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O caso dos irmão Naves (1)


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O caso dos irmão Naves
 A década era de 30, mais precisamente em 1937, nesse ano acontecia a inauguração da ponte do veloso, que na época foi muito importante para a cidade de Araguari-MG, essa localidade, que era uma das maiores produtoras de arroz e feijão e outros tipos e grãos. Essa ponte ajudaria a escoar toda a produção daquela região. Joaquim Naves e Sebastião Naves, eram irmãos. Joaquim, era primo e socio do Benedito em um caminhão de entrega e distribuição de cerais. O caminhão era novo e custou 16 contos de réis, eles ainda pagavam algumas parcelas do caminhão. Os irmãos Naves, viviam com dificuldade, mas conseguiam se manter.
 Benedito, era filho de um fazendeiro que morava em um lugar chamado Nova Ponte, ele foi tentar a sorte em Araguari, pela cidade ser boa para os negócios, nela ele saberia com antecedência quanto custaria a saca do arroz e feijão. Ele emprestou dinheiro de muita gente para comprar a maior quantidade de grãos de arroz e feijão para estocar e consequentemente vender quando estivesse uma alta ainda maior desses produtos. Tiveram algumas altas do preço da saca desses grãos, mas ele estava convicto que iria subir mais o valor desses cereais, mas com toas as altas que tiveram o preço da saca do arroz e feijão começaram a cair, um dia, desesperado ele decide vender todo estoque dele para o dono dos galpões Lemos e Filhos, onde eram guardados seu estoque. Ele recebeu então um cheque de noventa contos de réis, isso não era o suficiente para pagar a todos a quem ele devia, com o cheque em mãos Benedito, vai ao banco e desconta o cheque, ficando com uma grande quantia de dinheiro em sua posse.
 Na festa da inauguração da ponte estavam ele, os irmãos Naves e um pequeno grupo da família, os irmãos sabiam que Benedito, estava carregando aquela quantia de dinheiro com ele e estavam preocupados. Ao aproveitarem a festa Benedito, tomou um rumo diferente dos irmãos Naves, indo para casa da sua tia, onde ele estava hospedado, lá ele jantou e logo saiu, indo a um cabaré encontrar uma moça em que ele tinha um relacionamento que se chamava Neném. Benedito, faz uma proposta a neném, convidando-a a ir embora para capital com ele, ela conhecendo-o, recusa a oferta. Benedito sai do cabaré por volta das duas horas da manhã, estava acompanhado por um amigo chamado João Santinho, despediram-se e de lá ele nunca mais foi visto.
 O delegado da cidade, na época, em que viviam o regime do estado novo, era também farmacêutico e o promotor era contador. Se precisassem de mais ajuda, teriam que chamar alguém da capital, pois não tinham polícia na cidade. Como Benedito, não voltou para casa no dia seguinte, os irmãos começaram a procura-lo como não acharam, eles vão até a delegacia contar ao delegado da cidade o que tinha acontecido. Ele então pede aos irmãos, para irem ate a casa dos pais do Benedito, ele foram e não o encontraram lá. Isso gera uma desconfiança enorme na população, um homem com uma quantia grande de dinheiro havia desaparecido. O povo faz uma pressão em cima do delegado para saber o que aconteceu, é aí que então ele pede ajuda a capital, eles mandam para cidade um tenente chamado Francisco Vieira dos Santos, esse tenente ao chegar na cidade pergunta sobre o caso ao delegado, que ao terminar de contar, o tenente conclui que já sabe quem são os culpados e que não precisa de uma investigação mais profunda, os culpados são os irmãos Naves. Um rapaz que sempre frequentava a casa do irmãos Naves, chamado Zé prontidão, que ao procurar um cachorro que sumira da casa do seu patrão, escutou a conversa da mãe dos irmãos e prontamente disse que tinha visto o Benedito, em sua cidade com uma mala e que ele não estava bem, que podia afirmar isso. Sabendo disso, a mãe e os irmãos Naves vão até a delegacia contar ao tenente o ocorrido, saindo da sala o tenente manda segurar o Joaquim para tortura-lo, chamou também o Zé prontidão para esclarecer o que ele tinha dito, mas o tenente não concordou com a história contada por ele. Levou ele para o porão onde ficou sete dias sendo torturado, ao sair de lá ele concordava com tudo que o tenente lhe perguntava. Joaquim, Sebastião e a sua mãe estavam sendo torturados para falar o que o tenente queria, mesmo assim eles não confessavam um crime que não cometeram. A mãe deles a Dona Ana, assim era chamada, na época já tinha 71 anos ela foi a mais agredida, torturada e estuprada na frente dos seus filhos e mesmo assim ela pedia pra não falar o que o tenente queria. Em um certo deixaram ela ir, o tenente Francisco, viu que os irmãos eram muito unidos e não iam falar nada, levaram os dois para o meio do mato lá separaram os irmãos e deram um tiro para que o Joaquim pensasse que tinham matado o Sebastião. 
 Joaquim leva um tiro de raspão do tenente Francisco e não aguentando mais as torturas, concorda colaborar com o tenente e assumindo um crime que não o cometeu. Levaram Joaquim para fazer a reconstituição de um crime que nunca existiu, além de confessar o crime que não existiu, o tenente manda procurar o dinheiro do Benedito e Joaquim procurou por dias um dinheiro que não sabia onde estava. Como Francisco não achava o dinheiro, ele fez o Joaquim confessar que a esposa dele sabia onde estava o dinheiro. A esposa e os filhos dos irmãos Naves também foram torturados, ate que tentaram estuprar a esposa do Joaquim, antes do ato consumado ela concorda em dizer o que o tenente quer. Depois de todos confessarem sob tortura que já durava meses. Dão início ao julgamento do irmãos Naves, sempre o tenente Francisco estava presente para coagir as testemunhas que foram torturadas por ele, contrariando a ordem processual, os acusados são interrogados depois das testemunhas, o advogado dos Naves não foi informado sobre esse interrogatório.
 Em 17 de março de 1938, toma posse o novo juiz da comarca, o advogado do irmãos Naves, tenta um segundo habeas corpus a favor dos irmãos, entretanto, também sem sucesso. A pedido do chefe de polícia, um coronel chega pra resolver o caso e continuar com as torturas, mas mesmo assim o dinheiro não foi encontrado. 27 de junho de 1938, tem início o primeiro julgamento dos irmãos Naves pelo júri popular de Araguari. Onde o júri absolveu os irmãos, entretanto, permaneceram presos aguardando o resultado da apelação da acusação de acordo com as normas judiciarias. O tribunal de justiça do estado acolhe a apelação da promotoria e anula o primeiro julgamento. 
 21 de março de 1939, começa o segundo julgamento dor irmãos Naves, pela segunda vez eles não julgados e absolvido pelo júri, mas não por unanimidade. O ministério publico apela novamente da decisão do júri, em 4 de julho de 1939, os irmãos Naves, são julgados e condenados há 25 anos e 6 meses de reclusão pelo os juízes do tribunal de justiça do estado. 1946, nova revisão do processo diminuiu a pena depois de cumprirem 8 anos de cárcere os irmãos Naves ganharam a liberdade condicional, 3 anos depois muito doente, Joaquim, morre em um asilo de Araguari. Sebastião Naves, encontra o Benedito escondido na fazenda do seu pai, depois de 15 longos anos, ele é detido pela polícia, mas não podia ser acusado de nada.
Depois disso a família foi indenizada tanto a do Joaquim quanto a do Sebastião, uma quantia que mau dava para comprar uma casa. Aos 97 anos de idade Dona Ana, foi considerada a melhor mãe do ano, onde recebeu um colar da primeira dama da época a Sara Kubitschek. Sebastião morre aos 53 anos de idade em 1963, dois meses depois a sua mãe também falece aos 97 anos de idade.

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