócito e o primeiro corpúsculo polar, envoltos pela zona pelúcida, pela corona radiata e juntamente com um pouco de fluido folicular, deixam o ovário e entram na extremidade aberta da tuba uterina, onde o ovócito pode ser fertilizado. A primeira divisão meiótica é completada um pouco antes da ovulação. Uma das células-filhas se torna o corpúsculo polar, que inicia a segunda divisão da meiose e estaciona em metáfase até que haja fertilização. Após a ovulação, as células da granulosa e as células da teca interna do folículo que ovalouse reorganizam e formam uma glândula endócrina temporária chamada corpo lúteo. A reorganização do folículo ovulado e o desenvolvimento do corpo lúteo resultam de estímulo pelo hormônio luteinizante liberado antes da ovulação. Ainda sob efeito do LH, as células modificam seus componentes enzimáticos e começam a secretar progesterona e estrógenos. Altas taxas de estrógeno circulante inibem a liberação de FSH pela hipófise. Em contrapartida, depois da degeneração do corpo lúteo, a concentração de esteroides do sangue diminui e FSH é liberado em quantidades maiores, estimulando o crescimento rápido de alguns folículos e iniciando o ciclo menstrual seguinte. O corpo lúteo que dura só parte de um ciclo menstrual é chamado corpo lúteo de menstruação. Seus restos são fagocitados por macrófagos. Fibroblastos adjacentes invadem a área e produzem uma cicatriz de tecido conjuntivo denso chamada corpo albicans. Em caso de gravidez a mucosa uterina não poderá descamar. Um sinal para o corpo lúteo é dado pelo embrião implantado, cujas células trofoblásticas sintetizam um hormônio chamado gonadotropina coriônica humana (HCG). A ação do HCG é semelhante à do LH, estimulando o corpo lúteo. Assim, o HCG resgata o corpo lúteo da degeneração, causa crescimento adicional desta glândula endócrina e estimula a secreção de progesterona pelo corpo lúteo durante pelo menos metade da gravidez. A progesterona estimula a secreção das glândulas uterinas. Este é o corpo lúteo de gravidez, que persiste durante 4 a 5 meses e em seguida degenera e é substituído por um corpo albicans, que é muito maior que o de menstruação. Tubas Uterinas As tubas uterinas são dois tubos musculares de grande mobilidade, medindo cada um aproximadamente 12 cm de comprimento (figura 28). Uma de suas extremidades – o infundíbulo - abre-se na cavidade peritoneal próximo ao ovário e tem prolonga mentos em forma de franjas chamados fímbrias; a outra extremidade - denominada intramural – atravessa a parede do útero e se abre no interior deste órgão. A parede da tuba uterina é composta de três camadas: (1) uma mucosa; (2) uma espessa camada muscular de músculo liso disposto em uma camada circular ou espiral interna e uma camada longitudinal externa; (3) uma serosa formada de um folheto visceral de peritônio. A mucosa é formada por um epitélio colunar simples e por uma lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo. O epitélio contém dois tipos de células, um é ciliado e o outro é secretor. No momento da ovulação, a tuba uterina exibe movimentos ativos decorrentes de sua musculatura lisa, e a extremidade afunilada da ampola se coloca muito perto da superfície do ovário. Isso favorece a captação do ovócito que foi ovulado. A secreção tem funções nutritivas e protetoras em relação ao ovócito. A secreção tem funções nutritivas e protetoras em relação ao ovócito. Além disso, também promove a ativação dos espermatozoides. A contração do musculo liso e a atividade de células ciliadas transportam o ovócito ao longo do infundíbulo e do restante da tuba, além de impossibilitar a passagem de microrganismos do útero para a cavidade peritoneal. Ciclo Menstrual O ciclo menstrual é controlado pelos hormônios ovarianos, estrógeno e progesterona, que, por estímulo da adeno-hipofise, fazem com que o endométrio passe por modificações estruturais cíclicas durante o ciclo menstrual. Tal ciclo dura, em média, 28 dias. Ciclos menstruais geralmente começam entre 12 e 15 anos de idade e continuam até os 45 a 50 anos. Como os ciclos menstruais são consequência de eventos ovarianos relacionados com a produção de ovócitos, a mulher só é fértil durante o período em que ela tem ciclos menstruais. O começo de um ciclo menstrual se inicia quando há o sangramento menstrual. A fase menstrual do ciclo dura em média 3 a 4 dias. A fase seguinte do ciclo menstrual é denominada fase proliferativa, que é seguida pela fase secretória (ou luteal). A fase secretória começa após a ovulação e dura aproximadamente 14 dias. A duração da fase proliferativa é variável, em média 10 dias. Se houve uma implantação embrionária, as células trofoblásticas produzem gonadotropina coriônica (HCG) que estimula o corpo lúteo a continuar secretando progesterona. Colo uterino O colo ou cérvice é a porção cilíndrica e mais baixa do útero. A mucosa é revestida por um epitélio simples colunar secretor de muco. A cérvice tem poucas fibras de músculo liso e consiste principalmente de tecido conjuntivo denso. A extremidade externa da cérvice, que provoca saliência no lúmen da vagina, é revestida por epitélio estratificado pavimentoso. A mucosa da cérvice contém as glândulas mucosas cervicais, que se ramificam intensamente. As secreções cervicais têm um papel importante na fertilização. Na época da ovulação, as secreções mucosas são mais fluidas e facilitam a penetração do esperma no útero. Na fase luteal ou na gravidez, os níveis de progesterona alteram as secreções mucosas de forma que elas se tornam mais viscosas e previnem a passagem de esperma e de microrganismos para o interior do útero. A dilatação da cérvice que precede o parto se deve a intensa colagenólise, que promove o amolecimento de sua parede. Vagina A parede da vagina não tem glândulas e consiste em três camadas: mucosa, muscular e adventícia. O muco existente no lúmen da vagina se origina das glândulas da cérvice uterina. O epitélio da mucosa vaginal de uma mulher adulta é estratificado pavimentoso. Sob estímulo de estrógenos, o epitélio vaginal sintetiza e acumula grande quantidade de glicogênio, que é depositado no lúmen da vagina quando as células do epitélio vaginal descamam. Bactérias da vagina metabolizam o glicogênio e produzem ácido láctico, responsável pelo pH baixo da vagina. O ambiente ácido tem uma ação protetora contra alguns microrganismos patogênicos. Genitália externa A genitália externa feminina, também chamada de vulva, é formada pelas seguintes estruturas: clitóris, pequenos e grandes lábios, e vestíbulo (abertura externa da vagina delimitada pelos pequenos lábios). Esta região possui muitas terminações nervosas sensoriais táteis, como corpúsculos de Meissner e Pacini que contribuem para a fisiologia do estímulo sexual. A uretra e os ductos das glândulas vestibulares se abrem no vestíbulo. As glândulas vestibulares maiores, ou glândulas de Bartholin, situam--se uma em cada lado do vestíbulo e são homólogas às glândulas bulbouretrais no homem. As glândulas vestibulares menores se localizam ao redor da uretra e do clitóris. Tanto as glândulas maiores quanto as menores secretam muco. O clitóris e o pênis são estruturas homólogas em origem embrionária. O clitóris é formado por dois corpos eréteis que culminam em uma glande clitoriana rudimentar e um prepúcio. O clitóris é recoberto por epitélio estratificado pavimentoso. @tipodanay
Compartilhar