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Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 30 TÍTULO III - DA AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL: é o direito de exigir do Estado a prestação da tutela jurisdicional em face do agente que praticou ato tipificado como crime ou contravenção penal no ordenamento jurídico. Características da ação penal: Direito subjetivo: inerente a cada indivíduo na sociedade. Autônomo: não se confunde com o direito subjetivo material. Abstrato: independe do autor ter ou não ter razão ao final do processo. Instrumental: a ação é um meio para alcançar um fim que é o acertamento do caso penal, através do processo. Público: se dirige contra o Estado e em face do réu. CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE (OU CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL): são as condições que a lei impõe para o exercício da ação penal. Se faltar alguma condição da ação penal, a inicial acusatória será rejeitada, conforme dispõe o art. 395, II, do CPP. AÇÃO PÚBLICA Regra Peça inaugural: denúncia titularidade do Ministério Público (mesmo se for ação penal privada subsidiária da pública) AÇÃO PRIVADA Exceção (só quando a lei dispor) Peça inaugural: queixa crime titularidade do ofendido ou representante legal PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA PRIVADA OFICIALIDADE - órgão oficial (MP). Princípio da paridade ou igualdades das armas (par condicio) é mitigado pelo princípio da oficialidade. OBRIGATORIEDADE - MP tem o dever de promover a ação penal. INDISPONIBILIDADE - MP não pode desistir da ação penal, nem de recurso interposto. DIVISIBILIDADE - pode “dividir” a denúncia, ou seja, denuncia um, depois denuncia outro. INSTRANSCEDÊNCIA - ação penal deve ser promovida contra o autor do fato. Não pode passar da pessoa do criminoso. OPORTUNIDADE: ofendido não é obrigado a propor a ação penal. DISPONIBILIDADE: ofendido pode desistir de intentar ação penal privada. INDIVISIBILIDADE: se intenta ação contra um, deve intentar a ação contra todos. Não pode dividir. INSTRANSCEDÊNCIA - ação penal deve ser promovida contra o autor do fato. Não pode passar da pessoa do criminoso. Lei dos Juizados Especiais – JECRIM (Lei 9.099/1995) A transação penal mitiga o princípio da obrigatoriedade. A suspensão condicional do processo mitiga o princípio da indisponibilidade. Art. 76 Transação Penal Art. 89 Suspensão Condicional do Processo O princípio da obrigatoriedade é substituído pelo princípio da discricionariedade regrada. O princípio da indisponibilidade da ação penal pública é mitigado. A denúncia ainda não foi oferecida. A denúncia já foi oferecida. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 31 ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA PRIVADA Titularidade é sempre do MP. Titularidade é sempre do ofendido ou de seus representantes. Ação penal pública incondicionada: é a regra. O oferecimento da denúncia independe de qualquer condição específica. Ação penal privada exclusiva, autêntica, principal ou propriamente dita: é aquela que pode ser proposta pelo ofendido, seu representante legal ou os legitimados do art. 31, CPP. Ação penal pública condicionada à representação: depende de representação do ofendido ou do CADI (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão). A titularidade da ação penal continua sendo do MP. Ação penal privada personalíssima: é aquela que somente pode ser intentada pelo ofendido. Ex: art. 236, CP (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento) Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça: A titularidade da ação penal continua sendo do MP. Ação penal privada subsidiária da pública: é aquela intentada pela vítima (ou seu representante legal), quando o MP deixa escoar o prazo para oferecimento da denúncia (arts. 5º, LIX, CF, 100, §3º, CP e 29, CPP). Mas atenção: A titularidade continua sendo do MP. E as regras são as mesmas aplicáveis às ações penais públicas (não se aplica perdão, renúncia, perempção...) Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 32 CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL Para que se possa exigir do Estado a tutela jurisdicional para aplicação da pena é necessário que sejam preenchidos alguns requisitos para o início do processo penal. Veja bem, o processo penal é o meio utilizado para que o Estado aplique uma sanção penal, ou seja, o titular do jus puniendi (poder de punir) sempre vai ser o Estado, mesmo na ação penal privada. Cuidado, novamente, com a titularidade da ação penal. Na ação penal pública a titularidade é do MP. Na ação penal privada a titularidade é do ofendido, mas o titular do jus puniendi é o Estado, a vítima vai pleitear o interesse do Estado em punir aquele que comete a infração penal. E, de novo, cuidado. Trate da ação penal privada subsidiária da pública como se fosse ação penal pública, a única coisa que muda é o legitimado para ingressar com a ação, a titularidade continua sendo do Estado, mediante o MP. Além do mais, na ação penal privada subsidiária da pública não se aplica os institutos da ação privada, como, renúncia, perdão do ofendido e perempção. C O N D IÇ Õ E S G E N É R IC A S D A A Ç Ã O ( P IL ) Possibilidade jurídica do pedido: a aplicação da sanção penal deve existir, ao menos, em abstrato. Ou seja, o pedido da ação penal deve ser admitido pelo direito objetivo. Se o fato não constitui crime, por exemplo, a denúncia deve ser rejeitada (art. 395, II). Atenção: se o fato é atípico não há possibilidade jurídica do pedido. No entanto, se presentes excludentes de ilicitude ou culpabilidade, ainda assim, estará preenchido este requisito. Interesse de agir: Efetividade do processo sendo necessário atender o trinômio necessidade, utilidade e adequação. Alguns autores colocam a justa causa como parte do interesse de agir. Outros colocam como outra espécie de condição genérica da ação penal. Necessidade: referente à ação penal. É necessário o processo penal para aplicação de sanção penal. Não se admite a autocomposição. Se já extinta a punibilidade, por exemplo, não há necessidade de ação penal. Utilidade: referente à sanção penal e a satisfação do interesse do autor da ação penal. Eficácia da atividade jurisdicional para o fim a que se presta. Adequação: escolha da via processual eleita (ação penal pública ou privada) e no pedido de aplicação de sanção penal. Justa causa: lastro probatório mínimo, indicando a autoria e a materialidade da infração penal. Legitimidade para agir (legitimidade ad causam): pertinência subjetiva da ação. Legitimidade para estar no processo no polo ativo e passivo. NA AÇÃO PENAL PÚBLICA NA AÇÃO PENA PRIVADA Polo ativo: Ministério público Polo passivo: provável autor do fato Polo ativo: ofendido (substitui o Estado) Polo passivo: provável autor do fato O titular do jus puniendi é sempre o Estado. Por isso na ação penal privada o ofendido age em substituição processual (legitimidade extraordinária). Não confunda com sucessão processual. Legitimidade ordinária: alguém postula em nome próprio, a defesa de interesse próprio. MP na ação penal pública. Legitimidade extraordinária (substituição processual): alguém postula em nome próprio a defesa de interesse alheio. Ofendido na ação pena privada. Legitimidade ativa concorrente: mais de uma parte tem legitimidade para ingressar com ação penal. Exemplos: sucessão processual do CADI (art. 31); ação penal privada subsidiária da pública; crime contra a honra de funcionário público em razão do exercício de suas funções. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 33 Condições específicas da ação penal (condiçõesde procedibilidade) São condições para o INÍCIO da ação penal. Representação do ofendido Requisição do Ministro da Justiça Ingresso no território nacional do indivíduo que praticou crime no exterior (art. 7.º, § 2.º, “a”, do CP) Condições de prosseguibilidade da ação penal São condições para a CONTINUAÇÃO da ação penal, uma vez que já iniciada. Exemplo: A lei dos juizados (lei 9.099/95) passou a exigir a representação nos crimes de lesão corporal leve e culposa, ou seja, a ação penal já havia iniciado, ai surgiu uma lei que exigiu que a vítima fizesse a representação para que a ação penal continuasse. A Lei Anticrime tornou o estelionato a ser processado por ação penal pública condicionada à representação, portanto, os processos em curso, deverão ter representação da vítima, sendo essa, condição de prosseguibilidade da ação penal. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 34 Art. 24. Nos CRIMES DE AÇÃO PÚBLICA, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de REQUISIÇÃO do Ministro da Justiça, ou de REPRESENTAÇÃO do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente OU irmão. § 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a AÇÃO PENAL SERÁ PÚBLICA. Art. 25. A representação será IRRETRATÁVEL, depois de OFERECIDA a denúncia. RETRATAÇÃO - CPP RETRATAÇÃO - LEI MARIA DA PENHA A representação será irretratável depois de OFERECIDA a denúncia A representação será irretratável depois de RECEBIDA a denúncia Art. 26. A AÇÃO PENAL, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial. Trata-se do procedimento judicialiforme, que permite o início da ação penal, nas contravenções penais, por meio de portaria da autoridade policial. No entanto, com o advento da CF/88, a titularidade exclusiva da ação penal é do MP (art. 129, I, CF), não se permitindo mais o início da ação penal por meio de portaria. Portanto, tal artigo não foi recepcionado (revogado) pela CF/88. Atenção, toda contravenção penal é processada por meio de AÇÃO PENAL PÙBLICA. Art. 27. Qualquer pessoa do povo PODERÁ provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. CADI Será irretratável depois de oferecida, não é recebida. Vogal com vogal (Irretratável - Oferecida) Não é o inquérito. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 35 Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, REQUERER o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação. o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao PROCURADOR-GERAL, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá o pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Súmula 696 – STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador- Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal. INFO 558 – STJ: Se membro do Ministério Público Federal (MPF), atuando no Superior Tribunal de Justiça (STJ), requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação que tramitem originariamente perante esse Tribunal Superior, este, mesmo considerando improcedentes as razões invocadas, deverá determinar o arquivamento solicitado, sem a possibilidade de remessa para o Procurador-Geral da República, não se aplicando o art. 28 do CPP, visto que os membros do MPF atuam por delegação do Procurador-Geral da República na instância especial. Assim, em decorrência do sistema acusatório, nos casos em que o titular da ação penal se manifesta pelo arquivamento de inquérito policial ou de peças de informação, não há alternativa, senão acolher o pedido e determinar o arquivamento. Ministério Público MP oferece a denúncia MP requer arquivamento Juiz recebe a denúncia Juiz concorda com o arquivamento Arquiva o IP ou peça de informação Juiz não concorda com o arquivamento Juiz remete ao PGJ PGJ oferece a denúncia PGJ designa outro membro do MP PGJ insiste no arquivamento (nesse caso o juiz é obrigado a arquivar) Arquivamento de IP só por decisão judicial. MP e autoridade policial não podem arquivar IP. Se o “titular” da ação penal for o próprio PGR ou PGJ, e estes requererem o arquivamento, não terá aplicação o art. 28 do CPP, devendo o juiz acatar o arquivamento. O art. 28 foi revogado pela Lei Anticrime. Mas, devido sua importância para efeitos de comparação, vou deixar aqui. ART. 28 REVOGADO Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 36 ANTES DA LEI ANTICRIME DEPOIS DA LEI ANTICRIME Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. Ministério Público requeria o arquivamento ao juiz, que homologava ou não. Arquivamento realizado na justiça MP ordena o arquivamento e remete os autos à instância de revisão ministerial para fins de homologação. Arquivamento realizado no âmbito do Ministério Público. Art. 28. ORDENADO O ARQUIVAMENTO do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. § 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. Ministério Público MP oferece a denúncia MP requer arquivamento Juiz das Garantias tem competência até o recebimento da denúncia. Vítima concorda com o arquivamento Envia para instância de revisão do MP homologar. Vítima não concorda com o arquivamento Poderá, no prazo de 30 dias do recebimento da comunicação, enviar a instância de revisãoministerial para alterar a decisão de: arquivamento ou de não proposição da acordo de persecução penal Com o recebimento da denúncia, cessa a competência do juiz das garantias e juiz da instrução e julgamento assume. Juiz não participa mais da decisão de arquivamento. Atenção: o juiz das garantias poderá determinar o trancamento do inquérito policial (art. 3º - B, III). MP não propõe acordo de não persecução penal Investigado não concorda com a não proposição da acordo de persecução penal Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 37 O acordo de não persecução penal é um instituto despenalizador (ou seja, evita a imposição da pena privativa de liberdade). Persecução penal é o procedimento criminal que engloba as fases de investigação criminal (inquérito policial) e processo penal (ação penal). Portanto, o acordo de não persecução penal tem a intenção de mitigar o princípio da obrigatoriedade da ação penal, fazendo com que o Ministério Público não ofereça a denúncia. O acordo de não persecução penal é uma faculdade do MP, não uma obrigação. Eventual jurisprudência pode interpretar o dispositivo como direito subjetivo, no entanto, a lei diz PODERÁ. Requisitos para celebração do acordo de não persecução penal: Não pode ser o caso de arquivamento; Não pode ser o caso das situações do art. 28-A, § 2º; Confissão formal e circunstancial; A infração penal (crime ou contravenção) não pode envolver violência ou grave ameaça (a lei é silente se a violência ou grave ameaça é contra pessoa ou coisa); A infração penal deve ter pena mínima inferior a 4 anos (serão consideradas as causas de aumento e diminuição); O instituto despenalizador deve ser necessário e suficiente para REPROVAÇÃO e PREVENÇÃO do crime; Condições (cumulativas e alternativas). Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: I - REPARAR o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; II - RENUNCIAR voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; III - PRESTAR serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940; IV - PAGAR prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou V - CUMPRIR, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 38 § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. § 2º O disposto no caput deste artigo NÃO SE APLICA nas seguintes hipóteses: I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; III - ter sido o agente beneficiado nos 5 anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. § 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. § 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade. § 5º SE O JUIZ CONSIDERAR inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor. § 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal. Não se aplica o acordo de não persecução penal: Transação penal Reincidente (exceto se insignificante). Conduta criminal habitual, reiterada ou profissional (exceto se insignificante) Beneficiado nos 5 anos anteriores (acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo) Crimes com violência doméstica ou familiar Crimes contra a mulher por razões da condição do sexo feminino. Juiz não atua na celebração do acordo de não persecução penal. Apenas homologa e analisa a voluntariedade e a legalidade. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 39 § 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. Hipóteses de recusa de homologação pelo juiz Proposta de acordo de não persecução penal que não atende aos requisitos legais. Proposta de acordo de não persecução penal com condições inadequadas, insuficientes ou abusivas (mas investia=gado e defensor devem concordar). § 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia. § 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descumprimento. § 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia. § 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo. § 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo. § 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de punibilidade. § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código Juiz recusa homologação Devolve os autos ao MP MP complementa as investigações para depois oferecera denúncia. MP oferece a denúncia. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 40 Art. 29. Será admitida AÇÃO PRIVADA NOS CRIMES DE AÇÃO PÚBLICA, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao MP ADITAR a QUEIXA, REPUDIÁ-LA e OFERECER denúncia substitutiva, INTERVIR em todos os termos do processo, FORNECER elementos de prova, INTERPOR recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, RETOMAR a ação como parte principal. O art. 29 trata da ação penal privada subsidiária da pública. Trata-se de direito fundamental, previsto no art. 5º, inc. LIX da CF: será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. Atenção: a titularidade dessa ação penal continua sendo do MP. Atenção: se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, tanto o MP, quanto o ofendido ou seu representante legal, poderão oferecer a denúncia (legitimidade concorrente). Atenção: Não intentada a ação penal no prazo legal, caberá ação privada no prazo de 6 meses após o prazo do MP ter se esgotado. Após esse prazo a legitimidade volta exclusivamente para o MP, por isso a doutrina considera esse prazo como decadência imprópria, já que não há decadência do direito, portanto, não há extinção da punibilidade. Art. 30. Ao OFENDIDO ou a quem tenha qualidade para representá-lo CABERÁ intentar a AÇÃO PRIVADA. A iniciativa depende exclusivamente do ofendido, já que vige o princípio da oportunidade nesse tipo de ação penal. O ofendido avaliará a conveniência e oportunidade. São espécies de ação penal privada: EXCLUSIVA, autêntica, principal ou propriamente dita: é aquela que somente pode ser proposta pelo ofendido, seu representante legal ou os legitimados do art. 31, CPP. PERSONALÍSSIMA: é aquela que só pode ser intentada pelo ofendido. Ex: art. 236, CP (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento) SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA: é aquela intentada pela vítima (ou seu representante legal), quando o MP deixa escoar o prazo para oferecimento da denúncia (arts. 5º, LIX, CF, 100, ,§3º, CP e 29, CPP) Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao, CÔNJUGE, ASCENDENTE, DESCENDENTE OU IRMÃO. (CADI) Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal. § 1o Considerar-se-á POBRE a pessoa que não puder prover às despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da família. § 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em cuja circunscrição residir o ofendido. Em regra, o prazo para oferecimento da denúncia será de 5 dias, estando o réu preso e 15 dias, estando o réu solto Sucessão processual Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 41 Art. 33. Se o OFENDIDO for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, OU colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por CURADOR ESPECIAL, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo JUIZ competente para o processo penal. Art. 34. Se o OFENDIDO for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal. Art. 35. (Revogado pela Lei 9.520, de 1997). Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, TERÁ PREFERÊNCIA O CÔNJUGE, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone. Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas PODERÃO EXERCER A AÇÃO PENAL, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, DECAIRÁ no direito de queixa ou de representação, se não o exercer DENTRO DO PRAZO DE 6 MESES , CONTADO do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. DECADÊNCIA PRÓPRIA Ocorre quando o agente não exerce o direito de queixa dentro do prazo de 6 meses, contado do dia em que o ofendido souber quem é o autor da infração penal. DECADÊNCIA IMPRÓPRIA Ocorre quando o agente, após esgotar o prazo do MP para oferecer a denúncia, não propõe a ação penal privada subsidiária da pública. Nesse caso, o lapso temporal de 6 meses conta-se a partir do dia que acaba o prazo para o MP oferecer a denúncia. Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31. CADI 1º - Cônjuge 2º - Ascendente 3º - Descendente 4º - Irmão Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 42 Art. 39. O DIREITO DE REPRESENTAÇÃO poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. A representação dispensa formalidades, “bastando que haja a manifestação de vontade da vítima ou de seu representante legal, demonstrando a intenção de ver o autor do fato delituoso processado criminalmente” (STJ) e doutrina majoritária. A simples elaboração do boletim de ocorrência já é o suficiente para caracterizar a representação. Não precisa de advogado. § 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. § 2o A representação conterá TODAS AS INFORMAÇÕES que possam servir à APURAÇÃO DO FATO e da AUTORIA. § 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a AUTORIDADE POLICIAL procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for. § 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à AUTORIDADE POLICIAL para que esta proceda a inquérito. § 5o O órgão do Ministério Público DISPENSARÁ O INQUÉRITO, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 dias. Extrai-se desse parágrafo uma das características do inquérito policial, que é a dispensabilidade, visto que se existirem elementos de informação suficientes para o exercício da ação penal, o IP não se faz necessário. Atenção: IP é DISPENSÁVEL. O objetivo do IP é subsidiar a ação penal com elementos suficientes para embasar a ação penal. Se o MP já possuir esses elementos (mediante a própria representação, por exemplo), o IP será dispensável. É difícil ocorrer na prática, mas para fins de prova é importante. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 43 Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, OS JUÍZES ou TRIBUNAIS verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao MINISTÉRIO PÚBLICO as cópias e os documentos necessários ao OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. Art. 41.A DENÚNCIA ou QUEIXA conterá a exposição do FATO CRIMINOSO, com todas as suas circunstâncias, a QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a CLASSIFICAÇÃO DO CRIME e, quando necessário, o rol das testemunhas. Art. 42. O Ministério Público NÃO poderá desistir da ação penal. O art. 42 submete-nos ao princípio da indisponibilidade da ação penal pública, visto que o MP não age em nome próprio, mas sim como representante do Estado (jus persequendi). EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE Suspensão condicional do processo (JECRIM) Transação penal (JECRIM) Art. 43. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). Art. 44. A QUEIXA poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. Para que seja protocolizada queixa-crime é necessária capacidade postulatória. A procuração outorgada pelo querelante ao seu advogado para o ajuizamento de queixa-crime é uma procuração com poderes especiais. Na procuração, deve constar o “nome do querelado” e a “menção ao fato criminoso”, mas cuidado, a letra da lei fala QUERELANTE. Para o STJ, “menção ao fato criminoso” significa que, na procuração, basta que seja mencionado o tipo penal ou o nome iuris do crime, não precisando identificar a conduta. Para o STF, “menção ao fato criminoso” significa que, na procuração, deve ser individualizado o evento delituoso, não bastando que apenas se mencione o nomen iuris do crime. Caso haja algum vício na procuração para a queixa-crime, o STF e STJ entendem que o vício deve ser corrigido antes do fim do prazo decadencial de 6 meses, sob pena de decadência e extinção da punibilidade. (Fonte: Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito) Não é para autoridade policial. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 44 Art. 45. A QUEIXA, ainda quando a AÇÃO PENAL FOR PRIVATIVA DO OFENDIDO, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo. Art. 46. O prazo para OFERECIMENTO DA DENÚNCIA, estando o réu PRESO será de 5 DIAS, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 DIAS, se o réu estiver SOLTO ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. OFERECIMENTO DA DENÚNCIA Preso 5 dias Contado: dia em que o MP receber o IP, ou se dispensá-lo, do dia em que receber as peças de informação ou a representação Solto 15 dias Contado: dia em que o MP receber o IP (regra) Contado: se MP dispensar o IP, do dia em que receber as peças de informação ou a representação Se o MP devolver o IP, conta do dia em que o MP receber novamente o IP. § 1o Quando o Ministério Público DISPENSAR o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação § 2o O prazo para o ADITAMENTO DA QUEIXA será de 3 DIAS, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, ENTENDER-SE-Á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. ATENÇÃO Mesmo sendo ação penal privada, o MP pode aditar e intervir. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 45 PRAZO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA REGRA GERAL PRESO 5 DIAS SOLTO 15 DIAS REGRAS ESPECIAIS 10 dias - Crime eleitoral (art. 357, Código Eleitoral) 10 dias - Crimes de imprensa (art. 40, §1º, Lei nº 5.250/67) 10 dias - Lei de drogas (art. 54, III, Lei nº 11.434/06) 2 dias - Crimes contra a economia popular (art. 10, §2º, Lei nº 1.579/52) 48 horas - Lei de abuso de autoridade (art. 13, Lei 4.898/65) Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los. Art. 48. A QUEIXA contra qualquer dos autores do crime OBRIGARÁ ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua INDIVISIBILIDADE. Trata-se da aplicação do princípio da indivisibilidade, já que se houver renúncia a um dos querelados, a todos se estenderá. Nesse sentido, incide a renúncia se o querelante, em crime contra a honra praticado em e-mail, protocola queixa contra apenas um dos querelados, mesmo sendo identificados os demais (STJ, RHC 26.752-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 18/2/2010) Lembrando que Ação penal privada indivisibilidade / disponibilidade Ação penal pública divisibilidade / indisponibilidade Justamente pelo fato da indivisibilidade da ação penal privada, se o querelante RENUNCIA o direito de queixa, essa renúncia se estende a todos os querelados. Art. 49. A RENÚNCIA ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Art. 50. A RENÚNCIA EXPRESSA constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Parágrafo único. A RENÚNCIA do representante legal do menor que houver completado 18 anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 46 Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. PERDÃO DA VÍTIMA RENÚNCIA Extingue a punibilidade nas ações exclusivamente privada e privada personalíssima; Está vinculado ao princípio da disponibilidade; Ato bilateral: depende de aceitação; É processual; Pode ser tácito ou expresso. O perdão concedido a um dos corréus estender-se-á aos demais, desde que haja aceitação. Extingue a punibilidade nas ações exclusivamente privada e privada personalíssima; Está vinculado ao princípio da oportunidade; Ato unilateral: independe de aceitação; É pré-processual; Pode ser tácito ou expresso. A renúncia concedida a um dos corréus estende-se aos demais. Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito. Artigo revogado tacitamente com a entrada em vigor do Código Civil em 2002 Art. 53. Se o QUERELADO for mentalmente enfermo ou retardado mental e NÃO TIVER representante legal, ou COLIDIREM OS INTERESSES deste com os do querelado, a aceitação do perdão CABERÁ AO CURADOR que o juiz Ihe nomear. Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52. Art. 55. O PERDÃO poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. Não necessita ser o advogado constituído pelo querelado, bastando que seja pessoa nomeada procuradora pelo querelante, com poderes especiais para aceitar o perdão Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art. 50. Art. 57. A RENÚNCIA TÁCITA e o PERDÃO TÁCITO admitirão todos os meios de prova. Art. 58. CONCEDIDO O PERDÃO, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de 3 DIAS, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que O SEU SILÊNCIO IMPORTARÁ ACEITAÇÃO. Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 47 Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante QUEIXA, considerar-se-á PEREMPTA a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante DEIXAR de promover o andamento do processo durante 30 DIAS SEGUIDOS; II – quando falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, NÃO COMPARECER EM JUÍZO, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 DIAS, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; (CADI) III - quando o querelante DEIXAR DE COMPARECER, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou DEIXAR DE FORMULAR o pedido de condenação nas alegações finais; IV – quando, sendo o QUERELANTE PESSOA JURÍDICA, esta se extinguir sem deixar sucessor. CUIDADO: Perempção é só na ação penal privada. Não se aplica na pública, nem na ação penal privada subsidiária da pública. A perempção, conforme leciona Guilherme Nucci, “funciona como autêntica penalidade imposta ao negligente querelante, incapaz de conduzir corretamente a ação penal, da qual é titular”. Art. 61. Em QUALQUER FASE DO PROCESSO, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício. Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, OUVIRÁ a parte contrária e, SE O JULGAR CONVENIENTE, concederá o prazo de 5 DIAS para a prova, proferindo a decisão dentro de 5 DIAS ou reservando-se para apreciar a matéria na sentença final. Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade. A decisão que, com base em certidão de óbito falsa, julga extinta a punibilidade do réu pode ser revogada, dado que não gera coisa julgada em sentido estrito. CPP adota, como regra geral, o sistema da persuasão racional, ou sistema do livre convencimento baseado em provas, na forma do art. 155 do CPP. Todavia, em alguns casos, o CPP se remete ao sistema da prova tarifada, quando, por exemplo, exige a certidão de óbito para a prova da morte com vistas à extinção da punibilidade (art. 62 do CPP). O mesmo se dá com relação à prova do estado civil das pessoas, que exige o cumprimento das restrições impostas pela lei civil, na forma do art. 155, § único do CPP. Cuidado com essa hipótese, normalmente, é esquecida. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 48 JURISPRUDÊNCIA / ANOTAÇÕES - AÇÃO PENAL Súmula 594 - STF: Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal. Súmula 714 - STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. Súmula 234 - STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. Súmula 542 - STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. LESÃO CORPORAL - PROCESSAMENTO Grave ou gravíssima Ação penal pública, sempre Leve ou culposa Ação penal pública condicionada à representação (art. 88 da lei 9.099/95) Leve ou culposa resultante de violência doméstica contra a mulher Ação penal pública (súmula 542 - STJ) JURISPRUDÊNCIA EM TESES / STJ 1) É desnecessária a remessa de cópias dos autos ao Órgão Ministerial prevista no art. 40 do CPP, que, atuando como custos legis, já tenha acesso aos autos. 2) É possível a deflagração de investigação criminal com base em matéria jornalística. 3) O tipo penal previsto pelo art. 2º, §1º, da Lei n. 12.850/2013 define conduta delituosa que abrange o inquérito policial e a ação penal. 4) Não se admite a pronúncia de acusado fundada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase inquisitorial. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 49 LEI ANTICRIME – CRIME DE ESTELIONATO Art. 171. § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. Pela disposição do § 5º no final do tipo penal, contata-se que todos os crimes de estelionato (caput e parágrafos) serão processados por ação penal pública condicionada a representação, exceto nos casos elencados no § 5º. Trata-se de um exemplo de condição de prosseguibilidade, uma condição necessária para o prosseguimento do processo, ou seja, o processo já está em andamento e a condição deve ser implementada para que o processo siga seu curso normal. Outro exemplo de condição de prosseguibilidade é a lei dos juizados (lei 9.099/95) que passou a exigir a representação nos crimes de lesão corporal leve e culposa. Atenção: a representação é condição de procedibilidade da ação penal. Ou seja, os crimes de estelionato cometido após vigência da Lei Anticrime terão a representação como condição de procedibilidade da ação penal. Para os processos em curso, desde que não se enquadre nas hipóteses do § 5º, a exigência de representação é norma mais favorável ao réu, portanto, retroagirá para alcançar os crimes cometidos antes da sua vigência e será condição de prosseguibilidade da ação penal. Crimes de estelionato cometidos antes da Lei Anticrime Crimes de estelionato cometidos depois da Lei Anticrime Serão processados por ação penal pública condicionada à representação, como regra. A representação será condição de prosseguibilidade. Serão processados por ação penal pública condicionada à representação, como regra. A representação será condição de procedibilidade.. Serão processados por ação penal pública incondicionada se a vítima for: Administração Pública, direta ou indireta; Criança ou adolescente; Deficiente mental (não é qualquer deficiente); Maior de 70 (setenta) anos; Incapaz. Serão processados por ação penal pública incondicionada se a vítima for: Administração Pública, direta ou indireta; Criança ou adolescente; Deficiente mental (não é qualquer deficiente); Maior de 70 (setenta) anos; Incapaz.
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