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UNIVERSIDADE LICUNGO
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
CURSO DE AGROPECUÁRIA 
MIGUEL COSTANTINO TAMERA 
O CONTRIBUTO DA AGRICULTURA FAMILIAR NO DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÓMICO NAS TRÊS LOCALIDADES DO POSTO ADMINISTRATIVO DE GOONDA
Beira
2021
MIGUEL COSTANTINO TAMERA 
O CONTRIBUTO DA AGRICULTURA FAMILIAR NO DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÓMICO NAS TRÊS LOCALIDADES DO POSTO ADMINISTRATIVO DE GOONDA
Monografia apresentado ao Curso de Licenciatura em Agropecuária da Faculdade de Ciências Agrárias, como requisito para obtenção do título de licenciado em Agropecuária.
Supervisor: Engº Jaime Mariano Daipa (MSc.)
Beira
2021
Dedicatória
Dedico este trabalho a Deus o doador da vida, pelo derramar do seu Espírito Santo, que me guia em todas as veredas de justiça. 
Aos meus pais Constantino Tamera e Clara Manuel, por terem me nascido e pelo despertar do espírito Agro-pecuário, sintam a alegria de terem um profissional em casa.
Agradecimentos
Em primeiro lugar, agradecer a Deus Criador pelo dom da vida, pelas múltiplas bênçãos derramadas sobre mim, pois estou certo de que o seu amor é tão grandioso e a sua graça dura para sempre. De seguida aos meus pais, pela educação de forma a buscar um filho digno socialmente. Aos meus irmãos Filipe Fernando, Maria Húo, pela força que me deram em todos os momentos da minha vida estudantil. Á minha família no geral pelo carinho, apoio moral, material prestado durante o decorrer do curso e principalmente pela força trazida durante a realização do trabalho. 
Ao Supervisor Engenheiro Jaime Daipa pelo acompanhamento que tem feito e faz para melhorar a qualidade da presente Monografia e pelo seu apoio durante a elaboração desta. A todos os docentes do curso de Agro-pecuária: dr. Cardoso António, Eng. Tiago, Eng. Cristina Januário, Eng. Eufrásio dos Anjos, dra. Luísa e dr. Mafua , pelo esforço empreendido durante o processo de leccionação. 
Quero endereçar o meu muito obrigado aos colegas da academia: Natércia Menezes, Raquel Aníbal, Albino António, Aida Gilberto, Lolita Cumbane, Madalena Luís, Alberto Albano, Sérgio Becas, pelas sugestões, conversa valiosas e ricas contribuições desenvolvidas ao longo do curso. Aos amigos: Sevene Francisco, Agostinho Cujane, Simeão Penicela, Fátima Omar, Maria Matanda, pelo apoio moral e espiritual prestado em todos momentos na minha vida académica.
Endereçar o meu profundo agradecimento aos colegas extensionistas do SDAE de Goonda pelo apoio prestado durante todo o processo das entrevistas e também aos agricultores que de forma voluntária tornaram possível a realização deste estudo. 
O meu muito obrigado!
Resumo
Tamera, Miguel. (2021). “O contributo da agricultura familiar no desenvolvimento socioeconómico nas três Localidades do Posto Administrativo de Goonda”. Universidade Licungo, Faculdade de Ciências Agrarias-FCA, Beira, Moçambique.
O presente trabalho teve como objectivo estudar o contributo da agricultura familiar para o desenvolvimento socioeconómico das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga, no Distrito de Chibabava, sendo que para o alcance deste objectivo foram abordadas questões relacionadas com as características dos produtores do sector familiar, as técnicas aplicadas, níveis de produção e por fim analisou-se o contributo da agricultura do sector familiar na geração de renda, emprego e disponibilidade e acesso de alimentos. A recolha de dados baseou-se nas técnicas de pesquisa bibliográfica, observação directa, aplicação da entrevista estruturada direccionada aos produtores destas localidades. Para a análise e interpretação dos resultados recorreu-se ao método quantitativo e qualitativo que serviu como método interpretativo do comportamento das variáveis em estudo. Em termos das características dos produtores das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga, 68% são mulheres, a camada mais activa na produção estão entre 21 a 30 anos de idade, são na sua maioria casados e que não são escolarizados. Quanto as técnicas de produção agrícola aplicadas pelos agricultores, 72% dos agricultores utilizam instrumentos rudimentares (enxadas de cabo curto, catanas e machados) e somente 15% usam fertilizantes e agrotoxicos. A maior parte da produção é destinada ao consumo familiar sendo uma pequena parte canalizada para o mercado. Quanto aos meios de produção, constatou-se que os sistemas de rega encontram-se instaladas em associações e geralmente todos agricultores produzem a sequeiro. Os rendimentos médios obtidos pelos entrevistados das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga, são de até dois mil e duzentos meticais (2.200,00MT) correspondente 23% do total, contra 52.2% que consegue cerca de três mil e seiscentos meticais (6.600,00 MT). Em termos de geração de emprego 77.5% não contratam mão-de-obra e 7.6% contratam ate 3 trabalhadores. E, em relação a disponibilidade e acesso de alimentos, 15.9% alimentam-se num trimestre e 56.3% alimentam-se mais de um semestre.
Palavras-chave: Agricultura familiar; Produtividade e Desenvolvimento socioeconómico.
Abstract 
Tamera, Miguel. (2021). “The contribution of family farming to socio-economic development in the three Localities of the Administrative Post of Goonda”. Licungo University, Faculty of Agricultural Sciences-FCA, Beira, Mozambique.
The present work aims to study the contribution of family farming to the socioeconomic development of the localities of Goonda, Mutindiri and Toronga, in the district of Chibabava. In order to reach this objective, questions related to the characteristics of producers in the family sector, the techniques applied, production levels and finally the contribution of family farming to income generation, employment and availability and access to food were analyzed. The data collection was based on the techniques of bibliographic research, direct observation, application of structured interview directed to the producers of these localities. For the analysis and interpretation of the results we used the quantitative and qualitative method that served as an interpretative method of the behavior of the variables under study. In terms of the characteristics of the producers in the locations of Goonda-sede, Mutindiri and Toronga, 68% are women, the most active layer in production is between 21 and 30 years old, they are mostly married and have no schooling. As for the agricultural production techniques applied by farmers, 72% of the farmers use rudimentary tools (hoes, machetes and axes) and only 15% use fertilizers and agrotoxics. Most of the production is destined for family consumption, and a small part is channeled to the market. As for the means of production, it was found that the irrigation systems are installed in associations and generally all farmers are dependent on rainfall. The average income obtained by the interviewees from the localities of Goonda-sede, Mutindiri and Toronga, are up to two thousand and two hundred meticais (2.200,00 MT) corresponding to 23% of the total, against 52.2% that obtain around three thousand and six hundred meticais (6.600,00 MT). In terms of employment generation 77.5% do not hire labor and 7.6% hire up to 3 workers. And, in relation to the availability and access to food, 15.9% feed themselves in a quarter and 56.3% feed themselves more than a semester.
Key-words: Family farming; productivity and socioeconomic development.
Lista de figuras
Figura 1: Mapa do local de estudo, (MAE, 2014)	42
Gráfico 1: Género dos entrevistados das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga	45
Gráfico 2: Idade dos entrevistados das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga	46
Gráfico 4: Nível de escolaridade dos entrevistados	47
Gráfico 5: Níveis de Produção de milho	50
Gráfico 6: Níveis de Produção de Mapira	51
Gráfico 7: Níveis de Produção do Feijão nhemba	52
Gráfico 8: Níveis de Produção do Amendoim	52
Gráfico 9: Níveis de Produção de Mandioca	53
Gráfico 10: Níveis de Produção da Batata-doce	53
Gráfico 11: Níveis de Produção de hortícolas	54
Gráfico 11: Níveisde Produção de Gergelim	55
Gráfico 12: Níveis de Produção global	56
Gráfico 13: Destino dos rendimentos obtidos na comercialização da produção	57
Lista de Tabelas
Tabela 1. Queda pluviométrica do Posto Administrativo de Goonda	36
Tabela 2. Preço das culturas comercializadas	36
Tabela 3. Rendimento médio das culturas	37
Tabela 4: Técnicas agrícolas aplicadas pelos agricultores do Sector Familiar	49
Tabela 5: Renda Obtida Pela Comercialização Dos Produtos Agrícolas	57
Tabela 6: Número de agricultores do sector familiar que contratam mão-de-obra	58
Tabela 7: Período de consumo dos produtos	59
Lista de Abreviaturas e Siglas
CAP – Censo Agro-pecuário
C.P – Campo de produção
EPC – Escola Primária Completa
EP1 – Escola Primária do primeiro grau
EP2 – Escola Primária do segundo grau
EDR – Estratégia de Desenvolvimento Rural
FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura alimentação
FR – Frequência relativa
FA – Frequência absoluta
IFP – Instituto de Formação de Professores
MAE – Ministério da Administração Estatal 
MINAG – Ministério da Agricultura
MDS – Ministério de Desenvolvimento Social e combate a fome
MICOA – Ministério para Coordenação da Acção Ambiental
NPK – Nitrogénio Fósforo e potássio
ORAM – Organizações de ajuda mútua
PIB – Produto Interno Bruto 
ROSA – Rede das organizações para segurança alimentar
RSA - República Sul Africana
SDAE – Serviços Distritais de Actividades Económicas
TIA – Trabalho de Inquérito Agrário
USAID – United states agency for international development
Sumário
CAPITULO I Introdução	13
1.1. Justificativa do tema	14
1.2. Problema	15
1.3. Hipóteses	16
1.4. Objectivos	16
1.4.1. Objectivo geral	16
1.4.2. Objectivos específicos	16
CAPITULO II Fundamentação teórica	18
2.1. Conceitualização	18
2.2. Características da Agricultura em Moçambique	20
2.3. Importância da agricultura familiar em Moçambique	21
2.4. Caracterização da agricultura em Moçambique	22
2.5. Contributo da Agricultura do Sector Familiar em Moçambique	24
2.6. As diferenças entre agricultura comercial e familiar	25
2.7. Características dos produtores rurais das localidades	26
2.8. Constrangimentos da agricultura familiar	27
2.9. Principais culturas produzidas	28
2.10. Principais infestantes, pragas e doenças	32
2.11. Precipitação	35
2.12. Comercialização agrícola	36
2.13. Rendimento médio das culturas por toneladas	36
CAPÍTULO III Metodologia do trabalho	37
3.1. Localização e descrição de local de pesquisa	37
3.2. Classificação da pesquisa	37
3.3. Instrumentos de colecta de dados	38
3.3.1. Pesquisa bibliográfica	38
3.3.2. Observação directa	38
3.3.3. Entrevista estruturada	38
3.4. Tratamento de dados	39
3.5. Tipo de Amostragem	39
3.5.1. Amostragem Probabilística	39
3.5.2. Tamanho da Amostra	39
3.6. Relevância do tema	40
3.6. 1. Relevância social	40
3.6..2. Relevância económica	40
3.6. 3. Relevância científica	40
3.7. Delimitação da pesquisa	40
3.8. Descrição da área de estudo	41
3.8.1. Localização, Superfície e População	41
CAPITULO IV Resultados e Discussão	44
4.1. Características dos produtores das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga	44
4.2. Descrição das técnicas agrícolas aplicadas pelos agricultores do sector familiar	46
4.3. Níveis de produção obtidos pelos agricultores do sector familiar	48
4.3.1. Níveis de produção de cereais	48
4.3.1.1. Níveis de produção de milho	49
4.3.1.2. Níveis de produção de Mapira	49
4.3.2. Níveis de produção de leguminosas	50
4.3.2.1 Níveis de produção do feijão nhemba	50
4.3.2.2. Níveis de produção do amendoim	51
4.3.3. Níveis de produção dos tubérculos	51
4.3.3.1. Níveis de produção de mandioca	52
4.3.3.2 Níveis de produção de batata-doce	52
4.3.4 Níveis de produção de hortícolas	52
4.3.5. Níveis de produção de culturas de rendimento (Gergelim)	53
4.3.6. Níveis de produção global	54
4.4. Contributo da agricultura do sector familiar	55
4.4.1. Contributo da agricultura do sector familiar na geração de renda	55
4.4.2. Actividades realizadas com base nos rendimentos obtidos pela comercialização de produtos agrícolas	56
4.4.3. Contributo da agricultura do sector familiar na geração de emprego	56
4.4.4. Contributo da agricultura do sector familiar na garantia da disponibilidade e acesso aos alimentos	57
CAPITULO V Conclusão e recomendações	59
5.1. Conclusão	59
5.2. Recomendações	60
5.3. Referências bibliográficas	62
Apêndice	65
Anexo	67
1
21
CAPITULO I Introdução
Agricultura familiar é toda forma de cultivo de terra que é administrada por uma família e emprega como mão-de-obra os membros da mesma. A produção de alimentos acontece em pequenas propriedades de terra e se destina a subsistência do produtor rural e ao mercado interno do país (ABRAMOVAY, 1997).
Em África, a agricultura desempenha um papel preponderante na economia, tanto como fonte de emprego da maioria da sua população assim como fonte de receitas do governo através de exportação de produtos agrários (CUNGURA, 2011).
A agricultura familiar em Moçambique constitui a actividade económica que ocupa grande parte da população, podendo alcançar mais de 75% dos cidadãos. Os sistemas de produção “tradicionais” sofreram, ao longo de décadas, diferentes níveis de transformação em consequência da intensidade de penetração do capital no meio rural, sobretudo o agrário e o comercial e o da extracção de recurso naturais. Em Moçambique, a agricultura emprega mais de 80% da população (INE, 2017).
A maioria da população destas localidades pratica a agricultura familiar e esta voltada para o autoconsumo, sendo ainda caracterizada pela forte dependência dos factores naturais e fraco uso de tecnologias. No entanto a prática da actividade agrícola é fundamental para o bem estar da população e constitui se numa fonte para promover o crescimento económico. 
No Posto Administrativo de Goonda a base económica é proveniente da prática da agricultura que é dominada pelo sector familiar na sua totalidade, que produzem de forma individual, outras em pequenas associações por forma a maximizar o potencial produtivo destas famílias. E os agricultores apostam na produção de cereais e leguminosas para o sustento das suas famílias e nos últimos anos tem vindo a se registar um crescimento significativo na produção de culturas de rendimento particularmente o gergelim, que tornou se muito atrativo pelo facto de ter um preço satisfatório e mercado garantido.
Apesar das vantagens do desenvolvimento agrícola, a produtividade agrícola em Moçambique continua baixa e com tendência decrescente (MPD/DNEAP, 2010; MOSCA, 2011). Baixa produtividade agrícola está relacionada com vários factores, tais como (CUNGUARA & MDDER, 2011): distribuição irregular das chuvas, baixo uso de tecnologias melhoradas, precário estado das infra-estruturas rodoviárias, principalmente a fraca ligação entre os campos de produção e os mercados, e relativamente poucos investimentos na agricultura.
Em Moçambique a agricultura do sector familiar desempenha um papel importante no âmbito do combate à pobreza, na geração de emprego rural e contribui para a segurança alimentar familiar, regional e nacional, produzindo mais da metade dos alimentos que são consumidos, para além de geração e distribuição de renda e diminuição do êxodo rural (ORAM & ROSA, 2010).
Em termos económicos a agricultura representa cerca 24% do produto interno bruto (PIB) e 80% das exportações, emprega cerca de dois terços (2/3) da força laboral, ocupando cerca de 80% da população activa do país (MINAG, 2010).
No Posto Administrativo de Goonda as culturas com maior rendimento e que são praticadas nesta região são o milho, gergelim, feijão nhemba, amendoim, batata-doce, e mandioca. A agricultura praticada nestas regiões é em sistema de sequeiro para todas as culturas. E observa se uma mobilização elevada para o cultivo de culturas de rendimento que podem ser uma saída sustentável para a obtenção de renda para as famílias. 
Neste contexto, o presente estudo tem como objectivo estudar o contributo da agricultura familiar para o desenvolvimento socioeconómico das três localidades do Posto Administrativode Goonda, distrito de Chibabava. O presente trabalho é composto por cinco capítulos sendo, primeiro a introdução constituído de justificativa, problematização, as hipóteses, os objectivos, segundo que corporiza a fundamentação teórica, depois terceiro capítulo da metodologia com os métodos e técnicas de pesquisa, determinação da amostra, o enquadramento do tema e a relevância do tema e finalmente o último capítulo com as conclusões e recomendações.
1.1. Justificativa do tema
Em Moçambique a agricultura desempenha um papel importante no combate a pobreza, na geração de emprego rural e contribui para a segurança alimentar familiar e nutricional. A agricultura apresenta em termos económicos, 25% do PIB e 80% das exportações, além disso a nível do país cerca de dois terços da força de trabalho encontra se neste sector de actividade, ocupando grande parte de mulheres e homens activos (USAID, 2008).
Segundo o Censo realizado em 2017, no distrito de Chibabava cerca de 96% da população pratica a agricultura familiar, que representa 82% da economia rural. Ainda no país todo cerca de 3,9 milhões de famílias praticam a agricultura em regime de sequeiro no seu local de residência, em parcelas de terra em média de 1,1 ha.
No entanto, o que torna relevante a escolha deste tema, é a importância que a agricultura do sector familiar tem para o desenvolvimento económico do país, desempenhando diversos papéis importantes no âmbito do combate a pobreza, na geração de emprego rural e contribuição para a segurança alimentar das famílias moçambicanas.
Nas localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga, a base de desenvolvimento local é a agricultura familiar, dependente principalmente das chuvas. Os níveis de produção e da produtividade agrária são baixos, além de que não há condições ideais de conservação de produtos, e a comercialização dos produtos agrícolas é bastante fraca devido a deficiência nas infra-estruturas básicas como as vias de acesso e armazém.
Assim a pouca produção dos agricultores acaba por se deteriorar nas zonas de produção e por outro lado agravam se os custos de transporte para o escoamento dos produtos das zonas com maior produção para as de menos produção e consequentemente o acesso aos alimentos é reduzido.
O estudo revela se importante também visto que enquadra se dentro das abordagens que dominam a actualidade sobre o desenvolvimento rural e visa realizar um diagnóstico de forma a possibilitar a identificação do contributo da agricultura familiar para o desenvolvimento socioeconómico destas localidades.
1.2. Problema
A agricultura familiar em Moçambique constitui a actividade económica que ocupa grande parte da população, e é caracterizada essencialmente por pequenas explorações que cultivam menos de 5 ha. (MOSCA, 2014). A população vive principalmente de actividades agrícolas, florestais e pecuária de pequena escala, com uma mistura de actividades económicas de geração de rendimentos dentro das famílias.
Dentro destas diferentes actividades a produção de alimentos para o consumo constitui a base principal da estrutura produtiva do sector familiar. Nas localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga as famílias são totalmente dependentes da agricultura e pecuária sendo esta actividade responsável pela geração de renda para estas famílias.
Nos últimos anos, Moçambique registou uma melhoria significativa da produção agrícola. Essa melhoria tem sido atribuída fundamentalmente á expansão das áreas de cultivo e melhoria das condições climáticas em algumas zonas, bem como as medidas adoptadas pelo governo e seus parceiros na provisão de insumos agrícolas de qualidade que permitem que sejam alcançadas altos níveis de produção (SITOE, 2005).
Portanto o Posto Administrativo de Goonda encontra se abrangida por esta realidade e possui potencialidades favoráveis para produção agrícola, como solos férteis, precipitação média anual suficiente a prática agrícola e é atravessado por dois grandes rios (Rio Búzi e Lisithu), sendo considerado o celeiro do distrito de Chibabava, no entanto o governo distrital procura mecanismos para atingir a produtividade com vista a responder á crise dos alimentos e diminuir a pobreza rural.
Nisto tudo surge a necessidade de estudar o real contributo da agricultura familiar no desenvolvimento da comunidade, sendo esta actividade praticada por toda a população deste Posto, e que outrora vê se em condições de vidas bastante pobres com rendimento mensal abaixo do salário mínimo deste sector de actividade.
Neste contexto, surge a seguinte questão de partida:
Até que ponto a agricultura familiar contribui para o desenvolvimento socioeconómico das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Torronga?
1.3. Hipóteses
H1 - Presume-se que a agricultura familiar contribui com a maior percentagem no nível de produtividade nas Localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga;
H2 - Provavelmente existem outras actividades que contribuem para o desenvolvimento socioeconómico das três localidades;
1.4. Objectivos
1.4.1. Objectivo geral
· Estudar o contributo da agricultura familiar para o desenvolvimento socioeconómico das três localidades do Posto Administrativo de Goonda.
1.4.2. Objectivos específicos
· Caracterizar os produtores do sector familiar das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga;
· Descrever as técnicas agrícolas aplicadas pelos agricultores das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga;
· Identificar os níveis de produção obtidos pelos agricultores das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga;
· Analisar o contributo da agricultura familiar no desenvolvimento das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga.
CAPITULO II Fundamentação teórica
2.1. Conceitualização
Agricultura do sector familiar é tida como toda aquela unidade que tem na agricultura sua principal fonte de renda e que tem como base da força de trabalho empregada os membros da família. Segundo esses autores, é permitido o emprego de terceiros temporariamente, quando a actividade agrícola assim necessitar (BITTENCOURT & BIANCHINI, 1996).
Agregado familiar e comunidade local é um grupo de pessoas ligadas ou não por laços consanguíneos, comem em conjunto e tem como regra, um chefe que pode ser homem ou mulher. Enquanto a comunidade local, é definida como sendo, o agrupamento de famílias e indivíduos, vivendo numa circunscrição territorial de nível de localidade ou inferior, que visa a salvaguardar os interesses comuns através da protecção de áreas agrícolas, sejam cultivadas ou em pousio, florestas, sítios de importância cultural, pastagens, fontes de água, áreas de caça e de expansão (MFS-CIS, 1996).
Segurança Alimentar significa garantir, a todos, condições de acesso a alimentos básicos de qualidade, em quantidade suficiente, de modo permanente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, com base em práticas alimentares saudáveis, contribuindo, assim, para uma existência digna, num contexto de desenvolvimento integral da pessoa humana (MENEZES, 1998).
Emprego é o uso do factor de produção por uma empresa. Estritamente, é a função, o cargo ou a ocupação remunerada exercida por uma pessoa. O nível de emprego consiste na relação entre aqueles que podem e desejam trabalhar e os que efectivamente o conseguem, isto é, aqueles que, em tese, são necessários para criar o produto social (SANDRONI, 1999).
Renda é a remuneração dos factores de produção, salários (remuneração do factor trabalho), alugueis (remuneração do factor terra) (SAMUELSON, 1995).
Desenvolvimento é definido como sendo o crescimento económico acompanhado pela transformação da estrutura social onde são reduzidas as diferenças entre os pobres e os ricos, com reformas caracterizadas por uma assistência social, estabelecimento de postos de saúde e uma maior actividade comercial nas zonas rurais (MUCAVELE, 2010).
Desenvolvimento rural é o processo de melhorias das condições de vida, trabalho, lazer e bem-estar das pessoas que habitam nas áreas rurais (EDR, 2007).
Pobreza é definida como a incapacidade dos indivíduosde assegurar para si e os seus dependentes um conjunto de condições básicas mínimas para a sua subsistência e bem-estar, segundo normas da sociedade, (PARPA, 2001).
Alfaia agrícola é entendida como o conjunto de instrumentos de trabalho directamente manuseados pelo homem, na sua sequência de operações que visam a produção de bens e que tem a terra como objecto e meio desse mesmo trabalho. Elas caracterizam-se pela relação de íntima proximidade e adaptação física ao corpo do agricultor que as utiliza (LAGE, 2013).
Fertilizantes ou adubos são qualquer tipo de substância aplicada ao solo ou tecidos vegetais para prover nutrientes essenciais ao crescimento das plantas (FONSECA, 2010).
Fertilização ou Adubação são todas as práticas que melhoram a fertilidade do solo, proporcionam melhores condições para o desenvolvimento das culturas melhorando a conservação do solo e consequente aumento da produção (ARF E BOLONHEZI, 2012).
Rotação de culturas consiste na alternância de várias culturas na mesma área, durante os anos agrícolas, de acordo com um plano previamente definido (ARF E BOLONHEZI, 2012).
Policultura é uma prática cultural que permite produzir na mesma machamba e no mesmo período ou uma parte do ciclo mais de uma cultura (FONSECA, 2010).
Pragas são organismos que reduzem a produção das culturas ao atacá-las, serem transmissores de doenças (principalmente viroses) e reduzirem a qualidade dos produtos agrícolas (PICANÇO, 2010).
Agrotóxicas são substâncias destinadas ao uso nos sectores de produção, no armazenamento e beneficamente dos produtos agrícolas cujo objectivo e preservá-la da acção danosa de seres vivos nocivos (CARRARO, 1997).
Insecticidas são produtos químicos largamente utilizados no controle de pragas, quer de forma isolada ou em programas de manejo integrado e a escolha do mesmo deve levar em consideração não apenas a sua eficácia assim como aspectos ligados a selectividade aos inimigos naturais das pragas, toxidade ao homem e animais, resistência das pragas, persistência no meio ambiente e o custo do produto (CARRARO, 1997).
Extensão Rural é tida como sendo a arte de interagir tecnicamente junto aos produtores rurais, a partir do conhecimento da realidade em todos os níveis, na incessante busca de combinar saber científico com o saber popular, visando o aumento da produção, produtividade e consequente aumento da renda que levará a melhoria das condições de vida da família rural, sem agressão ao meio ambiente (GÊMO, 2006).
Pulverizadores são instrumentos ou máquinas muito utilizadas na agricultura com o objectivo de auxiliar agricultores no combate às plantas daninhas, insectos, entre outros. Sua maior função é permitir o controlo da dosagem na aplicação de defensivos ou fertilizantes sobre a área de interesse (BRANDÃO, 2010).
Cilos são construções destinadas ao armazenamento e conservação de grãos secos, sementes, cereais e forragens verdes (CARNEIRO, 2011).
Estiagem é um fenómeno climático causado pela insuficiência de precipitação pluviométrica, ou chuva numa determinada região por um período de tempo muito grande. Existe uma pequena diferença entre seca e estiagem pois estiagem é o fenómeno que ocorre num intervalo de tempo, já a seca é permanente (MICOA, 2000).
2.3. Importância da agricultura familiar em Moçambique
De acordo com a PDER (2007), a agricultura desempenha um papel importante no âmbito do combate à pobreza, na geração de emprego rural e contribui para a segurança alimentar familiar e nacional, além de contribuir na redução da pobreza essencialmente rural, representa em termos económicos, 20%, do PIB e 80% das exportações. Além disso, a nível do país cerca de dois terços da força de trabalho encontra-se neste sector, ocupando cerca de 90% das mulheres activas e 70% dos homens activos. Isto significa que 80% da população activa do país esta empregue no sector agrário.
Por outro lado, é de destacar o papel fundamental desempenhado pela agricultura familiar como garante da subsistência do produtor e sua família (cobre as necessidades alimentares de 8 meses por ano), contribuindo de forma decisiva para a sua segurança alimentar e satisfação de necessidades básicas, bem como a geração de rendimentos no caso de venda de excedentes nos mercados. Efectivamente, tratando-se da forma principal de abastecimento dos mercados locais (e, consequentemente, da população urbana na maior parte dos casos), ela funciona como uma caixa de poupança essencial na melhoria das suas condições de vida, (CPLP, 2012).
Importa destacar a importância extensível da agricultura familiar a outros níveis: esta desempenha um papel crucial na manutenção da paisagem rural, conservação do património genético das plantas, de harmonização com o ambiente, exploração sustentável de recursos naturais e defesa do património cultural das comunidades locais, (CPLP, 2012).
2.4. Caracterização da agricultura em Moçambique
Segundo SITOE (2005) a informação do Censo Agro-pecuário (CAP) e do Trabalho de Inquérito Agro-pecuário (TIA), nas zonas rurais de Moçambique a agricultura do sector familiar é constituída essencialmente por pequenas explorações (aquelas que cultivam menos de 5ha), este sector concentra cerca de 99% das unidades agrícolas (3.090.197 unidades familiares) e ocupa mais de 95% da área cultivada do país. A área mediana cultivada pelas pequenas explorações é de 1,3ha contra 6,0ha das médias explorações e 145ha para as grandes explorações.
Segundo o mesmo autor, a população vive principalmente de actividades agro--pecuária de pequena escala, comum a heterogeneidade de actividades económicas de geração de rendimentos dentro das famílias. Dentro das diferentes actividades de produção de alimentos existe uma diversidade de produtos alimentares praticados, nesta diversidade, o milho e a mandioca ocupam posições preponderantes da área cultivada.
Segundo dados estatísticos recentemente publicados pelo Instituto Nacional de Estatística a taxa média de analfabetismo entre a população adulta do país situa-se à volta de 53.6%, sendo mais elevada nas zonas rurais (65.7%) do que urbanas (30.3%) e mais saliente nas mulheres (68%) do que nos homens (36.7%). Num país com a dimensão e a diversidade de Moçambique, não é de estranhar a existência de discrepâncias entre diferentes regiões ﴾MINAG,2012﴿.
Mais de 70% da população vivem em áreas rurais, metade da população está na faixa etária de 15- 35 anos e a maioria é do sexo feminino. A participação activa de mulheres e homens no desenvolvimento agrário de Moçambique é portanto, fundamental para um desenvolvimento sustentável, efectivo e baseado na igualdade de direitos e deveres. Quanto ao Género e a produção na agricultura familiar, a divisão sexual do trabalho reafirma a condição da mulher de ajudante e responsável pelos serviços domésticos enquanto ao homem cabe o papel de chefe da família.
Um dos pontos principais dessa relação desigual e assimétrica é a compreensão das relações sociais de gênero, que no mundo rural, representa a precarização do trabalho da mulher agricultora. A divisão sexual do trabalho não pode ser explicada ou elucidada sem que se recorra à relação entre os homens e as mulheres no universo doméstico (HIRATA, 2009).
Quanto aos meios de produção o autor refere que apenas cerca de 11% dos agricultores familiares usam rega dentro das pequenas explorações; em termos do uso de insumos, somente 3.7% das pequenas explorações na agricultura familiar, é caracterizada pelo uso da mão-de-obra familiar (LIBERMAN, 1998). As áreas das machambas são, em média de 1,4 há, limpas manualmente usando o machado, catana e enxada que constituem os principais instrumentos de produção das famílias rurais em Moçambique ﴾GOVM, 1998﴿.
Em Moçambique existem mais de 36 milhões de hectares de terra arável, dos quais apenas 10% em uso e 90% destes pelo sector familiar que cultiva uma área média abaixo de 2ha. 3,3 Milhões de hectares são potencialmente irrigáveis, mas apenas 3% estão efectivamente a beneficiar de um sistema de irrigação. A produção agrária assenta em cerca de 98%de pequenas explorações (MINAG, 2012). Estas explorações são responsáveis por 95% do total da produção agrícola, enquanto os restantes 5% são atribuídos a cerca de 400 agricultores comerciais, que se concentram nas culturas de rendimento e de exportação (cana de açúcar, tabaco, chá, citrinos e pecuária).
A maior parte da produção do sector familiar destina-se ao auto-consumo e caracteriza-se por rendimentos baixos e retornos modestos e mais de 80% da área total de terra cultivada é usada para a produção em sequeiro de culturas alimentares básicas, ocupando o milho, a mandioca e os feijões cerca de 60% da área total cultivada. A horticultura ocupa apenas 5% e as culturas de rendimento (cana de açúcar, algodão, chá, oleaginosas, tabaco) são produzidas em apenas 6%.Além disso, 40% dos agregados familiares utilizam plantas e ervas nativas na sua alimentação e para fins medicinais (MINAG, 2011).
Em todo o país os níveis de produção e de produtividade agrária são baixos, além de que não há condições de conservação de produtos, e a rede de processamento, distribuição e comercialização de produtos agrários é bastante fraca, devido à limitada rede de infra-estruturas básicas (vias de acesso, armazenagem, industrias de processamento), assim, a pouca produção dos pequenos agricultores, acaba por se deteriorar nas zonas de produção e por outro lado agravam-se os custos de transporte para o escoamento dos produtos das zonas excedentárias para as deficitárias e consequentemente o acesso aos alimentos é reduzido (TOSTÃO & BRORSEN, 2004).
A necessidade da mão-de-obra é um problema fortemente sentido pelos produtores do sector familiar que tem -se queixado da sua falta, levando ao subaproveitamento da área disponível que se manifesta pelas áreas que não são cultivadas na sua totalidade. Esta agricultura não utiliza factores de produção melhorados ﴾adubos, pesticidas, sementes), porque a pobreza das famílias e a indisponibilidade dos mesmos nas zonas rurais limita o acesso. O uso de meios de produção de baixa tecnologia que caracteriza a agricultura familiar moçambicana reflecte-se nos baixos níveis de rendimentos. Utilizam fertilizantes e 6.7% utilizam pesticidas; cerca de 16% das explorações contratam mão-de-obra (RAFFI & TAYSSIER, 1998).
De acordo com os dados TIA (2002), Moçambique possui 49 milhões de hectares de terra arável com aptidão agrícola, contudo apenas 5 milhões de hectares estão a ser utilizados. A agricultura e pesca têm um peso de 31% no PIB e envolvem cerca de 80% da população.
Infelizmente ainda 98% da agricultura é familiar com técnicas de produção muito rudimentares e apenas os restantes 2% de agricultura comercial. Nos últimos anos, a agricultura familiar tem sido apoiada pelo governo, organizações internacionais e algumas instituições financeiras, mas ainda se encontra num estado muito precário e inicial no qual são utilizadas poucas tecnologias para melhorar a produção e com um baixo nível de diversificação de produção. CUNGURA et al., (2011), salienta que a limitada diversidade de produção leva a deficientes índices de nutrição com implicações graves para a saúde pública da população mais carenciada. Facto que se reflecte nos dados apresentados pelo ministério da saúde, em que pouco menos de metade da população apresenta desnutrição crónica.
Segundo o INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICAS (2011), na última década o número de explorações agrícolas em Moçambique aumentou 25%, paralelamente à área cultivada com 44% de aumento. Neste período notou-se um significativo crescimento da actividade agrícola mas o mesmo não se manifesta na utilização de serviços e práticas agrícolas. A comparação proporcional entre o número de explorações existentes e a utilização de serviços e práticas agrícolas revela que a utilização de fertilizantes e irrigação apenas aumentou cerca de 1% e o uso de pesticidas decresceu cerca de 2%. O diminuto desenvolvimento dos serviços e práticas agrícolas nos últimos anos, demonstra que os esforços envidados no apoio da agricultura e no desenvolvimento dos seus sistemas de produção, ainda não deram os frutos desejados e muito dificilmente se alterará este cenário caso não se tomem medidas gerais e catalisadoras para a agricultura de Moçambique.
Diversos factores estão na origem desta baixa utilização de insumos, tal como o alto custo dos mesmos e a frequente variação de preços, falta de apoio ao crédito financeiro, falta de conhecimento técnico por parte dos agricultores, deficiente rede de extensão agrária, baixo nível de exigência dos consumidores, entre outros. O aumento da rentabilidade de produção implica uma maior procura e disponibilidade de insumos e produção, que a seu tempo ficam mais baratos para o produtor, (JASSE, 2013).
2.5. Contributo da Agricultura do Sector Familiar em Moçambique
No seu artigo “agricultura familiar em Moçambique: ideologias e políticas” MOSCA (2014) refere que a agricultura do sector familiar contribui para assegurar os níveis ajustados de segurança alimentar, aumentar o rendimento das famílias.
O autor citado acrescenta que a agricultura familiar cria excedentes produtivos e poupança para permitir a transformação estrutural da agricultura e da economia no sentido da industrialização.
Esta transformação pressupõe a transferência de recursos da agricultura para o conjunto da economia e do meio rural para as cidades, tendo como base o aumento da produtividade que permite a passagem dos factores de trabalho e capital para sectores mencionados sem gerar crises alimentares e empobrecimento da agricultura rural.
De acordo com o mesmo autor, para além do contributo de natureza económico existem outros como seja a disponibilização de uma alimentação equilibrada, o aumento da produção e produtividade agrícola que se realiza com a participação de mais de 70% da população e que constitui a principal fonte de rendimento familiar que contribui para a criação de riqueza numa base social alargada.
Por seu turno, USAID (2008) no seu artigo “Investimento privado no sector da agricultura em Moçambique”, refere que em Moçambique a agricultura desempenha um papel importante no âmbito do combate à pobreza, na geração de emprego rural e contribui para a segurança alimentar familiar e nutricional. Ela representa em termos económicos, 25% do PIB e 80% das exportações. Além disso, a nível do país cerca de dois terços da força de trabalho encontra-se neste sector, ocupando cerca de 90% das mulheres activas e 70% dos homens activos.
Por outro lado, o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA, 2011-2020) trouxe uma nova concepção sobre o papel da agricultura para o processo de desenvolvimento socioecónomico onde, espera-se que a agricultura nacional exercerá também o papel de fonte de expansão de mercado competitivo especialmente com respeito ao desenvolvimento de tecnologias para a redução de custos de produção e aumento da rentabilidade. Este documento assenta em 4 pilares, a saber:
1. Produtividade - Aumento da produção e produtividade agrárias que possam contribuir para uma dieta equilibrada.
2. Acesso ao mercado - Através do melhoramento das infra-estruturas e Serviços para garantir maior acessibilidade ao Mercado conducente ao investimento agrário.
3. Uso sustentável dos recursos naturais - Terra, água, Florestas e Fauna Bravia.
4. Fortalecimento de instituições Agrárias públicas, privadas e associativas.
Segundo o MINAG (2011), pretende-se com a estratégia do PEDSA, que a agricultura cresça, em média, pelo menos 7% ao ano. As fontes de crescimento serão a produtividade (ton/ha) combinada com o aumento da área cultivada, perspectivando duplicar os rendimentos em culturas prioritárias e aumentar em 25% a área cultivada de produtos alimentares básicos até 2020, garantindo a sustentabilidade dos recursos naturais. A realidade no país contrasta com esta ambição visto que o potencial agrícola não é devidamente convertido na geração de receitas e na criação de emprego de modo tangível.
2.6. As diferenças entre agricultura comercial e familiar
A agriculturaé, actualmente, a principal base da economia moçambicana e sua produção é voltada para sector familiar. Sendo assim, a agricultura comercial faz parte do setor primário, ou seja, onde há o cultivo e a colheita da terra para fins de subsistência, de exportação e de comércio. A agricultura familiar, corresponde à produção agrícola desenvolvida por famílias, cujo rendimento é voltado para a subsistência delas (UNIDERP, 2020).
Uma das principais características da agricultura comercial é a presença de máquinas no campo, responsáveis por beneficiar as matérias-primas e transformá-las em produtos com maior valor agregado. Do mesmo modo, o uso da tecnologia de ponta, a mão de obra especializada, as sementes e os agrotóxicos também são parte imprescindível desse tipo de prática agrícola (UNIDERP, 2020)
A agricultura familiar, diferentemente da agricultura comercial, utiliza técnicas mais rudimentares e tradicionais, no geral, sem grandes aparatos tecnológicos. Assim, a mecanização, o uso de adubos químicos, de fertilizantes e de pesticidas são evitados ao máximo nas plantações, que produzem culturas alimentares de forma a ter mais cuidado com o meio ambiente (UNIDERP, 2020).
A prática pode ser associada, sobretudo, à gestão de negócios familiares. Isso porque uma das principais características da modalidade é que a mão de obra utilizada vem do próprio núcleo familiar. Desse modo, os terrenos são menores, e a produção, mais diversificada.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a agricultura familiar representa cerca de 80% da produção mundial de alimentos, sendo de extrema importância para a economia. Portanto, mais de 90% das 570 milhões de propriedades agrícolas em todo o mundo são administradas por famílias ou por indivíduos que dependem, principalmente, da mão de obra familiar.
Diferente da agricultura comercial (também chamada de agricultura moderna) que tem como foco a larga produção e a venda dos produtos cultivados, na economia de subsistência os produtos não são para vender ou lucrar. Também vale mencionar a diferença entre os processos utilizados, uma vez que na agricultura de subsistência os métodos são rudimentares, com baixa tecnologia e pouco eficientes em relação à agricultura comercial que utiliza máquinas para auxiliar na produção (SEAPAC, 2015)
Outra diferença entre esses dois tipos de agricultura diz respeito dos produtos cultivados. Na agricultura de subsistência a prática é realizada por meio da policultura (plantação de diversos produtos) em detrimento da agricultura comercial, que utiliza grandes campos para a plantação de um único produto (monocultura) (SEAPAC, 2015).
A agricultura familiar compreende grande diversidade cultural, social e econômica  podendo variar desde o campesinato tradicional até à pequena produção modernizada. Os agricultores familiares foram chamados de pequenos produtores, pequenos agricultores, colonos, camponeses, entre tantas outras definições.  A maioria das definições da agricultura familiar está vinculada ao número de empregados e ao tamanho da propriedade (BASSO, 1993). O Ministério da Agricultura brasileiro, para efeito do Programa Nacional da Agricultura Familiar (PRONAF), considerou como familiares todos os agricultores que contratavam até dois empregados permanentes e detinham área inferior a quatro módulos rurais (TRENNEPOHL, 2004).
2.7. Características dos produtores rurais das localidades
As principais características dos agricultores familiares são a independência de insumos externos à propriedade e a produção agrícola estar condicionada às necessidades do grupo familiar.  No entanto, diversas outras características estão associadas a este tipo de agricultor como o uso de energia solar, animal e humana, a pequena propriedade, a alta auto-suficiência e pouco uso de insumos externos, a força de trabalho familiar ou comunitária, a alta diversidade ecogeográfica, biológica, genética e produtiva, baixa produção de dejetos, a predominância dos valores de uso, se baseia no intercâmbio ecológico com a natureza, o conhecimento holístico, ágrafo e flexível.
A população vive principalmente de actividades agro-silvo-pecuárias de pequena escala, comuma heterogeneidade de actividades económicas de geração de rendimentos dentro das famílias. Dentro das diferentes actividades a produção de alimentos para o consumo constitui a base principal da estrutura produtiva do sector familiar.
De acordo com o TIA (2002), existe uma diversidade de produtos alimentares praticados; nesta diversidade, o milho e a mandioca ocupam posições preponderantes da área cultivada, sendo o milho cultivado por cerca de 80% das explorações e a mandioca por 76%. Apenas 3.3% das pequenas explorações têm bovinos e cerca de 11% utilizam tracção animal, 71% criam galinhas,27% caprinos e 16% suínos. Dos produtos florestais e faunísticos, destacam-se o corte de lenha e estacas que são praticados por cerca de 46% e 30% das pequenas e médias explorações respectivamente.
Entre as culturas da produção vegetal, o milho, gergelim, batata reno, amendoim, feijão nhemba e a mandioca apresentam grande expressão no que se refere à quantidade produzida pela agricultura familiar. Nesse sentido, cabe observar que essas culturas tiveram um alcance espacial bem amplo, sendo produzidas em mais de 97% dos produtores. Juntos, o milho e o gergelim foram responsáveis também pela metade do valor gerado por toda produção familiar (TIA, 2012).
2.8. Constrangimentos da agricultura familiar
A produtividade agrícola em Moçambique continua baixa e com tendência decrescente (MPD/DNEAP, 2010; Mosca, 2011). Na última década, o fraco desempenho da agricultura é considerado um dos principais entraves para a falta de redução da incidência da pobreza (Arndt et al., 2010; MPD/DNEAP, 2010). Em 2008-09, 55% da população vivia abaixo da linha nacional de pobreza, em comparação com uma taxa de 54% em 2002-03, mostrando que, em média, a pobreza não reduziu nos últimos anos.
Baixa produtividade agrícola está relacionada a vários factores, tais como a distribuição irregular das chuvas, o baixo uso de tecnologias melhoradas, precário estado das infra-estruturas rodoviárias com a fraca ligação entre o campo e o mercado , e poucos investimentos na agricultura, relativamente ao sector não-agrário (Cunguara e Moder, 2011).
As principais dificuldades relatadas pelos produtores foram, por ordem de importância: (1) incidência de pragas e doenças; (2) aquisição de mudas; (3) custos das sementes ; (4) necessidade de mão-de-obra; e (5) falta de acesso a tractores para a lavoura.
No que tange à assistência técnica, a agricultura familiar apresenta pouco mais de 20% dos seus estabelecimentos agropecuários com acesso a esse serviço tão essencial na produção agrícola. Sendo no entanto que para estas três localidades contam com apenas 4 extensionistas.A irrigação ainda é insuficiente, tendo ocorrido em apenas em produtores associados.
2.9. Principais culturas produzidas no Distrito de Chibabava 
2.9.1. O milho
O milho (Zea mays) dentre as espécies originárias das Américas, é certamente a de maior importância econômica e social em nível mundial. Sua importância está associada à versatilidade em sua utilização, já que é considerado um alimento energético para dietas tanto humanas, quanto animais (PAES, 2006).
Em relação às necessidades hídricas, são necessários 500 a 800 mm de lâmina d’agua, bem distribuídos, desde a semeadura até o ponto de maturação fisiológica dos grãos. As fases mais sensíveis à deficiência de água são a iniciação floral e o desenvolvimento da inflorescência além do período de fertilização e enchimento dos grãos (EMBRAPA, 1997).
Trabalhos de pesquisa têm demonstrado que, em função dos diversos factores envolvidos na condução de uma lavoura, a população ideal de plantas se situa por volta de 45.000 a 55.000 plantas por hectare. Face aos fatores colocados, recomenda-se um espaçamento entre 70 e 90 cm entre as linhas de semeadura, combinado com um densidade entre 3.5 a 5 plantaspor metro linear, de forma a se obter a população desejada para cada situação (EMBRAPA, 1997).
O período de competição mais crítico para cultura do milho pode ser definido como os primeiros 40 dias a contar da sua emergência e por isso deve merecer especial atenção na condução da lavoura. Cabe salientar que a melhor medida de controle é a prevenção. Evitar a entrada de dissemínulos (sementes e/ou estruturas de reprodução das invasoras) através das máquinas, equipamentos e sementes utilizados; preparar adequadamente o solo; fazer sua cobertura; fazer adubações corretas; cuidar para que a lavoura tenha densidade adequada e fazer o plantio com a profundidade recomendada, são práticas que favorecem a ocupação dos espaços pelo milho deixando-o sempre em condições superiores na competição com o mato (EMPAER, 1997).
Citam-se como principais pragas para a cultura do milho: 1) pragas subterrâneas: larva-alfinete ou vaquinha Diabroticaspeciosa; 2) pragas de superfície: broca-do-colo Elasmo palpuslignosellus, lagarta-rosca Agrotisipsilon; 3) pragas da parte aérea: lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda, lagarta-das-panículas Pseudaletiasequax, curuquerê-dos-capinzais, Mocislatipes, cigarrinhas-das-pastagens Deois spp, cigarrinha-do-milho Dalbulusmaidis; 4) pragas-da-espiga: lagarta-da-espiga Helicoverpazea (EMPAER, 1997).
Diversas são as doenças ocorrentes na cultura do milho. Dentre elas, destacam-se ferrugens e manchas foliares; podridões do colmo e das raízes e doenças de espigas e grãos. Os agentes causadores são fungos, bactérias e vírus. A incidência e a severidade de cada doença variam de acordo com o genótipo utilizado, o sistema de produção utilizado e as condições ambientais, principalmente temperatura e umidade (EMPAER, 1997).
De uma maneira geral, a colheita da lavoura de milho é realizada entre 125 e 160 dias após a emergência, dependendo do ciclo da cultivar utilizada e da época de semeadura. Teoricamente, o milho pode ser colhido a partir da maturação fisiológica dos grãos (momento em que o grão se apresenta com uma camada escura na inserção com o sabugo), entretanto, recomenda-se colher a lavoura quando os grãos estiverem com percentuais de humidade entre 15 e 25, observando-se que, para humidades acima de 18 %, tornar-se-á necessário, a posterior secagem dos grãos (DE MARIA ET ALL, 1999)
2.9.2. Gergelim
O gergelim (Sesamumindicum L.) é uma cultura oleaginosa que pertencente à família Pedaliaceae. Para Oliveira et al. (2007), a partir do inicio da década de 90, o cultivo de gergelim ganhou importância econômica devido às novas formas de aproveitamento do grão e seus subprodutos.
Perin et al. (2010) relatam que nos últimos anos o gergelim vem ganhando espaço dos produtores agrícolas, pois apresenta facilidade de cultivo, tolerância à seca, bom potencial produtivo e podendo ser empregado no mecanismo de rotação e consorciação de culturas. A planta é ainda considerada rústica, pouco exigente em fertilidade do solo e água (AVILA e GRATEROL, 2005).
Queiroga et al. (2008) afirma que o rendimento médio mundial de grãos de gergelim fica em torno de 480 kg há. A espécie apresenta varias formas de exploração, desta forma a cultura tem um grande potencial econômico. As sementes possuem 50% óleo na sua composição e podem ser utilizado na indústria alimentícia, farmacêutica, química e alimentação animal (CORRÊA et al., 1995).
A cultura prefere solos profundos com textura franca, bem drenados e de boa fertilidade natural (RAMOS et al., 2010).A cultura apresenta uma ampla adaptabilidade às condições edafoclimáticas de clima tropical quente e tolerância a déficit hídrico (BELTRÃO et al., 2010).O gergelim requer precipitações pluviais entre 400 e 600 mm de forma bem distribuídas, sendo que nos primeiro meses a planta necessita em torno de 160 a 180 mm (OLIVEIRA et al., 2000). No entanto, as plantas.
Lago et al. (2001) afirma que o ponto de colheita se da assim que as hastes, folhas e cápsulas atingirem o amarelecimento completo, porém antes que as cápsulas estejam totalmente abertas. Entretanto maturação dos frutos não ocorre uniformemente, já que as cápsulas da base da planta abrem-se mais cedo, demonstrando o momento exato para se iniciar a colheita. Se a colheita for realizada mais tardia ocorrerá maior perda de grãos, pois a deiscência dos frutos progride rapidamente.
Para as condições moçambicanas, tanto no plantio de sequeiro, quanto irrigado, recomenda-se a utilização de população variando de 50.000 a 200.000 plantas/ha, espaçamento variando de 0,5m a 1,0m com cinco a dez plantas por metro de fileira, sendo as maiores populações para cultivares precoces e não ramificadas, e os menores, de 0,7m a1,0m entre as fileiras para as cultivares de hábitos de crescimento ramificado (RAMOS et al., 2010).
A principal praga é a lagarta enroladeira, cujo adulto apresenta tonalidade amarelo-castanho e faz a postura dos ovos na parte inferior das folhas novas. As larvas dobram o limbo foliar no sentido longitudinal e se alimentam da face dorsal das folhas. Recomenda-se para o controle o uso de inseticidas à base de carbaril ou deltametrina (LAGO et al.,2001).
Para uma boa colheita deve-se saber o ciclo da cultura na região de cultivo e a época certa do corte das plantas em função do início do amarelecimento das folhas, haste e frutos e observar o momento, via amostragem, do início da abertura dos frutos da base das hastes (os mais velhos), nas cultivares deiscentes. Algumas cultivares, no amadurecimento ficam de coloração marrom (LAGO et al.,2001).
Determinando o ponto de colheita, as plantas devem ser cortadas na base e amarradas em feixes de 30 a 40cm de diâmetro e levadas para secar no próprio campo, colocadas em cerca de arame com dois fios. A abertura dos frutos é muito rápida e qualquer atraso na colheita pode levar a perdas significativas. Chuvas na colheita e/ou umidade excessiva prejudicam e muito a qualidade das sementes, reduzindo o tipo, por promover o surgimento de pontos negros (LAGO et al.,2001).
2.9.3. Tomate
O tomate (Solanum lycopersicum L.) pertence à família Solanaceae e tem sua origem na região andina da América do Sul. O tomateiro é uma planta herbácea, de haste flexível e hábito de crescimento determinado ou indeterminado. As variedades de crescimento determinado possuem grande número de hastes que crescem até atingir cerca de 1 m. Já as variedades de crescimento indeterminado apresentam dominância apical e a haste principal pode atingir mais de 3 m. O tomateiro de crescimento indeterminado necessita de tutoramento e podas em plantios comerciais (NAIKA et al., 2006).
O sistema radicular é vigoroso e pode atingir 2 m de profundidade. As flores são hermafroditas e ocorre a autofecundação. Os frutos são carnosos com formato e peso variável, oscilando de 25 g nos tomates cereja e 300 g em tomates salada. Temperaturas nocturnas entre 18 e 20 °C e as diurnas de 25 a 28 °C são mais favoráveis para o desenvolvimento das plantas. Temperaturas menores retardam o desenvolvimento das plantas, enquanto as mais elevadas afectam a frutificação, desenvolvimento e qualidade dos frutos (ARAUJO et al., 2013).
O tomateiro é uma hortaliça muito exigente em tratos culturais e atacada por inúmeras pragas, o que dificulta e encarece o seu cultivo. A produção mundial foi de 126,1 milhões de toneladas na safra 2006/07 e a produtividade média alcançada de 27,3 t ha-1. Entretanto, seguindo-se recomendações técnicas pode-se alcançar rendimentos entre 60 e 120 t/ha (ARAUJO et al., 2013).
2.9.4. Amendoim
O amendoim é uma leguminosa, subfamília das papilionáceas, Género Arachis e Espécie hypogae (GRACIANO, 2009). A origem de amendoim (Arachis hypoagea), provem da América do Sul, entretanto, actualmente também cultivado em grandes proporções na África, América do Sul e do Norte e Ásia.
É uma planta anual, pequena, com haste central erecta. O fruto de casca espessa, contem conforme a variedade de 2 -5 sementes, recobertas por uma fina película colorida. É rico emproteínas e carboidratos, e tem um ciclo de 120-150 dias.
Desenvolve-se melhor em solos leves, férteis, relativamente profundos e bem drenados, requerendo em média uma precipitação de 450-700 mm/ano, e em Moçambique é considerada uma das melhores culturas de rendimento com maior produção no país (NHANTUMBO, 2011).
Sua importância económica relaciona-se ao facto de suas sementes poderem ser processadas e utilizadas directamente na alimentação humana, nas indústrias de conserva, oleoquimica, biodiesel. A maioria da população e das indústrias alimentícias utiliza o amendoim em suas receitas culinárias, porem, quando armazenado de forma incorrecta pode trazer danos a saúde (GRACIANO, 2009).
2.10. Principais infestantes, pragas e doenças
2.10.1. Pragas
A lagarta do funil de milho, Spodoptera frugiperda, é considerada a principal praga do milho nesta região. O adulto desta praga (borboleta) tem um poder de dispersão muito grande principalmente na época quente e as lagartas podem afectar grandes áreas em pouco tempo devido ao seu estado migratório (GEORGEN et al. 2016).
Dependendo da densidade da população e a fase fenológica da cultura atacada, as perdas de rendimento podem variar de 20 a 60% (FIGUEIREDO et al., 2006) e, em casos de infestação severa, perda completa da cultura pode ocorrer, ou seja, 100% de perdas de rendimento.
A broca-do-colmo é uma importante praga para as gramíneas de um modo geral, mas é considerada uma das principais pragas da cana de açúcar. Tem importância econômica nas culturas de arroz, cana-de-açúcar, milho, pastagens, sorgo e trigo (EMBRAPA, 2001).
Zonocerus elegans Thun. (Gafanhoto elegante): com adultos de cor verde escura, com desenhos pretos, amarelos e cor de laranja, e com cerca de 35 mm de comprimento. Os adultos emanam um cheiro característico. Muitos adultos têm asas reduzidas, mais curtas, e não podem voar. Tem 1 geração por ano. Os ovos são depositados nos meses de Março - Maio ou Fevereiro – Abril (segundo a latitude) no solo em ootecas, que são feitas como aquelas das espécies precedentes. Este gafanhoto pode ser considerado como praga local, porque a maioria dos adultos têm asas rudimentares e portanto não podem voar muito longe (FAO, 2015).
No caso das pragas locais, como o Gafanhoto elegante é melhor inspeccionar as machambas e especialmente o mato á volta da machamba até 100 metros, semanalmente a partir de Setembro, para verificar se há um fenómeno de gregarismo perto das culturas. Pode ser útil também a destruição mecânica das ninfas agrupadas com paus (EMBRAPA, 2001).
2.10.2. Infestantes
Buva (Conyza sp.): é uma das plantas daninhas com maior importância, pois ocorre em grande parte do território nacional e possui vários casos de resistência a herbicidas. Possui grande capacidade de hibridizar (cruzar com outras plantas do gênero Conyza), por isso sua classificação correta (espécie) é feita somente em laboratório (PRATES, 2005)
Essas espécies têm ciclo anual, são eretas, com ramos e folhas pubescentes, e propaga-se exclusivamente por sementes.  A grande dispersão de buva em nosso país está associada à grande capacidade de produção de sementes, que podem ser facilmente disseminadas pelo vento, podendo ser carregadas a até 1,5 km de distância. A germinação de suas sementes ocorre no período de outono-inverno, geralmente nos meses de junho a setembro, muitas vezes coincidindo com o final do ciclo do milho (VIANA & PRATES, 2005).
Capim-amargoso (Digitaria insularis): é uma das principais plantas daninhas do Brasil. Ocorre em grande parte do território nacional e é considerada uma planta de difícil controle, pois possui casos de resistência a herbicidas e algumas características morfológicas que prejudicam a ação desses produtos (ANDRADE, 2006).
É uma planta daninha de ciclo perene, herbácea, entouceirada, ereta e que produz rizomas (estruturas de reserva). Sua grande dispersão está associada principalmente à grande capacidade de produzir sementes (mais de 100 mil sementes por inflorescência) e fácil dispersão através do vento. (ANDRADE, 2006).
Uma das características que torna essa planta daninha de difícil controle é a formação de rizomas a partir de 45 dias após a emergência. Isso lhe confere uma capacidade muito grande de recuperação da injúrias de herbicidas.
Pé de galinha (Eleusine indica): é uma planta daninha bem espalhada em todo o território brasileiro, é uma planta de ciclo anual, ereta, entouceirada, de colmos glabros e achatados (COELHO et al, 2006)
Planta anual, herbácea, com reprodução por semente. Tem a capacidade de se desenvolver em qualquer tipo de solo e, de preferência, em locais com elevadas temperaturas e humidade. Recentemente, essa daninha apresentou casos de resistência ao glifosato e o mecanismo que confere a resistência envolve uma mutação no sítio de ação do herbicida. O controle dessa planta daninha no milho é bem igual ao do capim amargoso, porém requer aplicações mais precoce, ou seja, em plantas com até 2 perfilhos (VELOSO et al, 1991).
2.10.1. Doenças
A murcha de Sclerotium (Sclerotium rolfsii Sacc.), conhecida no exterior por "southern blight", "southesouthrn blight" e "white mold", pode ser considerada como a mais importante doença de solo nas nossas condições. Normalmente as perdas não ultrapassam 25%, mas podem ser superiores a 80%, em condições de monocultivo (PRATES & VIANA, 1999).
S. rolfsii é um patógeno polífago, apresentando uma extensa gama de hospedeiros em mais de 200 espécies de plantas, sendo mais frequentes as espécies pertencentes às famílias das Leguminosas e Compostas. Este fato dificulta a rotação de culturas e exige cuidadoso controle de ervas daninhas que se apresentam como hospedeiras deste fungo de solo (NEVES et al, 2003).
Na planta infectada pelo fungo é observada uma podridão escura desde a região do colo até as raízes, que pode se propagar para os ginóforos e vagens. Como resultado dessas lesões, toda a parte aérea murcha, ocorrendo, por fim, a morte da planta. S. rolfsii produz grandes quantidades de ácido oxálico, uma fitotoxina capaz de causar a morte das células da superfície da planta, antes da colonização propriamente pelo fungo, que por isso se apresenta como um parasita necrotrófico (NRVES et al, 2003).
Ferrugem: o fungo causador da ferrugem, Puccinia arachidis Speg., é um parasita obrigatório de ciclo incompleto, pois o estágio uredial, que constitui a repetição das ferrugens, é o predominante e responsável pela disseminação do fungo, embora em poucas ocasiões possa ser observada a ocorrência de teliósporos. O patógeno ocorre especialmente no amendoim cultivado e em espécies selvagens de Arachis spp (SIMMONDS et al, 2000).
A ferrugem aparece inicialmente como pequenos pontos amarelados visíveis na superfície dos folíolos, que caracterizam o início da formação de pústulas (uredossoros). Posteriormente, com a ruptura da cutícula e exposição das massas de esporos (uredosporos) na face inferior dos folíolos, as pústulas passam a apresentar a coloração característica marrom-avermelhada, com 0,3 a 1 mm de diâmetro, que dá o aspecto pulverulento e ferruginoso às folhas severamente infectadas (SIMMONDS et al, 2000).
A murcha bacteriana é uma das principais doenças das solanáceas em países de clima tropical e subtropical. É a mais importante doença do tomateiro na Região, onde é fator limitante à produção na maior parte do ano. Em outras regiões, aparece principalmente em lavouras conduzidas durante verões chuvosos e em cultivo protegido, onde a rotação de culturas, uma das principais formas de controle da doença, é pouco utilizada por razões econômicas (RAGURAMAN & SINGH, 2000).
O sintoma mais típico da murcha bacteriana do tomateiro é a murcha da planta de cima para baixo, que é resultante da interrupção parcial ou total do fluxo de água desde as raízes até o topo da planta. A bactéria causadora da doença, Ralstonia solanacearum, tem a capacidade de permanecer no solo por muitos anos e, com isso, inviabilizar o cultivo de solanáceasem terrenos infestados por longo tempo (RAGURAMAN & SINGH, 2000).
2.11. Precipitação
O posto Administrativo de Goonda é caracterizada por uma distribuição de chuvas irregular ao longo do ano, provocando assim em alguns casos períodos de cheias e secas.
Tabela 1. Queda pluviométrica do Posto Administrativo de Goonda
	Mês 
	2019
	
	Mês 
	2020
	
	Mês 
	2021
	Janeiro 
	686,1mm
	
	Janeiro 
	655,4mm
	
	Janeiro 
	594,2mm
	Fevereiro 
	574,7mm
	
	Fevereiro 
	531,6mm
	
	Fevereiro 
	343,7mm
	Março 
	94,2mm
	
	Março 
	75,6mm
	
	Março 
	81 mm
	Abril 
	22,3mm
	
	Abril 
	39,4mm
	
	Abril 
	68 mm
	Maio 
	107,8mm
	
	Maio 
	98,2mm
	
	Maio 
	122 mm
	Junho 
	39,5mm
	
	Junho 
	57mm
	
	Junho 
	66,1 mm
	Julho 
	00mm
	
	Julho 
	21,8mm
	
	Julho 
	51 mm
	Agosto 
	8,8mm
	
	Agosto 
	13,5mm
	
	Agosto 
	21 mm
	Setembro 
	004mmm
	
	Setembro 
	00mm
	
	Setembro 
	
	Outubro 
	15,4mm
	
	Outubro 
	10,9mm
	
	Outubro 
	
	Novembro 
	101,3mm
	
	Novembro 
	314,6mm
	
	Novembro 
	
	Dezembro 
	239mm
	
	Dezembro 
	314,6mm
	
	Dezembro 
	
 Fonte: SDAE-Goonda, Relatórios Anuais
2.12. Comercialização agrícola
	Produto
	Preço médio (mt)
	Unidade
	Milho
	19-29
	 kg
	Amendoim
	40-50
	 kg
	Mapira
	12-17
	 kg
	Tomate
	42-50
	 kg
	Gergelim
	40-45
	Kg
Tabela 2. Preço das culturas comercializadas
Fonte: SDAE-Goonda, Relatório Semestral 2021.
2.13. Rendimento médio das culturas por toneladas
	Culturas
	2019/2020
	2020/2021
	Milho
	4354 kg
	3469 kg
	Amendoim
	750 kg
	540 kg
	Mapira
	899 kg
	364 kg
	Tomate
	1576 kg
	807* kg
	Gergelim
	2335 kg
	2460 kg
*tomate ainda encontra se na fase de colheita.
Tabela 3. Rendimento médio das culturas 
Fonte: SDAE-Goonda, Relatório Semestral 2021
CAPÍTULO III Metodologia do trabalho 
3.1. Localização e descrição de local de pesquisa
De acordo como MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL (MAE, 2014), Goonda é um Posto Administrativo do Distrito de Chibabava, na província de Sofala, em Moçambique, com sede na Localidade de Goonda. Tem limite, a Norte com o distrito de Gondola, a Oeste com o distritos de Mossurize e Dombe (todos distritos da província de Manica), a Sul e Sudeste com o Posto Administrativo de Muxungue e a Este com o distrito de Búzi.
De acordo com o Censo de 2017, o Posto tem 38 712 habitantes e uma área de 3 237km², daqui resultando uma densidade populacional de 6,4 hab/km². O Posto Administrativo está dividido em cinco localidades (Goonda, Toronga, Mutindiri, Chinhica e Hamamba).
3.2. Classificação da pesquisa 
Quanto ao objectivo, a pesquisa foi exploratória, permitiu um contacto directo com os entrevistados, onde procurou-se saber sobre os aspectos relacionados com o tema em estudo, sendo que o mesmo estava acompanhado de uma entrevista em forma de questionário previamente elaborado para permitir um maior aprofundamento das questões levantadas sobre o contributo da agricultura familiar no desenvolvimento socioeconómico, pois segundo Gil citado por GERHARDT & DE SOUZA (2009), uma pesquisa exploratória tem como objectivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a tomá-lo mais explícito ou a construir hipóteses.
A grande maioria dessas pesquisas envolve: levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e análise de exemplos que estimulem a compreensão. 
Quanto aos procedimentos, esta pesquisa enquadra-se na pesquisa de campo, pois se caracteriza pelas investigações realizadas através da coleta de dados junto às pessoas, somando à pesquisa bibliográfica e/ou documental. Consistiu na análise dos dados obtidos através das entrevistas feitas aos agricultores destas localidades, como forma de se estudar o real contributo da agricultura familiar. 
Quanto ao método de abordagem, esta pesquisa teve uma abordagem mista isto é, envolve o estudo qualitativo, visto que descreve as características dos agricultores rurais nas Localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga e estudo quantitativo, visto que fez se levantamento de dados estatísticos onde se quantificou a produção agrícola, o rendimento obtido na comercialização desta produção, empregando os dados estatísticos, com manipulações de variáveis durante a análise.
3.3. Instrumentos de colecta de dados
Os dados recolhidos e analisados num trabalho de pesquisa constituem a base de aprovação ou de refutação das hipóteses traçadas para a sua recolha, (RICHARDSON, 1999). Para a aprovação ou refutação das hipóteses recorremos aos métodos e técnicas que são:
3.3.1. Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica consistiu na obtenção de dados relacionados ao tema, através de pesquisa em diversas bibliografias, concretamente livros, manuais, artigos, relatórios e trabalhos científicos referentes ao tema. Estas obras foram consultadas em bibliotecas físicas e virtuais, que permitiu a obtenção de uma base teórica para a formulação do problema e familiarização como tema de estudo.
3.3.2. Observação directa
A observação directa, através da deslocação ao campo de estudo, permitiu a observação do desenrolar da actividade agrícola do sector familiar, foi realizada durante o período de pesquisa, o que possibilitou a obtenção de informações gerais e realísticas a cerca da agricultura do sector familiar e o seu contributo.
3.3.3. Entrevista estruturada
A entrevista estruturada desenvolve-se a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja ordem de redacção permanece invariável para todos entrevistados (GIL,2008). Para o presente trabalho a escolha desta técnica deve-se ao facto de possibilitar a obtenção de dados susceptíveis a uma análise estatística através da classificação e quantificação visto que as respostas são padronizadas. A entrevista semi-estruturada foi direccionada aos agricultores destas localidades com finalidade de obter informações sobre a cadeia produtiva familiar. 
3.4. Tratamento de dados 
Conforme o que vem referenciado logo a prior, nesta pesquisa houve necessidade de ter gráficos e tabelas, não obstante, houve a necessidade de usar algumas técnicas de informática como o Microsoft Word Excel para traduzir os resultados. 
3.5. Tipo de Amostragem
As pesquisas geralmente abrangem um universo de elementos tão grande que se torna impossível considerá-los em sua totalidade, e é muito frequente trabalhar com amostra, de modo a que possam representar o universo, quando um pesquisador seleciona uma pequena parte de uma população, espera-se que ela seja representativa dessa população que pretende estudar (GIL, 2008).
3.5.1. Amostragem Probabilística
Na pesquisa a amostragem foi probabilística, que são amostras em que os componentes são extraídos da população de acordo com probabilidades conhecidas. O mecanismo de probabilidade pelo qual os componentes são selecionados e especificados antes de iniciada a amostragem e não deixa ao investigador qualquer margem para decidir que itens da população devem ser incluídos na amostra (BARBETA, 2002).
3.5.2. Tamanho da Amostra
De acordo com MATACALA e MACUCULE (1998), a amostragem depende do número total da população. Define se 15% da amostra se a população total abrangida não for superior a 100, e usa se 10% se estiver no intervalo de 100 a 500 e 5% se for superior a 500.
Assim considerando o critério acima, trabalhou se com uma percentagem de 5% para o presente estudo, assim teremos: n = N*P, onde: n= tamanho da amostra; N= total de famílias; P= percentagem a usar (intensidade de amostragem). Portanto: n = 8705 * 0,05 = 435,25~435 famílias.
Assim sendo, de uma população de 8705 famílias será extraída uma amostra de 435 famílias distribuídas em três localidades nomeadamente: Localidade Goonda sede 145, Mutindiri 145 e Toronga 145.
3.6. Relevância do tema
3.6. 1. Relevância social
A relevância de qualquer estudo mede se pelos resultados que com ele pretende se alcançar. Neste contexto, o presente estudo sobre o contributo da agricultura familiar mostra se importante na medida em que procura compreender o desenvolvimento das zonas rurais com foco no impacto que a agricultura tem neste desenvolvimento. Com o estudo será possívelperceber o envolvimento da comunidade na prática da actividade agrícola e no desenvolvimento da localidade, fazendo com que mais famílias sejam parte deste desenvolvimento almejado.
3.6..2. Relevância económica
A agricultura detém um papel importante do desenvolvimento das comunidades rurais, visto que esta actividade é a principal fonte de rendas para as famílias rurais. Portanto com o estudo deste tema, serão obtidos resultados dos níveis de rendimento que as famílias ganham na prática da agricultura e de que forma este rendimento reflecte no crescimento da comunidade e a melhoria das condições de vida.
3.6. 3. Relevância científica
Analisar a forma como a agricultura familiar contribui para o desenvolvimento socioeconómico de uma localidade, torna o estudo como fonte de consulta para outras pesquisas sobre o desenvolvimento rural e assim buscar se soluções para os problemas que limitam o desenvolvimento da agricultura no sector familiar de forma a garantir o crescimento das comunidades rurais.
3.7. Delimitação da pesquisa
A pesquisa com o tema “Contributo da agricultura familiar no desenvolvimento socioeconómico das três localidades do Posto Administrativo de Goonda“, foi realizado no distrito de Chibabava, concretamente no Posto Administrativo de Goonda, num período compreendido entre o mês de Julho à Outubro de 2021.
3.8. Descrição da área de estudo
3.8.1. Localização, Superfície e População
De acordo como MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL (MAE, 2012), Chibabava é um distrito da província de Sofala, em Moçambique, com sede na povoação de Chibabava. Tem limite, a Norte e Noroeste com o distrito de Sussundenga, a Oeste com o distritos de Mossurize, Sudoeste e Sul com o distrito de Machaze (todos distritos da província de Manica), a Sul e Sudeste com o distrito de Machanga e a Leste e Nordeste com o distrito de Búzi.
De acordo com o Censo de 2017, o distrito tem 135 202 habitantes e uma área de 6 977km², daqui resultando uma densidade populacional de 19,4h/km². O distrito está dividido em três postos administrativos (Chibabava, Goonda e Muxúngue).
 Figura 1: Mapa do local de estudo, (MAE, 2014)
3.8.2. Clima e Hidrografia
O clima do distrito é dominado por zonas do tipo semi-árido, no interior, a sub-húmido, à medida que se caminha para o litoral. No tipo de clima semi-árido seco, a precipitação varia de 500 a 800 mm, enquanto a evapo-transpiração potencial de referência (ETo) é geralmente superior a 1500 mm. A maior parte da região apresenta temperaturas médias anuais superiores a 24°C. A temperatura elevada agrava consideravelmente as condições de fraca precipitação provocando deficiências de água.
Tais condições são agravadas pela grande irregularidade da quantidade de precipitação ao longo da estação chuvosa e, por conseguinte a ocorrência de frequentes períodos secos durante o período de crescimento das culturas. A humidade relativa média anual é cerca de 60-65%. A faixa sub-litoral do Save apresenta temperaturas médias anuais que variam entre 24 e 26°C. A precipitação média anual está compreendida entre os 800 e 1000 mm, podendo localmente ultrapassar este valor, tornando-se o clima do tipo sub-húmido.
A evapo-transpiração potencial é geralmente superior a 1500 mm. A distribuição irregular das precipitações ao longo do ano, associada a temperaturas relativamente elevadas, resulta em deficiências hídricas no período Maio-Dezembro e excessos de água no outro período do ano (menos que 3 meses). O distrito é atravessado para além dos rios Búzi, Revué, Lucito, por outros de regime periódico (MAE, 2012).
3.8.3. Relevo e Solos
Os solos da zona litoral são predominantemente arenosos e de cobertura arenosos, em geral profundos a muito profundos, excessivamente bem drenados, com baixa capacidade de retenção de nutrientes e água. Complementam estes agrupamentos de solos as deposições fluvio-marinhas e as aluviões recentes do rio Búzi e seus afluentes.
A zona interior é dominada por solos residuais de textura variável, profundos a muito profundos, localmente pouco profundos, castanho-avermelhados, sendo ainda ligeiramente lixiviados, excessivamente drenados ou moderadamente bem drenados e, por vezes, localmente mal drenados. Ocorrem ainda, solos aluvionares e hidromórficos ao longo das linhas de drenagem natural associados aos dambos.
A temperatura elevada agrava consideravelmente as condições de fraca precipitação nestas regiões provocando deficiências de água para o crescimento normal das plantas (culturas). A região litoral abrange toda a faixa costeira com altitudes inferiores a 200 m, integrando áreas baixas, litorais e sub-litorais, de terreno plano, quase plano a ligeiramente ondulado (MAE, 2012).
3.8.4. Infra-estruturas
Sendo o transporte rodoviário o mais utilizado, o distrito de Chibabava é atravessado pela EN1 e dispõe de uma rede de estradas com uma extensão de 435 km divididas em 9 eixos. A distribuição de fontes de água pelas várias localidades do distrito não é equilibrada e de uma forma geral o seu acesso não é satisfatório para a população.
Naturalmente, as regiões planas são as que mais sofrem de falta de água, em virtude da disposição do seu relevo. Sendo Chibabava um distrito fundamentalmente constituído de áreas planas, sofre, por isso, os efeitos que ocorrem nessas regiões. Em algumas zonas o lençol freático é salobre e profundo.
O distrito está ligado a Rede Nacional de Energia Eléctrica, possuindo 885 ligações das quais uma de Média Tensão e 854 de Baixa Tensão nas Localidades de Chibabava sede, Muxungue e Goonda. O distrito possui 78 escolas (das quais, 5 do nível secundário), e está servido por 12 unidades sanitárias, que possibilitam o acesso progressivo da população aos serviços do Sistema Nacional de Saúde (MAE, 2012).
3.8.5. Economia e Serviços
Este distrito possui potencialidades agrícolas, pecuárias e de florestas, sendo a agricultura e pecuária as principais actividades económicas das famílias. Dos 699 mil hectares da superfície do distrito, estima-se em 300 mil hectares o potencial de terra arável apta para a agricultura do distrito de Chibabava, dos quais só 26 mil são explorados pelo sector familiar (cerca de 4% do distrito).
De um modo geral, a agricultura é praticada manualmente em pequenas explorações familiares em regime de consorciação de culturas com base em variedades locais. Nos solos moderadamente bem drenados predominam as consorciações de milho, mapira, mexoeira, mandioca e feijões nhemba e boere. Este sistema de produção é ainda complementado por criações de espécies como gado bovino, caprino, e aves.
A produção agrícola é feita predominantemente em condições de sequeiro, nem sempre bem sucedida, uma vez que o risco de perda das colheitas é alto, dada a baixa capacidade de armazenamento de humidade no solo durante o período de crescimento das culturas. A pequena indústria local (pesca, carpintaria e artesanato) surge como alternativa à actividade agrícola, ou prolongamento da sua actividade (MAE, 2012).
CAPITULO IV Resultados e Discussão
4.1. Características dos produtores das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga 
4.1.1. Género
Os produtores entrevistados nas localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga foram no total 435 produtores, dos quais 297 mulheres o correspondente a 68%, superior aos homens que foram 138 correspondente a 32%.
Assim, observou-se maior número de mulheres em relação aos homens, resultante do êxodo rural praticado maioritariamente pelos homens que viajam á África do Sul a procura de melhores condições de vida para suas famílias. 
O exposto acima mostra claramente que as características dos produtores das localidades de Goonda-sede, Mutindiri e Toronga, vão ao encontro do exposto por MINAG (2012), ao afirmar que a mulher desempenha um papel chave na economia familiar, na actividade agrícola e na educação, na extensão e como agente directo do desenvolvimento. 
Gráfico 1: Género dos entrevistados das localidades de Goonda-sede, Mutindiri

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