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Improbidade Administrativa

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ORGANIZADO POR CP IURIS 
ISBN 978-65-5701-030-3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
à luz da Lei n.º 14.230/21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2ª edição 
2022 
 
SOBRE O AUTOR 
BRUNO BETTI COSTA. Procurador do Estado de São Paulo. Mestrando em Direito Público pela 
Fundação Getúlio Vargas - FGV/SP. Professor de Direito Administrativo. Especialista em Direito 
Administrativo. Autor de obras jurídicas e palestrante. 
 
INTRODUÇÃO 
O livro de improbidade administrativa é direcionado para você que quer se atualizar com um 
material direto e didático e, ao mesmo tempo, profundo. O livro passará pelas alterações 
promovidas pela Lei nº 14.230/21 na Lei nº 8.429/92. Além disso, a obra também contém as 
relevantes e recentes jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça 
sobre improbidade administrativa. 
Desse modo, você, leitor, estará com um material que irá direto ao ponto, sem perder a 
qualidade necessária para o seu estudo. 
 
SUMÁRIO 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - À LUZ DA LEI N.º 14.230/21 ................................................................................. 6 
1. COMENTÁRIOS INICIAIS ...................................................................................................................................... 6 
2. COMPETÊNCIA ................................................................................................................................................... 8 
3. SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................................................ 9 
4. SUJEITO ATIVO ................................................................................................................................................... 9 
5. COMENTÁRIOS RELEVANTES..............................................................................................................................10 
6. AGENTES POLÍTICOS ..........................................................................................................................................12 
7. RESPONSABILIDADE SUCESSÓRIA.......................................................................................................................12 
8. TIPOLOGIA DE IMPROBIDADE ............................................................................................................................12 
8.1. Enriquecimento Ilícito .............................................................................................................................13 
8.1.1. Hipóteses previstas no art. 9º ................................................................................................................ 14 
8.2. Dano ao Erário .......................................................................................................................................15 
8.2.1. Hipóteses do art. 10 .............................................................................................................................. 16 
8.3. Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício 
Financeiro ou Tributário ...............................................................................................................................18 
8.4. Violação a Princípios ..............................................................................................................................18 
8.4.1. Hipóteses do art. 11 .............................................................................................................................. 19 
8.5. Quadro comparativo entre os tipos de improbidade................................................................................21 
9. SANÇÕES 21 
9.1. Comentários Importantes .......................................................................................................................22 
10. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E A ORDEM URBANÍSTICA .............................................................................26 
11. DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL ...........................................................................................27 
11.1. Procedimento Administrativo ...............................................................................................................27 
11.2. Procedimento Judicial ...........................................................................................................................27 
12. PRESCRIÇÃO ....................................................................................................................................................33 
13. DA INDISPONIBILIDADE DOS BENS – ART. 16 .....................................................................................................35 
14. COMENTÁRIOS FINAIS .....................................................................................................................................37 
JURISPRUDÊNCIA IMPORTANTE.................................................................................................................................38 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................................................43 
 
 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 6 
 
 
 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
À LUZ DA LEI N.º 14.230/21 
 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 7 
 
1. COMENTÁRIOS INICIAIS 
A improbidade administrativa é uma imoralidade qualificada, isto é, uma situação de enorme 
gravidade. 
O conceito jurídico de ato de improbidade administrativa, por estar no campo do direito 
sancionador, é inelástico, isto é, não pode ser ampliado para abranger situações que não tenham 
sido contempladas no momento da sua definição. Nesse sentido, o referencial da Lei n.º 8.429/1992 
é o ato do agente público frente à coisa pública a que foi chamado a administrar. Portanto não há 
improbidade administrativa, por exemplo, na prática de eventuais abusos perpetrados por agentes 
públicos durante abordagem policial, caso os ofendidos pela conduta sejam particulares que não 
estavam no exercício de função pública. Esse é o entendimento da doutrina, chancelado pela 
jurisprudência do STJ.1 
Contudo cabe observar que o próprio STJ entendeu que a tortura de preso custodiado em 
delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os 
princípios da administração pública.2 
O art. 37, § 4º, da Constituição Federal de 1988 é o dispositivo constitucional que consagra 
a improbidade administrativa e segundo o qual os atos de improbidade administrativa importarão 
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o 
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
Ademais, observe-se que, no caso concreto, o juiz não precisa aplicar todas as sanções previstas 
constitucionalmente. Ainda, a Lei n.º 8.429/92, que regula a improbidade administrativa, elenca 
outras sanções. 
A Lei de Improbidade não é aplicada a fatos ocorridos anteriores a sua edição, conforme 
entendimento do STJ3. 
Observe-se ainda que a ação de improbidade administrativa não configura uma ação penal. 
Sempre se pontuou que a ação de improbidade era uma ação civil. Todavia o art. 17-D estabelece 
que a ação seria repressiva, de caráter sancionatório. 
 
1 Informativo 573 STJ. REsp 1.558.038-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/10/2015, DJe 
9/11/2015. 
2 STJ REsp 1.177.910-SE, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 26/8/2015, DJe 17/2/2016. 
3 STJ. REsp 1129121/GO, rel. Min. Eliana Calmon, 2ª Turma, julgado em 03/05/2012. 
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp1558038
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp1177910BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 8 
 
De toda forma, assim como já vigorava anteriormente, não há que se falar em foro por 
prerrogativa de função nessas ações. Isso ocorre pelo fato de que Constituição Federal de 1988 
prevê foro apenas para as ações penais, como se depreende da leitura dos artigos 102 e 105.4 
ATENÇÃO! 
Posicionamento do STJ - Ação Civil de perda de cargo de Promotor de Justiça cuja causa de 
pedir não esteja vinculada a ilícito capitulado na Lei n.º 8.429/1992 deve ser julgada pelo Tribunal 
de Justiça.5 STJ. 2ª Turma. REsp 1.737.900-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 19/11/2019 
(Info 662). 
Há de se fazer um distinguishing do caso concreto em relação ao posicionamento 
sedimentado no STJ e no STF acerca da competência do juízo monocrático para o processamento e 
julgamento das Ações Civis Públicas por ato de improbidade administrativa, afastando o "foro 
privilegiado ou especial" das autoridades envolvidas. É que a causa de pedir da ação ora apreciada 
não está vinculada a ilícito capitulado na Lei n.º 8.429/1992, que disciplina as sanções aplicáveis aos 
atos de improbidade administrativa, mas a infração disciplinar atribuível a Promotor de Justiça no 
exercício da função pública, estando este atualmente em disponibilidade. Ademais, o STJ possui 
precedente no sentido de que "a Ação Civil com foro especial não se confunde com a ação civil 
pública de improbidade administrativa, regida pela Lei n. 8.429/1992, que não prevê tal 
prerrogativa"6. 
Por fim, nos termos do art. 1º, da Lei n.º 8.429/92, o sistema de responsabilização por atos 
de improbidade administrativa tutelará a probidade na organização do Estado e no exercício de suas 
funções, como forma de assegurar a integridade do patrimônio público e social. 
2. COMPETÊNCIA 
Importante firmar posição de que a competência legislativa sobre improbidade 
administrativa é privativa da União. Dessa forma, a Lei n.º 8.429/92 é uma lei nacional, e não lei 
federal. O que se quer dizer é que a Lei de Improbidade Administrativa (LIA) é aplicada para todos 
os entes da federação. 
 
4 STF. Plenário. Pet 3240/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 10/05/2018. 
5 STJ. REsp 1.737.900-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 19/11/2019, DJe 
19/12/2019 
6 STJ. REsp 1.627.076/SP, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, DJe 14/8/2018 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
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3. SUJEITO PASSIVO 
A legitimidade passiva do ato de improbidade administrativa é da pessoa vítima dos atos 
ímprobos. O art. 1º, § 5º, da LIA estabelece quem são os sujeitos passivos do ato de improbidade, 
violando o seu patrimônio público e social: Poder Executivo, Legislativo, Judiciário, bem como das 
administrações direta e indiretas, no âmbito da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito 
Federal. 
Também serão considerados sujeitos passivos, nos termos do art. 1º, § 6º, a entidade privada 
que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes públicos ou 
governamentais. 
Por sua vez, o art. 1º, § 7º estabelece que também serão considerados sujeitos passivos 
secundários aqueles que, independentemente de integrar a Administração Indireta, são entidades 
privadas para cuja criação ou custeio o Erário haja concorrido ou concorra no seu patrimônio ou 
receita atual. 
Nesse caso, limitando-se o ressarcimento de prejuízos à repercussão do ilícito sobre a 
contribuição dos cofres públicos. 
ATENÇÃO! 
Não há mais a diferença se a contribuição estatal foi superior ou inferior a 50% do 
patrimônio ou receita atual da entidade. 
Pode-se dar como exemplo dos sujeitos passivos secundários as universidades privadas que 
recebem benefícios públicos e as Organizações Sociais e Organizações da Sociedade Civil de 
Interesse Público. 
4. SUJEITO ATIVO 
O sujeito ativo é aquele que pratica o ato de improbidade administrativa ou aquele que 
concorre para sua prática ou dele se beneficia, nos termos do art. 2º e 3º da LIA. Inclusive, 
importante observar, o art. 2º estabelece um conceito amplo de agente público. 
Assim, de acordo com o art. 2º, reputa-se agente público, o agente político, o servidor 
público e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, 
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, 
cargo, emprego ou função públicos. 
Ademais, nos termos do parágrafo único, também será considerado sujeito e se submeterá 
às sanções legais, no tocante a recursos de origem pública, o particular, pessoa física ou jurídica, 
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que celebra com a Administração Pública convênio, contrato de repasse, contrato de gestão, termo 
de parceria, termo de cooperação ou ajuste administrativo equivalente. 
Ainda, faz-se necessário pontuar que o particular pode responder por atos de improbidade 
administrativa, conforme prevê o art. 3º, segundo o qual aquele que, mesmo não sendo agente 
público, induza ou concorra dolosamente para a prática do ato de improbidade, responderá pelos 
atos ímprobos praticados. 
Por sua vez, o § 1º do art. 3º afirma que os sócios, cotistas, diretores e colaboradores de 
pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de improbidade a que venha ser 
imputado à pessoa jurídica, salvo se, comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, 
hipótese em que responderão nos limites da sua participação. 
O § 2º afirma que as sanções de improbidade não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato 
de improbidade administrativa seja também sancionado como ato lesivo à administração pública 
de que trata Lei n.º 12.846, de 1º de agosto de 2013 (Lei Anticorrupção). 
5. COMENTÁRIOS RELEVANTES 
1. Importante observar o que afirma o STJ sobre a responsabilidade dos sujeitos ativos: É 
inviável a propositura de ação civil de improbidade administrativa exclusivamente contra o 
particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda.7. Por 
outro lado, faz-se necessário se atentar ao fato de que não há litisconsórcio passivo necessário entre 
o agente público e o particular, conforme já decidido no STJ8. 
ATENÇÃO! 
É inviável a propositura de ação civil de improbidade administrativa exclusivamente contra 
o particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda. STJ. 1ª 
Turma. REsp 1.171.017-PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 25/2/2014 (Info 535). 
Não há litisconsórcio passivo necessário entre o agente público e o particular. AREsp n.º 
1579273 / SP (2019/0270948-5). 
 
7 STJ AgRg no AREsp 574500/PA, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,Julgado em 02/06/2015,DJE 
10/06/2015. 
8 STJ. AgRg no REsp 1421144/PB,Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, Julgado em 26/05/2015,DJE 
10/06/2015. 
javascript:document.frmDoc1Item7.submit();
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javascript:document.frmDoc1Item7.submit();
http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?i=1&b=ACOR&livre=((%27AGARESP%27.clas.+e+@num=%27574500%27)+ou+(%27AGRG%20NO%20ARESP%27+adj+%27574500%27.suce.))&thesaurus=JURIDICO
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
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2. Atente-se que, de acordo com o STJ9, dirigente de entidade privada que administra 
recursos públicos pode responder sozinho por improbidade. O fato de receber recursos públicos é 
circunstância que equipara o dirigente da referida ONG a agente público para os fins de improbidade 
administrativa 
3. Outro ponto relevante é firmar posição de que a pessoa jurídica também pode ser sujeito 
ativo do ato de improbidade, de acordo com o entendimento do STJ10. Esse posicionamento do STJ 
foi positivado de maneira expressa na Lei n.º 8.429/92, por meio da Lei n.º14.230/2021. 
4. Não comete ato de improbidade administrativa o médico que cobra honorários por 
procedimentorealizado em hospital privado que também seja conveniado à rede pública de saúde, 
desde que o atendimento não seja custeado pelo próprio sistema público de saúde. Isso porque, 
nessa situação, o médico não age na qualidade de agente público e, consequentemente, a cobrança 
não se enquadra como ato de improbidade.11 
5. Observe que os empregados e dirigentes de concessionários e permissionários de serviços 
públicos não se sujeitam à LIA, uma vez que retiram sua remuneração da exploração do serviço 
público. O Estado, geralmente, não destina aos delegatários de serviço público benefícios, auxílios 
ou subvenções. Contudo, caso o Poder Público destine-lhes algum benefício, a LIA certamente 
incidirá. 
6. Importante também é saber se agentes públicos com atribuição consultiva, aqueles que 
elaboram os pareceres, estão sujeitos às penalidades da LIA. Conforme a melhor doutrina, o 
parecer, por si só, não é suficiente para legitimar o parecerista a praticar atos de improbidade 
administrativa, haja vista que do parecer extrai-se apenas a opinião pessoal e técnica daquele que 
o produz. Contudo, o parecerista pode ser sujeito ativo de improbidade administrativa, caso haja 
com dolo ou erro grave ou inescusável. 
7. A Segunda Turma do STJ12 que “o estagiário que atua no serviço público, ainda que 
transitoriamente, remunerado ou não, está (SIM) sujeito a responsabilização por ato de 
improbidade administrativa (Lei 8.429/1992)”. 
 
9 AgInt no REsp 1845674/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro GURGEL DE 
FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/12/2020, DJe 18/12/2020. 
10 STJ. REsp 970.393/CE, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/06/2012 
11 STJ, REsp 1.414.669-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/2/2014. 
12 REsp 1.352.035-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/8/2015, DJe 8/9/2015 (Informativo 568). 
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6. AGENTES POLÍTICOS 
Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a um 
duplo regime sancionatório, e se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de 
improbidade administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de 
responsabilidade. 
Também, faz-se importante o estudo do RE 976.566, pelo qual o STF fixou a seguinte tese de 
repercussão geral “O processo e o julgamento de prefeito municipal por crime de responsabilidade 
(Decreto-lei 201/67) não impede sua responsabilização por atos de improbidade administrativa 
previstos na Lei 8.429/1992, em virtude da autonomia das instâncias.” 
7. RESPONSABILIDADE SUCESSÓRIA 
De acordo com o art. 8º, o sucessor ou herdeiro daquele que causar dano ao erário ou se 
enriquecer ilicitamente está sujeito apenas à obrigação de repará-lo, até o limite do valor da herança 
ou do patrimônio transferido. 
A alteração realizada pela Lei n.º 14.230/2021 tem por objetivo delimitar qual será a 
responsabilidade do sucessor ou do herdeiro, pois a redação anterior dizia que o sucessor se 
submeteria às sanções previstas em lei. 
Outra novidade refere-se ao art. 8º-A, segundo o qual a responsabilidade sucessória também 
será aplicada na hipótese de alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão 
societária. 
Atente-se que, nos termos do parágrafo único, especificamente nas hipóteses de fusão e 
incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de reparação integral do 
dano causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções 
decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou incorporação, exceto no caso de 
simulação ou evidente intuito de fraude, devidamente comprovados. 
8. TIPOLOGIA DE IMPROBIDADE 
De acordo com o art. 1º, § 1º, da Lei n.º 8.429/92, consideram-se atos de improbidade 
administrativa as condutas dolosas tipificadas nos artigos 9º (enriquecimento ilícito), 10 (lesão ao 
erário) e 11 (violação a princípios) da Lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais. 
Importante pontuar que o dolo é elemento necessário para a configuração de qualquer dos 
três atos de improbidade administrativa, de modo a não mais se admitir a figura da culpa, como era 
possível no caso de lesão ao erário. Nesse sentido, o art. 1º, § 2º, afirma que se considera dolo a 
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 13 
 
vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos artigos 9º, 10 e 11, não 
bastando a voluntariedade do agente. 
ATENÇÃO! 
Não há mais ato de improbidade administrativa na modalidade CULPOSA. Todos os atos 
exigem o DOLO. 
Ademais o art. 1º, § 3º, propõe que o mero exercício da função ou desempenho de 
competências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade 
por ato de improbidade administrativa. 
Outro ponto relevante é que, nos termos do art. 1º, § 8º, não configurará improbidade a 
ação ou omissão decorrente de divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ainda 
que não pacificadas, mesmo que não venha a ser posteriormente prevalecente nas decisões dos 
órgãos de controle ou dos Tribunais do Poder Judiciário. 
ATENÇÃO! 
Art. 1º, § 8º. Não configurará improbidade a ação ou omissão decorrente de divergência 
interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ainda que não pacificadas, mesmo que não venha 
a ser posteriormente prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos Tribunais do Poder 
Judiciário. 
8.1. Enriquecimento Ilícito 
De acordo com o art. 9º da LIA, constitui ato de improbidade administrativa importando 
enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato doloso, qualquer tipo de vantagem 
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas 
entidades sujeitas a sofrer atos de improbidade. 
Atente-se para o fato de que o caput estabelece a conduta genérica. Os incisos, por sua vez, 
retratam as condutas específicas, sendo apenas um rol exemplificativo. 
Observe que a LIA se preocupou em preservar aquele que se enriquece licitamente. A este 
não há qualquer ato de improbidade. O que a lei proíbe é o enriquecimento ilícito, isto é, aquele 
que ofende a moralidade e a probidade administrativa. 
O art. 9º estabelece, ainda, como pressuposto exigível a percepção de vantagem patrimonial 
ilícita. Dessa forma, o pressuposto dispensável é o dano ao erário. O que se quer dizer é que, caso haja 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
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o enriquecimento ilícito, independe de dano ao erário. Ex.: Servidor que recebe propina de terceiros 
para conferir-lhe vantagem indevida. 
Importante observar que o art. 9º exige que o agente público atue com dolo. Dessa forma, 
caso o agente público esteja sofrendo uma ação de improbidade administrativa com base no art. 9º 
da LIA ele deve, necessariamente, ter agido com o dolo. Caso tenha agido com culpa, será excluída 
sua responsabilidade. 
A conduta prevista no art. 9º é uma conduta comissiva, isto é, uma ação. 
OBSERVAÇÃO! 
Enunciado 7 do CJF: Configura ato de improbidade administrativa a conduta do agente público 
que, em atuação legislativa lato sensu, recebe vantagem econômica indevida. 
8.1.1. Hipóteses previstas no art. 9º 
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra 
vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou 
presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado 
por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público; 
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou 
locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no 
art. 1° por preço superior ao valor de mercado; 
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permutaou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior 
ao valor de mercado; 
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, de propriedade ou à 
disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta Lei, bem como o 
trabalho de servidores, empregados ou terceiros contratados por essas entidades; 
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a 
exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de 
usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; 
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer 
declaração falsa sobre qualquer dado técnico envolvendo obras públicas ou qualquer outro 
serviço ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou 
bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta Lei; 
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função 
pública, e em razão deles, bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no 
caput, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente 
público, assegurada a demonstração pelo agente da licitude da origem dessa evolução; 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 15 
 
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento 
para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado 
por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade; 
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba 
pública de qualquer natureza; 
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir 
ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado; 
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores 
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei; 
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo 
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei. 
ATENÇÃO! 
Atenção aos verbos dos incisos do art. 9º, pois eles se repetem. São verbos que dão a ideia 
de que o agente público está ganhando algo, uma vez que o ato é de enriquecimento ilícito. 
VERBOS: RECEBER, PERCEBER, UTILIZAR, ADQUIRIR, USAR, INCORPORAR. 
8.2. Dano ao Erário 
De acordo com o art. 10 da LIA, constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão 
ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje efetiva e comprovadamente, perda 
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das 
entidades que possam sofrer atos de improbidade. 
Atente-se que, novamente, o caput estabelece a conduta genérica, e os incisos, por sua vez, 
retratam as condutas específicas, configurando um rol exemplificativo. 
O que o artigo 10 pretende proteger é o patrimônio público. 
O pressuposto exigível, nessa conduta, é o dano ao patrimônio público. Caso a conduta não 
acarrete a lesão ao patrimônio público, possivelmente acarretará um ato de improbidade por 
violação dos princípios administrativos, nos termos do art. 11 da LIA. Por sua vez, o pressuposto 
dispensável é o enriquecimento ilícito. A conduta pode gerar dano ao patrimônio público, sem, 
contudo, ocasionar o enriquecimento do agente público. 
ATENÇÃO! 
O ato de lesão ao erário somente poderá ocorrer na modalidade DOLOSA, não sendo mais 
admissível a modalidade culposa desse ato. 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 16 
 
A conduta aqui estudada é uma conduta comissiva ou omissiva, de acordo com o próprio art. 
10, caput da LIA. 
Outra alteração do caput do mesmo dispositivo que chama atenção é a exigência da efetiva 
e comprovada perda patrimonial do ente público. Trata-se de alteração para alinhar ao 
entendimento do STJ13. 
Por sua vez, das alterações dos incisos do art. 10, chama-se atenção para o inciso VIII que, 
em sua parte final, exige a perda patrimonial efetiva no caso de frustração de processo licitatório 
ou de processo seletivo para celebração de parcerias. 
Isso porque, a jurisprudência do STJ14 estabelecia que, especificamente, na fraude à licitação, 
haveria um dano in re ipsa ao patrimônio público. Dessa forma, a alteração legislativa é uma clara 
superação do entendimento do STJ. 
ATENÇÃO! 
Exige-se a efetiva e comprovada perda patrimonial do ente público, inclusive nos casos de 
fraude à licitação 
Ademais, de acordo com o art. 10, § 1º, nos casos em que a inobservância de formalidades 
legais ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não ocorrerá imposição de 
ressarcimento, vedado o enriquecimento sem causa das entidades referidas no art. 1º. 
Por fim, o § 2º do art. 10 afirma que a mera perda patrimonial decorrente da atividade 
econômica não acarretará improbidade administrativa, salvo se comprovado ato doloso praticado 
com essa finalidade. 
8.2.1. Hipóteses do art. 10 
I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida incorporação ao patrimônio 
particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do 
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta Lei; 
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, 
verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º 
desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
 
13 AgInt no REsp 1542025/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe 
12/06/2018 
14 AgRg nos EDcl no AREsp 419.769/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2016, 
DJe 25/10/2016; REsp 728.341/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/03/2017, DJe 
20/03/2017. 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 17 
 
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins 
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das 
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e 
regulamentares aplicáveis à espécie; 
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio 
de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por 
parte delas, por preço inferior ao de mercado; 
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço 
superior ao de mercado; 
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou 
aceitar garantia insuficiente ou inidônea; 
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais 
ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de 
parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá- los indevidamente, acarretando 
perda patrimonial efetiva; 
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento; 
X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à 
conservação do patrimônio público; 
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de 
qualquer forma para a sua aplicação irregular; 
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente; 
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, 
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de 
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor 
público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades. 
XIV – celebrarcontrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços 
públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei; 
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação 
orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. 
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio 
particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos 
transferidos pela administração pública a entidades privadas mediante celebração de 
parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à 
espécie; 
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, 
verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada 
mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou 
regulamentares aplicáveis à espécie; 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 18 
 
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a 
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, fiscalização e análise das prestações 
de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas; 
XX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas de 
parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas; 
XXI - Revogado 
XXII - conceder, aplicar ou manter beneficio financeiro ou tributário contrário ao que 
dispõem o caput e o § 1 º do art. 8 º -A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. 
ATENÇÃO! 
Atente-se aos verbos dos incisos do art. 10, pois muitos se repetem. São verbos que NÃO 
dão a ideia de que o agente público está ganhando algo. Pelas condutas, quem ganha algo é um 
particular (terceiro) ou há apenas dano ao erário. 
VERBOS: PERMITIR, FACILITAR, CONCORRER, DOAR, AGIR. 
8.3. Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Concessão ou 
Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário 
O art. 10-A foi revogado pela Lei n.º 14.230/2021, de modo que se tornou o inciso XXII, do 
art. 10. 
8.4. Violação a Princípios 
De acordo com o art. 11 da LIA constitui ato de improbidade administrativa que atenta 
contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão dolosa que viole os deveres 
de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições. 
Importa se atentar para o fato de que o caput também estabelece a conduta genérica e os 
incisos, por sua vez, retratam as condutas específicas e estabelecem um rol taxativo. Trata-se de 
grande mudança comparada à versão original da Lei n.º 8.429/1992 e também em relação aos 
demais tipos de improbidade. 
Observe-se que o art. 11 listou alguns princípios administrativos. Contudo, há apenas um rol 
exemplificativo de princípios. “O legislador disse menos do que queria”.15 Dessa forma, o que a LIA 
protege são os princípios constitucionais. 
 
15 CARVALHO FILHO, José Santos. Manual de Direito Administrativo. 26ª ed. rev. ampl. atual. São Paulo: Atlas, 2012. p. 
1086. 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 19 
 
O pressuposto exigível é a violação dos princípios administrativos, exigindo-se lesividade 
relevante ao bem jurídico aqui tutelado. Por outro lado, é dispensável qualquer elemento de 
enriquecimento ilícito ou dano ao erário, nos termos do art. 11, § 5º. 
O art. 11 exige como elemento subjetivo o dolo. 
A conduta ensejadora de improbidade, no caso em análise, é tanto a conduta comissiva, 
quanto a omissiva. 
Nos termos do art. 11, § 1º, somente haverá improbidade administrativa, no caso de violação 
a princípios, quando, na conduta funcional do agente público, for comprovado o fim de obter um 
proveito ou benefício indevido para si mesmo ou para outra pessoa ou entidade. Essa disposição 
também se aplicará a todo e qualquer ato de improbidade, previstos na Lei n.º 8.429/92, bem como 
em qualquer outra que institua ato de improbidade, conforme dispõe o art. 11, § 2º. 
O enquadramento de conduta funcional pressupõe a demonstração objetiva da prática de 
ilegalidade no exercício da função pública, indicando-se as normas constitucionais, legais ou 
infralegais violadas, nos termos do art. 11, § 3º. 
Os atos de improbidade aqui tratados exigem lesividade relevante ao bem jurídico tutelado, 
para serem passíveis de sancionamento, e independem do reconhecimento da produção de danos 
ao Erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos, nos termos do art. 11, § 4º. 
Na análise da hipótese prevista no inciso XI do artigo 11, isto é, de nomeação de parentes, não 
se configurará improbidade a mera nomeação ou indicação política por parte dos detentores de 
mandatos eletivos, sendo necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do agente. 
8.4.1. Hipóteses do art. 11 
I - (Revogado); 
II - (Revogado) 
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva 
permanecer em segredo, propiciando beneficiamento por informação privilegiada ou 
pondo em risco a segurança da sociedade e do Estado; 
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua imprescindibilidade para a 
segurança da sociedade e do Estado, ou em outras hipóteses instituídas em lei; 
V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público, 
chamamento ou procedimento licitatório, visando à obtenção de benefício próprio, direto 
ou indireto, ou de terceiros; 
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo, desde que disponha das 
condições para tanto, visando a ocultar irregularidades; 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 20 
 
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva 
divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de 
mercadoria, bem ou serviço. 
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de 
parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas. 
IX - (Revogado); 
X - (Revogado); 
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até 
o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica 
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em 
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta 
e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas; 
XII- praticar, no âmbito da Administração Pública e com recursos do erário, ato de 
publicidade que contrarie o disposto no §1º do art. 37 da Constituição Federal, de forma a 
promover inequívoco enaltecimento do agente público e personalização de atos, 
programas, obras, serviços ou campanhas dos órgãos públicos. 
ATENÇÃO! 
Tenha atenção com as seguintes hipóteses: 
1) Art. 10, VIII vs. Art. 11, V 
Frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com 
entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimonial efetiva é ato de 
improbidade que configura dano ao erário. 
Por sua vez, frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público, 
chamamento ou procedimento licitatório, visando à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto, ou de 
terceiros é ato de improbidade que viola princípios. 
2) Art. 9º, IV vs. Art. 10, XIII 
Utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, de propriedade ou à disposição 
de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores, 
empregados ou terceiros contratados por essas entidades é ato de improbidadeque configura 
enriquecimento ilícito. 
Porém, permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, 
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das 
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou 
terceiros contratados por essas entidades é ato de improbidade que configura dano ao erário. 
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 21 
 
8.5. Quadro comparativo entre os tipos de improbidade 
TIPO DE 
IMPROBIDADE 
ENRIQUECIMENTO 
ILÍCITO (art. 9º) 
PREJUÍZO AO 
ERÁRIO (art. 10) 
VIOLAÇÃO DE 
PRINCÍPIOS 
(art. 11) 
Conduta Ação Ação ou Omissão 
Conduta: 
Ação ou Omissão 
Elemento subjetivo Dolo Dolo Dolo 
Pressuposto exigível Enriquecimento ilícito Efetivo dano ao erário Violação a princípios 
Pressuposto 
dispensável 
Dano ao erário Enriquecimento ilícito 
Enriquecimento ilícito e 
dano ao erário 
Rol Exemplificativo Exemplificativo Taxativo 
9. SANÇÕES 
As sanções aplicáveis no caso de improbidade administrativa estão previstas no art. 12, I a 
III, da LIA. 
Independentemente do ressarcimento integral do dano patrimonial, se efetivo, e das 
sanções penais comuns e de responsabilidade, civis e administrativas previstas na legislação 
específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem 
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: 
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO PREJUÍZO AO ERÁRIO VIOLAÇÃO DE 
PRINCÍPIOS 
Perda dos bens ou valores acrescidos 
ilicitamente ao patrimônio 
Perda dos bens ou valores 
acrescidos ilicitamente ao 
patrimônio, se concorrer esta 
circunstância 
* 
Perda da função pública Perda da função pública * 
Suspensão dos direitos políticos até 14 
anos 
Suspensão dos direitos 
políticos até 12 anos 
* 
Pagamento de multa civil equivalente 
ao valor do acréscimo patrimonial 
Pagamento de multa civil 
equivalente ao valor do dano 
Pagamento de multa civil de até 
24 vezes o valor da 
remuneração percebida pelo 
agente 
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 22 
 
Proibição de contratar com o Poder 
Público ou receber benefícios, pelo 
prazo não superior a 14 anos 
Proibição de contratar com o 
Poder Público ou receber 
benefícios, pelo prazo não 
superior a 12 anos. 
Proibição de contratar com o 
Poder Público ou receber 
benefícios, pelo prazo não 
superior a 4 anos 
9.1. Comentários Importantes 
1. As sanções previstas no art. 12 possuem caráter extrapenal. 
2. A sanção de perda da função atinge apenas o vínculo de mesma qualidade e natureza 
que o agente público ou político detinha com o Poder Público na época do cometimento da 
infração, podendo o magistrado, na hipótese de enriquecimento ilícito, e em caráter excepcional, 
estender aos demais vínculos, considerando-se as circunstâncias do caso e a gravidade da infração. 
(art. 12, § 1º) 
Trata-se de uma superação do entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que tem 
entendimento, anterior à alteração da Lei n.º 8.429/92, que o agente público perde a função pública 
que estiver ocupando no momento do trânsito em julgado, ainda que seja diferente daquela que 
ocupava no momento da prática do ato de improbidade.16 
3. Ponto relevante também se refere à possibilidade de aplicação da sanção de cassação de 
aposentadoria. Em outras palavras, o que se quer saber é se a expressão “perda de cargo” abarcaria 
a sanção de cassação de aposentadoria. Nesse sentido, há posicionamento do Supremo Tribunal 
Federal, no ARE nº 1.321.655, segundo o qual é viável a conversão da perda de cargo em cassação 
de aposentadoria no âmbito da improbidade administrativa. 
Por outro lado, o Superior Tribunal de Justiça17, em entendimento anterior ao firmado do 
STF, assentou que o magistrado não tem competência para aplicar a sanção de cassação de 
aposentadoria a servidor condenado judicialmente por improbidade administrativa. Para o 
colegiado, apenas a autoridade administrativa possui poderes para decidir sobre a cassação. 
4. A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz considerar que, em virtude da situação 
econômica do réu, o valor calculado é ineficaz para reprovação e prevenção do ato de improbidade 
(art. 12, § 2º). 
 
16 STJ. STJ. 2ª Turma. RMS 32.378/SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/05/2015. 
17 STJ. 1ªSeção. EREsp nº 1496347. Rel. Min. Herman Benjamin. 24/02/2021 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 23 
 
5. Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser considerados os efeitos econômicos 
e sociais das sanções, de modo a viabilizar a manutenção de suas atividades (art. 12, § 3º). 
6. Em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a pena de 
proibição de contratação com o Poder Público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de 
improbidade, devendo- se sempre observar os impactos econômicos e sociais das sanções, de forma 
a preservar a função social da pessoa jurídica (art. 12, § 4º). 
7. Em se tratando de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tutelados pela Lei, a sanção se 
limitará à aplicação de multa, sem prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores 
obtidos, quando for o caso (art. 12, § 5º). 
8. Ocorrendo lesão ao patrimônio público, a reparação do dano deve deduzir o 
ressarcimento ocorrido nas instâncias criminal, cível e administrativa tendo por objeto os mesmos 
fatos (art. 12, § 6º). 
9. As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de 
agosto de 2013, deverão observar o princípio constitucional do non bis in idem. (art. 12, § 7º) 
10. A sanção de proibição de contratação com o Poder Público deverá constar no Cadastro 
Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 
2013, observando-se as limitações territoriais contidas em decisão judicial (art. 12, § 8º). 
11. As sanções de improbidade só podem ser executadas com o trânsito em julgado da 
sentença condenatória, nos termos do art. 12, § 9º. Trata-se de nítida alteração se comparada à 
redação anterior da Lei 8.429/92, segundo a qual apenas a perda da função e a suspensão dos 
direitos políticos se efetivariam com trânsito em julgado da decisão. 
ATENÇÃO! 
Com a Lei n.º 14.230/2021, TODAS as sanções de improbidade só podem ser executadas com 
o trânsito em julgado da sentença condenatória. 
12. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspensão dos direitos políticos, 
computar-se-á retroativamente o intervalo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em 
julgado da sentença condenatória (art. 12, § 10) 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 24 
 
13. Observe-se que o juiz não precisa aplicar todas as penalidades. Ele irá analisar o caso 
concreto para aplicar as penalidades. Ademais, o caput do art. 12 da LIA estabelece que as penas 
podem ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa. 
14. A LIA aumenta as sanções previstas no art. 37, § 4º da CF/88. Contudo não há qualquer 
inconstitucionalidade na previsão legal, do que se conclui que a atual Constituição Federal apenas 
estabeleceu uma relação mínima. 
15. Em relação à gravidade das sanções, certamente, as previstas para os casos de 
enriquecimento ilícito (art.9º) são mais severas que as previstas para os casos de prejuízo ao erário 
(art. 10), que consequentemente são mais severas que as previstas para os casos de violação de 
princípios (art. 11). 
16. A autoridade judicial competente poderá determinar o afastamento do agente público 
do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer 
necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática de novos ilícitos. 
O afastamento será de até 90 dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, mediante 
decisão motivada. (art. 20, §§ 1º e 2º). 
17. O STJ tem mitigado o Princípio da Congruência (juizatrelado ao pedido), ou seja, o juiz 
poderá aplicar sanção distinta daquela pedida na ação. Todavia, a Lei 14.230/21 trouxe o art. 17, 
§10-F, segundo o qual será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação de improbidade 
administrativa que o requerido por tipo diverso daquele definido na petição inicial. Assim, há 
superação do entendimento do STJ.18 
Não é possível a fixação das penas aquém do mínimo legal, de acordo com o STJ.19 
18. Uma só conduta pode ofender simultaneamente os artigos 9º, 10 e 11 da LIA. Quando 
isso acontecer, deverá o aplicador da sanção utilizar do princípio da subsunção, de modo que a 
conduta e a sanção mais graves absorvam as de menor gravidade.20 
19. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de 
Declaração de Imposto de Renda e Proventos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à 
 
18 STJ, REsp nº 324.282, 1ª turma, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros. 
19 STJ. REsp 1582014/CE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/04/2016, DJe 
15/04/2016 
20 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25ª ed São Paulo: Atlas, 2012. p.730. 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 25 
 
Secretaria da Receita Federal, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente (art. 13, 
caput). 
20. A declaração de bens será atualizada anualmente e na data em que o agente público 
deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função (art. 13, § 1º). 
21. Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente 
público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a 
prestar falsa (art. 13, § 2º). 
22. A apuração e a sanção de atos de improbidade administrativa podem ser efetuadas pela 
via administrativa, não se exigindo a via judicial, em razão da independência das instâncias civil, 
penal e administrativa.21 
23. Outro ponto relevante é o referente ao ressarcimento ao erário. De acordo com o STJ, 
não configura bis in idem a coexistência de título executivo extrajudicial (acórdão do TCU) e 
sentença condenatória em ação civil pública de improbidade administrativa que determinam o 
ressarcimento ao erário e se referem ao mesmo fato, desde que seja observada a dedução do valor 
da obrigação que primeiramente foi executada no momento da execução do título 
remanescente.22 
24. De acordo com o STJ23, são cabíveis medidas executivas atípicas de cunho não patrimonial 
no cumprimento de sentença proferida em ação de improbidade administrativa. Exemplos dessas 
medidas é a apreensão da carteira de habilitação e/ou do passaporte de um devedor. 
25. O STF, no julgamento da ADI n.º 6.678, por decisão monocrática do Ministro Gilmar 
Mendes, entendeu que a sanção de suspensão de direitos políticos não se aplica a atos de 
improbidade culposos que causem dano ao erário, bem como suspendeu a vigência da expressão 
suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos do inciso III do art. 12 da Lei n.º 8.429/1992. 
Dessa forma, o STF entende que não há que se falar em suspensão dos direitos políticos por 
atos culposos de improbidade, nem nos atos que causem violação a princípios. 
 
21 STJ, MS 15.054-DF, STJ – Inf. 474, 23/05/2011. 
22 STJ. 1ª Turma. REsp 1.413.674-SE, julgado em 17/5/2016. 
23 STJ. REsp 1.929.230-MT. 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 26 
 
No que tange aos atos culposos de dano ao erário, com a nova redação da Lei n.º 8.429/92, 
dada pela Lei n.º 14.230/2021, de fato não há mais falar-se em improbidade administrativa, uma 
vez que se exige a figura do dolo para configurar ato de improbidade. 
Todavia ganha relevância a inviabilidade de se condenar a suspensão dos direitos políticos 
nos casos de atos que configuram violação a princípios. 
ATENÇÃO! 
Não há que se falar em suspensão dos direitos políticos nos atos de improbidade que violem 
princípios. 
10. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E A ORDEM URBANÍSTICA 
O art. 52 da Lei n.º 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) estabeleceu que, sem prejuízo da 
punição de outros agentes públicos e da aplicação de outras sanções cabíveis, o prefeito incorre em 
improbidade administrativa nos termos da Lei n.º 8.429/92, em várias situações em que desrespeita 
obrigações impostas pelo referido Estatuto: 
Art. 52. Sem prejuízo da punição de outros agentes públicos envolvidos e da aplicação de 
outras sanções cabíveis, o Prefeito incorre em improbidade administrativa, nos termos da 
Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, quando: 
I – (VETADO) 
II – deixar de proceder, no prazo de cinco anos, o adequado aproveitamento do imóvel 
incorporado ao patrimônio público, conforme o disposto no § 4o do art. 8o desta Lei; 
III – utilizar áreas obtidas por meio do direito de preempção em desacordo com o disposto 
no art. 26 desta Lei; 
IV – aplicar os recursos auferidos com a outorga onerosa do direito de construir e de 
alteração de uso em desacordo com o previsto no art. 31 desta Lei; 
V – aplicar os recursos auferidos com operações consorciadas em desacordo com o previsto 
no § 1º do art. 33 desta Lei; 
VI – impedir ou deixar de garantir os requisitos contidos nos incisos I a III do § 4º do art. 40 
desta Lei; 
VII – deixar de tomar as providências necessárias para garantir a observância do disposto 
no § 3º do art. 40 e no art. 50 desta Lei; 
VIII – adquirir imóvel objeto de direito de preempção, nos termos dos arts. 25 a 27 desta 
Lei, pelo valor da proposta apresentada, se este for, comprovadamente, superior ao de 
mercado. 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 27 
 
Esta norma tutela a ordem urbanística do Município. Para configuração do ato de 
improbidade administrativa, não se exige enriquecimento ilícito, nem mesmo dano ao erário; seu 
elemento subjetivo é o dolo. 
11. DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL 
11.1. Procedimento Administrativo 
O procedimento administrativo está regulado pelos artigos 14 a 16 da LIA. De acordo com o 
art. 14, qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja 
instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade. 
A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do 
representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha 
conhecimento. 
A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta 
não contiver as formalidades estabelecidas trazidas no art. 14, caput. A rejeição não impede a 
representação ao Ministério Público. 
Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração 
dos fatos, observando a legislação que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao 
agente. 
De acordo com o art. 15, a comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público 
e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a 
prática de ato de improbidade. 
Ademais, nos termos do seu parágrafo único, o Ministério Público ou Tribunal ou Conselho 
de Contas poderá, a requerimento, designar representante para acompanhar o procedimento 
administrativo. 
11.2. Procedimento Judicial 
O procedimento judicial está regulado nos artigos 17 a 18-B da LIA. 
Nos termos do art. 17, a ação de improbidade será proposta pelo Ministério Público e 
seguirá o procedimento comum previsto no Código de Processo Civil. 
ATENÇÃO! 
Observe-se, então, que não há mais a legitimidade ativa concorrente entre o MP e a PJ 
interessada. 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 28 
 
Assim, diante da nova redação do art. 17, a Fazenda Pública, por meio de sua procuradoria, 
não tem mais legitimidade para a propositura da ação de improbidade. Nesse sentido, no prazo de 
1 ano a partir da data de publicação da Lei n.º 14.230/2021, o Ministério Público manifestará 
interesse no prosseguimento das ações por improbidade administrativaem curso ajuizadas pela 
Fazenda Pública, inclusive em grau de recurso, de modo que, nesse prazo de 1 ano, suspende-se o 
processo, sendo vedado praticar qualquer ato processual, podendo o juiz, todavia, determinar a 
realização de atos urgentes a fim de evitar dano irreparável, salvo no caso de arguição de 
impedimento e de suspeição, nos termos do art. 314 do Código de Processo Civil. 
Caso o Ministério Público, nesse prazo de 1 ano, não se manifeste, o processo em questão 
será extinto sem resolução do mérito. 
Atente-se, pois, que a ação de improbidade deverá ser proposta perante o foro do local onde 
ocorrer o dano ou de domicílio da pessoa jurídica prejudicada. 
A propositura da ação prevenirá a competência do juízo para todas as ações posteriormente 
intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. 
A petição inicial observará o seguinte: 
I - o autor deverá individualizar a conduta do réu, apontando os elementos probatórios 
mínimos que demonstrem a ocorrência das hipóteses dos artigos 9º a 11 da Lei, e de sua 
autoria, salvo impossibilidade devidamente fundamentada; 
II - será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios suficientes da 
veracidade dos fatos e do dolo imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade 
de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação vigente, inclusive as 
disposições inscritas nos artigos 77 e 80 do CPC. 
A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330 do CPC, bem como quando não 
preenchidos os requisitos acima, ou ainda quando manifestamente inexistente o ato de 
improbidade imputado. 
Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a citação dos 
requeridos para que a contestem no prazo comum de 30 dias, iniciando-se o prazo na forma do art. 
231 do CPC. 
Assim, observe que não há mais a defesa prévia, que estava prevista no antigo art. 17, § 7º, 
da Lei n.º 8.429/92. 
Da decisão que rejeita questões preliminares suscitadas pelo réu em sua contestação, cabe 
agravo de instrumento. 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 29 
 
Havendo a possibilidade de solução consensual, poderão as partes requerer ao juiz a 
interrupção do prazo para a contestação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias. 
Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o autor, o juiz: 
I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo, levando em conta a eventual 
manifesta inexistência do ato de improbidade; 
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, visando otimizar a instrução processual. 
Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá decisão indicando com precisão a 
tipificação do ato de improbidade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar o 
fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor. 
Proferida a decisão, as partes serão intimadas a especificar as provas que pretendem 
produzir. 
Para cada ato de improbidade administrativa, deverá necessariamente ser indicado apenas 
um tipo dentre aqueles previstos nos artigos 9º, 10 ou 11 da Lei. 
Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação de improbidade administrativa que: 
I - condena o requerido por tipo diverso daquele definido na petição inicial; 
II - condene o requerido sem a produção das provas por ele tempestivamente especificadas. 
Em qualquer momento do processo, verificada a inexistência do ato de improbidade, o juiz 
julgará a demanda improcedente. 
Sem prejuízo da citação dos réus, intimar-se-á a pessoa jurídica interessada para, querendo, 
intervir no processo. 
Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa jurídica, serão observadas as regras 
previstas nos arts. 133 a 137, do CPC. 
A qualquer momento, identificando o magistrado a existência de ilegalidades ou 
irregularidades administrativas a serem sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos 
para a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo da demanda, poderá, em 
decisão motivada, converter a ação de improbidade administrativa em ação civil pública, regulada 
pela Lei nº 7.347/85. 
Da decisão que converter a ação de improbidade em ação civil pública caberá agravo de 
instrumento. 
Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre os fatos de que trata a ação sendo 
que a recusa ou o silêncio não implicará a confissão. 
Não se aplica na ação de improbidade administrativa (art. 17, § 19): 
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 30 
 
I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em caso de revelia; 
II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma do art. 373, §§1º e 2º, do CPC. 
III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade administrativa pelo mesmo fato, 
competindo ao Conselho Nacional do Ministério Público dirimir conflitos de atribuições 
entre membros de Ministérios Públicos distintos. 
IV- o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de extinção sem resolução de 
mérito. 
A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a legalidade prévia dos atos 
administrativos praticados pelo administrador público ficará obrigada a defende-lo judicialmente, 
caso este venha a responder ação por improbidade administrativa, até que a decisão transite em 
julgado (art. 17, § 20). 
Das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento, inclusive da decisão que rejeita 
questões preliminares suscitadas pelo réu em sua contestação (art. 17, § 21). 
De acordo com o art. 17-B, o Ministério Público poderá, conforme as circunstâncias do caso 
concreto, celebrar acordo de não persecução cível, desde que advenham, ao menos, os seguintes 
resultados: 
I - o integral ressarcimento do dano; 
II - a reversão, à pessoa jurídica lesada, da vantagem indevida obtida, ainda que oriunda de 
agentes privados. 
 A celebração do acordo dependerá, cumulativamente: 
I - da oitiva do ente federativo lesado, seja em momento anterior ou posterior da 
propositura da ação; 
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo órgão do Ministério Público 
competente para apreciar as promoções de arquivamento de inquéritos civis, se anterior 
ao ajuizamento da ação; 
III - de homologação judicial, independente do acordo ocorrer antes ou depois do 
ajuizamento da ação de improbidade administrativa. 
Em qualquer caso, a celebração do acordo levará em conta a personalidade do agente, a 
natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de improbidade, bem como 
as vantagens, para o interesse público, na rápida solução do caso. 
Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, deverá ser realizada a oitiva do 
Tribunal de Contas competente, para que se manifeste com indicação de parâmetros, no prazo de 
90 dias. 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 31 
 
O acordo poderá ser celebrado no curso das investigações de apuração do ilícito, no curso 
da ação de improbidade ou quando da execução da sentença condenatória. 
As negociações para a celebração do acordo ocorrerão entre o Ministério Público, de um 
lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor. 
O acordo poderá contemplar a adoção de mecanismos e procedimentos internos de 
integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de 
ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em 
favor do interesse público e de boas práticas administrativas. 
Em caso de descumprimento do acordo, o investigado ou demandado ficará impedido de 
celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contados do conhecimento pelo Ministério 
Público do efetivo descumprimento. 
Por sua vez, de acordo com art. 17-C, a sentença proferida nos processos de improbidade 
deverá, além de observar o contido no art. 489 do CPC: 
I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram os elementos a que se referem 
os arts. 9º a 11 da Lei, que não podem ser presumidos; 
II - considerar as consequênciaspráticas da decisão, sempre que decidir com base em 
valores jurídicos abstratos; 
III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas 
públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados e das circunstâncias 
práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente; 
IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada ou cumulativa: 
a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; 
b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida; 
c) a extensão do dano causado; 
d) o proveito patrimonial obtido pelo agente; 
e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; 
f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e consequências advindas de sua 
conduta omissiva ou comissiva; 
g) os antecedentes do agente. 
V - levar em conta na aplicação das sanções a dosimetria das sanções relativas ao mesmo 
fato já aplicadas ao agente; 
VI - na fixação das penas relativamente ao terceiro, quando for o caso, tomar em vista a sua 
atuação específica, não sendo admissível a sua responsabilização por ações e omissões para 
as quais não tiver concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais 
indevidas; 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 32 
 
VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios objetivos que justifiquem a 
imposição da sanção. 
A ilegalidade, sem a presença de dolo que a qualifique, não configura ato de improbidade. 
Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocorrerá no limite da participação e 
benefícios diretos, vedada qualquer solidariedade. 
Não haverá remessa necessária nas sentenças de improbidade. 
Outro dispositivo relevante é o art. 17-D, segundo o qual a ação por improbidade 
administrativa é repressiva, de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções de caráter 
pessoal, e não constitui ação civil, sendo vedado seu ajuizamento para o controle de legalidade de 
políticas públicas e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros 
interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. 
O que o dispositivo legal estabelece é que as questões atreladas ao controle de legalidade 
de políticas públicas, à proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros 
interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos não poderão ser tutelados no âmbito da ação 
de improbidade administrativa. 
Nesse sentido, o parágrafo único do art. 17-D estabelece que, o controle de legalidade de 
políticas públicas e a responsabilidade de agentes públicos, inclusive políticos, entes públicos e 
governamentais, por danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, 
estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer outro interesse difuso ou coletivo, à ordem 
econômica, à ordem urbanística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos e ao 
patrimônio público e social submetem-se à Lei de Ação Civil Pública. 
Portanto, o objetivo da lei é deixar claro que esses bens jurídicos não poderão ser objeto da 
ação de improbidade administrativa. 
Ademais, de acordo com o art. 18, a sentença que julgar procedente a ação fundada nos arts. 
9º e 10, da Lei, condenará ao ressarcimento dos danos e à perda ou à reversão dos bens e valores 
ilicitamente adquiridos, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito. 
Havendo a necessidade de liquidação do dano, a pessoa jurídica prejudicada procederá a 
essa determinação e ao ulterior procedimento para cumprimento da sentença referente ao 
ressarcimento do patrimônio público ou à perda ou reversão dos bens. 
Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providências acima, no prazo de seis meses 
a contar do trânsito em julgado da sentença de procedência, caberá ao Ministério Público proceder 
à respectiva liquidação do dano e ao cumprimento da sentença, sem prejuízo de eventual 
responsabilização pela omissão verificada. 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 33 
 
Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão ser descontados os serviços 
efetivamente prestados. 
O juiz poderá autorizar o parcelamento do débito resultante de condenação pela prática de 
improbidade administrativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de imediato, 
em até 48 (quarenta e oito) parcelas mensais, corrigidas monetariamente. 
Por sua vez, o art. 18-A estabelece que a requerimento do réu, na fase de cumprimento da 
sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com outras já impostas em outros processos, 
tendo em vista a eventual continuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes: 
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior sanção aplicada, 
aumentando-a de um terço, ou a soma das penas aplicando-se a solução mais benéfica ao 
réu; 
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, as sanções serão somadas. 
Por fim, nos termos do parágrafo único, as sanções de suspensão de direitos políticos e 
proibição de contratar ou receber incentivos fiscais ou creditícios do Poder Público observarão o 
limite máximo de 20 (vinte) anos. 
12. PRESCRIÇÃO 
De acordo com o art. 23 da LIA, a ação para a aplicação das sanções dos atos de improbidade 
administrativa prescreve em 8 anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de infrações 
permanentes, do dia em que cessou a permanência. 
A instauração de inquérito civil ou processo administrativo para apuração dos ilícitos 
referidos nesta Lei suspende o curso do prazo prescricional, por no máximo 180 dias corridos, 
recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo, esgotado o prazo de 
suspensão. 
O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será concluído no prazo de 365 dias 
corridos, podendo ser prorrogado uma única vez por igual período, mediante ato fundamentado, 
submetido à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva 
lei orgânica. 
Encerrado o prazo de 365 dias, e não sendo o caso de arquivamento do inquérito civil, a ação 
deverá ser proposta no prazo de 30 dias. 
A prescrição será interrompida: 
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa; 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 34 
 
II - pela publicação da sentença condenatória; 
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional 
Federal confirmando sentença condenatória ou reformando sentença de improcedência; 
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de Justiça confirmando 
acórdão condenatório ou reformando acórdão de improcedência; 
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal confirmando 
acórdão condenatório ou reformando acórdão de improcedência. 
Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr, do dia da interrupção, pela metade 
do prazo de 8 anos. 
A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efeitos relativamente a todos os que 
concorreram para a prática do ato de improbidade. 
Nos atos de improbidade conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estendem-se aos 
demais a suspensão e a interrupção relativas a qualquer deles. 
O juiz ou o Tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, deverá, de ofício ou a 
requerimento da parte interessada, reconhecer a prescrição intercorrente da pretensão 
sancionadora e decretá-la de imediato caso, entre os marcos interruptivos, transcorra o prazo de 4 
anos. 
O STF reafirmou essa imprescritibilidade estabelecendo a seguinte tese de repercussão 
geral: “São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso 
tipificado na Lei de Improbidade Administrativa”24. 
Ações de ressarcimento por atos 
dolosos 
Ações de ressarcimento por atos 
culposos 
IMPRESCRITÍVEL PRESCRITÍVEL 
Ademais, o STJ entende que o termo inicial da prescrição em improbidadeadministrativa 
em relação a particulares que se beneficiam de ato ímprobo é idêntico ao do agente público que 
praticou a ilicitude.25 Trata-se de entendimento firmado pela Súmula 634 do STJ. 
Por outro lado, entendeu o Superior Tribunal que em caso de concurso de agentes, a 
prescrição da ação de improbidade é contada individualmente.26 
 
24 Recurso Extraordinário (RE) 852475. Julgamento dia 08 de agosto de 2018. 
25 STJ AgRg no REsp 1510589/SE, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, Julgado em 26/05/2015,DJE 
10/06/2015 
26 STJ. REsp 1230550/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe 26/02/2018. 
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 35 
 
ATENÇÃO! 
De acordo com o art. 21, a aplicação das sanções previstas na lei independe: 
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de 
ressarcimento e aos casos de dano ao erário; 
É em razão do inciso I que o STJ não aplica o Princípio da Insignificância nos casos de 
improbidade administrativa. 
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou 
Conselho de Contas. 
De acordo com o art. 21, § 1º, os atos do órgão de controle interno ou externo serão tomados 
em consideração pelo juiz quando tiverem servido de fundamento para a conduta do agente 
público. 
Por sua vez, o § 2º estabelece que as provas produzidas perante os órgãos de controle e as 
correspondentes decisões deverão ser consideradas na formação da convicção do juiz, sem prejuízo 
da análise acerca do dolo na conduta do agente. 
O § 3º afirma que as sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de 
improbidade quando decidirem pela inexistência da conduta ou pela negativa da autoria. 
O § 4º estabelece que a absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, 
confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da qual trata esta lei, havendo 
comunicação com todos os fundamentos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei n.º 
3.689, de 3 de outubro de 1941. 
O § 5º apregoa que eventuais outras sanções aplicadas em outras esferas deverão ser 
compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta lei. 
13. DA INDISPONIBILIDADE DOS BENS – ART. 16 
Na ação por improbidade administrativa poderá ser formulado, em caráter antecedente ou 
incidente, pedido de indisponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recomposição 
do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de enriquecimento ilícito. 
Diante da nova redação legal, a indisponibilidade de bens pode ser decretada diante de 
qualquer dos atos tipificados como improbidade administrativa, alinhando-se à jurisprudência do 
STJ. 
O pedido de indisponibilidade pode ser formulado independentemente da representação da 
autoridade junto ao Ministério Público. 
O pedido de indisponibilidade apenas será concedido mediante a demonstração no caso 
concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado útil do processo, desde que o juiz 
BRUNO BETTI IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 36 
 
se convença da probabilidade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial à luz dos seus 
respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu em 5 (cinco) dias. 
Assim, há clara superação do entendimento de que a indisponibilidade de bens seria uma 
tutela de evidência, passando a se configurar como uma tutela de urgência. Nesse sentido, a lei 
estabelece que será aplicado à indisponibilidade de bens, no que for cabível, o regime da tutela 
provisória de urgência previsto no CPC. 
A medida pode ser decretada sem a oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio 
possa comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou que haja outras circunstâncias que 
recomendem a proteção liminar, não podendo a urgência ser presumida. 
Havendo mais de um réu na ação, a somatória dos valores declarados indisponíveis não 
poderá superar o montante indicado na petição inicial como dano ao erário ou enriquecimento 
ilícito. 
O valor da indisponibilidade levará em conta a estimativa de dano indicada na petição inicial, 
permitindo-se a sua substituição por caução idônea, fiança bancária ou seguro-garantia judicial, a 
requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a instrução do processo. 
A indisponibilidade de bens de terceiro depende da demonstração da sua efetiva 
concorrência para os atos ilícitos apurados ou, tratando-se de pessoa jurídica, da instauração de 
incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a ser processada na forma da lei processual. 
Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas 
bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos 
tratados internacionais. 
Da decisão que defere ou indefere a medida relativa à indisponibilidade cabe agravo de 
instrumento. 
A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem exclusivamente o integral 
ressarcimento do dano ao erário, não incidindo sobre os valores a serem eventualmente aplicados 
a título de multa civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade lícita. 
A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar veículos de via terrestre, bens 
imóveis, bens móveis em geral, semoventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades 
simples e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência destes, o bloqueio de 
contas bancárias, de forma a garantir a subsistência do acusado e a manutenção da atividade 
empresária ao longo do processo. 
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 37 
 
O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens do réu, observará os efeitos práticos 
da decisão, sendo vedada a adoção de medida capaz de acarretar prejuízo à prestação de serviços 
públicos. 
É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de até 40 (quarenta) salários-mínimos 
depositados em caderneta de poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta corrente. 
É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de família do réu, salvo se comprovado 
que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º da Lei. Trata-
se aqui de superação de entendimento do STJ27. 
14. COMENTÁRIOS FINAIS 
De acordo com o ar. 23-A, é dever do Poder Público oferecer contínua capacitação aos 
agentes públicos e políticos que atuem com prevenção ou repressão de atos de improbidade 
administrativa. 
Por sua vez, o art. 23-B estabelece que, nas ações e acordos regidos pela Lei n.º 8.429/92, 
não haverá adiantamento de custas, preparo, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras 
despesas. 
No caso de procedência da ação, as custas e demais despesas processuais serão pagas ao 
final. 
Haverá condenação em honorários sucumbenciais em caso de improcedência da ação de 
improbidade se comprovada má-fé. 
O art. 24 prevê que os atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patrimonial, desvio, 
apropriação, malbaratamento ou dilapidação de recursos públicos dos Partidos Políticos, ou suas 
fundações, serão responsabilizados pela Lei n.º 9.096/95. 
 
27 REsp 1461882/PA, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, Julgado em 05/03/2015,DJE 12/03/2015. 
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 38 
 
JURISPRUDÊNCIA IMPORTANTE 
DIREITO ADMINISTRATIVO. CARACTERIZAÇÃO DE TORTURA COMO ATO DE IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA. 
A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade 
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública. O legislador estabeleceu 
premissa que deve orientar o agente público em toda a sua atividade, a saber: "Art. 4° Os agentes 
públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios 
de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos". 
Em reforço, o art. 11, I, da mesma lei, reitera

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