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41 Resumo por: Thalya Lopes Síntese de sacarose A fotossíntese é a fonte de energia das plantas, por isso dizemos que elas são autótrofas. Entretanto, existem órgãos subterrâneos que não são capazes de realizar a fotossíntese, como raiz, bulbo e tubérculos. Assim, a planta precisa transportar os fotoassimilados para esses órgãos, isso é feito através dos carboidratos de transporte. Figura 58: Fonte: Taiz et al., 2017. Fisiologia e Desenvolvimento Vegetal (6ª edição) pp.238 No começo do período noturno, a fotossíntese diminui até parar, entretanto o metabolismo basal continua durante a noite e a planta precisa de uma fonte de energia para abastecer seus tecidos durante esse período onde não ocorre assimilação de carbono os carboidratos de reserva exercem essa função. Os carboidratos de reserva são acumulados durante o período de luz e degradados para gerar energia durante o período noturno. Alguns órgãos produzem mais fotoassimilados do que eles requerem (folhas maduras), outros não podem se autoabastecer (folhas em crescimento, raízes). Este desbalanço é sanado pela translocação de fotoassimilados. Figura 59: Fontes e drenos fotossintéticos. (Fonte: slide professor Augustin) A rota de translocação é fornecida pelos tubos crivados do floema. Em 1920, foi postulado que o transporte de fotoassimilados é o fluxo de massa produzido por gradientes de pressão entre os órgãos fonte com alto turgor, e os órgãos dreno, com baixo turgor. As trioses-P produzidas pelo ciclo de Calvin- Benson podem ser convertidas em carboidratos de transporte ou reserva: sacarose (carboidrato de transporte, sintetizada no citosol) e amido (carboidrato de reserva, sintetizado no estroma do cloroplasto). Uma particularidade química importante da sacarose é que os 2 monossacarideos que a compõem são AÇÚCARES REDUTORES são capazes de doar elétrons presentes nos grupos aldeído e cetona. Para determinar a capacidade redutora de um açúcar reagente de Benedict: solução de cobre oxidado que muda de cor azul para vermelho marrom quando o átomo de cobre recebe elétrons e se reduz e precipita como óxido cuproso. O reagente de Benedict também pode ser usado de forma quantitativa para determinar a concentração de açúcares redutores em uma solução. A ligação glicosídica entre glicose e frutose envolve os carbonos do grupo aldeído da glicose e cetona da frutose, como resultado, a sacarose não é capaz de doar elétrons e é um dissacarídio NÃO 42 Resumo por: Thalya Lopes REDUTOR isso diminui a reatividade química da sacarose e permite o seu transporte ao longo de grandes distâncias, sem riscos de ocorrerem reações indesejáveis ao longo do caminho. Isso é essencial para plantas de grande porte, como árvores. PROVA! Características importantes da molécula de sacarose: ALTO NÍVEL ENERGÉTICO: A hidrólise total de 100g de sacarose pura libera 1620kJ de energia. SOLUBILIDADE: permite que seu transporte seja muito eficiente através do floema BAIXA REATIVIDADE: permite o seu transporte ao longo de grandes distâncias, sem riscos de ocorrerem reações indesejáveis ao longo do caminho Síntese de sacarose: Ocorre predominantemente nas células do mesófilo das folhas. É sintetizada no CITOSOL a partir de precursores formados no estroma do cloroplasto durante o ciclo de Calvin trioses-P. 1) Transporte das trioses-P do estroma do cloroplasto para o citosol através da proteína de membrana chamada de translocador de trioses- P essa proteína exporta trioses-P em troca de Pi em um mecanismo de antiporte. O Pi é utilizado na regeneração de ATP através da fosforilação oxidativa. O ATP pode ser utilizado nas reações do ciclo de calvin. Esse passo é importante pois regula a abundância relativa de precursores para a síntese de sacarose (no citosol) e de amido (no cloroplasto). 2) As trioses-P são condensadas para formar uma hexose-bifosfato (catalisado pela enzima aldolase) 3) A hexose-bifosfato é desfosforilada para formar uma hexose-fosfato: a frutose-6-P (reação catalisada pela enzima frutose-1,6-bifosfato- fosfatase) 4) Pool de hexoses-P: frutose-6-P pode ser convertida em glicose-6-P e essa pode ser convertida em glicose-1-P. Essas reações são reversíveis e, portanto, podem formar um pool (reservatório) de hexoses-P importância de se ter diferentes formas da mesma molécula (hexose-P): todas as hexoses-P possuem a mesma formula química, assim, cada uma das moléculas podem servir como precursor de uma via metabólica diferente (imagem abaixo) Figura 60: cada hexose-P pode servir como um precursor de uma via metabólica diferente. 5) Energização da glicose: antes de ser ligada com a frutose, a glicose-1-P precisa ser energizada para a reação acontecer. Assim, a enzima UDP- glicose-pirofosforilase catalisa a ligação da glicose-1-P com UTP e produz UDP-glicose e pirofosfato. 6) Síntese de sacarose-P: formação de sacarose-P a partir de frutose-6-P e UDP-glicose, catalisada pela sacarose-fosfato-sintase. Essa reação acontece quase instantaneamente com a reação seguinte. 7) Síntese de sacarose: hidrólise da sacarose-P produzindo sacarose e Pi catalisada pela enzima sacarose-fosfato-fosfatase. 43 Resumo por: Thalya Lopes Figura 61: Fonte: Taiz et al., 2017. Fisiologia e Desenvolvimento Vegetal (6ª edição) pp.238 Figura 62: Fonte: slide do professor Augustin PROVA! Quais são os pontos de controle da via metabólica de síntese de sacarose? Controle da sacarose-P-sintase esse controle pode ocorrer por alteração da atividade enzimática decorrente de modificações covalentes (fosforilação, acetilação, carboxilação, etc.) ou por controle alostérico. Modificações covalentes têm o efeito de MUDAR A CONFORMAÇÃO TRIDIMENSIONAL DA ENZIMA e alterar sua capacidade catalítica A sacarose- P-sintase no escuro tem sua atividade reduzida por uma kinase, que a fosforila, levando à sua inativação. Durante o período de luz, a fosforilação é revertida por uma fosfatase, que volta a ativar a enzima. A glicose-6-P também pode ativar a sacarose-P-sintase. Ela é formada quando a taxa fotossintética é alta Controle alostérico: O Pi pode se ligar de maneira alostérica à sacarose-P-sintase e levar à sua inativação. Se o cloroplasto não estiver produzindo trioses-P através do ciclo de Calvin, a proteína translocadora não irá importar fosfato inorgânico (Pi) para dentro do cloroplasto e ele irá se acumular no citosol. Com isso, o Pi irá suprimir a síntese de sacarose, pois isso é um sinal de que a taxa fotossintética está baixa e, portanto, a síntese de sacarose deve ser reduzida. Isso explica porque o Pi atua como inibidor da sacarose-P-sintase A sacarose tem vários destinos: Degradação na própria célula através da glicólise Exportação para tecidos e órgãos que precisam de importar fotoassimilados ela é carregada dentro do floema e transportada por diferença de concentração a tecidos ou órgãos. Essa translocação pode ser bidirecional: para tecidos acima, como folhas em desenvolvimento, ou para tecidos/órgãos abaixo, como raízes. O destino da sacarose depende da função celular no dreno 1) Manutenção celular: respiração para produzir ATP e manter a função e estrutura celular 44 Resumo por: Thalya Lopes 2) Crescimento celular: síntese de novo material celular, armazenamento no reservatório vacuolar 3) Reserva: armazenamento em compostos de alto peso molecular (amido, frutanos) Síntese de amido A sacarose é uma molécula que pode ser armazenada temporariamente no vacúolo, normalmente ela é deslocada rapidamente para outros tecidos. A maioria das plantas de importância agronômica produzem grandes quantidades de amido, que fornece quase todas as calorias consumidas na alimentação humana. O amido é uma boa molécula energética pois possui as características: Compacta consegue armazenar umagrande quantidade de energia em um volume reduzido Estável baixa reatividade química Osmoticamente inerte não se dissolve em solução celular. Muitas das propriedades físico-químicas do amido se devem ao fato dela ser um polímero heterogêneo formado por duas moléculas diferentes: amilose e amilopectina. Figura 63: A molécula de amido. Fonte: slide professor Augustin A amilose é um polímero linear de monômeros de glicose unidos por ligações glicosídicas do tipo alfa1-4 A amilopectina também é um polímero de glicose, porém, altamente ramificado por 2 ligações glicosídicas: alfa 1-4 e alfa1-6 A natureza das ligações glicosídicas é tão fundamental que o mesmo polímero de glicose, mas com ligações do tipo beta 1-6 forma a molécula de celulose. Essa ligação do tipo beta 1-6 altera completamente a digestibilidade da molécula (o amido é digerível para os seres humanos, enquanto a celulose não). Essas particularidades químicas permitem que as moléculas ramificadas armazenem grandes quantidades de glicose de forma compactada (em grânulos). Figura 64: A molécula de amido. Fonte: slide professor Augustin Essa proporção de amilose/amilopectina é importante na alimentação pois afeta as propriedades culinárias do amido: Por ser uma molécula longa e reta, a amilose não gelatiniza durante o cozimento. Ex: o arroz típico da culinária indiana permanece completamente solto e separado durante o cozimento A amilopectina, por ser altamente ramificada faz com que o arroz seja altamente pegajoso e gelatinoso. As variedades de grão curtos asiáticos foram melhoradas para possuírem apenas amilopectina, assim, todos os grãos ficam grudados, permitindo a elaboração de bolinhos de arroz e outras comidas típicas da culinária asiática. 45 Resumo por: Thalya Lopes Figura 65 Fonte: slide professor Augustin A SÍNTESE DE AMIDO OCORRE NO ESTROMA DOS CLOROPLASTOS Assim como a sacarose, a síntese de amido utiliza como precursores as trioses-P provenientes do ciclo de Calvin-Benson. Síntese de amido 1) Transporte das trioses-P: As primeiras etapas da síntese de amido são exatamente iguais à síntese de sacarose: dentro do cloroplasto, existem isoformas das enzimas do citosol que catalisam as mesmas reações. 2) Energização da glicose: condensação de 2 moléculas de trioses-P para formar frutose-1,6BIP e posterior desfosforilação para formar frutose- 6-P. Aqui, o substrato para a síntese de amido é a glicose-1-P, que também participa da síntese de sacarose e celulose. A glicose-1-P precisa ser energizada ela será ligada com uma molécula doadora de energia (ATP), catalisada pela enzima ADP-glicose pirofosforilase. O produto desta reação é o pirofosfato. 3) Polimerização da glicose: alongamento de uma cadeia de amilose pré-existente através de várias enzimas (amilosintase), que liberam ADP para o estroma do cloroplasto e condensam a glicose na extremidade da molécula linear de amilose. As enzimas formam a ligação glicosídicas alfa 1-4, enquanto a ligação alfa 1-6 das cadeias ramificadas da amilopectina são formadas pelas enzimas ramificadoras. PROVA! Como é regulada a síntese de amido? R: Pela atividade da enzima ADP-glicose pirofosforilase (ou AGPase). A atividade desta enzima é regulada por vários metabólitos, dentre os quais: trioses-P, que funcionam como ativador da AGPase, fosfato inorgânico (Pi), que funciona como inibidor da AGPase. A ativação da AGPase pelas trioses-P significa que, quando a taxa fotossintética for alta, a síntese de amido irá aumentar concomitantemente. Portanto, a síntese de amido ocorre exclusivamente durante o período de luz e fornece o ATP produzido pela fosforilação oxidativa como substrato para ativação da glicose 1-P. 46 Resumo por: Thalya Lopes Figura 66: A síntese de sacarose e amido são vias metabólicas competitivas. Fonte: slide professor Augustin A síntese de sacarose e amido são vias metabólicas competitivas pois o substrato inicial para as 2 vias é o mesmo (trioses-P). Para ocorrer a síntese de sacarose no citosol é necessário que tenha glicose disponível e, para isso, o cloroplasto deve exportar trioses-P através da proteína translocadora. A concentração de Pi em cada compartimento é fundamental pois: 1. A síntese de sacarose leva a um aumento da concentração de fosfato inorgânico no citosol, e, portanto, estimula o transporte de mais trioses- P. Ou seja, quando aumenta a síntese de sacarose, aumenta a quantidade de Pi, e esse fosfato inorgânico estimula o transporte de mais trioses-P para poder continuar a síntese de sacarose. Se a concentração de fosfato inorgânico aumenta no citosol, ou seja, não está tendo transporte para dentro do cloroplasto e ele se acumula, o Pi começa a inibir a sacarose-fosfato sintase. A síntese de amido no estroma leva ao aumento da concentração de Pi no estroma, que pode ser utilizado no ciclo de Calvin-Benson. Portanto, a síntese de amido estimula o aumento de Pi no estroma que, consequentemente, estimula o ciclo de Calvin. Se a concentração de Pi aumenta no estroma, ele começa a se acumular e inibe a AGPase – enzima chave para a síntese de amido -. O transporte do Pi através da proteína translocadora e suas concentrações no estroma e no citosol funcionam como integradoras para equilibrar a síntese de amido e sacarose de acordo com as necessidades da célula. Durante o dia, os tecidos dreno (tecidos fotossintetizantes) mantém as 2 vias em um estado de equilíbrio dinâmico, pois as trioses-P serão utilizadas simultaneamente tanto para sintetizar amido quanto para sintetizar sacarose no citosol. A sacarose pode então ser carregada pelo floema e transportada para abastecer energeticamente os tecidos dreno Durante a noite, quando o ciclo de calvin para de funcionar completamente pela ausência de luz, a síntese das trioses-P também cessa e o Pi se acumula no estroma. Isso leva à inibição da síntese de amido o amido que foi acumulado durante o dia pode ser degradado pela ação das amilases, produzindo monômeros de glicose ou dímeros de maltose. Tanto maltose quanto glicose podem ser transportadas para o citosol e nele, convertidas em hexoses-P. Agora, estando no pool de hexoses-P, mais uma vez as hexoses-P podem dar origem à síntese de sacarose e podem ser translocadas através do floema. A dinâmica de consumo-degradação de amido durante a noite e síntese e armazenamento durante o dia ocorre de maneira circadiana durante um dia inteiro o amido é armazenado e a noite é degradado completamente. No caso de tecidos que não possuem capacidade fotossintética própria (ex.: tubérculos) o amido primário é 47 Resumo por: Thalya Lopes degradado em glicose e esta transformada em trioses-P, que são translocadas para o citosol, entram no pool de hexoses-P e sintetizam sacarose. A sacarose pode ser translocada para o órgão dreno, onde será metabolizada em glicose e frutose. A glicose pode ser utilizada mais uma vez transportada para o plastídio para sintetizar amido secundário. Esse amido é chamado de secundário pois não foi sintetizado diretamente pela fotossíntese, mas sim pela sacarose translocada por um tecido fonte. Figura 67: Fonte: slide professor Augustin O amido secundário se acumula nos amiloplastos como matérial de reserva na forma de grânulos, que serão reservados para fonte de energia durante a germinação (p.ex. endosperma). Figura 68: Fonte: Taiz et al., 2017. Fisiologia e Desenvolvimento Vegetal (6ª edição) pp. 310 Lista de exercícios sugerida pelo professor 1) Cite e explique as principais formas de dissipação de energia luminosa absorvida por um pigmento. 2) Explique o que geralmente ocorre com os conteúdos das duas clorofilas, razão clorofila a e clorofila b, e carotenoides em plantas cultivadas em um ambiente sombreado em relação às plantas cultivadas a pleno sol. 3) Por queas duas etapas da fotossíntese só ocorrem na luz? 4) Explique características diferenciais entre plantas adaptadas à sombra e plantas adaptadas ao sol. 5) Importância do ciclo Q para a fotossíntese? 48 Resumo por: Thalya Lopes 6) Descreva quanto aos substratos e produtos as etapas do Ciclo de Calvin-Benson. 7) Explique fotorrespiração e sua importância para a fotossíntese em plantas que não possuem mecanismos concentradores de CO2. 8) Quais são as características da organização dos complexos proteicos nas membranas do tilacóide? 9) Relacione absorção e dissipação de energia com fotossíntese e respostas a estresses. 10) Diferencie e explique a importância dos transportes cíclico e acíclico? 11) Explique os efeitos de alterações na temperatura (aumento e diminuição) sobre a fotossíntese em ambientes com alto e baixo CO2. 12) Liste e explique as diferenças e semelhanças dos mecanismos concentradores de CO2 (C4 e CAM). 13) Explique por que as plantas C3 possuem ponto de compensação de CO2 maior que o das C4. 14) Defina: (i) ponto de compensação de CO2, (ii) ponto de saturação de CO2, (iii) ponto de compensação luminoso, (iv) ponto de saturação de luz, (v) temperatura ótima da fotossíntese. 15) Liste e explique as diferenças e semelhanças dos mecanismos uso de água de plantas C3, C4 e CAM) 16) Quais as consequências do aumento na concentração de CO2 no ambiente para a fotossíntese em plantas C3 e C4? 17) Quais são e onde se localizam os produtos final da assimilação fotossintética de CO2? 18) O que acontece com a sacarose e com o amido durante o dia? E durante a noite? Atenção, o presente resumo tem como objetivo auxiliar no estudo da matéria e de forma alguma substitui o livro didático. Bons estudos!
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