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Bases da terapêutica

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1 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
 
 
 
 
 
Princípios da farmacologia 
É o estudo interdisciplinar (depende da química, genética, 
biologia celular e molecular, fisiologia, botânica) dos efeitos 
das substâncias químicas sobre a função dos sistemas 
biológicos. Seu objeto de estudo são os fármacos, que 
promovem modificações no nosso sistema fisiológico. 
Conceitos importantes: 
• Droga: qualquer substância que produz uma 
mudança nos processos biológicos através de suas 
ações químicas (interage espacialmente com 
estruturas nas nossas células, os receptores, 
conseguindo mudar o funcionamento das células, 
tecidos e organismo como um todo); 
• Fármaco: é qualquer substância que produz uma 
mudança nos processos biológicos através de suas 
ações químicas e que possui finalidade profilática, 
curativa, paliativa ou diagnóstica (contraste usado 
em exames de imagem e dipiridamol usado em 
teste de esforço com cintilografia. O dipiridamol é 
um vasodilatador das coronárias, que tem mais 
efeito em indivíduos saudáveis. Esse fármaco não 
pode ser usado em casos de pacientes com 
angina por isquemia coronariana, provocando 
síndrome do roubo coronariano); 
• Medicamento: é qualquer substância, ou 
associação de substâncias, que produz uma 
mudança nos processos biológicos através de suas 
ações químicas e que possui finalidade profilática, 
curativa, paliativa ou diagnóstica. Possui formulação 
farmacêutica; 
• Forma farmacêutica: é a apresentação final do 
medicamento (comprimido, pomada, xarope, etc...); 
• Efeito placebo: é o efeito psicológico, 
psicofisiológico ou fisiológico de qualquer 
medicamento que não é devido a sua atividade 
farmacológica. É medido em ensaios clínicos duplo- 
 
 
 
 
 
 
 
 
cegos controlados. As explicações para esse efeito 
são o fato de a doença ser autolimitada e sugestão 
(se pessoa acredita muito que vai 
acontecer)/efeito comportamental; 
• Efeito nocebo: ocorre quando os pacientes 
conhecem os efeitos adversos de um 
fármaco e desenvolvem essas condições. 
 
A farmacologia apresenta duas áreas principais: 
Farmacocinética: as propriedades farmacocinéticas 
determinam a movimentação da droga (fármaco) no 
organismo: a absorção, a distribuição, a biotransformação 
e a eliminação das substâncias. Essas propriedades auxiliam 
em diversas escolhas: da dose, da via de administração, do 
intervalo entre as doses, etc. Está relacionada às ações do 
corpo sobre a droga. Janela terapêutica é a janela entre a 
concentração mínima e a concentração máxima tolerável 
do fármaco. 
Farmacodinâmica: as propriedades farmacodinâmicas 
determinam o grupo no qual a substância é classificada e 
quando este grupo é apropriado para o tratamento de 
determinado sintoma ou doença. Está relacionada às ações 
da droga sobre o corpo. 
Toxicologia: é o ramo da farmacologia que lida com os 
efeitos indesejáveis dos produtos químicos nos sistemas 
vivos. 
 
2 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
DESENVOLVIMENTO E DESCOBERTA DOS FÁRMACOS 
1. Estudos in vitro obtém, através de produtos 
biológicos ou de síntese clínica, um composto 
líder; 
2. Por meio de testes em animais são avaliados a 
eficácia (se funciona ou não), a seletividade e o 
mecanismo (farmacodinâmica) desse composto; 
3. Após a fase de testes em animais, esse composto 
é classificado como IND (“investigational new drug”) 
e passa para os testes clínicos em humanos; 
4. Na fase 1 dos testes clínicos em humanos, utiliza-
se o fármaco em pacientes refratários e avalia-se 
a segurança e a farmacocinética. Na fase 2 é 
avaliado se o fármaco funciona nos pacientes e na 
fase 3 são feitos testes duplo-cegos (analisando 
metabolismo do fármaco e sua segurança); 
5. Após os testes clínicos em humanos, o fármaco é 
classificado como NDA (“new drug application”) e 
passa para a fase de comercialização; 
6. Na fase de comercialização continua ocorrendo a 
vigilância para observação de possíveis efeitos não 
vistos antes. 
 
 
 
TIPOS DE FÁRMACOS COMERCIALIZADOS 
• Referência (ou de marca): é o produto inovador, 
cuja eficácia, segurança e qualidade foram 
comprovadas através de estudos clínicos por 
ocasião do registro. Exemplo: Aspirina (Bayer); 
• Genérico: é um remédio idêntico ao fármaco de 
referência sem nome comercial. Para obter o 
registro junto à ANVISA, precisa apresentar testes 
de bioequivalência. Exemplo: Ácido acetilsalicílico 
(EMS); 
• Similar: contém o mesmo princípio ativo, a mesma 
concentração, forma farmacêutica, via de 
administração, posologia e indicação terapêutica 
do fármaco de referência, podendo diferir 
somente em características relativas ao tamanho 
e forma do produto, prazo de validade, 
embalagem, rotulagem, excipientes e veículo. Até 
2003*, a ANVISA não exigia a apresentação dos 
testes de bioequivalência para registrá-lo. Possui 
nome comercial. Exemplo: AAS (Sanofi-Aventis); 
• Diferenças de eficácia entre os tipos podem 
ocorrer, entre outros motivos, por falhas no 
controle de qualidade, a ideia é que fossem iguais. 
Classificação de fármacos 
Sistemas diferentes são mais ou menos úteis para cada 
tipo de profissional envolvido: clínicos, pesquisadores, 
profissionais da indústria, profissionais da vigilância 
sanitária/epidemiológica, etc. Não existe um sistema 
perfeito (ao mesmo tempo simples e livre de 
ambiguidades, infalível.). Existem vários sistemas de 
classificação (devido, em parte, às diferentes necessidades, 
mas também devido às dificuldades inerentes à tarefa): 
• Quanto à origem; 
• Quanto ao modo de ação; 
• Quanto à natureza da enfermidade em que são 
utilizados; 
• Quanto à estrutura química. 
ORIGEM 
• Naturais: 
o Inorgânicos: enxofre, iodo, fosfato, cálcio, 
magnésio, carbonato de lítio; 
 
3 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
o Animais: hormônios (insulina porcina), óleo 
de fígado de peixe, vitaminas A e E, 
alguns corticoides; 
o Vegetais: alcaloides, glicosídeos 
cardiotônicos, algumas drogas 
anticancerígenas como o taxol. São o 
grupo mais numeroso; 
o Digoxina: usada para tratar insuficiência 
cardíaca. Inibe bomba de sódio e potássio. 
+ Na intracelular = + Ca = + força de 
contração; 
• Sintéticos: fornecem análogos sintéticos, 
eventualmente melhorados ou simplificados, cuja 
produção não depende de fornecimentos 
botânicos ou animais, algo imprevisível; 
• Intermediários: produtos da fermentação e outros 
(p. ex., vitaminas, antibióticos, aminoácidos) e os 
resultantes de engenharia genética (p. ex., insulina 
recombinante). 
MODO DE AÇÃO 
• Fármacos que tratam a causa de uma doença – 
fármacos etiológicos. São os medicamentos 
“verdadeiros”; 
• Fármacos que compensam a deficiência de uma 
substância. São os fármacos de substituição, como 
a insulina; 
• Fármacos que aliviam os sintomas da doença. São 
os fármacos sintomáticos. 
Etiológicos: Os fármacos etiológicos pertencem quase 
todos à classe dos agentes quimioterapêuticos, usados para 
tratar doenças infecciosas (agentes antibacterianos, 
antifúngicos e antivirais) e doenças provocadas por 
parasitas. Princípio de ação: toxicidade seletiva (destruição 
do invasor sem destruição do hospedeiro). Pertencem a 
este grupo substâncias usadas por pessoas saudáveis a 
título de quimioprevenção (vacinoterapia, aspirina para 
prevenir infartos cardíacos, vitaminas e antioxidantes contra 
doenças neurodegenerativas). Também podem ser 
considerados neste grupo agentes que alteram 
temporariamente um processo fisiológico (p. ex., 
contraceptivos esteroidais - ACO). 
Substituição: os fármacos de substituição tomam o lugar 
de uma substância em falta. A deficiência pode dever-se a 
dietas pobres (p. ex.: deficiências vitamínicas) ou a uma 
perturbação fisiológica (p. ex.: insulina na diabetes, 
estrogênios na menopausa). O tratamento de substituição 
pode ser temporário (p.ex.: reidratação intravenosa em 
casos de hemorragia ou diarreia) oupermanente (p. ex.: 
tratamento hormonal na doença de Addison). 
Sintomáticos: os tratamentos sintomáticos são utilizados 
para atenuar ou neutralizar perturbações resultantes de 
um estado patológico. Eliminam sintomas gerais (p. ex., 
febre, dor, insônias). A sua atividade pode ser dirigida para 
sistemas particulares (ex., cardiovascular, neuropsiquiátrico, 
respiratório, digestivo). Em regra, o tratamento sintomático 
não cura o doente – apenas torna a vida mais confortável 
e prolonga a vida. 
Deve-se notar que a distinção entre as várias classes é 
tênue – p. ex., os agentes anti-hipertensivos diminuem os 
sintomas associados à hipertensão arterial, mas também 
previnem contra complicações cardiovasculares associadas 
à hipertensão. 
NATUREZA 
A classificação 
fisiológica foi 
adotada pela 
Organização 
Mundial de 
Saúde em 1968. 
Classifica os 
fármacos pelo 
sistema do 
organismo 
sobre o qual 
atuam (p. ex., 
drogas que 
afetam o 
sistema 
nervoso central, o trato genitourinário, etc.). As 
enfermidades são classificadas de acordo com um 
esquema constante do Manual of the International Statistical 
Classification of Diseases (OMS, 1977). Há 17 categorias 
principais de fármacos e cada doença individual é 
representada por um número com 3 dígitos (ex., a cólera 
é a 001; a perturbações mentais encontram-se nas entradas 
295 a 299). 
ESTRUTURA QUÍMICA 
De interesse para os profissionais envolvidos em 
investigação farmacêutica. Permite uma triagem de 
 
4 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
fármacos análogos, derivados de um mesmo composto-
guia e facilita o estabelecimento de correlações estrutura-
atividade. 
CLASSIFICAÇÕES DE ORDEM PRÁTICA 
Um sistema de classificação de fármacos muito poderoso 
e útil é o Sistema ATC (Anatômico – Terapêutico – 
Químico). Divide os fármacos em 14 grupos, consoante o 
sistema sobre o qual atuam: A (alimentar), B (sangue e 
órgãos produtores de sangue, etc.). 
 
 
NA PRÁTICA 
O Padrão ATC (Anatomical Therapeutic Chemical Code 
ou Sistema de Classificação Anatômico Terapêutico 
Químico) é uma das classificações mais utilizadas 
internacional mente para classificar moléculas com ação 
terapêutica. É o padrão adotado pela OMS (Organização 
Mundial de Saúde), organizado de acordo com grupos 
terapêuticos. O código inclui o sistema do órgão em que 
atua, os efeitos farmacológicos, indicações terapêuticas e 
da estrutura química da droga. 
Estrutura da ATC (um exemplo): 
• A: Trato Alimentar e Metabolismo; 
o 1º nível: anatômico; 
• A10: Medicamentos utilizados no Diabetes; 
o 2º nível: subgrupo terapêutico; 
• A10B: Redutores da glicose sanguínea; 
o 3º nível: subgrupo farmacológico; 
• A10BA: Biguanidinas; 
o 4º nível: subgrupo químico; 
• A10BA02: Metformina; 
o 5º nível: substância química. 
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES 
Uma alternativa mais simples é a que distingue entre 4 
classes principais de fármacos, como segue... Antevendo: é 
bem simples, os nomes podem causar um pouco de 
confusão, de utilidade bastante questionável 
 
 
 
 
O que é mais comum? De fato, é o uso de denominações 
mais ou menos abertas para agrupar fármacos no 
contexto da sua utilidade terapêutica, como segue: 
• Analgésicos são medicamentos empregados para 
aliviar a dor, sem causar a perda da consciência; 
• Antipirético, Antifebril ou Febrífugo são 
medicamentos utilizados para diminuir a 
temperatura corporal, aliviando os estados febris, 
que podem ser causados por inflamações, 
desidratações e moléstias infecciosas; 
• Anti-inflamatórios são medicamentos utilizados 
para amenizar sintomas como febre, dores e 
 
5 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
edemas decorrentes de uma agressão ao 
organismo; 
o A inflamação é uma resposta do nosso 
corpo a uma agressão sofrida. Ela faz 
parte da nossa resposta imune. Toda vez 
que alguma área do nosso organismo 
sofre uma agressão, existe um 
recrutamento das células de defesa para 
o local; 
o São as reações químicas deste processo 
que levam a inflamação, caracterizada na 
clínica pelos seguintes sinais e sintomas: 
calor, rubor, dor e inchaço (edema); 
o Apresentam 3 efeitos básicos: antipirético 
(diminui a febre), analgésico (reduz a dor) 
e anti-inflamatório; 
• Antigripais – tratamento sintomático da Gripe; 
o São combinações de vários 
medicamentos com ação analgésica, 
antipirética, descongestionante nasal, anti-
histamínica e antitussígena, que aliviam 
temporariamente os sintomas dos 
resfriados e gripes, enquanto o organismo 
combate a infecção; 
o Geralmente associados a: analgésicos, 
antipiréticos, anti-histamínicos, vitamina C 
e descongestionantes nasais.; 
o Ex: Coristina D, Apracur e Cheracap. 
CLASSIFICAÇÕES DAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS 
É tarefa difícil desenvolver um sistema de classificação para 
as milhares de drogas psicoativas. 
• Sistemas baseados na estrutura fracassaram, pois 
fármacos com estruturas semelhantes podem 
desenvolver efeitos diversos (e vice-versa).; 
• Esquemas de classificação com base em 
receptores cerebrais também, pois as drogas 
costumam agir em mais de um receptor; 
• Idem para sistemas baseados nos 
neurotransmissores afetados; 
• Podem ser divididos em ansiolíticos (barbitúricos e 
benzodiazepinas), agentes antipsicóticos, 
antidepressivos, estabilizadores de humor (sais de 
lítio e alguns anticonvulsionantes), analgésicos 
narcóticos (morfina, codeína), estimulantes 
psicomotores (cocaína, anfetamina, cafeína) e 
alucinógenos; 
• Fármacos de atuação primordial no SNC podem 
ser divididos em não-seletivos, que também 
afetam a musculatura esquelética, (excitantes 
gerais e depressores gerais) e seletivos (fármacos 
de uso médico, de uso não médico exclusivo e 
outros). 
 
 
 
 
6 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
Conclui-se que a classificação dos fármacos é arbitrária, 
nenhum fármaco tem atividade biológica única. 
Comunidades diferentes têm necessidades de 
classificações diferentes (exemplo: química X médica). 
Farmacocinética 
As propriedades farmacocinéticas determinam a 
movimentação da droga (fármaco) no organismo: a 
absorção, a distribuição, a biotransformação e a eliminação 
das substâncias. Essas propriedades auxiliam em diversas 
escolhas: da dose, da via de administração, do intervalo 
entre as doses, etc. Está relacionada às ações do corpo 
sobre a droga. 
Processos farmacocinéticos: 
1. Absorção (entrada do 
fármaco no organismo); 
2. Distribuição (ex: droga 
altamente lipossolúvel deve ser 
administrada em maior dose 
em pacientes obesos); 
3. Biotransformação 
(metabolização é feita de 
maneira diferente por cada 
indivíduo); 
4. Eliminação (para 
excreção é preciso deixar a 
substância menos tóxica, tornando-a mais polar). 
Estudo da Translocação (previamente ao da absorção ou 
da eliminação). Processos que afetam a translocação: 
1. Movimento das substâncias através das barreiras 
celulares; 
2. Ligação dos fármacos às proteínas plasmáticas 
(que podem fazer com que moléculas não 
estejam livres para a translocação); 
3. Partição nos tecidos. 
Para que possam atuar, as substâncias precisam atingir uma 
concentração adequada nos tecidos-alvos. Os dois 
processos fundamentais que determinam a concentração 
de uma substância a qualquer momento e em qualquer 
região do corpo são: 
• Translocação das moléculas de fármaco (forma 
como as substâncias passam pelas membranas); 
• Translocação química (quando essas moléculas se 
transformaram). 
MOVIMENTO ATRAVÉS DAS MEMBRANAS CELULARES 
Para atravessar as barreiras celulares (por exemplo: 
mucosa gastrointestinal, túbulo renal, barreira 
hematoencefálica, placenta) é necessário que as 
substâncias atravessem membranas lipídicas. As 
substâncias atravessam as membranas lipídicas mais por 
transferência através de difusão passiva do que por 
transferência mediada por transportadores. 
TRANSLOCAÇÃO DAS MOLÉCULAS DOS FÁRMACOSManeiras de atravessar membranas lipídicas: difusão - é o 
mais comum- (lipídeios), difusão por meio de aquaporinas 
(proteínas especiais) e transportador (mecanismo de 
transporte de substâncias polares). 
TRANSFERÊNCIA ATRAVÉS DE DIFUSÃO PASSIVA 
• Principal fator: lipossolubilidade da molécula; 
• Fator menos importante: o peso molecular. 
 
O principal fator para transferência de moléculas por 
difusão passiva é a sua lipossolubilidade e, depois, seu peso 
molecular Ex: Quilomícrons carregam lipídios (ácidos 
graxos de cadeia longa) no meio aquoso. Ácidos Graxos de 
cadeia curta, por causa do menor peso molecular, 
atravessam diretamente a mucosa do TGI. 
 
7 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
DIFUSÃO ATRAVÉS DOS LIPÍDIOS 
Quando uma substância é altamente lipossolúvel (A) ela se 
dissolve muito na membrana celular, de tal forma que 
ocorre uma diferença de concentração entre o meio 
intramembranso e o meio intracelular (ΔCm), assim, a 
substância entra na célula, sofrendo rapidamente difusão. 
Por outro lado, quando a substância possui baixa 
lipossolubilidade ela não consegue essa diferença de 
concentração entre o meio intramembranoso e o 
intracelular, por isso ela demora mais para sofrer difusão. 
 
EFEITO DA IONIZAÇÃO ATRAVÉS DA ABSORÇÃO 
O estado de ionização de uma substância afeta a sua 
lipossolubilidade e, portanto, o transporte através das 
membranas celulares. Muitas substâncias são ácidos fracos 
ou bases fracas, cujo estado de ionização varia com o pH, 
de acordo com a equação de Handerson-Hasselbach (ela 
nos dá uma proporção entre a quantidade de moléculas 
no estado ionizado, que nos ácidos é a forma de sal 
conjugado e nas bases é a forma protonada). 
 
 
• Substâncias protonadas: se for ácido protonado, 
passa pela membrana por difusão facilitada (não é 
íon, é mais lipossolúvel); se for base protonada, 
não passa por difusão pela membrana (íon); 
• Partição molecular em compartimentos segundo 
pH: substâncias ácidas serão melhor absorvidas 
em ambientes ácidos, e substâncias básicas serão 
melhor absorvidas em ambientes básicos 
(alcalinos) Ex: O pH no estômago permite a 
absorção passiva de ácidos fracos, mas não tanto 
de bases fracas. O pH no intestino delgado permite 
a absorção passiva de bases fracas, mas não tanto 
de ácidos fracos. 
 
 
 
 
 
 
 
8 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
PARTIÇÃO MOLECULAR EM DIVERSOS COMPARTIMENTOS 
SEGUNDO O PH 
 
• Ácidos: quanto maior o pH, mais moléculas 
ionizadas, maior dificuldade de atravessar 
membranas = são mais eliminadas; 
• Bases: quanto menor o pH, mais moléculas 
ionizadas, maior dificuldade de atravessar 
membranas = são mais eliminadas. 
Exemplos: 
• Aspirina (ácido acetilsalicílico) = ácido fraco. No 
suco gástrico, pH ácido, a absorção é facilitada, 
pois o ácido encontra-se na forma “AH”, 
atravessando facilmente a membrana. No plasma, 
pH neutro, é possível calcular a diferença entre a 
quantidade de moléculas na forma “HA” e a 
quantidade de moléculas dissociadas (“A-”). Na 
urina, meio alcalino, ocorre a maior proporção de 
moléculas na forma ionizada (“A-”), as quais não 
conseguiram atravessar a membrana e serão 
eliminadas. 
• Petidina = base fraca. No suco gástrico, pH ácido, 
não ocorre significativa absorção da substância, 
porque ela se encontra principalmente na forma 
protonada (BH+), não conseguindo atravessar a 
membrana. Por outro lado, na urina, pH alcalino, 
ocorre a menor ionização da base, dessa forma, 
pouca quantidade de base protonada será 
eliminada. 
TRANSPORTE MEDIADO POR TRANSPORTADORES 
• Mecanismos especializados; 
• Em geral, através de proteínas especializadas; 
• Pode ser passivo, isto é, sem gasto de energia 
(difusão facilitada); 
• Pode ser ativo, usando o gradiente de Na+ e, 
indiretamente, consumindo energia; 
• É importante para substâncias quimicamente 
relacionadas a substâncias endógenas; 
• Principalmente nos seguintes locais: 
o O túbulo renal (recaptar aminoácidos); 
o O trato biliar (importante porque, em 
geral, acumulamos substâncias contra 
gradiente na bile); 
o A barreira hematoencefálica (BHE – há 
necessidade de nutrir o cérebro com 
açúcar, glicose e aminoácidos e algumas 
substâncias podem usar esses 
transportadores também); 
o O trato gastrointestinal (TGI – vou 
absorver nutrientes e algumas drogas vão 
usar os mesmos transportadores). 
 
TRANSPORTE POR ENDOCITOSE 
 
Pode ocorrer para transporte de fármacos/substâncias 
maiores 
LIGAÇÃO DOS FÁRMACOS ÀS PROTEÍNAS CELULARES 
 
 
9 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
A substância livre é a forma ativa da droga (se liga no 
receptor e promove a mudança no seu comportamento). 
O complexo tem importância farmacológica porque ele 
atua como reservatório da droga. 
• A principal proteína do plasma que é alvo de 
ligação de drogas é a albumina (tem função 
fundamental de manter o volume do líquido 
circulante no compartimento vascular). Várias 
drogas ácidas se ligam a ela: varfarina, anti-
inflamatórios não-esteroides (AINEs), sulfonamidas; 
• Outras proteínas, como a beta-globulina e a 
glicoproteína ácida ligam melhor drogas básicas: 
antidepressivos tricíclicos (ADT), clorpromazina. 
A concentração de uma droga aumenta de forma mais ou 
menos linear até a saturação do sítio de ligação. A partir 
desse momento, a ligação com característica de saturação 
resulta, em alguns casos, uma relação não linear entre a 
dose e a concentração da substância livre (ativa). 
 
Pode haver competição entre diferentes substâncias pelo 
mesmo sítio de ligação, levando a maior concentração de 
substância livre. Concentração da forma livre não aumenta 
de forma linear (por isso, as vezes doses de remédios tem 
que ser administradas de forma cuidadosa para evitar que 
fração livre suba demais). A extensa ligação a proteínas 
torna a eliminação da substância lenta 
(metabolismo/excreção por filtração glomerular). 
 
PARTIÇÃO TECIDUAL DOS FÁRMACOS 
• Lipossolubilidade favorece a sua ligação à 
gordura corporal; 
• Tropismo específico por algum tecido (ex: iodo 
radioativo – tropismo pela tireoide = tratamento 
de hipertireoidismo); 
• Substâncias que apresentam lipossolubilidade 
muito baixa, incluindo ácidos e bases fortes, 
geralmente sofrem pouca absorção pelo 
intestino, sendo assim, drogas candidatas a serem 
absorvidas por outras vias; 
o Ex 1: anestésico em pessoas obesas 
precisam de maior dose de ataque, 
recuperação anestésica é mais 
demorada; 
o Ex 2: substâncias psicoativas, como 
canabinoides, possuem tropismo pela 
gordura, podendo causar efeito pela 
liberação dessa substância do tecido 
adiposo a longo prazo. Pode ser 
detectada em testes até uma semana 
após seu uso. 
 
 
 
 
 
 
 
10 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
PROCESSAMENTO MOVIMENTO DOS FÁRMACOS 
 
 
• Via oral é mais cômoda/conveniente; 
• Forma intravenosa é a mais eficaz de administrar 
um fármaco porque não há perdas por outras vias 
e tem início de ação mais rápido; 
• Via oral e intravenosa são sistêmicas: o fármaco 
chega no sangue e é disponibilizado para todo o 
organismo; 
• Intramuscular é uma via de depósito e tem a 
vantagem de o uso do fármaco ser feito 
eventualmente, porém pode promover reação 
local, toxicidade local, lipodistrofia.; 
• Inalação tem absorção local, praticamente uma via 
tópica/localizada; 
• Uma fração do fármaco (livre) chega ao local de 
ação desejado e uma fração pode chegar 
também a locais não desejados, causando efeitos 
colaterais; 
• A natureza física (tamanho e peso molecular) e 
química (grau de ionização, polaridade...) dos 
fármacos determina a via de administração; 
• Absorção de um fármaco é influenciada pelo pH, 
pelo fluxo sanguíneo no local de absorção, pela 
área/superfície disponível para absorção, pelo 
tempo de contato com a superfície de absorção, 
pela expressão da glicoproteína-P. 
ABSORÇÃO 
• Quandoos fármacos penetram no corpo em 
locais distantes do tecido-alvo, devem ser 
transportados pela circulação para o local de ação 
indicado; 
• Para entrar na corrente sanguínea, um fármaco 
deve ser absorvido a partir do seu local de 
administração.; 
• É um fator determinante na escolha das vias de 
administração. 
 
Melhor com ácidos fracos e com bases fracas. 
Fatores que influenciam: 
1. Efeito do pH; 
2. Fluxo de sangue no local de absorção; 
3. Área ou superfície disponível para a absorção; 
4. Tempo de contato com a superfície de absorção; 
5. Expressão da glicoproteína-P. 
Glicoproteína - P: 
 
 
 
 
 
 
 
11 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
 
 
 
NATUREZA FÍSICA E QUÍMICA DOS FÁRMACOS 
Determina a via de administração. 
• Natureza química: íons inorgânicos, moléculas 
orgânicas não peptídicas, pequenos peptídeos e 
proteínas, ácidos nucleicos, lipídeos e carboidratos; 
• Tamanho e peso molecular; 
• Grau de ionização e a polaridade da molécula 
interferem na hidrossolubilidade e lipossolubilidade. 
 
BIODISPONIBILIDADE 
É fração da dose administrada de um fármaco capaz de 
alcançar a circulação sistêmica e potencialmente, e, então, 
exercer ação terapêutica. Ex 1: 100 moléculas via 
intravenosa = 100% de biodisponibilidade. Ex 2: 100 
moléculas via oral: algumas são degradadas no suco 
gástrico, outras se ligam ao alimento e saem no bolo fecal..., 
se apenas 50 moléculas chegam na circulação sistêmica = 
biodisponibilidade de 50%. 
• Por que é um parâmetro importante? É 
importante para saber efetivamente quanto das 
moléculas administradas vão chegar à circulação e 
para escolher a melhor via de administração; 
• Poque é interessante que fármacos de 
fornecedores diferentes tenham “bioequivalência”? 
Bioequivalência de fármacos de fornecedores 
diferentes inclui ter biodisponibilidade similar, a fim 
de que possam ser intercambiáveis (considera a 
janela biológica). 
A biodisponibilidade é 
calculada comparando as 
concentrações plasmáticas 
do fármaco via oral, por 
exemplo, em relação a via 
intravenosa (padrão-ouro), 
ou seja, quantidade 
ingerida e quantidade que 
chegou à circulação. Ela 
pode ser baixa devido à 
absorção incompleta ou ao 
metabolismo da substância 
antes de alcançar a circulação sistêmica. 
No exemplo, 4 
formas diferentes 
do medicamento 
acabaram levando 
a uma 
disponibilização de 
uma quantidade de 
moléculas muito 
diferente umas das 
outras. Isso pode 
gerar problemas, 
especialmente 
para fármacos com janela terapêutica muito estreita. A 
partir disso, houve uma tendência de padronização entre 
os medicamentos para gerar uma maior confiabilidade em 
relação ao tratamento prescrito. 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
Vias enterais: usam o trato 
gastrointestinal. 
• Via oral: a administração oral é 
definida pela deglutição do fármaco e 
sua absorção a partir do lúmen do 
sistema gastro-intestinal; 
o Quando o fármaco é administrado 
por via oral, ele pode passar pelo fígado 
antes de entrar na circulação sistêmica 
→ o fígado pode, então, transformar o 
fármaco em uma forma inativa antes dele 
chegar à circulação sistêmica. Esse efeito 
 
12 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
do fígado sobre a administração oral de 
um fármaco é conhecido como efeito de 
primeira passagem (ou metabolismo de 
primeira passagem); 
• Via sublingual: sofre absorção local, sem 
metabolismo de primeira passagem, menor dose 
do medicamento; 
• Via retal: sofre absorção pelos vasos mesentéricos 
inferiores, chegando na circulação sistêmica 
primeiro; 
Vias parenterais: estão ao lado das vias enterais; as vias 
parenterais evitam o efeito de primeira passagem; 
• Inalação: início rápido, disponibilização de fármaco 
através de ventilação; 
• Via transdérmica: disponibilização de fármaco 
através da pele, geralmente muito lenta, mas com 
ação prolongada do fármaco, de forma que o 
fármaco se difunda do reservatório para os tecidos 
subcutâneos; 
• Via subcutânea: requer volumes menores do que 
a intramuscular, mas pode ser dolorosa - Agulha 
entra inclinada para chegar abaixo da derme, mas 
acima da camada muscular; 
• Via intravenosa: início rápido com alta 
biodisponibilidade; 
• Via intramuscular: lenta, as vezes erradica, sem 
metabolismo de primeira passagem, pode 
requerer grandes volumes; 
o Agulha entra em 90° (no glúteo, 
quadrante súpero-lateral); 
o Pode haver complicações. 
 
 
 
 
 
 
13 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
 
 
 
COMPLICAÇÕES: VIA INTRAMUSCULAR 
• A.M.P.G., 30 anos, 
sexo feminino, 
chegou ao Pronto 
Socorro, com queixa 
de dor, febre, e saída 
de secreção 
purulenta em glúteo 
esquerdo. Refere ter 
recebido, neste local, 
uma ampola intramuscular de Voltaren® há cerca 
de um mês, tendo evoluído com intensa dor local, 
hiperemia, seguida de aparecimento de bolhas. Ao 
exame físico observava-se extensa área necrótica 
de 12 cm de diâmetro em nádega. Foi inicialmente 
submetida a desbridamento cirúrgico e após cinco 
dias foi realizado avanço de retalho de vizinhança 
e fechamento primário. Evoluiu bem, sem déficits 
motores. 
DISTRIBUIÇÃO 
• A maioria dos fármacos deve ir do local de 
administração para o tecido-alvo. Esse movimento 
do fármaco pelo corpo é chamado de distribuição; 
• Alguns fármacos circulam na corrente sanguínea 
ligados reversivelmente às proteínas plasmáticas 
(transporte ocorre de forma mais lenta): 
o Albumina: carreadora dos fármacos 
ácidos; 
o Glicoproteína ácida e beta-globulina: 
principais carreadoras dos fármacos 
básicos; 
• Para que um fármaco seja distribuído ele deve ser 
capaz de se deslocar através de barreiras (como 
as paredes dos capilares e as membranas 
celulares). 
 
A fase de distribuição é mais rápida, e a de eliminação é 
mais lenta 
BARREIRA PLACENTÁRIA 
 
Serve para evitar passagem de célula entre mãe e feto 
(mas macro e micronutrientes precisam passar). O 
 
14 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
problema é que ela não é seletiva, deixando o feto exposto 
a fármacos utilizados pela mãe. 
• Até a década de 60, acreditava-se que a barreira 
placentária era impermeável aos fármacos 
administrados à gestante; 
• A talidomida foi sintetizada em 1958 e tornou-se 
popular como sedativo prescrito para o combate 
do enjoo matinal associado à gravidez; 
o A talidomida é teratogênica, podendo 
provocar polidactilia (alteração numérica 
dos dedos), sindactilia (fusão dos dedos) e 
prejuízo no desenvolvimento dos ossos 
longos (fêmur e rádio) do feto. 
 
CÉLULAS ENDOTELIAIS NO FÍGADO E CAPILAR CEREBRAL 
• Células endoteliais no fígado: 
o Capilares fenestrados: grandes aberturas 
permitem ampla passagem do fármaco 
entre o sangue e o interstício hepático; 
• Capilar cerebral: existem junções estreitadas, 
alguns fármacos lipossolúveis e alguns mediados 
por transportadores são capazes de passar essa 
barreira, mas fármacos ionizados não. 
 
 
BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA 
• Doença de Parkinson: 
ocorre a diminuição da 
dopamina no SNC. No 
tratamento, a dopamina não 
pode ser administrada 
diretamente porque não 
atravessa a BHE, como 
alternativa é utilizada a L-
dopa (precursora da 
dopamina) capaz de chegar ao SNC, por meio de 
transportadores de aminoácidos, onde será 
convertida em dopamina pela enzima dopa-
descarboxilase. Para evitar que a l-dopa seja 
metabolizada antes de entrar nos neurônios, é 
administrado também um inibidor da enzima dopa-
descarboxilase periférica (carmidopa), o qual não 
consegue atravessar a BHE.; 
• Meningite: quando a meninge está inflamada e 
permeável, a BHE também sofre consequência 
desse processo inflamatório e torna-se mais 
permeável. Assim, medicamentos que 
normalmente não seriam úteis para tratar uma 
infecção no SNC, conseguem atravessar a BHE e 
tratar a infecção. 
Alguns antibióticos não 
conseguem atravessar a 
BHE, numa situação de 
normalidade,não 
conseguiriam tratar, por 
exemplo, uma meningite. 
Mas, na verdade, quando a 
meninge inflama, a BHE 
também fica inflamada, se 
tornando mais permeável e 
permitindo a passagem de 
medicamentos que não 
conseguiriam passar em um 
quadro normal. 
 
15 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
PRINCIPAIS COMPARTIMENTOS CORPORAIS 
 
Plasma, líquido intersticial, líquido intracelular, líquido 
transcelular e gordura (compartimento lipofílico). 
 
CONCEITOS 
VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO 
É uma medida da maneira como 
ocorre a acumulação do fármaco no 
corpo. Pode ser expresso como a 
relação entre a quantidade de fármaco 
no corpo e a sua concentração no 
sangue. Volume de distribuição = 
quantidade do fármaco no 
corpo/concentração no sangue. 
• É um volume arbitrário (pode 
ultrapassar o volume corporal total) que 
aparece nas equações utilizadas pra 
descrever os modelos farmacocinéticos; 
• É uma medida da maneira como o fármaco se 
acumula no corpo; 
• Utilizado para saber se o fármaco é mais ou 
menos lipossolúvel; 
• Alto volume de distribuição = substâncias 
lipossolúveis; 
• Baixo volume de distribuição = substâncias 
hidrossolúveis; 
• Pode ser expresso como a relação entre a 
quantidade de fármaco no corpo (o total 
administrado) e a sua concentração no sangue 
(apenas substâncias solúveis, não leva em 
consideração a quantidade de fármaco alocado na 
gordura, por exemplo); 
• Ex 1: 5mg de fármaco em 5L do compartimento 
intravascular (1mg/L) tem volume de distribuição 
igual a 5L. Quando o volume de distribuição é igual 
ao volume plasmático quer dizer que o fármaco 
não se ligou a gordura (está 100% no plasma); 
o Ex 2: 5mg de fármaco, sendo 4mg na 
gordura e 1mg no sangue. A concentração 
do fármaco no sangue é de 1mg em 5L, 
ou seja, 0,2 mg/L. Portanto, o volume de 
distribuição é 5mg/0,2mg/L = 25L., isso 
significa que precisaria de 25L de plasma 
para conseguir a quantidade de droga 
presente no corpo (5mg) na 
concentração que a droga está no plasma 
(0,2mg/L); 
• Quando o volume de distribuição for maior que o 
volume plasmático significa que a droga ficou 
alocada em outros tecidos. 
 
 
 
 
16 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
DEPURAÇÃO (CLEARANCE) 
Medida da capacidade do organismo de eliminar o fármaco. 
 
• É a soma da metabolização e da eliminação; 
• É a velocidade que o fármaco deixa a 
concentração plasmática; 
• Quando o fármaco é administrado via oral, 
dependerá da constante e da meia-vida de 
absorção; 
• Vias de excreção: renal (principal), hepática, 
gastrintestinal e pulmonar; 
• Ácidos fracos são excretados mais rapidamente 
em urina alcalina, da mesma forma que bases 
fracas serão excretadas mais rapidamente em 
urina ácida (partição do pH). 
MEIA – VIDA 
Tempo necessário para que a concentração plasmática do 
fármaco seja reduzida à metade. Expressa a taxa de 
remoção do fármaco do organismo. 
BIOTRANSFORMAÇÃO 
• A biotransformação é um 
mecanismo metabólico usado para 
reduzir a atividade de compostos 
químicos exógenos e endógenos; 
• Mecanismo metabólico 
usado para reduzir a atividade de 
compostos químicos exógenos e 
endógenos, por meio da 
modificação da molécula; 
• Usada tanto para eliminar 
substâncias potencialmente tóxicas/ xenobióticas, 
quanto para transformar substâncias endógenas. 
• Os produtos da biotransformação são chamados 
de metabólitos; 
• Órgãos onde ocorre: 
o Fígado (principal); 
o Rins. 
• Efeito da concentração do fármaco na velocidade 
de sua biotransformação: 
o Eliminação de primeira ordem: velocidade 
de metabolização é proporcional a 
concentração do fármaco; 
o Metabolização de ordem zero/cinética de 
saturação: a concentração do fármaco é 
muito maior que o Km da enzima = 
saturação da enzima - velocidade de 
metabolização é a máxima possível. Obs: 
menor Km = maior afinidade. Fármacos 
de ordem zero, como etanol e ácido 
acetilsalicílico, tendem a se acumular e 
facilmente causam intoxicação; 
As reações químicas envolvidas no processo de 
biotransformação podem ser classificadas em dois grandes 
grupos: as reações de fase I e as reações de fase II. 
• As reações de fase I convertem a droga original 
em um metabólito mais polar para facilitar 
excreção ao introduzir um grupo funcional (- OH, 
-NH2, -SH). Se o metabólito de fase I for polar o 
suficiente, ele pode ser facilmente excretado. 
Envolvem oxidação, redução e hidrólise - maior 
reatividade química, mas normalmente menor 
atividade farmacológica.; 
o A maior parte 
das reações da fase 
I são promovidas 
pelas enzimas do 
sistema de 
citocromos P450 
(CYP). Cada família 
de citocromos vai 
realizar a metabolização de um 
tipo de fármaco, podendo, 
eventualmente, ter interações, 
por exemplo, uma droga 
interferir no metabolismo de 
outra. NADPH, a partir da via 
das pentoses, fornece elétrons 
que permitem a oxidação do 
substrato. ***Clínica: 
contribuição relativa de várias 
 
17 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
isoformas de citocromos P450 na 
biotransformação de fármacos. 
• Entretanto, muitos produtos de fase I não são 
rapidamente eliminados e sofrem uma reação 
subsequente (reação de fase II) em que um 
substrato endógeno se combina com o grupo 
funcional recém incorporado formando um 
conjugado altamente polar que pode ser 
facilmente eliminado. Ex: Glicuronidação. Enzima 
UDP-glicuronil transferase transfere glicuronil para 
UDP-α-glicuronídio, transformando-a em 
glicuronídio, que será conjugado à substância, 
tornando-a mais polar para ser excretada. 
 
Ex: CIP2E1 = citocromo que metaboliza o álcool e agentes 
anestésicos (enflurano e halotano) Pessoa que consome 
álcool regularmente induz a síntese do citocromo CIP2E1, 
hepatócito com aumento do retículo endoplasmatico onde 
esses citocromos estão expressados = indução do 
metabolismo pelo uso de etanol. Paciente alcoolista não é 
possível usar esses tipos de anestésicos adequadamente. 
Por causa da indução que o paciente provocou do CIP2E1, 
o organismo vai metabolizar os agentes anestésicos muito 
rápido e, por isso, não terão efeito. 
 
 
 
 
 
 
 
18 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
ELIMINAÇÃO 
• Além da dose, a velocidade de eliminação 
determina a duração da ação da maioria dos 
fármacos; 
• A eliminação resulta no desaparecimento do 
composto biologicamente ativo do corpo pelo 
metabolismo e excreção; 
• As principais vias das quais as substâncias e seus 
metabólitos são removidos do corpo são: 
o Renal (principal); 
o Hepática; 
o Gastro-intestinal; 
o Pulmonar; 
• A maioria das substâncias, exceto quando ligadas 
às proteínas plasmáticas, atravessam livremente o 
filtro glomerular; 
• Substâncias lipossolúveis são reabsorvidas por 
difusão passiva; 
• Algumas substâncias são excretadas na sua forma 
inalterada na urina, por exemplo: digoxina e 
furosemida; 
• Após as reações de fase I e II, o fármaco fica mais 
polar, sendo facilmente eliminado; 
• Ácidos são bem eliminados em urina alcalina – 
pode-se usar citrato de potássio para alcalinizar a 
urina; 
• Bases são bem eliminadas em urina ácida – pode-
se usar ácido ascórbico (vitamina C) ou fosfato de 
potássio para acidificar a urina Ex: Ser humano 
infectado por anfetamina (base fraca). Quando a 
urina é alcalina, a droga fica mais concentrada no 
plasma, porque não é eliminada e, 
consequentemente, a resposta psicológica 
permanece aumentada. Quando a urina é ácida, a 
excreção urinária é mais rápida, os níveis 
plasmáticos diminuem e a resposta psicológica é 
menor. 
 
 = já estão em 
estrutura molecular que permite sua excreção. 
EFEITO DA IONIZAÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO URINÁRIA 
• Ácidos são bem 
eliminados na urina 
alcalinizada (citrato de 
potássio pode ser 
usado para alcalinizar a 
urina.); 
• Bases são bem 
eliminadas com a 
acidificação da urina. 
(ácido ascórbico pode 
ser usado para acidificar a urina.).19 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
 
Quando fármaco passa pelas reações da fase 1 e fase 2, 
ele vai ficando cada vez mais polar; sendo polar ele acaba 
sendo excretado. 
 
MODELOS FARMACOCINÉTICOS 
MODELO DO COMPARTIMENTO ÚNICO 
• Toda a 
droga está no 
plasma (Vd = 
100%). Leva em 
consideração a 
absorção, a 
excreção e o 
metabolismo ao 
longo do tempo; 
• Absorção vai variando com tempo. 
 
Quanto maior a meia-vida de um fármaco, menor a 
velocidade que ele vai ser eliminado; 
Quando se 
aumenta o 
número de 
doses 
durante o dia, 
mantendo a 
dose total, 
ganha-se 
estabilidade, porque vai oscilar menos a concentração 
plasmática, assim, tem menos chance de sair da janela 
terapêutica. A situação ideal seria o gotejamento constante 
(o que está entrando é igual ao que está saindo). É melhor 
100 µmol 2x ao dia, do que 200 µmol 1x ao dia. A 
desvantagem é que é menos cômodo. 
Quanto 
maior a 
dose, 
mais alta 
vai ser a 
concentração plasmática na região de equilíbrio. 
Depois de 
4 ou 5 
meia-vidas 
de 
absorção 
é possível 
chegar a 
um estado de concentração plasmática estável (equivale a 
mais ou menos 2 ou 3 dias de tratamento). 
 
20 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
 
 
Efeito da absorção lenta de uma substância sobre sua 
concentração plasmática: quando o fármaco não é 
administrado via intravenosa, deve-se levar em 
consideração a meia-vida de absorção, por isso terá 
absorção mais lenta. Com a liberação prolongada, o efeito 
da medicação dura mais tempo. Ponto de equilíbrio: quanto 
maior a velocidade de infusão/dose, maior a concentração 
plasmática do fármaco no equilíbrio. 
MODELO DE 2 COMPARTIMENTOS 
• Fármacos mais 
lipossolúveis. 
• Constantes de 
distribuição e de 
redistribuição além 
do compartimento 
único (absorção, 
excreção e 
metabolismo); 
• Representa o processo de transferência entre o 
plasma e os tecidos; 
• Equilíbrio dinâmico entre o compartimento central 
e o compartimento periférico; 
 
 
Ex: Diazepam – grande 
volume de distribuição, 
ou seja, se acumula na 
gordura corporal. A 
concentração plasmática 
no compartimento 
vascular cai rapidamente 
(as taxas de excreção, 
metabolização e de 
distribuição são maiores 
de início) e, depois, mais 
lentamente (excreção e 
metabolização 
continuam, mas 
distribuição e redistribuição entram em equilíbrio). 
 
 
• Na cinética de saturação, o aumento da 
concentração plasmática da droga não altera a 
velocidade de metabolização (enzima não 
consegue saturar mais – o que entra aumenta, 
mas o que sai não muda). Assim, ocorre uma 
tendência ao acúmulo e à toxicidade; 
• Dose de ataque: em emergências, se inicia o 
tratamento com uma dose elevada para chegar 
mais rápido na região de estabilização e na janela 
 
21 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
terapêutica. Problema é que pode gerar efeitos 
adversos; 
• Ex: Carnaval. Ingestão de álcool em grande 
quantidade várias vezes ao dia, ocorre acúmulo e 
leva ao coma. alcoólico; 
• Na cinética normal, quanto maior a dose, maior o 
nível em que o equilíbrio vai ser atingido no ponto 
de saturação, podendo também haver intoxicação 
por ficar acima da janela terapêutica. 
 
 = dose maior no inicio e 
depois vai equilibrando, chega antes na janela terapêutica. 
 
RESUMO 
 
Farmacodinâmica 
Um fármaco é uma substância química que afeta a função 
fisiológica de modo específico. Tipos de alvos para a ação 
de fármacos: 
A. Receptores e canais iônicos; 
B. Enzimas; 
C. Moléculas transportadoras. 
• A especificidade é recíproca: classes individuais de 
substâncias (classes de fármacos) se ligam apenas 
a determinados alvos, e alvos individuais só 
reconhecem determinadas classes de fármacos 
(como modelo chave-fechadura); 
• Encaixe mais plástico = induzido. Uma molécula 
acaba induzindo mudanças conformacionais na 
outra; 
• Nenhum fármaco é totalmente específico nas suas 
ações. Em muitos casos, o aumento na sua dose 
(aumento na concentração plasmática ou no 
tecido alvo) resulta na ligação desse fármaco a 
outros sítios, que não o principal, afetando outros 
alvos diferentes do alvo principal, podendo resultar 
em efeitos colaterais; 
• Em doses mais baixas do fármaco, a especificidade 
e afinidade de ligação são maiores por 
determinada estrutura (receptor). Com o aumento 
da dose, algumas estruturas vão se ligar, com 
menor afinidade, a sítios de ligação diferentes do 
normal. 
 
22 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
 
Abolição da resposta molecular pode ser justamente a 
resposta farmacológica (exemplo Beta bloqueadores, que 
não deixam a adrenalina agir por ocupar receptor). 
LIGAÇÃO DO FÁRMACO AOS RECEPTORES 
A ligação de fármacos aos receptores obedece, 
necessariamente, à Lei de Atração das Massas. Em 
equilíbrio, a ocupação do receptor está relacionada à 
concentração do fármaco através da equação de Hill-
Langmuir. 
 
 
• Quanto maior a afinidade do fármaco pelo 
receptor, menor a concentração em que produz 
determinado nível de ocupação; 
• Os mesmos princípios são aplicados quando duas 
ou mais substâncias competem pelos mesmos 
receptores; cada uma tem o efeito de reduzir a 
afinidade aparente para a outra (Ex: inibidor 
competitivo reduz afinidade aparente de uma 
enzima pelo seu substrato); 
• No equilíbrio as duas velocidades (associação e 
dissociação) são iguais, quando as equações são 
igualadas, leva em consideração a proporção de 
receptores ocupados, a qual varia de acordo com 
a concentração da substância; 
• Ka é a constante de afinidade que denota a 
concentração de droga que produz metade da 
ocupação dos receptores → Quanto menor Ka = 
maior afinidade, ou seja, com menos agentes já é 
possível ocupar metade dos receptores. 
AGONISTAS 
• Uma droga agonista, ao se ligar no receptor, 
provoca uma mudança conformacional (física) e, 
consequentemente, uma alteração 
comportamental (alteração na função celular), 
produzindo vários tipos e efeitos e resultando uma 
resposta farmacodinâmica; 
• A potência de um agonista depende da afinidade 
(tendência a se ligar ao receptor = Ka) e da 
eficácia (capacidade da substância, uma vez ligada, 
de induzir alterações que produzem efeitos) - 
Agonistas totais produzem efeitos máximos (alta 
eficácia); 
• Agonistas parciais produzem efeitos submáximos 
(eficácia intermediária), produz mais alterações 
que um antagonista, mas menos alterações do que 
um agonista. Se não tem ação, o agonista parcial 
funciona como agonista provocando mudança 
fisiológica. Porém, se já tem uma substância 
endógena que tem mais afinidade que o agonista 
parcial administrado, eles vão competir, podendo 
ocorrer inibição do efeito do agonista endógeno, 
assimilando-se a um antagonista; 
• Os agonistas exibem seletividade (preferem) o 
estado ativado, enquanto os antagonistas não têm 
seletividade (preferem estado inativado). 
 
23 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
ANTAGONISTAS 
Para os antagonistas, a eficácia é zero, ou seja, não produz 
mudanças moleculares, mas também tem alta afinidade. 
Não produzir resposta farmacodinâmica não significa 
ausência de resposta farmacológica. O fato de não haver 
alteração farmacodinâmica pode ser resultado da ação de 
uma droga para um tratamento, resultando em efeitos 
farmacológicos, resposta clínica. Ex: Adrenalina = mediador 
endógeno simpaticomimético/prósimpático se liga a um 
receptor adrenérgico. Antagonista adrenérgico impede 
ação da Adr (não desencadeia resposta molecular), mas 
muda fisiologia. Em pacientes com pressão alta, utiliza-se 
antagonistas adrenérgicos no tratamento (resposta 
farmacológica). Os antagonistas podem ser: 
• Químicos: interação em solução. Reação entre 
substâncias que altera disponibilidade delas; 
• Farmacocinéticos: substância que afeta absorção, 
metabolismo ou excreção de outra, ou seja, 
substância que afeta a disponibilidade de outra 
afetandopropriedades farmacocinéticas; 
• Competitivos: ambas as substâncias podem se 
ligar ao mesmo receptor, podendo ser reversível 
ou irreversível. O antagonista é uma molécula que, 
ao se ligar ao receptor, produz nenhuma resposta 
farmacodinâmica; 
• Não competitivos: o antagonista interrompe a 
ligação receptor-efetor. Interrompe a efetividade 
da ligação substrato-receptor. Não é superável 
pelo aumento do agonista; 
• Fisiológicos: dois agentes produzem efeitos 
fisiológicos opostos. Ligam em receptores 
diferentes e produzem efeitos fisiológicos 
diferentes. Ambas são agonistas nos seus 
receptores. 
o Ex: uma droga se liga a um receptor e 
faz midríase, outra droga se liga a outro 
receptor e faz miose. 
ANTAGONISMO COMPETITIVO REVERSÍVEL 
• Mais comum e mais importante; 
• Desloca parte de moléculas agonistas dos seus 
sítios de ligação; 
• É reversível pelo aumento de substâncias 
agonistas; 
• Se a curva for deslocada para a direita, mantendo 
seu nível máximo de ocupação e sua curvatura, o 
antagonismo é competitivo e reversível. O quanto 
a curva é deslocada depende da quantidade de 
agente antagonista. Aumentando a concentração 
do agente, é possível superar o efeito do 
antagonista = a relação da dose aumenta de modo 
linear com a concentração do antagonista (10 de 
antagonista, será preciso 10 de agonista para 
superar). A inclinação da linha é uma medida da 
afinidade do antagonista pelo receptor = a 
afinidade intrínseca não muda, mas a aparente 
aumenta; 
• A afinidade do antagonista, medida dessa maneira, 
é amplamente utilizada como base para a 
classificação dos receptores. 
 
ANTAGONISMO COMPETITIVO IRREVERSÍVEL 
• Diminui a população total de receptores. Não se 
tem mais o efeito máximo. Não é superado, não 
se pode superar o efeito do antagonista apenas 
aumentando a concentração do agente. O 
antagonista se liga e nunca mais desliga; 
• O nível de ocupação máximo diminui, perde-se 
sítios de ocupação. Quanto menos sítios 
disponíveis, maior será o efeito máximo possível. 
 
AGONISTAS INVERSOS 
Apresenta seletividade pelo receptor do estado de 
repouso, o que possui significado apenas em situações 
incomuns em que os receptores demonstram atividade 
constitutiva. Ex: canais iônicos. Se um agente aumenta o 
 
24 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
diâmetro do canal, aumenta a permeabilidade, é um agente 
agonista. Se um agente diminui o diâmetro do canal, diminui 
a permeabilidade, é um agonista inverso = liga no receptor, 
mas provoca mudança conformacional contrária ao agente 
agonista, diminuindo o nível basal de atividade. Um 
antagonista também desloca a curva para a direita de um 
agonista inverso. 
 
DESSENSIBILIZAÇÃO E TAQUIFILAXIA 
Descrevem a perda do efeito de uma substância, 
comumente observada quando administrada de modo 
contínuo ou repetido. 
• A tolerância e a refratariedade também podem 
estar envolvidas na perda de sensibilidade ou ao 
rápido desenvolvimento de uma insensibilidade 
com o fármaco; 
• Se o fármaco for suspenso, haverá o retorno da 
sensibilidade, mas pode demorar segundos, dias ou 
semanas; 
• Existem muitos mecanismos diferentes envolvidos 
na recuperação da sensibilidade, como alterações 
nos receptores (up/down regulation), exaustão de 
mediadores, aumento do metabolismo da 
substância, mecanismos fisiológicos 
compensatórios, extrusão das substâncias das 
células (responsável pela resistência a agentes 
quimioterápicos). 
 
• Os receptores de membrana têm meia-vida. A 
célula controla a quantidade desses receptores por 
estimulação ou inibição da síntese deles; 
• Nem todos os agentes e nem todas as células são 
capazes de sofrer up/down regulation. 
ALVOS PARA A AÇÃO DE FÁRMACOS (BASES 
MOLECULARES) 
Os fármacos podem atuar em receptores, canais iônicos, 
enzimas e em moléculas transportadoras. Geralmente, 
receptores, canais iônicos e enzimas são tratados em 
conjunto como “receptores”. 
RECEPTORES 
 
• Agonistas: a partir da ligação com o receptor, 
essas substâncias podem ter efeito direto 
(abertura/fechamento dos canais iônicos) ou 
mecanismos de transdução (ativação/inibição de 
enzimas, modulação dos canais iônicos, transcrição 
do DNA). Ligam-se ao receptor ativando o efeito 
fisiológico do mesmo. Exemplo: codeína (Tylex) é 
um agonista dos receptores opioides. Ação 
analgésica; 
• Antagonistas: não provocam mecanismos de 
transdução, apenas bloqueiam os mediadores 
endógenos. Ligam-se ao receptor bloqueando o 
efeito fisiológico do mesmo. Exemplo: 
escopolamina/hioscina (Buscopan) é um 
antagonista de receptor colinérgico muscarínico. 
Ação antiespasmódica. 
 
25 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
 
Tipos de receptores: 
Canais iônicos regulados por ligantes (receptores 
ionotrópicos): 
• Estão envolvidos principalmente na transmissão 
sináptica rápida, promovendo despolarização ou 
hiperpolarização; 
• Após a ligação do ligante, ocorre a abertura do 
canal em milissegundos; 
• Existem várias famílias estruturais, sendo a mais 
comum representada por organizações 
heteroméricas de 4/5 subunidades, com hélices 
transmembrana dispostas em torno de um canal 
central aquoso (poro pequeno); 
• Estrutura: domínio de ligação extracelular, 
estrutura transmembrana que reveste o canal e 
podem ter um sítio intracelular; 
• Ex: receptor nicotínico de Ach, de ácido gama-
aminobutírico tipo A e de 5-hidroxitriptamina tipo 
3. 
 
 
 
Receptores acoplados à proteína G (receptores 
metabotrópicos: 
• Estrutura: 7 domínios transmembrana com sítios 
de ligação intra e extra celulares; 
• Uma das alças intracelulares é maior do que as 
outras e interage com a proteína G; 
• A proteína G é uma proteína acoplada a um 
receptor de membrana constituída de três 
subunidades (𝞪ßγ), em que a subunidade alfa 
possui atividade de GTPase; 
• A subunidade alfa dissocia-se e fica livre para ativar 
um efetor (uma enzima na membrana ou um 
canal iônico); 
• A ativação do efetor termina quando ocorre 
hidrólise da molécula de GTP em GDP e fosfato 
(logo só funciona quando o GTP está ali)= 
processo de dessensibilização por ligação 
covalente. Isso permite a recombinação da 
subunidade 𝞪 com ßγ; 
• Os receptores acoplados à proteína G são 
responsáveis pela transdução de sinal (transformar 
o sinal extracelular, primeiro mensageiro, em 
intracelular, segundo mensageiro); 
• Duas vias-chave controladas pela proteína G: 
adenilato ciclase (AMPc promove cascata de 
quinases, ativa proteína quinase A, que induzem a 
fosforilação de enzimas, por exemplo) e 
fosfolipase C (trifosfato de inositol, aumenta cálcio 
intracelular livre, e diacilglicerol, ativa proteína 
quinase C); 
 
• Primeiro mensageiro = extracelular (hormônio, 
neurotransmissor ou o fármaco). Segundo 
mensageiro = intracelular, parte do mecanismo de 
transdução; 
• Ex: receptor muscarínico de Ach, receptores 
adrenérgicos e os receptores de neuropeptídeos. 
 
26 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
 
 
Receptor de trombina pode ser previamente ativado: está 
inativo até que trombina quebre esse sítio, ele precisa de 
uma clivagem, e permita ação do agonista. Depois de um 
tempo, ele perde seu efeito (cascata de coagulação não 
pode seguir ininterruptamente) e tem uma 
dessensibilização por fosforilação. 
 
 
Exemplos: 
• AMPc como segundo mensageiro: 
 
 
• IP3 e DAG: 
 
 
27 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
 
 
 
Além de todas essas funções, as proteínas G ligadas a 
receptores também controlam: 
• A fosfolipase A (e, portanto, a formação do ácido 
araquidônico e de eicosanóides); 
• Os canais iônicos (por exemplo, canais de potássio 
e de cálcio, afetando a excitabilidade da membrana, 
a liberação de transmissores, a contratilidade). 
Receptores ligados à quinase: 
• Estrutura: cada domínio é uma hélice 
transmembrana única; 
• Os receptores de vários hormônios (como a 
insulina) e fatores decrescimento incorporam a 
tirosinoquinase em seu domínio intracelular; 
• Os receptores de citosinas apresentam um 
domínio intracelular que se liga a quinases 
citosólicas e os ativa quando o receptor está 
ocupado; 
• Em geral a transdução de sinais envolve 
dimerização dos receptores, seguida de auto 
fosforilação dos resíduos de tirosina; 
• Os resíduos de fosfotirosina atuam como 
aceptores para os domínios de SH2 de uma 
variedade de proteínas intracelulares, permitindo, 
assim, o controle de numerosas funções celulares; 
• Em geral, estão envolvidos em eventos que 
controlam o crescimento e a diferenciação celular; 
atuam também, indiretamente, ao regular a 
transcrição de genes; 
• Duas vias importantes: Ras (importante na divisão, 
no crescimento e diferenciação celulares - área 
oncológica) e Jak/Stat (é ativada por muitas 
citocinas e controla a síntese e a liberação me 
mediadores de inflamação); 
• Ex: receptor de insulina, do fator de crescimento 
e de citocinas. 
 
Receptores nucleares/intracelulares: 
• Os receptores são proteínas intracelulares (os 
ligantes devem primeiro entrar na célula); 
 
28 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
• Promove/reprime síntese específica, são de início 
lento; 
• Estrutura: sítio de ligação para o receptor e 
domínio de ligação para o DNA; 
• Ex: receptores de hormônios esteróides, 
hormônio tireóideo, vitamina D, ácido retinóico; 
• Os receptores consistem num domínio de ligação 
do DNA conservado, fixado a domínios de ligação 
do ligante e de controle de transcrição; 
• O domínio de ligação do DNA reconhece 
sequências de bases específicas, promovendo ou 
reprimindo, assim, genes particulares; 
• O padrão de ativação de genes depende tanto do 
tipo celular quanto da natureza do ligante, de modo 
que os efeitos são extremamente divesos; 
 
Observações: 
• Os receptores ionotrópicos, metabotrópicos e 
ligados à quinase são de membrana celular, por 
isso, são utilizados por substâncias hidrossolúveis, 
que não conseguem atravessar a membrana 
plasmática; 
• Os receptores intracelulares são utilizados por 
substâncias lipossolúveis, capazes de atravessar a 
membrana; 
• Mecanismo de cascata de quinases leva à 
amplificação dos eventos mediados por 
receptores; 
• Existem muitas quinases com diferentes 
especificidades de substrato, permitindo a 
especificidade nas vias ativadas por diferentes 
hormônios; 
• As fosfatases atuam para reverter os efeitos das 
quinases; 
• Fosforilação e defosforilação geram gasto de 
energia 
 
ENZIMAS 
 
Muitos fármacos têm como alvo as enzimas. Com 
frequência o fármaco é uma molécula análoga ao substrato 
da enzima. Exemplo: Aspirina que inibe a ciclooxigenase 
(COX). 
 
 
29 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
Alguns fármacos são administrados sob a forma de pró-
fármacos requerendo a ação de enzimas endógenas para 
sua conversão em uma forma ativa. Exemplo: clorazepato 
(pró-farmaco inativo)/metildiazepam (metabólito ativo). 
 
MOLÉCULAS TRANSPORTADORAS 
 
• O transporte de íons e de pequenas moléculas 
orgânicas através das membranas celulares 
geralmente exige uma proteína transportadora, 
visto que tais moléculas são, com frequência, 
muito polares (insuficientemente lipossolúveis) para 
penetrar por si próprias nas membranas lipídicas; 
• As proteínas transportadoras possuem um sítio de 
reconhecimento que as torna específicas para 
determinada substância. Esses sítios de 
reconhecimento são alvos para fármacos que 
bloqueiam o transporte da substância. 
Interações farmacológicas 
A administração concomitante de: fármaco + fármaco; 
fármaco + fitoterápico; fármaco + alimento, pode alterar a 
biodisponibilidade destas substâncias. 
 
MECANISMOS PELOS QUAIS AS SUBSTÂNCIAS PODEM 
INTERAGIR 
• Interações farmacocinéticas: 
o Absorção, 
o Distribuição, 
o Biotransformação, 
o Excreção.; 
• Interações farmacodinâmicas; 
• Interações combinadas (envolvendo dois ou mais 
mecanismos) → são as mais comuns. 
ABSORÇÃO 
• Agentes que apresentam grande área de 
superfície sobre a qual o fármaco pode ser 
adsorvido. Acontece tipicamente com fibras com 
moléculas que podem se ligar a elas (como aveia 
na tentativa de diminuir absorção de colesterol, 
ácidos e sais biliares também – ficam ligados na 
fibra da aveia, parte fibrosa carrega moléculas no 
bolo fecal; carvão ativado é usado em alguns casos 
de envenenamento, é uma espécie de fibra com 
poros que pode ligar a essas substâncias que 
causariam problemas); 
• Agente com capacidade de ligação ou quelação: 
ligação de algum elemento químico, geralmente 
cálcio, capaz de formar íons com o fármaco, 
dificultando sua passagem pelas membranas 
celulares, e, consequentemente, dificultando sua 
absorção; 
• Agentes que alteram o pH gastro-intestinal: ao 
mudar o pH, mudamos a partição do pH, muda a 
proporção de moléculas que se encontra ionizada 
em relação a parcela que não se encontra; 
• Agentes que alteram a motilidade intestinal: 
aumento do peristaltismo = diminuição do tempo 
de trânsito intestinal do fármaco = menor 
absorção. Agentes que diminuem a motilidade 
intestinal podem aumentar tempo de trânsito e 
aumento da absorção de fármacos; 
• Agentes que afetam as proteínas de transporte: 
fármacos similares a aminoácidos que podem 
competir com os aminoácidos provenientes das 
proteínas da dieta. 
 
 
30 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
DISTRIBUIÇÃO 
• Competição pela ligação às proteínas de 
transporte plasmáticas (por exemplo, albumina) - 
droga que também se liga à albumina, desloca uma 
droga que já estava ligada, aumentando sua forma 
livre/ativa. Exemplo: Icterícia fisiológica: devemos 
evitar usar drogas que deslocam a bilirrubina da 
albumina (como sulfas e alguns antibióticos), 
agravando a situação; 
• Competição pela ligação às proteínas de 
transporte nas barreiras teciduais (por exemplo, 
glicoproteína-P no intestino e barreira 
hematoencefálica). 
BIOTRANSFORMAÇÃO 
• Indução enzimática: processo que leva de médio 
a longo prazo. a presença do substrato aumenta a 
atividade enzimática, pelo aumento da quantidade 
de sítios ativos disponíveis. Uso crônico de uma 
substância provoca indução enzimática para 
melhor metabolização; porém, se o fármaco não 
for mais utilizado continuamente, ele vai ter o seu 
efeito diminuído, porque sua concentração 
plasmática vai diminuir. Diminui o efeito do fármaco 
que sofre a indução do metabolismo. Exemplo: 
anestésico que não funciona bem em paciente 
alcoolista; 
• Inibição enzimática: processo mais agudo, ocorre, 
geralmente, por competição por sítio de 
metabolização da enzima. A presença do substrato 
diminui a atividade enzimática, menos moléculas 
vão ser metabolizadas (pode acumular, entra mais 
do que sai), aumentando o efeito do fármaco que 
sofre a inibição do metabolismo. 
 
 
EXCREÇÃO RENAL 
Fármacos que afetam o pH urinário podem interferir na 
excreção de outros fármacos que são bases fracas ou 
ácidos fracos. 
• pH urinário mais ácido favorece excreção de 
bases; 
• pH urinário mais alcalino favorece excreção de 
ácidos. 
INTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS 
 
• Resposta sinérgica: vasodilatador + diurético = 
diminui pressão arterial; 
• Resposta antagônica: 
 
• Toxicidade combinada: quando dois fármacos 
apresentam a mesma toxicidade, podendo ser 
aditiva ou multiplicativa. Exemplo: Digoxina (utilizada 
para aumentar a força de contração na 
 
31 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
insuficiência cardíaca) + diurético (pode induzir 
hipocalemia, ou seja uma diminuição da [K+] no 
sangue, que, combinada com a ação da digoxina 
pode desencadear um efeito tóxico) = arritmia 
cardíaca; 
ÁLCOOL E MEDICAMENTOS 
Uso farmacológico do álcool 
• Antisséptico (como álcool gel); 
• Veículo para fármacos (xaropes e licores); 
• Tratamento da intoxicação por metanol (álcool 
inibe metabolismo do metanol, logo dá tempode 
excretar ele na urina, no suor, no hálito, sem que 
ele seja metabolizado) e etileno glicol. 
USO RECREACIONAL DO ÁLCOOL 
 
EFEITOS DO ÁLCOOL 
1. Potencialização do efeito depressor sobre o 
sistema nervoso central; 
2. Potencialização da hepatotoxicidade; 
3. Potencialização da hipoglicemia; 
4. Aumento do risco de irritação e sangramento 
digestivo; 
5. Redução da absorção de vitaminas; 
6. Pode ocorrer reação do tipo “dissulfiram” na 
presença de certos fármacos; 
7. Teratogenicidade. 
Potencialização do efeito depressor sobre o sistema 
nervoso central: 
Ocorre com o uso conjunto de álcool e: 
• Anestésicos gerais; 
• Analgésicos opióides (por exemplo, codeína); 
• Anticonvulsivantes; 
• Antidepressivos; 
• Antipsicóticos; 
• Anti-histamínicos de primeira geração; 
• Barbitúricos (sedativo-hipnótico); 
• Benzodiazepínicos (sedativo-hipnótico). 
Potencialização da hepatotoxicidade: 
Vias de destoxificação do acetaminofen (paracetamol) no 
fígado. 
 
• Pessoas que usam álcool com frequência induzem 
a enzima CIP2E1, responsável pela produção de 
metabólitos tóxicos; a utilização de paracetamol 
(acetaminofeno) por pessoas que tem essa 
enzima induzida, aumenta a formação de 
metabólitos tóxicos (NAPQI). O metabólito provoca 
danos à proteínas celulares, ele é hepatotóxico. A 
neutralização desses metabólitos pela glutationa é 
reduzida em pacientes alcoolistas; 
• Em pouca quantidade é metabolizado nas 
mitocôndrias, gerando radicais livres; 
• Em maior quantidade é metabolizado também no 
sistema microssomal que gera ainda mais radicais 
livre. 
Potencialização da hipoglicemia: 
Isso ocorre pelo acúmulo de NADH, deslocando as reações 
metabólicas (desloca piruvato em direção a lactato e 
oxalacetato em direção a malato, dificultando o acesso a 
 
32 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
carbonos para formação de glicose) = o etanol inibe a 
gliconeogênese. É mais comum em pacientes que utilizam: 
• Insulina; 
• Hipoglicemiantes orais. 
 
Afeta também o pâncreas: pancreatite alcoólica. 
Aumento do Risco de Irritação e Sangramento Digestivo: 
• Efeito tóxico do álcool sobre a mucosa; 
• Hepatopatia 
• Mais frequente em pacientes que utilizam: 
o Anticoagulantes; 
o Anti-inflamatórios não-esteróides 
o Motivo: diminui síntese de prostaglandina 
E2, que ajuda na produção do muco e 
proteção da mucosa gástrica. 
Redução da absorção de vitaminas: 
• Ácido fólico → provoca anemias; 
• Tiamina (B1) → Síndrome de Wernicke-Korsakoff 
(a tiamina é um cofator da enzima piruvato 
desidrogenase); 
o Características: 
o Oftalmoplegia (paralisia dos músculos dos 
olhos); 
o Ataxia (falta de coordenação dos 
movimentos); 
o Confusão mental; 
o Amnésia (anterógrada e retrógrada); 
o Confabulação. 
Reação do Tipo Dissulfiram: 
 
• O dissulfiram (Antabuse) inibe a enzima aldeído-
desidrogenase, provocando um acúmulo de 
acetaldeído no organismo que, por sua vez, 
provoca efeitos desagradáveis no paciente, como 
rubor, taquicardia, náuseas e vômitos; 
• Alguns fármacos podem induzir uma reação do 
tipo dissulfiram, pois induzem um acúmulo de 
acetaldeído no organismo; 
• Exemplos: 
o Cefalosporinas (antibióticos); 
o Sulfoniluréias (hipoglicemiante oral). 
Teratogenicidade: 
Síndrome Alcoólica Fetal: afeta o desenvolvimento do SNC. 
 
O etanol pode causar efeitos adversos sobre o feto em 
todos os trimestres da gestação. 
 
Uso do etanol no tratamento de intoxicação: 
O etanol pode ser utilizado no tratamento da intoxicação 
por metanol e etileno glicol. O metanol é encontrado em 
solventes orgânicos e o etileno glicol em fluidos 
anticongelantes. 
 
33 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
 
A enzima álcool-desidrogenase possui uma afinidade maior 
pelo etanol do que pelo metanol. Por isso, o etanol pode 
ser utilizado para saturar a enzima e impedi-la de converter 
o metanol em seus metabólitos tóxicos. 
O fomepizol, um inibidor competitivo da enzima álcool-
desidrogenase, é utilizado sozinho ou em associação à 
hemodiálise para tratar intoxicações por metanol e etileno 
glicol. 
 
INTERAÇÕES FÁRMACOS-FITOTERÁPICOS 
EXEMPLOS DE INTERAÇÃO QUE MODIFICA A ABSORÇÃO 
DO FÁRMACO 
 
O chá-verde tem sido utilizado para auxiliar no 
emagrecimento. O uso simultâneo do chá com o fármaco 
diminui a absorção do fármaco. 
EXEMPLO DE INTERAÇÃO QUE MODIFICA A 
BIOTRANSFORMAÇÃO DO FÁRMACO 
 
O ginseng é utilizado para melhorar a concentração e a 
memória e combater os efeitos do estresse. O fitoterápico 
diminui a velocidade de biotransformação dos fármacos 
inibidores da monoamino oxidase (MAO). 
 
A Erva de São João é utilizada como antidepressivo e 
calmante. O fitoterápico aumenta a velocidade de 
biotransformação do anticoncepcional, reduzindo seus 
efeitos. 
EXEMPLO DE INTERAÇÃO QUE MODIFICA A EXCREÇÃO 
DO FITOTERÁPICO/SUPLEMENTO ALIMENTAR 
 
O chá-verde tem sido utilizado para auxiliar no 
emagrecimento. O uso simultâneo do chá com o fármaco 
diminui a depuração da cafeína, induzindo um aumento do 
risco de manifestação de efeitos adversos da cafeína. 
EXEMPLO DE SINERGISMO COM EFEITOS INDESEJÁVEIS 
 
O óleo de alho é utilizado como coadjuvante no tratamento 
de hipertensão arterial leve, auxilia na redução dos níveis 
de colesterol e na prevenção das doenças ateroscleróticas, 
mas seu uso combinado com ácido acetilsalicílico (anti-
agregante plaquetário) aumenta o risco de hemorragias. 
 
 
34 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
EXEMPLO DE ANTAGONISMO COM EFEITOS 
INDESEJÁVEIS 
 
A cafeína, presente no fitoterápico, é um antagonista 
competitivo dos receptores de adenosina → diminuição 
dos efeitos do fármaco. 
 
INTERAÇÕES FÁRMACOS-NUTRIENTES 
A maior parte dos fármacos são administrados por via oral 
juntamente com algum tipo de alimento. As interações 
entre fármacos e nutrientes podem alterar a 
biodisponibilidade de uma destas substâncias ou de ambas. 
RAZÕES PARA ADMINISTRAR MEDICAMENTOS JUNTO 
COM AS REFEIÇÕES: 
1. Possibilidade de aumento da absorção; 
2. Redução do efeito irritante sobre a mucosa 
gastrointestinal (alimento serve de protetor); 
3. Auxiliar na aderência do tratamento (associar a 
ingestão do fármaco a uma atividade fixa como as 
principais refeições). 
Exemplo de nutrientes que influenciam na absorção do 
fármaco: 
• A levodopa (usada no tratamento da doença de 
Parkinson) tem a ação terapêutica inibida por dieta 
hiperproteica; entretanto, uma dieta hipoproteica 
potencializa e estabiliza esse efeito.; 
o Esse efeito está relacionado com o fato 
de os aminoácidos competirem com a 
levodopa tanto pela absorção intestinal 
quanto pela penetração no cérebro; 
 
o O transportador 
que transporta a L-
dopa do sangue para 
dentro do SNC através 
da barreira 
hematoencefálica é o 
mesmo que transporta 
aminoácidos; 
 
 
• Os íons presentes no leite (Ca+2, Mg+2, Fe+2) 
são capazes de formar quelatos não absorvíveis 
com as tetraciclinas (antibióticos), ocasionando 
eliminação fecal dos minerais, bem como do 
fármaco; 
 
• Dietas ricas em gorduras aumentam a absorção 
de retinóides (usados para o tratamento da acne). 
Exemplo de fármaco que afeta a absorção do nutriente: 
O uso de laxativos (como o bisacodil) induz o aumento da 
velocidade do trânsito intestinal e consequentemente 
reduz a absorção das vitaminas A, D e K. 
Exemplo de nutriente que afeta a biotransformação do 
fármaco: 
Os nutrientes podem influenciar o metabolismo dos 
fármacos mediando pelo sistema citocromo P450 (CYPs) 
aumentando ou reduzindo a meia-vida plasmática de 
fármacos. 
• Diminuição da meia-vida: o etanol acelera o 
metabolismo do paracetamol acarretando um 
aumento da produção de um metabólito tóxico 
 
35 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
(reações de fase I) sem que ocorra um aumento 
proporcional nas reações de fase II → 
hepatotoxicidade. 
 
• Aumento da meia-vida: o suco de toranja 
(grapefruit)desacelera o metabolismo da varfarina 
(anticoagulante) aumentando a meia-vida do 
fármaco → risco de hemorragias.; 
 
Exemplo de fármaco que afeta o metabolismo do 
nutriente: 
• A tiramina é um aminoácido que provoca um 
aumento da pressão arterial. Normalmente, ela é 
metabolizada pela MAO; 
• Se o paciente estiver utilizando um antidepressivo 
inibidor da MAO, pode ocorrer um acúmulo de 
tiramina no organismo; 
• Por isso, pacientes que utilizam inibidores da MAO, 
precisam evitar alimentos ricos em tiramina; 
• Os cuidados com a dieta devem ser mantidos por 
15 dias após a interrupção do tratamento com 
IMAOs, pois a inibição da MAO continua por 15 dias. 
Após este período, a dieta está liberada; 
• Alimentos Ricos em Tiramina: 
o Queijos maturados; 
o Carnes: embutidos, carne de sol.; 
o Vinho; 
o Cerveja; 
o Uva passa; 
o Molho de soja (shoyu). 
Exemplo de nutriente que afeta a excreção do fármaco: 
• Aumento da concentração plasmática do fármaco: 
alimentos que tornam o pH da urina mais básico 
(carboidratos), podem aumentar a reabsorção de 
fármacos básicos, como as anfetaminas.; 
• Diminuição da concentração plasmática do 
fármaco: alimentos que tornam o pH da urina mais 
ácido (proteínas), podem aumentar a excreção 
renal de fármacos básicos, como as anfetaminas 
; 
• Dietas ricas em carboidratos:  o pH urinário 
(tornam o pH mais alcalino); 
• Dietas ricas em proteínas:  o pH urinário (tornam 
o pH mais ácido); 
 
• Aumento na excreção de 
minerais (K+, Mg+2, Zn+2 e Ca+2) 
ocorre com o uso prolongado de 
diuréticos como a furosemida (diurético 
de alça). 
Exemplo de nutriente que interfere na ação do fármaco: 
• Aumento de vitamina K (presente nas folhas 
verde-escuras): diminui o efeito anticoagulante da 
varfarina aumentando o risco de formação de 
coágulos; 
• Diminuição de vitamina K: aumenta o efeito 
anticoagulante da varfarina aumentando o risco de 
hemorragias; 
 
o Vitamina K = é um cofator nas 
reações enzimáticas que promovem a 
carboxilação dos fatores de coagulação 
II, VII, IX e X (passos importantes na 
cascata de coagulação); 
o Varfarina (antagonista da vitamina 
K) = inibe a carboxilação dos fatores de 
coagulação II, VII, IX e X. 
 
 
36 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
Efeitos adversos 
 
• Um fármaco produz efeitos desejáveis e não 
desejáveis (deletérios ou não); 
• Os efeitos indesejáveis deletérios são tóxicos, 
podendo ser farmacológicos, patológicos ou 
genotóxicos; 
• Índice terapêutico e margem de segurança são 
aproximações, porque levam em consideração 
uma porcentagem de indivíduos que morrem, 
logo são difíceis de serem mensurados. São dados 
extrapolados obtidos a partir de estudos com 
roedores. 
 
Índice terapêutico: 
• Relação entre a dose de um fármaco que mataria 
metade da população (dose letal) e a dose que 
consegue ter o efeito terapêutico desejado na 
metade da população (dose efetiva); 
• Quanto mais afastadas as curvas, maior o índice 
terapêutico, o que dá uma ideia da segurança 
(dose que mata é maior que a dose que trata); 
• Quanto maior o índice terapêutico, maior a 
segurança; 
• Pode haver sobreposição entre as curvas: para ter 
efeito na população precisa-se de uma dose muito 
alta do fármaco, mas essa dose já é letal em 
algumas pessoas da população = não tem 
margem de segurança. 
Margem de segurança: 
• O ideal é quando a dose letal é muito baixa e a 
dose efetiva é muito alta; 
• Se a margem de segurança é 1, quer dizer que a 
dose que mata 1% da população é a mesma que 
trata 99% da população; 
• As margens de segurança aceitáveis são números 
maiores que 1 (2, 10...); 
• Fármacos com boa margem de segurança, 
costumam ter bom índice terapêutico. Se isso não 
acontecer, deve-se priorizar a margem de 
segurança. 
Padrão de resposta em “U” (sino invertido): 
• Acontece com uma minoria de fármacos; 
• Podem ter efeitos mais fortes em doses baixas; 
• Em doses médias podem ter menor efeito, 
porque entram numa região de homeostasia do 
organismo; 
• Em doses altas, sai da região de homeostasia e 
começa a ter efeito (organismo não consegue 
compensar); 
• Podem ocorrer efeitos adversos tanto em doses 
baixas como em doses mais altas. 
REAÇÕES ADVERSAS 
 
 
37 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 
 
EFEITOS COLATERAIS 
• Efeitos do fármaco em outros tecidos; 
• Exemplo: anti-histamínicos utilizados para o 
tratamento de alergias (periféricas) podem causar 
sonolência se penetrarem no sistema nervoso 
central. 
ALERGIAS 
São respostas “exageradas” do sistema imune a uma 
determinada substância. 
 
Sintomas do choque anafilático (reação do tipo I): erupções, 
edema dos tecidos moles, broncoconstrição e hipotensão. 
Problematic Drug Classes 
• Antibióticos da classe dos -lactâmicos; 
• Antibióticos da classe das sulfonamidas; 
• AINES (Aspirina® em especial); 
• Agentes de contraste; 
• Quimioterapia do câncer; 
• Insulina; 
• Anticonvulsivantes. 
 
 
 
IDIOSSINCRASIA 
• Resposta anormal, inesperada, paradoxal; 
• Geralmente iniciadas por um metabólito químico 
ativo e não pelo fármaco de origem. 
 
Deveriam acalmar, acabam causando agitação. 
 
 
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DEPENDÊNCIA 
• Dependência física: efeitos orgânicos causados 
pela retirada brusca do medicamento (provoca 
síndrome de abstinência); 
o Exemplo: opióides (dores físicas intensas 
após retirada); 
• Dependência psíquica: efeitos psicológicos 
causados pela retirada do medicamento. 
Fatores Fisiológicos Envolvidos na Dependência de 
Fármacos: 
 
Fatores Psicológicos Envolvidos na Dependência de 
Fármacos: 
 
 
 
Variação Individual e Interação 
entre Fármacos 
 
Variações individuais e entre indivíduos podem ser 
causadas por: 
• Concentrações diferentes nos locais de ação do 
fármaco (indivíduos tomam a mesma dose, mas 
têm concentrações diferentes no tecido-alvo) = 
variação farmacocinética. Pode ocorrer por causa 
das diferenças na absorção, distribuição, 
metabolização ou excreção; 
• Diferentes respostas à mesma concentração do 
fármaco = variação farmacodinâmica. Ocorre 
principalmente por variação genética 
(polimorfismo de receptores); 
o A variação é quantitativa (o fármaco 
produz maior/menor efeito ou atua por 
mais/menos tempo), enquanto o fármaco 
exerce qualitativamente o mesmo efeito. 
Nas reações idiossincrásicas, a ação do 
fármaco é qualitativamente diferente.; 
o Reações idiossincrásicas: resposta 
diferente de um indivíduo a uma classe ou 
a determinado fármaco, frequentemente 
causada por diferenças genéticas ou 
imunológicas entre os indivíduos; 
o Se a variabilidade não for levada em conta 
ela pode resultar em saída da janela 
terapêutica (variação quantitativa): para 
baixo (falta de eficácia do fármaco) ou 
para cima (efeitos colaterais inesperados); 
o As principais causas de variabilidade são: 
idade, fatores genéticos, fatores 
imunológicos, estados patológicos (como 
 
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doença renal ou hepática) e interações 
entre fármacos. 
EFEITOS DA IDADE 
• A eliminação é menos eficiente em recém-
nascidos e idosos. Têm propensão a acumular o 
fármaco, porque eliminam menos (excreção renal 
e metabolismo hepático são menores); 
• Variabilidade na sensibilidade farmacodinâmica. O 
número de alguns receptores pode variar ao 
longo da vida.; 
• Proporção de gordura corporal aumenta com a 
idade, diminuindo a proporção de massa muscular; 
• Idosos, em geral, usam mais medicamentos; 
EFEITOS DA IDADE SOBRE EXCREÇÃO RENAL DE 
FÁRMACOS 
• A taxa de filtração glomerular (GFR), que leva em 
consideração a superfície corporal, no RN é 20% 
da do adulto → em uma semana é semelhante à 
do adulto → em 6 meses vale o dobro → depois, 
a partir dos 20 anos de idade, ocorre declínio (de 
20 a 80 anos de idade cai pela metade); 
• Em prematuros, é necessário diminuir e/ou 
espaçar as doses

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