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MARCELA DE CASTRO E CASTRO – HM 7 MENINGITES e punção lombar GERMES Os principais germes e suas respectivas faixas etárias são: 1. RN: germes do canal do parto (Streptoccocus B, E. coli, Listeria) 2. 1 mês – 20 anos: Neisseria meningitidis, S pneumoniae, H. influenza 3. >= 20 anos -> S. pneumoniae, Neisseria 4. Idoso ou Imunocomprometido -> S. pneumoniae e Listeria E após procedimentos: 1. Após neurocirurgia: S. aureus ou epidermidis, Gram (–) (pseudomonas) 2. Após TCE: S. pneumoniae 3. Após punção lombar: S. aureus e P. aeruginosa FISIOPATOLOGIA Invasão de germes no SNC (principalmente pela boca) -> atinge o espaço subaracnóideo -> Inflamação -> Edema -> HIPERTENSÃO INTRACRANIANA CLÍNICA 1. Febre - FAGET 2. Cefaleia 3. Rigidez de nuca (demonstração da irritação meníngea) 4. Confusão mental 5. Hipertensão intracraniana (TRÍADE DE CUSHING: HA, bradicardia, bradipneia) 6. Hiponatremia (ativação do ADH) 7. Crise convulsiva (irritação do córtex cerebral) EXAME FÍSICO Sinal de Kernig: paciente em decúbito dorsal e estende as pernas, paciente refere dor OU levanta o tronco dele e o paciente se recolhe pela dor. Sinal de Brudzinski: o sinal clássico. Paciente em decúbito dorsal e eleva o polo cefálico, tentando encostar o mento no esterno e há a flexão simultânea dos joelhos. Sinal de Lásegue: aqui na suspeita de meningite é feito da mesma forma, MAS na meningite o paciente refere dor nos dois lados, enquanto na dor lombar, apenas de um lado. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de meningite vai ser baseado no exame físico com os sinais ditos anteriormente e associado aos exames laboratoriais, os quais pode-se solicitar hemocultura, análise do LCR, hemograma etc. PUNÇÃO LOMBAR 1. INDICAÇÕES • Indicado para métodos diagnósticos e terapêuticos, lembrando que algumas anestesias, como a epidural, utiliza a mesma técnica. • Alguns diagnósticos auxiliados pela análise do líquor são: meningite, encefalite, esclerose múltipla, leucemia e doenças metabólicas. • Ela também é indicada para administração de quimioterápicos e medicações intratecais. 2. CONTRAINDICAÇÕES • Comprometimento cardiovascular, devido a posição que o paciente adota durante o procedimento (somente por isso mesmo, então é bem relativo); • Hipertensão intracraniana ou sinais neurológicos focais; • Papiledema (não é sinal neurológico focal! É difuso); • Herniação de tecidos nervosos; • Pacientes com terapia anticoagulante ou com coagulopatia; MARCELA DE CASTRO E CASTRO – HM 7 • Paciente com intervenção na coluna, aqui pode chamar um radiologista intervencionista para auxiliar. OBS: Ter cuidado antes de realizar a punção no paciente com a hipertensão intracraniana, porque a punção pode reduzir a pressão de forma súbita e gerar herniação dos tecidos nervoso e gerar consequências catastróficas. E você pode tentar afastar a hipertensão IC com uma TC. Lembrando também de observar a clínica: paciente comatoso, com rebaixamento do nível de consciência, com vômitos em jato, tríade de Cushing etc. 3. MATERIAIS o EPI o Produtos de antissepsia o Campo estéril o Agulha espinhal com mandril (20 a 22 gauge) O comprimento dela vai depender da idade do seu paciente: Bebês: 3.8cm | Crianças: 6.3cm | Adultos: 8.9cm o Tubo para coleta do líquor o Raquimanômetro (se necessário) 4. POSICIONAMENTO Antes de começar qualquer coisa, você deve informar ao paciente o procedimento com seus riscos e benefícios, além de obter seu consentimento ou de seus responsáveis. A posição pode ser: Sentado A coluna deve estar perpendicular ao leito. Decúbito lateral (preferida) Instruir o paciente a assumir posição fetal, o que aumenta o espaço intervertebral, estando a coluna paralela ao leito, pois isso facilita a agulha a permanecer na linha média. A partir disso, uma linha imaginária é traçada pelas bordas superiores das cristas ilíacas, interceptando no ponto médio o processo espinhoso de L4. Identificado L4, insere-se a agulha no espaço intervertebral entre L3 e L4 ou L4 e L5 (ou seja, abaixou ou acima de L4), já que essas duas porções intervertebrais estão abaixo da medula espinhal. Depois que você posicionou, traçou a linha imaginária e identificou L4, marque os pontos anatômicos antes da anestesia (pois ela pode prejudicar a identificação deles). É interessante que marque com uma caneta o ponto de inserção da agulha. 5. PROCEDIMENTO 1) Identifique os pontos anatômicos. 2) Inicie realizando a degermação do paciente com clorexidina em movimentos circulares de dentro para fora (a antissepsia é feita DUAS vezes! Uma com luva de procedimento e outra com luvas estéreis e pinça). MARCELA DE CASTRO E CASTRO – HM 7 3) Isole a área do corpo com o campo estéril 4) Como o procedimento é dolorido e gera ansiedade, faça anestesia! Pode ser aplicado um creme anestésico antes da preparação da pele ou após o preparo pode ser administrado anestésico por via subcutânea. 5) Com a agulha da punção, insira-a em inclinação cefálica e com bisel lateralizado (no paciente sentado), pois assim reduz o dano nos tecidos e o extravasamento do LCR, porque vai apenas afastar as fibras do saco dural e não o rasgar. A agulha passa por pele, tecido subcutâneo, ligamento supraespinhal, ligamento interespinhoso, ligamento amarelo, espaço peridural, dura-máter e espaço subaracnóideo. 6) Quando se atravessa o ligamento amarelo vai sentindo uma resistência e um pop-in, a partir daí deve se empurrar a agulha aos poucos, parando e removendo o mandril para ver se há fluxo do LCR. 7) Quando se atinge o espaço subaracnóideo e retira o mandril, o LCR começa a fluir. 6. DESAFIOS Pacientes obesos, pois dificultam os marcos anatômicos. E isso também acontece em pacientes com doenças que alteram a anatomia como artroses, espondilite anquilosante, doença degenerativa discal ou até pacientes que já realizaram cirurgias na coluna. 7. COMPLICAÇÕES o Herniação o Dor referida o Cefaleia o Infecção o Sangramento o Vazamento de líquor ANÁLISE DO LÍQUOR LÍQUOR NORMAL Pressão: 10-25 mmHg Células: até 5 cél/mm3 Proteínas: < 45mg/dL Glicose: > 45 mg/dL Aspecto: límpido e incolor LÍQUOR ALTERADO • Meningite bacteriana Células: > 5 cél/mm3 (Pleocitose neutrofílica) Proteínas: > 45mg/dL (em geral, está muito aumentada, > 250 mg/dL) Glicose: < 45 mg/dL (além do consumo bacteriano, a difusão de glicose para SNC está prejudicada, caindo muito a glicose! Pode chegar a 10, 5, 0 mg/dL etc.) Aspecto: Turvo (devido a quantidade de leucócitos) Lactato: é anormal >20 (mas quando é >35 é indicativo de meningite bacteriana) • Meningite viral Células: > 5 cél/mm3 (aqui o aumento é as custas de linfócitos!) Proteínas: > 45mg/dL (aqui eleva-se também, mas não tanto quanto é bacteriana) Glicose: > 45 mg/dL (em alguns casos pode haver diminuição sim, mas em geral é normal.) Aspecto: límpido e incolor Além disso, deve-se mandar o líquor para fazer cultura e baterioscopia, essa norteia o tratamento, pois nela se descobre se é Gram + ou -: Diplococos GRAM -: Meningococos Diplococos GRAM +: Pneumococos Cocobacilos GRAM -: Haemófilos Bacilos GRAM +: Listeria TRATAMENTO Inicia-se com antibioticoterapia empírica, pois já se conhece empiricamente quais os principais germes em determinadas idades (disse lá em cima) 1. RN: Cefotaxima (cefalosporina de 3° geração) (cobrir G- e S. b) + Ampicilna (cobrir a listeria) 2. Até 55 anos: Ceftriaxona (Cefalosporina de 4° geração) (Meningococo, S. b) + Vancomicina (pneumococo) 3. > 55 anos ou comorbidades: Ceftriaxona + vancomicina + ampicilina (cobrir a listeria!) 4. Hospitalar ou pós-cirúrgico:Ceftazidima (cobrir gram – dos hospitais) + vancomicina (cobrir staphylo. Aureus) MARCELA DE CASTRO E CASTRO – HM 7 E o corticoide? Fazer 20min antes ou concomitante ao início do tratamento, mas só para HAEMOPHILUS E PNEUMOCOCO, pois eles geram + inflamação, + edema. QUIMIOPROFILAXIA 1. Doença meningocócica: Todos os contatos. o Rifampicina 600mg/ 12/12h por 2 dias 2. Por Haemophilus: todos os contatos desde que haja criança com menos de 5 anos além do caso índice e não vacinada ou imunodeprimido. o Rifampicina 600mg/dia 4 dias
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