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Crime de Sedução, retrocesso persistente: Análise de julgados dos anos 1990 Thierry Reusch Cunha Considerações Iniciais Ao longo de vários anos muito se debate acerca dos direitos conquistados pelas lutas feministas, tanto no cenário internacional como nacional. Entre os tantos progressos adquiridos pode-se citar o direito ao voto, aos estudos, ao trabalho digno e, até mesmo, o direito reprodutivo, este que ainda é um grande tabu e se enquadra perfeitamente ao objetivo desta pesquisa. Portanto, o assunto aqui abordado compreenderia, em tese, uma proteção à integridade física da mulher, mas, no decorrer da história e do desenvolvimento jurídico brasileiro, tornou- se uma blindagem à moralidade e honestidade das famílias. Para melhor entendimento, o delito objeto deste estudo que se intitula de “sedução" visava proteger a honra, porém, apenas dos homens da família. Tal crime, previsto no Código Penal de 1940, enfatizava não só a necessidade de ruptura do hímen como também a apreciação da moralidade da vítima antes de ser a punição do réu o “alvo” do julgamento. Era necessário averiguar se a vítima era merecedora do amparo legal. Os temas de cunho sexual sempre foram censurados pelos costumes, o que, devido à influência da Igreja, fazia com que os pais dificilmente estabelecessem diálogos com suas filhas sobre a vida sexual. O seguinte relato de quem vivenciou a época entre 1930-1945, bem explica o exposto: A chegada da puberdade nas moças, não merecia grande atenção alguma por parte dos pais. Comumente, ignorava-se por completo as alterações físico-psicológicas das meninas. Até mesmo a mãe evitava comentar estes fatos para não gerar mais perguntas. A primeira menstruação era recebida com assombro. Não raras foram as moças que se imaginaram possuidoras de alguma doença grave ou vergonhosa (DA CANAL; WENCZENOVICZ, 2012, p. 55). O Estado, por sua vez, refletiu os pensamentos desse período juntamente com movimentos conservadores da época e colocou os delitos sexuais no Título VI da legislação penal de 1940, classificando-os como “crimes contra o costume” que reuniam estupro, sedução, rapto, atentado ao pudor e corrupção de menores. Quanto aos julgamentos do crime, a partir de 1940 a “padronização” foi algo constante, trazendo ventos de mudanças as mobilizações da década de 1970. No entanto, nos anos 1990, os quais interessam a esta pesquisa, os crimes sexuais começaram a ser modificados, visto que não era mais possível existir tal tipificação anacrônica diante de uma sociedade que avançava a passos largos. Portanto, os seguimentos que resultariam em condenação se deram em casos que possuíam a sua própria característica e, em muitos destes, as doutrinas adotadas não mais se enquadravam na realidade social vivida, fomentando a inferioridade da mulher no julgamento. Por consequência, a seguinte pesquisa evidenciará como os antigos dispositivos legais referentes aos crimes sexuais estabeleciam textos que podem ensinar muito sobre como se constroem estereótipos e se reproduzem desigualdades, o que é capaz de ajudar a compreender a permanência de algumas mentalidades que naturalizam violências em nossa atualidade. 1. A construção do Crime de Sedução Com o objetivo de entender um crime de tamanho impacto social, torna-se necessário indagar o seu passado e a maneira de viver da sociedade que visou construir a penalização de tal conduta. Para tanto, as melhores ferramentas são as legislações que fixavam o que era moral e justo. Acerca de um dos primeiros regulamentos aplicados nesse país, denotou Emannuel Reichert que as Ordenações Filipinas surgidas no início do século XVII permaneceram por anos, visto que, mesmo após a independência, enquanto não promulgado o Código Civil de 1916, ainda vigiam algumas normas deste mecanismo prevendo preceitos reguladores de inúmeras matérias do direito (administrativo, civil, comercial, eclesiástico, penal, entre outros). Diante disso, a incriminação da conduta de deflorar mulher virgem antes do casamento foi prevista no Livro V das Ordenações e não se sagrou muito diferente das posteriores tipificações (2014, p. 49). Por sua vez, o Código Criminal do Império de 1830 destacou-se por sua clareza, precisão, concisão e apuro técnico o que o levou a servir de base para o Código Penal espanhol de 1848 e o Código Penal português de 1852. Contudo, apesar de ter sido referência mundial para a matéria, manteve-se firme nos costumes católicos e, por conseguinte, na manutenção de um ideal de moralidade antes visto nas Ordenações Filipinas (BITENCOURT, 2014, p. 90). Esse código sobressaiu-se por estabelecer dois crimes conexos, e por vezes, difíceis de distinguir, o defloramento e a sedução: Art. 219 – Deflorar mulher virgem, menor de dezessete anos. Penas: de desterro para fora da comarca, em que residir a deflorada, por um a três anos, e de dotar a esta. Seguindo-se o casamento, não terão lugar as penas. [...] Art. 224 – Seduzir mulher honesta, menor dezessete anos, e ter com ela cópula carnal. Penas: de desterro para fora da comarca, em que residir a seduzida, por um a três anos, e de dotar a esta (BRASIL, 1830). Notou-se a alternativa penal de dotar a ofendida, algo previsto para facilitar o julgamento de tais crimes, afinal as famílias não raras vezes obrigavam a vítima a casar com o acusado para que a honra dos pais não se perdesse, pois em uma sociedade patriarcal ter uma filha desvirginada era impensável. Outra crítica advém do contexto de como estabelecer o que é uma mulher honesta, pois em nenhum momento o código visou esclarecer, tornando emblemática qualquer decisão acerca do fato que ficava a critério dos operadores do direito (delegados, juízes, promotores) e da doutrina estabelecer como enquadrar o tipo penal ao caso concreto (REICHERT, 2014 p.50). No Código Penal de 1890, em seu artigo 267, foi criminalizado o ato de “deflorar mulher de menoridade empregando sedução, engano ou fraude”. Tendo como alvo, teoricamente, a honra do corpo feminino, pois era estabelecido no Título VIII a “preservação da honra” e da “honestidade das famílias” (DA CANAL; WENCZENOVICZ, 2012, p. 61-62). Nesse código, ficou estabelecido que o crime de defloramento ocorreria quando houvesse a cópula com mulher virgem entre 16 e 21 anos, desde que o sujeito ativo (o homem) utilizasse do “emprego” de sedução, engano ou fraude para obter o consentimento da mulher e infringir o bem jurídico tutelado, ou seja, a honra que estava arraigada à virgindade. Frisa-se que em idade inferior se presumia o estupro, conforme manifestado no artigo 2721 (BRASIL, 1890). As famílias ofendidas, dependiam totalmente dos homens e, quase sempre, a única coisa de real valor que possuíam era a sua “honra”. Logo, para a apuração desses crimes era dispensável a opinião das mulheres, qualquer manifestação de nada adiantaria, colaborando ainda mais para a ausência da expressão feminina, pois o “homem ofendido” é quem deveria pleitear uma reparação por tamanha ofensa. Tal código foi criticado desde o início pela má qualidade da redação e por já ter nascido obsoleto quanto à realidade de sua época, exemplo disso era que várias vezes não se fazia a distinção entre crimes de ações públicas e privadas, o que levava à majoritária intervenção do 1 Art. 272. Presume-se commettido com violencia qualquer dos crimes especificados neste e no capitulo precedente, sempre que a pessoa offendida for menor de 16 annos. Ministério Público em crimes sexuais que teoricamente seriam privados (CAULFIELD, 2000. p.68). Por seu turno, o Código Penal de 1940, que estabeleceu a matéria aqui discutida, visando abarcar as atividades sociais, o reordenamento de valores que norteiam as práticas e a conduta social, passou a estabelecer o nomen juris de “sedução”para diminuir a ideia de ruptura do hímen como principal elemento do crime2 (DA CANAL; WENCZENOVICZ, 2012, p.63-65). Portanto, para caracterizar o delito, a mulher deveria ser submetida a um julgamento antes, como salienta o seguinte exposto: A honestidade da moça deveria ser provada e reiterada. Na hipótese de pairar dúvidas ou controvérsias sobre a virgindade, tanto fisiológica quanto moral, era usual a não condenação do acusado. Na realidade, residia mais na ré a instância comprovadora ou negadora do crime do que no agente (DA CANAL; WENCZENOVICZ, 2012, p.68). Logo, atentava-se às atitudes da mulher, a qual não deveria ceder aos primeiros impulsos, pois o único motivo justificável para esta ceder sexualmente seria as reiteradas promessas de casamento devido a um longo namoro. Dessa maneira, caso em namoro recente a menor cedesse aos desejos do homem, não restava configurado o crime de sedução (DA CANAL; WENCZENOVICZ, 2012, p.67). Por vários anos, foi conservado esse conceito de julgamento, mas a partir de 1970 começaram a haver mudanças na forma de encarar os delitos sexuais, como destacou o autor Reichert: Na década de 70 começaram a se fazer sentir transformações sociais que provavelmente contribuíram para a gradual perda de importância do crime de sedução: legalização do divórcio, maior participação feminina no mercado de trabalho e uma certa liberalização da moral sexual (2014, p.11). Desse modo, várias mudanças sociais começaram a surgir ao longo das décadas, o que levou a construir uma nova maneira dos tribunais julgarem o mérito do delito. Contudo, o passado ainda vivia nas decisões, pois prevalecia o Código Penal de 1940 em meio a uma nova constituição e a um conturbado período de retorno à democracia. 2. A construção da realidade de 1990 e as novas legislações 2 Art. 217 - Seduzir mulher virgem, menor de dezoito anos e maior de quatorze, e ter com ela conjunção carnal, aproveitando-se de sua inexperiência ou justificável confiança: Pena: reclusão, de dois a quatro anos. A década de 1970 concentrou as inúmeras debilidades presentes na conjuntura econômica e política do país de modo que a passagem para os anos 1980 veio abarrotada de pesadas críticas ao Estado, descarregando uma fúria popular que acabaria por desencadear grandes alterações no panorama brasileiro (SEINO; ALGARVE; GOBBO, 2013, p.38). Para tanto, pode-se afirmar que a partir de 1980 existiu uma grande participação de diversos grupos representativos, estes que se encorajaram a ocupar lugares públicos e enfrentar forte represália policial. Em relação a esse período bem descreve Seino, Algarve e Gobbo: Além dos movimentos sindicais, os movimentos sociais urbanos eram expressivos na busca de melhores condições de abastecimento, atendimento médico e urbanização; nas favelas, afirmava-se a necessidade de melhoramentos urbanos e da legalização da posse de terra onde estavam os “barracos”. Assembleias de trabalhadores passaram a ser feitas em estádios e praças. Sem perder de vista sua autonomia, alguns movimentos se tornaram influentes ou auxiliares de políticas públicas. A revolução deixou de ser a única saída para as injustiças sociais e os ideais passaram a ser vistos como ideais que seriam conquistados por partes, em lutas por causas particulares e transformadoras de comportamentos individuais (2013, p.36-37). Haviam duas principais demandas da sociedade: eleições diretas para a Presidência da República e a convocação da Constituinte. A pretensão do movimento “Diretas Já” que dominou o debate político à época, não aconteceu em 1985, tendo havido eleições através do voto indireto no Colégio Eleitoral, sendo eleito presidente da República, o mineiro, Tancredo Neves. Este não tomou posse no cargo de presidente da República por motivo de doença, vindo, inclusive, a falecer em seguida. José Sarney eleito vice-presidente da República tomou posse. Em sequência, no dia 28 de junho de 1985, Sarney enviou ao Congresso Nacional mensagem com a proposta de convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, que culminou na Emenda Constitucional nº 263, de 27 de novembro de 1985 (SILVA, 2011, p.200). Logo, os resultados de tamanha mobilização estabeleceram, embora tardiamente, a Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988 que propiciou uma guinada a um novo modelo de estado e, como resultado, ocorreriam as eleições diretas, outrora almejada por multidões descontentes (SILVA, 2011, p.200). Por consequência, a década de 1990 foi histórica por ser um período de intensa movimentação social e econômica, visando construir um novo momento para o país, o que acarretou no surgimento de legislações que visavam acompanhar o avanço da sociedade. Em meio a inúmeros planos econômicos, teve o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente 3 A Emenda nº 26 estabeleceu em seu artigo 1º a data para início da Constituinte: “Art. 1º Os Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal reunir-se-ão, unicameralmente, em Assembleia Nacional Constituinte, livre e soberana, no dia 1º de fevereiro de 1987, na sede do Congresso Nacional.” (ECA), Código de Defesa do Consumidor (CDC) e outras legislações que visavam firmar ideais da jovem Constituição Federal de 1988. Todavia, enquanto em um lado havia determinado avanço, do outro, os costumes perduravam, sobretudo, no entendimento de família e casamento, visto que ainda vigia o patriarcal Código Civil de 1916 que ditava regras como o débito conjugal que, nas palavras da civilista Maria Helena Diniz, consiste no “direito-dever” dos cônjuges realizarem entre si o ato sexual (2000, p.35). Portanto, apesar de espantoso, ainda existiam julgados que visavam regular o ato sexual do casal tendo como exemplo a Apelação Cível Nº 595116724 do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS), julgado em 07 de março de 1996: Limites do Débito Conjugal. Ônus da prova. O coito anal, embora inserido dentro da mecânica sexual, não integra o débito conjugal, porque este se destina a procriação. A mulher somente está sujeita a cópula vagínica e não a outras formas de satisfação sexual, que violentem sua integridade física e seus princípios morais. A mulher que acusou o marido de assédio sexual no sentido de que cedesse a pratica da sodomia, e não demonstrou o alegado, reconhecidamente de difícil comprovação, assume os ônus da acusação que fez sem nada provar. A prova, nos termos do artigo 333, Inc. I, do CPC, incumbe a quem alega procedência da reconvenção oferecida pelo varão. (Apelação Cível, Nº 595116724, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Carlos Stangler Pereira, Julgado em: 07-03-1996). Desse modo, se o que ditava as regras do casamento era uma legislação retrógrada, o Código Penal de 1940 que também originou de grande conservadorismo não seria diferente. Acerca disso, Eder Adriano Pereira expõe o pensamento do sociólogo francês Pierre Bourdieu, realizando um comparativo com o tipo penal que caracteriza a sedução: A sobreposição masculina, segundo Pierre Bourdieu (1999), exerce uma dominação simbólica sobre todo o plano social, corpos e mentes, discursos, práticas sociais e institucionais. Dessa maneira, para o autor, a dominação masculina estrutura a percepção e a organização concreta e simbólica de toda a vida social, inclusive no caso da jurisprudência brasileira, do merecimento ou não de direitos da clientela feminina menor, pois é nítido, pelo início do Artigo 217/1940, que somente a menor virgem gozaria da tutela da lei quando acometida pelo crime de sedução de menor (2017, p.181). Essa realidade do Crime de Sedução, em meio à legislação que abarcava a integridade das crianças e adolescentes (ECA), corroborou com a mudança no linguajar jurídico, dado que, aquela figurado sedutor, muitas vezes romanceada pelos escrivães em suas descrições e amplamente citada na obra de Reichert4, foi a partir da década de 1990 sendo substituído por uma linguagem mais técnica. A partir do Estatuto da Criança e do Adolescente foram surgindo outros personagens jurídicos como o aliciador, o armazenador, o expositor, o vendedor, o web distribuidor e o pedófilo, ou seja, uma nova cadeia de possíveis acusados para combater a “sexualização” dos jovens dentro da sociedade brasileira que se redemocratizava rumo ao século XXI (PEREIRA, 2018, p.108). Viu-se desde a década de 1990, como o ECA tornou-se importante para o enfrentamento de crimes sexuais das crianças e adolescentes. Portanto, ainda é imprescindível manter em pleno funcionamento e vigor as instituições que visam fiscalizar e punir os infratores dos crimes previstos no Estatuto. Assim sendo, observou-se que a partir de 1970, grandes mudanças possibilitaram que o progresso sobrepusesse o passado, e estimava-se que isso ocorresse com o crime de sedução. Assim, justifica-se pelos fatores do período de redemocratização dos direitos civis em meados dos anos 1980, pelas mudanças e conquistas de direito do gênero feminino, especialmente após a década de 1970 e pela mudança dos costumes em âmbito mundial, posto sobre maiores liberdades públicas e de sexo, que o Art. 217, segundo uma demanda da jurisprudência brasileira, mesmo ainda existindo tornou-se obsoleto ou fato atípico (PEREIRA, 2018, p.108). Entretanto, o fato de ainda haver a aplicação do dispositivo, bem como, de outras legislações retrógradas, tornou a década de 1990 nada mais que o conflito entre o passado e o futuro. A compreensão e a interpretação do tipo penal de sedução por mais obsoleto que fosse, prosseguia em decisões que seguiam modelos de décadas passadas. 3. A aplicação do Crime de Sedução em 1990 Aplicar um mecanismo legal move muito a máquina estatal, e se na atualidade é frequente a crítica acerca da demora do judiciário para atender algumas demandas, outrora era ainda pior. Tendo em vista que se exigia tempo para averiguar com a mínima decência as situações levadas aos tribunais, ter tipificações não mais necessárias como a sedução, apenas contribuía para uma maior demora. Consequentemente, apontar um caminho mais fácil para chegar a uma avaliação melhor e mais rápida do caso era o que muitos autores faziam, e, embora em sua última década de 4 Cf. REICHERT, Emannuel. Sedução & casamento: crime e moralidade na comarca de Soledade (1942-1969). Passo Fundo: Berthier; Aldeia Sul, 2014. existência, a sedução só se configurasse em casos muito peculiares e distintos, é interessante ao estudo as visões doutrinárias. Dessa forma, em um primeiro momento serão analisadas algumas doutrinas de maior relevância à época e, ao final, verificar-se-ão alguns julgados dos anos 1990, a fim de demonstrar as particularidades que a norma estabelecia ao julgador. 3.1. A doutrina e os dispositivos Tentar explicar ou achar respostas para a submissão automática e inconsciente aos costumes é uma tarefa árdua. Segundo o antropólogo polaco Bronislaw Malinowski que analisa a subordinação da sociedade selvagem em um período anterior à formulação do atual Código Penal (1940), o que a antropologia tem a dizer é significativo: Quando viemos a perguntar por que as regras de conduta, embora duras, penosas ou indesejáveis, são obedecidas; [...]. - a resposta não é fácil [...]. Quando a pergunta se tornou real, quando ficou claro que a hipertrofia de regras mais do que a ausência de lei é a característica da vida primitiva, a opinião científica passou a girar em torno do extremo oposto: o selvagem foi transformado não somente num modelo de cidadão obediente à lei, mas se tornou um axioma que, ao se submeter a todas as suas regras e grilhões tribais, ele segue a tendência natural de seus impulsos espontâneos e desta maneira ele desliza, por assim dizer, pela linha da resistência mínima (2018, p.17). O estudo de Malinowski foi pioneiro para revelar que os costumes primitivos, eram produtos de uma lei firme, de uma tradição rigorosa, exigidas pelas necessidades da natureza humana, mais do que por qualquer emoção desenfreada ou excesso absoluto. Mas, então, seria esse instinto primitivo um dos motivos para a nossa doutrina tão bem desenvolvida evoluir os conceitos de um preceito tão antiquado como o crime de sedução de maneira tão lenta e gradual. Ora, para a própria doutrina se contrapor à disposição tão ultrapassada era uma missão conturbada, dado que os próprios operadores do direito apenas reaplicavam os termos usados para fundamentar inúmeras decisões, o que, em parte, comprometia a essência das doutrinas em ser a contestadora crítica de legislações. Pode-se ver em algumas obras, conotações usadas que evidenciam termos culturais de outros tempos. Por exemplo, na obra de Heráclito Antônio Mossin (2002, p.128), há a reiteração de que, no caso da sedução, a norma penal só poderia amparar a “donzela inocente”, pois apenas uma moça completamente “íntegra e honrada” era merecedora da tutela da lei. Nota-se que apesar de essa ser uma publicação dos anos 2000 ainda se enquadra na ideia disseminada por todo o tempo de vigência da tipificação. Mas é claro que, por se tratar de ser obra mais recente na doutrina, há lugar para a crítica, porque apesar de o autor ainda citar tais termos antiquados, existe a colocação de que o crime já estaria obsoleto. Entretanto, havia entendimento de que tal tipificação não fora revogada naquele momento, conforme propõe as seguintes decisões citadas na obra (p.130): Não há falar em revogação do art. 217 do CP, tendo em vista o dispositivo constitucional que estabelece igualdade entre homens e mulheres perante a lei, pois é inviável pretender-se inexistente o crime de sedução, porque apenas o homem poderia ser seu sujeito ativo, uma vez que não está excluída a hipótese de uma mulher ser punida por seduzir um homem, ou constrangê-lo, mediante violência, à pratica de atos libidinosos diversos da conjunção carnal (STJ, RT 759/566). [...] No crime de sedução, muito embora seja a honra da mulher, sob o aspecto sexual, o objetivo primeiro da proteção penal, o que poderia ensejar interpretação de inconstitucionalidade da norma penal, em razão da previsão constitucional que estabelece igualdade entre homens e mulheres, outros fatores são levados em conta na permanência do dispositivo no ordenamento jurídico, como a ingenuidade, a inexperiência e a justificável confiança, não sendo destarte, letra morta as disposições contidas no art. 217 do CP (TJBA, RT789/655). Outro argumento que pode ser trazido à tona é do autor clássico Roberto Lyra, o qual foi um dos membros da comissão de professores de direito que contribuíram para a criação do atual Código Penal, e nada mais útil, do que expor a visão de quem viveu a época de 1940 e viu as mudanças sociais surgidas ao longo das décadas. Algo bem esclarecido pelo autor, é que o costume não passa de um conceito relativo, ou seja, a lei penal nunca visou resolver problemas sociais ou morais, mas apenas distinguir a existência de determinados excessos que ultrapassassem o limite moral da época vivida no momento do delito (LYRA, 1977, p. 54-55). Exemplo claro disso, é o fato de que outrora um simples beijo em público seria julgado quanto ao seu tempo, lugar e modo para verificar se houve algum ato libidinoso para a expectativa moral, enquanto hoje é algo natural independente da maneira ou qualquer outro critério (LYRA, 1977, p. 55). Ao expor esse exemplo, torna-se evidente como pequenas coisas de nosso cotidiano eram alvo de julgamento, portanto, as atitudes que se esperava de uma mulher em outro tempo acarretavam rótulos ainda piores dos recebidos porestas na atualidade, visto que para ser uma “moça íntegra e honrada” sempre se esperou uma conduta específica. Outra forma de discriminação em relação às mulheres, ocorria na verificação do dolo no crime de sedução. Quanto a este, a interpretação mais bem aceita e utilizada pelos tribunais era a explicada por Nelson Hungria: [...] quanto ao dolo no crime de sedução, consiste ele na vontade de ter conjunção carnal com donzela maior de 14 anos e menor de 18, sabendo o agente que ela se entrega por inexperiência ou justificável confiança. O erro sobre a idade da ofendida, quando invencível (como, por exemplo, no caso de exibição de uma certidão falsa de registro civil, que atribua à ofendida idade superior a 18 anos), exclui-se o dolo. Se o erro era superável (exemplo: no caso de desenvolvimento precoce da ofendida), o agente não podia deixar de duvidar, e quem age na dúvida (dolo eventual), age por conta e risco (1981, p. 176). Como visto acima, para a caracterização do dolo deste delito, era necessário o agente ter ludibriado a vítima para que cedesse sexualmente a ele, abusando de sua confiança e inexperiência, ou seja, comprometendo a sua boa-fé fazendo-a acreditar que haveria um futuro casamento entre ambos, o que evidencia o julgamento da conduta moral da ofendida (HUNGRIA, 1981, p. 163). Ao analisar o delito de sedução na época de 1990, verificou-se, na conjuntura do Código Penal de 1940, a existência do inciso VII5 do artigo 107, o qual permitia a extinção da punibilidade caso a vítima se casasse com o agressor, previsto para todos os crimes sexuais do capítulo VI do Código. Além do mais, tal procedimento era aceito pelo artigo 15486 do Código Civil de 1916 (vigente nos anos 1990), estabelecendo que a ofendida tinha o direito de exigir do ofensor, se este não quisesse reparar o mal pelo casamento, um dote correspondente à condição e estado da ofendida. Em uma crítica, para além da sedução, constata-se como é abominável o fato de que podia haver como o agente criminoso “reparar” crimes sexuais mais graves, como o estupro. Havendo assim, meios para a impunidade do agente infrator, pois não pode ser interpretado o casamento como “castigo” pelo delito cometido. Assim, para concluir a visão da doutrina, o autor clássico Atugasmim Médici revela que os crimes sexuais eram considerados contra os costumes por se tratarem de um campo mais largo, o que daria ao juiz a premissa para a “livre apreciação da prova” verificando, assim, se a ação do agente afronta ao mínimo ético social exigido para a vida na sociedade (1941, p. 402 apud GASQUE, 2005, p. 02-03). 5 Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: VII - pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, definidos nos Capítulos I, II e III do Título VI da Parte Especial deste Código; 6 Art. 1.548. A mulher agravada em sua honra tem direito a exigir do ofensor, se este não puder ou não quiser reparar o mal pelo casamento, um dote correspondente à condição e estado da ofendida: I. Se, virgem e menor, for deflorada. II. Se, mulher honesta, for violentada, ou aterrada por ameaças. III. Se for seduzida com promessas de casamento. IV. Se for raptada. Dessarte, se a posição doutrinária abrilhantava os seus motivos para a existência do delito para velar de certo modo a avaliação da conduta feminina, ao explorar casos concretos será exposto como versava a fundamentação dos juízes em julgados realizados na década de 1990. 3.2. Os julgamentos Juízes, no geral, conservam uma linha de pensamento inerente à profissão, sem descartar certo modo de desempenho. No entanto, para demonstrar suas convicções e tendências pessoais, desenvolvem um conceito próprio de interpretação para julgar cada caso, demonstrando que cada juiz julga um determinado conflito jurídico de maneira diferente dos demais (DWORKIN, 1999, p. 109). No mais, é interessante ver como a nossa cultura jurídica muda através dos tempos, sendo perceptível que certas soluções ou pontos de vista de uma legislação tem sua popularidade aumentada em decorrência da inércia intelectual normal, que estimula os juízes a estabelecê-las em todos os propósitos práticos (DWORKIN, 1999, p. 111). Para tanto, nota-se que o crime de sedução, delito este que facilmente afronta valores constitucionais, era interpretado de modo a ser aceito em nosso ordenamento jurídico, sendo que o julgamento da vítima para averiguar a aplicação penal com o passar dos anos tornou-se imprescindível para a configuração do delito. Pode-se ver isso no seguinte trecho da Apelação Criminal Nº 805/92 do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), julgado em 21 de outubro de 1992: [...] não tinha a ofendida a menor ou qualquer razão plausível para confiar em um rapaz que efetivamente não era seu namorado e sequer frequentava a sua casa ou a exibia como tal perante à pequena comunidade local, ao qual não estava ligada por qualquer compromisso sério. Ora, uma vez ausente o elemento moral, imprescindível ao tipo, não há que se falar em sedução, tanto mais quando o ato sexual revela apenas um “fornicatio simplex”, ou seja, ocorrido naturalmente, por desejo bilateral e despido de qualquer proposta no sentido de quebrar a resistência moral da mulher ofendida ou mesmo despertar-lhe uma adormecida sensualidade, ou ainda em viciar-lhe a vontade (grifo nosso). A respeitável decisão acima, demonstra que, antes de verificar o dolo do réu, a conduta da vítima tinha de passar por uma análise, uma vez que deveria ser constatado se a jovem era uma “donzela” ingênua a ponto de não saber resistir às intenções masculinas. Para agregar ao exposto, colaciona-se o fragmento da Apelação Criminal Nº 690 020 995 do TJRS, julgado em 31 de maio de 1990: Deste modo, não se pode considerar a ofendida a mulher ingênua que se mostra incapaz de formular um juízo ético sobre a atividade sexual e as conseqüências de sua realização, o que caracterizaria a inexperiência para os efeitos do art. 217 do C. Penal. Sua afirmação de que, encontrando-se pela primeira vez com o réu numa lanchonete, aceitou seu convite, para passear de carro e, dali para a frente, passaram a se encontrar na saída do colégio ou no “som”, mostra-se que S. não era uma jovem ingênua ou recatada que merecesse a proteção da lei. Impressão esta que fica mais forte, ao se ler sua declaração judicial, onde informa, sem constrangimento, que a primeira relação sexual com o réu foi dentro de seu carro, numa noite que havia “um som” no clube AGS, quando dali rumaram até uma pracinha localizada no bairro Silos. Congresso sexual este que, pelo que se depreende do depoimento, realizou-se sem qualquer comprometimento dos dois (grifo nosso).7 Essas decisões por servirem de espelhos a inúmeros casos, geram aquilo que o ramo do direito chama de jurisprudência, ou seja, uma uniformização de decisões judiciais que tem a função de fornecer uma certa segurança jurídica para a decisão (NADER, 2019, p. 162). Contudo, percebe-se que as jurisprudências, pelo menos quanto ao crime de sedução, serviram para consolidar o julgamento prévio da vítima como elemento essencial para a configuração do delito, pois eram os tribunais que estabeleciam como deveria ser interpretada a “inexperiência” e a “justificável confiança”, pressupostos para a configuração do delito. Nesse sentido, as seguintes decisões estabelecem qual era o entendimento de “inexperiência” e a “justificável confiança”: 4. Às promessas de casamento negar o poder de seduzir é estabelecer o axioma do efetuar-se o casamento sem qualquer prometer antecedente. 5. O seduzir é um agir perene do homem em relação à mulher para o realizar dos fins programados pela natureza. 6. In casu, o imputar ao réu do seduzir resultou do aproveitar-se da justificável confiança gerada peloprolongar do namoro com a vítima de 1983 a 1985, e, ao final deste, o acusado propor o manter de relações sexuais seguidas de incontinente casamento. [...] 11. Por sinal, o afirmar da vítima de saber o que estava fazendo há de ser interpretado como o de estar ciente e consciente do entregar-se em razão da justificável confiança nas promessas de casamento, e não para conduzir ao reconhecer da experiência sexual. (RIO GRANDE DO SUL, 1992, grifo nosso). O réu, ao ser interrogado na repartição policial (fls. 15), não negou tivesse mantido relações de sexo com a vítima. No entanto, em momento algum, referiu fosse esta virgem. Em juízo negou a acusação (fls. 32). A própria vítima ao prestar depoimento em juízo (fls. 91 e v.) deixa claro que sabia ser o réu um homem casado, esclarecendo que este somente lhe prometeu 7 Neste trabalho, optou-se por suprimir o nome da vítima. casamento consumado o ato sexual. Informa, ao demais, que não era namorada do acusado. Diante deste contexto probatório, a absolvição era imperativa. A lei penal não proíbe o relacionamento sexual; procura, isso sim, dar proteção inexperiente e ingênua que se mostra incapaz de formular um juízo ético sobre a atividade sexual. (RIO GRANDE DO SUL, 1990, grifo nosso). No primeiro caso citado, verifica-se que a justificável confiança para a vítima ceder aos desejos sexuais do réu foi a promessa de casamento. Como se observa, foi necessário movimentar a máquina estatal para demonstrar que a vítima foi ignorante ao ceder aos encantamentos do réu, ou seja, mais uma vez foi inevitável o julgamento prévio da conduta da vítima. No segundo caso em análise, a mulher, por se envolver com homem que sabia que era casado, bem como por não ser mais virgem, foi entendida como não merecedora do amparo da lei, dado que o contexto em que a vítima estava inserida demonstrava que esta não possuía ingenuidade ou inexperiência. Assim, resta comprovado que a tipificação penal provoca o magistrado a julgar a vítima, para, após, julgar o réu. Portanto, os tribunais procediam de padrões, pois eram analisados apenas os pontos vistos nas doutrinas, passando a ser limitada demais conclusões. Todavia, a grande questão é no tocante a existência do delito após a promulgação da Constituição Federal de 1988, pois o polêmico artigo penal perdurou entre princípios constitucionais como o da dignidade humana. A sedução, inegavelmente, enfrentou a Constituição. Verifica-se que o delito da sedução existia no intuito de tentar resolver um problema social, principalmente no âmbito da educação sexual, visto que era um grande tabu para as famílias dialogar sobre esse assunto, sendo que, por consequência, não raras vezes as jovens mulheres engravidavam e os companheiros fugiam, em virtude da ausência de educação sexual. Frisa-se que por causa da lentidão do judiciário, tem-se julgamentos de fatos que ocorreram nos anos 1980. Todavia, os julgamentos dos tribunais foram realizados no decorrer dos anos 1990. Por fim, ressalta-se que a análise dos julgados acima expostos, foram realizados apenas com o intuito de demonstrar a aplicação do dispositivo legal. Considerações Finais A sedução, em tese, era um estupro com consentimento, o que pressupõe que a mulher não tem o poder de decisão sobre si mesma, devendo submeter-se à lei feita por homens, pois quando seus pais descobriam que suas filhas perdiam a “honra” familiar, estes pleiteavam reparação na esfera penal (HUNGRIA, 1981, p. 151). Logo, apesar de revogado, é interessante analisar que o crime de sedução persistiu por séculos, enquanto leis que visam auxiliar e proteger o direito das mulheres como, por exemplo, a Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006) e a Lei do Feminicídio (nº 13.104/2015) são frutos recentes de movimentos feministas e de direitos humanos. Além do mais, é espantoso ver que a pouco tempo, ou seja, na década de 1990 a mulher ainda era, mesmo que implicitamente, considerada muitas vezes como um objeto de prazer que pouco pensava racionalmente e, por tal circunstância, deveria obedecer e se submeter aos homens. Percebeu-se pela análise das decisões, que em nenhum momento, visou-se proteger a integridade da mulher, mas sim, um estereótipo construído por séculos de família perfeita e tradicional em que não há defeitos para além da sociedade brasileira. Um estereótipo de família em que mulheres ditas “decentes” saberiam resistir aos encantos dos homens. Estranho pensar como em uma violência sexual exercida por um homem, persista primeiro a prática social da desqualificação da vontade e do corpo da mulher e que, ainda hoje, considera-se tal violência como um mero conflito familiar. Sendo que poucas vezes se resolve no âmbito da intervenção judicial, razão pela qual se faz necessário ampla participação do Estado para prevenir, punir agressores e proporcionar às vítimas assistência e reparação (RAMOS, 2015, p. 364). Enfim, para as mulheres que seja inspiração a seguinte declaração de Simone de Beauvoir: As mulheres de hoje estão destronando o mito da feminilidade; começam a afirmar concretamente sua independência; mas não é sem dificuldade que conseguem viver integralmente sua condição de ser humano. Educadas por mulheres, no seio de um mundo feminino, seu destino normal é o casamento que ainda as subordina praticamente ao homem; o prestígio viril está longe de se ter apagado: assenta ainda em sólidas bases econômicas e sociais. É pois necessário estudar com cuidado o destino tradicional da mulher. Como a mulher faz o aprendizado de sua condição, como a sente, em que universo se acha encerrada, que evasões lhe são permitidas, [...]. Só então poderemos compreender que problemas se apresentam às mulheres que, herdeiras de um pesado passado, se esforçam por forjar um futuro novo (1980, p. 07). Sejam leis formuladas por homens ou decisões proferidas por estes, nesta pesquisa ficou evidente como a mulher ainda tem amplo caminho de lutas para conquistar espaços em ofícios que, infelizmente, não há igualdade. Referências BEAUVOIR, Simone. O Segundo Sexo: A Experiência Vivida. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1980. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1 / Cezar Roberto Bitencourt. 20. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo, Saraiva, 2014. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. _______. Decreto nº 847, de 11 de out. de 1890. Código Penal. Rio de Janeiro, 1890. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/D847.htm>. _______. 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