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Estruturas de Madeira e Metálicas com BIM Madeira como Elemento Estrutural Michael Leone Madureira de Souza michael.souza@ibmr.br 1 / 45 Sumário 1 Introdução 2 Propriedades F́ısicas 3 Defeitos das Madeiras 4 Produtos de Madeira 5 Resistência da Madeira 6 Ações 2 / 45 1 Introdução 2 Propriedades F́ısicas 3 Defeitos das Madeiras 4 Produtos de Madeira 5 Resistência da Madeira 6 Ações 3 / 45 Introdução Conceitos A madeira é provavelmente o material de construção mais antigo, dada sua disponibilidade na natureza e relativa facilidade de manuseio. Aspectos positivos: (1) excelente relação resistência/peso próprio. (2) facilidade de fabricação de seus produtos. (3) bom isolamento térmico. Aspectos negativos: (1) sujeita a degradação biológica (fungos, brocas, etc.). (2) senśıvel a ação do fogo. (3) apresenta inúmeros ”defeitos” (nós, fendas, etc.). Porém, esses aspectos negativos são facilmente superados com o uso de produtos industriais de madeira convenientemente tratados. 4 / 45 Introdução Conceitos As madeiras utilizadas em construções são obtidas de troncos de árvores e possuem duas categorias principais: * madeiras duras: provenientes de árvores frondosas (dicotiledôneas, da classe Angiosperma) de crescimento lento. Ex.: peroba, ipê, aroeira, carvalho, etc. * madeiras macias: provenientes em geral de árvores de crescimento rápido (cońıferas). Ex.: pinheiro do paraná, pinheiro bravo, etc. Essas categorias distinguem-se pela estrutura celular dos troncos e não propriamente pela resistência. 5 / 45 Introdução Conceitos As árvores produtoras de madeira de construção são do tipo exogênica, que crescem pela adição de camadas. A seção transversal de um tronco de árvore possui as seguintes camadas: a) casca: proteção externa da árvore, formada por uma camada externa morta, de espessura variável com a idade e as espécies. b) alburno: camada formada por células vivas que conduzem a seiva das raizes para as folhas c) cerne: com o crescimento, as células vivas do alburno tornam-se inavitas e constituem o cerne. De coloração mais escura, tem função de sustentação do tronco. d) medula: tecido macio no qual se verifica o primeiro crescimento da madeira. e) câmbio local onde são gerados novos anéis em volta da medula. Também geram células da casca. 6 / 45 Introdução Macroestrutura da Madeira Figure: Seção transversal de um tronco. Fonte: Estruturas de Madeira, Pfeil. 7 / 45 1 Introdução 2 Propriedades F́ısicas 3 Defeitos das Madeiras 4 Produtos de Madeira 5 Resistência da Madeira 6 Ações 8 / 45 Propriedades F́ısicas Conceitos - Anisotropia Devido à orientação das células, a madeira é um material anisotrópico. Ocorre em função de a madeira apresentar três direções principais: longitudinal, radial e tangencial. A diferença de propriedades entre as direções radial e tangencial raramente tem importância prática. Porém é necessário diferenciar as propriedades na direção principal das fibras (longitudinal) e na direção perpendicular à essas fibras. 9 / 45 Propriedades F́ısicas Conceitos - Anisotropia Figure: Anisotropia da madeira. Direção longitudinal (L), direção radial (R) e tangencial (T). 10 / 45 Propriedades F́ısicas Conceitos - Retração As madeiras sofrem retração ou inchamento com a variação da umidade entre 0 % e o ponto de saturação das fibras (30 %). O fenômeno é mais importante na direção tangencial. A retração na direção radial é cerca da metade da verificada na direção tangencial. Na direção longitudinal a retração é menos pronunciada. 11 / 45 Propriedades F́ısicas Conceitos - Retração Figure: Diagramas de retração ou inchamento. Legenda: (a) vista isométrica e (b) curva de retração ou inchamento linear. 12 / 45 Propriedades F́ısicas Conceitos - Dilatação Linear O coeficiente de dilatação linear das madeiras na direção longitudinal varia entre (0,3 a 0,45)·10−5/ºC. Esse valor é cerca de 1/3 do coeficiente de dilatação linear do aço. Na direção tangencial ou radial, o coeficiente de dilatação varia com o peso espećıfico da madeira. Para madeiras duras o coeficiente é da ordem de 4, 5 · 10−5/ºC e para madeiras moles da ordem de 8 · 10−5/ºC. Conclui-se portanto que o coeficiente de dilatação linear na direção perpendicular às fibras varia de 4 a 7 vezes o coeficiente de dilatação do aço. 13 / 45 Propriedades F́ısicas Conceitos - Deterioração A madeira está sujeita a deterioração por diversas origens, dentre as quais se destacam o ataque biológico e ação do fogo. Fungos, cupins, moluscos e crustáceos marinhos são exemplos de agentes biológicos que se instalam na madeira para se alimentar de seus produtos. A vulnerabilidade da madeira de construção a esse ataque depende: da camada do tronco de onde foi extráıda a madeira (o alburno é mais senśıvel à degradação que o cerne). da espécie da madeira. das condições ambientais, caracterizadas pelos ciclos de reumidificação, pelo contato com o solo, com água doce ou salgada. Por ser combust́ıvel a madeira é frequentemente considerada um material de pequena resistência ao fogo. Porém, quando adequadamente projetadas e constrúıdas possuem ótimo desempenho sob ação do fogo. 14 / 45 1 Introdução 2 Propriedades F́ısicas 3 Defeitos das Madeiras 4 Produtos de Madeira 5 Resistência da Madeira 6 Ações 15 / 45 Defeitos das Madeiras Conceitos As peças utilizadas nas construções apresentam uma série de defeitos que prejudicam a resistência, o aspecto ou a durabilidade. Esses defeitos podem provir da constituição do tronco ou do processo de preparação das peças. São os principais defeiros: Nós: imperfeição da madeira nos pontos dos troncos onde existiam galhos. Fendas: Aberturas nas extremidades das peças, produzidas pela secagem mais rápida na superf́ıcie; ficam situadas em planos longitudinais radiais, atravessando os anéis de crescimento. Gretas ou ventas: separação entre os anéis anuais, provocada por tensões internas devidas ao crescimento lateral da árvore ou por ações externas, como flexão provocada por ventos. Abaulamento: encurvamento na direção longitudinal. Fibras reversas: fibras não paralelas ao eixo da peça. Podem ser provocadas por causas naturais ou por serragem. 16 / 45 Defeitos das Madeiras Conceitos Figure: Defeitos das madeiras. Legenda: (a) nós, (b) fendas, (c) gretas, (d, e) abaulamento e (f) fibras reversas. 17 / 45 1 Introdução 2 Propriedades F́ısicas 3 Defeitos das Madeiras 4 Produtos de Madeira 5 Resistência da Madeira 6 Ações 18 / 45 Produtos de Madeira Conceitos As madeiras utilizadas nas construções podem ser divididas em duas categorias: a) madeiras maciças: madeira bruta ou roliça, falquejada e serrada. b) madeiras industrializadas: madeira compensada e laminada (microlaminada e colada). 1) Roliça: é utilizada com mais frequência em construções provisórias, como escoramento. 2) Falquejada: é obtida de troncos por corte com machado. Também é utilizada com mais frequência em construções provisórias. 3) Serrada: é obtida pela serragem e desdobramento de troncos. Possuem diversos tipos de corte e são amplamente utilizadas (caibros, sarrafos, etc.). 19 / 45 Produtos de Madeira Conceitos 20 / 45 Produtos de Madeira Conceitos 4) Compensada: é formada pela colagem de três ou mais lâminas, alternando-se as direções das fibras em ângulos retos. Objetivo de alcançar certa isotropia. Formam chapas de dimensões padronizadas. Figure: (a) Seção da peça e (b) corte rotatório. 21 / 45 Produtos de Madeira Conceitos 5) Laminada e colada: é um produto estrutural, formado por associação de lâminas de madeira selecionada, coladas com adesivos e sob pressão. As fibras das lâminas têm direções paralelas. Figure: (a) Vista isométricae (b) detalhe das emendas. 22 / 45 1 Introdução 2 Propriedades F́ısicas 3 Defeitos das Madeiras 4 Produtos de Madeira 5 Resistência da Madeira 6 Ações 23 / 45 Resistência da Madeira Conceitos As propriedades f́ısicas e mecânicas das espécies de madeira são determinadas por meio de ensaios padronizados em amostras sem defeitos. No Brasil, estes ensaios estão descritos no Anexo B da NBR 7190. De acordo com essa norma, para a caracterização completa da madeira para uso em estruturas é necessário determinar as seguintes propriedades: 1) resistência à compressão paralela, fc, e normal fcn às fibras. 2) resistência à tração paralela, ft, e normal ftn às fibras. 3) resistência ao cisalhamento paralelo, fv às fibras. 4) módulo de elasticidade na compressão paralela, Ec, e normal Ecn às fibras. 5) densidade básica, ρm, que é a massa espećıfica definida pela razão entre a massa seca e o volume saturado e densidade aparente, ρap calculada com a massa do corpo de prova com umidade de 12 %. 24 / 45 Resistência da Madeira Conceitos Compressão paralela às fibras Tração paralela às fibras Tração normal às fibras Cisalhamento normal às fibras 25 / 45 Resistência da Madeira Conceitos De acordo com a NBR 7190, quando não se conhecem os valores experimentais efetivos, de forma conservadora, admite-se que a resistência caracteŕıstica de interesse seja calculada por: fk = 0, 7 · fm onde fk é a resistência caracteŕıstica e fm é o valor médio dessa resistência. O valor de cálculo é obtido a partir dos mesmos prinćıpios utilizados no estudo do aço. Portanto: fd = Kmod · fk γw onde fd é a resistência de cálculo, Kmod é o coeficiente de modificação e γm os coeficientes de minoração das resistências. 26 / 45 Resistência da Madeira Coeficientes de modificação (Kmod) De acordo com a NBR 7190, os coeficientes de modificação Kmod afetam os valores de cálculo das propriedades da madeira em função da: 1) classe de carregamento da estrutura 2) classe de umidade admitida 3) classe da categoria da madeira Kmod = Kmod1 ·Kmod2 ·Kmod3 onde: Kmod1: considera a classe do carregamento e o tipo de material utilizado. Kmod2: considera a classe de umidade carregamento e o tipo de material utilizado. Kmod3: considera a categoria da madeira. 27 / 45 Resistência da Madeira Coeficientes de modificação (Kmod) Table: Valores do Kmod1. Carga Serrada, laminada, Recomposta colada ou compensada Permanente 0,6 0,3 Longa duração 0,7 0,45 Média duração 0,8 0,65 Curta duração 0,9 0,9 Instantânea 1,1 1,1 28 / 45 Resistência da Madeira Coeficientes de modificação (Kmod) Table: Classes de carregamento. Carga Duração da carga Permanente Toda vida útil Longa duração Mais de 6 meses Média duração 1 semana a 6 meses Curta duração Menos de 1 semana Instantânea Muito curta 29 / 45 Resistência da Madeira Coeficientes de modificação (Kmod) Table: Valores do Kmod2. Classe Serrada, laminada, Recomposta umidade colada ou compensada 1 e 2 1,0 1,0 3 e 4 0,8 0,9 30 / 45 Resistência da Madeira Coeficientes de modificação (Kmod) Table: Classe de umidade. Classe Umidade relativa Umidade umidade do ambiente da madeira 1 < 65% 12 % 2 65 < U < 75% 15 % 3 75 < U < 85% 18 % 4 U > 85% > 25 % 31 / 45 Resistência da Madeira Coeficientes de modificação (Kmod) Table: Valores do Kmod3. Categoria Kmod3 Primeira 1,0 Segunda 0,8 onde a primeira categoria indica que as peças são isentas de defeitos e a segunda categoria as peças possuem poucos defeitos. Peças com muitos defeitos não são utilizadas em estruturas. 32 / 45 Resistência da Madeira Coeficientes de minoração (γw) De acordo com a NBR 7190, os coeficientes de minoração γw afetam os valores de cálculo devido a variações dos valores caracteŕısticos. Em dimensionamentos no ELU podem ser utilizados os seguintes coeficientes: γwc = 1, 4: estados limites últimos decorrentes de tensões de compressão paralela às fibras. γwt = 1, 8: estados limites últimos decorrentes de tensões de tração paralela às fibras. γwv = 1, 8: estados limites últimos decorrentes de tensões de cisalhamento paralelo às fibras. γw = 1, 0: estados limites de serviço. 33 / 45 Resistência da Madeira Valores de cálculo Portanto, tem-se os seguintes valores de cálculo: fcd = Kmod · fck γwc , ftd = Kmod · ftk γwt , fvd = Kmod · fvk γwv onde fcd é o valor de cálculo da resistência a compressão paralela às fibras, ftd é o valor de cálculo da resistência à tração paralela às fibras e fvd é o valor de cálculo da resistência ao cisalhamento. fck, ftk e fvk são os respectivos valores caracteŕısticos. 34 / 45 Resistência da Madeira Valores de referência NBR 7190 35 / 45 Resistência da Madeira Valores de referência NBR 7190 36 / 45 Resistência da Madeira Valores de referência NBR 7190 37 / 45 Resistência da Madeira Exerćıcio 1 Calcule as resistências à compressão, ao cisalhamento e a tração paralelas às fibras para a espécie Citriodora. Considere a utilização de madeira serrada de segunda categoria, classe de umidade 2 e carregamento de longa duração. Solução: Compressão fc = 62MPa, fck = 0, 7 · fc −→ fck = 0, 7 · 62 = 43, 3MPa Tração ft = 123, 6MPa, ftk = 0, 7 · ft −→ ftk = 0, 7 · 123, 6 = 86, 5MPa Cisalhamento fv = 10, 7MPa, fvk = 0, 7 · fv −→ fvk = 0, 7 · 10, 7 = 7, 5MPa 38 / 45 Resistência da Madeira Exerćıcio 1 Calcule as resistências à compressão, ao cisalhamento e a tração paralelas às fibras para a espécie Citriodora. Considere a utilização de madeira serrada de segunda categoria, classe de umidade 2 e carregamento de longa duração. Solução: Compressão fc = 62MPa, fck = 0, 7 · fc −→ fck = 0, 7 · 62 = 43, 3MPa Tração ft = 123, 6MPa, ftk = 0, 7 · ft −→ ftk = 0, 7 · 123, 6 = 86, 5MPa Cisalhamento fv = 10, 7MPa, fvk = 0, 7 · fv −→ fvk = 0, 7 · 10, 7 = 7, 5MPa 38 / 45 Resistência da Madeira Exerćıcio 1 Kmod1 = 0, 7 madeira serrada com carregamento de longa duração. Kmod2 = 1, 0 madeira serrada com classe de umidade 1 ou 2. Kmod3 = 0, 8 segunda categoria. Portanto: Kmod = Kmod1 ·Kmod2 ·Kmod3 = 0, 56 Compressão fcd = Kmod · fckγwc = 0, 56 · 43,3 1,4 −→ fcd = 17, 3MPa Tração ftd = Kmod · ftkγwt = 0, 56 · 86,5 1,8 −→ ftd = 26, 9MPa Cisalhamento fvd = Kmod · fvkγwv = 0, 56 · 7,5 1,8 −→ fvd = 2, 3MPa 39 / 45 Resistência da Madeira Exerćıcio 1 Calcule as resistências à compressão, ao cisalhamento e a tração paralelas às fibras para a espécie Garapa Roraima. Considere a utilização de madeira laminada de primeira categoria, com umidade relativa de 55 % e carregamento de média duração. Solução: Compressão fc = 78, 4MPa, fck = 0, 7 · fc −→ fck = 0, 7 · 78, 4 = 54, 9MPa Tração ft = 108, 0MPa, ftk = 0, 7 · ft −→ ftk = 0, 7 · 108, 0 = 75, 6MPa Cisalhamento fv = 11, 9MPa, fvk = 0, 7 · fv −→ fvk = 0, 7 · 11, 9 = 8, 3MPa 40 / 45 Resistência da Madeira Exerćıcio 1 Calcule as resistências à compressão, ao cisalhamento e a tração paralelas às fibras para a espécie Garapa Roraima. Considere a utilização de madeira laminada de primeira categoria, com umidade relativa de 55 % e carregamento de média duração. Solução: Compressão fc = 78, 4MPa, fck = 0, 7 · fc −→ fck = 0, 7 · 78, 4 = 54, 9MPa Tração ft = 108, 0MPa, ftk = 0, 7 · ft −→ ftk = 0, 7 · 108, 0 = 75, 6MPa Cisalhamento fv = 11, 9MPa, fvk = 0, 7 · fv −→ fvk = 0, 7 · 11, 9 = 8, 3MPa 40 / 45 Resistência da Madeira Exerćıcio 1 Kmod1 = 0, 8 madeira laminada com carregamento de média duração. Kmod2 = 1, 0 madeira laminada com classe de umidade 1 ou 2. Kmod3 = 1, 0 primeira categoria. Portanto: Kmod = Kmod1 ·Kmod2 ·Kmod3 = 0, 8 Compressão fcd = Kmod · fckγwc = 0, 8 · 54,9 1,4 −→ fcd = 31, 4MPa Tração ftd = Kmod · ftkγwt = 0, 8 · 75,6 1,8 −→ ftd = 33, 6MPa Cisalhamento fvd = Kmod · fvkγwv = 0, 8 · 8,3 1,8 −→ fvd =3, 7MPa 41 / 45 1 Introdução 2 Propriedades F́ısicas 3 Defeitos das Madeiras 4 Produtos de Madeira 5 Resistência da Madeira 6 Ações 42 / 45 Ações Conceitos As expressões para cálculo de solicitações combinadas no Estado Limite Último em situações normais da NBR 7190 são análogas às verificadas na NBR 8800. Fd = Ng∑ i=1 (γg,i · Fgk,i) + γq,1 · Fqk,1 + Nq∑ j=1 (γq,j ·Ψ0,j · Fqk,j) Fgk,i: representa os valores caracteŕısticos das ações permanetes, com i = 1, · · · , Ng, onde Ng é o número de cargas permanentes. Fqk,1: representa o valore caracteŕıstico da ação variável considerada principal nessa combinação. Fqk,j : representa os valores caracteŕısticos das ações variáveis que podem atuar simultaneamente, com j = 1, · · · , Nq, onde Nq é o número de cargas variáveis consideradas secundárias nessa combinação. 43 / 45 Ações Conceitos 44 / 45 Ações Conceitos 45 / 45 Introdução Propriedades Físicas Defeitos das Madeiras Produtos de Madeira Resistência da Madeira Ações
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