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1 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 A propedêutica/semiologia médica é a parte da medicina relacionada ao estudo dos sinais e sintomas das doenças humanas. É a arte de extrair do paciente dados e elementos que lhe permitam emitir, com segurança, um diagnóstico e um prognóstico a fim de subsidiar um tratamento a ser instituído. Anamnese Conceito: consiste na história clínica do paciente, não necessariamente linear, ou seja, é o conjunto de informações obtidas pelo médico por meio de entrevista previamente esquematizada. A anamnese é uma entrevista realizada pelo profissional de saúde com seu paciente, tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença (busca relembrar todos os fatos que se relacionam com o problema do paciente); leva à hipótese diagnóstica em cerca de 80% das vezes. Envolve saber ter postura frente ao paciente, ter conduta de como se posicionar/questionar, como olhar para o paciente, como tocar o paciente. É individual e intransferível! O exame físico complementa, certifica e melhora a anamnese. Possui técnicas que devem ser aplicadas, aproveitando ao máximo o tempo de atendimento, para conduzir diagnóstico seguro e condução adequada para o tratamento. Antes do contato com paciente é necessária apresentação e postura, precisamos aprender a detectar emoções escutando o paciente – paralinguagem (perceber no paciente certas posturas que dizem algo), precisamos estabelecer uma relação terapêutica, ter empatia com o paciente (imaginar o que ele sente e se colocar no lugar dele). Todo ser humano experimenta reações emocionais que contrariam o projeto de homem ou de mulher que tinham se proposto – é importante reconhecer e entender por que algo incomoda o paciente. TRABALHO MÉDICO • Diagnosticar a doença; • Propor tratamento; • Estimar o prognóstico; • Instituir medidas preventivas. HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS 1. Sinais e sintomas (anamnese); 2. Exame físico; 3. Exames complementares. OBJETIVOS • Entender o problema do paciente – 60% até 80% dos diagnósticos são definidos na anamnese; • Construir relação de confiança entre médico e paciente. ENTREVISTA MÉDICA MAL-CONDUZIDA • Resulta em diagnóstico errado, riscos inadequados e consequentemente, tratamento inadequado; • Não pode ser corrigida com a solicitação de exames complementares; • Desvaloriza o trabalho médico; • Tem custo físico e psicológico. EMPATIA É diferente de simpatia, é a capacidade de se colocar no lugar do outro e poder demonstrar que estamos Propedeutica ^ 2 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 solidários, que estamos entendendo o que ele está passando. POSTURA DIANTE DO PACIENTE Precisamos nos portar de forma positiva, mostrando que estamos ali para ajudar; temos que ficar de frente para o paciente, junto a ele (de pé ou sentado). Posturas que criam negatividade: ficar sentado em cadeira mais elevada do que a do paciente (se colocando em posição de superioridade, impedindo questionamento do paciente), ficar de braços cruzados e com o rosto fechado. Pedimos licença ao paciente e se apresentar, cumprimentar o paciente, preparar o ambiente, mostrar-se interessado e disponível., chamar o paciente de forma educada (sr, sra, se for mais jovem – tu, não chamar de “vó, vô”, “mãezinha”). Não devemos menosprezar os acompanhantes, técnicas: esvaziamento da interferência, ponte, pacto de intervenção, criar outros ambientes. COMPONENTES • Identificação; • Queixa principal; • História da doença atual; • Revisão de sistemas/sintomas; • História médica pregressa; • História familiar; • Perfil psicossocial. Sistema Respiratório Vias aéreas • Superiores: o Fossas nasais; o Nasofaringe; o Orofaringe; o laringe • Inferiores: o Traqueia; o Brônquios; o Pulmões. REVISÃO DE FUNDAMENTOS Anatomia: • 7 primeiras costeas → articulam-se com o esterno; • 8ª à 10ª costelas → articulam-se com as cartilagens costais acima delas; • 11ª e 12ª costelas → flutuantes → sem fixação anterior. Obs: • 11ª costela → palpada na face lateral do tórax; • 12ª costela → palpada na região posterior do tórax. Marcos anatômicos de importância clínica: • 2º EI → inserção de agulha em pneumotórax hipertensivo; • 4º EI → inserção de dreno torácico; • Entre 7º e 8º EI → toracocentese. ESPAÇOS INTERCOSTAIS – ANTERIOR Colocar o dedo e ir baixando: 1. Incisura supraesternal; 2. Ângulo do esterno; 3. Lateralizar = 2ª costela - adjacente ao ângulo. E vai descendo contando os espaços intercostais. Dicas: se usar 2 dedos vai ter maior sensibilidade e 3 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 em pacientes com mamas grandes pode pedir para paciente lateralizar a mama para facilitar a ausculta. Aplicação clínica: O 2º espaço intercostal é onde se coloca o dreno ESPAÇOS INTERCOSTAIS – POSTERIOR A. 12ª costela (inferior e contar); B. 7ª costela/EIC = extremidade inferior da escápula. • Baixo → Cima: palpar a 12ª costela e subir contando os espaços intercostais; • Cima → Baixo: começar palpação no processo espinhoso proeminente (C7) ou na extremidade inferior da escápula (7º espaço intercostal). Aplicação clínica: Posição padrão da toracocentese é entre o 7º e o 8º espaço intercostal lateralmente e posteriormente. CIRCUNFERÊNCIA DO TÓRAX • Região Anterior: o Linha medioesternal: traçada no meio do esterno; o Linha hemiclavicular: traçada na metade da clavícula; • Região Lateral: o Linha axilar anterior: traçada a partir da prega axilar anterior (extremidade lateral da clavícula); o Linha axilar média: traçada a partir do ápice da axila; o Linha axilar posterior: linha traçada a partir da prega axilar posterior; o Lobo médio só se escuta na região lateral e anterior do paciente e parte mais anterior de lobo inferior e mais posterior de lobo superior são melhores auscultados; • Região Posterior: o Linha escapular: linha traçada a partir do ângulo inferior da escapula; o Linha vertebral: linha traçada sobre a coluna vertebral. 4 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 LOCALIZAÇÕES COMUNS DO TÓRAX • Supraclavicular; • Infraclavicular • Interescapular; • Infraescapular; • Bases pulmonares; • Campos pulmonares médio, superior e inferior. Aplicação clínica: PULMÕES • Ápice: de 2 a 4 cm acima da clavícula; • Base Pulmonar: o Anterior - até a 6ª costela na linha hemiclavicular e até 8ª costela na linha axilar média; o Posterior - até o processo espinhoso de T10; • Pulmão Direito: o 3 lobos → superior, médio e inferior; o Fissura Oblíqua (6ª costela na linha hemiclavicular → processo espinhoso de T3); o Fissura Horizontal (anterior → 4ª costela); • Pulmão Esquerdo: o 2 lobos → superior e inferior; o Fissura Oblíqua. Lobos e fissuras • Anterior: • Lateral: TRAQUEIA, BRÔNQUIOS E PLEURA Traqueia e brônquios: • Sons respiratórios sobre a traqueia e brônquios → mais rudes que os auscultados nos pulmões; • Bifurcação da Traqueia; o Anterior: a nível do ângulo esternal; o Posterior: a nível de T3 ou T4; • Brônquio Principal Direito: + largo, curto e verticalizado → pulmão direito é mais acometido por pneumonias por aspiração. Pleura: • Pleura Visceral: recobre os pulmões → sem inervação sensitiva; • Pleura Parietal: reveste cavidade torácica → com inervação sensitiva (N. Frênico e N. Intercostais); • Espaço Pleural: virtual → líquido seroso → permite o movimento dos pulmões na respiração. Aplicação clínica: 5 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Paciente apresenta derrame pleural (murmúrio vesicular diminuído na metade inferior do tórax esquerdo). TÉCNICAS DE EXAME INSPEÇÃO • Posição: o Paciente sentado → região posterior; o Paciente em decúbito dorsal → região anterior; o Mulheres → cobrir mama com bata/lençol → conforto do paciente (preservar ele); • Simetria e forma do tórax: o Tórax em Barril/Tonel → pacientecom DPOC; o Tórax Escavado (pectus excavatum) → alteração congênita; o Tórax Carenado (pectus carinatum) → alteração congênita, levemente anteriorizado; o Tórax Instável → inversão do movimento durante a inspiração, ocorre em paciente politraumatizado; • Respiração: o Frequência respiratória (normal) → entre 14 e 20 rpm (pode estar bradipneico ou taquipneico); o Não avisar o paciente → respiração involuntária; o Ritmo (regular ou irregular); o Profundidade (superficial ou profunda); o Esforço respiratório → eupneico, dispneico, uso de musculatura acessória; • Sons – ronco ou barulho respiratório; • Posição da traqueia: o Desvio lateral ocorre no pneumotórax, no derrame pleural ou na atelectasia; • Cianose → central (lábios) ou periférica (mãos e pés). PALPAÇÃO • Identificar regiões dolorosas e avaliar alterações visíveis; • Avaliar grau de expansão torácica: o Posicionar as mãos na base dos pulmões → inspiração profunda → observar amplitude e simetria do movimento respiratório. Afastamento geralmente é de 2cm de um polegar do outro; • Frêmito Toracovocal: o Vibrações palpáveis produzidas pela voz do paciente → “trinta e três”; o Posicionamento da palma da mão ou sua superfície ulnar sobre o tórax do paciente; o ↓ frêmito: barreira interpondo a voz do paciente → espessamento da parede, obstrução brônquica, ar (DPOC e pneumotórax), líquido (derrama pleural), sólido (tumores, atelectasia); 6 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 o ↑ frêmito: pneumonias; o + intenso: interescapular e lado direito; o Locais: comparar o mesmo ponto de um lado e de outro. PERCUSSÃO • Determinar se tecidos subjacentes estão cheios de ar, líquido ou se são sólidos; • Penetra apenas 5-7cm de profundidade no tórax; • Dedo médio esquerdo apoiado sobre o tórax do paciente (quem for destro) → dedo médio direito percute com a ponta da região interfalangiana distal do dedo médio esquerdo; • Simetria → percutir o mesmo ponto de cada lado do tórax e comparar; 2-3 vezes; • Resultados: o Normal → pulmão ressonante (som claro pulmonar); o Maciço → barreira líquida ou sólida → pneumonia, tumor, derrame pleural; o Hiperressonante (timpânico)→ conteúdo gasoso aumentado → pneumotórax, blebes, asma; • Locais: Evitar escápula (braços cruzados). Se exame precisar ser feito na região, todas as técnicas podem ser reproduzidas. AUSCULTA • Auscultar as mesmas regiões de percussão durante um ciclo completo em cada local que posicionar o estetoscópio (inspiração + expiração) → ideal: paciente respirar pela boca; • Preferência: auscultar diretamente sobre a pele (sem roupa); o Homens com muitos pelos → pressionar e umedecer; • Sons da respiração normal: o Murmúrio Vesicular: abaixo do braço, mais longo na inspiração do que na expiração → suave e grave; o Traqueal: sobre a traqueia → inspiração = expiração → sons fortes e ruidosos; o Brônquico: região brônquica (2º espaço intercostal lateral) → sons menos intensos; o Broncovesicular: bifurcação → sons mais baixos e curtos; • Paciente deve realizar uma respiração profunda, boca aberta; 7 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Localização: mesmo padrão da percussão. Ruídos Adventícios: • Descrição: quantidade, momento de ocorrência no ciclo, localização, persistência após tossir ou alterar de posição; • Estertores: o Sons intermitentes (descontínuos) auscultados em alguma fase do ciclo; o Finos (Crepitantes) → mais suaves e agudos (roçar de cabelos perto da orelha); Ø Problemas nos alvéolos → espessado ou danificado → fibrose pulmonar ou doenças pulmonares intersticiais; Ø Mais audível na metade final da inspiração e nas bases pulmonares; Ø Podem variar com a posição do paciente; o Grossos (Bolhosos) → sons mais graves; Ø Produzidos pela presença de muco nas vias aéreas → DPOC, asma, bronquiectasia, pneumonia; Ø Mais audíveis no início da inspiração e ao longo da expiração; Ø Não variam com a posição do paciente, mas variam com a tosse; • Sibilo: o Sons contínuos → produzidos pelo estreitamento de via aérea; o Persiste com a tosse; o Localizado → corpo estranho, tampão mucoso, tumor; o Difuso → asma, DPOC; • Ronco: o Mais baixo e grave → presença de muco na via aérea; o Diminui com a tosse; o Diferente do Estertor Grosso: som contínuo → inspiração = expiração; • Estridor; o Som musical contínuo de alta frequência; o Maior a intensidade à medida que sobe em direção ao pescoço; o Melhor auscultado: pescoço, inspiração; o Na base pulmonar → semelhante ao Sibilo; • Sopro Tubário: o Som mais brando que o estridor e mais longo na expiração; o Consolidação densa de todo o lobo pulmonar; o Pneumonias bacterianas. DESCRIÇÃO DOS RUÍDOS • Quantidade (poucos, muitos); • Momento de ocorrência; • Localização; • Persistência (após tossir, após alguns ciclos) DICAS • Se alterações: pedir para tossir e auscultar área próxima para determinar extensão; • Pelos podem produzir ruídos crepitantes e confundir a ausculta: pressionar bem esteto para evitar; • Cuidar: hiperventilação: tontura – deixar paciente descansar; • Murmúrio diminuído: respiração superficial ou espessamento de parede torácica. REGISTRO Tórax simétrico e com boa expansão, murmúrio vesicular bem distribuído, sem ruídos adventícios, pulmões ressonantes à percussão, frêmito toracovocal presente e simétrico, diafragmas descem 4cm bilateralmente. SINAIS E SINTOMAS COMUNS • Tosse: 8 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 o Resposta reflexa → estímulo de receptores em vias aéreas centrais (maioria em VAS); o Causa: líquido (muco, pus, sangue), poeira, fumaça, inflamação, corpo estranho, ar frio ou quente, compressão da via aérea o Pode ser seca ou produtiva; o Classificação: aguda: até 3 semanas (gripe); Subaguda: 3 – 8 semanas (sinusite); Crônica: mais de 8 semanas (asma, DPOC, bronquiectasia, tuberculose, refluxo); • Escarro: o Mucoide ou purulento; o Consistência (espesso ou fluido), odor, quantidade e presença de sangue (vivo, coagulado, em raias, misturado); • Dispneia → falta de ar; o Durante o repousou ou o esforço, em qual tipo de atividade; o Crise de ansiedade → dificuldade de respirar fundo → dificuldade de puxar o ar → sensação de sufocamento; o Diagnóstico → uso da musculatura acessória (músculos do pescoço e intercostais); • Sibilos → chiado; o Som de estreitamento da via aérea; o Asma, DPOC, corpo estranho, ICC, tumores; • Dor Torácica; o Sintoma muito comum; o Tecido pulmonar → sem fibras álgicas (de dor) → se dói, tem comprometimento da pleura parietal; o Diversas origens: miocárdio, pericárdio, aorta, traqueia e brônquios calibrosos, pleura parietal, parede torácica, esôfago e estruturas extratorácicas (artrite, cólica biliar, gastrite). Semiologia cardiológica Emergência cardiológica adultos convênio no HSL: DOR TORÁCICA NA SALA DE EMERGÊNCIA • Dor precordial é uma queixa frequente nas salas de emergência; • Dificuldade diagnóstica: o 50% dos pacientes sem sintomas clássicos; o ECG e troponina normais podem não excluir o diagnóstico; • Uma necessidade premente: SCA ou não? o 25% dos pacientes apresentam SCA; o 75% causas não cardíacas e não ameaçadoras de vida. A doença aterosclerótica é progressiva e vem sendo construída ao longo de décadas – a partir da 4/5ª década começa a ocorrer uma oclusão mais severa, até que em algum momento, a partir de uma erosão ou ruptura da parede da placa, teremos a exposição do seu núcleo lipídico, vai gerar uma síndrome coronariana aguda. 9 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 ANGINA ESTÁVEL • Localização: o Retroesternal ou precordial; o Irradiação: pescoço mandíbula, epigástrio, ombros, braços (+esquerdo); • Caráter: o Aperto, queimação, peso; o Indigestão; • Duração: de 2 a 10 minutos; • Fatoresagravantes: o Esforço frio, estresse; • Fatores de alívio: • Repouso, nitroglicerina; • Sinais e sintomas: o B4, sopro de disfunção do músculo papilar durante a dor. INFARTO DO MIOCÁRDIO • Localização: o Retroesternal ou precordial; o Irradiação: pescoço mandíbula, epigástrio, ombros, braços (+esquerdo); • Caráter: mais intensa; o Aperto, queimação, peso, costrição; o Indigestão; • Duração: início abrupto com duração de mais de 30 minutos; • Fatores agravantes: esforço, frio, estresse; • Fatores de alívio: não melhora com repouso ou nitroglicerina; • Sinais/sintomas (mais graves): dispneia, sudorese, fraqueza, náusea, vômitos. DIFERENCIAÇÃO COMO ANALISAR UM ECG O ECG deve ser interpretado à luz dos achados clínicos e de uma forma sistemática, abordando sequencialmente cada parâmetro do traçado eletrocardiográfico: 1. Ritmo; 2. Frequência cardíaca; 3. Onda P; 4. Intervalo PR; 5. Complexo QRS. 6. Segmento ST; 7. Onda T; 8. Intervalo QT; 9. Onda U. ECG NORMAL 10 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 LESÃO SUBEPICÁRDICA Segmento ST elevado acima da linha de base. LESÃO SUBENDOCÁRDICA Desnivelamento para baixo da linha de base do segmento ST. AVALIAÇÃO HOSPITALAR DO IAM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL CARDIOLÓGICO • Pericardite; • Angina atípica; • Repolarização precoce; • Wolff-Parkinson-White; • Lesão SNC; • Mioc. Hipertrófica; • HVE com strain; • Miocardite; • Hipercalemia; • B. Ramo; • Angina vasoespástica. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL NÃO CARDIOLÓGICO • Pneumotórax hipertensivo; • Ruptura do esôfago com mediastinite; • Refluxo; • Pleurite; • Pânico; • Dor pancreática ou biliar; • Dissecção de aorta; • Embolia pulmonar; • Úlcera perfurada; • Hérnia de disco; • Somatização. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Síndrome clínica, que se caracteriza por sintomas típicos que podem estar acompanhados por sinais, causados por uma anormalidade cardíaca estrutural e/ou funcional, resultando em débito cardíaco reduzido e/ou pressões intracardíacas elevadas em repouso ou em esforços. ANAMNESE • História clínica; • Sintomas congestivos: o Dispneia – mais significativa na IC aguda. É importante para determinar o prognóstico (NYHA – classe 1, classe 2, classe 3 e classe 4); o Ortopneia; o Dispneia paroxística noturna; o Trepopneia (falta de ar em decúbito lateral esquerdo); o Bendopneia (falta de ar ao se abaixar); o Edema; o Dor/desconforto abdominal; o Anorexia; • Sintomas de baixo débito; o Astenia – Incapacidade de fazer qualquer movimento. Pode ser mais pronunciada que a dispneia em quadros mais crônicos; o Confusão mental (má perfusão cerebral); • História pregressa: procurar história prévia de possíveis patologias causadoras de dano miocárdico (IAM, por exemplo). EXAME FÍSICO • Sinais vitais e aparência; • Taquicardia sinusal em repouso; 11 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Pressão de pulso reduzida (PA sistólica – PA diastólica; • Sudorese; • Vasoconstrição periférica (cianose, palidez); • Avaliação da sobrecarga volêmica; • Congestão pulmonar – crepitantes; • Edema periférico; • Elevação da pressão venosa jugular; • Inspeção/palpação precordial = dilatação ventricular; • Ausculta cardíaca: o Presença de B3: CRITÉRIOS DE FRAMINGHAM MODIFICADOS CONCLUSÃO O diagnóstico de IC é eminentemente clínico, não há diagnóstico de IC sem a suspeita clínica. ANATOMIA DO CORAÇÃO • Base: o Porção mais larga → para trás, para cima e para direita; o Situada no centro do tórax → entre 2ª e 3ª costela; • Ápice (ictus cordis): o Extremidade pontuda → para frente, para baixo e para esquerda; o Único local do coração que entra em contato com a parede torácica; o Entre 4º e 5º espaço intercostal. INSPEÇÃO E PALPAÇÃO Imaginar topografia das estruturas cardiovasculares. DEFORMIDADES TORÁCICAS Podem alterar os focos de ausculta. Adulto normal: • Tórax em barril/tonel: associado com Cor pulmonale, DPOC (bulhas hipofonéticas); • Cifoescoliose torácica e espondilite anquilosante; • Tórax em funil → pectus excavatum. Associado com Marfan, prolapso mitral; 12 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Tórax de pombo (em quilha) → pectus carinatum. LENTIGO Doença Dermatológica que cursa com proliferação de melanócitos, associada com miocardiopatia hipertrófica – alteração de algum segmento do VE, que pode gerar um sopro. HERPES ZOSTER Vírus tem tropismo por nossa inervação. ICTUS CORDIS • Localização: em indivíduo normal geralmente não palpamos o ictus; o Quanto mais polpas sentimos, maior é o coração; o Desvio do ictus para baixo e para a esquerda em dilatações de VE e em casos de pneumotórax D e derrame pleura D; • Extensão → 1-2 polpas digitais; • Intensidade e forma de propulsão; • Mobilidade → comparação dos locais do ictus em diferentes posições; • Ritmo e frequência → ritmo de galope; • Sustentado: sobrecarga de pressão; • Hiperdinâmico: sobrecarga de volume, coração dilatado; • Exemplo: ictus quieto em paciente grave – pode estar com derrame pericárdico. BATIMENTOS OU MOVIMENTOS Visíveis ou palpáveis. • Impulsão sistólica paraesternal esquerda – ISPEE; • Pulsação epigástrica e/ou supraesternal – aneurismas. CHOQUES VALVARES PALPÁVEIS • Produzidos pelo fechamento das valvas; • Retração sistólica → retração do precórdio durante a sístole; • Levantamento em massa do precórdio → hipertrofia do VD; • Pulsação epigástrica → transmissão dos batimentos do VD ou da aorta abdominal; • Pulsação supra-esternal → pulsação do arco aórtico; FRÊMITOS CARDIOVASCULARES • Sensação de tremulação (sentir um sopro) → vibrações no coração ou nos vasos → transmitido ao precórdio e ao pescoço; • Geralmente ocorre quando indivíduos tem doença mais avançadas • Graduação: 1-6 cruzes (+ → ++++++). AUSCULTA • Focos de ausculta: o Foco Mitral → 4º ou 5º espaço intercostal na linha hemiclavicular; o Foco Tricúspide → borda esternal inferior esquerda; o Foco Aórtico → 2º espaço intercostal direito junto ao esterno; 13 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 o Foco Pulmonar → 2º espaço intercostal esquerdo junto ao esterno; • Bulhas: o B1 “tum”: Ø Fechamento das válvulas AV (mitral e tricúspide) → início da sístole; Ø Hiperfonese: exercício, hipertireoidismo, extrassístoles, febre, PR curto; Ø Hipofonese: miocardite, IAM, distúrbios de condução AV, ICC; Ø Variável: fibrilação atrial; o B2 “ta”: Ø Fechamento das válvulas aórtica e pulmonar → final da sístole; Ø Desdobramento fisiológico “tla” → durante a inspiração: válvula pulmonar pode fechar mais tardiamente; Ø Hiperfonese: hipertensão arterial e hipertensão pulmonar; Ø Hipofonese: choque e estenose aórtica grave. PATOLOGIAS SONS DE BAIXA FREQUÊNCIA • B3 “tum ta LAC”; o Fisiológica: crianças e jovens → fase de enchimento rápido após a abertura das valvas AV; o Patológica: falência ventricular → esforço adicional para gerar uma sístole eficiente → galope diastólico → insuficiência cardíaca; • B4 “TUM tum ta”: o Fim da diástole (pré-sístole) → imediatamente antes de B1; o Redução de complacência ventricular → esforço adicional do átrio esquerdo para tentar encher mais o ventrículo esquerdo → característico da hipertensão. SOPROS CARDÍACOS Turbulência do fluxo sanguíneo. • Etiologia: sangue, parede do vaso, câmaras cardíacas ou aparelhos valvares; • Mecanismos: o ↑ velocidade da corrente sanguínea: exercício, anemia, hipertireoidismo e febre; o Diminuição da viscosidade do sangue: anemia • Passagem por área estreita (principal causa): estenose, insuficiências valvares, CIA ou CIV; o Fluxo sanguíneo através de uma membrana de borda livre; • Situação no ciclo cardíaco: 14 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 o Sistólicos (entre B1 e B2): Ø Proto: aparecem no início dasístole → estenose aórtica; Ø Meso: aparecem na metade da sístole → prolapso de valva mitral; o Diastólicos (entre B2 e B1): Proto: aparecem no início da diástole → estalido de abertura da mitral ou da tricúspide; • Classificação: o Sistólicos: Ø Sopro de ejeção → iniciam após B1 e terminam antes de B2. Intensidade máxima na mesossístole - Aórtico ou pulmonar; Ø Sopro de regurgitação → inicia junto com B1 (mascara) - Ocupam todo o período sistólico → intensidade praticamente constante. Terminam imediatamente antes de B2 ou podem encobri-la. Fluxo retrógrado (ventrículo → átrio). Mitral ou tricúspide; o Diastólicos: Ø Sopro de regurgitação → iniciam imediatamente após B2 - Alta frequência e tonalidade aguda → caráter aspirativo. Sangue de um vaso da base → ventrículo. Ocupam apenas a protodiástole. Por insuficiência aórtica ou pulmonar; Ø Sopro de enchimento → parte média da diástole - Baixa frequência e tonalidade grave → caráter de ruflar. Enchimento ventricular rápido; podem apresentar um reforço pré-sistólico - Estenose mitral ou tricúspide; o Sistodiastólicos (contínuos): Ø Durante toda a sístole (+intensa) e diástole → mascaram sons de B1 e de B2; Ø Ocorre por comunicação das câmaras cardíacas → persistência do canal arterial, fístulas AV; • Localização: local onde sopro é audível com maior intensidade; • Irradiação: o Sopros sistólicos de ejeção → pescoço, regiões supraesternal e torácicas; o Sopros sistólicos de regurgitação mitral → axila; • Intensidade: o 1+) muito fraco → exige ambiente muito silencioso e concentração; o 2+) fraco, porém audível logo que se posiciona o estetoscópio; o 3+) moderado; o 4+) forte e com frêmito; o 5+) muito forte e com frêmito → audível com o estetoscópio parcialmente afastado do tórax; o 6+) extremamente forte e com frêmito → audível com o estetoscópio inteiramente afastado do tórax; • Timbre e tonalidade: o Determinam a qualidade do sopro; o Dependem a velocidade do fluxo e do tipo de defeito causador do turbilhonamento sanguíneo; o Exemplos: sopro suave, rude, musical, aspirativo, em ruflar; • Modificações: o Ciclo respiratório, posição do paciente e exercícios; o Insuficiência aórtica → sentar paciente com o tórax fletido para 15 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 frente → identifica o sopro mais nitidamente; o Exercício → intensificam os sopros (↑ velocidade da corrente sanguínea). Semiologia aparelho locomotor A reumatologia trata de doenças que estão dentro de 2 grandes grupos: 1. Comprometimento do sistema músculo- esquelético (ossos, cartilagens, estruturas periarticulares, estruturas localizadas próximas às articulações, tendões, ligamentos, fáscias) e/ou músculos. São doenças degenerativas, de sobrecarga e de trauma. Essas doenças são tratadas junto a ortopedistas e fisioterapeutas, não sendo doenças exclusivas do tratamento do reumatologista; 2. Doenças autoimunes: doenças de tratamento exclusivo do reumatologista. Afetam todas as áreas do nosso corpo, tornando as patologias desse grupo complexas. REUMATOLOGIA • Sistema musculoesquelético: ossos, músculos, cartilagens e estruturas periarticulares (tendões, ligamentos, fáscias); o Pacientes podem apresentar queixas em diversos órgãos • Doenças de autoimunidade; • Reumatismo → engloba doenças reumáticas (termo inespecífico) o Diagnóstico específico → investigação em cima do quadro clínico do paciente; o Pedir exames a partir de uma hipótese diagnóstica; o Provas de triagem reumatológica: NÃO EXISTE. ARTICULAÇÕES • Sinartroses (Fibrosas): ossos unidos por tecido fibroso → pouca mobilidade → crescimento lento e alta estabilidade; o Suturas: interdigitações entre ossos→ ossos do crânio; o Sindesmoses: membrana interóssea → rádio e ulna, fíbula e tíbia; o Gonfoses: articulação fixa→ dente; • Anfiartroses (Cartilaginosas): fibrocartilagem interposta entre ossos → núcleo pulposo no seu interior (amortecedor) → mobilidade suave o Sincondroses: cartilagem hialina → discos epifisários, costelas e cartilagens costais; o Sínfises: disco fibrocartilaginoso → corpos vertebrais, sínfise púbica; • Diartroses (Sinoviais): faces articulares não estão em contato → movimentação ampla o Cápsula articular, ligamentos, cartilagem articular, líquido sinovial, cavidade sinovial e disco articular (nem sempre presente) o Membrana sinovial: local de problemas autoimunes → articulações importantes na clínica reumatológica o Exemplos: joelho, cotovelo • Classificação Funcional (Movimentos): o Monoaxial (1 eixo): flexão/extensão → cotovelo o Biaxial (2 eixos): flexão/extensão e adução/abdução → punho. 16 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 o Triaxial (3 eixos): flexão/extensão, adução/abdução e rotação → ombro e quadril. LOCAIS QUE GERAM DOR • Sinóvia; • Cartilagem; • Periartrites: fora da cavidade sinovial o Bursites,tendinites,entesites • Músculos • Ossos. • Enteses o Sitio de inserção ao osso: tecido de transição = tecido fibroso → tecido ósseo; o Tipos: fibrosas ou cartilaginosas o Locais de enteses: tendão de Aquiles, fáscia plantar, sínfise púbica, trocânteres maiores, tuberosidade isquiática, crista ilíaca, tendão patelar, apófise espinhosa da coluna vertebral; • Entesopatia: comprometimento mecânico; o Sem manifestação de doença sistêmica; o Esporão de calcâneo → prática de corrida; • Entesite: processo inflamatório autoimune que acomete as enteses; o Manifestação de doença sistêmica; • Espondiloartropatias soronegativas: o Desenvolvimento pode ser sinalizado pela presença de entesites; o Reação de erosão → processo inflamatório (entesite) → cicatrização → ossificação das articulações ! o Postura do esquiador → deformidade generalizada e irreversível; ! o Ex.: espondilite anquilosante; ! • Tenossinovites: o Tendões: áreas de grande atrito (mãos e pés) → revestidos por bainha sinovial (amortecimento) → local de processo autoimune → pode envolver doença sistêmica; o Podem ser mecânicas ou inflamatórias. ANAMNESE SINAIS E SINTOMAS MUSCULOESQUELÉTICOS Quadro inflamatório x mecânico→ distinguir • Ritmo da dor → mais importante que o local; • Inflamatória: o Geralmente é a manifestação de alguma doença sistêmica com envolvimento articular; o Intensa de manhã, diminuindo ao longo do dia. Durante a noite pode ficar tão intensa que acorda o paciente; o !Ocorre devido à secreção de hormônios ao longo do dia: o Pico de melatonina (final do dia) → pró-inflamatório; o Pico de cortisol (início do dia) → anti- inflamatório; • !!Mecânica: o Não perturba pela manhã → dor se intensifica durante o dia com a realização de atividades e a utilização da articulação; o Dor melhora com o repouso; • Rigidez matinal: o Sensação de estar enferrujado após um momento de inatividade; o Mecânica → curta duração (<30min); o Inflamação → longa duração (>30min); 17 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Dor persistente, diurna e noturna, sem alívio com analgésicos – sem rigidez matinal; o Considerar possibilidade de neoplasias malignas; o Fazer o diagnóstico diferencial. Alguns sinais e sintomas relacionados a doenças autoimunes Artrite x Artralgia • Artralgia: ! o Dor articular e sem sinal inflamatório; • Artrite: o Dor articular e presença de sinal inflamatório; o Geralmente não tem rubor → presente na gota e artrite séptica; o Aumento de volume: presença objetiva de inchaço; o Limitação de movimento; o Perguntar se a dor determina perda funcional ou se a amplitude do movimento é mantida. Caracterização da Artrite Número de articulações comprometidas: • Monoartrites → gota e artrite séptica; ! • Oligoartrites (até 4 articulações) → espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrites reativas, doença inflamatória intestinal - fator reumatoide geralmentenegativo;! • Poliartrites (5 ou + articulações) → artrite reumatoide, lúpus, Sjörgen, dermatomiosite, esclerodermia, artrites reativas, vasculites -Doenças mais graves → potencial de comprometimento sistêmico e articular mais alto. Tempo de evolução: • Agudas: até 6 semanas de duração;! o Artrites reativas a vírus e bactérias;! o Autolimitadas;! o Quadro se resolve espontaneamente; ! • Crônicas: mais de 6 semanas:! o Doenças autoimunes e inflamatórias sistêmicas.! Forma de apresentação: • Simétrica: acomete as mesmas articulações do lado oposto do corpo; o Mais comum nas Poliartrites; • Assimétrica: sem simetria no acometimento; o Mais comum nas Oligoartrites. Forma de instalação: • Migratória: sintomas migram de uma articulação para outra. Melhora dos sintomas no local onde já ́foi acometido; • Aditiva: novas articulações são acometidas pela artrite → somatório o Maioria das poliartrites e oligoartrites. Síndromes articulares • Febre reumática: poliartrite migratória aguda; • Artrite séptica/gota em fase inicial: monoartrite aguda; • Artrite reumatoide: poliartrite crônica simétrica aditiva; 18 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Artrite reativa a clamídia (Reiter): oligoartrite crônica assimétrica de membros inferiores; • Espondilite anquilosante: oligoartrite crônica assimétrica de membros inferiores associada ou não a dor lombar inflamatória. Sinais e Sintomas Sistêmicos • Revisão dos sistemas: o Constitucionais: febre, perda de peso, astenia, distúrbios do sono; o Envolvimento visceral: cabeça, olhos, mucosas, parotidites, fotosensibilidade, Raynaud, psoríase, diarreia; o Paciente que não responde ao manejo usual: suspeitar de doença autoimune; • Sintomas: o Cabeça: alopecia, queda de cabelo, cefaleia, rash malar, fotosensibilidade, parotidites, xerostomia, xeroftalmia, abertura bucal, úlceras bucais ou nasais, adenopatias, olhos; o Pele: lesões eritematosas, psoríase, lesões ungueais, livedo reticular, sinal de Raynaud; o Tronco: serosites, manifestações cardíacas e pulmonares, disfagia (alta ou baixa), dor abdominal, diarreia; o Pelve: prostatite, uretrite, doença inflamatória pélvica infertilidade, abortamentos de repetição; o Membros: tromboses EXAME FÍSICO • Inspeção: o Deformidades, aumento de volume, presença de calor ou rubor; • Palpação: o Tumefação → sinovial, líquido ou óssea; • Amplitude Articular; • Força Muscular: o Hipotrofia ou hipertrofia, flacidez ou espasticidade, fraqueza proximal ou distal, sensibilidade; o Escala de força: Ø 0 = sem contração;! Ø 1 = tremular/ fasciculação;! Ø 2 = contração possível sem vencer a gravidade;! Ø 3 = contração possível que vence a gravidade;! Ø 4 = contração possível contra resistência, mas reduzida;! Ø 5 = força normal. ! CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ! • Monoartrite: Gota;! o Artrite de punho e podagra (metacarpo-falangeana do hálux) → típico; o Disfunção no metabolismo do ácido úrico → cristal se deposita nas articulações → reação inflamatória; o Lesões nas articulações podem ser brancas devido ao acúmulo de ácido úrico; • Oligoartrite: Artrite Psoriática; o Tenossinovite → dedo em salsicha → inflamação sinovial; o Acometimento da pele → manchas vermelhas; • Poliartrite: ! o Artrite Reumatoide;! Ø Dedo em pescoço de cisne (hiperflexão da interfalangeana distal e hiperextensão da interfalangeana proximal) e dedo em botoeira (hiperflexão da interfalangeana proximal e hiperextensão da interfalangeana distal);! 19 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Ø Pé reumatoide → calcanhar voltado para dentro, desabamento. Resolução apenas cirúrgica;! Ø Teste de squeeze nas metacarpo falangeanos e metatarso falangeanas → dor ao exame"! o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES):! Ø Sinal da asa de borboleta → fotosensibilidade → rash maior;! Ø Pode ser confundido com rosácea; ! • Livedo Reticular:! o Manchas vermelhas em forma de redes → comum em pessoas mais claras;! o Sensibilidade vascular ao frio nos membros;! o São comuns em algumas doenças, como na vasculite e na doença de corpo de Lewy. Quando temos esses achados, devemos identificar anticorpos para SAF, pois pode estar presente;! o Livedo Racemosa: sempre associado à doença reumática → sem continuidade das manchas; ! • Sinal de Raynaud; ! o Hipersensibilidade vascular ao frio nas extremidades → acomete as pontas dos dedos;! o Pode ser usado como sintoma de rastreio;! o Vasoconstrição excessiva;! o Primário: bifásico (branca e azulada ou branca e vermelha), paciente apenas tem sensibilidade maior ao frio, não está associado a outras doenças;! o Patológico: trifásico → pode estar associado à doença reumática ! Ø Fase 1: isquemia → branco;! Ø Fase 2: cianose → azulado;! Ø Fase 3: rubor, perfusão, compensação → avermelhado;! • Cartilagem Articular: o Osteoartrite: Nódulos de Heberden; Ø Desgaste da cartilagem → fissuras → proliferação óssea; Ø Formação de nódulos ósseos → duros (diferença de artrite reumatoide); Ø Interfalangeanas distais; Ø Não estalar os dedos para não provocar fissuras; o Nódulos de Bouchard: Ø Nódulos ósseos; Ø Interfalangeanas proximais; o Hiperelasticidade: Ø Pode ter dor associada – reforços musculares costumam ser bons; Ø Frouxidão ligamentar do colágeno; Ø Músculo mais fraco → maior tendência a dor muscular; Ø Benigno → variação normal; o Periartrites: Ø Bursites x Tendinites → diferença na localização; Ø Bursa não está presente em todas as articulações (bolsa de amortecimento); 20 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Ø Articulações em que há presença de bursa → bursite (apesar de também ser uma tendinite) → sempre que se tem bursite, tem tendinite; Ø Epicondilite lateral (cotovelo do tenista); Ø Bursite anserina (tendinite da pata de ganso); • Dor muscular localizada: síndrome miofascial = local central de dor com irradiação para outra região; • Dor muscular generalizada: o Dor em vários pontos; o Duração de mais de 3 meses; o Sono não reparador; o Síndromes funcionais associadas (fadiga, enxaqueca, intestino irritável, depressão); • Dor óssea: o Traumas; o Tumores benignos e malignos; o Metástases; o Síndromes paraneoplásicas; o Infecções; o Doenças metabólicas (hipercalcemia). ACHADOS CLÁSSICOS DE DOENÇAS AUTOIMUNES GOTA – MONOARTRITE (ARTRITE DE PUNHO OU PODAGRA) Na imagem, vemos artrite da 1ª articulação metatarsofalangeana. A articulação está edemaciada, vermelha e dolorida ao toque. Podagra presente sempre nos remete à gota! Nessa doença, há depósito de cristais de ácido úrico que se precipitam dentro da articulação. No entanto, essa precipitação pode ocorrer externamente, formando os tofos (bolinhas brancas), como na imagem ao lado. Os tofos ocorrem principalmente no pavilhão auricular, no cotovelo e eventualmente nas próprias articulações inflamadas. Em estágios avançados, o tofo pode estar ulcerado. DACTILITE – OLIGOARTRITE (DEDO EM SALSICHA) Clássico da artrite psiriásica. Temos, nesse caso, uma tenossinovite (sinovite do tendão). Na imagem, temos dactilite do 3º dedo e unhas com psoríase ungueal (as lesões em unhas são quase não diferenciáveis das micoses – diagnóstico diferencial). Como a artrite psoriásica também é uma doença da família das espondiloartropatias soro negativas, temos entesites nesses casos (não só uma tenossinovite, como foi dito). Paciente refere, geralmente, muita dor. ARTRITE REUMATOIDE – POLIARTRITE 21 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Mão reumatoidea clássica: na imagem, vemos desvio ulnar dos dedos e comprometimento metacarpofalangeano das articulações. O desvio ulnar causado pela doença é fixo, não conseguimos reduzir. • Teste de Squeze na mão – pesquisa de artrite: comprimir as metacarpofalangeanas e ver se o paciente refere dor. Se houver dor, admitimos que podehaver artrite da região. • Dedo em pescoço de cisne: dedo clássico da artrite reumatoide • Deformidade em botoeira (casa) • Pé reumatoideo clássico: afeta tendão do tibial posterior. POLIARTRITE - LÚPUS Eritema em asas de borboleta. O nosso raciocínio clínico deve nos levar a pensar em lúpus, quando vemos esse tipo de eritema. O diagnóstico diferencial com rosácea deve ser feito. Semiologia endocrinológica Patologias endócrinas: órgãos ou glândulas alvos. • Hipófise: retroalimentação ou feedback; o Hipogonadismo masculino primário: produção diminuída de testosterona (cansaço, redução dos pelos corporais) ® testosterona não faz feedback negativo ® ↑LH; o Hipogonadismo masculino secundário: problema na hipófise ou hipotálamo. Mulher em menopausa: níveis baixos de estrogênio ® estrogênio não faz feedback negativo ® ↑FSH • Síndrome de Cushing: face em lua cheia, obesidade centrípeta, extremidades finas, desenvolvimento de pelos no rosto (mulheres), fadiga e fraqueza muscular, perda óssea. o Causa exógena: uso excessivo de corticoide (asma, transplante); o Causa endógena: doença de Cushing ® produção excessiva de ACTH; • Produção excessiva de GH: o Gigantismo: na infância, antes do fechamento das epífises; o Acromegalia: produção excessiva após o fechamento das epífises • Resumo: maior parte dos hormônios trabalha por feedback, quando baixa a produção dos hormônios periféricos, aumenta a produção pela hipófise, se tem excesso de hormônio, tende a suprimir o hormônio hipofisário. Se ocorrer alguma lesão na hipófise, pode ocorrer doenças secundárias (problema na hipófise ou no hipotálamo). DIABETES MELLITUS • DM1 ® menos de 10% dos casos; o Destruição das células beta por mecanismos autoimunes ® anticorpos contra as células pancreáticas ® deficiência na produção de insulina; 22 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 o Geralmente aparece antes dos 25 anos; o Tipo 1A – exames sugerem que seja quadro imunológico; o Tipo 1B – exames não confirmam; • DM2 ® mais comum (90% dos casos); o Geralmente são pacientes com diagnóstico após 40-50 anos;! o Doença de desenvolvimento insidioso; o Evolução lenta ® nos primeiros anos têm pouca sintomatologia ® população já tem diabetes, mas ainda não foi diagnosticada; o Oligossintomática; o Geralmente associada a obesidade; o Produção de insulina vai caindo conforme o tempo. MECANISMO • DM1: destruição das células beta pancreáticas e deficiência de insulina ® hiperglicemia; • DM2: deficiência relativa da secreção de insulina + resistência periférica à insulina + aumento da produção de glicose (glicogenólise ® quebra de glicogênio) ® hiperglicemia; • Outras causas de diabetes: o Alcoolismo: pancreatite crônica ® destruição das células ß ® menor produção de insulina por lesão pancreática endógena ® diabetes por lesão pancreática; o Medicamentos: doses elevadas de corticoide por períodos longos ® corticoide provoca resistência insulínica ® desenvolvimento de diabetes semelhante ao DM2. SINTOMAS • Polidipsia, poliúria, polifagia, prurido; • Perda de peso expressiva: glicose não entra nas células, corpo não consegue absorver energia ® organismo quebra gordura e músculos para obter energia emagrecimento. DIABETES GESTACIONAL • Hiperglicemia durante a gestação (principalmente na 2ª metade); • Não pode ter diagnóstico prévio de diabetes para ser considerado diabetes gestacional; • Causa: hormônios placentários aumentam a resistência à insulina. Riscos • Se não for tratada ® hiperglicemia da mãe ® glicose atravessa a barreira placentária, mas a insulina materna não ® RN aumenta sua produção de insulina para captar o excesso de glicose ® macrossomia, altos níveis de insulina e risco de hipoglicemia neonatal • Terminada a gravidez, a glicemia da mãe volta ao normal, mas os riscos da mãe de desenvolver diabetes são grandes, é necessário tomar cuidado. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • 2 glicemias de jejum: > ou igual a 126mg/dL; • Glicemia ao acaso: > ou igual a 200mg/dL + sintomas clássicos; • Glicemia após sobrecarga de glicose (TTGO): > ou igual a 200mg/dL; • Hemoglobina glicada: > ou igual a 6,5% 23 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Diagnóstico pré-diabetes • Glicemia de jejum: entre 100 e 125mg/dL; • Glicemia após sobrecarga de glicose (TTGO): entre 140 e 199mg/dL; • Hemoglobina glicada: 5,7% a 6,4%. COMPLICAÇOES AGUDAS Cetoacidose diabética • Mais comum no DM1, mas pode aparecer no DM2 em situações de infecções graves; • Deficiência da produção de insulina ® produção de energia a partir da gliconeogênese e glicogenólise ® quebra do tecido adiposo ® ácidos graxos livres ® produção de corpos cetônicos ® acidificação do meio ® hiperglicemia e acidose. Coma hiperosmolar não cetótico • Mais comum no DM2; • Perda de urina ® desidratação ® ↑ soluto ↓ solvente ® ↑ osmolaridade. Hipoglicemia Complicação mais frequente em pacientes que usam altas doses de insulina. Pode dar: sudorese fria, taquicardia, sonolência, pode levar ao coma. COMPLICAÇÕES CRONICAS Alterações morfológicas e funcionais em vasos. • Complicações Microvasculares: o Alterações de fundo de olho: retinopatia diabética (pode ser proliferativa ou não), catarata, glaucoma, pode levar a cegueira; o Nefropatia diabética: perda de proteínas na urina ® microalbuminúria; o Neuropatias diabéticas: geralmente ocorre após alguns anos de diabetes; • Neuropatia simétrica sensitiva:! o Mais comum; o Alteração da sensibilidade periférica (parestesia); o Câimbras, formigamentos;! o Fator de risco para pé diabético (extremidades em geral) ® dificuldade de curar lesões devido à falta de sensibilidade ® pode infeccionar, evoluir para necrose e ser necessária a amputação; • Neuropatia autonômica:! o Taquicardia de repouso;! o Hipotensão postural;! o Problemas digestivos (constipação ou diarreia); ! • Mononeuropatia diabética:! o Comprometimento mononeuronal ® maioria é reversível;! o Ptose palpebral;! o Queda do pé ou do punho;! • Complicações Macrovasculares:! o Doença cardiovascular (IAM e AVC), doença cerebrovascular, isquemia de membros inferiores, insuficiência renal crônica. ! TRATAMENTO • Dieta, atividade física regular, automonitorização da glicemia, educação, drogas orais, avaliações periódicas laboratoriais (clínica e laboratorial - microalbuminúria, exames de fundo de olho, etc);! • DM1: insulina;! • DM2: drogas orais ou injetáveis, insulina. ! PATOLOGIAS DA TIREOIDE Tireoide 24 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Características: o Glândula composta por 2 lobos em formato de borboleta; o Muito vascularizada; o Inervada pelo Nervo Laríngeo Recorrente; • Retroalimentação/feedback; o Hipotireoidismo primário ® ↓T3 e T4 ↑ TSH; • Hormônios T3 e T4: o Substrato para produção desses hormônios ® iodo; o Tireoide secreta maiores quantidades de T4 ® convertido em T3 perifericamente; o Tireoide secreta menores quantidades de T3 ® maior parte é proveniente da conversão. DISFUNÇÕES Hipertireoidismo: • Causas: o Doença de Graves: causa mais comum; o Produção de anticorpos que simulam efeitos de TSH ® estímulo dos receptores de TSH ® maior produção de T3 e T4; o Mais frequente em mulheres de 20 - 40 anos; o Bócio difuso, hipertireoidismo e manifestação ocular (retração palpebral e exoftalmia); o Origem hipofisária: alterações na secreção de TSH;! o Tumor: tumor produtor de TSH (raro); ! • Diagnóstico: T3 e T4 elevados e TSH suprimido; o Não confundir com ansiedade; • Sintomas: pele quente e úmida, intolerância ao calor, tremor de extremidades, taquicardia basal, sopro na tireoide, alterações menstruais e da libido, diarreia, perda de peso, fraqueza muscular, sudorese, palpitações cardíacas, bócio, exoftalmia. Hipotireoidismo • Causas: o Mais comum = Doençade Hashimoto: anticorpos destroem as células foliculares ® menor produção de T4 e T3; o Origem hipofisária: hipotireoidismo secundário ® ↓T4 e ↓TSH; • Sintomas: pele seca e descamativa, intolerância ao frio, bradicardia, ganho de peso (↑ retenção líquida), constipação, cansaço físico, sonolência, bócio, perda da mímica facial, tendência a bradicardia; • Diagnóstico: T4 baixo e TSH elevado; o Anticorpo anti TPO: positivo alto ® diagnóstico de Hashimoto; • Tratamento: reposição de hormônios com reversão de sintomas; • Hipotireoidismo congênito: diagnosticado pelo teste do pezinho. Diagnóstico deve ser precoce, se não, a criança terá déficit neuropsicomotor. Pode estar associado a hérnia umbilical, edema de mãos e pés, mas não necessariamente tem manifestações clínicas. ALTERAÇÕES ANATOMICAS • Bócio difuso; • Bócio nodular; • Tireoide com nódulos: o Diagnóstico diferencial com câncer: punção do nódulo ® biópsia ® se for maligno é necessário fazer tireoidectomia; o Câncer de tireoide mais comum é o papilífero com metástases para linfonodos do pescoço e tem prognóstico bom; • Alterações congênitas; o Agenesia. 25 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 SINTOMAS COMPRESSIVOS • Disfagia, dispneia, disfonia; • Sinal de Pemberton: elevar braços ® diminuição do espaço intratorácico ® síndrome de veia cava inferior ® indicativo de aumento de pressão na porção superior do tórax causado por tumor de mediastino e bócio multinodular devido à compressão dos vasos adjacentes. CARCINOMA DE TIREOIDE • Tem excelente prognóstico, quando o diagnóstico é precoce; • Diagnóstico: punção e exame citológico; • Tratamento: tireoidectomia; • Em 70-80% dos casos, é do tipo papilífiero; • Geralmente o câncer de tireoide não causa disfunções de tireoide (é eutireoideu). BÓCIO O aumento no tamanho da tireoide normalmente é causado por deficiência de iodo ou inflamação da glândula tireoide. Nem todos os casos de aumento no tamanho da tireoide causam sintomas. Os sintomas que ocorrem podem incluir inchaço e tosse. Raramente, os sintomas podem incluir aperto na garganta ou dificuldade para respirar. Semiologia neurológica EXAME NEUROLÓGICO BREVE 1. Orientação, insight” sobre a doença e linguagem; 2. Tamanho e reação a luz das pupilas; acuidade auditiva e visual; 3. Movimentos dos olhos, da face e da língua; 4. Exame da força dos MMSS (observar atrofia, tremor e fasciculações); 5. Reflexos miotáticos dos MMSS; 6. Inspeção e força dos MMII; 7. Reflexos miotáticos dos MMII e sinal de Babinski; 8. Sensibilidade das mãos e dos pés; 9. Index-nariz e calcanhar-joelho-pé; 10. marcha PACIENTE SENTADO Reflexos Miotáticos ou Profundos Reflexo avalia: Arco reflexo: estimulamos, por estiramento, o fuso motor que vai estimular fibras sensitivas que vão subir a ME pelo corno posterior e fazer sinapse com um neurônio motor, resultando em contração muscular. Célula de Renshaw: é uma célula que inibe os motoneurônios para que o arco reflexo não se perpetue (não seja contínuo). No arco reflexo, estamos avaliando, de forma direta, o SNP. O SNC supraespinhal controla esse arco reflexo, inibindo- o. Logo, se o reflexo estiver aumentado, podemos estar frente a alguma patologia do SNC supraespinhal. • Vias aferentes (sensitivas) e eferentes (motoras) ® SNP;! • Graduação: ausência, diminuição ou aumento do reflexo;! o 0 = arreflexia;! o + = hiporreflexia;! o ++ = normal;! o +++ = normal;! o ++++ = hiperreflexia; ! 26 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Hiporreflexia ou Arreflexia ® diminuídos ou ausentes ® lesão no SNP. As lesões do SNP normalmente causam hiporreflexia, desde que afetem a via nervosa: corno anterior da medula (hiporreflexia – exceto esclerose lateral amiotrófica que apresenta hiperreflexia pelo envolvimento do SNC), raiz (hiporreflexia da raiz aumentada), plexo (hiporreflexia se afetar o nervo para algum dos reflexos), polineuropatia (hiporreflexia), junção neuromuscular (normal, exceto na síndrome miastênica de Lambert-Eaton) e músculo (normal ou diminuído – em casos em que haja comprometimento muscular muito severo);! ! • Hiperreflexia ® aumentados ® lesão no SNC ® ausência de inibição do arco reflexo ® aumento da resposta. As lesões do SNC que afetam a via piramidal causam hiperreflexia; lesões em outras topografias não modificam os reflexos, embora as lesões dos hemisférios cerebelares acarretem hiporreflexia. Alguns reflexos só são percebidos quando estão aumentados: reflexo mentoniano (paciente com a boca aberta, se percute no queixo e ele fecha a boca), peitoral (provoca adução do braço, indica lesão cervical alta) e do bíceps femoral (avalia L5);! • Simetria:!! o Comparar se os reflexos estão iguais dos dois lados;! o Alteração de reflexos uni ou bilateral;! • Raiz nervosa: ! o Bicipital ® C6 o Tricipital ® C7 o Flexor dos dedos ® C8 e T1 o Patelar ® L4 o Aquileu ® S1 (levantar um pouco o pé para ver que ele desce). Martelo de percussão: Níveis dos reflexos: Em quem se pode testar? Em todos os pacientes, desde que eles o tenham. 27 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Reflexos: • Bicipital: Raiz avaliada – C6, nervo musculocutâneo; • Tricipital: ao percutir, braço deve estender, avalia-se raiz de C7; • Estilorradial: não se faz na rotina, se percute na face lateral e se observa pronação do braço; • Flexor do punho: dificilmente se usa, percute punho ou na ponta dos dedos, a ponta dos dedos deve fletir. Estamos avaliando nervo mediano e raiz de C8-T1; • Reflexo patelar: avalia raiz L3-L4, fazer com a perna solta é o ideal, mas também pode fazer com uma perna fletida sobre a outra. É mais fácil realizar o exame sentado, percuto o tendão patelar; • Reflexo aquileu: com paciente com perna sentado, vou levantar a ponta do pé dele e percutir o tendão de Aquiles; • Manobra de Gendrasik: concentrar o movimento nas mãos ® libera os reflexos#! Em membros superiores ® pedir para paciente morder os dentes. É uma manobra de reforço. Tônus MMSS (membros superiores) • Avalia-se o grau de tensão do músculo relaxado (ou grau de resistência ao movimento passivo na ausência de contração voluntária); • Importante para manter a musculatura antigravitacional em ortostatismo e a posição dos membros em repouso; • Se deve variar a velocidade e a amplitude, observar a resistência ao movimento passivo e observar a amplitude. Outras técnicas: Teste de balanço dos ombros e Teste pendular das pernas; • Também avalia arco reflexo ® acompanha o resultado dos reflexos ® diminuição ou aumento; • Lesões que modificam o arco reflexo ® modificam o tônus; • Hipotonia ® sinal de lesão de SNP; o Lesões da unidade motora: sempre acompanhada de paresia, usualmente acompanhada por hiporreflexia; 28 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 o Lesões cerebelares: sem paresia, pode ter reflexos hipotônicos pendulares; o Lesões das vias proprioceptivas: normalmente sem paresia, usualmente com hiporreflexia; o Fisiológico ® em recém-nascidos; • Hipertonia ® sinal de lesão no SNC; o Espástica: sinal do canivete ® dificuldade de iniciar o movimento (rígido) ® torna- se mais fácil ® lesão da via piramidal; o Plástica: sinal da roda denteada ® movimento alternadamente travado e solto ® lesão da via extrapiramidal (doença de Parkinson). Espacidade X rigidez: Na rigidez espástica, a resistência é maior no início e depois cede. Chamamos isso de sinal do canivete (hipertonia piramidal). Espacidade • Pronator Catch; • Spastic Kick; • MMSS: músculos flexores e pronadores; • MMII: músculos extensores. Rigidez extrapiramidal: • Rigidez em roda denteada; • Rigidez cérea: a rigidez muscular é global e plástica, permanecendo os membros nas atitudes que lhe são impostas, como se fossem de cera; • Paratonia: hipertonia de resistência variável; inibitória(varia conforma força empregada pelo examinador) e facilitatória. Coordenação MMSS • Avaliação do Cerebelo: testa hemisférios cerebelares ® neocerebelo ou cérebro- cerebelo ® ajuste e planejamento do movimento; o Lesão de um hemisfério cerebelar ® sintoma do mesmo lado ® decussa 2x; • Dismetria; o Incapacidade de direcionar ou limitar movimentos; o Índex-nariz: ponta do dedo na ponta do nariz ® de olho aberto e de olho fechado; o Índex-dedo-nariz: ponta do dedo do médico e no nariz do paciente alternando. Posição do dedo do médico pode alternar; • Disdiadococinesia: o Incapacidade de fazer movimentos rápidos e alternados; o Avaliação: alternar o movimento das mãos em cima das coxas (palma e dorso) ® pedir para o paciente fazer o mais rápido possível; • Teste de rebote de Holmes: pedimos para o paciente puxar o braço contra o nosso. Repentinamente soltamos e o paciente deve adequar a força para não se bater. O hemisfério cerebelar faz todo o planejamento do movimento. Se ele tinha um planejamento contra resistência, se essa resistência deixar de existir, ele deve montar outro planejamento. Força MMSS • Objetivo: vencer o músculo; • Avaliação estática X cinética; • Fixar a porção proximal do membro; • “Treinar” o paciente; 29 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Comparar com o esperado e com os outros membros; • Músculo muito fraco: o Eliminar a gravidade. Alguns músculos são tão fracos que nem percebemos a movimentação da articulação; o Ver ou sentir o movimento do tendão ou a contração muscular; • Avaliação SNC: o Técnica: estender os braços em supernação (mãos para cima) ® separar os dedos ® fechar os olhos (para não tentar corrigir se houver alteração de movimento) ® esperar por 1 minuto; o Déficit de força: paciente realiza pronação e depois abaixa o braço; o Somatização: o braço cai primeiro, sem ter pronação; • Avaliação SNP: o Técnica: ideal é testar todos os grupos musculares ® paciente fazer força contra o movimento; o Comparar um lado com o outro; o Começar de distal para proximal ® em geral, mais forte é proximal; o Comparar o lado dominante do examinador, com o dominante do paciente; o Paresia ® diminuição da força; o Plegia ® ausência de força; o Hemiplegia ® não mexe absolutamente nada de um lado; o Paraparesia ® diminuição de força de membros inferiores; o Monoparesia ® diminuição de força de 1 só membro. Graduação da força: • 0 = plegia, nenhuma contração muscular; • 1 = paresia ® força promove a contração, mas não vence a articulação/gravidade; • 2 = paresia ® força vence a articulação, mas não vence a gravidade; • 3 = paresia ® força vence a gravidade, mas não vence a resistência; • 4 = paresia ® força vence a gravidade e a resistência, mas a força está diminuída; o 4(-): movimento leve contra a resistência; o 4(+): movimento submáximo contra resistência; • 5 = força normal; • Exemplo para diferenciar + e – de um mesmo número: o 4-: resistência com 1 dedo; o 4: resistência com 3 dedo; o 4+: resistência com uma mão inteira. Avalição da fraqueza sutil: Na fraqueza sutil, observamos alterações nos padrões normais de movimento. Cuidar com as seguintes condições que podem mimetizar fraqueza: fadiga, doença sistêmica, falta de esforço, rigidez, bradicinesia, ataxia apendicular, dor, edema, anquilose, contraturas, distúrbios funcionais e simulação. A fim de avaliar a fraqueza sutil dos músculos, devemos pedir aos pacientes que façam movimentos alternados repetitivamente e rapidamente, como: • Pronação dos antebraços/forarm roll: 30 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 o Pedimos para que o paciente coloque os antebraços um acima do outro, como na imagem, e os rote (pronação) continuamente; o Devemos avaliar uma possível melhor performance de um dos antebraços, no caso de um antebraço rotar melhor que o outro; • Rotação dos dedos/finger roll; o Tem o mesmo objetivo do exame de pronação do antebraço; • Batida dos pés/foot tap; o Pedimos para o paciente ficar batendo os pés no chão. Em situação patológica, os movimentos são lentos e irregulares, com tempo impreciso de ação do músculo agonista e antagonista; • Marcha sobre calcanhar/sobre artelhos; • Pular em um pé só; • Pronator drift: prova dos braços estendidos. Condições que mimetizam fraqueza: • Fadiga; • Doença sistêmica; • Falta de esforço; • Rigidez; • Bradicinesia; • Ataxia apendicular; • Dor; • Edema; • Anquilose; • Contraturas; • Distúrbios funcionais; • Simulação. Fraqueza não orgânica • Paciente tem déficit motor, mas na verdade tem fundo psiquiátrico; • Força variável ao longo do movimento; • O músculo pode ser vencido abruptamente; • Força variável enre um teste e outro; • Fraqueza não confirmada por testes funcionais. Outros exames para análise de força: • Flexão cervical; • Extensão cervical: Os movimentos cervicais deficientes são marcadores importantes para Síndrome de Guillain Barré e para Miastenia Gravis. Pacientes que tenham fraqueza mais significativa que atinja essa região cervical precisarão de intubação e ventilação mecânica, em breve; • Sinal de Beevor: Esse sinal indica fraqueza da musculatura abdominal inferior, o que indica lesão medular de T10 para baixo. Ao pedirmos para o paciente contrair o abdome, como na imagem acima, o umbigo do paciente se desloca para cima, em direção cranial, indicando que a musculatura 31 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 abdominal superior predomina sobre a inferior; • Sinal de gowers: Paciente se levanta “escalando” pelo chão, pois tem fraqueza muscular proximal. Fraqueza proximal indica miopatia e doenças de junção muscular; Distribuição topográfica: Hemicorpo com face envolvida nos leva a alguma lesão no encéfalo. Caso a alteração seja notada apenas em membros, isso nos leva a alguma lesão medular. Escápula alada geralmente é lesão muscular ou de nervo periférico. Sensibilidade MMSS Os receptores têm fibras nervosas que vão se juntar e formar nervos periféricos, os quais vão entrar na ME. Temos 2 vias importantes: coluna dorsal- lemnisco medial e o sistema anterolateral, as quais são as únicas que devem obrigatoriamente serem examinadas em um exame físico neurológico normal (pelo menos 1 fator de cada via deve ser testada – exemplo: tato fino e dor) Coluna dorsal-leminisco medial: decussam no bulbo. Tato fino, vibração, propriocepção e pressão fina. Sensibilidades finas em geral. As fibras mais mediais levam sensibilidade dos membros inferiores, enquanto as fibras mais laterais levam sensibilidade dos membros superiores, que serão apresentados no córtex, conforme homúnculo. A mão e a face têm representação cortical muito maior que as outras regiões do corpo. Sistema anterolateral: dor, temperatura, tato e pressão grosseira, prurido e sensações sexuais. Troca de lado 2- 3 níveis acima de sua saída e sobe pelo lado contralateral da medula. Responsável pela sensibilidade mais grosseira. Tálamo: informação sobe pela ME até o tálamo. De lá,́ segue até o córtex somatossensitivo primário e secundário, para depois ir para o córtex associativo (função tempo-parietal do sistema nervoso). O tálamo é dividido em núcleos sinápticos (específicos) ou de projeção difusa (inespecíficos). O tálamo tem porções relacionada à memória e ao comportamento (núcleos mais mediais e anteriores). O núcleo póstero-ventral e o corpo geniculado lateral e medial são mais sensitivos. Todas as fibras sensitivas, com exceção do olfato, passam pelo tálamo antes de seguir para o córtex. Exame: • É aconselhável realizar as avaliações da sensibilidade no princípio do exame neurológico; • Deve-se registrar não apenas a presença ou ausência de sensibilidade, mas pequenas diferenças e graduações; • Tato fino e dor é a principal combinação de exames; • Importante ao examinar:comparar ambos os lados, distal com proximal e paciente estar de olhos fechados; • Se os resultados parecerem confusos e pouco confiáveis, deve-se postergar o exame; • É importante que o paciente entenda o procedimento e esteja disposto a colaborar com o exame; • Em alguns casos especiais (paciente afásico, em coma ou crianças pequenas), busca-se determinar apenas se o paciente responde ou não a estímulos alérgicos; 32 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Tipos de sensibilidade: o Extroceptiva: dor, temperatura e tato. Se originam nos receptores sensitivos da pele e das mucosas, sendo modificados pelo ambiente; o Proprioceptiva: são provenientes de tecidos profundos do organismo, tais como músculos, ligamentos, tendões e artioculações. Movimento e posição, vibração e pressão; o Interoceptiva ou visceral: não avaliável no exame neurológico. É aconselhável realizar a avaliação da sensibilidade no início do exame neurológico (o exame é longo e precisamos da colaboração do paciente). Deve-se registrar não apenas a presença ou ausência de sensibilidade, mas pequenas diferenças e graduações. Se os resultados parecerem confusos e pouco confiáveis, deve-se postergar o exame sensitivo. É importante que o paciente entenda o procedimento e esteja disposto a colaborar. Em alguns casos especiais (paciente afásico, em coma ou crianças pequenas), busca-se determinar apenas se o paciente responde ou não a estímulos álgicos (sensibilidade dolorosa já vai ser muito importante identificar). Durante o exame os olhos do paciente DEVEM estar fechados e deve-se evitar fatores de distração. Áreas simétricas devem ser comparadas sempre que possível, cuidando para não sugerir respostas. Se não houver queixas sensitivas na anamnese, o exame de sensibilidade pode ser feito sumariamente (fazer pelo menos as 2 anteriormente citadas). Extroceptivas: • Tato fino: o Via Espinotalâmica Posterior (decussa no bulbo); o Técnica: ponta do dedo, pena, algodão, causando pequeno estímulo; o Na rotina, é suficiente verificar se o indivíduo é capaz de reconhecer e localizar o estímulo; o Alterações: anestesia, hipoestesia, hiperestesia, topoanestesia, grafoanestesia; • Dor: o Via Espinotalâmica Anterolateral (decussa na medula); o Técnica: Utilizar alfinete ou agulha descartável ® paciente precisa dizer se está encostando a ponta ou a cabeça do alfinete e onde está encostando; o Evitar induzir a resposta, perguntando se o paciente está sentindo a agulha; o Começar exame da área menos para a mais sensível; o Alterações: analgesia, hipoalgesia ou hiperalgesia; • Temperatura; o Via Espinotalâmica Anterolateral (decussa na medula); o Não é avaliada rotineiramente; o O ideal é avaliar mediante o emprego de tubos contendo água fria ou quente, sendo requisitado ao paciente responder apenas se é frio ou quente; o Deve-se verificar a capacidade de reconhecer o estímulo, o limiar térmico e a capacidade de identificar pequenas modificações de temperatura (2 a 5 graus); o Alterações: termoanestesia, termo- hipoestesia ou termo-hiperestesia para frio ou calor; Proprioceptivas: 33 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Propriocepção: o Via Espinotalâmica Posterior (decussa no bulbo); o Sinal de Romberg; o Testes para ataxia (olhos fechados) ® exemplo: fixamos a articulação, segurando as duas pontas laterais do dedo e perguntamos se o paciente percebe se o dedo está se movimentando para cima ou para baixo. Se o paciente entrar 1 dos 5 movimentos, está alterado. Um teste de Romberg positivo sugere que a ataxia é de natureza sensorial, ou seja, depende da perda da propriocepção. Um teste de Romberg negativo sugere que a ataxia é de natureza cerebelar, ou seja, depende de disfunção localizada do cerebelo; • Vibração: o Via Espinotalâmica Posterior (decussa no bulbo); o Diapasão (128 Hz); o Primeiro colocar diapasão em um lugar mais sensível (testa ou esterno) ® depois encostar em outros lugares (sempre no osso) ® perguntar se sentiu e por quanto tempo; Alterações sensitivas: • Anestesia: ausência de sensibilidade; • Hipoestesia: diminuição da sensibilidade; • Hiperestesia: aumento de sensibilidade; • Parestesia: sensação de formigamento mesmo na ausência de estímulo; • Disestesia: sensação diferente do estímulo (lesão de nervo periférico – exemplo, com toque de lençol paciente sente dor); • Astereognosia; • Baragnosia; • Topoanestesia; • Gafanestesia; • Discriminação de 2 pontos; • Desatenção ou extinção sensitiva; • Agnosia do hemicorpo; • Agnosia dos dedos (Síndrome de Gerstmann); • Anosognosia. Interoceptiva: A sensibilidade visceral não pode ser adequadamente testada no exame neurológico de rotina. Podemos avaliar na história (anamnese). Questionar: urgência ou incontinência urinária (frequência?); hesitação ou retenção urinária (necessidade de cateterização?); constipação (medidas comportamentais?); disfunção sexual. Também na história, questionamos: parestesias (paciente perceber sensação anormal sem a presença de estímulos - formigamento); disestesias (interpretação errônea de um estímulo sensitivo – toque do lençol causando dor); hipoestesia (diminuição da sensibilidade). Localização Após realizar o exame da sensibilidade, deve-se tentar localizar o padrão da alteração, pois isso permitirá determinar a topografia da lesão. Devemos conseguir definir se estamos frente a uma lesão de SNC ou de SNP: SNP: nervo periférico, dermatoma, “luva e bota”. Lesões de nervos famosos (saber), como: mediano, ulnar, radial, fibular superficial e sural. SNC: nível sensitivo, anestesia dolorosa (dor talâmica), hemicorpo, alterações de interpretação. • Dermatomas: Os dermatomas indicam região inervada por determinada raiz espinhal. Nas radiculopatias, vemos uma dor lombar, por exemplo, que irradia conforme dermatomo; • Polineuropatia: alteração ascendente nas pernas e depois nas mãos; 34 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Lesão medular paciente sente menos ou não sente nada a partir de um nível do corpo para baixo, por exemplo – quanto mais alta a lesão, mais alto o nível sensitivo. Ter noção de que T4 é na linha mamilar e de que T10 é ao nível do umbigo. Se tivermos uma lesão medular completa, pode ter perda de função motora (não sente nem move nada a partir de determinado ponto); • Hemicorpo: sempre que há comprometimento encefálico, temos envolvimento da face e dos membros de 1 lado contralateral à lesão. Nervos cranianos Avaliação dos nervos cranianos e do tronco cerebral (maioria dos nervos sai dele); • Cérebro ® IeII ! • Mesencéfalo ® III e IV ! • Ponte ® V, VI, VII e VIII ! • Bulbo ®IX,X,XIeXII ! Nervo Olfatório (I); • Não é testado de rotina ® apenas se paciente se queixar; • Usar um aroma que o paciente conhece e que seja agradável (café́, por exemplo); • Hiposmia = diminuição do olfato; • Anosmia = incapacidade de sentir aroma Nervo Óptico (II): • Teste de Snellen: teste de acuidade visual;! o Cuidar a distância adequada; o Testar a linha 20/20 com um olho de cada vez; o Passar para a linha de cima se errar 2 letras; o Manter óculos em pacientes que usam (neurologia), se ele esquecer, usar pin roll; • Teste de cores: Teste de Ishihara. Neurite óptica ® discromatopsia (dificuldade em identificar cores, em geral, vermelho - daltonismo); ! • Reflexo pupilar: ! o Podemos identificar alterações que são ou do II ou do III nervo. Relembrando a via - informação vai pelo II nervo (óptico), volta pelo III nervo (oculomotor). Aplicamos luz em uma das pupilas →o normal é o paciente contrair as duas pupilas. Como identificar (exemplos): 1 - colocamos uma luz no olho direito e o paciente faz miose dos dois olhos = via do II e do III está ok, tanto na ida quanto na volta; 2 - Agora, se colocarmos no olho esquerdo e nada acontecer, nem no esquerdo nem no direito,significa que a via não está levando a informação. 3 – Se colocarmos no olho direito e só́ fizer miose do direito e se colocarmos no esquerdo e, de novo, só́ fizer miose no direito, significa que a informação está indo (II), mas não está voltando (III); o Uso de lanterna ® colocar luz em ambos os olhos;! o Ambas as pupilas devem realizar a miose;! o Nervo Óptico (aferente) e Nervo Oculomotor (eferente);! o Lesão II Par: ! 35 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Ø Luz no lado afetado: ausência de miose em ambos os lados ! Ø Luz no lado normal: presença de miose em ambos os lados ! o Lesão III Par: ! Ø Luz no lado afetado: ausência de miose no lado afetado e presença no lado normal ! Ø Luz no lado normal: acontece a mesma coisa ! • Exame de fundo de olho: fundoscopia;! o Não usar colírio ® não alterar o reflexo; ! o Ambiente mais escuro possível;! o Procuramos edema de papila (bordas salientes e vasos difíceis de serem vistos), exsudatos, hemorragia; ! o Corrigir a hipermetropia (foco verde) ou a miopia (foco vermelho) do paciente; ! o Somar grau do examinador com o grau do paciente ® ajustar o foco o Olho do examinador com o mesmo olho do paciente; o Verificar se tem edema de papila ou atrofia de nervo óptico Atrofia do nervo óptico = nervo mais branco (menos amarelado ou rosado); • Campimetria: o Avaliar o campo visual; o Examinador e paciente na mesma altura ® paciente de frente para o médico olhando olho no olho, tapar um olho e depois o outro ® médico explora o campo de visão do paciente, usando seu próprio campo de visão como comparação. Obs.: Neurite óptica: fenômeno de Uhtoff (calor piora sintomas – esclerose múltipla) e fenômeno de Pulfrich (paciente vê as coisas mais distantes que realmente são). Nervos Oculomotor (III), Troclear (IV) e Abducente (VI) • Pedir para o paciente olhar para a ponta do dedo sem mexer a cabeça ® examinador movimenta o dedo em diferentes sentidos; • Oculomotor ® Esse nervo faz todos os movimentos, exceto versão lateral (VI) e inversão medial (IV). Tem um pouco da mobilidade da pálpebra também. Paciente afetado tem: ptose palpebral e desvio lateral do olho e midríase (recebe inervação parassimpática, logo, se houver lesão, vai predominar a simpática – midríase). Síndrome de Claude-Bernard-Horner: lesão simpática com envolvimento do III NC, mas apresenta miose (não midríase, que seria normal em caso de lesão). Esse nervo tem uma porção simpática. • Troclear ® Paciente não consegue colocar o olho para baixo e para dentro (olhar cerimonioso/olhar patético ocorre para que o paciente consiga equilibrar a função – pescoço levemente torto); • Abducente ® Paciente vai ter olho desviado para dentro (não consegue olhar para fora com o lado lesionado). Nervo Trigêmeo (V) • Fibras sensitivas (95%): o Face e escalpo; o Cavidades nasal e oral; o Dura intracraniana; o Vasculatura cerebral; o Propriocepção dos músculos mastigatórios e MOE; • Sensibilidade da face: V1, V2 e V3; • Fibras motoras (5%): o Músculos mastigatórios o Alguns músculos da faringe; 36 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Lesões herpéticas seguem as regiões V1, V2 e V3: • Exame: o Sensibilidade da face ® testar o tato na face; o V1 (testa), V2 (bochechas), V3 (mandíbula); o Reflexo córneo-palpebral: Informação sensitiva vai pelo V N.C. e volta pelo VII N.C. Devemos tocar a córnea lateralmente com um algodão e isso deve causar contração da pálpebra; o Músculos mastigatórios: abertura e fechamento da boca (músculos masseter e temporal). Podemos verificar a integridade ou não desses músculos observando se o lado esquerdo e o lado direito estão iguais (se há atrofia ou não); o O nervo trigêmeo tem uma porção que inerva glândulas lacrimal e salivar; • Queixas não orgânicas: o Demarcação da área anormal na linha dos cabelos; o Área anormal segue a linha da mandíbula; o Reflexo corneal pode ser normal; o Sensibilidade vibratória abolida em uma hemiface; o Dissociação entre sensibilidade térmica e algésica; Nervo Facial (VII); Nervo misto, predominantemente motor (70%), responsável principalmente pela expressão facial. As fibras sensitivas (3%) são responsáveis por: paladar nos 2/3 anteriores da língua (dove, salgado, azedo, umami, amargo), propriocepção, sensações somáticas do ouvido, glândulas salivares e lacrimais. Base: os nervos do neurônio motor inferior inervam toda a hemiface (tanto superior quanto inferior), enquanto os nervos do neurônio motor superior inervam somente o quadrante inferior da hemiface. Ter isso em mente é importante para diferenciarmos a lesão nervosa (periférica ou central). • Inervação motora da face ® avaliar a face em quadrantes; • Paralisia facial central: paciente consegue contrair bem os quadrantes superiores, mas consegue contrair somente um dos lados do quadrante inferior, tendo desvio da boca para o lado lesionado e sulco mais pronunciado do lado lesionado; • Paralisia facial periférica à direita: não consegue contrair a musculatura da testa. Boca bem desviada para a esquerda. Nesse caso, a paralisia afeta tanto quadrante superior quanto quadrante inferior; • Paralisia facial sutil: assimetria da fenda palpebral, assimetria do sulco nasolabial, 37 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 movimento facial emocional/espontâneo, piscamento lento e incompleto, capacidade de esconder os cílios no fechamento palpebral forcado, perda das vibrações finas no fechamento palpebral, fechamento palpebral contra resistência; • Síndrome de Ramsey- Hunt: lesão herpética do pavilhão auditivo (otite externa) → esses pacientes, quando fazem paralisia facial, geralmente é de pior gravidade. Nervo facial tem o ramo corda do tímpano (que tenciona o tímpano para proteger a orelha interna. Nervo Vestíbulo-coclear (VIII): • Teste auditivo ® uso de diapasão; • Teste de função auditiva: alternar diapasão entre paciente e examinador; • Teste de Rinne: diapasão no processo mastoideo do paciente ® quando parar de ouvir, colocar próximo ao ouvido ® paciente continua escutando porque a condução ossicular deve ser melhor que a condução óssea; • Teste de Weber: coloca-se diapasão no topo da cabeça ® deve-se escutar igual em ambos os lados; Alterações e normalidade dos testes de Rinne e Weber: • Teste de Dix-Hallpike: giramos a cabeça do paciente para baixo. Isso desencadeia vertigem e conseguimos diferenciar se é uma lesão central ou periférica. Aparecimento da vertigem demora na lesão periférica, vai durar menos tempo e vai melhorar com a repetição, além de ter sintomas mais graves. Se a lesão é central, temos o oposto disso tudo; • Teste de Bárány: se tiver lesão vestibular, o braço do lado acometido pela lesão não vai permanecer no mesmo nível do braço do examinador, quando o paciente fechar os olhos. Nervos Glossofaríngeo (IX) e Vago (X); • Ver se há desvio de úvula – sinal da cortina; • Testar reflexo nauseoso → usar o afastador e fazer estímulo leve no palato mole; • Fraqueza de úvula = desvio para o lado sadio. Nervo Acessório (XI) • Pedimos para o paciente levantar os ombros; • Podemos pedir para mexer o pescoço (m. esternocleidomastóideo) também. Devemos avaliar o esternocleidomastoideo contralateral à mão do examinador. 38 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Nervo Hipoglosso (XII); Mexer língua de um lado para o outro. Desvio da língua para o lado da lesão. Podemos ter fasciculação (tremor) e atrofia de língua também. PACIENTE DEITADO • Reflexos superficiais; • Tônus MMII; • Coordenação MMII; • Força MMII; • Sensibilidade MMII; Reflexos Superficiais: • Reflexo Cutâneo Plantar: estímulo na borda lateral do pé (posterior ® anterior e lateral ® medial, formando um “L”), resposta geralmente é flexora. Extensão ® Sinal de Babinski (patológico) ® lesão da via piramidal. Bebês de até 1 ano (fisiológico)
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