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Larissa Murici Sousa @medcomlari PATOLOGIA DOS OSSOS E PARTES MOLES - 20/06/21 ANATOMIA ÓSSEA ● O osso pode ser classificado de acordo com o seu formato. ○ Osso longo: epífises, diáfise e, entre essas duas, a metáfise. Na diáfise, a porção mais externa é a cortical, onde as trabéculas são mais compactas, formando cilindros ósseos. A porção mais central é a cavidade medular, onde as trabéculas estão mais separadas, formando um emaranhado em que fica a medula óssea. ● O osso é importante para a locomoção, ajuda a dar sustentação, ajuda no formato, auxilia na função de órgãos vitais e é um reservatório de vários íons. ● Composição: ○ Elementos orgânicos: ■ Proteínas: fibras colágenas do tipo I e IV, substância fundamental amorfa e outras proteínas. ■ Células: osteoprogenitoras, osteoblastos, osteócitos e osteoclastos. ○ Elementos inorgânicos (matriz inorgânica): íons → cálcio, fósforo, sódio, magnésio, potássio, citrato, bicarbonato. ● Histofisiologia óssea (observar imagem abaixo) ○ Na porção mais central, trabécula óssea. O tecido ao redor é o mesênquima. ○ Mesênquima: tem as células osteoprogenitoras (formato estrelado), que dão origem aos osteoblastos. ○ Osteoblastos: cél mononucleadas na superfície da trabécula ou da matriz óssea. Produzem a matriz óssea = produzem as proteínas que formam a matriz óssea. Com o tempo, são englobados pela matriz, dando origem ao osteócito. ○ Osteócito: completamente dentro da matriz óssea. Capta os estímulos mecânicos do movimento, por ex, e os transforma em sinais químicos, para que seja produzida a matriz. Ainda, ajuda na regulação dos íons dentro do microambiente ósseo. ○ Outro destino para o osteoblasto depois que para de produzir matriz → continuar na superfície da trabécula, na forma de um osteoblasto mais achatado, chamado de osteoblasto de superfície ou osteoblasto quiescente. Larissa Murici Sousa @medcomlari ○ Osteoclasto: cél gigante multinucleada na superfície da matriz ou da trabécula óssea. É derivado do monócito ou da cél formadora de colônia do monócito/macrófago. Reabsorção óssea = digere matriz. ○ Matriz óssea mais periférica está amarelada, pois é recém formada, ainda não foi mineralizada, composta apenas de proteínas = chamamos ela de osteoide. A matriz óssea já mineralizada, com íons, é chamada de matriz óssea madura, representada pela coloração mais escura. Aqui, o tecido mais claro mostra o mesênquima. A seta pontilhada mostra uma cél osteoprogenitora. A área mais arroxeada é a área de matriz óssea. Retângulo: matriz óssea madura = proteínas e íons fixados a essas proteínas. Círculo cheio: osteoblasto → é mais globoso, logo, é produtor de matriz; Círculo pontilhado: é um osteoblasto mais achatado, chamado de quiescente ou de superfície. Seta cheia: osteócito. Retângulo pontilhado: osteoclasto. Célula gigante, multinucleada. Entre o osteoclasto e a matriz óssea, há uma lacuna, uma depressão, marcada com estrelinhas → Lacuna de Howship, onde o osteoclasto joga suas enzimas para que a matriz óssea seja digerida. Larissa Murici Sousa @medcomlari Região clara: mesênquima. Seta pontilhada mostra cél osteoprogenitora. Área mais arroxeada = matriz óssea. Retângulo cheio: matriz (proteínas e íons). Cél cheia: osteócito. Círculo cheio: osteoblasto ativo. Formato globoso. Círculo pontilhado: osteoblasto de superfície. Retângulo pontilhado: osteoclasto → apenas com um núcleo? é por causa do nível do corte. Estrelas: lacuna de Howship. REMODELAGEM ÓSSEA ● O que determina a massa esquelética é o equilíbrio ou o desequilíbrio entre formação e a digestão ósseas. ○ Fase de crescimento: predomina a formação do osso → modelagem. ○ Esqueleto maduro: constante degradação e renovação do osso → remodelagem. Na porção mais inferior, temos a matriz óssea. De roxo, matriz óssea madura (com íons). De rosa, a matriz óssea recém formada (osteoide, sem íons). Dentro da matriz, vemos os osteócitos. Ainda, vemos os osteoblastos ativos (laranja), os osteoblastos quiescentes (verde), os osteoclastos (azuis, grandes) e as cél osteoprogenitoras (alongadas, azuis). Frente a determinados fatores mecânicos ou estímulos hormonais/de citocinas, ou então a falta desses estímulos, os osteoblastos de superfície expressam fatores que estimulam a atividade dos osteoclastos. Esse osteoclasto faz reabsorção óssea, ou seja, digere osso → libera os produtos → íons e aminoácidos → esses produtos entram em contato com fatores de crescimento produzidos no microambiente ósseo → isso estimula as células osteoprogenitoras a se diferenciarem em osteoblastos ativos, que produzem matriz óssea, fechando o ciclo. Logo, constantemente, há degradação e renovação de osso. Porém, a partir de uma determinada idade, esse ciclo não ocorre tão perfeitamente, podendo haver um déficit na produção da matriz, seja porque está sendo produzida pouca matriz, seja porque a reabsorção está aumentada → a partir da quarta década de vida, há uma queda na massa óssea do indivíduo de 0,7% a cada ano (em média) → ao longo dos anos, há um processo de osteopenia e, em algumas pessoas, pode haver evolução para osteoporose. ● Reabsorção óssea ○ O precursor do osteoclasto ainda não está pronto para realizar sua função. Ele expressa na sua superfície uma molécula chamada de RANK. Larissa Murici Sousa @medcomlari ○ O osteoblasto de superfície, por sua vez, expressa o RANK-L, mas outras células também podem expressar o RANK-L, como células da medula óssea. ○ Quando RANK e RANK-L se ligam, o osteoclasto amadurece e fica pronto para exercer a reabsorção óssea. Mas essa reabsorção precisa ser regulada e quem faz essa regulação é a OPG. ○ OPG: produzida pelo osteoblasto de superfície. Se liga ao RANK-L também → OPG e RANK competem pela ligação com o RANK-L, o que barra, controla a reabsorção óssea. ○ A proporção entre OPG, RANK e RANK-L determina a reabsorção óssea. E o que determina a proporção dessas substâncias são os estímulos mecânicos (ou a falta deles), os hormônios (PTH, estrógeno…) e algumas citocinas. OSTEOPOROSE ● Aumento da porosidade do esqueleto resultante da redução da massa óssea, gerando ossos mais frágeis e vulneráveis a fraturas. Ocorre redução da resistência óssea devido à redução da massa óssea e de alterações estruturais na arquitetura das trabéculas. ○ Pode ser localizada (ex. paciente que fraturou o membro e ficou imobilizado por um tempo) ou generalizada ● Epidemiologia: ○ Deformidade do esqueleto com maior incidência mundial; ○ Idosos, mulheres (cerca de ⅓ das mulheres na pós menopausa apresentam); ■ Mulheres brancas, asiáticas, magras e sedentárias ● Brancas: fatores genéticos, ex. tipo de receptor de vit D ● Magras: menos tec adiposo periférico → menor produção de estrógeno após a menopausa. Estrógeno é essencial para a manutenção da massa óssea. ● Sedentarismo: o movimento mantém o tecido ósseo ativo, produtor de matriz. ○ Fraturas → consequência principal. A localização depende do tipo de osteoporose. ■ Pós menopausa: ossos esponjosos, como as vértebras. → mulher queixa de redução do tamanho ■ Osteoporose senil: acomete ossos com muito osso compacto, como o fêmur (fratura mais grave, letalidade alta e 50% dos pcts que sobrevivem podem ficar incapacitados > escaras, TEP, etc). ● Categorias: ○ Primária (pós-menopausa- tipo I; senil- tipo II) Larissa Murici Sousa @medcomlari ○ Secundária: relação com alguma doença de base. Ex. distúrbios endócrinos (hiperparatireoidismo), doenças reumatológicas (artrite reumatoide), neoplasias (mieloma múltiplo) e uso de drogas (corticoides). ● Etiopatogenia (primária) Atividade física: manutenção do osso ativo, produzindo matriz óssea. Na pós menopausa, há redução acentuada do estrogênio sérico → produção de determinadas citocinas → aumento da expressão de RANK e RANK-L → estimula a osteoclastogênese, a maturação dos osteoclastos → reabsorção óssea aumentada. Osteoporose associada a um excesso de reabsorção óssea. Envelhecimento → menor atv das células osteoprogenitoras → redução dos osteoblastos ativos +osteoblastos têm sua atv reduzida → redução da produção de matriz. Ainda, redução da atv dos fatores de crescimento → menor estímulo para a conversão de células osteoprogenitoras em osteoblastos ativos → menos matriz. Ainda, pode haver redução da atv física → menor estímulo à produção de matriz óssea. Osteoporose por redução da produção de matriz óssea. Lembrar que antes de chegar na osteoporose, ocorre osteopenia. ● Sintomatologia ○ Dor: microfraturas que vão ocorrendo gradualmente nos ossos ○ Redução da altura e deformidades, principalmente nas mulheres pós menopausa: acomete as vértebras, que vão sofrendo várias pequenas fraturas, ficando cada vez mais achatadas. ● Diagnóstico ○ História e exame clínico ○ Densitometria óssea: escore T (número de desvio-padrão em relação a indivíduos jovens) ■ Avalia a massa óssea e compara com os indivíduos jovens ■ O score T é o mais usado na osTeoporose ■ Até 1 desvio: normal. ■ Entre 1 e 2,5: osteopenia (baixa densidade óssea). ■ Abaixo de 2,5: osteoporose. Se houver fraturas, é considerado osteoporose grave. ○ Avaliação laboratorial: ex. função renal e hepática, níveis séricos de íons, dosagem de FA, vit D, dosagem hormonal, etc. ● Complicações ○ Fraturas: podemos usar raio-X simples ○ Acamados: possibilidade de escaras, infecções, TEP ● Macroscopia (não usamos no diagnóstico, nem a micro) ○ Imagem mais à ESQ: elipse mostra o corpo vertebral normal e a seta mostra o disco IV. ○ Elipse preta: área de fratura associada à osteoporose. Nessa imagem, também vemos que a espessura da vértebra está menor. ○ Figura da direita: osteoporose grave. Elipse mostra dois discos IV em contato, separados por pequeno quant de tecido ósseo (seta pontilhada). Larissa Murici Sousa @medcomlari Obs. é mto difícil ver a porosidade aumentada porque as trabéculas se ajustam. ● Microscopia: ○ Redução da espessura das trabéculas ósseas, que ficam mais distantes umas das outras. A medula tem um espaço muito maior para ocupar. Alargamento do espaço medular (porque há menos trabéculas ósseas). A seta aponta para trabéculas muito finas e que perderam as suas interconexões. Aumento do espaço medular. Larissa Murici Sousa @medcomlari RAQUITISMO E OSTEOMALÁCIA ● Resultam da mineralização deficiente da cartilagem de crescimento e da matriz óssea. ○ Criança: isso ocorre na cartilagem e matriz → chamamos de raquitismo. ○ Adulto: ocorre apenas na matriz → osteomalácia. ● Etiopatogenia ○ Carência de vit D ■ Pouco sol ■ Alimentação deficiente ■ Esteatorreia ○ Carência de vit D ativa → cálcio não é absorvido no intestino → deficiência de cálcio → deficiência na mineralização do osso e, na criança, da cartilagem de crescimento. ○ Deficiência de FA, uma enzima necessária para fixar o cálcio no osso. ○ Assim, tudo isso → excesso de matriz óssea não calcificada e feixes osteoides largos e extensos. A matriz osteoide é produzida, as proteínas são produzidas, mas não ocorre calcificação. Raquitismo com deformação em MMII. Crianças que já andaram → pressão grande no joelho (matriz osteoide é deformável) → deformidade no joelho. Crianças que ainda não andaram → ficam muito deitadas → deformidades na cabeça → aspecto de cabeça quadrada. HIPERPARATIREOIDISMO ● Tipos ○ Primário: ■ Tumores da paratireoide ou hiperplasia primária. O mais comum é um adenoma da paratireoide. ■ Mulheres >50 anos (pós menopausa) ■ Maioria assintomática no momento do diagnóstico: antigamente, era descoberto quando já dava sintomas. Como atualmente fazemos muitos exames, descobre-se a hipercalcemia nos exames de triagem antes de ocorrerem sintomas. ○ Secundário (hipocalcemia) ■ Ex. insuficiência renal crônica (mais clássico) → dificuldade de excretar fosfato, secretando cálcio no lugar. Ainda, não há ativação adequada da vit D, prejudicando a absorção de cálcio no intestino → hipocalcemia crônica → ativação osteoclástica aumentada com reabsorção óssea acentuada. ● Em casos mais acentuados, o pct pode desenvolver o tumor marrom ou castanho. Devido ao excesso de atv osteoclástica, o osso é reabsorvido em grande qt, levando a pequenas fraturas e hemorragias dentro do osso → aspecto tumoral, mas não é uma neoplasia verdadeira, pois não foi causada por uma mutação celular, é um processo reacional ao excesso de reabsorção óssea. ○ Quando o hiperparatireoidismo é tratado, a lesão pode regredir. Larissa Murici Sousa @medcomlari ○ Lesão volumosa, bem delimitada, ovalada, amarronzada (por causa das áreas de hemorragia que vão sendo absorvidas) e com pequenos cistos. ○ Raio-X: lesão lítica ou osteolítica, volumosa e mais escura do que o osso adjacente. ○ Microscopia: várias células gigantes osteoclásticas, áreas de fibrose e canais vasculares. OSTEOMIELITES ● Inflamação da medula e do tecido ósseo esponjoso e compacto que pode ou não se estender a tecidos vizinhos ● Osteomielite piogênica é mais importante → 80-90% dos casos por S. aureus ○ Crianças e adolescentes; geralmente nos ossos longos ○ Via hematogênica (mais comum), contiguidade de foco infeccioso ou via direta ■ Crianças: Lesões de mucosas, ex. lesão da mucosa oral por mastigação de alimento duro ou por pequenas infecções de pele ou defecação dolorosa que lesa a mucosa intestinal → bacteremia. ■ Adultos: Complicações de fraturas abertas, complicação de proc. cirúrgico, infecção de pé diabético, etc. ○ Patogenia: Geralmente, começa na metáfise do osso → mais vascularizada e vasos mais tortuosos (fluxo mais lento, bactéria se instala mais facilmente) → vasculite e trombose dos vasos → necrose e destruição do tecido esponjoso e da cortical do osso → pode se disseminar para a diáfise e para o periósteo, podendo causar abscesso e até perfuração do periósteo, gerando drenagem para a pele. Pode acometer cartilagens epifisárias e articulações. ○ Clínica: febre, calafrios, mal-estar e leucocitose, sinais e sintomas locais (dor, vermelhidão e aumento de volume da área afetada) ○ Propedêutica: raio-x (lesão osteolítica associada à osteomielite); hemocultura (nem sempre positiva); biópsia e cultura de tecido ósseo (mais definitivos). Larissa Murici Sousa @medcomlari A: Lesão osteolítica. B: material de aspecto purulento no osso. C: osteomielite aguda. Necrose de trabéculas ou segmentos ósseos → a porção necrótica se separa do osso vivo por ação dos osteoclastos, dando origem a uma estrutura que chamamos de sequestro ósseo → pode ser reabsorvido ou eliminado através de fístulas, ou pode ser envolvido por um osso novo (invólucro, constituindo sequestro encarcerado, como na figura) → o problema do sequestro encarcerado é que isso dificulta a cura, pois abriga microrganismos em canalículos e cavidades remanescentes, os quais não conseguem ser atingidos facilmente por ATB. - Invólucro é o osso novo ao redor da área de necrose, constituído de esclerose. A seta aponta a área de sequestro ósseo, com material necrótico. Ao redor, mtas células inflamatórias, predominantemente polimorfonucleares. ● Complicações: ○ Artrite purulenta, se a lesão atingir a cavidade articular. ○ Fístulas osteocutâneas ○ Deformidades, encurtamentos, principalmente quando atinge cartilagem epifisária ○ Fraturas patológicas, pois o osso inflamado fica mais vulnerável a fraturas Larissa Murici Sousa @medcomlari ○ Carcinoma cutâneo, pois a área de inflamação crônica na pele pode ser fator de risco para um carcinoma de células escamosas ○ Outras Resposta: B. Hipercalcemia assintomática percebida em exames de triagem. ---
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