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Estruturas de Madeira e Metálicas com BIM Propriedades do Aço e Peças Tracionadas Michael Leone Madureira de Souza michael.souza@ibmr.br 1 / 90 Sumário 1 Introdução 2 Aços Estruturais 3 Peças Tracionadas 2 / 90 1 Introdução 2 Aços Estruturais 3 Peças Tracionadas 3 / 90 Introdução Conceitos O aço é uma liga de ferro-carbono em que o teor de carbono varia de 0,008% até 2,11%. O carbono aumenta a resistência do aço, tornando-o mais frágil. O ferro fundido comercial contém 2,0% a 4,3% de carbono. Tem elevada resistência a compressão (500 MPa), porém, a resistência a tração é bem inferior (cerca de 30% da compressão). O ferro forjado é praticamente um aço de baixo carbono. As pequenas part́ıculas de escórias espalhadas na massa do metal se apresentam em formas de fibra, devido às operações de laminação. 4 / 90 Introdução Aspectos Históricos A primeira ponte em ferro fundido foi a de Coalbrookdale, sobre o rio Severn, na Inglaterra. Trata-se de um arco com vão de 30 metros, constrúıdo em 1779. Utilizando o ferro forjado em forma de barras, por volta de 1820 foi constrúıda uma ponte suspensa em Menai, Páıs de Gales com um vão de 175 metros. Em meados do século XIX o ferro forjado começou a ser o material mais utilizado em função de sua maior segurança quando comparado com o ferro fundido. No Brasil, a ponta de 30 metros de vão sobre o rio Paráıba do Sul foi constrúıda em arcos de peças de ferro fundido e tirantes de ferro forjado. A inauguração ocorreu em 1857. 5 / 90 Introdução Aspectos Históricos Obras t́ıpicas dessa época são o: viaduc de Garabit, no sul da França. Ponte em arco biarticulado, com 165 metros de vão, constrúıda em 1884 estação ferroviária Quai d’Orsay em Paris, inaugurada em 1900. ponte Firth of Forth na Escócia, com 521 metros de vão constrúıda em 1890. 6 / 90 Introdução Aspectos Históricos Figure: Ponte de Coalbrookdale na Inglaterra 7 / 90 Introdução Aspectos Históricos (a) Ponte sob o rio Paráıba do Sul (b) Viaduc de Garabit 8 / 90 Introdução Aspectos Históricos Figure: Ponte Firth of Forth na Escócia. 9 / 90 Introdução Aspectos Históricos Até meados do século XX, utilizou-se basicamente o aço carbono com resistência a ruptura com cerca de 370 MPa. Os aços de maior resistência começaram a ser empregados a partir de 1950. No Brasil, a indústria siderúrgica foi implantada após a Segunda Guerra Mundial com a construção da Usina Presidente Vargas da CSN (companhia siderúrgica nacional) em Volta Redonda. Tanto a construção do Edif́ıcio Avenida Central (primeiro edif́ıcio alto em estrutura metálica no Brasil) em 1961 e a ponte Rio Niterói no peŕıodo militar são marcos da construção em aço no Brasil. 10 / 90 Introdução Aspectos Históricos Figure: Ponte Rio Niterói. 11 / 90 Processos de Fabricação Conceitos O principal processo de fabricação do aço consiste na produção do ferro fundido no alto-forno e posterior refinamento em aço no conversor do oxigênio. O objetivo é o refinamento do ferro fundido, ao qual são adicionados elementos de liga para produzir o aço especificado. Alto-forno. Os metais ferrosos são obtidos por redução dos minérios de ferro nos alto-fornos. Os materiais utilizados são o minério, o calcário e o coque. O produto é denominado ferro fundido ou gusa, sendo uma liga de ferro com alto teor de carbono e diversas impurezas. Conversos de oxigênio. O refinamento do ferro fundido em aço é feito no conversor de oxigênio e consiste em remover o excesso de carbono e reduzir a quantidade de impurezas a limites prefixados. 12 / 90 Processos de Fabricação Conceitos Figure: Funcionamento do alto-forno 13 / 90 Processos de Fabricação Conceitos Tratamento do aço na panela. Ocorre o refinamento do aço ĺıquido. Essa etapa consiste em remover os gases absorvidos pelo aço de forma a não prejudicar suas propriedades mecânicas. Lingoteamento. Da panela, o aço fundido é descarregado nas lingoteiras, que são fôrmas metálicas especiais que permitem a confecção de blocos, denominados lingotes, de forma troncocônica. Laminação. Na laminação ocorre a transformação do aço em seus principais produtos siderúrgicos, tais como as chapas e perfis laminados. As placas são inicialmente aquecidas ao rubro e introduzidas em laminadores desbastadores. 14 / 90 Processos de Fabricação Conceitos Figure: Lingoteamento cont́ınuo. 15 / 90 Processos de Fabricação Conceitos Figure: Esquema dos laminadores. 16 / 90 1 Introdução 2 Aços Estruturais 3 Peças Tracionadas 17 / 90 Aços Estruturais Conceitos A classificação dos aços ocorre segundo sua composição qúımica, seguindo dois grupos: aços-carbono e aços de baixa liga. Os dois tipos podem receber tratamentos térmicos que modificam suas propriedades mecânicas. Aço-carbono são os tipos mais usados, nos quais o aumento de resistência em relação ao ferro puro é produzido pelo carbono e, em menor escala, pelo manganês. Carbono Siĺıcio Manganês Cobre 2,0 % 0,60 % 1,65 % 0,35 % Em função do teor de carbono, distinguem-se três categorias: 1) baixo carbono: C < 0,29 % 2) médio carbono: 0,30 % < C < 0,59 % 3) alto carbono: 0,6 % < C < 2,0 % 18 / 90 Aços Estruturais Conceitos Os principais tipos de aço-carbono usados em estruturas, segundo os padrões da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), da ASTM (Americam Society for Testing and Materials) e das normas européias EN, são apresentados abaixo. Especificação Teor de Carbono Escoamento Ruptura fy [MPa] fu [MPa] ABNT MR250 baixo 250 400 ASTM A36 0,25 - 0,29 250 400 - 500 ASTM A307 (parafuso) baixo - - ASTM A325 (parafuso) médio 635 (min) 825 (min) EN S235 baixo 235 360 19 / 90 Aços Estruturais Conceitos Os aços de baixa liga são aços-carbono acrescidos de elementos de liga (cromo, colúmbio, cobre, manganês, molibdênio, etc.) os quais melhoram algumas propriedades mecânicas. Alguns elementos de liga produzem aumento de resistência através da modificação da microestrutura para grãos finos. Especificação Escoamento Ruptura fy [MPa] fu [MPa] ASTM 572 Gr.50 345 450 ASTM A588 345 485 ASTM A992 345 450 20 / 90 Aços Estruturais Padronização ABNT Segundo a NBR 7007 - Aços para perfis laminados para uso estrutural, os aços podem ser enquadrados nas seguintes categorias: MR250 - aço de média resistência fy = 250 MPa e fu = 400 MPa. AR350 - aço de alta resistência fy = 350 MPa e fu = 450 MPa. AR-COR415 - aço de alta resistência fy = 415 MPa e fu = 520 MPa, resistente a corrosão. o aço MR250 corresponde ao aço ASTM A36 21 / 90 Ensaios Mecânicos Tensões e Deformações Nas aplicações estruturais, as grandezas utilizadas com mais frequência são as tensões σ e as deformações unitárias ε. Seja uma haste reta solicitada por uma força F , aplicada na direção do eixo da peça, que tem área transversal A. σ = F A ε = ∆l l0 ∆l é a variação de comprimento e l0 o comprimento inicial. Dentro do regime elástico as tensões são proporcionais às deformações. Esta é chamada Lei de Hooke. σ = E · ε E é o módulo de elasticidade e ε a deformação unitária. 22 / 90 Ensaios Mecânicos Tração e Compressão Simples Figure: (a) tração; (b) compressão 23 / 90 Ensaios Mecânicos Diagramas tensão vs deformação 24 / 90 Ensaios Mecânicos Diagramas tensão vs deformação 25 / 90 Ensaios Mecânicos Tensões e Deformações No ensaio de cisalhamento simples, obtém-se um diagrama semelhante ao gráfico tensão σ e deformação ε. Neste caso tem-se a tensão cisalhante τ e distorção γ. De forma análoga ao módulo de elasticidade a inclinação de τ vs γ denomina-se módulo de cisalhamento G. G = E 2(1 + µ) onde mu é o coeficiente de deformação transversal (Poisson). No caso do aço, µ = 0, 3 e G = 77GPa. 26 / 90 Ensaios Mecânicos Diagramas tensão vs distorção 27 / 90 Propriedades dos Aços Constantes f́ısicas As seguintes caracteŕısticas f́ısicas podem ser adotadas em todos os tipos de aço estrutural na faixa normal de temperaturas atmosféricas: a) Módulo de elasticidade: E = 200 GPa. b) Coeficiente de Poisson: µ = 0, 3 c) Coeficiente de dilatação térmica: α = 12× 10−6 /o C d) Massa espećıfica: ρ = 7850 kg/m3. 28 / 90 Propriedades dos Aços Propriedades Ductilidade: capacidade de o material se deformar sob ação das cargas. Os aços dúcteis, quando sujeitos a tensões locais elevadas, sofrem deformações plásticas capazes de redestribuir as tensões. Pode ser medida pela deformação unitária residual após a ruptura do material. Fragilidade: é o oposto de ductilidade. Os aços podem se tornar frágeis pela ação de diversos agentes: baixas temperaturas ambientes, efeitos térmicos locais ocasionados, por exemplo, por solda elétrica, etc. É analisado sob dois aspectos: iniciação da fratura e sua propagação. 29 / 90 Propriedades dos Aços Propriedades Resiliência e Tenacidade: Estas duas propriedades se relacionam com a capacidade do metal de absorver energia mecânica e são definidas com aux́ılio dos diagramas tensão-deformação. Resiliência é a capacidade de absorver energia mecânica em regime elástico, ou, o que é equivalente, a capacidade de restituir a energia mecânica absorvida. Tenacidade é a energia total, elástica e plástica que o material pode absorver Dureza: representa a resistência ao risco ou abrasão. Mede-se pela resistência que a superf́ıcie do material oferece à penetração de uma peça de maior dureza. Fadiga: termo que se dà a ruptura de um material que por estar submetidos a esforços repetidos rompe com tensões muito inferiores às obtidas nos ensaios estáticos. Ex.: latinha de refrigerante. 30 / 90 Produtos Siderúrgicos Conceitos As usinas produzem aços para utilização estrutural sob diversas formas, a saber: chapas, barras, perfis laminados, fios trefilados, cordoalhas e cabos. As chapas, barras e perfis laminados são fabricados em laminadores que, em sucessivos passes, dão ao aço pré aquecido a seção desejada. Os fios trefilados são obtidos puxando uma barra de aço sucessivamente por meio de fieiras com diâmetros decrescentes. Esse processo ocorre a frio. Já as cordoalhas e cabos são formados por associação de fios. Perfis estruturais podem ainda ser fabricados por dobramento de chapas (perfis de chapa dobrada) e por associação de chapas através de solda (perfis soldados). 31 / 90 Produtos Siderúrgicos Produtos laminados Barras: produtos laminados nos quais duas dimensões (seção transversal) são inferiores em relação à terceira (comprimento). São laminadas em seção circular, quadrada ou retangular alongada (barras chatas). As usinas produzem aços para utilização estrutural sob diversas formas, a saber: chapas, barras, perfis laminados, fios trefilados, cordoalhas e cabos. Chapas: produtos laminados nos quais uma dimensão (espessura) é muito inferior as demais (comprimento e largura). São denominadas grossas quando a espessura é superior a 5,0 mm e finas quando a espessura é inferior a 5,0 mm. Perfis laminados: produtos laminados em forma de H, I (S), C (U), L (cantoneiras), etc. Normalmente são designados pelas suas dimensões externas nominais (altura ou altura e largura) em mm, seguidas da massa em kg/m. 32 / 90 Produtos Siderúrgicos Produtos laminados Trilhos: produtos laminados destinados a servir de apoio para as rodas metálicas de pontes rolantes ou trens Tubos: produtos laminados ocos de seção circular, retangular ou quadrada. Também podem ser obtidos através de chapas dobradas e soldagem. Fios: são obtidos por trefilação. Cordoalhas: são formados pela união em forma de hélice de três ou sete fios. Cabos: são obtidos pela união de fios trefilados finos agrupados em arranjos helicoidais variáveis. Chapa dobrada: chapas de aços cúvteis podem ser dobradas a frio, transformando-se em perfis de chapas dobradas. 33 / 90 Produtos Siderúrgicos Produtos laminados 34 / 90 Produtos Siderúrgicos Produtos laminados 35 / 90 Produtos Siderúrgicos Produtos laminados 36 / 90 Produtos Siderúrgicos Ligações em Estruturas de Aço As estruturas de aço são formadas por associação de peças ligadas entre si. Os meios de ligação possuem grande importância. São tipos de ligações de peças de aço: * Conectores: são instalados em furos que atravessam as peças a ligar. Por exemplo: rebites, parafusos e porcas; * Soldas: consiste em fundir as partes em contato de modo a provocar coalescência (junção) entre as peças. 37 / 90 Produtos Siderúrgicos Perfis soldados e compostos São perfis formados pela associação de chapas ou de perfis laminados simples, sendo a ligação, em geral, soldada. A NBR 5884 padronizou três séries de perfis soldados, a saber: perfil CS (colunas soldadas), VS (vigas soldadas) e CVS (colunas e vigas soldadas). Fios: são obtidos por trefilação. Cordoalhas: são formados pela união em forma de hélice de três ou sete fios. Cabos: são obtidos pela união de fios trefilados finos agrupados em arranjos helicoidais variáveis. Chapa dobrada: chapas de aços cúvteis podem ser dobradas a frio, transformando-se em perfis de chapas dobradas. 38 / 90 Produtos Siderúrgicos Produtos laminados 39 / 90 Produtos Siderúrgicos Produtos laminados 40 / 90 Produtos Siderúrgicos Detalhamento da Seção Transversal 41 / 90 Produtos Siderúrgicos Detalhamento da Seção Transversal 42 / 90 1 Introdução 2 Aços Estruturais 3 Peças Tracionadas 43 / 90 Peças Tracionadas Conceitos Denominam-se peças tracionadas as peças sujeitas a solicitações de tração axial ou tração simples. As peças tracionadas são empregadas nas estruturas sob diversas formas: (i) tirantes ou pendurais (ii) contraventamentos de torres (estais) (iii) tirantes de vigas armadas (iv) barras tracionadas de treliças 44 / 90 Peças Tracionadas Conceitos Figure: Elementos tracionados em estruturas 45 / 90 Peças Tracionadas Conceitos As peças tracionadas podem ser constitúıdas por barras de seção simples ou compostas, tais como: (i) barras redondas (ii) barras chatas (iii) perfis laminados simples (L, U, I) (iv) perfis laminados compostos As ligações das extremidades das peças tracionadas com outras partes da estrutura podem ser feitas por diversos meios: (i) soldagem (ii) conectores aplicados em furos (iii) rosca e porca (caso de varras rosqueadas) Nesse curso não serão avaliadas peças furadas. 46 / 90 Peças Tracionadas Conceitos Figure: Perfis utilizados em peças tracionadas 47 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Nas peças tracionadas com furos, as tensões no regime elástico não são uniformes, verificando-se tensões mais elevadas nas proximidades dos furos. No estado-limite último, graças a ductilidade do aço, as tensões atuam de maneira uniforme em toda seção da peça. Figure: Peças tracionadas com furo. 48 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento A força de tração que provoca a plastificação total da seção não se altera com a presença de tensões residuais. Adicionalmente, sabe-se que a carga que faz a peça atingir o estado-limite último independe das tensões residuais. O escoamento da seção com furos conduz a um pequeno alongamento da peça e não constitui um estado-limite. Figure: Diagrama de tração com tensões residuais. 49 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Nas peças em geral com furos, a resistência de projeto é dada pelo menor dos seguintes valores: a) Ruptura da seção com furos, de área An (área ĺıquida): Nt, Rd = An, ef · fu γa2 onde γa2 = 1, 35 quando de esforço axial solicitante decorrente de combinaçãonormal de ações, fu tensão resistente última à tração do aço e An, ef área ĺıquida efetiva. b) Escoamento da seção bruta, de área Ag (área bruta): Nt, Rd = Ag · fy γa1 onde γa2 = 1, 1 quando de esforço axial solicitante decorrente de combinação normal de ações, fy tensão de escoamento à tração do aço e Ag área bruta da seção. 50 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Em barras com furos, a área ĺıquida An é obtida subtraindo-se da área bruta Ag as áreas dos furos contidos em uma seção reta da peça. No caso de furação enviesada, é necessário pesquisar diversos percursos (1-1-1, 1-2-2-1) para encontrar o menor valor de seção ĺıquida, uma vez que a peça pode romper segundo qualquer um desses percursos. 51 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Os segmentos enviesados são calculados com um comprimento reduzido dado pela expressão emṕırica: g + s2 4 g onde s e g são respectivamente os espaçamentos horizontal e vertical entre furos. A área ĺıquida An de barras com furos pode ser representada pela equação: An = [ b− ∑ (d+ 3, 5 mm) + ∑ s2 4 g ] · t adotando-se o menor valor obtido nos diversos percursos pesquisados. 52 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Figure: Ilustração do cálculo simplificado da área ĺıquida. 53 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Quando a ligação é feita por todos os segmentos de um perfil, a seção participa integralmente da transferência dos esforços, o que não ocorre, por exemplo, nas ligações (a) da figura abaixo. Nesses casos as tensões se concentram no segmente ligado e não mais se distribuem em toda a seção. Esse efeito é considerado no cálculo da resistência à ruptura da seção com furos através do cálculo da área ĺıquida efetiva: An, ef = Ct ·An onde Ct é um fator redutor aplicado à área ĺıquida An no caso de ligações parafusadas. 54 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento 55 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Nos perfis de seção aberta, o fator redutor Ct é dado por: Ct = 1− ec l ≥ 0, 6 onde ec é a excentricidade do plano da ligação (ou da face do segmento ligado) em relação ao centro geométrico da seção toda ou da seção que resiste ao esforço transferido, l é o comprimento da ligação, que é igual à distância entre o primeiro e o último parafusos na direção da força. 56 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento As barras com extremidades rosqueadas, para este curso, são barras com diâmetro igual ou superior a 12 mm. Nesses casos o dimensionamento é determinado pela ruptura da seção da rosca. Considerando os tipos de rosca usadnos na indústria a relação entre a área efetiva à tração na rosca Aef e a área bruta da barra Ag varia entre 0,73 a 0,8. Portanto, a resistência de projeto de barras rosqueadas pode ser obtida por: Nt, Rd = (0, 75Ag) · fu γa2 ≤ Ag · fy γa1 onde γa1 = 1, 0 e γa2 = 1, 35 quando de esforço axial solicitante decorrente de combinação normal de ações. 57 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Apesar de o ı́ndice de esbeltez λ = l/imin, l comprimento entre pontos de apoio e imin raio de giração ḿınimo, não ter importância fundamental, uma vez que o esforços de tração tende a retificar a haste, reduzindo as excentricidades construtivas inicias, a NBR 8800 fixa λlim = 300. O objetivo da norma ao fixar o ı́ndice de esbeltez é reduzir os efeitos vibratórios provocados por impactos, ventos ou carregamentos dinâmicos. 58 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento No caso de perfis de chapas finas tracionados e ligados por conectores, além da ruptura da seção ĺıquida o colapso por rasgamento ao longo de uma linha de conectores pode ser determinante no dimensionamento. Neste tipo de colapso, cisalhamento de bloco, ocorre ruptura do segmento do perfil que recebe a ligação envolvendo o cisalhamento dos planos paralelos à força Av e tração no plano normal à força At. 59 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento A ruptura da área tracionada pode estar acompanhada da ruptura ou do escoamento das áreas cisalhadas, o que fornece a menor resistência. Portanto, tem-se que: Nt, Rd = 1 γa2 (0, 6fu ·Anv+Cts fuAnt) ≤ 1 γa2 (0, 6fy ·Agv+Cts fuAnt) onde 0, 6 fu e 0, 6 fy são respectivamente as tensões de ruptura e escoamento ao cisalhamento do aço, Anv e Agv são as áreas ĺıquidas e bruta cisalhadas, Ant a área ĺıquida tracionada, Cts é um coeficiente que vale 1,0 quando a tensão de tração na área Ant é uniforme e 0,5 para tensão não uniforme. A resistência é obtida com a soma das resistências à ruptura das áreas cisalhadas Anv e tracionada Ant, sendo que a resistência da área cisalhada deve ser limitada pelo escoamento ao cisalhamento. 60 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento 61 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Exemplo 1: Calcular a espessura necessária de uma chapa de aço MR250 com 100 mm de largura sujeita a um esforço axial devido, por exemplo por uma carga variável de utilização, F = 100 kN. Figure: Exemplo 1 62 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento A peça não possui furos, então a resistência é calculada pelo escoamento da seção bruta. Nt, Rd = Ag · fy γa1 O coeficiente da resistência do aço nesse cenário é dado por: γa1 = 1, 1 Para o aço MR250: fy = 250 MPa → fy = 25 kN/cm2 A solicitação é dada por: Sd = Fd · γf = 100 · 1, 5 → Sd = 150 kN Partindo da hipótese Rd = Sd: Nt, Rd = Rd = Sd → Nt, Rd = 150 kN Então, a área bruta: Ag = Nt, Rd · γa1 fy = 150 · 1, 1 25 Dessa forma: Ag = 6, 6 cm 2 63 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Entretanto, a área bruta da peça é dada por Ag = h · t, então: t = Ag h = 6, 6 10 → t = 0, 66 cm 64 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Exemplo 2: Refaça o cálculo da espessura de uma chapa no mesmo cenário do Exemplo 1, para diferentes tipos de aço, a saber: ASTM 572 Gr. 50, AR350 e AR-COR415. Figure: Exemplo 2 65 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Exemplo 3: Calcular a espessura necessária de uma chapa de aço MR250 com 100 mm de largura sujeita a um esforço axial devido, por exemplo por uma carga variável de utilização, F = 100 kN. Considere agora um fator de segurança Fs = 2, onde tem-se que Fs = Rd Sd . Figure: Exemplo 3 66 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento A peça não possui furos, então a resistência é calculada pelo escoamento da seção bruta. Nt, Rd = Ag · fy γa1 O coeficiente da resistência do aço nesse cenário é dado por: γa1 = 1, 1 Para o aço MR250: fy = 250 MPa → fy = 25 kN/cm2 A solicitação é dada por: Sd = Fd · γf = 100 · 1, 5 → Sd = 150 kN Da condição de projeto Rd Sd = 2, temos que: Rd = 2Sd → Nt, Rd = 300 kN Então, a área bruta: Ag = Nt, Rd · γa1 fy = 300 · 1, 1 25 Dessa forma: Ag = 13, 2 cm 2 67 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Entretanto, a área bruta da peça é dada por Ag = h · t, então: t = Ag h = 13, 2 10 → t = 1, 32 cm 68 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Exemplo 4: Refaça o cálculo da espessura de uma chapa no mesmo cenário do Exemplo 3, para diferentes tipos de aço, a saber: ASTM 572 Gr. 50, AR350 e AR-COR415. Figure: Exemplo 4 69 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Exemplo 5: Duas chapas 22 x 300 mm são emendadas por meio de talas com 2 x 8 parafusos de φ 22 mm. Verifique se as dimensões das chapas são satisfatórias admitindo-se aço MR250 e esforço solicitante F = 300 kN de elementos construtivos. Figure: Exemplo 5 70 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento A resistência à tração dessa peça será dada pelo menor valor entre a ruptura da seção com furose escoamento da seção bruta. Considerando inicialmente o escoamento da seção bruta: O coeficiente da resistência do aço nesse cenário é dado por: γa1 = 1, 1 Para o aço MR250: fy = 250 MPa → fy = 25 kN/cm2 A solicitação é dada por: Sd = Fd · γf = 300 · 1, 35 → Sd = 405 kN Da condição de projeto Rd Sd = 1, temos que: Rd = Sd → Nt, Rd = 405 kN Então, a área bruta: Ag = h · t = 30 · 2, 2 → Ag = 66 cm2 Portanto, a resistência pelo escoamento é dado por: Nt, Rd = 66 · 25 1, 1 Nt, Rd = 1500 kN > Sd = 405 kN, ok! 71 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Considerando inicialmente o ruptura da seção com furos: Para o aço MR250: fu = 400 MPa → fy = 40 kN/cm2 O coeficiente da resistência do aço nesse cenário é dado por: γa2 = 1, 35 A solicitação Sd não se altera. Cálculo da área ĺıquida efetiva: An = [ b− ∑ (d+ 3, 5 mm) + ∑ s2 4 g ] · t Neste cenário está descartado outro caminho de ruptura diferente do vertical. Então: An = [30− 4 · (2, 2 + 0, 35)] · 2, 2 = 43, 56 cm2 Portanto, a resistência pela ruptura da seção ĺıquida: Nt, Rd = 43, 56 · 40 1, 35 Nt, Rd = 1290 kN > Sd = 405 kN, ok! 72 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Portanto, a peça foi dimensionada de forma satisfatória, com resistência Nt, Rd = 1290 kN. O fator de segurança pode ser calculado por: Fs = 1290 405 = 3, 1 73 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Exemplo 6: Duas chapas 28 cm x 20 mm são emendadas por traspasse, com parafusos d = 20 mm, sendo os furos realizados por punção. Calcule o esforço resistente de projeto das chapas, admitindo-as submetidas à tração axial. Aço MR250. Figure: Exemplo 6 74 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento A resistência à tração dessa peça será dada pelo menor valor entre a ruptura da seção com furos e escoamento da seção bruta. Considerando inicialmente o escoamento da seção bruta: O coeficiente da resistência do aço nesse cenário é dado por: γa1 = 1, 1 Para o aço MR250: fy = 250 MPa → fy = 25 kN/cm2 A área bruta: Ag = h · t = 28 · 2 → Ag = 56 cm2 Portanto, a resistência pelo escoamento é dado por: Nt, Rd = 56 · 25 1, 1 Nt, Rd = 1273 kN 75 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Considerando inicialmente o ruptura da seção com furos: Para o aço MR250: fu = 400 MPa → fy = 40 kN/cm2 O coeficiente da resistência do aço nesse cenário é dado por: γa2 = 1, 35 Neste caso é necessário avaliar 3 seções de ruptura. Então: 76 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Cálculo da área ĺıquida efetiva: An = [ b− ∑ (d+ 3, 5 mm) + ∑ s2 4 g ] · t Caminho 1-1-1: An = [28− 2 · (2 + 0, 35)] · 2 = 46, 6 cm2 Caminho 2-2-2: An = [ 28− 4 · (2 + 0, 35) + 2 · 7, 5 2 4 · 5 ] · 2 = 48, 45 cm2 Caminho 3-3-3: An = [ 28− 5 · (2 + 0, 35) + 4 · 7, 5 2 4 · 5 ] · 2 = 55 cm2 A área utilizada é a menor entre todas as avaliações: An = 46, 6 cm 2 Portanto, a resistência a ruptura: Nt, Rd = 46, 6 · 40 1, 35 = 1381 kN Resistência final do elemento: Nt, Rd = 1273 kN. 77 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Exemplo 7: Calculo o diâmetro do tirante capaz de suportar uma carga axial de 150 kN do tipo permanente, com grande variabilidade, sabendo-se que a transmissão é realizada por um sistema de roscas e porcas. Admita aço MR250. 78 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento O dimensionamento de barras rosqueadas é realizado por: Nt, Rd = (0, 75Ag) · fu γa2 ≤ Ag · fy γa1 Coeficientes de resistência: γa1 = 1, 1 e γa2 = 1, 35 Para o aço MR250: fy = 25 kN/cm 2 e fu = 40 kN/cm 2 A solicitação é dada por: Sd = Fd · γf = 150 · 1, 4 → Sd = 210 kN Da condição de projeto Rd Sd = 1, temos que: Rd = Sd → Nt, Rd = 210 kN Ag = Nt, Rd · γa2 0, 75 · fu ≥ Nt, Rd · γa1 fy Ag = 210 · 1, 35 0, 75 · 40 = 9, 45 cm2 ≥ 210 · 1, 1 25 = 9, 24 cm2 79 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Como é uma barra: Ag = π · d/4 → d = √ 4 ·Ag/π = √ 4 · 9, 45/π Portanto, a barra tem diâmetro: d ≥ 3, 5 cm 80 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Exemplo 8: Para a cantoneira L 178 x 102 x 12,7 mm indicada abaixo, determine: a) a área ĺıquida, sendo os conectores de diâmetro igual a 22 mm; b) maior comprimento admisśıvel, para esveltez máxima igual a 300. 81 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento a) Cálculo da área ĺıquida efetiva: An = [ b− ∑ (d+ 3, 5 mm) + ∑ s2 4 g ] · t Para facilitar a visualização dos caminhos a cantoneira pode ser rebatida com um comprimento dado pela média dos comprimentos vermelho e azul. Comprimento vermelho: Lv = 2 · 64 = 128 mm Comprimento azul: La = 2 · (64− 12, 7) = 102, 6 mm Comprimento médio: L = La + Lv 2 = 115, 3 mm 82 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento b) Caminho 1-1-1: An = [26, 7− 2 · (2, 2 + 0, 35)] · 1, 27 = 27, 43 cm2 Caminho 2-2-2: An = [ 26, 7− 3 · (2, 2 + 0, 35) + 7, 6 2 4 · 7, 6 + 7, 62 4 · 11, 5 ] · 1, 27 = 28, 20 cm2 A área utilizada é a menor entre todas as avaliações: An = 27, 43 cm 2 83 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento b) Indice de esbeltez é dado por: λ = l/imin sendo o raio de giração ḿınimo dado pela equação imin = √ Imin/A Entretanto, é comum utilizar as propriedades geométricas dadas pelas tabelas dos fornecedores dos perfis. Fazendo uma média entre a cantoneira 203x102x12,7 mm e 152x102x12,7 mm: imin = 2, 21 + 2, 18 2 = 2, 2 cm. Então, sabendo que λmax = 300: l = λmax · imin = 300 · 2, 2 → l = 660 ∴ l = 6, 6m. 84 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Exemplo 8: Calcule o esforço de tração resistente para o perfil U 381 x 50,4 em aço MR250, supondo conectores de diâmetro 22 mm. Figure: Exemplo 8 85 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Considerando inicialmente o escoamento da seção bruta: O coeficiente da resistência do aço nesse cenário é dado por: γa1 = 1, 1 Para o aço MR250: fy = 250 MPa → fy = 25 kN/cm2 A área bruta (tabelada): Ag64, 2 cm 2 Portanto, a resistência pelo escoamento é dado por: Nt, Rd = 64, 2 · 25 1, 1 Nt, Rd = 1459 kN 86 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Considerando inicialmente o ruptura da seção com furos: Para o aço MR250: fu = 400 MPa → fy = 40 kN/cm2 O coeficiente da resistência do aço nesse cenário é dado por: γa2 = 1, 35 A área ĺıquida efetiva é função do coeficiente de redução: An ef = Ct ·An Então: Ct = 1− ec l = 1− 2 7, 5 → Ct = 0, 73 ≤ 0, 6 Atenção!! l é a distância entre o primeiro e último conector da ligação na direção da força. Logo: An ef = 0, 733 · 54 = 39, 58 cm2 Portanto, a resistência pela ruptura da seção ĺıquida: Nt, Rd = 39, 58 · 40 1, 35 Nt, Rd = 1173 kN 87 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Considerando agora a ruptura por cisalhamento de bloco no peŕımetro da área hachurada: Resistência por ruptura de bloco é calculada por: Nt, Rd = 1 γa2 (0, 6fu ·Anv + Cts fuAnt) ≤ 1 γa2 (0, 6fy ·Agv + Cts fuAnt) A área bruta cisalhada é dada por (sup. e inf.): Agv = 2 · [1 · (7, 5 + 7, 5)] = 30 cm2 A área ĺıquida cisalhada é dada por (sup. e inf.): Anv = 2 · {1 · [15− 1, 5 · (2, 2 + 0, 35)]} = 22, 35 cm2 A área ĺıquida tracionada é dada por: Ant = 1 · [3 · 8, 5− 3 · (2, 2 + 0, 35)] = 17, 85 cm2 O coeficiente Cts = 1 88 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento 89 / 90 Peças Tracionadas Critérios de Dimensionamento Então: Nt, Rd = 1 1, 35 (0, 6 · 40 · 22, 35 + 1 · 40 · 17, 85) = 926 kN ≤ 1 1, 35 (0, 6 · 25 · 30 + 1 · 40 · 17, 85) = 862 kN Portanto, o esforço resistente de tração do perfil é limitado pelo cisalhamento de bloco, Nt, Rd = 862 kN. 90 / 90 Introdução Aços Estruturais Peças Tracionadas
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