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UNIP TATUAPÉ TÉCNICAS RETROSPECTIVAS - PROJETO PINACOTECA SÃO PAULO 2022 INTEGRANTES – AU9P33 GUSTAVO CASTANHO – D74125-0 JÉSSICA MIRANDA – N283CG-3 LARA TERUEL – N2916H-0 LUCAS LIMA – D7485J-6 MISAEL LOPES – D61BJD-8 NATASHA DAMAZIO – D74124-1 Pinacoteca de São Paulo Vista superior da Pinacoteca (1930) - Geosampa Ficha Técnica Localização: Praça da Luz, 2 com a Av. Tiradentes, 141-173. Data da construção: 1905. Uso original: Liceu de Artes e Ofícios. Autoria do projeto original: Engenheiro Arquiteto Ramos de Azevedo. Dados de Proteção do Bem: Nível de tombamento: P1 ZEPEC: ZEPEC-098 | Categoria:Bens Imóveis Representativos 1983 Número do Processo: 00215/79 N° processo no CONDEPHAAT: Proc. SC 64.105/11 (Ano 1982) Resolução CONDEPHAAT: RES. SC 24/82 1991 N° processo no CONPRESP: 1991-0.005.014-8 (Ano 1991) Resolução CONPRESP: RES. 05/91 - ex-officio 2000 N° processo no IPHAN:PROC. 1463-T-00 (Ano 2000) Resolução IPHAN:Processo IPHAN 1463-T-00 Dados do Projeto de Intervenção: Data da Intervenção: 1998 Autoria: Arquiteto Paulo Mendes da Rocha Uso Proposto: Pinacoteca, Museus de artes visuais - possibilitando manter um acervo e fazer exposições temporárias Histórico A Pinacoteca de São Paulo, está inserida no bairro da Luz, um dos principais bairros da cidade de São Paulo. O Bairro da Luz, conta com diversos edificios tombados, com suas ruas repletas de histórias, contadas atraves dos edificios do seculo XX. Podemos observar, que está região possui alta concentração de bens culturais, como teatros, bibliotecas, locais para exposição e praças. O edificio foi originalmente projetado pelo escritório do engenheiro Ramos de Azevedo efundado em 1905, com uma arquitetura neoclássica, onde eram se destacados os edifícios “fortificados”, simétricos, que expressavam a ordem e proporção, com pátios internos, etc. Seu primeiro uso foi para abrigar o Liceu de Artes e Oficios de São Paulo, onde haviam salas de aulas voltadas para produção artistica. Em 1911, O edificio foi instituido como Pinacoteca, onde recebeu quadros do Museu Paulista. Em 1998 o edifício recebeu uma reforma, feita pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, onde ocorreu a mudança de uso do edifício, que deixou de ser uma escola para se tornar um espaço cultural, para receber acervos bibliográficos e exposições de cunho artístico. O arquiteto preferiu não fazer mudanças de layout muito agressivas, optou por seguir o mesmo layout, porém modernizar alguns elementos e trazer mais acessibilidade ao prédio, o que mudou totalmente a inserção dele na malha urbana do local. Ele começou reformando as escadas, incluindo mais acessos, implantando rampas e elevadores, instalou novos corrimões e parapeitos para promover acessibilidade e adequar o prédio as normas vigentes. Conseguiu harmonizar bem os elementos novos de aço com os elementos originais da construção. A Pinacoteca de São Paulo se tornou um bem tombado por conta da sua influência no meio cultural e pela sua história arquitetônica, no qual o edifício se tornou um símbolo da cidade, desde o início presente e responsável pelo crescimento da região. Uma grande relevância que de certa forma, tem um valor afetivo para a população, onde reúne um acervo de obras de arte desde o século 19 até os dias atuais de artistas renomados e conhecidos pelo mundo inteiro. Com a missão de promover eventos culturais diversos, possuem uma rotatividade de bibliografia muito alta, a exposição das coleções de arte de artistas nacionais e internacionais, ocorrem de forma temporária, gerando conteúdos inéditos, uma estratégia que consegue sempre manter o seu público ativo, e com a possibilidade de ganhar novos também. E por conta de toda a sua história arquitetônica, cultural, influência e benefícios que trazem até hoje para a cidade de São Paulo, foi necessário fazer o tombamento para a preservação e manutenção do local, garantindo o uso e acesso para a população. Profissional responsável pela restauração Paulo Archias Mendes da Rocha nasceu em 1928, na capital Vitoria, no Espírito Santo. Arquiteto, urbanista e professor formado em 1954 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, realizou diversas obras de residências, escolares, projetos institucionais públicos e privados ao longo de sua carreira, entre os quais vale ressaltar, o ginásio de esportes do Clube Atlético Paulistano, em parceria com João de Gennaro, (1958/60) que recebeu o grande prêmio internacional de arquitetura na Bienal de São Paulo de 1961; o Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado, juntamente com Vilanova Artigas e Fábio Penteado (1967/68) ; o Museu Brasileiro de Escultura (MuBE) (1988) em São Paulo, inaugurado sete anos depois, com jardins planejados pelo paisagista Roberto Burle Marx; e o projeto de modernização da Pinacoteca do estado de São Paulo (1993/98) juntamente com Eduardo Colonelli e WellitonRicoy. O arquiteto, apesar de muitas obras em diversas vertentes realizadas, não possui registro anterior a Pinacoteca de alguma obra de restauração ou revitalização em sua carreira segundo “Vida Profissional e Obra Completa” disponível pelo site da CAU/BR. Para a modernização do antigo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, Mendes da Rocha contou com a parceria de Eduardo Colonelli e WellitonRicoy, além dos colaboradores e especialistas listados abaixo: • Colaboradores: Ana Paula Gonçalves Pontes, Elisa Cristina Marchi Macedo, Miguel Lacombe de Goes, Adriana Custódio Dias, Andréa Ferreti Moncau, Carla Cristina Palli, Celso Nakamura, EloiseScalise, Marina Grinover, Silvio Oksman • Estrutura: Jorge ZavenKurkdjian, Waldir Carlos Pomponio • Instalações: PEM Engenharia • Ar Condicionado: Thermoplan Engenharia Térmica Ltda. • Luminotécnica: Piero Castiglioni • Consultoria Acústica: Milton Granado • Consultoria Paisagismo: Raquel Fabbri Ramos • Consultoria Conservação: Luiz A. C. Souza • Consultoria Cozinha: Precx Consultoria em Alimentação • Construção (1993/94): RBS Construções Ltda. • Construção (1996/98): Construtora Martur Ltda. Projeto de Intervenção A modernização do edifício teve seu projeto iniciado em 1993, com obras iniciadas em 1994 e sua reinauguração efetuada em 1998. A obra foi financiada pelo Ministério da Cultura e pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, que tinha como objetivo a revitalização do Bairro da Luz, transformando-o em um espaço cultural no coração da cidade de São Paulo. O projeto de restauração tinha como principal objetivo adequar o prédio do final do século XIX para as necessidades de um grande museu, para isso a reforma teve basicamente três objetivos: restaurar a estrutura do prédio (alvenarias) que sofreram com a ação do tempo, e principalmente de infiltrações; adequar o espaço para a ampliação do acervo da Pinacoteca; melhorar o acesso dos visitantes. Sobre o problema das infiltrações, foi diagnosticado que o problema vinha principalmente por conta dos dois pátios internos ao edifício que criavam poças d’água que eram absorvidas pelas paredes de tijolos de barro. Para resolver esse problema, Mendes da Rocha previu que fosse criada uma clarabóia para fechar a abertura superior dos pátios composta por grelhas metálicas e vidro plano transparente, além de realizar uma limpeza e neutralização de agentes agressivos acumulados pela poluição. Pensando em melhorar o acesso dos visitantes no interior da Pinacoteca o arquiteto criou passarelas metálicas vencendo os vazios dos pátios laterais, no vazio central, onde seguindo o projeto original do Arquiteto Ramos de Azevedo era para ter sido construído uma cúpula, Paulo Mendes instalou um auditório no primeiro pavimento, fazendo sua cobertura se transformar em um grande saguãoque interliga as passarelas, melhorando assim a circulação entre os ambientes. Do lado de fora Mendes da Rocha previu a alteração da entrada principal da Pinacoteca, que ficava voltada para a Avenida Tiradentes, que começou a ficar cada vez mais apertada por conta do aumento de carros passando no local, para a Praça da Luz. No local da antiga entrada foi criado um balcão metálico onde é possível se reunir e contemplar a vista voltada para a Avenida Tiradentes. Com essa alteração de entrada, o arquiteto rompeu com a arquitetura classicizante da época, quebrando a simetria da planta original ao entrar pela lateral do edifício, descobrindo assim outra perspectiva do prédio, descobrindo visuais até então imperceptíveis. O arquiteto justifica em entrevista a revista Projeto Design a decisão da mudança da entrada dizendo: “achava aquela escada mal-ajambrada, muito dura, muito íngreme, e o espaço de recepção era quase nulo. A escada precipitava-se sobre a avenida, que foi se encolhendo. O acolhimento ficava prejudicado, porque a circulação não fluía" ("Paulo Mendes da Rocha comenta com entusiasmo a reforma da Pinacoteca", In: Revista Projeto Design. São Paulo, Arco Editorial, maio 1988, n. 220, p. 47.). Por conta da criação da cobertura dos pátios internos, foi possível a remoção das esquadrias voltadas para o interior do prédio, mantendo seus vãos, destacando as paredes em tijolo de barro e trazendo um ar de ruína para o prédio histórico. Pensando na acessibilidade e facilidade de transporte das obras do acervo, Mendes da Rocha instalou um elevador juntamente com a passarela em um dos pátios, criando acesso em todos os andares. Paulo Mendes da Rocha, ao executar suas modificações no prédio de Ramos de Azevedo não descaracterizou a obra (visto a época em que o projeto de Ramos de Azevedo foi concebido, onde os projetos eram catalogados e não era feito um estudo mais aprofundado do redor do edifício). O projeto de intervenção manteve suas fachadas, sua planta com as mesmas divisões já previstas, e foram conservadas inclusive as marcas dos antigos andaimes utilizados em intervenções anteriores. A atitude de Paulo Mendes de utilizar materias distintos dos da época de construção, criam uma espécie de colagem e mesclagem perfeita entre o antigo e o novo, de forma a tornar o edifício original e as intervenções feitas em um todo único e harmônico. Análise Crítica Ao analisar o projeto de intervenção feito pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, podemos identificar como partido o restauro crítico voltado para a posição central, onde ele manteve o equilíbrio entre a história do edifício e as adequações feitas com caráter contemporâneo. Tendo em vista que o edifício é tombado pelo Iphan e Condephaat, logo é concluído que tem um valor histórico atribuído ao local, que faz parte do grande centro histórico de São Paulo. Mendes da Rocha não apagou as marcas da história do edifício, pelo contrário, as incorporou em seu projeto. Ainda é possível ver as marcas dos andaimes nas paredes de intervenções anteriores e foram mantidas as alvenarias de tijolo de barro aparente, dando apenas um tratamento para proteger dos agentes acumulativos pela poluição. É possível ver com clareza quais foram às alterações feitas por Paulo Mendes, além de utilizar cores distintas da construção original, o arquiteto também propôs o uso do metal mantendo a distinguibilidade das épocas a partir do material usado, criando um contraste entre o antigo e o novo, além de adequar o prédio a novas normas de acessibilidade, por exemplo, com a instalação de um elevador em um dos pátios centrais. Devido à mudança do uso feito na época da intervenção, o arquiteto após analisar os acessos da edificação, viu a necessidade da alteração da entrada da Pinacoteca, entretanto a mudança feita por ele pode ser reversível, e não apagou a história tradicional do edifício, pois a entrada original foi mantida, mudando apenas sua função de entrada principal para um mirante de observação a Avenida Tiradentes. Observamos então que todas as alterações feitas pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha teve como amparo a Carta de Veneza os artigos 11º e 12º, que dizem: “Artigo 11° - As contribuições válidas de todas as épocas para a edificação do monumento devem ser respeitadas, visto que a unidade de estilo não é a finalidade a alcançar no curso de uma restauração, a exibição de uma etapa subjacente só se justifica em circunstâncias excepcionais e quando o que se elimina é de pouco interesse e o material que é revelado é de grande valor histórico, arqueológico, ou estético, e seu estado de conservação é considerado satisfatório. O julgamento do valor dos elementos em causa e a decisão quanto ao que pode ser eliminado não podem depender somente do autor do projeto.” “Artigo 12°- Os elementos destinados a substituis as partes faltantes devem integrar-se harmoniosamente ao conjunto, distinguindo-se, todavia, das partes originais a fim de que a restauração não se falsifique o documento de arte e de histórica.” Porem todo projeto de intervenção a prédios históricos há perdas e ganhos, no caso da Pinacoteca podemos classificar como perdas a remoção das esquadrias, que precisou ser alterada para atender o novo uso; e como ganhos temos a mudança da entrada que possibilitou explorar o edifício de uma nova perspectiva, além das passarelas metálicas que ampliaram e facilitaram a circulação trazendo mais acessibilidade para o edifício. Iconografia Edifício do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo 1882. Atualmente, Pinacoteca. Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/pinacoteca/ Desenho da Fachada Projeto Original da Pinacoteca 1897. Entrada Principal. Fonte: https://teoriacritica13ufu.wordpress.com/2010/12/17/pinacoteca-do-estado-de-sao- paulo/ Fachada atual da Pinacoteca, Antiga Entrada Principal, 2022. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/787997/pinacoteca-do-estado-de-sao-paulo-paulo- mendes-da-rocha/5740cad5e58ece6ec9000065-pinacoteca-do-estado-de-sao-paulo-paulo- mendes-da-rocha-foto?next_project=no Fachada da Antiga Entrada, Antes da Reforma nos Anos 90. Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/pinacoteca/ Fachada da Antiga Entrada, Depois da Reforma, nos Dias Atuais. 2022 Fonte: https://www.vivadecora.com.br/pro/pinacoteca/ Logo da Pinacoteca; Antes e Depois. Fonte: https://arteref.com/arte/curiosidades/15-curiosidades-sobre-a-pinacoteca-que-voce- precisa-saber/ Referências: O pai engenheiro e Vilanova Artigas, esteios da formação do arquiteto. CAU BR. 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