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Brasília-DF. Suplementação nutricional e Fitoterapia aplicada à eStética Elaboração Juliana Lopez de Oliveira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 6 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 8 UNIDADE I LEGISLAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES ........................................................... 9 CAPÍTULO 1 PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES .......................................................................... 9 CAPÍTULO 2 PRESCRIÇÃO DE FITOTERÁPICOS ........................................................................................... 13 UNIDADE II SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA ...................................................................................... 21 CAPÍTULO 1 PRESCRIÇÃO EM CADA FORMA DE APRESENTAÇÃO .............................................................. 21 CAPÍTULO 2 VITAMINAS E MINERAIS .......................................................................................................... 28 CAPÍTULO 3 SUBSTÂNCIAS BIOATIVAS E PROBIÓTICOS ................................................................................ 46 CAPÍTULO 4 PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS ................................................................................................. 51 CAPÍTULO 5 ÁCIDOS GRAXOS ................................................................................................................. 55 CAPÍTULO 6 NUTRICOSMÉTICOS ............................................................................................................... 57 UNIDADE III INTRODUÇÃO À FITOTERAPIA E FORMAS DE APRESENTAÇÃO DOS FITOTERÁPICOS ................................ 59 CAPÍTULO 1 FITOTERAPIA BÁSICA .............................................................................................................. 59 CAPÍTULO 2 MÉTODOS EXTRATIVOS E FORMAS DE USO FARMACÊUTICO .................................................... 64 UNIDADE IV FITOTERAPIA EM ESTÉTICA ................................................................................................................... 71 CAPÍTULO 1 FITOTERAPIA EM TRATAMENTOS ESTÉTICOS FACIAIS E CORPORAIS ............................................ 71 PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 79 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 80 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Por um “ideal de beleza”, pessoas procuram diferentes métodos para alcançar suas metas, por meio de dietas, exercícios físicos e cirurgias plásticas. É notável o atual aumento do consumo de suplementos nutricionais e fitoterápicos com o propósito de auxiliar na beleza. O mercado da estética é emergente e a demanda por profissionais especializados para atuar neste cenário crescente. O presente caderno de estudos foi desenvolvido com o objetivo de enriquecer seus conhecimentos relativos à suplementação de nutrientes e uso da fitoterapia, ambos aplicados aos tratamentos estéticos. Cada capítulo representa um convite à reflexão de diferentes aspectos relacionados à nutrição aplicada à estética, sendo de fundamental importância lembrar que a busca e aprimoramento de conhecimento não termina ao final da leitura destas páginas. Ao contrario, nosso objetivo é orientá- lo de uma forma abrangente e despertar o espírito crítico associado ao interesse pelo aprofundamento dos conhecimentos relativos às questões aqui apresentadas. O desempenho de cada aluno será avaliado a partir da sua participação durante as atividades propostas no ambiente virtual, como: realização de tarefas, participação nos fóruns de discussão, memorial acadêmico e realização de prova presencial, conforme determinaçãolegal. Os trabalhos valerão 40% do total da nota e a prova presencial, 60%. Objetivos » Apresentar os principais aspectos da legislação existente relativos à prescrição de suplementos e fitoterápicos por profissionais da saúde. » Abordar os principais conceitos relacionados à suplementação de nutrientes e compostos bioativos. » Abordar os principais conceitos relacionados à produção de fitoterápicos e fitoterapia. » Ampliar a compreensão referente aos efeitos da suplementação e fitoterapia no tratamento das patologias estudadas. 9 UNIDADE I LEGISLAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES CAPÍTULO 1 Prescrição de suplementos alimentares A prescrição de suplementos é responsabilidade do nutricionista ou médico. Ao farmacêutico cabe selecionar o medicamento ou seu preparo a partir de uma prescrição. Apesar disso, com a atual e excessiva preocupação com a aparência e estética, muitas vezes, ocorre o consumo indiscriminado de suplementos nutricionais sem prescrição médica ou de nutricionista. Sabe-se que o conjunto de nutrientes presentes nos alimentos é que propicia proteção à saúde, e não um nutriente isolado (CERQUEIRA et al., 2007). De fato, os nutrientes não atuam sozinhos, mas agem de maneira sinérgica. Portanto o nutricionista deve recomendar, em primeiro lugar, fontes alimentares para suprir as necessidades nutricionais e o suplemento deve ser utilizado como forma de complementar à dieta ou em casos de carência desse nutriente. O alimento dispõe de um sinergismo nutricional, que otimiza a atuação dos nutrientes presentes nele. Além disso, muitas vezes ao introduzirmos um alimento com o objetivo de ofertar determinado nutriente, também se altera um hábito alimentar não favorável àquela condição. Por exemplo, quando há necessidade de aumentar o aporte de ácidos graxos ômega-3, a inclusão do peixe em substituição a outras carnes pode trazer benefícios adicionais, como a redução do consumo de ácidos graxos saturados presentes nas outras carnes, que somente a suplementação com o óleo não traria (FISHBORN, 2009). Conforme recomendação do The American Dietetic Association (ADA), a melhor estratégia nutricional para promoção da saúde e redução do risco de doenças crônicas é manter uma alimentação variada. Por outro lado, diversos estudos demonstram que a composição nutricional dos solos e dos alimentos tem sido modificada pelos tipos de cultivo, métodos genéticos e ambientais (DAVIS, 2005). Uma pesquisa do departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo analisou a “cesta básica Dieese e PROCON”, adotando dois terços das “Recommended Dietary Allowances” (RDA) como parâmetro de necessidades (BARRETO et al., 1998). Foram encontrados valores insuficientes para as vitaminas A, C, riboflavina (B2) e piridoxina (B6), cálcio (Ca), magnésio (Mg), ferro (Fe), zinco (Zn), iodo (I) e selênio (Se), e o percentual lipídico no total calórico mostrou-se elevado. Outro estudo analisou 70 10 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES dietas de indivíduos sedentários e atletas, todas as análises dietéticas não atingiram as RDAs para micronutrientes (MISNER, 2006). O estudo Brazos Nutricional, realizado pela UNIFESP, em parceria com a USP, avaliou aspectos relacionados à alimentação de 2.420 pessoas em 150 municípios das cinco regiões do país. Resultados mostram que o brasileiro ingere os nutrientes em quantidades menores que o recomendado pelas DRIs (Dietary Reference Intakes), o que se justifica pelo menor consumo de frutas, verduras e grãos como resposta à globalização no dia-a-dia da população. Legislação para prescrição de suplementos Portaria no 32, de 13 de janeiro de 1998 Os suplementos vitamínicos e/ou de minerais são classificados como alimentos que têm o objetivo de complementar a dieta diária de uma pessoa saudável com determinados nutrientes, quando a ingestão dietética não for suficiente. Para tanto, os produtos devem conter, em sua composição, entre 25% e 100% da Ingestão Diária Recomendada (IDR) por porção, desde que não sejam considerados como dieta exclusiva, e não podem substituir os alimentos. A Portaria determina, também, que o fabricante é responsável por evitar incompatibilidades tecnológicas e/ou associações de vitaminas e/ou minerais em níveis que possam interferir negativamente na biodisponibilidade desses nutrientes. Com relação à rotulagem, não é permitido qualquer alegação de prevenção, tratamento ou alívio de qualquer tipo de enfermidade, podendo apresentar somente informações sobre funções cientificamente comprovadas dos nutrientes em questão (desde que relacionadas a seu papel fisiológico no desenvolvimento ou em funções do organismo). Portaria no 40, de 13 de janeiro de 1998 Regulamenta as normas para níveis de dosagens diárias de vitaminas e minerais em medicamentos, apresentando as diferenças entre medicamentos à base de vitaminas e/ou minerais com e sem exigência de prescrição médica. A Portaria define como medicamentos à base de vitaminas e/ou minerais aqueles que apresentam doses diárias superiores a 100% da Ingestão Diária Recomendada (IDR). Esses medicamentos poderão ser classificados como medicamentos de “venda sem exigência de prescrição médica” quando as doses diárias estiverem em valores acima da IDR, porém não ultrapassam os limites máximos de segurança determinados no anexo da Portaria. Aqueles medicamentos que apresentarem doses diárias superiores a esses níveis máximos de segurança deverão, obrigatoriamente, ser classificados como medicamentos de “venda com exigência de prescrição médica”. Nesse sentido, é importante que o profissional nutricionista conheça os limites máximos de segurança determinados por essa Portaria da ANVISA, para que possa prescrever suplementos naquelas quantidades em que o produto não exija prescrição médica. 11 LEGISLAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES │ UNIDADE I Resolução da Diretoria Colegiada – RDC no 2, de 7 de janeiro de 2002 “Aprova o regulamento técnico de substâncias bioativas e probióticos isolados com alegação de propriedades funcionais e/ou de saúde”. Esta resolução tem por objetivo “padronizar os procedimentos a serem adotados para a avaliação de segurança, registro e comercialização de substâncias bioativas e probióticos isolados com alegação de propriedades funcionais e de saúde”. Destacam-se, nesta resolução, as definições: » Matéria-prima: toda substância de origem vegetal ou animais, em estado bruto, que, para ser utilizada como alimento, precisa ser submetida a tratamento e/ou transformação de natureza física, química ou biológica. » Nutriente: é a substância química encontrada em alimento, que propicia energia e/ou é necessária para o crescimento, desenvolvimento e manutenção da saúde e da vida, e/ou cuja carência resulta em mudanças químicas ou fisiológicas características. » Probiótico: microrganismo vivo capaz de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal, produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo. » Substância bioativa: além dos nutrientes, são os não nutrientes que possuem ação metabólica ou fisiológica específica. Resolução CFN no 304/2003 Dispõe sobre os critérios para a prescrição dietética na área de nutrição clínica, indicando que o nutricionista é o profissional responsável pela prescrição dietética (como parte da assistência hospitalar, ambulatorial, em consultório de nutrição e em domicílio), que deverá ser realizada com base no diagnóstico nutricional. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC no 269, de 22 de setembro de 2005 “Aprova o regulamento técnico sobre a Ingestão Diária Recomendada (IDR) de proteínas, vitaminas e minerais”. Define-se comoIngestão Recomendada Diária (IDR) a quantidade de proteínas, vitaminas e minerais que deve ser consumida para atender às necessidades nutricionais da maior parte dos indivíduos e grupos de pessoas de uma população sadia. Resolução CFN no 390/2006 “Regulamenta a prescrição dietética de suplementos nutricionais pelo nutricionista e dá outras providências.” 12 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES Essa resolução define suplementos nutricionais como formulados de vitaminas, minerais, proteínas e aminoácidos, lipídicos e ácidos graxos, carboidratos e fibras, isolados ou associados entre si. Ordena que sejam respeitados os níveis máximos de segurança determinados pela ANVISA e, na ausência destes, os definidos como “Torerable Upper Intake Levels (UL)” pelas “Dietary Reference Intakes” (DRIs). Esses correspondem aos valores máximos que podem ser suplementados. O profissional somente deverá recomendar suplementos com base no diagnóstico nutricional e em especial nas seguintes condições: estados fisiológicos específicos, estados patológicos e alterações metabólicas. Além disso, sempre deve definir o período de suplementação e realizar a reavaliação do estado nutricional e do plano alimentar. 13 CAPÍTULO 2 Prescrição de fitoterápicos Fitoterapia No ano de 2006 duas políticas foram publicadas pelo setor de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil, a fim de incentivar a Portaria Ministerial MS/GM no 971, de 3 de maio de 2006, aprovando a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), que prevê a incorporação de terapias como a homeopatia, o termalismo, a acupuntura e a fitoterapia nesse sistema. Em 2006 o Decreto no 5813, de 22 de junho, aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e dá outras providências. Essa política estabelece diretrizes e linhas prioritárias para o desenvolvimento de ações pelos diversos parceiros em torno de objetivos comuns voltados à garantia do acesso seguro e do uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos em nosso país. Também traça diretrizes para o desenvolvimento de tecnologias e inovações, assim como o fortalecimento das cadeias e dos arranjos produtivos. A política orienta também para o uso sustentável da biodiversidade brasileira e o desenvolvimento do complexo produtivo da saúde. O Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que iniciou seus trabalhos no dia 29 de setembro de 2009, foi criado e aprovado pela Portaria Interministerial no 2960, de 9 e dezembro de 2008 para o monitoramento e a avaliação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Com a sua criação essa política tornou-se o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterapia. Com caráter consultivo e deliberativo, o comitê é composto por representantes do governo e da sociedade civil. O Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos contempla todas as etapas de produção de fitoterápicos, desde o início, com as pesquisas que demonstram evidências científicas da planta para um determinado tratamento, passando pelo cultivo, colheita, extração, produção e comercialização do produto. Por envolver também a sabedoria popular, o programa não poderia deixar de lado o conhecimento das comunidades tradicionais. Em 2005, a Secretaria de Ciências e Tecnologia e Insumos Estratégicos, por meio do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF/SCTIE/MS) elaborou, em parceria com outros ministérios e com colaborações de consultores e pesquisadores, uma lista de espécies vegetais considerando as já utilizadas nos serviços de saúde estaduais e municipais, o conhecimento tradicional e popular e os estudos químicos e farmacológicos disponíveis. Esse documento subsidiou, em 2008, a elaboração da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS). A finalidade do RENISUS é subsidiar o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva, inclusive nas ações que serão desenvolvidas também pelos outros ministérios participantes no Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, relacionadas à regulamentação, cultivo, manejo, produção e comercialização de plantas medicinais e fitoterápicos. Terá também a função de orientar 14 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES estudos e pesquisas que possam subsidiar a elaboração da RENAFITO (Relação Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos), o desenvolvimento e a inovação na área de plantas medicinais e fitoterápicos. As espécies vegetais foram pré-selecionadas por regiões que referenciavam seu uso, por indicações de uso e de acordo com as categorias do Código Internacional de Doenças (CID-10). Essa parte inicial do trabalho foi realizada por técnicos da ANVISA e do Ministério da Saúde (MS), profissionais de serviços e pesquisadores da área de plantas medicinais e fitoterápicos, vinculados à área de saúde, representando as diversas regiões brasileiras. A partir dessa pré-seleção foram excluídas espécies exóticas e as que constam da lista de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção, do Ministério do Meio Ambiente (IN no 6/2008). Em 2002, o Conselho Federal de Nutricionistas criou um grupo de trabalhos e promoveu um seminário com a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN) e a Sociedade Brasileira de Nutrição Clínica (SBNC), para debater o uso da Acupuntura, Homeopatia, Fitoterapia, Terapia Floral, Oligoterapia e Iridologia pelos nutricionistas. O principal resultado foi a Resolução CFN no 402 de 2007, que regulamenta a prescrição fitoterápica pelo nutricionista de plantas in natura, frescas, ou como droga vegetal nas suas formas farmacêuticas. Definições importantes » Plantas medicinais: todo e qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semissintéticos. » Droga vegetal: planta medicinal ou suas partes após processo de coleta, estabilização e secagem, podendo ser íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada. » Fitofármaco: medicamento de origem vegetal com estrutura química definida e isolada. Essa forma fitoterápica somente pode ser prescrita por médicos. A fitoterapia é uma importante ferramenta coadjuvante no tratamento nutricional e sua aplicação prática requer profundos conhecimentos bioquímicos e fisiológicos, já que muitos fitoterápicos possuem diversos benefícios à saúde, mas também efeitos colaterais e interações com alimentos e medicamentos. Motivos para usar a fitoterapia: » alto custo dos medicamentos alopáticos, além de apresentarem maiores efeitos adversos; » rica biodiversidade brasileira; » grande procura atual da população por produtos naturais; » incentivo para o estudo de terapias alternativas e aumento da atenção à saúde (ex.: RENISUS). 15 LEGISLAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES │ UNIDADE I Legislação para a prescrição de fitoterápicos Os conselhos de classe são os órgãos representativos das classes profissionais atuantes no estado ou país, e têm por finalidade fiscalizar o exercício de cada profissão. Esses conselhos fiscalizam o mercado e as profissões no que diz respeito à sua regulamentação (PANIZZA, 2010). Em relação à fitoterapia, cada conselho de classe deve se expressar, informando aos profissionais como proceder. A portaria do Ministério da Saúde no 971, de 3 de maio de 2006 aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, que inclui plantas medicinais e fitoterapia com um caráter de atuação multidisciplinar no SUS. O decreto presidencial no 5.813, de 22 de junho de 2006, que aprova a Política Nacional de PlantasMedicinais e Fitoterápicos O médico Segundo o artigo 14o do Código de Ética Médica (Resolução do Conselho Federal de Medicina no 1.246/1988, de 8 de janeiro de 1988), o médico deve empenhar-se para melhorar as condições de saúde e os padrões dos serviços médicos e assumir sua parcela de responsabilidade em relação à saúde pública, à educação sanitária e à legislação referente à saúde. De acordo com o mesmo código de ética, é direito do médico: Art. 21. Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas reconhecidamente aceitas e respeitando as normas legais vigentes no País. Considerando que a fitoterapia está inserida em políticas públicas no Sistema Único de Saúde (SUS) como a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (Portaria no 971, de 3 de maio de 2006) e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Decreto no 5813, de 22 de junho de 2006), o profissional médico está apto a utilizá-la quando achar conveniente. O cirurgião dentista A lei no 5081, de 24 de agosto de 1966, do Conselho Federal de Odontologia, regulamenta o exercício da Odontologia. Dessa lei, destacamos: Art. 6o Compete ao cirurgião-dentista: I – praticar todos os atos pertinentes à Odontologia, decorrentes de conhecimentos adquiridos em curso regular ou em cursos de pós-graduação; II – prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, indicados em Odontologia; [...] VII – prescrever e aplicar medicação de urgência no caso de acidentes graves que comprometam a vida e a saúde do paciente [...]. 16 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES Considerando que os fitoterápicos e as plantas medicinais são apresentados em diversas formas farmacêuticas como tinturas, decoctos, extratos etc., o cirurgião dentista está apto a prescrevê-las dentro da Odontologia. O enfermeiro Pode realizar prescrição de fitoterápico apenas mediante um protocolo médico. O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), atento à utilização de ervas medicinais na cultura popular e reconhecendo que os enfermeiros precisam esclarecer e educar a clientela para o uso correto da fitoterapia, emitiu o Parecer Informativo 004/1995, em que reconhece o caráter holístico da formação do enfermeiro e os aspectos ético-legais da utilização das práticas alternativas no cuidado ao paciente. Em 1997, o COFEN, por meio da resolução 197 estabeleceu e reconheceu as terapias alternativas, entre elas a fitoterapia, como especialidades e ou qualificações do enfermeiro. O farmacêutico Na prática da Fitoterapia o farmacêutico é o elo entre o popular e o científico. A Resolução no 477, de 28 de maio de 2008, do Conselho Federal de Farmácia, publicada no Diário Oficial da União de 2 de junho 1908, dispõe sobre as atribuições do farmacêutico no âmbito das plantas medicinais e fitoterápicos e dá outras providências. Destaca-se dessa resolução o artigo 9o, que diz: Art. 9o Compete ao farmacêutico a manipulação, dispensação e aconselhamento farmacêutico no uso de plantas medicinais e seus derivados, fitoterápicos manipulados e industrializados em atendimento a uma prescrição médica, ou na automedicação responsável. §1o A automedicação responsável deverá ocorrer somente mediante orientação e acompanhamento de farmacêutico nos casos dos medicamentos oficinais isentos de prescrição. Medicamentos oficinais são aqueles preparados na própria farmácia, cuja fórmula esteja escrita no Formulário Nacional ou Formulários Internacionais reconhecidos pela ANVISA. A partir dessa resolução o farmacêutico fica autorizado a realizar a automedicação responsável do paciente quando este não possuir receita de um médico ou profissional habilitado. Porém, somente os medicamentos oficinais isentos de prescrição e os medicamentos fitoterápicos produzidos pela indústria disponíveis nas prateleiras de farmácias e drogarias podem ser prescritos. Estão excluídos dessa lista todos os medicamentos com tarja vermelha “venda sob prescrição médica”. O nutricionista A Resolução no 525/2013, que revoga a Resolução no 402/2007 do Conselho Federal de Nutrição, regulamenta a prática da fitoterapia pelo nutricionista, atribuindo-lhe competência para, nas modalidades que especifica, prescrever plantas medicinais, drogas vegetais e fitoterápicos como 17 LEGISLAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES │ UNIDADE I complemento da prescrição dietética e, dá outras providências. A partir dessa resolução, a fitoterapia passa a ser uma especialidade da nutrição e será objeto de regulamentação do CFN junto à ASBRAN. O artigo 2o dessa resolução define que o nutricionista poderá adotar a fitoterapia para complementar a sua prescrição dietética, somente quando os produtos prescritos tiverem indicações de uso relacionadas com o seu campo de atuação e estejam embasadas em estudos científicos ou em uso tradicional reconhecido. No parágrafo único, a resolução define que ao adotar a Fitoterapia o nutricionista deve basear-se em evidências científicas quanto a critérios de eficácia e segurança, considerar as contra indicações e oferecer orientações técnicas necessárias para minimizar os efeitos colaterais e adversos das interações com outras plantas, com drogas vegetais, com medicamentos e com os alimentos, assim como os riscos da potencial toxicidade dos produtos prescritos. No artigo 3o, a competência para a prescrição de plantas medicinais e drogas vegetais é atribuída ao nutricionista sem especialização, enquanto a competência para prescrição de fitoterápicos e de preparações magistrais é atribuída exclusivamente ao nutricionista portador de título de especialista ou certificado de pós-graduação lato sensu nessa área. A principal modificação que a resolução trás é que ao nutricionista sem especialização em Fitoterapia compete a prescrição de plantas medicinais e drogas vegetais na forma de infusão, decocção e maceração, não sendo admissível que sejam prescritas sob forma de cápsulas, drágeas, pastilhas, xarope, spray ou qualquer outra forma farmacêutica; nem utilizadas quando submetidas a outros meios de extração, tais como extrato, tintura, alcoolatura ou óleo, nem como fitoterápicos ou em preparações magistrais. Já aos profissionais nutricionistas que possuem especialização em Fitoterapia por meio de curso de pós-graduação lato sensu, compete a prescrição de fitoterápicos em qualquer forma farmacêutica dentro da área de ação do nutricionista, ou seja, via oral. Cabe, portanto, a prescrição na forma de tintura vegetal (extrato hidroalcoólico), pós e extratos secos em cápsulas. Todavia, a prescrição de preparações magistrais deverá conter apenas matérias primas derivadas de drogas vegetais, ou seja, não é permitido o uso de substâncias ativas isoladas de plantas ou da associação com nutrientes (vitaminas, minerais, aminoácidos, carboidratos etc.). No artigo 5o, define-se que a prescrição de plantas medicinais ou drogas vegetais deverá ser legível, conter o nome do paciente, data da prescrição e identificação completa do profissional prescritor (nome e número do CRN, assinatura, carimbo, endereço e forma de contato) e conter todas as seguintes especificações quanto ao produto prescrito: » nomenclatura botânica, sendo opcional incluir a indicação do nome popular; » parte utilizada; » forma de utilização e modo de preparo; » posologia e modo de usar; » tempo de uso. 18 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES Além disso, as formas farmacêuticas permitidas para o uso pelo nutricionista são, exclusivamente, as de uso oral, sendo impedidas prescrições de fitoterápicos de uso tópico. Um exemplo é o Confrei (Symphytum officinale) que não deve ser prescrito pelo nutricionista,pois seu uso é exclusivamente tópico. A Instrução Normativa no 5, de 12 de dezembro de 2008, que revoga a Resolução no 89, de 16 de março de 2004, determina a publicação da “Lista de Medicamentos Fitoterápicos de Registro Simplificado” e cita os medicamentos fitoterápicos que são exclusivos de prescrição médica, ou seja, aqueles que contêm a traja vermelha com a frase “venda sob prescrição médica”. Portanto, o profissional nutricionista, inclusive o especialista em fitoterapia, não pode prescrever os fitoterápicos classificados na lista dos simplificado médico como “sob prescrição médica”, publicada em resolução da ANVISA/2008, em nenhuma das formas farmacêuticas. Tabela 1. Medicamentos fitoterápicos que necessitam de prescrição médica Nomenclatura botânica Nome popular Arctostaphylos uva-ursi Uva-ursina Cimicifuga racemosa (L.) Nutt. Cimicífuga Echinacea purpurea Moench Equinácea Ginkgo biloba L. Ginkgo Hypericum perforatum L. Hipérico Piper methysticum G. Forst. Kava-kava Serenoa repens (Bartram) J.K. Small Saw Palmetto Tanacetum parthenium Sch. Bip. Tanaceto Valeriana officinalis L. Valeriana Os fitoterápicos manipulados não são contemplados na Instrução Normativa no 5/2008, pois esses não são registrados como medicamentos. Também não se registram como medicamentos fitoterápicos drogas vegetais, apenas os derivados das mesmas (derivado vegetal) como tintura, extrato seco, extrato fluido, e óleos. Segundo a RDC no 10, de 9 de março de 2010 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à ANVISA e dá outras providências, drogas vegetais são plantas medicinais ou suas partes, que contenham as substâncias, ou classes de substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após processo da coleta, estabilização, secagem, podendo ser integra, rasurada, triturada ou pulverizada. Sendo assim, a lista de medicamentos exclusivos de prescrição médica pela Instrução Normativa no 5/2008 não contempla as drogas vegetais, utilizadas para fazer infusão, decocção ou maceração, os chamados “chás”, que estão permitidos de serem prescritos pelo nutricionista, segundo a Resolução no 420/2007 do CFN. A RDC no 10/2010 trás em seu Anexo I uma lista com 54 drogas vegetais para uso interno, 21 para uso externo e uma de uso inalatório, com a respectiva alegação de propriedade além de posologia 19 LEGISLAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES │ UNIDADE I segura e modo de usar de cada espécie. No caso do profissional nutricionista é permitida apenas a prescrição das drogas vegetais para uso interno, como previsto em legislação. O fisioterapeuta A Resolução no 380 de 3 de novembro de 2010, do Conselho Federal de Fisioterapeutas (COFFITO) regulamenta o uso pelo fisioterapeuta das práticas integrativas e complementares de saúde dá outras providências. O Artigo 1o dessa resolução autoriza a prática, pelo fisioterapeuta, dos atos complementares ao seu exercício profissional regulamentado, nos termos dessa resolução e da portaria MS número 971/2006: » Fitoterapia; » práticas corporais, manuais e meditativas; » Terapia Floral; » Magnetoterapia; » Fisioterapia Antroposófica; » Termalismo/Crenoterapia/Balneoterapia; » Hipnose. O Artigo 3o destaca que o fisioterapeuta deverá comprovar perante o COFFITO a certificação de conhecimento das práticas integrativas e complementares. Será habilitado nos termos dessa resolução o fisioterapeuta que apresentar títulos que comprovem o domínio das Práticas Integrativas de Saúde objeto dessa resolução. Os títulos a que alude esse artigo deverão ter como origem: » instituições de ensino superior; » instituições especialmente credenciadas pelo MEC; » entidades nacionais de Fisioterapia intimamente relacionadas às práticas autorizadas por essa resolução. Parágrafo Único: os cursos concedentes dos títulos de que trata este artigo, verão observar uma carga horária mínima, devidamente determinada pelo COFFITO que consultará as entidades associativas da fisioterapia no âmbito nacional que sejam intimamente relacionadas às práticas autorizadas por esta resolução, por meio dos seus respectivos Departamentos. Os profissionais devem sempre estar capacitados para fazer bom uso e não causar malefícios aos seus pacientes. Com relação às legislações, cada profissional deve sempre estar atualizado com as resoluções e normativas de sua classe profissional, para exercer a Fitoterapia dentro do preconizado. 20 UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES Se bem não fizer, mal não irá fazer”, essa é uma frase muito comum entre os leitos no que diz respeito ao uso de plantas medicinais. É fato que muitos estudos em fitoterapia se iniciaram a partir a observação de práticas populares, porém o profissional de saúde da atualidade tem disponível uma série de informações científicas a respeito de uma grande diversidade de plantas medicinais. É imprescindível ter segurança técnica para saber se os efeitos de determinada planta estão comprovados cientificamente e também a sua interação com as demais espécies vegetais e outros medicamentos. 21 UNIDADE II SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA CAPÍTULO 1 Prescrição em cada forma de apresentação Farmacotécnica A parte da ciência farmacêutica que trata da preparação de medicamentos, ou seja, da transformação de drogas (matérias-primas) em medicamentos, assegurando uma perfeita eficácia terapêutica e conservação; estuda o preparo, a purificação, as incompatibilidades físicas e químicas e a escolha da forma farmacêutica (xarope, solução, suspensão, cápsula, shake, por exemplo) mais adequada à finalidade pretendida é a Farmacotécnica (FERREIRA; BRANDÃO, 2002; PASCHOAL et al., 2009). Estão presentes na composição de uma fórmula os princípios ativos, coadjuvantes técnicos e veículo ou excipiente. (FERREIRA; BRANDÃO, 2002; PASCHOAL et al., 2009). Definições Os princípios ativos são responsáveis pela ação farmacológica, ou seja, a(s) substância(s) responsável(is) pelo “efeito” desejado do suplemento. Exemplo: citrato de cálcio. Os coadjuvantes técnicos ou adjuvantes farmacotécnicos são substâncias em geral inertes cuja função é estabilizar a fórmula em nível químico, físico ou microbiológico. Dependendo da fórmula farmacêutica e da embalagem, os coadjuvantes técnicos não são necessários. Exemplo: antioxidantes. O veículo (líquido) ou excipiente (sólido ou semissólido) é a parte da fórmula na qual são misturados os princípios ativos. É utilizado para complementar o volume necessário das formulações. Exemplo: celulose microcristalina. Formas farmacêuticas As formas farmacêuticas são as formas físicas de apresentação do medicamento. São classificadas em sólidas, líquidas, semissólidas e gasosas, são o resultado de várias operações a que se submetem 22 UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA as substâncias terapêuticas a fim de facilitar sua posologia e administração, mascarar os caracteres organolépticos e assegurar a ação desejada. Entre os suplementos, são mais utilizadas as formas sólidas. Formas sólidas Pastilhas e gomas (PASCHOAL et al., 2009) São formas farmacêuticas sólidas que se destinam a dissolver ou desintegrar lentamente na boca. Podem conter um ou mais ativos de ação local ou sistêmica, veiculados geralmente em base flavorizada e edulcorada, moldada ou comprimida. A pastilha medicamentosa dissolve lentamente na boca, liberando o fármaco para absorção por meio da mucosa oral, evitando em parte, a primeira passagem hepática. Essas fórmulas farmacêuticas são indicadas principalmente para pacientes com dificuldade de deglutição de formas sólidas. Devido à aparênciae ao sabor agradável, aumentam a adesão dos pacientes pediátricos ao tratamento. Vitaminas, minerais, e aminoácidos podem ser veiculados nessas formas farmacêuticas. São divididas em três tipos: 1. pastilhas duras, que são misturas de sacarose e outros açúcares e/ou em estado amorfo; 2. pastilhas soft que podem ser preparadas a base de PEG (polietilenoglicol), chocolate, pasta de amendoim, óleo vegetal hidrogenado ou base de açúcar e goma arábica; 3. pastilhas mastigáveis (balas, gomas, gomas mastigáveis ou “jujubas”) que são preparadas à base de gelatina glicerinada. Cápsulas (PASCHOAL et al., 2009) São receptáculos obtidos por moldagem, em geral, utilizados para ingestão de fármacos em doses pré-estabelecidas. O invólucro da cápsula oferece relativa proteção dos agentes externos, facilita a administração, e devido a sua alta solubilidade e digestibilidade no organismo, libera rapidamente o fármaco de seu interior no estômago. Atualmente as cápsulas gelatinosas, que são constituídas de gelatina de origem animal, são as mais utilizadas. Estas podem ser em consistência dura (cápsulas gelatinosas duras) ou, se fabricadas incluindo maiores quantidades de glicerina, sorbitol, polietilenoglicol, apresentam-se com consistência flexível e elástica (cápsulas gelatinosas moles). As últimas, ao contrário das cápsulas duras podem acondicionar soluções oleosas, suspensões e emulsões. As cápsulas podem ser opacas, para preservar a matéria prima da oxidação e modificação de suas estruturas. Muitas vezes, são coloridas a partir de corantes alimentares. Como variação vegetal, existem as cápsulas de clorofila, que, além de serem de origem vegetal, possuem vitaminas, minerais e clorofilina, que contribuem para a oferta de antioxidantes. 23 SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA │ UNIDADE II As cápsulas transparentes são de origem animal e, como as cápsulas duras, são formadas por gelatina. Sem corantes alimentares, não possuem coloração, deixando a matéria-prima mais exposta ao meio ambiente. Existem matérias-primas que não devem ser manipuladas nesse tipo de cápsula, como a vitamina C, por ser altamente oxidável, modificando sua função. Por outro lado, o complexo B não perde suas funções, mas pode tingir a cápsula ao longo dos dias, mesmo estando dentro do prazo de validade. Excipiente É muito importante que as cápsulas fiquem completamente cheias, para que a substância ativa se encontre de modo uniforme em todas as cápsulas. Por esse motivo, os excipientes são utilizados para completar o volume de cápsulas. É empregado o q.s.p., sigla muito utilizada na manipulação (mais na formulação de cápsulas, mas bastante empregada para saches) que significa “quantidade suficiente para preencher”. Como excipiente deve ser usada uma substância não absorvível, mas que não interfira na biodisponibilidade dos componentes da fórmula. Uma mistura de lactose com amido é bastante utilizada, porém essa combinação pode induzir e provocar estados de disbiose, sendo mais indicado o uso de celulose microcristalina. Tabela 2. Principais tamanhos de cápsulas. Número da cápsula Capacidade (mg) 3 0 a 130 2 131 a 181 1 182 a 290 0 291 a 400 00 401 a 700 Pós (Sachês) (PASCHOAL et al., 2009) Formas farmacêuticas provenientes de drogas vegetais ou animais, assim como substâncias químicas submetidas a um grau de divisão suficiente para lhes assegurar homogeneidade e facilitar a extração ou administração dos princípios ativos. A pulverização pode ser manual ou com emprego de equipamentos apropriados. Os pós podem ser acondicionados a granel, em potes bem vedados, ou podem, também, ser acondicionados subdivididos em doses em saches aluminizados ou em papel impermeável. Formas semissólidas Pomadas (PASCHOAL et al., 2009) São formas farmacêuticas contendo grandes quantidades de sólidos em disposição. Em geral, contém mais de 20% de pós finamente pulverizados na formulação. Apresentam consistência macia e firme, são pouco gordurosas e tem grande poder de absorção de água ou de exsudados. 24 UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA Os excipientes não podem ser irritantes ou sensibilizantes, devem: ser neutros em relação ao pH (ou aproximar-se do pH da pele); compatíveis com os fármacos que lhes são incorporados; ter plasticidade e liberar, eficientemente, o fármaco na dose específica. A forma farmacêutica de pomada (uso tópico) não é utilizada na nutrição. Gel (PASCHOAL et al., 2009) Géis são preparações farmacêuticas constituídas por uma dispersão bicoerente de fase sólida em fase líquida. Géis hidrofílicos são preparações obtidas pela incorporação de agentes gelificantes – tragacanta, amido, derivados de celulose, polímeros carboxivinílicos, silicatos duplos de magnésio e alumínio – a água, glicerol ou propilenoglicol. Dependendo do tipo e conservação de gelificante, temos géis para diversos usos como: lubrificantes de cateter e instrumentos cirúrgicos, em oftalmologia, como base dermatológica etc. Em nutrição, existe o gel comestível que serve de base para administração de suplementos, principalmente esportivos como repositores de carboidratos e eletrólitos. Geralmente são produtos executados por indústrias, mas é possível serem desenvolvidos em farmácia de manipulação. Emulsão/cremes (PASCHOAL et al., 2009) São sistemas dispersos constituídos de duas fases líquidas imiscíveis (oleosa e aquosa), onde a fase dispersa ou interna é finalmente dividida e distribuída em outra fase contínua ou externa. Temos emulsões do tipo óleo em água (O/A: fase externa aquosa) e água em óleo (A/O: fase externa oleosa). A estabilidade da emulsão é garantida com ajuda de agentes emulsificantes, geralmente substâncias tensoativas. As emulsões podem ser pastosas ou líquidas, como as loções destinadas ao uso externo ou interno, devendo sempre ser agitadas antes do uso. Devem, ainda, ser adicionados adjuvantes com a finalidade antioxidante para a fase oleosa, como BHT e BHA. No caso da inclusão de fármacos suscetíveis a oxidação, deve ser verificado o seu coeficiente de partição, tendo em vista a proteção do fármaco na fase em que será incluído. Caso o princípio ativo se distribua em ambas as fases (oleosa e aquosa), deverão ser adicionados estabilizantes solúveis em água e em óleo. Como se trata de sistema disperso a semelhança das suspensões, o aumento da viscosidade nas preparações líquidas pode melhorar a estabilidade física das emulsões (evitar ou diminuir a separação de fases). Nas emulsões líquidas de uso oral, deverão ser acrescentados adjuvantes com finalidade corretiva para aroma, sabor e cor, se necessário. Formas líquidas Suspensão (PASCHOAL et al., 2009) As suspensões são formas farmacêuticas de sistema heterogêneo, cuja fase externa ou dispersante é líquida e a fase interna e dispersa é constituída de substâncias sólidas insolúveis no meio utilizado. 25 SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA │ UNIDADE II Constituídas de uma dispersão grosseira, onde a fase dispersa sólida e insolúvel (fase interna) é distribuída em um líquido (fase externa), podem receber várias denominações: mistura, gel, loção, magna e suspensão. É interessante que as suspensões não depositem rapidamente e que possam se reconstituir com facilidade por agitação. Interessa, ainda, que a redispersão operada por agitação origine um produto de aspecto homogêneo, em que não se observe a presença de quaisquer aglomerados de partículas. Agentes suspensores empregados: derivados da celulose, alginatos, líquidos viscosos, argilas, entre outros. As suspensões devem ser agitadas antes do uso. Xaropes (PASCHOAL et al., 2009) São formas farmacêuticas aquosas contendo cerca de dois terços de seu peso em sacarose ou outros açúcares.Podem ser medicinais e/ou edulcorantes, apresentando duas vantagens: correção de sabor desagradável do fármaco e conservação do mesmo na forma farmacêutica de administração. A forma sublingual líquida é um tipo de xarope em que se usa o sorbitol como veículo. A mucosa oral é altamente vascularizada, composta por vasos sanguíneos de pequeno calibre, portanto, pela via sublingual o suplemento chega mais rapidamente à corrente sanguínea, principalmente se ele possuir uma estrutura química lipossolúvel. Entretanto, matérias-primas hidrofílicas, como aminoácidos, devem ser diluídas em produto químico que auxilie sua absorção. Para diluição de aminoácidos, o veículo mais utilizado é o sorbitol, entretanto também podem ser utilizados a glicerina ou xarope simples. Ingestão Dietética de Referência (DRIs) Em 1995, o “Food and Nutrition Board” ou Comitê para Alimentação e Nutrição, juntamente com o governo canadense, introduziram as DRIs, com os objetivos de: » Prevenir as deficiências nutricionais. » Prevenir doenças crônicas não transmissíveis. » Estabelecer limite máximo (prevenir toxicidade). As DRIs compreendem 4 referências de ingestão: 1. EAR: Estimated Average Requirement (Recomendação Média Estimada). 2. RDA: Recomended Dietary Allowance (Ingestão Dietética Recomendada). 3. AI: Adequate Intake (Ingestão Adequada). 4. UL: Tolerable Upper Intake Level (Limite Máximo Tolerável de Ingestão). 26 UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA Recomendação Média Estimada (EAR) É o valor de ingestão do nutriente que estima atender às necessidades de 50% dos indivíduos num determinado gênero e estágio da vida. Na origem das EARs, conceitos de redução de risco de doenças e biodisponibilidade são considerados. Valores de referência não se baseiam apenas na prevenção da deficiência de nutrientes. A EAR pode ser utilizada na composição da média de consumo recomendada para um grupo populacional, onde apenas 2 a 3% da população ficariam abaixo da EAR. Portanto, pode ser utilizada como um fator para avaliar e planejar a adequação da ingestão de nutrientes por grupos populacionais. As EARs servem de base para a determinação da RDA. Ingestão Dietética Recomendada (RDA) É a ingestão diária do nutriente que é suficiente para atender as necessidades nutricionais de cerca de 97% a 98% dos indivíduos num estágio da vida e sexo. As RDAs se aplicam ao indivíduo, não a grupo de indivíduos. As RDAs são obtidas a partir das EARs mais 2 desvios padrões. Portanto, sem EAR, não há RDA. As RDAs são aplicáveis à indivíduos saudáveis. Ingestão Adequada (AI) A AI é estabelecida no lugar de uma RDA se evidências científicas não estão disponíveis para calcular uma EAR. A AI é baseada na observação ou estimativa experimental da média de ingestão do nutriente por um grupo de indivíduos saudáveis, que parece sustentar um estado nutricional, definido como valores circulantes normais do nutriente, crescimento adequado e outros indicadores funcionais de saúde. O principal uso da AI é servir de meta para ingestão de nutrientes dos indivíduos. Limite Máximo Tolerável de Ingestão (UL) O UL é o maior nível de ingestão diária de um nutriente que se acredita que não coloque a população em risco de efeito adverso para a saúde. Quando a ingestão é superior à UL, o risco de efeitos adversos aumentam. Criou‐se o termo “ingestão tolerável” para evitar a implicação de possíveis efeitos benéficos. A UL permite concluir que: “Se o consumo individual é abaixo da UL, há uma boa garantia de que o consumo não irá causar efeitos adversos”. Para calcular a UL são considerados 2 parâmetros, NOAEL e LOAEL. Utiliza‐se o NOAEL (No Observed Adverse Effect Level) para determinar o UL, pois indica a maior ingestão (ou dose experimental) de um nutriente, cuja quantidade não se observa a existência de 27 SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA │ UNIDADE II efeitos adversos, sendo seguro em quase todas as circunstâncias. Quando o NOAEL não pode ser determinado utiliza‐se o LOAEL (Low Observed Adverse Effect Level); Indica a menor ingestão (ou dose experimental) de um nutriente, cuja quantidade já permite observar um efeito adverso. Fórmula para determinação da UL: UL = NOAEL OU LOAEL / UF (fator de incerteza) Atualmente, para alguns nutrientes, ainda não há dados suficientes para desenvolver o UL, o que não significa não haver potencial para efeitos adversos resultantes da alta ingestão. Pelo contrário, quando os dados forem muito limitados é preciso maiores precauções na suplementação. 28 CAPÍTULO 2 Vitaminas e minerais Biodisponibilidade de vitaminas e minerais A interação de um nutriente contido em um determinado alimento com outros nutrientes presentes em uma refeição ou componentes dessa refeição em contato com os componentes químicos desse alimento podem afetar sua absorção e também o seu metabolismo no organismo e, portanto, sua utilização biológica. São fatores que afetam a biodisponibilidade: concentração e natureza química dos alimentos; estado nutricional e saúde do indivíduo; e as perdas por excreção. Na maioria das vezes, o total ingerido não corresponde à quantidade do nutriente absorvido de fato pelo organismo (REIS, 2007). O termo biodisponibilidade pode ser definido como a proporção da quantidade do nutriente que sofre absorção intestinal e é então utilizada pelo corpo (REIS, 2007). A utilização e o transporte de nutrientes absorvidos nos tecidos incluem a absorção celular e a conversão para a forma que realiza alguma função bioquímica. A palavra “disponível” é chave, pois o nutriente também pode ser metabolizado dentro da célula e ficar indisponível para excreção subsequente, ou pode, apenas, ser armazenado para uso futuro (BALL, 1998). Vários fatores químicos, incluindo o potencial redox, o pH e a forma inicial dos microelementos, influenciam o curso da digestão e em seguida a solubilidade e a disponibilidade desses elementos (MADSEN; JOHNSON, 1989). Muitos são os fatores que influenciam a absorção de nutrientes de um alimento. Entre eles estão os relacionados com a própria fisiologia do indivíduo, bem como fatores relacionados com o alimento. A má absorção pode acontecer na presença de desordens gastrintestinais ou outras doenças específicas. O estado nutricional prévio do indivíduo também é capaz de influenciar a biodisponibilidade de uma vitamina em particular, podendo tal estado nutricional estar relacionado com uma regulação adaptativa no metabolismo dessa vitamina (BALL, 1998). Ao longo do processo de absorção dos nutrientes, ocorrem diversas variações nas condições químicas e bioquímicas intraluminais. Por isso, parte dos mesmos pode ter sua absorção reduzida ou aumentada em decorrência de alterações favoráveis ou desfavoráveis para a absorção. As vitaminas lipossolúveis, por exemplo, são dependentes de emulsificação para incorporação às micelas e difusão pela mucosa e devem ser consumidas com as refeições. Já os demais nutrientes (hidrossolúveis), para serem absorvidos, devem estar solubilizados no meio aquoso ou em quelatos. Quando os microelementos são quelatos, em especial no caso dos minerais, os aminoácidos são com ele absorvidos, e são menos influenciados pelo pH intraluminal ou pela presença de antagonistas. 29 SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA │ UNIDADE II O nome quelato provém da palavra grega chele, que significa garra ou pinça, referindo-se à forma pela qual os íons metálicos são “aprisionados” no composto. Um quelato é um composto químico formado por um íon metálico unido por várias ligações covalentes a uma estrutura heterocíclica de compostos orgânicos, como aminoácidos, peptídeos ou polissacarídeos (PUJOL, 2011). Os minerais quelatados são definidos como sendouma mistura de elementos minerais ligados a algum tipo de carreador, que pode ser um aminoácido ou polissacarídeo. Esses minerais são capazes de ligar o metal por ligações covalentes por meio de grupamentos aminos ou oxigênio, formando, desse modo, uma estrutura cíclica (LEESON; SUMMERS, 2001). Estudos revelam que proteinados ou quelatos de diferentes minerais, apresentam biodisponibilidade superior à de seus semelhantes inorgânicos, sendo que um aminoácido específico, ao qual o mineral está quelatado, determina o tecido ou sistema enzimático ao qual se destina (COUZY et al., 1993). Outra característica importante é que os quelatos devem ser eletricamente neutros. Há cargas positivas e negativas na membrana de cada célula intestinal. Se um quelato não for neutro, será repelido ou ligado à membrana, sendo sua absorção prejudicada. Para alcançar um estado elétrico neutro, o quelato deve ser complexado a um ânion ionizável com relativa facilidade, com um halógeno ou um grupo sulfato, e o ligante deve satisfazer tanto estado oxidativo quanto o número coordenado do átomo metal. Isso afeta a proporção molar ligante metal. Minerais Os minerais são muito instáveis nas condições do meio intraluminal. Facilitadores como refeições normoproteicas (14 a 15%) aumentam a absorção de minerais (ferro, cálcio, selênio e zinco) pela mucosa por meio do aumento do fluxo sanguíneo, para compor o pool de aminoácidos no fígado (PUJOL, 2011). Entre os inibidores da absorção de minerais, destacam-se fitatos, hemiceluloses, oxalatos, fosfatos, taninos e compostos polifenólicos em geral. Taninos e demais compostos fenólicos podem comprometer em ate 50% a absorção de ferro das refeições (REIS, 2007). Por isso, fitoterápicos com a forma farmacêutica de infusão não devem ser utilizados logo após as refeições por seu efeito na redução da biodisponibilidade, em particular em refeições ricas em ferro e zinco. De acordo com Couzi et al. (1993), as interações entre minerais podem ocorrer de maneira direta ou indireta. As interações diretas em geral são fenômenos competitivos que se dão durante a absorção intestinal ou utilização tecidual, enquanto as indiretas se dão quando um mineral está envolvido no metabolismo do outro, de modo que a deficiência de um acarreta prejuízo da função do outro. De acordo com Reis (2007), a absorção dos minerais é muito influenciada pela dieta, por isso não devem ser administrados com as refeições, necessitando de um intervalo de no mínimo duas horas entre a refeição e a ingestão de suplementos à base de minerais. 30 UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA Interações entre minerais são muito comuns. Um exemplo disso é a diminuição na absorção de ferro, fósforo e zinco na presença de elevadas quantidades de cálcio (WALTER et al., 2000). Suplementações à base de zinco e cálcio associados ao ferro podem gerar bloqueio da absorção, transporte e distribuição do mineral para os tecidos, além de disfunção enzimática nos vários sistemas corporais dependentes de ferro (REIS, 2007). A solução nesse caso é o uso de formulações com minerais quelatos, considerando a melhora da biodisponibilidade desses nutrientes. Porém, por serem produtos que envolvem maior tecnologia e complexo processo de produção, são mais onerosos para o paciente. Vitaminas No que diz respeito à biodisponibilidade, as vitaminas são mais estáveis e menos passíveis de sofrerem interações, negativas ou positivas no lúmen intestinal, que os minerais. Nesse caso devemos avaliar a interação de cada vitamina, que pode variar, por exemplo, de acordo com sua solubilidade em água ou lipídios. Por exemplo, as vitaminas hidrossolúveis devem ser administradas em conjunto com as refeições, à exceção da folacina cuja absorção é prejudicada pela presença de fibras solúveis e vitaminas C. A presença da vitamina E, ingerida junto com a vitamina A, aumenta a absorção dessa última, sendo que seu efeito antioxidante protetor nos lipídios carreadores da vitamina A pode ser uma das explicações desse fenômeno (KUSIN et al., 2004). A presença de proteínas e gorduras é essencial na formação de micelas, sendo as proteínas agentes ativos de superfície, tanto no lúmen intestinal quanto na superfície das células epiteliais, e a gordura, veículo de transporte de vitamina A e estimulador do fluxo biliar. Os carotenoides também devem ser administrados de preferência com as refeições, pois se solubilizam na fração lipídica dos alimentos, responsável por estimular a bile e ativar lípases pancreáticas e entéricas, o que facilitaria a absorção (BLOMHOFF et al., 1991). Pesquisadores verificaram uma biodisponibilidade de betacaroteno quatro vezes maior em relação aos vegetais folhosos verde-escuros, uma vez que nessas frutas os carotenoides encontram-se, de preferência, em corpúsculos oleosos, nos cromoplastos, facilitando, assim, sua extração durante os processos digestórios (MOURÃO et al., 2005). Estudos recentes demonstraram que uma pequena quantidade de lipídios (três a cinco gramas na refeição) já assegura uma absorção eficiente de betacaroteno (ROODENBURG et al., 2000). A eficiência de absorção da vitamina E parece ser maior quando solubilizada em micelas contendo triglicerídeos com ácidos graxos de cadeia média, quando comparada aos de cadeia longa (MOURÃO et al., 2005). Estabeleceu-se que, tanto em animais quanto em humanos, um aumento na ingestão de lipídios insaturados, em especial os ácidos graxos poli-insaturados (PUFA, do inglês polyunsaturated fatty acid), acelera a depleção e aumenta os requerimentos de vitamina E em razão de os PUFA estarem concentrados, de preferência, nas membranas celulares, nas quais eles têm uma capacidade de sequestrar uma certa quantidade de vitamina E para manter sua estabilidade oxidativa (MOURÃO et al., 2005). Dessa maneira, sugere-se que a vitamina E não seja consumida com PUFA. 31 SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA │ UNIDADE II Suplementação de vitaminas e minerais em estética Magnésio Quadro 1. Informações importantes para a suplementação de magnésio. Formas ativas comuns Razão nutriente/nutriente Interações nutriente/ nutriente Interações droga/nutriente magnésio quelado, magnésio glicina, magnésio arginina, magnésio buffered, magnésio taste free, citrato de magnésio e aspartato de magnésio Zinco: Zn/Mn<8 Cálcio: 2 de cálcio para 1 de magnésio. No entanto, para a suplementação da maioria dos indivíduos, é necessário uma relação 1:1 e, muitas vezes, de 1:2 em virtude da baixa ingestão dos alimentos fontes de magnésio. Alta ingestão de cálcio e fósforo inibem a absorção de magnésio. contraceptivos orais; estrogênio (ERT) e hormônio (HRT) de reposição; diuréticos de alça; diuréticos tiazida; lanolina; antibióticos de tetraciclina e neomicina. Fonte: Lavalle Metabolic Institute (2008); COUZY et al. (1993); DTUGASZEK, et al. (2008); BLUM et al. (1991); AL-GHAMDI et al. (1994); PASCHOAL et al. (2009). Quadro 2. Limites máximos e recomendação de ingestão diária para adultos. Limites máximos diários de segurança Recomendação de ingestão diária para adultos segundo a Recommended Dietary Allowances (RDA) UL ANVISA RDA Homens Mulheres 350mg 700mg 400mg 310mg Fonte: Institute of Medicine (1997) e ANVISA (2008) Pesquisadores, em um estudo que avaliou a relação entre a ingestão de magnésio e a diminuição da proteína C reativa ultrassensível, que é um parâmetro para avaliar o processo inflamatório, observaram que quanto mais a ingestão do magnésio se aproxima da RDA, menor é o valor da proteína C reativa (KING et al., 2005). Estudos recentes revelam que existe uma relação entre a ingestão de magnésio com a proteína C reativa ultrassensível e uma relação de ambos com prevalênciade obesidade em mulheres pré- menopausadas sem reposição hormonal. Song et al. (2005) observou que, nas mulheres com sobrepeso, os níveis plasmáticos de PCR estavam aumentados, mostrando, mais uma vez, que a obesidade é uma doença inflamatória. A deficiência de magnésio aumenta a produção de IL-1 e IL-6 que estão envolvidas com a produção de proteínas de fase aguda na inflamação. A baixa concentração de TNF-alfa e da reação em cadeia de polimerase (PCR, do inglês polymerse chain reaction), portanto, a deficiência desse nutriente está envolvida com a inflamação sistêmica crônica e com a resistência a insulina, característica das desordens metabólicas. O magnésio também atua no metabolismo dos carboidratos, das proteínas e das gorduras, além de ser fundamental na conversão de um aminoácido, o triptofano, em serotonina, evitando 32 UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA compulsão alimentar. O consumo excessivo de açúcar branco tende a reduzir os níveis de magnésio no sangue. Cálcio Quadro 3. Informações importantes para a suplementação de cálcio. Formas ativas comuns Interações nutriente/nutriente Interações droga/nutriente Cálcio quelado, cálcio glicina, cálcio taste free, citrato de cálcio e aspartato de cálcio Sódio: reduz a disponibilidade e aumenta sua excreção urinária; Proteínas: metionina aumenta sua excreção urinária; Gorduras: aumentam sua excreção; Cafeína: aumenta sua excreção (menopausa); Oligofrutose e vitaminas do complexo B aumentam a absorção de Ca; Fósforo reduz sua excreção urinária. Diuréticos de alça e outros que causam depleção de Potássio; Aticonvulsivantes (barbitúricos e fenitoína); Corticosteróides; Isoniazida; neomicina; antagonista H2; digoxina; antiácidos à base de magnésio e alumínio; antibióticos de tetraciclina. Fonte: Lavalle Metabolic Institute (2008); COUZY et al. (1993); PASCHOAL et al. (2009). Quadro 4. Limites máximos e recomendação de ingestão diária para adultos Limites máximos diários de segurança Recomendação de ingestão diária para adultos segundo a Adequate Intake (AI) UL ANVISA RDA Homens Mulheres 2.500 mg 1.500 mg 1.000 mg Fonte: Institute of Medicine (2011) e ANVISA (2008) É possível potencializar a absorção de cálcio por meio de outros fatores, tais como: respeito ao sinergismo de todos os nutrientes, restauração da função digestiva, aumento da acidez gástrica e restauração de equilíbrio intestinal com pré e probióticos. Portanto, não são necessárias administrações de altas doses desse nutriente. Observou-se outro fator que pode interferir na absorção que é a presença ou não de alimentos. Um estudo mostrou que cerca de 20% do cálcio é absorvido quando o estômago está vazio e 30 a 35% do mesmo é absorvido quando ingerido com alimentos (SILVA; COZZOLINO, 2007), demonstrando que a absorção do cálcio é maior quando este é ingerido junto com os alimentos. Existe uma combinação de fatores relacionados à deficiência de cálcio, que podem desencadear o ganho de peso e obesidade (ZEMEL, 2002). O déficit de cálcio está relacionado com o aumento do PTH e da dihidroxivitamina D, a qual, por sua vez, aumenta o cálcio intracelular. O aumento do cálcio intracelular eleva a produção de insulina, a qual, por sua vez, aumenta a lipogênese. Da mesma forma, o aporte adequado de cálcio está relacionado com a diminuição do PTH e da dihidroxivitamina D, que provoca aumento da lipólise e diminuição do cálcio intracelular (ZEMEL et al., 2000). Dietas pobres em cálcio estão associadas ao aumento da liberação de calcitriol, também relacionado com o aumento do cálcio intracelular nos adipócitos. Sabe-se que a obesidade é uma doença caracterizada pela inflamação crônica e resistência à insulina. O aumento do cálcio intracelular (ocasionado pela deficiência na ingestão de cálcio) leva 33 SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA │ UNIDADE II à deficiência de magnésio, ativação da fosfolipase A2 e aumento da produção dos eicosanoides pró- inflamatórios que induzem a resistência à insulina (VALDÉS et al., 2007). Em estudos com suplementação de cálcio em doses variando de 1.200 a 1.300 mg/dia, foi observado, como resultado, um aumento da perda de peso (ZEMEL, 2002; ZEMEL; MILLER, 2004). Diversos estudos epidemiológicos identificaram relação inversa entre o consumo de cálcio e o valor de IMC (PEREIRA et al., 2002; CARRUTH; SKINNER, 2001; GONZALEZ et al., 2006). É importante ressaltar que, se cálcio e ferro estiverem na mesma fórmula, o cálcio será um quelante para o ferro, pois sabe-se que 300 mg de cálcio diminuem a absorção de ferro. Assim, a correta forma de administração, neste caso, será com um dos dois na forma de quelato, para que não haja comprometimento da absorção (SANDSTROM, 2001). Zinco Quadro 5. Informações importantes para a suplementação de zinco. Formas ativas comuns Razão nutriente/ nutriente Interações nutriente/nutriente Interações droga/ nutriente Zinco quelado, zinco arginina, zinco glicina, zinco histidina, zinco taste free. Fe/ Zn < 20 (zinco dietético); Fe/Zn < 3 (quando suplementação crônica de ferro); Zn/Cu < 15; Zn/Mn < 8; Zn/F 75; Mn/Zn < 8. Cálcio diminui a biodisponibilidade de zinco (usar sempre um dos dois na forma de quelato); 30 mg de ferro diminui a absorção de zinco, pois ferro heme bloqueia sua captação; suplementação de zinco exige sinergia com o cobre, na proporção 15 a 20:1, para que não ocorra queda na enzima superóxido dismutase; o zinco apresenta interação sinérgica com a vitamina A. Contraceptivos orais; diuréticos de alça, diuréticos de tiazida; antagonistas de receptores H2; zidovudina (AZT); D-penicilina; Etambutol. Fonte: Lavalle Metabolic Institute (2008); COUZY et al. (1993); PASCHOAL et al. (2009). Quadro 6. Limites máximos e recomendação de ingestão diária para adultos. Limites máximos diários de segurança Recomendação de ingestão diária para adultos segundo a Recommended Dietary Allowances (RDA) UL ANVISA RDA Homens Mulheres 40 mg 30 mg 11 mg 8 mg Fonte: Institute of Medicine (2001) e ANVISA (2008) Zinco nas desordens estéticas Na acne, o zinco promove a quimiotaxia, que consiste em impedir a ação das bactérias causadoras da acne (NITZAN; COHEN, 2006; DEGITZ; PLEWIG, 2005; VERMA et al., 1980). A deficiência de zinco pode comprometer o processo de cicatrização. Estudos recentes mostram que a suplementação de zinco acelera a cura de feridas por aumentar a formação dos fibroblastos (NITZAN; COHEN, 2006; DEGITZ; PLEWIG). 34 UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA Unhas fracas, quebradiças, com manchas, cabelos secos e quebradiços, aumento da queda de cabelos e calvície, são sintomas que podem estar relacionados à deficiência de zinco, já que esse mineral é responsável pela formação de queratina (HEATH; SIDBURY, 2006). Níveis de zinco têm um papel central na transudação do sinal de inflamação, pois age na supressão da fosforilação e degradação das proteínas inibitórias que normalmente sequestram NF-kappa B no citoplasma (VASTO et al., 2006). O zinco, também, desempenha papel regulador na ação da insulina, evitando o acúmulo de gordura abdominal. Ajuda a manter o equilíbrio na produção dos hormônios da tireoide e contribui para a digestão das gorduras, além de ser capaz de melhorar o paladar, reduzindo o consumo de alimentos muito doces ou salgados. O zinco está envolvido na estabilização de membranas estruturais e na proteção celular, prevenindo a peroxidação lipídica. Participa da estrutura da superóxido dismutase (SOD), inibe a 5-alfa redutase inibindo a conversão DHT, regula síntese proteica e divisão celular. Desse modo, a ingestão adequada de zinco, além de atuar no combate aos radicais livres, auxiliano suporte à função imunológica e combate ao envelhecimento do organismo. (FALCHUK, 1993; FAIRWEATHER-TAIT, 2008). Ferro Quadro 7. Informações importantes para a suplementação de ferro. Formas ativas comuns Razão nutriente/ nutriente Interações nutriente/nutriente Interações droga/ nutriente ferro quelado, ferro glicina, ferro taste free. Fe/ Zn < 20 (zinco dietético); Fe/Zn < 3 (quando suplementação crônica de ferro); Fe heme/Zn < 3; Fe/Mn < 5; Fe/F < 87; Zn/Fe < 2. Cálcio reduz a absorção de ferro não-heme; Sulfato de zinco reduz biodisponibilidade de ferro; Vitamina C aumenta a biodisponibilidade do ferro não-heme; Fibras, fitatos e taninos em grande quantidade reduzem a absorção de ferro. Colestiramina; Colestipol; Indometacina; Neomicina; Antagonistas de receptores H2; Antibióticos Quinolona; Tetraciclinas; Aspirina. Fonte: Lavalle Metabolic Institute (2008); COUZY et al. (1993); HENRIQUES; COZZOLINO (2007); PASCHOAL et al. (2009). Quadro 8. Limites máximos e recomendação de ingestão diária para adultos Limites máximos diários de segurança Recomendação de ingestão diária para adultos segundo a Recommended Dietary Allowances (RDA) UL ANVISA RDA Homens Mulheres 45 mg 65 mg 8 mg 18 mg Fonte: Institute of Medicine (2001) e ANVISA (2008) O ferro é necessário para a síntese de carnitina, aminoácido que apresenta função importante para a oxidação de ácidos graxos. Na detoxificação hepática atua na citocromo P450, enzima hepática de detoxificação, auxiliando no tratamento de desordens estéticas, como, por exemplo, lipodistrofia 35 SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA │ UNIDADE II glinóide. No combate a flacidez dérmica e ao surgimento de rugas e linhas de expressão o ferro é fundamental, pois atua na síntese de colágeno e elastina requer ferro. O ferro é um dos componentes mais importantes para saúde do cabelo, sendo que sua deficiência está associada à queda difusa de cabelos (WHITING, 1996). Pacientes com alopecia areata e alopecia androgenética apresentam níveis significativamente menores de ferritina, quando comparadas com o grupo controle (KANTOR, 2003). Cobre Quadro 9. Informações importantes para a suplementação de cobre. Formas ativas comuns Razão nutriente/ nutriente Interações nutriente/nutriente Interações droga/ nutriente cobre quelado, cobre lisina, cobre tirosina. Cu/Zn < 1; Cu/Se < 3300; Zn/Cu <15. Zinco em excesso prejudica a absorção de cobre por competição pela mesma proteína ligadora na mucosa intestinal. Suplementos de cálcio podem prejudicar a biodisponibilidade de cobre por tornar mais básico o pH intestinal, tornando o cobre menos solúvel; Altas doses de vitamina C podem levar a depleção de cobre. Colestiramina; Colestipol; Indometacina; Neomicina; Antagonistas de receptores H2; Antibióticos Quinolona; Tetraciclinas; Aspirina. Fonte: Lavalle Metabolic Institute (2008); COUZY et al. (1993); PEDROSA; COZZOLINO (2007); PASCHOAL et al. (2009). Quadro 10. Limites máximos e recomendação de ingestão diária para adultos. Limites máximos diários de segurança Recomendação de ingestão diária para adultos segundo a Recommended Dietary Allowances (RDA) UL ANVISA RDA Homens Mulheres 10.000 mcg 9 mg 900 mcg Fonte: Institute of Medicine (2001) e ANVISA (2008) A superóxido dismutase cobre e zinco dependentes (SOD – Cu/Zn), enzima antioxidante essencial para o organismo, contém cobre em sua estrutura; portanto, esse mineral auxilia na função antioxidante, protegendo o organismo contra o estresse oxidativo (JUAREZ et al., 2008). A formação de tecido conjuntivo e dependente de cobre, uma vez que a enzima lisil oxidase atua sobre as cadeias laterais da lisina e hidroxilisina do colágeno e da elastina, auxiliando, desta forma, na prevenção da flacidez e do envelhecimento precoce (RODRIGUES et al., 2008). Cromo Quadro 11. Informações importantes para a suplementação de cromo. Formas ativas comuns Interações nutriente/nutriente Interações droga/nutriente Cromo quelado, cromo glicina, picolinato de cromo e cromo GTF. Sobrecarga de ferro impede a ligação do cromo à transferrina, pois competem pelo mesmo carreador e, portanto, pode se desencadear um processo de carência de cromo. Cloreto de cromo e inibidores de prostaglandinas, como a aspirina, por aumentarem o pH estomacal, elevam as concentrações plasmáticas e urinárias de cromo. Antiácidos e dimetilprostaglandinas E2 reduzem a absorção e retenção de cromo Fonte: Lavalle Metabolic Institute (2008); COUZY et al. (1993); PASCHOAL et al. (2009). 36 UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA Quadro 12. Limites máximos e recomendação de ingestão diária para adultos. Limites máximos diários de segurança Recomendação de ingestão diária para adultos segundo a Adequate Intake (AI) UL ANVISA RDA Homens Mulheres Não estabelecido 1.000 mcg 35 mcg 25 mcg Fonte: Institute of Medicine (2001) e ANVISA (2008) Pitter et al. (2003), em sua meta-análise, avaliaram a eficácia do picolinato de cromo (200 mcg a 400 mcg) para redução do peso corporal, diminuição da glicemia e lipidemia. Para o peso corporal, um efeito significante diferencial foi encontrado em favor do picolinato de cromo. No entanto, não foram demonstrados efeitos em relação à massa muscular. Em conclusão, a discussão desta meta-análise sugere efeito do picolinato de cromo comparado com o placebo para redução do peso corporal. A relevância do efeito clínico é discutível e, por isso, o resultado deve ser interpretado com atenção. É importante ressaltar que a prescrição de picolinato de cromo, forma ativa do cromo, é restrita à prescrição médica. O cromo ajuda a reduzir a resistência periférica à insulina, por meio da ativação da tirosina quinase localizada nos receptores insulínicos, tornando-os mais ativos à ação da insulina; com isso, a insulina consegue penetrar nesse receptor e carrear com muito mais intensidade a glicose que está circulando no sangue (VIA et al., 2008). Um estudo de revisão bibliográfica sobre a suplementação de Cr3+ concluiu que há melhora da eficiência da insulina e do perfil lipídico em doze estudos dos quinze avaliados (MERTZ, 1993). O consumo de açúcar aumenta a excreção de cromo, com isso, ao longo do tempo, pode ocorrer resistência periférica à insulina, que tem alta correlação com o desenvolvimento de obesidade e diabetes do tipo 2 (LAU et al., 2008). Alguns cuidados devem ser tomados na suplementação de cromo. A administração deve ser realizada exclusivamente com a ingestão de carboidratos e os horários de administração também são importantes. Considerando, por exemplo, que o paciente faça uso da suplementação no período da manhã, devido ao pico de insulina que ocorre nesse período, se o paciente não ingerir carboidratos junto com a suplementação, o cromo deixará a insulina mais sensível à entrada da glicose, e o paciente se sentirá indisposto, com tonturas apresentando sintomas de hipoglicemia (LEVINA; LAY, 2008; PASCHOAL et al., 2009). Selênio Quadro 13. Informações importantes para a suplementação de selênio. Formas ativas comuns Razão nutriente/ nutriente Interações nutriente/nutriente Interações droga/ nutriente Selênio (aa complex) Cu/Se < 3300 Desconhecido Corticoides Fonte: Lavalle Metabolic Institute (2008); COUZY et al. (1993); PASCHOAL et al. (2009). 37 SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA │ UNIDADE II Quadro 14. Limites máximos e recomendação de ingestão diária para adultos. Limites máximos diários de segurança Recomendação de ingestão diária para adultos segundo a Recommended Dietary Allowances (RDA) UL ANVISA RDA Homens Mulheres 400 mcg 150 mcg 55 mcg Fonte: Institute of Medicine (2001) e ANVISA (2008)
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