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AULA DE REVISÃO 03 CAPÍTULO 02 TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA No passado remoto e durante muito tempo na história da humanidade, a produção para autoconsumo era prática corrente. O homem precisava construir sua casa, plantar, caçar, preparar sua comida, fazer suas roupas etc. Para haver trocas, um produtor de alimentos que precisasse de um par de sapatos, por exemplo, deveria encontrar um sapateiro que quisesse comprar comida. O comércio era realizado por meio do escambo – a troca sem uso de moeda. Com o dinheiro, as trocas puderam se tornar indiretas: hoje o produtor rural vende os alimentos que produz e recebe dinheiro; com ele pode adquirir o par de sapatos na loja do shopping, cujo proprietário comprou do importador, que, por sua vez, comprou do sapateiro chinês. As trocas indiretas facilitaram a especialização e reduziram a importância da produção para o autoconsumo. Outra dificuldade do mundo antigo era avaliar o valor dos produtos para realizar trocas. No exemplo anterior, qual seria a quantidade de alimentos necessária para pagar o par de sapatos? Os problemas das trocas diretas e de determinação do valor dos produtos estimularam a criação do dinheiro. E isso facilitou a comparação e a junção de produtos diferentes, como sapatos e tecidos, já́ que ambos têm um preço, que é a expressão monetária do valor atribuído a esses bens. Se o preço do par de sapatos é R$ 120,00 e o de um metro de tecidos é R$ 60,00, a relação de preços entre essas duas mercadorias é de 2:1, ou seja, significa que o par de sapatos vale o dobro do metro de tecidos. A soma de 100 pares de sapatos (R$12.000,00) e um fardo de tecidos de 50 metros (R$3.000,00) totaliza R$ 15.000,00. Todos os preços são formados no mercado e resultam do encontro entre os que querem vender (oferta) e aqueles que desejam comprar (demanda). Demanda (ou procura) é a quantidade de um determinado bem ou serviço que o consumidor deseja adquirir de acordo com diferentes níveis de preço, durante um período definido. Para exemplificar, considere a demanda de carne bovina (bem) de uma família (consumidor) durante uma semana (período). Demanda não é a compra em si, mas o desejo de comprar. A decisão de comprar carne, por exemplo, depende de um conjunto de fatores, e o preço (P) é um dos mais importantes. DETERMINANTES DA DEMANDA Preço do Bem (Px); Preço dos Bens Substitutos ou concorrentes (Pc); Gosto ou Preferência (G); Renda do Consumidor (y); Tamanho do Mercado (M); Qdx = f(Px, Pc, G, y, M); Os economistas empregam a expressão latina Ceteris Paribus (tudo o mais constante) para analisar somente o efeito da mudança de uma variável e abstrair o efeito de qualquer alteração adicional. No exemplo, buscou-se verificar somente o efeito da variação do preço da carne bovina sobre a quantidade de- mandada pela família. CURVA DE DEMANDA EXCEÇÕES À LEI DA DEMANDA Os bens de Giffen são consumidos por necessidade. Suponha que os consumidores de determinada comunidade normalmente comprem grande quantidade de determinado produto – pão, por exemplo. A redução do preço do pão aumenta o poder aquisitivo dos consumidores, porque passam a gastar menos com ele. No entanto, em vez de comprar mais pão, que teve queda do preço, preferem comprar outros produtos mais interessantes. O resultado, então, é que a queda do preço reduz a quantidade demandada, contrariando a lei geral. Quando há ́ aumento do preço desse produto, os consumidores deixam de consumir produtos mais interessantes e aumentam sua demanda, porque ficam mais pobres. Os bens de Veblen são consumidos por ostentação. São produtos cuja função tem demanda crescente, isto é, a quantidade demandada cresce com os preços. Podemos citar, como exemplo, obras de arte, joias, tapeçarias, roupas de grife, automóveis de luxo etc. EFEITO DE MUDANÇA NO PREÇO DOS OUTROS BENS Supondo agora que o preço seja mantido em Px1 e que a renda, o gosto e as expectativas do consumidor não sejam alterados, qual será́ o efeito de mudanças no preço de outro bem qualquer (y) sobre a quantidade demandada de x? A resposta é: depende. Se a carne bovina sofre aumento de preço, o consumidor pode aumentar a demanda por ovos, carne de aves, carne suína, peixes ou outro produto qualquer que possa substituir a carne bovina na dieta de sua família. Então, o aumento do preço de determinado produto aumenta a procura pelos seus substitutos. A situação inversa também é possível. A queda de preço de determinado produto resulta em redução da demanda por seus substitutos. EFEITOS DE MUDANÇA NA RENDA De modo geral, quanto maior for a disponibilidade de um bem normal, maior será ́a satisfaça-o do consumidor. Um bem é considerado normal se a variação da quantidade demandada pelo consumidor é diretamente proporcional a sua variação de renda. Em outras palavras, os bens normais são aqueles que tem aumento de demanda quando a renda do consumidor cresce e redução quando ela diminui. Por exemplo, é de se esperar que uma pessoa que teve aumento significativo de salário vá́ mais vezes ao cinema, ao restaurante ou ao teatro, que compre mais sapatos ou mais brinquedos para os filhos. Se perder o emprego, entretanto, tenderá a reduzir a demanda da maior parte dos produtos que consome. Bens cuja quantidade demandada diminui quando a renda aumenta são classificados como bens inferiores. Para explicar esse conceito, uma professora perguntou a seus alunos: — Se vocês ganhassem na loteria, que coisas deixariam de consumir? Um aluno bem desinibido respondeu: — Professora, eu nunca mais comeria arroz com ovo. Para esse aluno, a combinação de arroz com ovo é consumida por necessidade, e não por satisfaça-o. É também um bom exemplo de bem inferior. O aluno só́ se alimenta de arroz com ovo porquê é uma refeição barata. Assim que tiver mais recursos, escolherá outros alimentos para compor suas refeições. EXCEDENTE DO CONSUMIDOR Pela lei geral da demanda, a quantidade demandada é função inversa do preço. As mudanças no preço alteram o bem-estar dos consumidores. Quando o preço aumenta, as pessoas se dispõem a comprar menos, o que reduz seu bem-estar: consomem menos e pagam mais. Quando o preço diminui, elas querem comprar mais, logo seu bem-estar aumenta: consomem mais e pagam menos. O excedente do consumidor é um conceito desenvolvido para avaliar a variação do bem-estar dos consumidores resultante da variação do preço. Um exemplo simples facilita a compreensão. Nas proximidades da faculdade, sempre há́ muitas pessoas com produtos à venda para os estudantes. É o pessoal da lanchonete, o pipoqueiro, o vendedor de lanches e uma infinidade de outros serviços à disposição. Suponha que, em deter- minado dia, aparece um vendedor de ingressos para uma peça de teatro e cinco alunos de sua turma se interessaram em comprar: Vitor, Lucia, Vera, Joao e Wilson. Não estranhe a curva da demanda na forma de degraus. Ela tem essa forma porque o número de possíveis compradores é muito pequeno. Se houvesse muitos compradores teria forma mais reta, como você̂ já está acostumado a ver. Certamente todos os possíveis compradores de ingressos iriam preferir pagar menos, mas todos estariam dispostos a pagar até o limite apresentado na Tabela 2.2. Assim, Wilson só́ iria ao teatro se o preço fosse igual ou menor do que R$ 20,00; já́ Vítor pagaria até R$ 100,00 por ingresso. Por definição, excedente do consumidor é a diferença entre o preço que o consumidor estaria disposto a pagar por determinado bem e o preço que efetivamente paga. Supondo que o preço cobrado pelo vendedor de ingressos seja R$ 90,00, então somente Vítor compraria ingresso para o teatro. Como ele estava dispostoa pagar até R$ 100,00, há um excedente de R$10,00. Se o preço cobrado pelo vendedor fosse R$ 80,00 por ingresso, então Lúcia e Vítor comprariam. Para Lúcia, não haveria excedente, pois ela pagaria até R$ 80,00 por ingresso, e o preço é exatamente esse, então a diferença é zero. Já o excedente do consumidor Vítor aumentou para R$ 20,00, que é a diferença entre o que ele pagaria e o que efetivamente pagará. Ficamos por aqui. Este é um recorte do Capítulo 02 do Livro: Microeconomia Essencial. Completar o estudo com a leitura completa do capítulo. Grande abraço Prof. Pedro Loula