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0 UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DANIELA MOTA CARVALHO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILIA_2021 1 FOLHA DE APROVAÇÃO DANIELA MOTA CARVALHO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora como requisito parcial para obtenção da Licenciatura em pedagogia Unip -universidade paulista defendido e aprovado em de de pela banca examinadora constituída por: 2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Daniela Mota Carvalho RESUMO O presente estudo surgiu com a ideia de analisar os desafios e as possiblidades da inclusão escolar de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na Educação Infantil, destacando que a inserção delas no ensino regular poderá promover avanços significativos na aprendizagem e no meio social, minimizando características acentuadas desse transtorno. Será analisado o processo de inclusão da criança com TEA na Educação Infantil, mostrando os desafios encontrados nesse caminho, pois algumas crianças apresentam dificuldades comportamentais, outras de interagir socialmente e na maioria problemas com a comunicação. Ressaltando que os educando com TEA devem ser tratados de maneira que atenda às suas necessidades. Buscaremos refletir ao longo do trabalho se a escola e os professores estão capacitados para receber os educandos com características do TEA, e como é realizado esse processo de ensino e de aprendizagem. Destacando também, que o elo entre a família e a escola é indispensável, pois ajudarão as crianças de maneira diferente, mas certamente propondo a inclusão no ambiente escolar e construindo novas habilidades. PALAVRAS-CHAVE: Desafios. Possibilidades. Inclusão. Transtorno do Espectro Autista. Educação Infantil. ABSTRACT This paper pretends to full analyze the challenges and possibilities of scholar inclusion of kids with Autism Spectrum Disorder (ASD) on early childhood education, emphasizing that their insertion in regular education could promote significant advance in learning and socializing, minimizing traditional features of this disorder. We will analyze the inclusion of kids with ASD on early childhood education, showing the challenges on this process, because some children have behavioral difficulties, others have social interactions difficulties and most of them have problems with communication. We emphasize that children with this disorder must be treated in a way that meets their needs. We will also reflect if schools and teachers are prepared to receive learners with characteristics of ASD and how this teaching and learning process is carried out. Stressing also that the link between the family and the school is indispensable, as they will help children in a different ways, but certainly proposing an inclusion on scholar environment and building new abilities. KEYWORDS: Challenges, Possibilities, Inclusion, Autism Spectrum Disorder, Early Childhood Education, ASD. 3 SUMÁRIO Introdução 4 Materiais e métodos 5 Processo de descoberta do TEA 5 Caracterização da criança com TEA 7 Autismo leve ou sindrome de asperger 9 Autismo moderado 10 Autismo severo 11 Inclusão escolar 11 Ingresso na educação infantil: desafios e possibilidades no processo de ensino e de aprendizagem 13 Resultados e discussões 16 Considerações 18 Referencias 19 Declaração e autorização 22 4 1 INTRODUÇÃO Como sabemos, atualmente a educação inclusiva tem sido pauta de estudos e pesquisas. A Inclusão escolar é acolher e atender todos os educandos, sem exceção, independente de cor, classe social, crenças religiosas, condições físicas ou psicológicas. A inclusão deve ser promovida com o objetivo de fazer com que todos os educandos sintam-se aceitos, pois uma vez que é praticada com qualidade, as crianças especiais serão inseridas no ambiente escolar, onde se relacionarão com os demais. Tendo em vista a seriedade deste tema, este artigo, tem como objetivo, apresentar as dificuldades encontradas no cotidiano dos encontradas por educandos que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA), bem como a importância da inclusão no âmbito educacional. Queremos refletir sobre os efeitos da mediação pedagógica na inclusão de educandos com TEA, na Educação Infantil. Segundo Cunha (2011, p. 20) “o autismo compreende a observação de um conjunto de comportamentos agrupados em uma tríade principal, a saber: social, comprometimentos na comunicação e dificuldades na interação de atividades restrito-repetitivas”. Faz se necessário destacar à relação dos familiares com à instituição de ensino, uma vez que estes devem mostrar-se presentes e interessados na qualidade educacional oferecida aos seus filhos. A família e a escola precisam estar em sintonia e harmonia para construírem juntos um espaço acolhedor, que por sua vez, é indispensável para a promoção da inclusão escolar de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). De acordo com Santos (1999, p. 78). [...] a participação da família é de suma importância no movimento da inclusão. Seja de forma individualizada ou por meio de suas organizações, é imprescindível a sua participação para que a continuidade da luta por sociedades mais justas para seus filhos seja garantida. É importante sua participação, pois a família ira exercer sua cidadania e funcionará como um veículo por meio do qual seus filhos possam aprender a ser. Abordaremos também os níveis de comprometimento escolar das crianças com Transtornos do Espectro Autista, visando trazer à tona aspectos de difícil compreensão que rodeiam o tema. Busca-se observar os avanços e entraves percebidos no processo de ensino e de aprendizagem dessas crianças especiais. É necessáriofazer uma análise de possíveis mudanças em relação ao ingresso e permanência dessas crianças em instituições de educação 5 regular, pois a flexibilização do currículo institucional é necessária para fortalecer sua autonomia, vencer seus deficit afetivos, para que novos conhecimentos e comportamentos sejam desenvolvidos tanto em educandos diagnosticados com TEA, quanto nos demais. Desde o início da nossa formação acadêmica nos interessamos pelos estudos que envolvem crianças com TEA e como acontece a inclusão delas no meio escolar e familiar. Decidimos realizar este trabalho para enriquecer nossos conhecimentos e para que no futuro possamos contribuir futuramente na prática pedagógica de forma eficiente. 2. MATERIAIS E MÉTODOS A metodologia deste trabalho foi desenvolvida de acordo com os objetivos apresentados, por meio de compreender os desafios e as possibilidades da inclusão do educando com Transtorno do Espectro Autista na Educação Infantil. Para obter os resultados e respostas acerca do tema apresentado neste artigo foi utilizado o método de pesquisas bibliográficas, onde foram analisados artigos, dissertações e livros que têm como tema Transtorno do Espectro Autista. Em vista disso, a pesquisa teve como base os estudos de autores como Schmidt (2013), Mello (2007), Goergen (2013) e entre outros. Partindo dos estudos apresentados pelos autores, foi realizado um estudo de caso que teve como objetivo a coleta de dados e informações intimamente ligadas a vivência do educando com Transtorno do Espectro Autista. Para isso, foi realizado com a professora do educando uma entrevista, com perguntas relacionadas diretamente com o dia a dia e o contexto no qual ele está inserido. Esta entrevista possibilitou uma melhor compreensão do tema discorrido neste artigo. 3 O PROCESSO DE DESCOBERTA DO TEA – TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA Caracterizado hoje como Transtorno do Espectro Autista, o autismo é composto por um conjunto de sintomas, nos quais compromete a área da comunicação, os comportamentos repetitivos e a dificuldade na interação social. Mas, nem sempre foi assim, ouviu-se falar em autismo pela primeira vez em 1906, e não era definido como nos dias atuais, para chegar a essas conclusões o processo foi longo. Segundo Salle, et al. (2011, p.11), o termo autismo foi referido pela primeira vez em 1906, pelo psiquiatra alemão Plouller, que pesquisava sobre o processo de pensamento de 6 pacientes com esquizofrenia. Mas o psiquiatra suíço Eugen Bleuler, em 1911, o primeiro a divulgar o termo autismo, relacionando-o a um transtorno básico da esquizofrenia, caracterizado por dificuldade na comunicação interpessoal. As descrições sobre autismo que predominam nos dias atuais surgiram em 1943, por meio das pesquisas de Kanner, psiquiatra Americano. Em suas pesquisas, Kanner, declarou que: (...) Utilizando o termo difundido por Bleuler, Kanner separou o termo autismo para designar esta doença de que hoje todos ouvimos falar. Examinando onze crianças de classe media americana, com problemas graves do desenvolvimento, bonitas e inteligentes, ele definiu dois critérios que seriam os eixos dessa recém descoberta doença: a solidão e a insistência obsessiva na invariância. Salle, et al. (2011, p. 11), As crianças examinadas por Kanner apresentavam comportamentos característicos, como isolamento social, atraso na aquisição da fala, excelente memória, comportamentos repetitivos e gostavam de preservar rotinas. Esses conjuntos de características as diferenciavam das demais. Para descrever este conjunto de características Kanner utilizou o termo Distúrbio Autístico do Contato Afetivo. A partir de então, o autismo passa a ser dissociado da esquizofrenia. O autismo foi considerado por muito tempo um transtorno mental, caracterizado por uma desconexão da realidade, ou seja, uma manifestação precoce da esquizofrenia. Segundo Schmidt (2013, p. 13) na mais recente classificação, no DSM-5 (APA 2013), o autismo pertence à categoria denominada transtornos de neurodesenvolvimento, recebendo o nome de Transtorno do Espectro Autismo (TEA). Definido, então, como distúrbio do desenvolvimento neurológico e que se apresenta desde a infância, caracterizado por dificuldade de comunicação, por deficiência do domínio da linguagem, dificuldade na interação social, comportamentos restritos e repetitivos, podendo também apresentar sensibilidades sensoriais. No Brasil, foi fundada em 8 de agosto de 1983, em São Paulo, a Associação de Amigos do Autista (AMA), criada através de um grupo de pais que tinham em comum o mesmo objetivo, construir um futuro para seus filhos, assim começaram uma busca por informações e soluções sobre os casos de autismo. A associação foi criada com o propósito de acolher, adquirir mais conhecimento, trocar experiências sobre o autismo, conhecimentos e capacitar famílias. A maioria dos pais da associação tinham filhos do espectro autista. A Associação de Amigos do Autista começou atendendo menos de 10 pessoas no quintal de uma igreja batista, ficou por um bom tempo atendendo apenas 13, agora assiste 187. A proximidade dos 30 anos de existência da organização trouxe a necessidade de rever sua história e se preparar para o futuro, mas também a possibilidade de aprofundar e ampliar sua contribuição à questão do autismo no Brasil. MELLO (2013, p. 38). Hoje, mais de 30 anos depois de sua formação, a Associação de Amigos do Autista, tem um atendimento 100% gratuito, graças aos convênios com as Secretarias de Estado de 7 Educação e da Saúde, contam também com arrecadações. O autismo hoje não é um mistério para associação. A lei 13.652/2018 estabelece no dia 2 de abril como o Dia Nacional de Conscientização sobre o Autismo, tendo como diretriz a convenção da Organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é signatário, que celebra o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo (World Autism Awareness Day - WAAD) desde 2008. Todavia, é a lei 12.764/2012 que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução. A lei tem a peculiaridade de ser o primeiro caso de sucesso de legislação participativa no Senado Federal e carrega em sua história a luta pessoal de Berenice Piana, mãe de Dayan Saraiva Piana, diagnosticado com TEA. Entre o Art. 3o da referida lei, destaca-se que são direitos da pessoa com transtorno do espectro autista: I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer; II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração; III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo: a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo; b) o atendimento multiprofissional; c) a nutrição adequada e a terapia nutricional; d) os medicamentos; e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento; IV - o acesso: a) à educação e ao ensino profissionalizante; b) à moradia, inclusive à residência protegida; c) ao mercado de trabalho; d) à previdência social e à assistência social. BRASIL (2012, p. 1). Criada como mais um reforço pela luta na inclusão, a Lei 12.764/2012 ressalta que a criança com TEA tem direito a estudar em escolas regulares, tanto na Educação Básica, quanto no Ensino Profissionalizante. A Lei ressalta que os gestores de escolas não podem negar matrículas a estudantes com qualquer necessidade educativa especial, pois deve receber essas crianças e dar todo o suporte pedagógico necessário. Atualmente, mesmo depois da lei 12.764/2012, o desafio de incluir crianças com TEA ainda é enorme. 4 CARACTERIZAÇÃO DA CRIANÇA COM TEA De acordo com Mello (2007, p.16) o autismo é considerado nos dias atuais como um 8 distúrbio do desenvolvimento, queé caracterizado por alterações presentes muito cedo, pode ser diagnosticado antes dos três anos de idade, acometendo as áreas de comunicação, interação social e aprendizado. As crianças com TEA têm dificuldades em estabelecer relacionamentos, vivem exclusivamente no seu mundo interno, uma vez que não sentem necessidade de se comunicar com outras crianças, sua comunicação verbal é limitada, dificultando contato com o mundo externo. Já a comunicação não verbal (expressões faciais, gestos, contato visual, linguagem corporal) destaca-se pelo uso limitado. Sempre ao apontar para um objeto desvia olhar, não fixa o olhar em pessoas, inclusive para pessoas muito próximas. Com isso, apresentam alguns comportamentos, como resistência ao brincar com outras crianças, preferem brincar sozinhas, não participa de brincadeiras coletivas, se isola. Quanto à interação social, observa-se ausência ou dificuldade de iniciá-la ou mantêla. As trocas recíprocas sobre determinada temática não tem uma influência sequencial típica. Essa característica pode conduzir erroneamente o avaliador a uma suspeita de transtorno do deficit de atenção/hiperatividade, A diferença é que este comportamento ocorre no autismo porque a criança encontra-se centrada exclusivamente nos seus interesses pessoais, uma vez que não há gatilho interno para estabelecer interesse e continuidade em temáticas interativas externas. GOERGEN (2013, p. 32). A falta de interação social das crianças com TEA as impedem de participar ativamente de brincadeiras sociais simples, demonstram pouco interesse pelos outros, não compartilham experiências sociais ou emocionais com outras crianças. Ao serem repreendidas sobre esse fato, percebe-se uma ausência de sentimentos, tristeza, características de crianças que não são capazes de juntar-se a grupos. Algumas crianças com TEA podem apresentar atitudes agressivas quando são contrariadas, isso normalmente acontece quando os interesses delas não condizem com o padrão de suas preferências, podendo ficar irritadas, causando a impaciência. As hipersensibilidades também são fatores quem influenciam na agressividade das crianças com TEA, pois não suportam barulhos. Mas vale lembrar que nem todas as crianças com TEA apresentam esse tipo de comportamento. Um dos comportamentos comuns entre as crianças com TEA são os movimentos repetitivos, fator que prejudica muito a sua relação social. Elas não demonstram satisfação com mudanças, podem passar horas colocando brinquedos em fila de uma maneira especifica, ao invés de brincar com eles, ficam horas observando um objeto. Quanto aos comportamentos repetitivos/estereotipados, a dificuldade de inibir o aprendizado básico, de compactar a memorização, faz da repetição um eterno recomeço. À medida que a criança entende que repetir o mesmo assunto tende a acarretar reações de insatisfação nos cuidadores e colegas, ela pode gerar mudanças na apresentação. GOERGEN (2013, p. 34). 9 Goergen (2013, p. 35) também destaca que as crianças com TEA apresentam extrema resistência com mudanças de rotinas, gostam de fazer do mesmo jeito, respeitando a ordem das coisas, tudo de maneira rigorosa, quando saem das suas rotinas é sempre um momento estressante, apresentam manias próprias e se interessam por coisas específicas. Entende-se que a busca pela estabilidade remete ao conhecido, ao não ameaço, e, assim, sendo, a mesmice não gera sobressaltos provocados por súbitas oscilações de input sensorial fracamente inibido em seu desenvolvimento. Esse olhar não é o único a tentar explicar a busca da mesmice, mas certamente nos possibilita entender um pouco do que o sujeito com TEA busca, ou seja, não ter sobressalto com o novo. GOERGEN (2013, p. 35). De acordo Silva (2012, p.41), “crianças com dificuldades na função executiva podem ser resistentes à mudanças de rotinas, tendem a usar a memória daquilo que já fizeram ao invés de planejar novas ações”. Esses padrões repetitivos do comportamento presentes com frequência na vida de crianças com TEA podem causar grandes prejuízos na aprendizagem, pois as mudanças de comportamento poderiam auxiliar nesse processo. Possuem uma capacidade de memória acima da média, grande concentração em uma área de interesse específica durante muito tempo, são extremamente apaixonados pela rotina, não suportam pequenas mudanças, são leais e de confiança. Algumas crianças com TEA podem desenvolver habilidades especiais, como QI elevado (asperge), facilidade para aprendizagem de línguas, memória visual impressionante entre outras. De acordo com Varela (2017) em entrevista O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São elas: dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo. O Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtorno Mentais – 5ª edição (DSM-V) ligado com a Classificação Internacional de Doença – 10ª edição (CID-10) são referências no mundo do autismo e juntos consolidam três categorias: autismo leve, moderado e severo. 4.1. Autismo Leve ou Síndrome de Asperger 10 De acordo com BRAS (2006, p. 58) a Síndrome de Asperger (SA), caracteriza-se por prejuízos na interação social, bem como interesses e comportamentos limitados, mas seu desenvolvimento precoce está marcado por uma falta de qualquer retardo clinicamente significativo na linguagem falada ou na percepção da linguagem, no desenvolvimento cognitivo, nas habilidades de autocuidado e na curiosidade sobre o ambiente. Segundo Camargo (2011, p. 25) a Síndrome de Asperger é um transtorno de múltiplas funções do psiquismo afetando principalmente a área do relacionamento interpessoal e normal, há ainda interesses e habilidades especificas, o comportamento estereotipado e repetitivo e distúrbios motores. Camargo (2011, p. 25 e 26) declarou que: A Síndrome de Asperge é uma das entidades categorizadas pela CID-10(4) no grupo dos Transtornos Invasivos, ou Globais, do Desenvolvimento – F84 e que todas elas inicial invariavelmente na infância e com o comprometimento no desenvolvimento além de serem fortemente relacionadas a maturação do SNC (Sistema Nervoso Central). Pode-se dizer também que desse grupo (Autismo Infantil, Autismo Atípico, a Síndrome de Rett e outros menos relevantes) a SA é o transtorno menos grave do TEA. De acordo com o DSM-IV, a síndrome de Asperger se caracteriza pelos desvios e anormalidades em três amplos aspectos: relacionamento social, uso da linguagem para a comunicação e comportamento que envolve características repetitivas sobre um número limitados, porém intenso. É comum que as pessoas dessa síndrome tenham dificuldades de interagir socialmente Sua compreensão e interpretação são literais, não conseguindo, portanto, compreender ambiguidade, duplo sentido, piadas e brincadeiras. 4.2 Autismo Moderado O autismo moderado é conhecido por precisar de necessidade de apoio substancial onde a criança apresenta um deficit notável nas habilidades de comunicação tanto verbais e não verbais, pode se perceber um acentuado prejuízo social devido pouca tentativa de iniciar uma interação social com outras pessoas. Assumpção (2011, p. 19) ressalta que: (...) Habitualmente essa diminuição na sociedade e da linguagem duram pequeno período sendo posteriormente acompanhadas pelo aparecimento de hiperatividade e estereotipias com comprometimento intelectual em muitos casos, comprometimento esse não obrigatório. Pode apresentar inflexibilidade comportamental e evita a mudança na rotina, pois tem dificuldade em lidar com o novo e essa característica pode ser notada porum parente ou amigo que raramente visita a casa da família e também a criança se estressa com facilidade, tem dificuldade de modificar o foco e a atividade que realiza. 11 4.3 Autismo Severo O autismo severo é conhecido por necessidade de apoio muito grande, onde há severos prejuízos na comunicação verbal e não verbal. Apresenta grande limitação em iniciar uma interação com novas pessoas e quase nenhuma resposta às tentativas dos outros. Apresentam comportamentos restritos que interferem diretamente em vários contextos e com alto nível de stresse e resistência para mudar de foco ou atividade. Schawartzman em entrevista (2011) destaca que: São crianças isoladas, que não falam e repetem movimentos estereotipados permanentemente, ou ficam girando em torno de si mesmas. Como não são sensíveis à comunicação, não respondem quando se falam com elas, não interagem como o outro e têm, em geral, deficiência mental importante. As crianças que possuem esse tipo de TEA precisam ter uma ajuda profissional na maioria do tempo, pois são dependentes desse apoio e sem ele não conseguem frequentar ambientes fora de sua casa e nem mesmo usar o banheiro sozinhas. Elas gostam de brincar sozinhas e quando são interferida por alguém ficam nervosas e sofrem muito, porque isso desorganiza toda a rotina delas. E precisam dessa assistência para poder migrar para o autismo moderado ou leve para poder ter uma vida mais tranquila com mais autonomia. 5 INCLUSÃO ESCOLAR Compreende-se por inclusão escolar, inserir todas as pessoas no sistema de ensino regular, sem excluir, sejam pela cor, classe social, condições físicas ou psicológicas. A temática é associada com frequência à inclusão educacional de crianças com deficiência física, mental e necessidades educacionais especiais. Realizada no ano de 1994, na cidade espanhola de Salamanca, a Declaração de Salamanca veio para mudar a educação mundial, criada com a finalidade de apontar aos países a necessidade de políticas públicas e educacionais. As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações distantes ou nômades; crianças de minorias 12 linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, p. 17-18). Esse documento garante o direito de igualdade ao acesso à educação de crianças, jovens e adultos que apresentem qualquer necessidade educacional especial dentro do sistema regular de ensino. Neste sentido, todas as crianças que possuem necessidades especiais têm o direito de frequentar as escolas de Ensino Básico e regular, sendo sua aceitação e atendimento obrigatórios, assegurado por legislação específica. A legislação em torno da educação inclusiva ganhou novos rumos com o surgimento de diversas leis, políticas públicas, documentos, declarações e movimentos. Esses novos rumos vêm se transformando constantemente, melhorando as práticas educacionais. As escolas inclusivas passaram então a ser um direito para todas as crianças com necessidades especiais, que levam as crianças a aprenderem e a se desenvolverem para a vida escolar e social. As diferenças devem ser valorizadas, fortalecendo e oferecendo para toda a turma um pleno envolvimento com maiores oportunidades para que ocorra a aprendizagem. Mendes afirma que: [...] a inclusão estabelece que as diferenças humanas são normais, mas ao mesmo tempo reconhece que a escola atual tem provocado ou acentuado desigualdades associadas à existência de diferenças de origem pessoal, social, cultural e política, e é nesse sentido que ela prega uma educação de qualidade para todas as crianças (MENDES, 2002, p. 64). Mantoan (2015, p. 62) também ressalta que a inclusão escolar provoca uma modernização e reestrutura a maioria das escolas, mas para que essa modernização aconteça, as escolas precisam assumir que as dificuldades dos alunos não vêm só deles, mas que boa parte dessas dificuldades faz parte do ensino e são resultados de como a aprendizagem está sendo construída. Mantoan enfatiza ainda: Nas redes de ensino público e particular que resolveram adotar medidas inclusivas de organização escolar, as mudanças podem ser observadas de três ângulos: o dos desafios provocados por essa inovação; o das ações no sentido de efetivá-la nas turmas escolares, incluindo o trabalho de formação do professor; e, finalmente, a das perspectivas que se abrem à educação escolar com a implementação de projetos inclusivos. Na base dessas mudanças está o princípio democrático da educação para todos (2015, p. 62). Portanto a escola inclusiva é aquela que é aberta para todos, que reconhece o potencial e a capacidade de todos os educandos, estimulando a participação e valorizando as suas diferenças humanas. A educação inclusiva está baseada em princípios ligados aos direitos e da cidadania, nos quais o objetivo é acabar com a discriminação, para garantir direito de igualdade de oportunidades a todas as diferenças, onde o sistema educacional, de modo a criar a participação de todos os educandos com ou sem deficiência. A mesma autora nos faz 13 acrescentar: Escolas inclusivas envolvem uma reorganização completa dos processos de ensino e uma concepção diferente de aprendizado escolar: ensinam o que suas turmas decidem - em conjunto com o professor - que vão estudar com base nos seus currículos. O ensino é o mesmo para todos, diferindo do que é em geral proposto para atender às especificidades dos educandos que não conseguem acompanhar seus colegas de turma. Mantoan (2015, p. 76). A inclusão chega ao âmbito escolar para criar uma série de mudanças e reformulações no sistema de ensino, criando uma educação de qualidade, atendimento adequado a todos os educandos, independentemente de suas necessidades e diferenças, uma vez que implica na quebra de paradigmas. Acima de tudo, promover a inclusão é criar mudanças de comportamentos e de como olhar as crianças especiais, criando novos contextos escolares para que todas possam participar da escola. Segundo Mantoan (2013, p. 24), a “inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge apenas alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral”. A educação é a base de toda construção social. Sendo assim, a inclusão escolar oferece as crianças com TEA oportunidades de conviver com outras crianças da mesma idade, criando um espaço de aprendizagem e desenvolvimento social. Esse contato com outras crianças possibilita o estímulo de suas capacidades interativas, impedindo que elas fiquem em isolamento contínuo. O convívio com crianças normais pode ajudar as crianças com TEA em seu desenvolvimento social, conforme ressalta Belizário: Acredita-se que a convivência compartilhada das crianças com TEA na escola possa possibilitar os contatos sociais e favorecer não só o ser desenvolvimento, mas o das outras crianças, na medida em que estas últimas convivam e aprendam com as diferenças. Entretanto, esse processo requer respeito às diferenças de cada criança. (2013, p. 135). A escola é o lugar que gera competências sociais para as crianças, mas pode especialmente ser importante para crianças com TEA. Deve sempre buscar procedimentos, pois é nesse espaço que elas podem aprender com outras crianças, exercitando assim, a sua sociabilidade por mais difícil que seja. A família também é fator importante nesse processo, pois o tratamento para o TEA é longo e pode durar a vida toda. Os pais precisam aprender a lidar com esse diagnóstico, procurar ajuda o mais rápido possível, tirardúvidas e orientações. Pais informados entenderão com mais facilidade as dificuldades dos filhos. 14 6 O INGRESSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NO PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM O ingresso na Educação Infantil é um fator muito importante no desenvolvimento das crianças com TEA, pelo aprendizado dos conteúdos escolares as atividades de vida diária, mas também será o momento em que começaram aprender a conviver em grupo e se socializar. O desenvolvimento da aprendizagem dos educandos com Transtorno do Espectro Autista depende muito do nível de acometimento da síndrome. As crianças com um nível mais grave de autismo podem apresentar atraso mental e permanecer dependentes de ajuda. As crianças com autismo leve ou somente com traços autísticos, na maioria das vezes, acompanham muito bem as aulas e os conteúdos didático-pedagógicos. Para crianças com autismo clássico, isto é, aquelas crianças que têm maiores dificuldades de socialização, comprometimento na linguagem e comportamentos repetitivos, fica clara a necessidade de atenção individualizada. SILVA (2012, p.109). O diagnóstico dessas crianças é fundamental para o ingresso na vida escolar, pois por meio dele os professores poderão criar procedimentos de aprendizagem. Ensinar é um processo complexo, exige muita habilidade e conhecimento, então, para que o professor possa trabalhar de forma eficaz, diagnóstico é necessário. Vale ressaltar que não é função do professor diagnosticar crianças com TEA, pois, não tiveram nenhum tipo de treinamento, mas, são capazes de perceber dificuldades e alterações de comportamento apresentados, cabe à equipe multiprofissional emitir os parecer a respeito de TEA. É importante que haja sempre diálogo entre professor e família, a fim de que juntos possam investigar a dificuldade da criança. Encontrar uma escola que atenda as dificuldades de uma criança com TEA, é um grande desafio, pois a maioria das escolas ainda estão construindo saberes para recebê-las, outro desafio a ser vencido é a capacitação dos professores. Educar uma criança com Transtorno de Espectro Autista é desafiador, diante disso, surge então uma questão, como ensinar as crianças com TEA? A primeira iniciativa para transformar os desafios encontrados nesse processo é a busca pelo conhecimento especializado, informações essenciais a respeito do TEA, são ferramentas fundamentais para orientar todos os profissionais da escola, e a família envolvida no compromisso de incluir esse educando especial. Por meio da construção de saberes e uma prática pedagógica humanizada compreenderão como tratar uma criança com TEA e assim auxiliarão no seu desenvolvimento de forma holística. Para que as crianças entrem nesse processo de educação no âmbito escolar e consequentemente o ensino e a aprendizagem, é preciso que o professor seja o mediador, para incluir esse educando no grupo, por meio de brincadeiras, jogos, vivências e atividades com objetivo de promover a interação social. Trabalhar atividades pedagógicas em grupo também 15 ajudará a interação, no começo o educando vai precisar de auxílio será necessário explicar minuciosamente as atividades pedagógicas. O professor deve desenvolver metodologias capazes de fazer com que as crianças com TEA consigam se comunicar e se desenvolver de forma intra e interpessoal. Os conteúdos a serem trabalhados com elas devem estar de acordo com a zona de desenvolvimento proximal, sua capacidade e idade. As aulas devem ser preparadas sempre pensando no educando com TEA, refletindo sobre procedimentos e recursos criativos capazes de fazer com que elas compreendam, cresçam no ambiente escolar e fiquem confortáveis, integradas e envolvidas. Segundo Riesgo (2013, p. 58) “cada criança com autismo deve ser ensinada de um modo diferente. É importante identificar qual é o foco de interesse de cada criança em particular, pois ele pode ser o único canal entre o educador e o educando, em se tratando de autismo”. Por isso, a busca do professor por uma formação continuada é de suma importância para essas crianças que estão sendo incluídas neste sistema de ensino. Elucida Mantoan (2015, p. 78): Aquele que se dispõe a ensinar a turma toda deixa de lado o falar, o copiar e o ditar como recursos didáticos – pedagógicos. Ele não será mais o professor palestrante, identificado com a lógica de distribuição do ensino, que pratica a pedagogia unidirecional “do A para B e do A sobre B”, como afirmou Paulo Freire nos idos de 1978. Ao contrário, partilhará com os alunos a construção/autoria dos conhecimentos produzidos em uma aula. No ensino expositivo, o conhecimento reduz-se em quantidade e qualidade. As crianças com TEA tem mais facilidade de interagir e aprender quando o meio apresenta condições necessárias de tranquilidade, disponibilidade e reciprocidade. Mas, isso irá depender da característica de cada uma, para que o professor possa montar algumas estratégias que serão utilizadas para essa interação. No início da década de 60, no Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do Norte foi criado um programa para atender crianças com TEA. Este programa é conhecido como TEACCH e tem com objetivo máximo apoiar as pessoas com espectro autista em seu desenvolvimento para ajudá-lo a conseguir chegar à vida adulta com o máximo de autonomia possível. Segundo Marques e Mello (2011 p. 144) a missão do TEACCH é de capacitar indivíduos com TEA a atuar com o maior grau de sentido e independência possível na comunidade em que vive. A Associação de Amigos do Autista (AMA) de São Paulo em dezembro de 1991 iniciou com a ajuda do Dr. Thomas E. Mates do centro TEACCH da Carolina do Norte a implantação desse programa no Brasil. De acordo com Carothers e Ta lor (2004), o desafio na educação de um educando com TEA o de aumentar sua independ ncia, a fim de proporcionar mais segurança ao executar tarefas 16 do cotidiano, além de melhorar a sua qualidade de vida. Dois lugares primordiais para acontecer essa aprendizagem são em casa e na escola, pois ensinar essas práticas do dia a dia como, comer sozinho, utilizar o banheiro e escovar os dentes em um ambiente natural podem fazer diferença na vida dessas crianças, pois ao permitir que realize esses tipos de atividade sozinhas, apenas com o auxilio de um adulto mostra-se que podem ser independentes. É percebido várias possibilidades que favoreça a aprendizagem de criança com TEA: o incentivo por parte do professor, onde deve apresentar atividades que chame a sua atenção, na realização de ações pedagógicas e cotidianas, sempre de acordo com seu desenvolvimento e capacidade, deixando-o livre para interagir com os colegas e os demais. Aplicação sistematizada do método TEACCH nas escolas para aumentar a independência do educando, proporcionando- a segurança para realizar tarefas de seu cotidiano. Outro fator importante é criar possibilidades para que os educandos desenvolvam outras habilidades (teatro, dança, capoeira e esportes), a fim de melhorar sua qualidade de vida e consequentemente de seus familiares. Afirma VYGOTSKY (1978 apud Santos 2013, p. 13) que: O professor deve ter consciência de sua importância como mediador e compreender que cada criança dentro de sala de aula se desenvolve, amadurece e aprende de forma particular, ou seja, atinge expectativas de aprendizagens únicas e que a todo tempo deve ser valorizada e estimulada a atingir níveis cada vez mais elevados. O planejamento pedagógico não deve conter apenas conteúdo escolar, mas ser elaborado a partir da realidade do educando, colaborando com a formação do pensamento crítico, para que exista envolvimento e interação por parte deles. Com objetivo de educar para construção da cidadania, desenvolvendo a solidariedade entre os educandos, criando condições essenciais para a vida em comunidade, onde o educando é avaliadocomparado a si mesmo, sem rótulos. O processo de ensino e de aprendizagem da criança com TEA só se torna possível quando o educando é reconhecido como sujeito histórico, capaz de prender sua ação ao mundo e a sua cultura. 7 RESULTADOS E DISCUSSÕES O presente relatório foi realizado com educando que está matriculado em uma escola regular de ensino na Educação Infantil. Diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) com comprometimento da linguagem, interação social e comportamento global de desenvolvimento, com necessidade de incluir na escola. O educando está matriculado na escola desde os dois anos de idade, hoje com cinco anos, vem se desenvolvendo paulatinamente no ambiente escolar. 17 A professora relata que o educando se adaptou à nova sala de aula e tudo ocorreu conforme esperado. Nos primeiros dias estranhou, teve um pouco de resistência com o novo ambiente, mas logo foi aceitando e hoje frequenta normalmente. Nunca houve rejeição por parte dos colegas, sempre foi tratado igualmente por todos os coleguinhas. É normal a criança autista sentir-se desconfortável e intimidada em um ambiente novo, como o da escola. É normal buscar apoio nas coisas ou nos movimentos que a atraem, mantendo-se permanentemente concentrada neles, esquecendo de todo o resto. [...] Nessa relação, quem aprende primeiro é o professor e quem vai ensinarlhe é o seu aluno. (CUNHA, 2011, p. 33). O educando está sendo acompanhado por uma psicóloga analista de comportamento, fonoaudióloga e por uma acompanhante terapêutica em intervenções realizadas em casa, para diminuir os comportamentos inadequados e desenvolver habilidades que ainda não fazem parte do seu repertório comportamental, indispensável nesta fase tão decisiva do desenvolvimento infantil. Durante nossas observações e mediante os relatos da professora, o educando está se desenvolvendo gradativamente. Ainda demostra dificuldade em socializar, é uma criança que conversa pouco na sala de aula, ignora contato com seus colegas, preferindo ficar sozinho. Nos momentos de realização de atividades individuais e/ou em grupo, só realiza mediante a intervenção da professora. Nas brincadeiras, não interage com o grupo e costuma brincar sozinho. Silva (2012, p. 118) destaca: As crianças com autismo apresentam grandes variações no desenvolvimento da linguagem; algumas têm pouca habilidade na fala e quase não conseguem se comunicar. Outras falam com elaboração, mas podem ter dificuldade de compreensão. Saber transitar nesse universo tão amplo é de fundamental importância para os professores. Nas poucas vezes que ouvimos o conversar, pode ser percebido que ele possui um ótimo vocabulário. Observa-se também que, em alguns momentos, fica bastante inquieto e chora devido aos baralhos e as muitas agitações na sala de aula e nos outros momentos da escola. As rotinas dele devem ser seguida rigorosamente, pois quando não cumpridas podem gerar muito estresse. Foi percebido que durante as aulas são estimuladas leituras, escrita, brincadeiras dirigidas e trabalhos em grupo. O educando executa as atividades com muita eficiência e reconhece todas as letras do alfabeto na sequência correta e sabe diferenciar vogais de consoantes. Já escreve seu nome e demostra muito interesse em conhecer novas palavras, reconhece os números, fazendo a contagem lúdica por meio de objetos pedagógicos. Por meio desse estudo de caso podemos concluir que é possível que o educando com TEA evolua a cada dia, podendo adaptar-se ao meio social em que vive, além de desenvolver 18 suas capacidades e competências como qualquer outra criança, e que apesar de suas dificuldades tanto no processo de ensino e de aprendizagem, quanto na socialização, esse educando é capaz de progredir significantemente para conviver em sociedade. O aluno com autismo não é incapaz de aprender, mas possui forma peculiar de responder aos estímulos, culminando por trazer-lhe um comportamento diferenciado, que pode ser responsável tanto por grandes angústias como por grandes descobertas, dependendo da ajuda que ele receber. (CUNHA, 2011, p. 68). A escola proporciona um ambiente acolhedor e lúdico, buscando sempre atender a todas as necessidades de seus educando, promovendo sempre a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal, a fim de criar uma autonomia e possibilidades para uma vida normal. A inclusão acontece conforme planejada, trabalhando com projetos voltados para o bem estar do educando, a escola está sempre em sintonia com a família, para que juntas possam desenvolver um ótimo trabalho. CONSIDERAÇÕES A partir dos estudos e pesquisas realizados, concluímos que a inclusão escolar do educando com Transtorno do Espectro Autista (TEA), significa inseri-lo no ambiente escolar, construir formas e novos conhecimentos para conviver em varias circunstâncias. O trabalho pedagógico deve respeitar o seu tempo, mas para que isso aconteça é necessário um comprometimento por parte dos pais, professores e comunidade. Constatamos que o ingresso do educando com TEA na Educação Infantil é um fator muito importante para o desenvolvimento, pelo aprendizado dos conteúdos escolares e das atividades diárias, mas também será o momento em que começa aprender a conviver em grupo e se socializar. Sendo assim, é dever da instituição educacional promover as condições necessárias e adequadas para atender as necessidades educacionais especiais dos educandos e garantir seu acesso e permanência na escola. É indispensável que o professor tenha um olhar cuidadoso às necessidades de cada educando, para evidenciar suas potencialidades, e as suas dificuldades, estas devem ser trabalhadas pedagogicamente com ações que favorecem a inclusão e assim o processo de ensino e de aprendizagem será significativo. O diagnóstico dessas crianças é fundamental para o ingresso na vida escolar, pois por meio dele os professores poderão criar procedimentos de aprendizagem de acordo com suas necessidades e limites. Essa pesquisa nos trouxe à tona vários fatores importantíssimos para a educação 19 inclusiva do educando com autismo. Constatamos que o professor deve conduzir e estimular a autonomia da criança, tornando-a capaz de desenvolver atividades do cotidiano, que outrora lhe parecia impossível. Uma vez que a práxis pedagogia promove o desenvolvimento de novos conhecimentos e comportamentos positivos. A inclusão da criança com TEA nas escolas regulares é um direito garantido, entretanto, as escolas ainda se preparam para atender a todos. O professor encontra dificuldade para o planejamento pedagógico coerente, onde o objetivo a ser alcançado deve partir da realidade do educando, do seu contexto para melhor desenvolver. E preciso que a escola entenda as necessidades desse educando, a fim que ele seja reconhecido como sujeito histórico, colaborando sempre com a formação de seu pensamento crítico, para que esse educando seja capaz de construir a sua cidadania. A escola tem o papel importante na educação das crianças com TEA, devendo ser o lugar de interação e socialização da criança, criando procedimentos para que possam desenvolver capacidades de interagir com outras crianças. O processo de desenvolvimento do ensino e de aprendizagem da criança com TEA é longo, vale ressaltar que o tempo delas é diferente das outras, sendo assim, requisita tolerância e empenho. Por meio da educação, as crianças com TEA podem se desenvolver consideravelmente, pois será possível aprender atividades do cotidiano, a conviver em grupo, podendo ter uma vida mais independente e com qualidade. 6 REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION: Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 4 ed. Washington: American Psychiatric Association; 1995. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION: Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 4 ed., Text Revision,Washington: American Psychiatric Association, 2000. AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais-DSM-V. Porto Alegre: Artmed, 2014. ASSUMPÇÃO, Francisco B Junior. Diagnóstico diferencial dos transtornos abrangentes de desenvolvimento. 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Declaro que tenho conhecimento da legislação de Direito Autoral, bem como da obrigatoriedade da autenticidade desta produção científica. Autorizo sua divulgação e publicação, sujeitando-me ao ônus advindo de inverdades ou plágio e uso inadequado de trabalhos de outros autores. Nestes termos, declaro-me ciente que responderei administrativa, civil e penalmente nos termos da Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que altera e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Pelo presente instrumento autorizo o Centro Universitário de Brasília.Unip universidade paulista a disponibilizar o texto integral deste trabalho tanto na biblioteca, quanto em publicações impressas, eletrônicas/digitais e pela internet. Declaro ainda, que a presente produção é de minha autoria, responsabilizo-me, portanto, pela originalidade e pela revisão do texto, concedendo ao Unip universidade Paulista , plenos direitos para escolha do editor, meios de publicação, meios de reprodução, meios de divulgação,tiragem, formato, enfim, tudo o que for necessário para que a publicação seja efetivada. BRASILIA. 12 De Outubro. de 2021 Daniela Mota Carvalho (Nome e assinatura do aluno/autor) mailto:dani_m_carvalho@hotmail.com TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL FOLHA DE APROVAÇÃO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 1 INTRODUÇÃO 2. MATERIAIS E MÉTODOS 3 O PROCESSO DE DESCOBERTA DO TEA – TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 4 CARACTERIZAÇÃO DA CRIANÇA COM TEA 4.1. Autismo Leve ou Síndrome de Asperger 4.2 Autismo Moderado 4.3 Autismo Severo 5 INCLUSÃO ESCOLAR 6 O INGRESSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NO PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM 7 RESULTADOS E DISCUSSÕES CONSIDERAÇÕES 6 REFERÊNCIAS Mundo Singular- Entenda o Autismo (2012). DECLARAÇÃO E AUTORIZAÇÃO
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