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4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Farmacologia UCXII Introdução à Farmacologia Farmacologia: ciência que estuda substâncias que interagem com sistemas vivos por meio de processos químicos, especialmente por ligação a moléculas reguladoras e ativação ou inibição de processos corporais normais Prescrição: quando o médico prescreve o nome comercial, a farmácia pode dispensar apenas ele ou, se for um medicamento de referência, pode dispensar os genéricos (não tem nome comercial) e similares (tem um nome comercial também) Se o médico prescreve o similar, é apenas ele e não pode comprar os outros (referência ou genérico) Genérico: laboratório faz uma cópia fiel do medicamento referência (bioequivalente). Tem a mesma forma farmacêutica, mesma via e mesma posologia (cópia fiel), exerce os mesmos efeitos e garante a mesma biodisponibilidade o Deve constar na embalagem “Medicamento Genérico Lei n 9787/99” Medicamento Referência: produto inovador, registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no país cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente por ocasião do registro o Exemplo: Tylenol (paracetamol 750 mg) Medicamento Similar: aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, que apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica e que é equivalente ao medicamento registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca o Exemplos: Dorsamal, Cyfenol, Dôrico, etc (todos são paracetamol 750 mg) Todos os medicamentos são biodisponíveis – aquela medicação se solubiliza e aquele fármaco é absorvível (teste da Anvisa) – é seguro e eficaz Bioequivalência: consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio(s) ativo(s), e que tenham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho experimental. Biodisponibilidade: indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/ tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina. Conceitos Fármaco: substância química estruturalmente definida como o princípio ativo com ação terapêutica; (componente químico com ação curativa = fármaco; o crack, por exemplo, tem como princípio ativo a cocaína) Princípio ativo: componente químico capaz de produzir efeito biológico ou farmacológico Medicamento: produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico 4 funções: profilático (antibiótico antes da cirurgia), curativo, paliativo (morfina pra paciente oncológico), fins de diagnóstico (contrastes, laxantes) Precisamos lembrar do nome do FÁRMACO (clonazepam) e não do MEDICAMENTO (rivotril) Placebo/excipiente: é inerte terapeuticamente, mas não biologicamente (pós, solventes, corantes, conservantes) – tudo aquilo que compõe o medicamento sem ser o princípio ativo. Pode causar reações alérgicas, sintomas. Pode alterar significativamente o tratamento (em relação aos efeitos adversos). Um exemplo é a lactose Efeito placebo: efeito psicológico que depende da fé ou confiança que o paciente tem no medicamento (como tomar ivermectina para COVID-19) 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Denominação Comum Brasileira (DCB): prescrever pelo nome do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo aprovado pelo órgão federal responsável pela vigilância sanitária. Denominação Comum Internacional (DCI): denominação do fármaco ou princípio ativo recomendada pela OMS. Usada para prescrever um fármaco não disponível no Brasil, apenas na importação Produto Farmacêutico Intercambiável: equivalente terapêutico de um medicamento de referência, comprovados, essencialmente, os mesmos efeitos de eficácia e segurança. Basicamente, aquele que podemos trocar um pelo outro; exemplo: genéricos e seus referências Similar: cópia não fiel Genérico: cópia fiel Fitoterápico: medicamento que os princípios ativos foram obtidos exclusivamente por uma matéria- prima vegetal (folhas, sementes, flores). É muito confiável e age imediatamente. Preço elevado. Menos efeitos adversos. Questão cultural de não confiar. A fitoterapia é mais acessível, com hortas comunitárias nas UBS com ervas medicinais. Chá: dose incerta. Depende das pessoas Sinergismo de ação – várias moléculas juntas causam esse efeito tão bom. Os medicamentos fitoterápicos são caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. A eficácia e a segurança devem ser validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocienti ́ficas em bibliografia e/ou publicações indexadas e/ou estudos farmacológicos e toxicológicos pré-clínicos e clínicos. A qualidade deve ser alcançada mediante o controle das matérias-primas, do produto acabado, materiais de embalagem e estudos de estabilidade. Exemplo: chá de espinheira santa, paciflora (ansiedade) Medicamentos Biológicos: são moléculas complexas de alto peso molecular obtidas a partir de fluidos biológicos, tecidos de origem animal ou procedimentos (tecnologia do DNA recombinante) ou alteração dos genes que ocorre devido à irradiação, produtos químicos ou seleção forçada. Contém uma tecnologia bastante envolvida (6 classes); 1. Alérgenos: todos aqueles que são feitos pro teste de alergia ou aplicando o alérgeno pra pessoa se acostumar com ele e não ter sensibilidade. 2. Anticorpos monoclonais: são relevantes porém muito caros; câncer de mama HER2+ o tratamento é um anticorpo monoclonal. 3. Biomedicamentos: alguns consideram as vacinas e os soros, outros só soros. Tecnologia, cultura de células para a produção. Soros para venenos de cobras, purificados a partir dos cavalos, por exemplo 4. Hemoderivados: tecnologia importante pra produzir fatores de coagulação pra hemofilias 5. Probioticos: microorganismos vivos que compõem microbiota de TGI; intestino é o “segundo cérebro”; todas as funções da nossa microbiota parecem estar envolvidas com nosso emocional. Mercado em ascensão 6. Vacinas Formas farmacêuticas Forma farmacêutico: forma de apresentação do medicamento. Influencia no efeito localizado ou não. Exemplos: Líquidas: soluções, suspensões e emulsões o Mais utilizadas; via oral, diluições injetáveis; muito usado para crianças o Soluções: fármaco totalmente dissolvido; basta chegar no TGI que irá ser absorvido, é rápido o Suspensões: normalmente pra crianças também, porém não podem ficar em contato com o solvente por muito tempo, senão se dissolvem. Exemplos: antibióticos em pó (medicamentos instáveis em meio aquoso); Desvantagem: características organo- lépticas e o erro na dosagem. Se não for bem orientada haverá subdose. Misturar com água potável ou água fervida (esperar esfriar, se não vai degradar). Desafio: preparar adequadamente e dosar de forma correta Semissólidas: cremes, pomadas, pastas o Pomadas: áreas secas; formulações gordurosas, pele; o Cremes: áreas mucosas; formulações aquosas, hidrossolúveis; o Gel: tanto pra mucosas quanto pra pele seca Sólidas: cápsula, drágea, comprimido, grânulo, supositórios, pó o Comprimidos: fármaco e excipientes por compressão; fácil de administrar; não mascara características organolépticas (gosto ruim); via4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 mais fácil de administração; há a possibilidade de ter inúmeros efeitos sistêmicos e localizados; para a indústria farmacêutica, é uma forma mais barata e acessível pra população o Drágeas: fármaco revestido com múltiplas camadas de açúcar ou polissacarídeos; não tem o efeito organoléptico; quando chega no estômago, precisa se desfazer primeiro do revestimento – leva um tempo maior pra se dissolver e começar o efeito (janela terapêutica). Desagregar → dissolver → começar o efeito do fármaco. Facilita a via de administração. o Cápsulas: via oral de rápido início de ação. Pó ativo colocado em involucro de gelatina. Se desfaz em poucos segundos – tão rápido quando uma suspensão. Mascara bem os caracteres organolépticos (gosto) mas não mascara o odor. Nunca massagear ou aplicar o gel na pele quente/após o banho, pois a absorção será sistêmica e não localizada. O ideal seria passar uma pedra de gelo antes, aplicar o gel, haverá penetração pela pele e, após um tempo, absorção sistêmica. Falha terapêutica por não usar a forma farmacêutica bem (falha do médico e da farmácia) – exemplo: gel de anti inflamatório, colírios, bombinha de asma As formas farmacêuticas: Permitem a administração de quantidades “exatas” do princípio ativo – depende também da pessoa Facilitar a administração (permite vários tipos de administração) Proteção do princípio ativo o Gastroresistente: cápsula passa íntegra pelo estomago e só se rompe no intestino. o Princípio sensível ao ácido do estomago Melhorar características organolépticas Prolongar as ações do princípio ativo a partir de formulações de liberação lenta o Permitem ações localizadas ou favorecer a absorção Permitem ações localizadas ou favorecem absorção o Medicamentos com consoantes – formulação pra uso oral que não pode ser mastigada, triturada, quebrada, etc – liberação prolongada OU tem alguma especificidade pra agir só no local do intestino OU pra proteger o princípio ativo. (BD, XL, XR…). Faz menores administrações (maior intervalo de tempo) e tem maior adesão ao tratamento. o Principal local de absorção: duodeno (pois tem as microvilosidades) o Medicamentos que devem ser absorvidos apenas no intestino grosso: polímero ph dependente 8 pra não se desfazer no estômago/duodeno. Vias de Administração Vias enterais: quando o fármaco entra em contato com qualquer parte do trato digestivo (sublingual, oral, bucal, retal) Na via oral pra ter efeito localizado: formulação que só se dissolve em ílio ou jejuno, após o local de absorção OU princípio ativo que não é absorvível mas atua localmente (exemplo: simeticona pra gases, dissolve as bolhas de ar) – VIA ORAL GERALMENTE É EFEITO SISTÊMICO Via sublingual é SEMPRE EFEITO SISTÊMICO; inicio de efeito quase imediato (3-4 min); porém tem limitações (principalmente 2: pra ser administrado por sublingual tem que ser lipossolúvel + tem que ter um gosto/sabor aceitável (características organolépticas adequadas). Poucas preparações Via bucal: via de resposta localizada; infecções da própria boca; Via retal: pode ser sistêmica ou localizada; quase não se usa para a parte sistêmica (há alguns supositórios pra febre pelas crianças); não é muito preferível pelo desconforto Vias paraenterais: não utilizam TGI (injetáveis, cutânea, respiratória, conjuntival, etc) Transdérmico: adesivas, sistêmica ou localizado, 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Pomadas, Colírios Injetáveis: sempre tem ação sistêmica, velocidade de ação depende (intravenosa: imediata; intramuscular: depende da formulação, assim como a subcutânea). Insulina pode ter ação rápida, intermediaria ou longa, porem todas são subcutâneas – a formulação da insulina muda! As rápidas estão dissolvidas em água. As de ação longa a molécula está presa a um carreador. Mesma via de administração porem o tempo de resposta depende, nesse caso, da formulação. 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Farmacocinética A farmacocinética está relacionada a absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos. Esses fatores, associados às propriedades físico-químicas dos mesmos, determinam a concentração destes no seu local de ação e o seu tempo de permanência no organismo. A velocidade com que esses processos ocorrem determina o início, a intensidade e a duração da atividade do fármaco no organismo. Resumo: é tudo que o nosso corpo faz com aquela droga, a partir do momento que ela entra em contato com o nosso corpo até a excreção – divide-se em 4 fases. Exposição → farmacocinética (corpo tenta se livrar dela) → várias coisas acontecem no corpo (farmacodinâmica está dentro da farmacocinética) – enquanto algumas são eliminadas, outras estão na dinâmica Farmacocinética: o que o corpo faz com a droga o Medicamentos: o bom é ter alta absorção para um melhor efeito o Tóxicos: o bom é ter alta excreção o Os princípios de cinética são iguais, mas a finalidade é diferente! Farmacodinâmica: o que a droga faz com nosso corpo É de extrema importância para a farmacocinética que se use a forma farmacêutica corretamente (como engolir um comprimido, não mastiga-lo) Intoxicação aguda e crônica: a diferença é o tempo de contato (aguda é uma dose alta em 24h, crônica é uma dose pequena porém constante) – xenobiótico bioacumula até que chegue numa concentração alta o suficiente para causar efeitos. o A via é igual, independentemente de ser aguda ou crônica o Exposição crônica: EPIs, uso correto, legislações trabalhistas fortes o Exposição aguda: acidental, suicídio Absorção É a passagem do fármaco de seu local de administração para a circulação sistêmica (exceto IV, que não tem absorção, vai direto para a via sistêmica). Ênfase pro efeito sistêmico: o fármaco chega no sangue e vai fazer seu efeito. A via oral é a mais usada. Ele passa pelo estômago, dissolve, chega no duodeno e é absorvido → sistema porta (fígado) → circulação sistêmica Via oral: fácil para autoadministrar, usar diversas formas farmacêuticas (líquidas, sólidas, com mais ou menos características organolépticas...) Duodeno é o principal local de absorção Sistema porta é considerado um sistema de circulação fechada (circulação enterohepática) o Via oral (principalmente) e retal (menos) são as que fazem a circulação porta Durante essa passagem pelo fígado, pode haver um fenômeno chamado de EFEITO DE PRIMEIRA PASSAGEM. Efeitos de 1° passagem: metabolização pré- sistêmica – uma reação química feita pelas enzimas hepáticas, as quais mudam a conformação da molécula do fármaco e podendo mudar seu efeito (pode-se perde-lo ou aumenta-lo). Exemplos: morfina, propanolol Morfina parenteral/injetável: apenas 1mg Morfina oral: 10 mg o A dosagem oral deve ser maior pois, ao passar pelo fígado, a morfina sofre o efeito de 1° passagem extenso, o qual a inativa, fazendo com que apenas uma pequena porção dela chegue à circulação sistêmica Biodisponibilidade: quantidade de fármaco que chega na circulação sistêmica sem alteração química CONCENTRAÇÃO MÍNIMA EFETIVA: qual a quantidade/concentração de fármaco necessária para que o efeito farmacológico se inicie no alvo biológico. “Fármaco entrou na janela terapêutica” Ao passar do tempo, a concentração do fármaco no plasma vai aumentando, até entrar na janela 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 terapêutica (a dosagem mínima pra fazer efeito) – só sente a melhora dos sintomas quando atinge o pico (máximo de dosagem do medicamento no sangue – leva um tempo pra chegar nele). Importante pra saber a conduta correta em casos na emergência, por exemplo. Tem que melhorar com a conduta em até X horas. CONCENTRAÇÃO MÁXIMA: quando o intestino para de absorver o fármaco, o que também demanda tempo:T MÁXIMO, tempo máximo após a administração do fármaco para que se atinja a concentração máxima. Importante para saber se a medicação está fazendo efeito pela monitorização. Buscar o tempo que se leva para atingir a concentração máxima de fármaco no sangue. Momento que temos o MELHOR EFEITO TERAPÊUTICO! Depois disso: começa a diminuir a concentração de fármaco no sangue. CONCENTRAÇÃO MÁXIMA TOLERADA ou CONCENTRAÇÃO MÍNIMA DE TOXICIDADE. Acima da janela terapêutica: intervalo entre a concentração mínima para ter efeito farmacológico e a máxima que tolero pra não ter toxicidade É NECESSÁRIO ESTAR DENTRO DA JANELA TERAPEUTICA ABAIXO: não é eficaz/subótimo (mas pode ter efeito colateral) ACIMA: toxicidade TEMPO DE LATÊNCIA ou TEMPO PRO INÍCIO DE AÇÃO: tempo que leva do momento da administração até que ele atinge a janela terapêutica. Posologia: leva em consideração tempo de latência + duração de ação do fármaco. Se você comer junto com a medicação: a curva se desloca pra direita, pois vai demorar mais pro fármaco entrar na janela terapêutica, mas na maioria dos casos não prejudica a sua ação. Alguns fármacos reagem (formam complexos) com os nutrientes (cátions bivalentes são os mais frequentes) – vira uma molécula única e gigante que não pode ser absorvida o Exemplos: Ciprofloxacino + copo de leite = complexo que atrasa e diminui a biodisponibilidade o Quando se está com o estômago vazio, a absorção é mais rápida Fatores que interferem na absorção de fármacos administrados via oral: Motilidade gastrintestinal: se muito acelerada (domperidona, metoclopramida – são pró-cinéticos) diminui a absorção o Diarreia: alteração no intestino grosso, então não é considerada um fatores que interfere Grau de ionização: podem ionizar e não serem absorvidos ou bem distribuídos. Exemplo: AAS é ácido, então deve ser tomada junto à alimentação, 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 visto que com o ambiente ácido o fármaco ácido será melhor absorvido (pois ele não será ionizado). Lipossolubilidade: substâncias mais lipossolúveis são mais facilmente absorvidas Complexação: moléculas complexas diminuem a biodisponibilidade do fármaco Forma farmacêutica: velocidade ou uso incorreto: se é um fármaco feito pra ser absorvido no intestino mas a pessoa mastigou, o efeito será perdido. Distribuição É a medida do espaço aparentemente disponível no organismo para conter o fármaco. Relaciona a concentração de fármaco no organismo com a concentração no sangue e no plasma, dependendo do liquido medido. Fatores que alteram a distribuição: vascularização do tecido, ligação a proteínas plasmáticas, barreiras biológicas (barreira hemato encefálica e barreira placentária). A distribuição é diferente a depender do fármaco ou agente tóxico, bem como de sua formulação. Exemplo: mercúrio Mercúrio metálico/iônico: tem cargas elétricas, são pouco absorvidos por via oral. Mercúrio orgânico ou metilmercúrio: os peixes estão contaminados e nós ingerimos os peixes – é lipossolúvel. Ele também é mais neurotóxico Mercúrio inalado: também é neurotóxico, mas é mais tóxico pro sistema renal. Os fármacos são pensados para pessoas de 50- 70kg. Um desafio da indústria farmacêutica e profissionais da saúde: sobrepeso, pois a quantidade de moléculas é muito pequena para todo o corpo. Uma forma de tentar “consertar” essa diferença é diminuindo a posologia (tomar em intervalos de tempo menores) Distribuição entre os órgãos: Que mais recebem (> 0.5L/kg/min): coração, rins, fígado, trato digestivo, cérebro, pulmões e outros órgãos com grande perfusão o O cérebro tem grande perfusão, porém, a barreira hematoencefálica permite que apenas fármacos muito lipossolúveis cheguem ao SNC Média perfusão (0.5L/kg/min): tegumentos, músculo Baixa perfusão (0.02L/kg/min): tecido adiposo TROPISMO DO FÁRMACO: ele tem afinidade por um tecido. Exemplos: Levofloxacino: tem uma tendência a se acumular mais no pulmão. Ciprofloxacino: é muito parecido para todos os tecidos. Os fármacos/xenobióticos podem circular de diversas formas, como por exemplo: Os fármacos com volume de distribuição muito altos têm concentrações bem mais elevadas no tecido extravascular do que no compartimento vascular, isto é, não são distribuídos de forma homogênea. 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 São os fármacos de forma livre: não estão ligados à proteínas plasmáticas, são aqueles que podem permear o vaso sanguíneo e atingir o interstício. Podem interagir com receptores e causar seu efeito (farmacológico ou toxicológico) Os fármacos que são completamente retidos dentro do compartimento vascular têm um volume mínimo de distribuição – alta fixação a proteínas plasmáticas. Precisam estar ligados a albumina (proteína plasmática de transporte de diversas moléculas, existe em abundância no sangue) o Essa ligação é instável Os fármacos de alta fixação à proteína plasmática tem 90% ou mais circulando com a albumina Porém, somente a porção livre consegue permear o vaso sanguíneo e chegar o espaço intersticial, interagir com as células, sofrer reações e ser eliminado Pode haver diminuição do teor da ligação com proteínas plasmáticas nos casos de hipoalbuminemia por cirrose, síndrome nefrótica, desnutrição grave, uremia, hemodiluição na gestação e em idosos, por menor capacidade de produção de proteínas. 2 fármacos com alta taxa de fixação à proteína plasmática: precisa tomar os dois com um intervalo de pelo menos uma hora de diferença, para evitar o deslocamento da proteína plasmática e uma interação medicamentosa que resulta em efeito adverso importante Fármaco com alto volume de distribuição = muito fármaco livre = muito fármaco nos tecidos Fármaco com baixo volume de distribuição = muito fármaco ligado com albumina = pouco fármaco nos tecidos = alto teor de fixação a proteína plasmática IMPORTANTE: diálise. Pra essa terapia fazer efeito precisa ter muito xenobiótico livre e pouco fixado a proteína albumina, pois a diálise não elimina a albumina do sangue (e consequentemente o agente tóxico ligado à ela) Metabolização ou biotransformação Processos enzimáticos capazes de produzir modificações estruturais na molécula do fármaco → ativação, reatividade, inativação. Importância: Inativação dos fármacos; toxicidade; interações medicamentosas. Órgãos metabolizadores: pele, intestino, rim, pulmão e, principalmente, fígado A reação enzimática forma um metabólito Tornar as moléculas mais HIDROSSOLÚVEIS para que elas possam ser eliminadas (principalmente na urina, porém também pelo suor, bile, etc) 2 fases: Fase 1: enzimas que fazem pequenas modificações na molécula – oxidação, redução ou hidrolise. Podemos gerar diferentes produtos o Enzimas são sempre muito específicas o Essas enzimas estão, em maioria, dentro de microssomas/organelas dentro do hepatócito, com importante participação das enzimas do complexo citocromos P450 (CYPs) Muita relação com a genética (afinal, são proteínas – enzimas) Pode sofrer polimorfismo – cada pessoa tem respostas biológicas diferentes Se você tem menos enzimas que o normal, o medicamento será mais bioacumulado Forte relação com efeitos adversos Se você tem mais enzimas que o normal, o medicamento terá sua ação diminuída o O fármaco entra na célula e pode se encontrar contato com esse microssoma, o qual sofrerá transformação em metabólito o Esse metabólito pode ser ativo, inativo ou reativo Ativo: não comprometeu a ação do fármaco (grupo farmacofórico). Quanto 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 mais forma esses metabólitos ativos, maior vai ser seu tempo de ação Pode ser hidro/lipossolúvel Inativo: perde seu efeito. Biologicamente inerte porém talvez não possa ser eliminado ainda Pode ser hidro/lipossolúvel Reativo: toxicidade; metabólito que quimicamente é muito instável, podendo implicar dano nas células ao redor o Um mesmo fármaco pode interagir com 2 enzimas diferentes, em que cada uma delas irá formar um metabólito diferente A reação de fase 1 pode ocorrer várias vezes, mas a cada vez que ela ocorre, o metabólito muda Fase 2: reações de conjugação ou síntese (moléculas hidrossolúveis). Reações mais complexas, demandam mais energia. Colocar ou ligar uma nova molécula naquele metabólito/xenobiótico o Precisa ter a combinação de ligantes para que ela ocorra – só acontece se o metabólito ou xenobiótico apresenta os ligantes necessários para que isso aconteça. Exemplos: OH, NH e carboxila o Ligante: determinado grupamento químico onde a reação pode acontecer Pode ser natural 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 da molécula OU é introduzido pela reação de fase 1 o O grupo farmacofórico ainda pode estar presente, porém não consegue mais reagir por ser muito complexo – ou seja, NÃO TEM ATIVIDADE. o Hidrossolúveis → excreção permitida o Não pode passar várias vezes pela fase 2, como pode ocorrer com a fase 1 A maioria dos xenobióticos passa pela fase 1 e pela fase 2 Alguns xenobióticos passam apenas pela fase 2 Raros xenobióticos passam apenas pela fase 1 Grupo farmacofórico: parte química da molécula que é responsável pelo efeito biológico 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Reatividade: O benzeno, por exemplo, sofre a reação de fase 1 e forma o benzeno epóxido, extremamente reativo/ instável – tenta reagir com qualquer macromolécula (principalmente na medula óssea). Quando reage com proteínas: mata o hepatócito Quando reage com ácidos nucleicos: carcinogênicos Glutationa ou GSH: principal antioxidante endógeno (fígado, intestino e cérebro – locais com maior geração de radicais livres). A molécula reativa pode se ligar ao GSH e então será estabilizada – PRINCIPAL DEFESA ANTIOXIDANTE ENDÓGENA Diminuem o GSH (pois aumentam radicais livres): poluição, uso de vários fármacos, bebida alcoólica, ingestão de alimentos industrializados Paracetamol: acetoaminofeno 1-2% é excretado pelos rins inalterado 80-90% vai ser conjugado na fase 2 (adultos: ácido glucurônico; crianças: sulfato) 10-20% vai passar pelas enzimas citocromo P450 (fase 1), formando um metabólito reativo, o NAPQI. Reage com a glutationa (GSH) e é eliminado; porém, se esse estoque de GSH estiver baixo OU a dose for muito alta, ele irá reagir com macromoléculas, levando à morte do hepatócito Enzimas citocromo P450 (CYPs) podem ser alteradas: inibição ou indução Inibição enzimática Inibição enzimática: algum fármaco/xenobiótico que ocupa o sítio ativo das enzimas, as quais não conseguem reagir Diminui a velocidade de produção de metabólitos, diminui a depuração total, aumenta a meia vida do fármaco e as concentrações séricas da droga livre e total Exemplos de medicamentos: cloranfenicol, metronidazol, fluconazol, cetoconazol, cimetidina, omeprazol, fluoxetina, paroxetina, ciprofloxacino, etc o Importantes pois, se a pessoa toma um deles, ao usar mais um remédio, é necessário verificar a possibilidade de interação medicamentosa Indução enzimática: Indutores enzimáticos: aceleram o metabolismo das CYPs de 4 formas: aumenta a velocidade de biotransformação hepática da droga e/ou a velocidade de produção dos metabólitos, diminui a meia-vida sérica da droga ou as concentrações séricas da droga livre e total. Possíveis cofatores enzimáticos Aumentam a transcrição (aumentam em quantidade), como o etanol Aumento do risco de intoxicação Ingesta crônica, não aguda Exemplos: carbamazepina, ingestão crônica e excessiva de etanol, rifampicina, fenobarbital, hidantoína O efeito de 1° passagem é diferente por ser uma metabolização PRÉ-SISTÊMICA. Podem ter reações de fase 1 ou fase 2. Anticoncepcional oral combinado: Progesterona e Estrógeno Progesterona passa pelo fígado Estrógeno, em maioria, sofre conjugação com ácido glicurônico e é jogado no intestino pela bile. As bactérias da microbiota quebram esses conjugados, liberam, além do ácido glicurônico, o estrógeno, podendo ser reabsorvida o Janela terapêutica é mantida pela REABSORÇÃO, graças às enzimas beta glicuronidases das bactérias – aqui que o antibiótico pode interferir na ação no anticoncepcional Eliminação A eliminação dos fármacos inalterados e ou metabólitos pode ocorrer por via urinária, biliar, pulmonar, etc; sendo a via renal a predominante de eliminação de metabólitos. Respiratória: anestésicos gasosos, por exemplo; A excreção biliar é juntamente às fezes Renal: é a mais importante; pode haver acúmulo se ela não estiver funcionando de forma adequada. Via renal comprometida = fazer ajuste de dose, se não, haverá intoxicação pelo acúmulo. Depuração é a medida da eficácia do organismo na eliminação do fármaco 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 A remoção de um fármaco do organismo é quantificada como seu clearance ou depuração, expresso pelo volume do plasma do qual o fármaco é completamente eliminado por unidade de tempo (ex. mL/min). Excreção via renal – 2 formas: Filtração glomerular: condições para o filtrado são tamanho molecular limitado (moléculas pequenas) e hidrossolubilidade – é passiva o Moléculas caem no túbulo contorcido proximal → alça de Henle → túbulo contorcido distal → túbulo coletor o Complexos podem ser formados na corrente sanguínea e, ao chegarem no rim, acumulam e impedem a filtração glomerular o Importante para a excreção de xenobióticos o Intervenção possível: diuréticos Secreção tubular: Xenobióticos são eliminados por mecanismo de transporte ativo (PgP – proteínas) o Túbulo contorcido distal o Envolve proteínas do transporte do sistema ABC – transporte de fármacos dentro da nossa célula. PgPs: um fármaco que está no sangue interagiu com uma dessas proteínas (PgP) e é jogado para a luz do néfron – transporte ativo. o Condição para a secreção tubular: a molécula precisa ter afinidade com a proteína de transporte. o Não necessariamente precisa ser hidrossolúvel o Intervenções possíveis: medicamentos que inibem PgPs, alterar pH do fármaco/metabólito → ionizá-lo → não ser reabsorvido Fenômeno de reabsorção tubular: xenobiótico foi secretado porém ainda é lipossolúvel, por isso pode voltar pro sangue pelos túbulos o Pode ser reabsorvido por difusão passiva (interage com as membranas) ou se liga a outra PgP que faz o transporte ativo contrário (da luz do néfron pro sangue) o Exemplo: ácido salicílico é secretado porém por ser lipossolúvel pode ser reabsorvido. Para aumentar a excreção – administra bicarbonato e alcaliniza a urina → quando o AAS for secretado para a luz do túbulo, ioniza e fica hidrossolúvel, não podendo ser reabsorvido. Fatores que interferem: idade, insuficiência renal e/ou cardiovascular, interações medicamentosas, ligação a proteínas plasmáticas. Farmacodinâmica A farmacodinâmica dedica-se ao estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação. Fornece as bases para a utilização terapêutica e racional de um fármaco bem como o desenvolvimento de agentes terapêuticos novos e mais eficazes Farmacodinâmica não tem fases Os efeitos da maioria dos fármacos são atribuídos à sua interação com os componentes macromoleculares do organismo; essa interação altera a função do componente afetado, desencadeando alterações bioquímicas e fisiológicas que caracterizam a resposta ao fármaco. O termo receptor ou alvo farmacológico refere- se à macromolécula (como enzimas ou receptores) com o qual o fármaco interage para produzir uma resposta celular. A relação entre dose e efeito pode ser separada em componentes farmacocinéticos (dose-concentração) e farmacodinâmicos (concentrac ̧ão-efeito) Considerações relevantes sobre receptores e fármacos Os receptores determinam largamente as relações quantitativas entre dose ou concentração de fármacos e efeitos farmacológicos. A quantidade de receptores/concentração e afinidade do que se quer inibir é o que determina o quanto será a dose de um fármaco Os receptores são responsáveis pela seletividade da ação do fármaco. Afinidade por um ou mais receptores. 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 o Exemplo: um receptor X do coração é muito similar com o do pulmão e, portanto, o fármaco pode agir nos 2 alvos – causa efeitos adversos aonde não deveria agir (se ele precisava ter ação no coração, tem efeitos nos pulmões) Os receptores medeiam as ações de agonistas e antagonistas farmacológicos o Antagonista: estrutura que bloqueia, ocupa um espaço e impede que o agonista tenha sua ação o Agonista: xenobiótico que, quando estimula o receptor, este desencadeia uma atividade na célula o Boa parte da terapêutica se dá por competição Espectro dos fármacos Efeitos adversos (não prejudiciais): ocorrência médica desfavorável que pode ocorrer durante o tratamento com um medicamento, mas que, não necessariamente tem relação causal com esse tratamento o Colaterais: ocorrência médica desfavorável paralela ao tratamento, a qual pode ser explicada pelo mecanismo de ação do fármaco (se sabe por que ele ocorre) Previsível, inerte à ação farmacológica porém com aparecimento indesejável o Secundários: não é possível relacionar com o mecanismo de ação do fármaco. Quando se suspende a droga, ele também desaparece o Aqui as alterações são reversíveis Efeitos tóxicos (prejudiciais): produz um dano ao seu organismo o qual não pode ser reparado. Diversos graus de gravidade. Fármacos acima da dose terapêutica. Interações farmacológicas. o Interação entre medicamentos: agônica ou antagônica o Patológicos: insuficiência renal que causa acúmulo de medicamento o Genotóxicos: condições fisiológicas mediadas pela genética; o Idiossincrasia Tolerância: diminui o efeito pelo uso repetitivo de um mesmo fármaco (classe) – redução gradual da resposta/ efeito ao fármaco. Exemplo: cafeína Dessensibilizac ̧ão: também conhecido como adaptação, ou hiporregulac ̧ão, resulta em perda ou diminuição (lentificação) de efeito do fármaco. A estimulação continuada das células geralmente leva a um estado de dessensibilizac ̧ão, de tal forma que o efeito gerado pela exposição contínua ou subsequente à mesma concentração do fármaco fica reduzido. Em medicamentos psicotrópicos, o ideal é que se retire de maneira gradual para que não haja abstinência. Exemplo de fármaco: capsaicina A quantidade de receptores permanece a mesma, porém não são responsivos Refratariedade: refere-se a falhas terapêuticas. O paciente não responde ao tratamento, pode ser por conta de vários fatores (polimorfismo genético, rápida eliminação, interações medicamentosas, etc) Idiossincrasia: reações nocivas por sensibilidade peculiar a um fármaco, em geral devido a polimorfismo genético. A pessoa não pode mais usar o fármaco. Pode ser fatal 4 razões para que elas ocorram: alterações de número ou função de receptores; polimorfismo genético – concentração diferente; variação no ligante endógeno; mudanças nas proteínas acopladas ao lado dos receptores É inesperado: diferente de hipersensibilidade (alergia) Intolerância ou sensibilidade: doses menores do que as usuais que produzem as respostas antecipadas ou exacerbadas. É comum em mulheres muito pequenas (pois as doses são pensadas para pessoas de 70kg). 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Canais iônicos Canal iônico: são proteínas que se organizam na membrana resultando na formação de um poro por onde passam íons – alvo farmacológico mais simples Podem ser 2 formas: canais iônicos ligados ao receptor ou ligados à proteína G. Os canais não ligados a receptor são chamados de canais voltagem- dependente Canal iônico puro: fármaco entra no canal e o obstrui, impedindo a entrada do íon na célula e também seu efeito. o Não tem seletividade e baixo controle do local de ação do fármaco: todas as células tem canais iônicos o Exemplo: anestésico lidocaína bloqueia os canais de sódio e não permite que outras moléculas entrem na célula (é localmente, temporário e em pequena quantidade – anestésico local) o Hipertensivos como a Nifedipina que entra nos canais de cálcio de músculos lisos (tipo L – tem afinidade), dilata o calibre das artérias bloqueando a entrada de cálcio nas células das artérias. Causa constipação. Canal iônico ligado ao receptor: o Receptor ionotrópico: proteínas oligoméricas dispostas ao redor (ao lado) do canal iônico e, quando ativadas, a quantidade de íons que entra é maior. Participam da transmissão rápida (ligação do fármaco e a abertura do canal ocorre em milissegundos) Íon de carga negativa: inibitória Íon de carga positiva: excitatória Exemplos: nACh, GABAa, NMDA IMAGEM: quando substâncias químicas se ligam a eles, favorecem a reação do ligante endógeno (ex: GABA) e permite que o íon entre (ex: Cloro) – célula hiperpolariza e relaxa (benzodiazepínicos) Mais cargas negativas dentro da célula: célula relaxada/inibida (pouco potássio que é de carga positiva). Relacionado com o mecanismo de ação da maconha Mais cargas positivas dentro da célula: célula não relaxada/excitada (muito potássio que é de carga positiva) 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Receptores metabotrópicos São receptores mais complexos, de ligação indireta controlados por proteínas G, as quais participam dessa ligação (estão acopladas) O efeito final é dependente da ativação de 2° mensageiros Quando os receptores metabotrópicos acoplados a proteína G são excitados, produzem 2° mensageiro AMPc, o que propaga o efeito celular Um estímulo = Vários eventos Via da adenilato ciclase/cAMP: Adenilato ciclase (AC) catalisa a formação do mensageiro intracelular cAMP Agonista se liga no receptor e a proteína G se dissocia (alfa separa da beta gama) → a subunidade alfa fosforila (ativa) enzimas → gera um 2° mensageiro (AMPc) → AMPc fosforila (ativa) uma quinase (proteína efetora) → evento celular o Esse receptor acoplado a uma proteína G pode ser do tipo excitatório ou inibitório Proteína G excitatória: subunidade alfa estimula a adenilato ciclase Proteína G inibitória: subunidade alfa inibe a adenilato ciclase o Exemplo: adrenalina (excesso → ativa receptores inibitórios → ativa a proteína G inibitória → para de formar o 2° mensageiro (AMPc) O AMPc medeia respostas hormonais, como a mobilização de energia armazenada, a conservação de agua pelo rim (mediada pela vasopressina), a homeostase do Ca2+ e o aumento da frequência e força contrátil do músculo cardíaco O AMPc também regula a produção de esteroides suprarrenais e sexuais, o relaxamento de músculos lisos e muitos outros processos endócrinos e neurais. Diversidade das vias de transdução de sinal de Receptores acoplados a proteína-G: figura 6.25 Receptor beta 1 acoplado a uma proteína G com subunidades → quando o agonista (noradrenalina) se liga na B1, ele será estimulado → ocorre a separação da subunidade alfa → vai ativar uma enzima intracelular (adenilato ciclase) → transforma o ATP em AMP cíclico (2° mensageiro) → ele estimula a proteína efetora o Enquanto o 2° mensageiro existir ela é efetiva o 1° mensageiro: subunidade alfa o 2° mensageiros (cAMP): são degradados por enzimas fosfodiesterases em AMP. Como resultado, a proteína quinase é inativada e há predomínio da forma desforforilada das enzimas que, na maioria das vezes, as inativam.4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Exemplos de 2° mensageiros: AMPc, GMPc, IP3, DAG, Ca2+ Via da fosfolipase C/trifosfato de inositol/diaglicerol: via da proteína G que ativa a fosfolipase Catalisa a formação de dois 2° mensageiros intracelulares – IP3 (inositol tri fosfato) e DAG (diacilglicerol) o Esses 2° mensageiros (IP3 e DAG) são originados a partir da fosfolipase o Um estímulo = Um evento Estímulo → proteína G se dissocia em alfa → estimula uma fosfolipase C → fosfolipase C é ativada → forma os 2 2° mensageiros (IP3 e DAG), os quais são responsáveis pelos eventos celulares O IP3 aumenta a concentração intracelular de cálcio o O aumento da concentração intracelular de cálcio desencadeia eventos como: contração, secreção, ativação enzimática e hiperpolarização de membrana O DAG ativa proteína quinase C que controla muitas funções celulares. Contração muscular: Via da guanilato ciclase/cGMP: O GMPc atua estimulando proteinocinase dependente de GMPc. As ações do GMPc nessas células são terminadas por degradação enzimática – fosfodiesterases. o O evento só para quando o 2° mensageiro é degradado pelas fosfodiesterases (PDE) Receptor acoplado à proteína G com subunidade alfa excitatória → estímulo à guanilato ciclase → forma GMPc → evento celular (é mantido entrando o GMPc estiver na célula) A concentração aumentada de GMPc causa relaxamento do músculo liso vascular por um mecanismo mediado por cinases, que resulta em desfosforilação das cadeias leves de miosina. Exemplo: viagra – o cálcio não entra (o músculo liso ao redor dos vasos relaxa) → artérias do pênis podem se encher de sangue → ereção ocorre. Irá agir em TODAS as artérias do corpo Receptores Nucleares Geralmente estão internalizados na célula (núcleo); para que o xenobiotico atue na célula, ele precisa ser muito lipossolúvel para entrar no citosol (enquanto por outras vias não é necessário, apenas interage fora da membrana) Os efeitos celulares levam horas-dias – lento, diferente de outras substâncias que são quase imediatas (como anestésicos e anti hipertensivos) Sua ativação está relacionada ao controle de síntese proteica Fármacos que aumentam ou inibem a transcrição gênica. Moléculas que precisam entrar na célula, se ligam com algum receptor que as carreguem para dentro do núcleo celular (fármacos muito lipossolúveis) o Exemplo: hormônio esteroide → entra na célula e se liga a um receptor → entra no núcleo → tem sua ação no núcleo o Exemplo: corticoides (ação em 12-20h); altera a transcrição genética para que proteínas inflamatórias não sejam produzidas Enzimas Fármaco se liga à enzima e permanece ali, ocupando um espaço e impedindo que a enzima forme uma nova substância Alvos importantes, pois muitos fármacos e/ou xenobióticos agem inibindo ou ativando essas enzimas – praticamente TODOS são INIBIDORES – não há fármaco estimulante de enzimas Podem ser substratos análogos da enzima inativando-a (inibindo-a). o Exemplo: enalapril – inibe a ECA. (enzima conversora de angiotensina I em II, a qual realiza a contração de vasos sanguíneos) Podem se ligar reversivelmente (maioria) o Exemplo: intoxicação por carbamatos Podem se ligar irreversivelmente em uma enzima e inativá-la (minoria dos casos). 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 o Exemplos: ácido acetil salicílico (AAS) que inativa a COX1,2; organofosforados que inativam a AChE. Colinesterase: frações eritrocitária e plasmática. São marcadores biológicos para intoxicação o Plasmática: poucos dias, exposição aguda o Eritrocitária: 3 meses, exposição crônica o Trata com atropina – bloqueia (antagonismo) os receptores muscarínicos. É um antagonista, não um antígeno (pois não inativa o xenobiótico). NÃO age nos receptores nicotínicos Moléculas (proteínas) transportadoras Moléculas transportadoras são proteínas de membrana geralmente associadas a neurônios (SNC) cuja função é promover o processo de receptação do neurotransmissor; é fundamental que seja de excelência Exemplo: Antidepressivos tricíclicos: funcionam inibindo a receptação de catecolaminas (ou monoaminas). Catecolaminas são: adrenalina, noradrenalina, dopamina e serotonina. O fármaco inibe as bombas de receptação – a qual é a principal forma do neurônio de fazer com que o neurotransmissor volte da fenda sináptica para seu interior (reaproveitar o neurotransmissor secretado) – causa excesso de monoaminas, a fim de recuperar a possível “falta de catecolaminas” causadas pela depressão A overdose por cocaína também bloqueia essa receptação de catecolaminas (principalmente de NE) → síndrome simpática Anfetaminas (principalmente ecstasy): inibem a receptação de serotonina e NE de forma intensa, além de entrarem no neurônio e promovem a liberação de mais moléculas ainda – são mais potentes que a cocaína → síndrome serotoninérgica e adrenérgica Fármacos agonistas X Antagonistas Fármacos agonistas: fármacos que possuem “afinidade” pelo receptor e atividade intrínseca (ativam/estimulam o receptor e desencadeiam a resposta farmacológica) Agonistas totais: fármacos que produzem no alvo (órgão) o seu efeito máximo, 100% (=1). o Grande maioria dos fármacos agonistas Agonistas parciais: fármacos cujo efeito farmacológico (eficácia) é inferior a resposta máxima do órgão (<1). Estimula pouco o receptor e a resposta também não é muito efetiva. o Exemplo: buspirona, vareniclina (ou seja, minoria dos fármacos agonistas) o A resposta não ser muito intensa não é, necessariamente, ruim – uma resposta muito intensa pode ser ruim para o paciente = atividade intrínseca Total: próximo de 100% de resposta; Parcial: próximo de 50% de resposta 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 AGONISTAS PARCIAIS: exemplo da vareniclina A nicotina é o componente do cigarro que estimula os receptores nicotínicos, sendo que um dos efeitos é liberação de dopamina. A vareniclina disputa com a nicotina pelo receptor – se o receptor está ligado ao fármaco, a nicotina não consegue se ligar. Após administrar o fármaco, a dopamina ainda é liberada, porém não tanto quanto antes e não causa abstinência O agonista PARCIAL tem um comportamento de bloqueador em competição com seu agonista TOTAL Fármacos antagonistas: possuem afinidade pelos receptores, mas não possuem atividade intrínseca (eficácia). Bloqueiam o receptor impedindo que o agonista tenha ação farmacológica (=0). Antagonismo competitivo reversível: agonistas e antagonistas competem pelo mesmo sítio ativo do receptor farmacológico. o Exemplo: Propranolol (antagonista) e adrenalina (agonista) em receptores beta-1 do coração. Após administrar propranolol, a adrenalina não consegue se ligar de forma efetiva ao coração. o Exemplo: carbamatos causam intoxicação competitiva reversível o Tipo mais comum de antagonista Antagonismo competitivo irreversível: o antagonista liga-se no sítio de ligação do receptor de forma irreversível. Mesmo aumentando-se a dose do agonista, o efeito máximo não é atingido. o Exemplo: AAS inibe a COX1 plaquetária (forma a molécula que estimula a agregação plaquetária) de forma irreversível – por isso que, em cirurgias, AAS precisa ser interrompido o Exemplo: organofosforados competem com a acetilcolina de forma irreversível Antagonismo não competitivo: não há competição do agonista pelo receptor, o antagonista bloqueia a cascata bioquímica de eventos celulares geradas pelo agonista o Exemplo: anlodipina (bloqueador de canais de cálcio) inibe a contração das artérias independente do estímulo o Geralmente relacionados a canais iônicos; independe do agonista Potência X eficácia de um fármaco A potência é definida basicamente, quando dois fármacos produzem respostas equivalentes, o fármaco cuja curva de dose-respostaestá situada à esquerda da outra (a concentração que produz a metade do efeito máximo [EC50] é menor) é considerado mais potente. 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Ou seja: é a concentração/dose de fármaco necessária para fazer a resposta terapêutica A eficácia reflete a capacidade de um fármaco de ativar um receptor e desencadear uma reação celular. Desse modo, um fármaco com grande afinidade pode ser um agonista pleno, desencadeando uma resposta completa em determinada concentração. Um fármaco com menos eficácia no mesmo receptor pode não desencadear uma resposta completa com qualquer dose. Exemplo: benzodiazepínicos (várias dosagens em diferentes) – clonazepam é mais potente que o lorazepam, pois precisa de uma dose menor – mas a resposta final, a eficácia, é a mesma – é o que importa na clínica Outro fármaco com eficácia intrínseca baixa é um agonista parcial. Um fármaco que se liga ao receptor e apresenta eficácia zero é descrito como antagonista. No gráfico abaixo, ambos os fármacos são eficazes (ambos tem a mesma resposta terapêutica final) porém X é mais potente, uma vez que precisou de uma dose menor para fazer efeito Para um fármaco ser comercializado, há diversos testes que são realizados em uma população. Dentro dessa população, alguns terão efeitos adversos severos, alguns não terão efeito e, na maioria, haverá resposta terapêutica Diferentes respostas a uma mesma dose: à esquerda: não obtiveram resposta; ao meio: efeito normal, resposta terapêutica; à direita: efeitos adversos severos Forma da curva dose-resposta: a distância que temos entre a dose com eficácia e a dose com toxicidade é chamada de margem de segurança e, quanto mais distante for, mais seguro é o medicamento Interações Medicamentosas Podem ser de quatro tipos: sinérgicas ou antagônicas, farmacocinéticas ou farmacodinâmicas o Sinérgica: efeito aumentado o Antagônico: efeito diminuído Interações medicamentosas aumentam significativamente em determinadas populações de pacientes como: o Crianças o Pacientes em ambiente de cuidado intensivo o Idosos Alterações fisiológicas das funções hepática, renal e cardíaca; Diminuição da massa muscular, Diminuição da concentração de albumina sérica e da quantidade total de água no organismo. Presença de doenças crônicas → politerapia. Os medicamentos que possuem baixo índice terapêutico ou baixa margem de segurança e efeitos farmacológicos potentes apresentam alta probabilidade de participar de interações clinicamente relevantes. São inapropriados para idosos Exemplos: aminoglicosídeos, anticoagulantes como varfarina e heparina, ciclosporina, digoxina, fenitoína, lítio, agentes hipoglicemiantes, carbamazepina, ácido valproico e teofilina. Qualquer interação medicamentosa ou alteração biológica poderá causar um efeito significativo 4° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Pacientes que fazem uso de medicamentos com baixo índice terapêutico devem ser constantemente monitorados devido à possibilidade de apresentarem interações medicamentosas clinicamente relevantes. Características típicas das várias fases dos ensaios clínicos necessários para a comercialização de novos fármacos: 1. Pouca população, pacientes voluntários e saudáveis, “baixo” investimento e maior taxa de êxito 2. Pessoas da região com aquela doença específica, escolhida pela equipe 3. Vários países, continentes 4. Mais crítica nos 10 primeiros anos (vigilância pós-comercialização); os pacientes não fazem uso correto, associam a drogas e álcool – se um novo evento adverso for identificado, será adicionado à bula. Pode ser um efeito tão prejudicial que o fármaco será retirado de circulação/venda
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