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ecologia nos documentos da Igreja católica

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FACULDADE CATÓLICA DE FEIRA DE SANTANA
BACHARELADO EM TEOLOGIA
LUCAS SANTOS CERQUEIRA
Docente: Prof. Dr. Pe. João Eudes
ECOLOGIA NOS DOCUMENTOS DA IGREJA CATÓLICA
O artigo “ecologia nos documentos da Igreja católica”, de autoria de Ludovico Garmus, buscou acentuar o tema da ecologia dos pronunciamentos dos Papas e do Vaticano e a outros documentos pontifícios, aos pronunciamentos e documentos mais importantes do Episcopado Brasileiro e aos documentos oficiais do Episcopado Latino-americano.
O tema da ecologia não era uma problemática presente entre as discussões dos padres conciliares durante o Concílio Vaticano II, ocorrido entre os anos de 1962 e 1965. Todavia, houve alguns acenos indiretos na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, que traz em si uma grande novidade, pois no decorrer dos concílios é precisamente uma constituição pastoral. Isto é, apoiada em princípios doutrinários tem a intenção de expor a relação da Igreja com o mundo e os homens de hoje. 
O documento está divido em duas partes, que se complementam. “Na primeira parte busca desenvolver e expor sua doutrina sobre o homem, sobre o mundo, no qual o mesmo está inserido e as suas relações” (nota 1). Na segunda, apresenta os princípios da fé, a luz do Evangelho e desvela as questões e os problemas de nosso tempo e alguns aspectos da vida de hoje e da sociedade hodierna, ou seja, fala da ciência e da cultura, do casamento e da família, da ordem social, trabalhista, econômica, de paz e de guerra.
Recorda ainda a constituição, que o ser humano foi criado à imagem de Deus (n. 12 e n. 34), “constituído senhor de todas as coisas terrenas, para que as dominasse e usasse, glorificando a Deus” (cf. Gn 1,26; Sb 2,23; Eclo 17,3-10), e que Deus fez boas todas as coisas (Gn 1,31). A atividade humana, contudo, foi corrompida pelo pecado (n. 37). Outro ponto forte do documento é a distribuição universal dos bens, “Deus destinou a terra, com tudo que ela contém, para o uso de todos os homens e povos, de tal modo que os bens criados devem bastar a todos, com equidade, sob as regras da justiça, inseparável da caridade” (GS 69).
No pontificado de Paulo VI também não faltaram sinais de sua preocupação relacionada à ecologia. Já na Populorum Progressio, o Pontífice alertava a humanidade acerca do cuidado e compromisso com o meio ambiente ao afirmar que “temos obrigações para com todos, e não podemos desinteressar-nos dos que virão depois de nós” (n. 17). Além disso, em suas cartas às Nações Unidas, manifestou o vínculo inseparável entre o homem e ambiente em que ele vive, e alertou sobre os riscos da exploração desordenada da riqueza natural.
O Papa Paulo VI apresenta São Francisco de Assis como exemplo para a relação do ser humano com a natureza e aponta as grandes Ordens contemplativas como modelo de harmonia interior, alcançada mediante uma comunhão nos ritmos e nas leis da natureza. Em sua Carta Apostólica Octogésima adveniens, o Papa, ao escrever sobre as ameaças ecológicas, alerta que “o cristão deve voltar-se para estas percepções novas para assumir a responsabilidade, juntamente com os outros homens”.
O pontificado de João Paulo II também foi marcado por grandes apelos ao cuidado com o meio ambiente. O Papa manifestou sua preocupação com a exploração da terra e do planeta e alertou que o Criador colocou o homem como senhor e guarda, e não como desfrutador e destruidor da criação (cf. Redemptor hominis, n. 15). Os dons da natureza devem, portanto, ser usados e cuidados com respeito e amor, para que sejam transmitidos em boas condições para as futuras gerações.
O próprio Vaticano também se pronunciou em outros momentos, como por exemplo, durante a 21ª Congregação geral do Sínodo dos bispos (1971), na qual, o Presidente deu a palavra a Bárbara Ward, membro da Comissão “Justiça e Paz” e assistente do Secretário para o tema da justiça no mundo, que fez uma alocução referente ao problema da utilização dos recursos naturais. Destarte, O Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, no documento A importância da publicidade, fala sobre a “Ética na publicidade”, que desemboca no problema ecológico, bem como O Cardeal Rodriguez Maradiaga, presidente da Caritas Internacional, no discurso aos embaixadores europeus, ao falar do tema “A economia global no caminho de Damasco”.
O tema da ecologia no Brasil é tratado de maneira especial através da Campanha da Fraternidade, que nasceu durante o Concílio Vaticano II. A sua realização demonstra uma grande preocupação com o despertar do ser humano para os seus problemas existenciais. Nesse sentido, o objetivo da Campanha da Fraternidade é promover uma reflexão sobre temas importantes para a vida do ser humano, com o intuito de mudar o seu agir e o modo de pensar, através do princípio do cuidado, diante de algumas realidades que são necessárias para o bom relacionamento e sobrevivência de cada um. O objetivo principal do estudo é identificar a abordagem sobre a questão do meio ambiente nos textos-base das Campanhas da Fraternidade da Igreja Católica do Brasil, à luz da Doutrina Social da mesma.
A ecologia também esteve presente em Medellín (1968), Puebla (1979) e Santo Domingo (1992). Medellín significou para a América Latina (AL) a recepção do Concílio Vaticano II, buscou refletir o tema a partir do Concílio. Já Puebla pode ser considerada a recepção das linhas básicas da evangelização na AL delineadas em Medellín. Em seu documento os Bispos latinos americanos abordam várias vezes a questão da ecologia, principalmente no tocante a relação e ao uso. Santo Domingo olha para o tema da ecologia como um dom de Deus, que deve ser preservado e cuidado. 
O tema da ecologia também esteve presente no Documento de Aparecida, ele aparece a partir de diversos ângulos. Primeiro ao se tratar da questão econômica, o documento propõe um desenvolvimento que seja solidário. Um segundo ponto foi a sustentabilidade a partir da distribuição universal dos bens. A ecologia e a proteção da natureza são vistas como um dos novos areópagos da evangelização (n. 491). “Devemos promover a geração de uma ‘cultura da paz’, que seja fruto de um desenvolvimento sustentável, equitativo e respeitoso da criação” (n. 542).
Em suma, tendo perpassado de maneira superficial sobre os principais documentos e pronunciamentos referentes ao tema, é perceptível a intrínseca relação e, ao mesmo tempo, preocupação com a questão ecológica. Dessa maneira, a Igreja ressalta que caminha junto a sociedade, para que de fato aconteça um desenvolvimento sustentável e que a vida seja sempre valorizada. A Igreja, a partir do DA compreende a ecologia, a natureza como algo sagrado e precioso, pois é um dom de Deus. 
REFERÊNCIA 
GARMUS, Ludovico. Ecologia nos Documentos da Igreja Católica. Disponível em< https://www.servicioskoinonia.org/relat/402.htm> Acesso em: 9 de novembro de 2021.

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