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Cooperação, articulações intersetoriais e promoção do desenvolvimento
A criação de grupos de trabalho pode auxiliar na construção de uma importante ferramenta de coordenação e efetivação das práticas de responsabilidade socioambiental, ao possibilitarem a construção compartilhada de projetos de cooperação, articulação e promoção do desenvolvimento sustentável, que dão direção comum e estratégica às questões econômicas, sociais e ambientais. Tais ferramentas são os meios para superar as hierarquias institucionais e as relações de poder entre setores, políticas e segmentos sociais.
Dentro dos pressupostos do desenvolvimento sustentável de propor, estimular, promover e monitorar as ações de responsabilidade socioambiental e a minimização dos impactos negativos sociais e ambientais, a adoção destas ferramentas acabará por: 
Estimular discussões sobre responsabilidade socioambiental nas organizações e divulgar legislações e normas;
Potencializar o resultado de ações de capacitação;
Construir e organizar conhecimento e objetivos de aprendizagem;
Propiciar o uso racional de matéria-prima, equipamento, força de trabalho, imóveis, infraestrutura e contratos;
Aperfeiçoar o uso de recursos orçamentários;
Aumentar as colaborações entre as instituições de ensino e pesquisa e as organizações públicas e privadas;
Realizar o intercâmbio de experiências entre os signatários.
A construção de espaços para comunicação e troca de experiências permite o estabelecimento de conceitos, objetivos e direções comuns, propiciando condições para o planejamento participativo de ações que exijam contribuições de diferentes setores.
Apesar de ser uma importante estratégia na busca pelo desenvolvimento sustentável, o diálogo intersetorial não é simples. Ao praticá-lo será preciso lidar com diferentes pontos de vista e culturas organizacionais para a tomada de decisão e para encontrar a solução de problemas.
O trabalho cooperado e intersetorial é um instrumento relevante para a operacionalização do conceito e de ações de responsabilidade socioambiental com base nos pressupostos teóricos e metodológicos da promoção da sustentabilidade.
Atualmente, a promoção da cooperação e da articulação intersetorial pode ser considerada componente central das políticas de responsabilidade socioambiental. Elas objetivam a mudança de postura e a quebra de paradigmas, representando uma nova forma de gerenciamento que transcende a fragmentação das políticas públicas e promove a gestão participativa.
O SISTEMA COOPERATIVISTA E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Podemos estabelecer algumas conexões entre a gestão das cooperativas e as ações de responsabilidade socioambiental, seguindo o conceito dos três pilares da sustentabilidade. O (i) contexto econômico permite a dinamização da economia em micro e macroescala,  seja por meio da interação com o mercado ou pela política equitativa distribuição de renda baseada na produção do cooperado. O (ii) contexto social das cooperativas propicia a distribuição regional da renda em termos equitativos, levando em consideração a geração de emprego e desenvolvimento de pequenas localidades, o que permite a distribuição do capital financeiro regionalmente e homogeneamente. O (iii) contexto ambiental fundamenta-se na ideia de que as bases cooperativistas estruturam-se considerando o estabelecimento de relações de equilíbrio com o meio ambiente. O conceito de unidade e trabalho em equipe das cooperativas permeia a ideia de parceria, cooperação e colaboração de trabalho.
O cooperativismo está apoiado em cinco valores, sendo eles: equidade, solidariedade, justiça social, liberdade e democracia (CHAVES et al., 2009). Ao preocupar-se com o bem-estar social, o cooperativismo contempla ações de gestão voltadas para a responsabilidade socioambiental. Nesse sentido, responsabilidade socioambiental e cooperativismo alinham-se, pois ambos são formados por indivíduos que além de trabalharem seguindo as mesmas pautas econômicas, sociais e ambientais, atuam em prol de uma sociedade mais justa hoje e no futuro. A atuação responsável socioambientalmente nas comunidades não é algo novo para as cooperativas, na realidade, elas foram criadas com o objetivo de resolver reclamações e problemas comuns de um grupo de pessoas. Assim, sempre estiveram fundamentadas na comunidade que as criou. Pode-se dizer que a responsabilidade socioambiental compõe a essência do cooperativismo. 
Analisando os princípios cooperativas, ficam claras as relações entre cooperativismo e responsabilidade socioambiental: 
As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como cooperadas, sem discriminações sociais, raciais, políticas, religiosas ou de gênero;
As cooperativas são organizações democráticas, controladas por seus cooperados, que participam ativamente na formulação das suas políticas e nas tomadas de decisões;
Os cooperados contribuem equitativamente e controlam democraticamente o capital de suas cooperativas;
As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos cooperados;
As cooperativas promovem a educação e a formação de seus cooperados, dos representantes eleitos, dos gerentes e de seus funcionários, de forma que estes possam contribuir eficazmente para o desenvolvimento da cooperativa;
As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades, através de políticas aprovadas pelos cooperados;
Para as cooperativas prestarem melhores serviços a seus cooperados e agregarem força ao movimento cooperativo, devem trabalhar em conjunto com as estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais (OCEPAR, 2016 apud OLIVEIRA, 2017, p. 83).
A cultura organizacional que adota os sete princípios cooperativistas está focada no capital social, se diferindo, assim, da cultura organizacional empresarial tradicional, que é fundamentada na geração de capital financeiro (Quadro 1).
Quadro 1. Comparativo entre cooperativa e empresa voltada para geração de capital financeiro. Fonte: GIESE; BÜTTENBENDER, 2015, p. 10.
O cooperativismo é gerido pela vontade coletiva e concretizado após a conivência de todos os sócios cooperados. Ainda assim, as cooperativas necessitam de uma gestão flexível para que possam se adaptar às tendências e exigências do mercado globalizado sem deixar de conservar seus valores e princípios como organização social.
Os cooperados possuem responsabilidades perante a sociedade, a comunidade e, principalmente, os próprios cooperados. Quando adequadamente implementada, a cooperativa pode melhorar a imagem da organização e consolidar uma identidade organizacional positiva economicamente, socialmente e ambientalmente. 
Existem diversas organizações cooperativistas que exercem práticas de responsabilidade socioambiental. Vamos conhecer alguns exemplos:
Quadro 2. Exemplos de organizações cooperativistas.
A ABORDAGEM INTERSETORIAL NA ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS SOCIOAMBIENTAIS
As políticas públicas de educação, de assistência social, de saúde, ambientais, entre outras, são, muitas vezes, elaboradas de forma setorial e desarticulada. Tal condição resulta em uma gestão fragmentada e divergente, que acaba por não atender às necessidades sociais e ambientais. O Diagrama 1 mostra o contexto do sistema socioambiental quando este não considera a importância da abordagem intersetorial e o uso de políticas de cunho socioambiental.
As práticas políticas brasileiras se demonstraram ineficientes e custosas quando desempenhadas sob uma visão setorizada e fragmentadas, além disso, os resultados destas políticas sempre ficam aquém das diretrizes e objetivos almejados (CUSTÓDIO; SILVA, 2020). As estruturas setorializadas tendem a tratar o cidadão e os problemas de forma fragmentada, com serviços executados isoladamente, embora as ações se dirijam para o coletivo. Conduzem a uma atuação desarticulada e obstaculizam mesmo os projetos de gestões democráticas e inovadoras. O planejamento tenta articular as ações e os serviços, mas a execuçãodesarticulada e perde de vista a integralidade do indivíduo e a inter-relação dos problemas (JUNQUEIRA et al., 1997).
O diálogo entre os diversos setores que compõem a estrutura socioambiental de um País e que considere os saberes e práticas, é um instrumento-chave na elaboração de políticas públicas, uma vez que elimina as características centralizadoras e hierárquicas, bem como, dá voz à opinião de todos os agentes práticas, evitando o contexto evidenciado na Diagrama 1.
Diagrama 1. Análise sistêmica de um contexto que desconsidera a responsabilidade socioambiental. Fonte: PITTON, 2009. (Adaptado).
É nesse contexto que as políticas intersetoriais devem ser consideradas. A intersetorialidade é uma prática social que se caracteriza por uma articulação entre sujeitos de diferentes setores, poderes e saberes, com o objetivo comum de resolver problemas sociais e ambientais. As políticas públicas devem voltar-se para o atendimento das demandas da população, levando em conta os recursos existentes para tal ação. Assim, a intersetorialidade torna-se um pressuposto imprescindível para a implementação das políticas setoriais (NÓBREGA et al., 2018).
Há quatro componentes decisivos para o êxito na intersetorialidade: decisão política; empenho continuado do dirigente; compreensão dos técnicos de que a estratégia é mais eficiente e eficaz; e disposição para o diálogo, para a aprendizagem e para a construção coletiva (LAFFITE et al., 2020).
O trabalho intersetorial socioambiental requer amplo debate, prática da negociação e incorporação da contribuição política para que se alcance a dimensão transetorial das questões econômicas, sociais e ambientais. A partir daí tem-se a possibilidade de desenvolver novos olhares e instaurar novos valores, considerando o respeito às diferenças na compreensão e na superação das questões globais.
Organizações públicas e privadas, entre elas, as universidades, os centros de pesquisa, as empresas, os meios de comunicação e, principalmente, a sociedade civil, fazem parte da cadeia de formulação e de implementação de políticas socioambientais.
Basicamente, todos os setores que compõem um País são influenciados direta ou indiretamente pelas políticas socioambientais. Por muitos anos, os conflitos de interesse sobre a implementação e estabelecimento destas políticas foram maiores do que a sua efetivação, sendo que muito deste contexto foi resultado da falta da atuação intersetorial. A abordagem intersetorial faz a mediação de tais conflitos entre os defensores do uso indiscriminado de recursos naturais e os que defendem a sustentabilidade ambiental.
ARTICULAÇÕES INTERSETORIAIS: RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E O TERCEIRO SETOR
Se o primeiro e o segundo setor correspondem ao Estado e ao mercado, respectivamente, o chamado terceiro setor é um termo utilizado para definir organizações e iniciativas privadas sem fins lucrativos, que prestam serviços de caridade e de interesse público. Em geral, possuem estatuto, gestão por assembleias gerais e rígido controle financeiro. Neste conceito, desde que não possuam fins lucrativos, enquadram-se: os institutos, as organizações não governamentais (ONGs), as fundações, as associações, e as entidades.
Como citado anteriormente, o diálogo entre os diversos setores que compõem a sociedade é um instrumento necessário na elaboração de políticas públicas. Sabemos que é fundamental a gestão do conhecimento ambiental e o diálogo intersetorial para a garantia dos direitos humanos, para a conservação da biodiversidade e dos recursos naturais do planeta. Nesse sentido, as instituições do terceiro setor se articulam com o Estado, assumindo o papel de auxiliar, cobrar, fiscalizar e direcionar o trabalho pela melhoria da qualidade de vida da população, focando sua atuação nos locais mais carentes. Outra atuação intersetorial ocorre nas empresas que, por sua vez, podem ver no terceiro setor a oportunidade colocar em prática projetos e ações de responsabilidade socioambiental.
O terceiro setor possui diversas frentes de atuação que visam a promoção da cidadania e das minorias. Elas podem trabalhar com:
A cultura;
A educação;
O meio ambiente;
A saúde;
A assistência social;
A infância;
A atenção ao idoso;
As questões étnico-raciais;
O preconceito religioso;
A distinção de gênero;
A pobreza;
A ajuda humanitária;
O esporte e o lazer;
A extensão agrícola;
A educação ambiental;
As atividades profissionalizantes;
A proteção e luta aos direitos dos animais;
O resgate em casos de catástrofes ambientais;
A garantia dos direitos humanos em geral.
O terceiro setor só existe devido à existência das causas sociais. Por isso, podemos dizer que ele está totalmente voltado às questões e à prática da responsabilidade socioambiental.
A articulação entre terceiro setor e Estado permite que diversos serviços básicos e informações atualizadas cheguem aos locais onde o trabalho do Estado ou de empresas ainda não tenha chegado ou não esteja tão evidente. Muitas das organizações do terceiro setor recebem auxílio financeiro do governo ou obtêm recursos por meio de financiamentos governamentais, de empresas privadas, da comercialização de produtos e/ou por doações.
A mão de obra atuante é constituída, em geral, por voluntários, temporários ou fixos. 
Existem inúmeros exemplos de institutos, ONGs, fundações, associações e entidades que exercem práticas de responsabilidade socioambiental. Vamos conhecer alguns.
ARTICULAÇÕES INTERSETORIAIS: RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL, SAÚDE E EDUCAÇÃO
A concepção socioambiental sobre promoção da saúde e da educação inclui a existência de condições ideais como alimentação, trabalho, moradia, saneamento básico, lazer, meio ambiente e acesso aos bens essenciais.
Tal concepção é obtida considerando-se os aspectos físicos, sociais, econômicos, ambientais e culturais da sociedade e fundamentando-se no fato de que, quando integrado socialmente – pelo acesso à saúde e educação –, o indivíduo tem condições de aproveitar uma vida com qualidade, ao mesmo tempo que para ser saudável precisa de um ambiente de qualidade.
As articulações intersetoriais sustentadas por programas com essa abordagem possuem constante diálogo crítico e reflexivo entre a comunidade, os profissionais, as empresas, as universidades e as agências governamentais e não governamentais. 
As articulações intersetoriais promovem programas baseados em ações estratégicas que resultam:
Na promoção de espaços ambientalmente saudáveis;
No empoderamento e inclusão da população;
No desenvolvimento de habilidades;
Nos conhecimentos e atitudes favoráveis à saúde;
Na percepção da importância do meio ambiente para obtenção de qualidade de vida;
Na redução da pobreza e da desigualdade social;
Na promoção do desenvolvimento sustentável.
As ações de responsabilidade socioambiental no contexto de promoção da saúde e da educação ficam isoladas quando abordadas em um contexto setorial e fragmentado. Neste sentido, as articulações intersetoriais devem ser estratégias implementadas por meio de ações coordenadas entre os diferentes setores da sociedade – Estado, mercado, organizações e iniciativas privadas. As estratégias intersetoriais devem embasar-se em programas estruturados com gestão, planejamento participativo, financiamento próprio, e integração com a comunidade e o meio ambiente.
Para entender melhor sobre as articulações intersetoriais na promoção da saúde e da educação, vamos conhecer alguns exemplos que, por promoverem a educação e a saúde, resultam em cidadãos mais ativos nas questões ambientais.
Quadro 4. Programas criados a partir de articulações interesetoriais.
ARTICULAÇÕES INTERSETORIAIS: RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E REDES
Como já discutimos, as questões socioambientais há alguns anos vêm influenciando a formulação e a implementação de políticas públicas, que visam a promoção da cidadania e de ações de responsabilidade socioambiental, que resultem em desenvolvimento sustentável.
Por ser um tema discutido por diversos setores, entre eles, universidades, centros de pesquisa, empresas e organizaçõesgovernamentais e não governamentais nacionais e internacionais, uma questão crucial para o desempenho positivo das questões ambientais é a necessidade da abordagem intersetorial. Trata-se de um processo bastante complexo, em virtude da sua heterogeneidade organizativa e ideológica. O grande ponto de inflexão dos movimentos socioambientais ocorre com a constituição de fóruns e redes, que têm importância estratégica para ativar, expandir e consolidar seu caráter multissetorial (JACOBI, 2000).
As redes representam a capacidade de os movimentos sociais e organizações da sociedade civil explicitarem sua riqueza intersubjetiva, organizacional e política e concretizarem a construção de intersubjetividades planetárias, buscando consensos, tratados e compromissos de atuação coletiva (JACOBI, 2000, p. 134).
As redes são fortes agentes da divulgação de informação – verdadeiras e falsas –, de programas e políticas governamentais que acabam influenciando a tomada de decisão da população. Elas fortalecem questões divulgadas pelos três setores, sendo cada vez mais reconhecidas como indispensáveis pela sociedade e pelos governos, participando de processos decisórios.
Nos últimos anos, diversas organizações têm suas discussões e atividades embasadas a partir de dados estratégicos, levantados por meio das redes, que permitem: o diagnóstico do risco, o fluxo contínuo de informações, a adoção de novas tecnologias, e a identificação de lacunas e dilemas socioambientais. Tal possibilidade tem forte influência sobre os moldes da formulação de políticas públicas e sobre o nível de conhecimento da população sobre o tema socioambiental.
As redes, considerando as características complexas e heterogêneas da sociedade, horizontalizam a articulação de demandas de diversos setores, servindo como uma tecnologia de informação que dissemina posicionamentos, denúncias e propostas. A presença das redes repercute globalmente em diversos campos de atuação, como nos direitos humanos e no meio ambiente. Por trabalhar em escala global, a consciência socioambiental despertada pela atuação das redes se amplia e resulta em um crescente entendimento de que as transformações em curso estão se convertendo em ameaças cada vez mais preocupantes (JACOBI, 2000).
CURIOSIDADE
Para entender melhor sobre o poder das redes como ferramenta que promove a intersetorialidade e a divulgação de informações socioambientais, é possível buscar por termos em sites de busca e nas redes sociais para constatar como é grande a quantidade de sites e perfis informativos que serão encontrados. Como exemplo, o termo “meio ambiente”, pesquisado, no Google, obteve 378.000.000 resultados; “políticas públicas ambientais” obteve 20.200.000 resultados; e “empresa sustentável no Brasil” obteve 50.400.000 resultados.
ARTICULAÇÕES INTERSETORIAIS: RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E A CIÊNCIA
Não há dúvida sobre a importância do avanço da ciência e da tecnologia para os empreendimentos humanos.
Nosso mundo material e as coisas ao nosso redor são manifestações da capacidade científica. A tecnologia, que impacta como nunca o nosso dia a dia, pode ser considerada resultado direto do intenso progresso científico e da aplicação dos conhecimentos teóricos e práticos nas novas descobertas. Podemos citar algumas descobertas científicas e estudos de impacto social e ambiental:
Desenvolvimento de vacinas;
Satélites de observação terrestre;
Computadores para armazenamento de quantidades enormes de dados;
Desenvolvimento de softwares que permitem mapeamentos sociais e ambientais;
Navios oceanográficos;
Quantificação de emissões de gases do efeito estufa por sistemas urbanos e rurais;
Sistemas inovadores de conservação e preservação de fauna e flora;
Desenvolvimento de variedades agrícolas da mesma espécie adaptadas a diferentes zonas climáticas;
Rede de internet 5G.
No que diz respeito aos aspectos essenciais que definem o bem-estar e a qualidade de vida – e também para monitorar as mudanças que podem vir a ocorrer –, a comunidade científica tem a responsabilidade de fornecer informações sobre a situação das questões ambientais, uma vez que pesquisa o tema continuamente.
O trabalho que vem sendo desenvolvido durante várias décadas pela comunidade científica sobre as questões socioambientais em conjunto com as políticas públicas e com as organizações governamentais e não governamentais, trouxe estes aspectos ao conhecimento da sociedade, conduzindo ao atual nível de conscientização das populações e governos. Se hoje, começamos a empregar grande parte do nosso tempo em busca de soluções para as questões sociais e ambientais e para o impacto das atividades humanas, em grande parte, isso é fruto do trabalho científico que nos mostrou a importância dessa dedicação.
Fica claro que a ciência, em suas diversas áreas, é a grande detentora do conhecimento e dos mecanismos socioambientais. A adoção de práticas de responsabilidade socioambiental está diretamente relacionada com a chegada da informação científica aos diversos setores sociais. Devemos considerar o fato de que a informação acadêmica é técnica, logo, de difícil compreensão para profissionais de outras áreas.
Assim, para que seja efetiva, a difusão da informação científica deve ser feita de modo que haja articulação intersetorial. Diante disso, torna-se indispensável a construção de um diálogo simplificado, que possa ser compreendido e viabilizado para todos os setores, incluindo as organizações governamentais e não governamentais, que elaboram as políticas públicas e para a população.
PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO: O PAPEL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A educação ambiental está presente na Constituição Federal, em seu artigo 225, inciso VI, que estabelece que promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente é dever do Estado e de todos.
Sobre educação ambiental entendem-se os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 2018, p. 43).
Tal conceito nos faz refletir sobre o fato de que a educação ambiental não exclui o desenvolvimento, mas o realiza levando em consideração a capacidade de resiliência do planeta.
Podemos inferir que a educação ambiental abarca o direito jurídico, pois é instrumento de efetivação do direito e da necessidade dos seres humanos ao desenvolvimento ambiental equilibrado, condição indispensável à dignidade de vida das gerações viventes e das futuras. Somente por intermédio da educação, a humanidade será capaz de compreender a relevância das questões ambientais e sua inter-relação com o meio ambiente.
As discussões sobre educação ambiental remetem a um antigo e amplo histórico nacional e internacional. Durante a Rio-92, um evento realizado no Rio de Janeiro que foi marco das discussões sobre meio ambiente, foi elaborado o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Nele, foram estabelecidos princípios, diretrizes e planos de ação fundamentais para a promoção da educação para as sociedades sustentáveis. Eles enfatizaram a importância do pensamento e das atitudes críticas, coletivas e solidárias, da interdisciplinaridade, da multiplicidade e da valorização da diversidade.
No Quadro 5, vamos conhecer os dezesseis princípios da educação para sociedades sustentáveis e responsabilidade global.
Quadro 5. Princípios da educação para sociedades sustentáveis e responsabilidade global. Fonte: BRASIL, [s.d.]c.
A partir daí, diversos programas foram emoldurados na busca do desenvolvimento de uma sociedade que compreenda a importância do meio ambiente. Não obstante, quando se trata dos meios para a implementação da educação ambiental, é possível identificar uma grande diversidade de concepções.
Existem diversas correntes sobre a concepção de meio ambiente que se encaixam em diferentes perspectivas teóricas.Porém, é importante que, apesar das diferenças, se mantenha o foco na problemática do assunto e na busca por soluções condizentes com a realidade e a aplicabilidade dos grupos sociais.
Existem quinze correntes de educação ambiental divididas em dois grupos, que apresentam uma pluralidade de proposições inerentes a cada contexto (Quadro 6). Todas possuem em comum a preocupação com o meio ambiente e o reconhecimento da importância da educação para promover o equilibro ambiental.
Quadro 6. Correntes de educação ambiental. Fonte: SAUVÉ, 2005. (Adaptado).
Todas as correntes citadas possuem em comum a preocupação com o meio ambiente e o reconhecimento da importância da educação para promover o equilibro ambiental. Independentemente da corrente, a educação ambiental deve promover um ambiente de transformação individual e coletiva das atuações humanas que causam a cser_educacional socioambiental.
O objetivo é que, por meio da educação ambiental, entenda-se que o ambiente pode ser utilizado para benefício econômico e social da humanidade, desde que ela seja capaz de usufruir dos recursos naturais sem causar impactos negativos significantes (ALENCASTRO; SOUZA-LIMA, 2015).
Até aqui a educação ambiental foi abordada como meio de promover o desenvolvimento a partir de um viés ambiental. Discutimos seus conceitos, sua importância e suas diversas correntes. Agora, vamos conhecer um pouco sobre as políticas, os programas, as ações e os projetos governamentais que estão em vigor no Brasil e são voltados para essa pauta.
No Brasil, existe a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) que é coordenada por um órgão gestor que atua em articulação com o Ministério da Educação e o Ministério do Meio Ambiente. O PNEA subsidia e qualifica ações capazes de promover a educação ambiental em todos os níveis e modalidades de ensino, seja em caráter formal ou não formal. A partir das políticas do PNEA, foi lançado o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), em 2003. O ProNEA apresenta diretrizes, princípios, visão, missão, objetivos, público e linhas de ação que orientam a educação ambiental no Brasil, assegurando, de forma integrada e articulada, o estímulo aos processos de mobilização, formação, participação e controle social das políticas públicas ambientais. Como podemos observar, o ProNEA atua em articulação intersetorial com as demais políticas federais, estaduais e municipais, incluindo IBAMA, SISNAMA, PNUMA etc.
A missão do ProNEA é: 
promover educação que contribua para um projeto de sociedade que integre os saberes nas dimensões ambiental, ética, cultural, espiritual, social, política e econômica, impulsionando a dignidade, o cuidado, o bem viver e a valoração de toda forma de vida no planeta (BRASIL, 2018, p. 26). 
Assim,
o ProNEA tem como eixo orientador a perspectiva da sustentabilidade com base no Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e define como diretrizes do programa:
•  Transversalidade, transdisciplinaridade e complexidade;
•  Descentralização e articulação espacial e institucional, com base na perspectiva territorial;
• Sustentabilidade socioambiental;
• Democracia, mobilização e participação social;
•  Aperfeiçoamento e Fortalecimento dos Sistemas de Educação (formal, não formal e informal), Meio Ambiente e outros que tenham interface com a educação ambiental;
• Planejamento e atuação integrada entre os diversos atores no território (BRASIL, 2018, p. 23).
A partir do ProNEA o governo vem desenvolvendo diversas linhas de ações estratégicas, como as observadas no Quadro 7.
Quadro 7. Linhas de ações estratégicas em educação ambiental do ProNEA. Fonte: BRASIL, [s.d.]b. (Adaptado).

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