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Aula 03 - Direito Processual Penal - Curso Estágio Ministério Público Estadual

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AULA 03 – DIREITO PROCESSUAL PENAL
Mi
	
	CURSO: Ministério Público Estadual
Estagiando Direito
@estagiando_direito_
Considerações iniciais
Essa parte da matéria é uma das mais recorrentes na vida prática e nas questões de provas, por isso pedimos muita concentração e foca principalmente onde houver algum tipo de marcação ou observação. É de extrema importância a leitura dos artigos referentes a ação penal, pois muitas questões caem de forma idêntica a lei seca. Nessa parte da lei seca, vamos utilizar apenas os artigos que estão eficazes, pois com a suspensão de diversões artigos implementados pelo Pacote Anticrime/2019, criou-se dois tipos de procedimentos opostos para um mesmo ato, assim, para evitar confusões vamos usar apenas os artigos antigos que estão eficazes ainda. Por fim, deixamos alguns comentários de doutrinas para facilitar a compreensão do conteúdo e aprofundar ainda mais o nosso conhecimento. Qualquer dúvida, elogio, reclamação pode nos enviar no direct do nosso Instagram, será um grande prazer em conversar com vocês.
Ação Penal
Conceito
A ação penal é a atuação do poder Judiciário, ou seja, uma exigência ao Estado para que o mesmo exerça o seu ius puniendi para a aplicação de do direito. Compreenda-se, por essa norma, que todos nós temos o direito, quando nos sentirmos lesados e usurpados em nossas prerrogativas e garantias, de levarmos ao Poder Judiciárias essas questões para ‘apreciação’.   
Essa previsão está expressa em nossa Constituição através do princípio da inafastabilidade da jurisdição ou cláusula de acesso à justiça. 
Constituição Federal, art. 5º: XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciária lesão ou ameaça a direito.  
Portanto, em suma, ação penal consiste no direito de provocar o Estado na sua função jurisdicional (Poder Judiciário) para a aplicação do direito penal objetivo em um caso concreto. 
  
Espécies de ação penal  
Ação penal Pública Incondicionada 
Grande maioria dos crimes o titular é o Estado, principalmente devido a proteção ainda maior a determinados bens jurídicos, como por exemplo, a vida. Vejamos o artigo 100 do Código Penal e 129 da Constituição: 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, PRIVATIVAMENTE, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
Nestor Távora abre a conceituação da seguinte maneira: “A ação penal pública incondicionada é aquela titularizada pelo Ministério Público e que prescinde (DISPENSA) de manifestação de vontade da vítima ou de terceiros para ser exercida. A Constituição tem no Ministério Público o órgão acusador oficial do Estado e, na esmagadora maioria das infrações, atuará o promotor incondicionalmente, ex officio, sem a necessidade de autorização ou manifestação de vontade de quem quer que seja.” 
Podemos perceber que a REGRA É A AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA a qualquer tipo de requisito para a sua procedibilidade como veremos nas ações condicionadas. Além disso, é ato privativo (NÃO EXCLUSIVO) de o Ministério Público promover a ação, ou seja, realizar a denúncia de determinado crime. 
  
Princípios / características da APPIncondiconada: 
· Oficialidade ou Oficiosidade - Os órgãos encarregados da persecução penal são oficiais, isto é, públicos.  
· Obrigatoriedade - Existindo elementos probatórios razoáveis (autoria e materialidade) o MP é obrigado a oferecer a denúncia.  
· Indisponibilidade da ação – Oferecida a ação penal o MP não pode desistir e nem sobre ela transigir, nem mesmo renunciar ou desistir de recurso por ele interposto. 
· Indivisibilidade – No caso da ação pública, esta deve ser proposta contra todos os acusados do delito, não podendo escolher contra quais intentar a ação. 
· Princípio da Intranscedência ou personalidade – A ação penal não pode ultrapassar pessoa do autor do delito, isto é, somente poderá ser denunciado àquele que deu causa ao crime.  
    
Ação Penal Pública Condicionada: 
Diferentemente da modalidade anterior, está sujeita a condição específica, ou seja, depende da manifestação de outrem exigida expressamente na norma: representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça. 
Dessa maneira, o inquérito policial, que não vai poder ser instaurado e desenvolvido sem a verificação da ocorrência dessa condição especifica. 
Entende-se por representação, ato pelo qual o ofendido ou representante manifesta a vontade de não se opor ao procedimento. Dessa forma, como veremos no próximo tópico referente as características a APPCondicionada, vigora o princípio da oportunidade e conveniência. 
Já a requisição (pedido/exigência) é ato de natureza política através do qual o Ministro da Justiça autoriza a propositura da ação penal por parte do Ministério Público em determinados delitos previstos na lei de imprensa. Devemos ficar atento no seguinte ponto: A requisição deve ser feita dentro de 6 meses sob pena de decadência do direito, já a requisição pode ser feita a qualquer tempo enquanto não estiver extinta a punibilidade do delito. 
Vejamos a legislação referente: 
Art. 24 CPP - Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, MAS DEPENDERÁ, QUANDO A LEI O EXIGIR, DE REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA, OU DE REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO OU DE QUEM TIVER QUALIDADE PARA REPRESENTÁ-LO. 
Art. 102 CP - A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia. 
Art. 38 CPP - Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime. 
  
Ação Penal Privada subsidiária da Pública: 
Em determinados crimes, como foi visto anteriormente, a titularidade da ação é do Ministério Público. No entanto, em algumas situações, o parquet acaba não atuando na causa por diversos motivos, principalmente por causa de morosidades.  
No entanto, a fim de não deixar o ofendido prejudicado, passados o prazo legal para realizar a denúncia, o mesmo pode entrar com a ação (Subsidiaria) e em caso de desistência ou renúncia, o MP retoma a titularidade da ação. 
Vejamos os artigos referentes: 
Art. 29 CPP - Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
  
Sobre o prazo legal, vejamos a previsão no artigo. 46 CPP “O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado.  DICA: como vimos na aula anterior, a regra para o prazo do IP é de 10 dias preso e 30 dias solto, para a denuncia é só pensar na METADE.
  
Veja-se o art. 5º, LIX da CF e no mesmo sentido, o art. 100, § 3º do Código Penal:
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.  
  
  
Ação Privada Personalíssima: 
A sua titularidade, recai apenas e tão somente sobre a pessoa do ofendido, não se admitindo a sua transferência a representantes ou quaisquer outras pessoas, nem mesmo em se tratando de morte ou declaração de ausência do ofendido, ou seja, se vier a falecer, fica extinta a punibilidade para o ofensor. É necessário esclarecer que em nosso ordenamento prevê raras as situações para esses tipos de delito, salvo me engano apenas 01, o crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento, previsto no art. 236 do CP. 
Ação Privada: 
Quando a ação for de iniciativa privada, a lei expressamentea declarará, fazendo menção expressa ao fato de que se procederá ‘mediante queixa-crime’ e não denuncia (ação pública). 
  
Art. 31 CPP - No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (observe as iniciais, elas formam o famoso CADI). 
Portanto, a regra é a ação penal pública incondicionada, apenas quando a lei expressamente prevê o seu aspecto personalíssimo ou sobre o condicionamento à inércia do Ministério Público que será privada. 
Princípios / características da APPIncondiconada (vamos ver mais à frente o detalhamento de cada um): 
· Oportunidade ou conveniência; 
· Disponibilidade 
· Indivisibilidade 
· Intranscendência 
  
 Condições gerais e específicas:  
A doutrina divide em duas espécies as condições. A primeira delas são as condições genéricas ou gerais, as quais estão previstas no Código de Processo Civil em diversos artigos, vejamos cada um deles:  
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. 
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: [...] 
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; 
  
Portanto, para os adeptos a essas condições, esses requisitos supracitados possuem caráter geral e devem estar presentes em qualquer ação penal. Verificamos a possibilidade jurídica do pedido com a viabilidade de condenação, o que implica tipicidade da conduta. Já o Interesse de agir busca-se levantar os indícios de autoria e prova da existência do crime. Por fim, a legitimidade divide em ativa, a qual o Ministério Público, na ação penal pública; e o ofendido, na ação penal privada postula em juízo e temos a legitimidade passiva a qual deve-se ser um indivíduo maior de 18 anos (maioridade penal). 
  
Já as condições especificas nada mais são do que condições de procedibilidade para determinadas situações previstas em lei para iniciar a ação.  Alguns exemplos de condições são: a representação, exigida para algumas infrações penais, conforme veremos logo abaixo; a requisição do Ministro da Justiça; a entrada do agente no território nacional, dentre outras. 
  
 Elementos da ação penal  
· Subjetivo: PARTES. MP, querelante e acusado ou querelado;
· Objetivo: PEDIDO e CAUSA DE PEDIR. É a utilidade almejada com o seu exercício. No processo penal, há o pedido de condenação somente caso haja a presença dos requisitos a serem analisados no decorrer do feito. Pede-se em verdade, o exercício da jurisdição penal.
Condições da ação penal:
· Possibilidade jurídica do pedido: uma ação sera juridicamente possível quando a pretençao que se veicula por meia da demanda não seja vedada pelo ordenamento.
· Legitimidade ad causam: Em regra, as pessoas só podem ir a juízo, na condição de partes, para postular direitos que alegam ser próprios, e não alheios
· Interesse de agir: como próprio nome induz, é a necessidade de obter através do processo a proteção jurisdicional do Estado.
· Justa causa: lastro probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo penal, dendo a acusação ser portadora de elementos de informação que justifique a admissão da acusação.
  
Princípios / Características da ação penal:  
· OBRIGATORIEDADE: a atuação do Ministério Público nas ações penais públicas, das quais é o titular, é obrigatória. 
· OPORTUNIDADE DA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA: nas ações penais de iniciativa privada a deflagração do processo depende exclusivamente da vontade, conveniência e oportunidade do ofendido ou de seus representantes. 
· PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA:  Pelo princípio da indisponibilidade da ação penal pública, uma vez exercido o direito de ação, não pode dela o Ministério Público dispor, por força da clara e simples previsão do art. 42 do CPP: Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. 
· PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA: ações penais de iniciativa privada, é conferida a faculdade de prosseguir ou não até o final do processo após deflagrada a ação; ou seja, dela pode dispor a qualquer momento.   
· PRINCÍPIO da (IN)DIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA e da Privada: Tema muito discutido na doutrina, porem o que tem prevalecido é que, havendo elementos probatórios suficientes a respeito dos participantes do fato delituoso, deve a ação penal ser proposta contra todos; ou seja, a ação penal pública seria indivisível. 
De mesma maneira, como está previsto no art. 48 CPP, quando houver queixa, deve-se nomear todos os autores, não podendo escolher contra quais iniciar a ação. 
Art. 48 CPP -  A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. 
  
· PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA: No âmbito do Direito Processual Penal, o art. 5º, XLV da CF estabelece o mandamento da responsabilidade pessoal ou pessoalidade da pena: XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. 
  
· PRINCIPIO DA OFICIALIDADE: A ação penal pública apenas pode ser deflagrada por órgão oficial do Estado; e essa incumbência recai sobre o Ministério Público. Trata-se, inclusive, de função institucional do parquet positivada no art. 129, I da CF:  
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei. 
· PRINCÍPIO DA AUTORITARIEDADE: órgãos de persecução penal são caracterizados como autoridades públicas. 
  
· PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE: Em se tratando de crimes de ação penal pública incondicionada, a persecução penal deve desenvolver-se ex officio pelos órgãos dotados dessa incumbência; ou seja, devem esses órgãos agir independentemente de provocação, Esse princípio é mitigado nos casos das ações penais públicas condicionadas. 
 
LEI SECA
Volto a repetir, as questões muitas vezes caem é a lei seca, principalmente quando envolve prazos, por isso, é de EXTREMA NECESSIDADE a leitura pelo menos duas vezes dos artigos abaixo citados.
TÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
Art. 24.  Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o  No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao Cônjuge, Ascendente, Descendente ou Irmão (CADI)           
§ 2o  Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública.           
Art. 25.  A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
Art. 26.  A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial.
Art. 27.  Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectivalei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial.    
(...)
 Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 30.  Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.
Art. 31.  No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CADI).
Art. 32.  Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal.
§ 1o  Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da família.
§ 2o  Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em cuja circunscrição residir o ofendido.
Art. 33.  Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal.
Art. 34.  Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.
Art. 35.    REVOGADO
Art. 36.  Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante do art. 31 (CADI), podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone.
Art. 37.  As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
Art. 38.  Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Parágrafo único.  Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.
Art. 39.  O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com PODERES ESPECIAIS, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
§ 1o  A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2o  A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria.
§ 3o  Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§ 4o  A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito.
§ 5o  O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
Art. 40.  Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia.
Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Art. 42.  O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
Art. 43.    (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 44.  A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
Art. 45.  A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subseqüentes do processo.
Art. 46.  O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
§ 1o  Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação
§  2o  O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo.
Art. 47.  Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los.
Art. 48.  A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
Art. 49.  A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.
Art. 50.  A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.
Parágrafo único.  A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro.
Art. 51.  O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
Art. 52.  Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito.
Art. 53.  Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe nomear.
Art. 54.  Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52.
Art. 55.  O perdão poderá ser aceito por procurador com PODERES ESPECIAIS.
Art. 56.  Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art. 50.
Art. 57.  A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova.
Art. 58.  Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
Parágrafo único.  Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
Art. 59.  A aceitação do perdãofora do processo constará de declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.
Art. 60.  Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á PEREMPTA a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias SEGUIDOS;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 (CADI);
 III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
Art. 61.  Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício.
Parágrafo único.  No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de cinco dias para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença final.
Art. 62.  No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.
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