Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
“ A jornad�!” 2) Compreender a trajetória histórica para a criação do S.U.S e Identificar a importância dos movimentos sociais ➢ A gênese da categoria movimento social deu-se em 1840. ➢ Identificava o início do movimento dos trabalhadores da Europa e desenvolveu-se no debate do marxismo para representar a organização racional da classe trabalhadora nos sindicatos e partidos que tinham interesse em buscar a transformação socioeconômica das relações capitalistas de produção. ➢ Os novos movimentos sociais rejeitavam as expressões teóricas do liberalismo e do próprio marxismo e trouxeram alguns eixos de debate sobre manifestações da contracultura, sobre as sequelas consequentes do capitalismo avançado, como, também, a crítica ao consumismo e ao individualismo. Tais movimentos eliminam a centralidade de um sujeito específico e os atores sociais são, agora, os participantes de ações coletivas. ➢ A política de saúde no Brasil nasce atrelada à política da previdência social, vinculada à Caixa de Aposentadoria e Pensões (CAPs). ➢ Na era Vargas (1930-1945), o governo criou o Ministério do Trabalho e elaborou uma vasta legislação trabalhista que enquadrasse a questão social vivenciada no período. Criou, então, os Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) organizados por categorias profissionais, garantindo a saúde aos trabalhadores inseridos no mercado formal de trabalho: “Os direitos sociais aparecem aqui de forma particularista, obtidos através da categoria profissional, e da ocupação exercida no âmbito do mercado, sendo a carteira de trabalho o certificado legal da cidadania”. Os IAPs, que dispunham de recursos financeiros, construíram seus próprios hospitais e introduziam, assim, os primeiros serviços privados contratados por empresas. Caracterizava-se um investimento médico hospitalar em detrimento da atenção básica e, com isso, a consciência dessa questão torna-se visível no período, marcando um impasse na política de saúde. O governo militar, no período de 1964-1980, realiza a fusão dos IAPs com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Esse fato aumentou o poder de regulação do Estado sobre a sociedade. O INPS possibilitou o desenvolvimento do complexo médico-industrial na política de saúde: “A política de saúde no período de 1964 a 1974 desenvolve-se com base no privilegiamento do setor privado, articulada às tendências da política econômica implantada. Suas principais características foram: a extensão da cobertura previdenciária, a ênfase na prática médico-curativa orientada para burocratização do setor, a criação do complexo médico-industrial e a diferenciação do atendimento a clientela” ➢ Destaca-se como um dos grandes movimentos sociais da época o da anistia, que buscou fortalecer outras correntes políticas como o movimento feminino de anistia, o próprio movimento da Igreja Católica, organizador das Comunidades Eclesiais de Base , o movimento estudantil, que se organizava desde 1975, e ainda possibilitou a realização de uma série de passeatas e protestos contra algumas regras do Estado. Esse cenário de luta e os demais acontecimentos obrigaram o Estado a propor mudanças na política de saúde brasileira como forma de enquadrar a questão social e canalizar as pressões populares. Modificações estas que não deixaram de privilegiar o setor privado e os interesses empresariais. ➢ Temos, em 1974, a criação do Ministério da Previdência e Assistência Social, do Conselho de Desenvolvimento Social e do Fundo de Apoio Social ao Desenvolvimento. Outras medidas foram tomadas pós-1974, como a criação do Sistema Nacional de Saúde, em 1975. Nesse mesmo período, as Conferências Nacionais de Saúde (CNS) concentravam-se como amplo espaço de debate. Ocorreram, assim, a V CNS, em 1975 e a VI CNS, em 1977, que asseguravam em suas propostas, a participação da comunidade na formulação, fiscalização e implementação da política de saúde. Cabe salientar que as mudanças realizadas na Política Nacional de Saúde no período de 1974 a 1979 não dispunham da participação da classe trabalhadora. Somente a partir de 1979, ocorre a incorporação de alguns sanitaristas que buscavam fortalecer o setor público de saúde. ➢ o primeiro evento importante na Saúde: a VII Conferência Nacional de Saúde, em 1980, tendo como eixo central “a extensão das ações de saúde através dos serviços básicos”, que buscava implementar um Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde e apresentava como pressupostos básicos a extensão da cobertura, a integração dos serviços existentes dos diversos níveis de complexidade e a regionalização do atendimento por área definida, assim como, a participação da comunidade. 3) Descrever os princípios e diretrizes que sustentam o S.U.S. Universalidade: · Todo cidadão brasileiro tem direito a usar os serviços do SUS, sendo o Estado o provedor e o que garante o acesso dos serviços e ações necessários para a manutenção da saúde da população brasileira, de forma igualitária, sem discriminações de quaisquer origens. · Os estrangeiros residentes no país também têm direito ao atendimento de saúde pelo SUS. Segundo a Constituição de 1988, em seu artigo 5o, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]”. Sendo assim, os serviços e equipes de saúde não podem se negar a atender estrangeiros, estejam eles legal ou ilegal- mente em nosso país. · Exemplo: serviços as unidades básicas de saúde (UBS), ambulatórios, hospitais, serviços de pré-atendimento hospitalar, entre outros, e ações a imunização e a vigilância em saúde, com os programas de controle de diversas doenças e agravos, como tuberculose, hanseníase, tabagismo, entre outros, bem como o controle da produção de bens de consumo. · O SUS está se reestruturando de forma a ampliar o acesso da população aos serviços de saúde, que deve ter como principal porta de entrada os serviços de Atenção Básica (AB), representados pelas UBS. Espera-se que as UBS tenham uma resolutividade (capacidade de resolver os problemas de saúde atendidos) de cerca de 85%. · Para melhorar essa situação, a Política Nacional de Atenção Básica foi promulgada em 2011, e tem entre seus objetivos a ampliação e qualificação do acesso, condições para garantir a universalidade. Integralidade: Tanto no texto constitucional quanto na lei no 8.080, fica claro que as ações e os serviços de saúde devem ser articulados entre o setor de saúde e os outros setores da sociedade, além de acontecerem com foco primordial na prevenção de doenças e promoção da saúde, sem prejuízo das ações de recuperação da saúde e reabilitação. A Tabela 2.1 mostra as principais diferenças entre esses conceitos, necessários para que se compreenda a integralidade do ponto de vista da organização dos serviços. Esse é um dos entendimentos do conceito de integralidade: organizar os serviços e ações de modo a oferecer cuidados que abranjam essas quatro faces da assistência à saúde, fazendo que elas se complementem, atendendo todas as necessidades de saúde da população. Outro “olhar” possível sobre o conceito é a percepção que os serviços e trabalhadores da rede devem ter sobre os indivíduos e comunidades que estão sob seus cuidados: as pessoas e as comunidades são complexas, não podendo ser reduzidas apenas aos seus aspectos biológicos, isto é, não basta cuidar da doença, é preciso cuidar da pessoa! Cuidar de forma integral, acolher as demandas dos usuários é postura imprescindível dos profissionais, tendo o gerente a responsabilidade de organizar o serviço de forma a garantir espaços adequados onde seja possível realizar uma escuta qualificada, atenciosa e resolutiva dos problemas trazidos pelos usuários, os quais, muitas vezes, não estão diretamente ligados à saúde, mas a influenciam fortemente. Equidade: Esse termo significa que fazerjustiça, mais que tratar as pessoas igualmente, é agir de forma justa, reduzindo as desigualdades sociais de nossa sociedade. Com os graves problemas sociais em nosso país, muitas pessoas não têm acesso aos bens básicos para garantir uma vida saudável, como educação. Isso dificulta o acesso às informações e o desenvolvimento de ações necessárias para a manutenção de sua saúde, deixando-as em posição de maior vulnerabilidade. Essas diferenças determinam também a necessidade de ações voltadas para grupos minoritários e que apresentam condições de saúde desfavoráveis, resultados da história de vida e história social desses grupos: idosos, indígenas, quilombolas, população de rua, imigrantes/migrantes, entre outros. Os serviços devem ser ofertados de acordo com a necessidade de cada cidadão/população, com justiça social. Se serviços e ações de saúde fossem oferecidos como “pacotes fechados”, isto é, com serviços e programas iguais, para todas as regiões do país, provavelmente alguém receberia o que não precisa, enquanto outros não receberiam o necessário, por isso é importante conhecer a população e suas necessidades para realizar o planejamento de ações, visando agir com equidade. PARTICIPAÇÃO POPULAR e o controle social em saúde A participação popular no SUS está prevista na lei no 8.142/1990, que prevê o controle social e atrela o repasse de verbas a esse controle. Mas o que é participação e controle social? O SUS foi resultado de um processo democrático, com forte participação dos movimentos populares. Sendo assim, a participação popular é um dos seus princípios, garantido por lei. A lei no 8.142 determina que a participação popular deve acontecer em fóruns específicos, que são as conferências e os conselhos de saúde. Estes, por sua vez, possuem caráter deliberativo (isto é, poder de decisão) e devem ser compostos de forma paritária (igualitária) por usuários do SUS, trabalhadores do SUS e gestores/gerentes – todos chamados de conselheiros de saúde. Sem essa estrutura mínima, a União (governo federal) não realiza os repasses financeiros para os estados e municípios. Essa regra criada pela lei não impossibilita as comunidades de se organizarem de outras formas, e temos como exemplo as comunidades virtuais, que se organizam pela internet e promovem discussões e atos públicos voltados para a resolução de problemas em nosso país. Essa participação não é isenta de conflitos. Precisamos considerar que as necessidades da população nem sempre estão em acordo com as respostas dadas pelo Estado (em termos de oferta e estruturação dos serviços), com a percepção dos profissionais ou com os interesses privados, que tentam influenciar a população contra o SUS em muitos momentos (basta lermos e assistirmos aos noticiários, nos quais somente as dificuldades e falhas do sistema são apresentadas). A negociação é a estratégia de escolha para se atuar politicamente, possibilitando que todos os envolvidos expressem seus anseios, necessidades e desejos em relação ao SUS Para entendermos melhor tudo isso, é preciso entender sobre as conferências e os conselhos de saúde. ● · O papel primordial dos conselhos de saúde e dos conselheiros é participar da formulação de políticas de saúde e acompanhar sua execução, em todos os níveis. Muitas vezes, esse papel é confundido, e os conselheiros acreditam que seu papel seja administrar o serviço de saúde, indicando profissionais, alterando processos técnicos, demitindo funcionários. O gerente deve esclarecer qual é o papel dos conselheiros e como eles podem atuar de forma condizente com sua função. ● ·Já as conferências de saúde são fóruns periódicos, que acontecem a cada quatro anos, promo- vidos nos níveis municipal, estadual e federal, com representação de vários segmentos sociais. ● · As conferências são organizadas de forma a garantir que os grupos debatam temas de interesse coletivo, expondo suas ideias em plenárias, as quais serão, posteriormente, apresentadas em forma de relató- rios e votadas pelos participantes. ● Elas tiveram início em 1937. Até 2014, já aconteceram 14 conferências nacionais. A última, em 2011, apresentou o tema: “Todos usam o SUS! Essas discussões podem resultar na proposição de diretrizes, na avaliação da situação da saúde, no acompanhamento da execução de diretrizes aprovadas em conferências anteriores e na definição das prioridades de ação. As conferências são espaços para que a população possa exercer sua cidadania de forma plena. Participar das discussões e da vida política de nossas comunidades é primordial, não podemos esquecer que foi uma conferência, a VIII, em 1986, com forte participação dos cidadãos, que mudou a cara da saúde no Brasil e possibilitou a criação do SUS. Hierarquização: É uma diretriz organizadora do SUS, que parte da classificação dos serviços, considerando a complexidade tecnológica de cada um deles. Eles são categorizados de acordo com o tipo de cuidado prestado e com as tecnologias utilizadas. Foram determinados três níveis de atenção à saúde: ● Básico (primário) : a ATENÇÃO BÁSICA (AB) é o primeiro nível de atenção à saúde. Deve ser a porta de entrada no sistema e estar preparada para resolver até 85% dos problemas de saúde da população. Na AB são usadas tecnologias de baixa densidade, isto é, mais simples e baratas, mas que atendem à maioria das necessidades de saúde da população (BRASIL, 2007b). Exemplificando: nas unidades básicas de saúde (UBS), realiza-se a coleta e dão-se orientações sobre a citologia oncótica (popularmente chamado de papa nicolau). Essa é uma tecnologia de baixa densidade, mas de grande impacto em termos preventivos e aceitação social. · Média complexidade (secundário): são serviços e ações que agregam profissionais e recursos tecnológicos especializados, e visam atender às demandas de saúde que não podem ser devidamente sanadas por tecnologias de baixa densidade. São as policlínicas/ambulatórios e os hospitais gerais. ● Alta·complexidade (terciário): é definida como os procedimentos que envolvem alta tecnologia, com muitos equipamentos (como ressonâncias magnéticas) e profissionais com conhecimento extremamente especializado. São, assim, de alto custo, devendo ser integrados com a AB e os serviços de média complexidade. Seus procedimentos estão relacionados no Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e alguns deles no SIA (que demandam maiores recursos financeiros). O Quadro 3.2 apresenta as áreas e procedimentos envolvidos na alta complexidade Tanto o SIA quanto o SIH são sistemas que dão suporte para o faturamento dos procedimentos realizados nos serviços de saúde do SUS. Descentralização: Até a regulamentação do SUS, as principais ações de saúde eram centralizadas no nível federal, e quem as executava eram os estados e municípios. Houve, timidamente, algumas tentativas de realizar um trabalho descentralizado, sem sucesso. A descentralização foi uma estratégia importante para redistribuir as responsabilidades pelas ações e serviços para os municípios, tornando as três esferas responsáveis tanto pelo desenvolvimento quanto pela coordenação, implantação e avaliação das políticas de saúde. Regionalização: A determinação de territórios para organizar os serviços em rede, que orienta a descentralização da gestão. Para isso, os municípios devem ter capacidade para assumir a gestão dos seus serviços e, em alguns deles, isso só acontece com a ajuda das Secretarias Estaduais de Saúde, que devem apoiar os municípios no processo. Esse é o papel principal das comissões e dos colegiados. A fim de oficializar o processo de regionalização da saúde, os gestores, em todas as instân- cias de deliberação, devem formular um documento denominado “Plano Diretor de Regionaliza- ção”, que deve conter as seguintes informações: a caracterização do Estado, descrição do processo de pactuação dos gestores, com as metas acordadas; os mapas com delimitação das regiões, as RAS 4) Caracterizar os níveis de atenção à saúdee o sistema de referenciamento e contra-referenciamento. ● Nível primário de saúde - atenção básica: ➢ A atenção básica de saúde representa uma base importantíssima e imprescindível ao atendimento humanizado e biopsicossocial dos usuários de saúde. ➢ Neste nível, são oferecidas simples estratégias para atenuar possíveis danos em saúde, como medidas de prevenção em agravos, além de promoção em saúde pública, respeitando sempre todos os protocolos e portarias institucionalizadas pelo Ministério da Saúde. ➢ Pode-se afirmar que a Atenção Básica é a porta de entrada dos usuários ao sistema de saúde, uma vez que é a partir das Unidades Básicas de Saúde (UBS) – locais representativos da atenção primária – que ocorrem todos os encaminhamentos necessários em casos complexos e intensivos. ➢ Os serviços da Atenção Básica são importantíssimos meios de atenuação dos agravos, uma vez que políticas de promoção ao combate da hipertensão, por exemplo, ocorrem neste nível estratégico e contribuem abundantemente na precaução de possíveis danos advindos dessa patologia crônica, como AVC e infartos. ● Nível secundário de saúde: ➢ A complexidade do atendimento neste nível é maior e o paciente já entra em contato com profissionais da saúde mais especializados, como cardiologista e oftalmologista. São realizados também exames mais detalhados para um diagnóstico preciso e tratamento adequado. ➢ Nesta fase, o processo de atendimento é mais personalizado e reforça os cuidados necessários para recuperação da saúde. Recursos tecnológicos podem ser muito bem aproveitados para atender e comunicar o paciente da melhor forma. ➢ Unidades de Pronto Atendimento (UPA), nas quais são oferecidos cuidados de nível intermediário e ambulatorial, geralmente serviços de trauma e tratamento imediato. ● Nível terciário de saúde: ➢ Como os Hospitais de Grande Porte, sejam mantidos pelo estado seja pela rede privada, são realizadas manobras mais invasivas e de maior risco à vida, bem como são realizadas condutas de manutenção dos sinais vitais, como suporte básico à vida. Nesses hospitais, também podem funcionar serviços Quaternários, de transplante de tecidos, como Pulmão, Coração, Fígado, Rins, dentre outros. 5) Identificar a importância da equipe multiprofissional na resolução de necessidades de saúde. A partir de 2000, é significativo o aumento de publicações da comunidade acadêmica voltadas para o trabalho em equipe na saúde. Alguns estudos apontam que essa discussão ganha força, sendo alavancada pela tendência internacional de apresentar este tipo de organização de trabalho como alternativa à necessidade de racionalização da assistência médica e ampliação do acesso da população aos serviços de saúde(Canoletti, 2008). Responde, ao mesmo tempo, à necessidade de "integração das disciplinas e das profissões entendida como imprescindível para o desenvolvimento das práticas de saúde a partir da nova concepção biopsicossocial do processo saúde-doença" (Peduzzi, 2009, p.421). A iminência do trabalho em equipe em saúde está na vanguarda das estratégias para mudanças dos modelos de assistência à saúde frente a um contexto sociocultural e econômico extremamente complexo e, cada vez mais, dinâmico. Percebe-se a tendência da literatura em reconhecer a interdependência e complementaridade das ações de vários profissionais para melhorar a qualidade da assistência, e que o grau de integração entre estes pode estar relacionado a quanto a equipe cuida. A Estratégia Saúde da Família (ESF), neste contexto, configurou-se como uma iniciativa inovadora no campo sanitário internacional. Diferente de outros países que também basearam seus sistemas na atenção primária à Saúde, a ESF pressupõe o trabalho multiprofissional e em equipe (Campos, Cherchiglia, Aguiar, 2002). O trabalho em equipes multiprofissionais na ESF tornou-se um dos principais instrumentos de intervenção, pois as ações e práticas se estruturam a partir da equipe, ao mesmo tempo em que ocorre, neste tipo de trabalho em saúde, a ampliação do objeto de intervenção para além do âmbito individual e clínico. Tal peculiaridade requer mudanças na forma de atuação e na organização do trabalho, bem como demanda alta complexidade de saberes (Silva, Trad, 2005). A articulação dos olhares dos diferentes trabalhadores da equipe da ESF, que possui a singularidade da presença dos agentes comunitários em saúde, possibilita o desenvolvimento de ações que ultrapassam a racionalidade da assistência curativa, centrada na resolução imediata de problemas de saúde individuais ação que não deve ser ignorada , mas que tem se mostrado insuficiente para modificar os níveis de saúde da população. Peduzzi (2001), ao explicitar modelos para configurações das equipes de saúde, propõe a classificação das equipes multiprofissionais em agrupamento e interação, baseando-se nos estudos sobre trabalho em saúde e na Teoria do Agir Comunicativo de Habermas. Na modalidade de trabalho em equipe multiprofissional de agrupamento, ocorre a tendência à manutenção da fragmentação das ações e relações de distanciamento dos trabalhadores entre si e com o trabalho que executam. Já na modalidade interação, a propensão se direciona para a integração dos trabalhos especializados e, também, dos profissionais que os executam (Peduzzi, 2001). Diferentes critérios são utilizados para analisar as modalidades de equipe: qualidade da comunicação, especificidades dos trabalhos especializados, questionamento da desigual valoração social dos diferentes trabalhos, flexibilização da divisão do trabalho, autonomia profissional de caráter interdependente, e construção de um projeto assistencial comum (Peduzzi, 2009). O trabalho em equipe é considerado, neste estudo, como uma modalidade de trabalho coletivo que se constitui por meio de uma relação recíproca entre as ações técnicas executadas pelos distintos profissionais e a interação desses atores (Peduzzi, 2007, 2001). Contudo, a comunicação é o veículo que possibilita essa conexão entre os profissionais. Neste sentido, o trabalho em equipe multiprofissional em saúde é abordado por uma perspectiva comunicativa que entende o diálogo como uma realidade intrínseca a este tipo de trabalho coletivo. Desta forma, aproxima-se dos estudos de Echeverria (1997) que consideram as conversações como componentes resultantes das interações linguísticas, as unidades básicas da linguagem. A observação dos processos interativos sob a ótica das conversações permite identificar a equipe de saúde como uma pequena rede de conversações na qual os trabalhadores envolvidos se comprometem intersubjetivamente, através da linguagem, a trabalharem de forma conjunta para atingirem um objetivo de comum interesse. E que se constitui em mais critério de exame dos processos de interação do trabalho em equipe multiprofissional. O objetivo geral foi analisar o trabalho em equipe multiprofissional de saúde na ESF do município do Rio de Janeiro na perspectiva da tipologia agrupamento/interação de Peduzzi (2001). 6) Avaliar a adaptação das políticas públicas e saúde, de acordo com as necessidades da população e indicadores epidemológicos: A epidemiologia pode contribuir na etapa de identificação dos problemas socialmente relevantes através do estudo da distribuição dos problemas de saúde e de seus determinantes nos diversos grupos sociais, fornecendo informações técnicas para embasar as decisões políticas, tanto no âmbito dos movimentos sociais quanto no âmbito governamental, somando-se a outros tipos de informação a serem consideradas no processo de tomada de decisão. A Epidemiologia tem como subsídio os sistemas de informação, que são estratégicos para avaliarmos e planejarmos os rumos do sistema de saúde. O Brasil tem uma grande quantidade de dados secundários, que nos permitem compreender melhor os grupos mais vulneráveis da população e as principais causas de adoecimento entre os brasileiros. A partir dessas informações, podemos tomardecisões mais acertadas para compor políticas de prevenção, promoção e assistência à saúde, em curto, médio e longo prazo, de acordo com as necessidades da população. Referências: SANTOS, Marta Alves. Lutas sociais pela saúde pública no Brasil frente aos desafios contemporâneos. Revista Katálysis, v. 16, p. 233-240, 2013. Solha, Raphaela Karla de Toledo. Sistema Único de Saúde: componentes, diretrizes e políticas públicas. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014. SILVA, Marcos Valério Santos da; MIRANDA, Gilza Brena Nonato; ANDRADE, Marcieni Ataíde de. Sentidos atribuídos à integralidade: entre o que é preconizado e vivido na equipe multidisciplinar. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 21, p. 589-599, 2017 CAETANO VELOSO, Paulo Henrique. Níveis de Atenção à saúde no Brasil: Fortaleza: 2020. DELGADO, João Pedro. Os níveis de atenção em saúde e a equipe mínima da Atenção Básica: colunistas, Itaperuna: 2019 PEREIRA, Renata Cristina Arthou; RIVERA, Francisco Javier Uribe; ARTMANN, Elizabeth. O trabalho multiprofissional na Estratégia Saúde da Família. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, p. 14-28.
Compartilhar