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1 41. A NOVA REPÚBLICA https://pt.slideshare.net/my321/a-nova-repblica-1985-aos-dias-atuais A herança educacional deixada pela ditadura militar é composta por inúmeros problemas, que hoje lutamos para transformar. No campo econômico, o fracasso do Plano Cruzado, e das iniciativas subsequentes, contribuiu decisivamente para reduzir a quase zero a credibilidade governamental para resolver os problemas da área. Desse modo, sob a capa da Nova República, abrigaram-se os velhos políticos e o clientelismo e a corrupção, nossos velhos conhecidos, continuaram tão ou mais desenvoltos que antes, conspurcando de alto a baixo a política nacional e elevando os interesses particulares muito acima dos interesses globais da sociedade. Não podendo ser diferente no campo educacional, pode-se dizer que a situação nesta área prescindiu uma transformação mais radical. No entanto, não podemos negar certas conquistas na educação básica. Citamos como exemplo, o fato da Constituição de 1988 garantir o direito ao ensino fundamental para todos os cidadãos, de forma gratuita e obrigatória, independentemente da idade. Lembre-se que, antes de 1988, o Estado previa apenas o ensino de 1.º grau, obrigatório e gratuito, para os alunos na faixa dos 07 aos 14 anos. Podemos citar também a conquista dos 200 dias letivos e a preocupação com a valorização do AULA 41 2 magistério e a qualidade do ensino, mesmo que, estes últimos, ainda não ultrapassem de fato os fundamentos legais. Tais conquistas encontram-se na recente LDB promulgada em 20 de dezembro de 1996. Quanto à LDB/96 temos a dizer que muitas entidades participaram, propondo soluções, como é o caso da ANDES (Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior). Infelizmente, as soluções propostas não foram levadas a sério e o projeto de lei inicial ficou bastante distorcido. Mais uma vez, não podemos esquecer que as soluções conciliatórias foram as vencedoras. É o caso do ensino público X particular e também do ensino laico X religioso. O primeiro será livre à iniciativa privada e o último será facultativo apenas para os alunos. A tendência à privatização da educação se mantém, especialmente a partir da implantação das políticas neoliberais na educação, pois um dos princípios básicos do neoliberalismo é a tese do Estado-Mínimo. Vale lembrar que a política neoliberal releva-se como perspectiva internacional cada dia mais difícil de ser combatida pelos meios sindicais. AULA 42 3 42. NOVA REPÚBLICA: HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL https://pt.slideshare.net/IsabelAguiar1/histriadaeducaonobrasil-110711143108phpapp01-24745134 Com o final da Era Vargas é criada uma nova Constituição Federal que, quanto à educação, colocou a obrigação de todos os brasileiros cursarem pelo menos o ensino primário, retomando as ideias propostas pelo Manifesto da educação Nova da década de 1930. Também delimitou como competência do governo federal a regulamentação de todo o processo educacional brasileiro. Em 1946 é elaborado um anteprojeto de lei propondo uma reforma geral na educação nacional, que somente foi aprovado 13 anos depois, surgindo, assim, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) organizando, de maneira efetiva, todo o sistema de educação no país. Em 1950, na cidade de Salvador, o educador Anísio Teixeira inaugura o Centro Popular de Educação (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando início a sua ideia de escola-classe e escola-parque. AULA 42 4 Em 1952, no município de Fortaleza, o educador Lauro de Oliveira Lima inicia uma didática educacional com base nas teorias científicas de Jean Piaget e do seu Método Psicogenético; em 1953 a educação passa a ser administrada por um Ministério próprio: o Ministério da Educação e Cultura. Em 1961 tem início uma campanha de alfabetização, cuja didática, criada pelo pernambucano Paulo Freire, tinha o propósito de alfabetizar em 40 horas os adultos analfabetos em grande quantidade no Brasil; em 1962 é criado o Conselho Federal de Educação, que ficou no lugar do Conselho Nacional de Educação e os Conselhos Estaduais de Educação e, ainda no ano de 1962 é criado o Plano Nacional de Educação e o Programa Nacional de Alfabetização, pelo Ministério da Educação e Cultura, inspirado no Método Paulo Freire. 5 43. UMA NOVA TENDÊNCIA: A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA https://pt.slideshare.net/appfoz/tendncias-pedagogicas-parte-i Na fase republicana o positivismo passa a influenciar de forma mais marcante a educação nacional, era a forma de tentar implantar e difundir tais ideias através da educação escolarizada, já que, politicamente, tal corrente de pensamento sofre um declínio de influência a partir de 1890. No que tange a expansão do ensino superior, tinha‐se de um lado a necessidade de atendimento a uma demanda social, e de outro a limitação dessa expansão para que a “eficácia” técnica, política e social fossem preservadas neste nível de ensino. Assim, os governos republicanos insistiam na defesa do fim do monopólio estatal sobre o ensino superior e do fim da exigência do diploma para o exercício profissional. Essas questões foram muito debatidas e tornaram‐se uma luta política, tendo como doutrina o Positivismo, que repudiava a dominação da Igreja em relação ao Estado, AULA 43 6 pois neste pensamento o homem é considerado o centro do processo. Dessa forma a ciência se coloca como grande explicadora da realidade. Como resultado dessas lutas travadas e das reformas educacionais realizadas no período, houve a desoficialização do ensino visando a sua expansão. O que de fato não ocorreu foi a proposta de não obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional. Nos anos 20, ocorreram uma série de reformas no âmbito educacional, reformas estas que preconizavam, dentre outras medidas, a implantação de uma “escola primária integral”. Quanto aos outros níveis de ensino, não se propagaram muitas ideias que alteravam as instituições do primeiro período republicano. Um dos objetivos colocados em questão para o ensino de grau médio seria o desenvolvimento do espírito científico, a organização envolvendo múltiplos tipos de cursos e integrado com o primário e superior. Diante dessa situação, muitos educadores se posicionaram de forma crítica em relação à teoria vigente, e no decorrer dos anos 70 tomaram posicionamento contrário à educação que estava posta, tendo como apoio teórico a concepção crítico‐ reprodutivista. Além disso, é importante frisar que o projeto pedagógico de Paulo Freire também vem ao encontro da superação dessas teorias, assim é necessário citar minimamente suas ideias considerando que se contrapunham as correntes pedagógicas existentes até então, mesmo que seu pensamento se diferencie em grande medida da teoria histórico‐ crítica. Mais especificamente, é no ano de 1979 que a discussão em torno da concepção histórico‐crítica começa a tomar um rumo mais coletivo, ou seja, a preocupação em abordar dialeticamente a educação” deixa de ter um esforço individual e isolado por uma “expressão coletiva. Podemos afirmar que, a partir daí, aqueles que se preocupavam com a educação e que lutavam por uma teoria crítica da educação começaram a contribuir para com essa Pedagogia, que se tornou como coloca seu próprio autor, uma construção coletiva. Muitos estudos em torno da Pedagogia histórico‐crítica vêm sendo realizados desde então, acerca de seus pressupostos filosóficos, teóricos e práticos com o intuito de contribuir para a organização dessa teoria pedagógica objetivando que a mesma tenha a possibilidade de se efetivar de forma consistente dentro da escola. 7 44. A TEORIA PEDAGÓGICA HISTÓRICO‐CRÍTICA https://pt.slideshare.net/gens/o-papel-do-professor-nas-diferentes-concepes-de-escola-e-educao-escolarPodemos afirmar que a teoria pedagógica histórico‐crítica, desenvolvida por Dermeval Saviani, emergiu no contexto de abertura democrática do Brasil após anos represado pela Ditadura Militar. Essa corrente pedagógica apresentava a tentativa de compreender os limites colocados pela educação vigente, e, além disso, visava superar as teorias existentes até então. Ao abordarmos a Pedagogia histórico‐crítica, estamos tratando de uma proposta pedagógica que tem como compromisso a transformação da sociedade e não sua manutenção. Esta possui como concepção o materialismo histórico, assim compreende a história com base no desenvolvimento material. De início o nome pensado para a nova corrente pedagógica Pedagogia histórico‐ crítica era pedagogia dialética, porém esta denominação apresentava diversas conotações, pois existem diferentes visões relacionadas a este termo. Assim, a terminologia histórico‐crítica seria um sinônimo de pedagogia dialética, e considerada algo desconhecido que despertaria o interesse dos ouvintes. AULA 44 8 Desse modo, ela se colocou como uma pedagogia contra‐hegemônica e revolucionária, que visava à transformação social por meio da socialização do conhecimento sistematizado, ou seja, a apropriação do conhecimento produzido historicamente pela humanidade. Saviani (2003) parte do princípio de que o trabalho educativo é o ato que produz no indivíduo a humanidade que é produzida coletivamente pelos homens. Dessa forma, pode‐se afirmar que o homem não se faz homem sozinho, para isto ele necessita do trabalho educativo, portanto a escola deve ser o local de apropriação do saber sistematizado, ou seja, um saber elaborado e não espontâneo. 45. EDUCAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 http://slideplayer.com.br/slide/291821/ Diz o artigo 205 da Constituição Federal de 1988: " A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho". Do artigo, podemos chegar a alguns conceitos básicos da educação na Constituição: AULA 45 9 A educação é um direito de todos; A educação é dever do Estado A educação é dever da família A educação deve ser fomentada pela sociedade Os objetivos gerais da educação podemos ser também deduzidos partir da leitura do referido artigo: O pleno desenvolvimento da pessoa O preparo da pessoa para o exercício da cidadania A qualificação da pessoa para o trabalho Comecemos por entender o alcance da educação como direito de todos. A educação é a prerrogativa que todas as pessoas possuem de exigir do Estado a prática educativa. Como direito de todos, a educação, pois, traduz muito da exigência que todo cidadão pode fazer em seu favor. A educação como direito de todos aparece, pela primeira vez, na Constituição de 1934. O artigo 149 da Constituição de 1934 assim se pronuncia sobre a educação: " A educação é direito de todos e deve ser ministrada pela família e pelos poderes públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e a estrangeiros domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores da vida moral e econômica da Nação, e desenvolver num espírito brasileiro a consciência da solidariedade humana". O fato novo, na Constituição Federal de 1988, é a colaboração da família, através da promoção e do incentivo, no processo educativo. O termo colaboração indica o reconhecimento por parte do Estado da enorme tarefa que cabe à sociedade, especialmente a civil organizada, na formação dos educandos. Nada impede, portanto, que a sociedade civil organizada, representada por associações comunitárias, entidades religiosas e organizações não-governamentais, possa, em conjunto com o Estado, realizar o trabalho em comum de educar as pessoas. No entanto, uma pergunta pode advir: a educação, como direito de todos e dever do Estado e da família, refere-se unicamente à formação escolar, que se dá nas instituições de ensino? 10 46. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL http://slideplayer.com.br/slide/3672039/ A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, mencionada pela primeira vez na história da educação do País, pela Constituição de 1934, tem por objetivo possibilitar aos sistemas de ensino a aplicação dos princípios educacionais constantes da Constituição Federal. A LDB é, portanto, uma lei que rege os Sistemas de Ensino e sempre que uma nova Constituição é promulgada e redefine as bases da educação nacional, faz-se necessário a elaboração de uma nova LDB. Com a promulgação da Constituição de 1988, tornaram-se obsoletas as leis de diretrizes e bases anteriores (1961; 1968; 1971), pois as demandas de formação e escolaridade da população são diferentes. A partir desse fato, no mesmo ano de 1988, houve amplo e longo processo de debate em torno das prioridades educacionais a constarem em Lei, que acabou resultando na LDB 9394/96, promulgada pelo presidente da República em dezembro de 1996. A LDB de 1996, ainda que tenha suscitado muita polêmica, pela primeira vez na história da educação do Brasil, é uma lei de fundo democrático, revelando as contradições e interesses de diversas parcelas da sociedade civil. Baseada no AULA 46 11 princípio do direito universal à educação para todos, a LDB de 1996 trouxe avanços com relação à lei anterior, alguns dos quais estão elencados abaixo: Assunção do conceito de educação básica que integra educação infantil, educação fundamental e ensino médio, propiciando a organização de um sistema de educação nacional abrangente e universalizado, isto é, capaz de garantir a plena escolaridade para toda a população do país; Aumento do número mínimo de dias letivos, implicando maior tempo de permanência na escola, fato que permite a melhoria do atendimento pedagógico de qualidade; Flexibilização da forma de organização do tempo, reclassificação dos alunos, definição do calendário, critérios de promoção e ordenação curricular Inclusão da educação infantil, em creches e pré-escolas, como primeira etapa da educação básica, consequência do direito da criança pequena à educação e não apenas direito da mulher trabalhadora; Valorização do Ensino profissional e técnico, enfatizando a necessidade de uma maior articulação entre estudos teóricos e práticos; Revalorização da formação do Magistério 12 47. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E A LEI 9.394/96 http://slideplayer.com.br/slide/3672039/ Em benefício da educação, a Constituição Federal, promulgada em 1988, no inciso III do artigo 206, estabelece como princípio da educação escolar o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e a coexistência de instituições públicas e privadas de ensino. Este mesmo princípio de ensino foi reproduzido e desdobrado em incisos próprios, o III e o V do artigo 2º, na Lei 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, a chamada LDB. É importante entendermos, desde logo, que o princípio de coexistência do público e do privado assegura ao poder público, como prescreve o artigo 19 da LDB, a competência de criar ou incorporar instituições de ensino para atender as demandas sociais por um ensino público, obrigatório e gratuito. É o referido princípio que autoriza, de outra sorte, pessoas físicas ou jurídicas de direito privado a abrirem escolas em qualquer Estado ou município da Federação, ou em um distrito, localidade ou rua de qualquer cidade brasileira. AULA 47 13 Se cogitarmos investimentos sociais, sem a participação das escolas privadas, o governo deveria acrescer ao seu orçamento público, pelo menos, R$ 20 bilhões de aplicação dos recursos públicos no setor educacional. Numa palavra, podemos afirmarque, sem a coexistência de escolas públicas e privadas, sem o ensino livre à iniciativa privada, o Brasil seria mais centralizado, menos federativo, menos democrático; por sua vez, a educação seria menos social, posto que é através deste princípio de ensino que as IE’s, no Estado democrático de Direito, superam a contradição capitalista entre o público e o privado. 48. ESCOLAS LUCRATIVAS E NÃO-LUCRATIVAS http://slideplayer.com.br/slide/88517/ No século XXI, a privatização do ensino é uma questão obsoleta. A coexistência institucional, enfim, permite que os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e municípios) busquem a alta qualidade de ensino da educação pública e incentivem a expansão da educação privada. AULA 48 14 As escolas públicas e as privadas têm, na vida social, uma busca em comum: o bem público. Sem os valores sociais do trabalho e da iniciativa privada, não poderíamos afirmar, a rigor, que o Brasil se constitui em Estado democrático de Direito (inciso IV, Art. 1º, CF). A Constituição Federal de 1988 prescreve, conforme podemos observar à luz dos artigos 205, 209 e 213, dois gêneros de escolas: as públicas e as privadas. É estabelecido pela Constituição que as escolas privadas se subdividem em duas espécies: as lucrativas e as não-lucrativas. O artigo 209 da Constituição Federal prescreve, por seu turno, que o ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as condições de cumprimento das normas gerais da educação nacional (inciso I) e autorização e avaliação de qualidade pelo poder público (inciso II). No tocante ao financiamento da educação nacional, os recursos públicos podem ser dirigidos, conforme preceitua o artigo 213 da Constituição Federal, a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas que comprovem finalidade não-lucrativa, apliquem seus excedentes financeiros em educação (inciso I) e assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional – ou ao poder público, no caso de encerramento de suas atividades (inciso II). No plano da legislação ordinária, o artigo 20 da LDB, que categoriza as chamadas instituições privadas de ensino, entende que as particulares são definidas, em sentido estrito, como as escolas instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características das demais escolas privadas, isto é, comunitárias, confessionais e filantrópicas. São entendidas como confessionais, segundo a LDB, no inciso III do referido artigo, as escolas instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas. As escolas filantrópicas são regidas por lei própria. As escolas comunitárias, a partir da Lei 11.183, que dá uma nova redação ao inciso II do caput do art. 20 da Lei nº 9.396, são consideradas as instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de pais, professores e alunos, que incluam em sua entidade mantenedora representantes da comunidade. Como, então, esta estruturação legal das redes pública e privada repercutirá na oferta da educação básica? 15 O artigo 21 da LDB determina que a educação escolar compõe-se de dois estágios educacionais: o primeiro, o da educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio (inciso I); e o segundo, o da educação superior (inciso II). Faz-se necessário, por isso, observarmos como se comportam, na educação básica, as duas redes de ensino, a partir dos ditames legais da educação básica. De acordo com os dados preliminares do Censo Escolar 2005, realizado pelo MEC/Inep, temos, em nível de Brasil, em todas as modalidades de educação básica, 55.764.359 alunos matriculados. Deste universo, 48.745.170 alunos encontram-se na rede pública de ensino, o equivalente a 87,41%. Vale destacar que só a rede municipal de ensino público concentra 45,30% das matrículas da educação básica. A rede privada de ensino, com 7.019.189 alunos na educação básica, abarca 12,59% das matrículas, o que, aparentemente, é uma participação pequena, mas qualitativamente expressiva, se considerarmos que as categorias administrativas (federal, estadual e municipal) são concorrentes, ou seja, no Brasil, não há ainda uma rede única de ensino público. A porcentagem de alunos matriculados em todas as modalidades da educação básica, na rede privada, varia entre 4,70% e 58,23%, dependendo do nível de ensino. 16 49. QUANTIDADE E QUALIDADE NO SERVIÇO EDUCACIONAIS http://slideplayer.com.br/slide/1253906/ O princípio da coexistência de instituições públicas e privadas de ensino é, a rigor, bem diferente da ideia de independência extrema ou absoluta dessas mesmas instituições, o que não quer dizer que não possam concorrer na oferta de educação escolar. Uma nova “equação” para a educação, vista como direito social de todos e dever do Estado, da Família e da Sociedade como um todo, é – ou deveria ser – a seguinte: Educação Escolar = escolas públicas X escolas privadas. Se as escolas públicas zeram, no produto final, o fracasso repercute também negativamente no setor privado, porque o público e o privado pertencem à mesma sociedade. Da mesma forma, se as escolas privadas zeram ou fecham suas portas, há comprometimento social: menos vagas para os profissionais de ensino e menos opção para as famílias, em se tratando de serviço educacional. Isso só será óbvio quando a sociedade política, e não apenas a civil, vir, no setor privado, um segmento com fins sociais ou públicos. Vamos analisar agora o público e o privado a partir do Censo Escolar 2002, com dados já consolidados pelo MEC. AULA 49 17 · Educação infantil – A LDB concebe a educação infantil como um nível que acolhe as creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; e a pré-escola, para as crianças de quatro a cinco anos de idade. Tomando como referência o Censo Escolar 2002, observamos que, naquele ano, estavam matriculadas em creches, na rede privada de ensino, 435.204 crianças, ou seja, 37,76% das matrículas, em todo o país. Com relação às matrículas na pré- escola, a rede privada contava, em 2002, com 1.270.953 crianças matriculadas, o equivalente a 25,53% das matrículas nessa área. Na pré-escola, que contava, em 2002, com 259.203 professores, as redes pública e privada detinham, respectivamente, 66,63% e 33,37% das funções docentes, mas apenas 27,40% dos professores possuíam curso superior completo. O que se pode notar é que o nível de formação dos docentes que atuam em creches ou pré-escolas é majoritariamente médio completo, o que não significa, claro, má qualidade de ensino; mas não é, também, um nível de formação desejado para a educação de crianças de zero a cinco anos de idade. · Ensino fundamental – A participação da rede privada de ensino, segundo o Censo Escolar 2002, chegou a 9,20% do número de matrículas no ensino fundamental regular. Em números absolutos, a rede privada contava com 3.234.777, de um total que chegava a 35.150.362 estudantes matriculados na segunda etapa da educação básica. A partir daí, podemos observar o peso que o sistema público de ensino tem na cobertura de matrículas no ensino fundamental: são 31.915.585 alunos matriculados nas escolas públicas, o equivalente a 90,80% das matrículas nesse nível de ensino. Os municípios e os Estados, com predominância dos primeiros, são, na verdade, os grandes concentradores de matrículas. Juntos, chegam a 31.889.167 estudantes inscritos no ensino fundamental, perfazendo, assim, 90,72% das matrículas. Se tomarmos como parâmetro de qualidade os resultados do Saeb em 2001, observaremos as seguintes condições de oferta deste nível de ensino nasescolas públicas e privadas: (a) A rede pública apresentava, naquele ano, 98% de estudantes com desempenho muito crítico em língua portuguesa (leitura) e matemática na 4ª série do ensino fundamental. Para se ter uma ideia da gravidade de um estágio crítico de desempenho em leitura, isto equivale a dizer que os estudantes não foram alfabetizados adequadamente. Considerando a matemática, isto significa que eles 18 não identificam uma operação de soma ou subtração envolvida no problema ou não sabem o significado geométrico de figuras simples; e (b) as escolas privadas possuíam o nível de desempenho adequado de 43,5% contra 30,0% da rede municipal e 25,9% da rede estadual de ensino. · Ensino médio – Com 8.710.584 matrículas neste nível de ensino, o Censo Escolar 2002 apontava a rede privada de ensino como a detentora de 1.122.900 matrículas, o equivalente a 12,89%, com cobertura maior do que a das escolas públicas federais e municipais que, respectivamente, têm 0,9% e 2,41% das matrículas neste nível de ensino, mas quantitativamente aquém das 7.297.179 matrículas na rede estadual de ensino, que, naquele ano, era responsável por 83,77% das matrículas no ensino médio, especialmente na área urbana. Claramente, observamos que as desigualdades sociais se refletem nas diferenças educacionais, o que compromete o princípio de equidade de uma sociedade dita plural e democrática. · Educação especial – A LDB consagrou, nos seus artigos 58 a 60, para a educação especial, importante modalidade para atender ao inciso III do artigo 208 da Constituição Federal e ao artigo 4º da LDB, que retirou a expressão “portadores de deficiência”, que aparece na versão federal de 1988, e a atualizou, registrando “educando com necessidades especiais”. No Censo Escolar 2002, de um total de 337.897 matrículas de alunos portadores de necessidades educacionais especiais, a rede privada de ensino detém 203.293 alunos, ou seja, sua cobertura chega a 60,16% das matrículas. A participação das redes federal e municipal de ensino, juntas, chega a apenas 22,95%. Em se tratando de escola inclusiva, as escolas privadas garantiram a oferta da educação especial para pais com filhos com necessidades educacionais de ordem visual, auditiva, física, mental, múltipla, bem como àqueles com altas habilidades e superdotados e aos portadores de condutas típicas. Através da oferta da educação especial, os sistemas de ensino, orientados pelo artigo 59 da LDB, estão atentos a currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, e buscam professores especializados nessa modalidade, para atender, com equidade, às necessidades dos alunos especiais. 19 50. O LEGADO EDUCACIONAL AO LONGO DO SECULO XX: ABORDAGEM HISTÓRICA. https://brunopina1983.blogspot.com.br/2016/07/olimpiada-rio-200016-sem-legado.html A educação no Brasil é organiza em fases históricas, se constituindo em: a) Educação pública religiosa (Séc. 16 e 17); b) Educação pública Estatal (Séc. 18); c) Educação pública Nacional (Séc. 19); Educação pública Democrática (Séc. 20 aos nossos dias). Quanto aos sentidos atribuídos ao “longo” séc. XX Savini apresenta duas concepções distintas, mas que produzem efeitos ao pensar afinal o que foi o Séc. XX seja em aspectos políticos, históricos e econômicos. A primeira é de Hobsbawm, em que o Séc. XX resulta como “’breve” século de apenas três momentos específicos: a) era das catástrofes; b) era do ouro; c) a era do desmoronamento. Já, ao contrário das transformações fundantes, instauras no/pelo Séc. XIX, sendo que este teve três grandes momentos: a) a era das revoluções, a era do capital e a era dos impérios. AULA 50 20 Na tentativa de periodizar a educação brasileira, Saviani aponta para o parâmetro político, que em nossa história sempre fora de cunho econômico, mesmo que isso soe como determinista. Este, por sua vez, dividido em três: a) Colonial; b) Imperial; c) República. Assim, respectivamente, no primeiro o Brasil se constitui como país agrário exportador dependente; no segundo nacional desenvolvimentista de industrialização (substituição à importação); e no terceiro com a internacionalização do mercado interno. Destarte, retomando a nossa história, é com a chegada dos jesuítas que (1549 a 1759) se instaura “a história” da educação brasileira, em que esses funcionários do Estado de Portugal, são fundamentais na propagação missionário do catolicismo, como forma de “civilizar” os indígenas e propagar seu poder sob a colônia. Com a vinda de Marquês de Pombal (que expulsa os jesuítas), se reconfiguram as reformas pombalinas (1759-1827) com aulas régias e se ensaia a instituição da escola pública Estatal. Inspiração nas ideias iluministas se fortalece o sentido de laicidade de Estado, pelo menos em termos de regulamentação. Contudo, era de responsabilidade dos professores as condições materiais (aulas em suas próprias casas e recursos pedagógicos próprios). No decorrer histórico, com a independência política do Brasil (1822), o Ato Adicional de 1834 (responsabilidade da educação primária às províncias), se propicia consolidar o Advento da República, como forma do poder público assumir integralmente as escolas. De tal modo, com a organização paulista dos grupos escolares, estes serviram de modelo e orientação a todo país (história da escola pública propriamente dita). Em 1930, após a Revolução de 30, cria-se o Ministério da Educação e Saúde Pública, sendo aí que a educação passou a ser reconhecida como de responsabilidade nacional. Um ponto importante aqui é a formação de professores, que até então, dava-se em Escolas de Cursos Normais (pois, o próprio enfoque era a demanda do ensino primário), que com a necessidade de formação para o ensino secundário, sentiu-se a necessidade de criação da Faculdade de Educação, Ciências e Letras (funções culturais, mas eminentemente utilitário e prático). Contextualizando esse período, os tempos de efervescência política e cultural que o país passa, desde o Manifesto dos Pioneiros (a favor da Escola Nova) e as implicações no âmbito de inovações pedagógicas; a Constituição de 34 e a criação do Plano Nacional de Educação (PNE); as leis orgânicas de ensino prevista na Reforma Capanema; o Estado Novo de Getúlio Vargas e a Constituição de 1946, que 21 determinou à criação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 4024/61), só efetivada em 1961. Esta, sob o comando do golpe civil militar de 1964 (interesses empresariais em alta) sofre alterações (Lei 5692/71) com a profissionalização compulsória do ensino médio (readaptação tecnicista), que já em 1972 abandona o sentido compulsório. Um legado interessante da política desse período foi a institucionalização e implantação dos programas de pós-graduação, que é claro, na época, estava contundentemente ligada a racionalidade e produtividade do capital humano. Com o fim da ditadura militar (aproximadamente 1985), o país em consonância ao seu processo de redemocratização, em 1988 cria a nova Constituição (até nossos dias), tendo a Democracia do Estado Democrático, como princípio elementar. No campo educacional, cria-se a LDB 9394/96, que tem na sua configuração a gestão educacional e escolar democráticas. ATIVIDADES DE FIXAÇÃO Questão 01 De acordo com a Constituição Federal, art. 208, NÃO se pode afirmar que: “o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de...” a) oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando. b) progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio. c) ensino fundamental, obrigatório e gratuito, excluindo os que não tiveram acesso na idade própria. d) acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um.Questão 02 A Constituição Federal de 1988, em seu art. 210, explicita que serão fixados _____________ para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna do enunciado. a) conteúdos mínimos b) conteúdos gerais 22 c) conteúdos máximos d) programas específicos e) planos curriculares. Questão 03 A Constituição Federal de 1988 traz grandes conquistas no campo educativo e, por meio das Emendas Constitucionais, outras conquistas foram, paulatinamente, sendo asseguradas. Assim, ao definir o dever do Estado para com a educação e as responsabilidades dos entes federados determina que a) os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. b) a educação básica é obrigatória e gratuita dos 6 (seis) aos 14 (quatorze) anos de idade. c) a educação infantil deve ser oferecida, em creche e pré-escola, às crianças de até 7 (sete) anos de idade. d) a progressiva universalização do ensino superior gratuito seja garantida a todos os cidadãos. e) o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência deve existir preferencialmente em escolas especiais. Questão 04 A Constituição Federal brasileira, em seu Art. 208, expressa que a educação básica é obrigatória e gratuita para pessoas com a idade de a) 1 a 15 anos. b) 1 a 16 anos. c) 2 a 16 anos. d) 3 a 17 anos. e) 4 a 17 anos Questão 05 Leia o texto a seguir e assinale a alternativa que contém as palavras que completam, correta e respectivamente, suas lacunas. 23 A Constituição Federal estabelece a educação como um direito de todos e dever do Estado e da __________, sendo promovida e incentivada com a colaboração ____________. Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas. a) família ... da igreja b) família ... da sociedade c) igreja ... da sociedade d) igreja ... das empresas e) sociedade ... das ONGs Questão 06 A Constituição Federal de 1988 estabelece que a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Nesse sentido, segundo o artigo 208, é correto afirmar que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de a) educação básica obrigatória e gratuita dos 6 (seis) aos 14 (quatorze) anos de idade. b) educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças de até 6 (seis) anos de idade. c) vaga em escola mais próxima de sua residência a toda criança, a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade. d) educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade. e) atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente em escolas especiais. Questão 07 A aluna especial Nicole, de 6 anos, não conseguiu vaga em um colégio de Palmase agora passa o dia em casa. A menina tem Síndrome de Down e foi impedida de ficar na sala de aula porque não havia um profissional especializado. [...] A mãe dela, Poliana Pereira Lemes, conta que a menina estava ansiosa para recomeçar as aulas, só que logo no primeiro dia elas foram surpreendidas com a má notícia. 24 “A matrícula da minha filha foi feita normalmente. O nome dela estava na lista dos alunos, mas quando ela foi entrar na sala, a professora disse que não podia recebê- la porque não tinha nenhuma pessoa para acompanhá-la. Ela disse que foram fechadas 28 salas de recursos em Palmas, então não poderia atendê-la”, explica. Ao comentar com um colega a situação relatada no fragmento da notícia, um professor de educação física afirma que, de acordo com o previsto na Constituição Federal de 88, a escola a) agiu de maneira correta por não ter um profissional com formação e experiência adequadas para atendera criança. b) deveria propor à mãe contratar, por sua conta, um profissional que pudesse dar suporte à criança na escola. c) deveria orientar a mãe a procurar por uma escola especial que pudesse atender a criança em suas necessidades. d) deixou de cumprir o princípio constitucional que garante igualdade de condições para acesso e permanência na escola. e) deveria ter um espaço no qual a criança pudesse ficar brincando, durante o seu período de aulas.
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