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Universidade Aberta do Nordeste breve história de pioneirismo em EaD

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Texto publicado no livro EAD NO ESTADO DO CEARÁ: história, memória e experiências formativas I. 
Coleção Sequência Fedathi - Volume 5. Autores: Hermínio Borges Neto - Antonia Lis de Maria Martins 
Torres - Ana Cláudia Uchôa Araújo - Marília Maia Moreira (Orgs.) – Editora CRV (2020). 
 
Universidade Aberta do Nordeste: breve história de pioneirismo em EaD 
Raymundo Netto1 
 
A instituição da Universidade Aberta teve o seu início no mundo a partir da Europa, ainda na 
década de 1960, com a implantação na Inglaterra da Open University (OU), sendo esta “a 
primeira universidade aberta e próspera do mundo, formalmente constituída”2, e que tinha o 
desafio de, por meio da tecnologia de comunicações, promover a aprendizagem de graduação 
àqueles que, por qualquer motivo, não puderam frequentar campi de universidades. Ou seja, 
tratava-se de uma iniciativa de ampliação do acesso ao ensino superior, propiciando que 
populações dispersas e distantes geograficamente dos centros universitários pudessem, de 
forma autônoma, com a autoaprendizagem, ter a oportunidade de frequentar a universidade e 
se graduar com bastante flexibilidade. 
A sua experiência metodológica, que viria a ter maior adesão nos anos de 1980, defendia o 
ensino por meio de tutores, a denominada “aprendizagem aberta apoiada”, e logo se expandiria 
por outros países, como nos Estados Unidos, Espanha, Japão, Portugal e Brasil. 
A Universidade de Brasília (UnB), por volta da década de 19703, firmou convênio com a 
Open University britânica. Naquela época, já se pregava que o ensino superior deveria “ser 
oferecido por Universidades Abertas definidas como instituições de ensino superior”4. 
Não há dúvida sobre o pioneirismo da UnB na adoção do modelo no país, entretanto, não 
por meio da oferta de graduação, mas de cursos de extensão: 
Embora iniciativas de Projetos de Lei para criação da Universidade Aberta já 
estivessem sido apresentadas no Congresso Nacional desde 1974, a UnB foi a 
universidade pioneira na execução de cursos de extensão na modalidade a 
distância. Os cursos ofertados nessa modalidade na UnB iniciaram-se em 
1979 durante a gestão do prof. José Carlos Azevedo, após a assinatura do 
Convênio com a Open University da Inglaterra. Oferecidos como cursos de 
extensão, no período de 1979 a 1985, foram realizados com a aprovação da 
Reitoria e financiados pela Editora UnB (MARTINS, 2007) [os grifos são 
nossos]. 
CRUZ (2007) nos conta: 
A partir da formalização da EaD no país, pioneiramente pelo Cead/UnB, a 
terminologia “universidade aberta” passou a ser mais explorada. Na tese de 
mestrado de Siqueira (1993), por exemplo, a pesquisadora explica que em 
1983 surgiu em Fortaleza [Ceará] uma experiência de Educação Aberta e a 
 
1 Gerente Editorial e de Projetos da Fundação Demócrito Rocha. 
2 CRUZ, Telma Maria da. Universidade Aberta do Brasil: implementação e previsões. Brasília/DF, 2007. 
3 Em 1974, por meio da Portaria Ministerial nº 96/74, criou-se um Grupo-Tarefa com a missão de indicar diretrizes 
e bases para a organização e funcionamento da Universidade Aberta do Brasil. 
4 Fala atribuída ao deputado Pedro Farias, do MDB do Rio de Janeiro, em 1974, em: MARTINS, Luiz Roberto R. 
Educação a distância na Universidade de Brasília: uma trajetória de janeiro de 1979 a junho de 2006. Dissertação 
(Mestrado). Curso de Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2007. 
Texto publicado no livro EAD NO ESTADO DO CEARÁ: história, memória e experiências formativas I. 
Coleção Sequência Fedathi - Volume 5. Autores: Hermínio Borges Neto - Antonia Lis de Maria Martins 
Torres - Ana Cláudia Uchôa Araújo - Marília Maia Moreira (Orgs.) – Editora CRV (2020). 
 
Distância (EaD) que se convencionou chamar Universidade Aberta do 
Nordeste (Uane), desde 1985 (SIQUEIRA, 1993) [os grifos são nossos]. 
 
De fato, ainda em um período no qual os cursos de ensino a distância proliferavam por meio 
do uso da correspondência5, o programa denominado Universidade Aberta6 teve seu início no 
Ceará7 a partir da parceria da Universidade de Brasília com o jornal O POVO, ainda hoje o 
mais antigo em exercício no Ceará, e a Superintendência de Recursos Humanos do Governo do 
Estado do Ceará, tendo a sua primeira aula publicada em formato tabloide, em 8 de maio de 
19838, juntamente com o caderno “Domingo do POVO”9. O curso inaugural e gratuito de 
extensão foi O Que é Política, sob a coordenação do professor Francisco Auto Filho10, 
distribuído em 8 módulos semanais11. 
Para se inscrever neste curso e nos demais durante os muitos anos de sua existência, os 
alunos recortavam do jornal cupons de inscrição que deveriam ser enviados, via Correios, para 
“O POVO – Curso de Extensão UnB”. A conclusão do Curso conferia direito à certificação de 
extensão pela UnB, desde que o aluno inscrito fosse aprovado em seu trabalho de avaliação, 
que seria uma dissertação manuscrita (em 6 páginas) ou datilografada (em 3 páginas12) sobre 
um dos temas propostos no último módulo. Essa dissertação poderia ser remetida para a sede 
do jornal ou diretamente ao Decanato de Extensão13 – Serviço de Ensino a Distância do Campus 
da UnB14, no prazo máximo de até 30 dias15 após a publicação da última aula. 
A aprovação das dissertações, por meio de uma banca examinadora, era da responsabilidade 
da própria UnB, que faria o posterior envio, também pelos Correios, do Certificado de Extensão. 
 
5 Segundo Sandra Maria Castanho, em A trajetória da Educação a Distância no Brasil (2012), muitos desses 
cursos por correspondência seguiam o modelo da Universidade de Wisconsin (EUA). 
6 Com o surgimento de novos cursos, a denominação anterior, “Universidade Aberta”, seria substituída por 
“Universidade Aberta do O POVO” ou “Universidade Aberta O POVO”. 
7 Em 1974, a TV Ceará ofertava cursos com teleaulas, impressos e monitores destinados a alunos da 5ª a 8ª séries 
do primeiro grau (atuais 6º a 9º anos do ensino fundamental II). 
8 Data elencada pela Fundação Demócrito Rocha para celebrar o aniversário da Universidade Aberta do Nordeste 
(Uane). 
9 A Revista de Cultura do jornal O POVO. 
10 Na época, Auto Filho, além de atuar como professor da disciplina Filosofia da História, no Departamento de 
Filosofia, era coordenador executivo do Centro de Produção Cultural para Treinamento a Distância da 
Universidade Estadual do Ceará (Uece). Atuou como coordenador geral da Universidade Aberta desde o seu 
nascimento em 1983 até 1988. Os próximos cursos, inicialmente, teriam a coordenação substituta da professora 
Celeste Cordeiro. 
11 A UnB fornecia o conteúdo que seria diagramado e ilustrado pelos profissionais do jornal O POVO, além de 
passar pela avaliação pedagógica realizada pelo prof. Auto Filho, coordenador do curso. 
12 Depois, variaria: no mínimo de 60 e no máximo de 100 linhas. 
13 O coordenador do Decanato de Extensão da UnB era o prof. Carlos Henrique Cardim. 
14 Ala Norte, Brasília - Distrito Federal. CEP: 70.910. 
15 Em cursos futuros, ainda em 1983, a Universidade Aberta chegou a prorrogar o prazo em até 60 dias. 
Texto publicado no livro EAD NO ESTADO DO CEARÁ: história, memória e experiências formativas I. 
Coleção Sequência Fedathi - Volume 5. Autores: Hermínio Borges Neto - Antonia Lis de Maria Martins 
Torres - Ana Cláudia Uchôa Araújo - Marília Maia Moreira (Orgs.) – Editora CRV (2020). 
 
Os 10 (dez) cursistas com as melhores notas recebiam, a título de premiação, publicações da 
Editora da UnB. Esse modelo e metodologia perduraram durante diversos cursos publicados à 
época. 
A repercussão da Universidade Aberta do jornal O POVO foi grande. O secretário da 
Educação do Estado do Ceará, Ubiratan Aguiar, manifestou-se: “A iniciativa do O POVO/UnB 
é uma oportunidade sem par para milhares de pessoas, principalmente jovens, que não têm 
atualmente condições de aprofundar os seus estudos. O aprofundamento de questões como as 
previstas nos temas do curso, sugere também a realização de encontros periódicosentre 
autoridades educacionais e membros da comunidade, num trabalho de apoio permanente, 
visando aperfeiçoar o projeto em toda a sua extensão”16. 
A partir do seu terceiro curso, a Universidade Aberta iniciaria uma nova prática que 
acreditamos ter sido diferencial na sua consolidação: a criação, então em parceria com as 
universidades locais, de seus próprios cursos, sendo alguns deles oferecidos paralelamente aos 
cursos da UA conveniados com a UnB. Assim, em 4 de setembro de 1983, o curso O Que é 
Filosofia, em parceria com a Uece17, seria oferecido simultaneamente com o curso Grécia 
Clássica18 da UnB, e desde então a Uece seria uma grande parceira e fomentadora da 
Universidade Aberta. 
Ressaltamos que o curso O Que é Filosofia, além de ser a pioneira na produção autóctone 
da Universidade Aberta cearense, foi a primeira experiência de extensão universitária do 
Centro de Produção Cultural para Treinamento a Distância da Coordenadoria de 
Extensão da Uece, dirigido, à época, por Júlia Holanda Lima. 
Então, com a atuação direta da Uece, as dissertações – avaliações finais dos alunos inscritos 
– do curso O Que é Filosofia passariam a ser remetidas ao seu Centro de Produção Cultural 
para Treinamento a Distância da Coordenadoria de Extensão, sendo avaliadas por uma equipe 
de professores do seu Departamento de Filosofia, cuja chefia era de Tereza Rocha e a 
coordenação de curso de Noé Martins, enquanto os alunos do curso Grécia Clássica enviariam 
as suas dissertações para a Universidade Aberta que, como nas condutas anteriores, as 
conduziria para a UnB. Da mesma forma, os alunos melhores classificados do curso da 
Uece/Universidade Aberta receberiam, a título de premiação, exemplares de livros, desta vez, 
de obras indicadas pela então denominada “Biblioteca da Universidade Aberta do O POVO”. 
 
16 Jornal O POVO, em 5 de maio de 1983. 
17 Curso coordenado por Alberto Dias Gadanha (graduado pela PUC/SP, com mestrado pela Fundação Getúlio 
Vargas). 
18 O curso “Grécia Clássica” foi adaptado do conteúdo original disponibilizado pela Open University, elaborado 
por Lorna Hardwick, sob orientação do professor Eudoro de Souza (UnB). 
Texto publicado no livro EAD NO ESTADO DO CEARÁ: história, memória e experiências formativas I. 
Coleção Sequência Fedathi - Volume 5. Autores: Hermínio Borges Neto - Antonia Lis de Maria Martins 
Torres - Ana Cláudia Uchôa Araújo - Marília Maia Moreira (Orgs.) – Editora CRV (2020). 
 
Essa “Biblioteca”, que contemplava de igual forma o curso da UnB/Universidade Aberta, 
nada mais era do que uma bibliografia recomendada19 que seria exposta em Fortaleza, na 
renomada Livraria Gabriel20, e os alunos poderiam adquirir essas obras diretamente com o 
livreiro21. Os alunos inscritos do interior do estado ou de fora dele poderiam ter acesso às obras 
– assim como também aos fascículos anteriores – por meio do serviço de reembolso postal da 
Biblioteca Universidade Aberta22, que enviaria o livro solicitado “em tempo recorde”. 
A partir deste curso, encontramos no tabloide a informação de que os cupons de inscrição 
continuariam a ser enviados pelos Correios para a sede da Universidade Aberta O POVO ou 
deveria ser entregue no “Círculo de Estudos Dirigidos da Universidade Aberta em sua cidade, 
ou ainda em um dos postos de matrículas de Fortaleza23”. Esses Círculos de Estudos Dirigidos 
seriam, originalmente, espécies de “polos” que surgiam pela natural presença de alunos do 
interior do estado, articulando-se e sendo cadastrados pela equipe da Universidade Aberta O 
POVO. 
No último fascículo do curso Grécia Clássica, em 23 de outubro de 1983, a Universidade 
Aberta declara que “as cidades que instalaram Círculos de Estudos Dirigidos da Universidade 
Aberta O POVO serão beneficiadas com a visita de professores conferencistas [...]”. Esses 
professores realizariam essas visitas com o objetivo de ministrar aulas sobre os temas sugeridos 
para o trabalho final de avaliação, orientando os alunos e ensinando-lhes as regras básicas de 
redação, estruturação do trabalho e desenvolvimento do tema, ensaiando uma primeira ação 
semipresencial dos cursos da UA. O calendário das visitas aos Círculos seria elaborado pela 
coordenação da Universidade Aberta. 
Durante a execução desses dois cursos simultâneos, a UA criaria o serviço de “Tira-
Dúvidas”, com o objetivo de “acompanhar de forma sistemática o desempenho intelectual e 
didático dos alunos”. Os interessados deveriam, após a leitura e o estudo dos módulos 
dominicais, formular por escrito as suas dúvidas, a serem enviadas ao endereço da sede da 
 
19 Os autores da Biblioteca: (1) curso O Que é Filosofia - Adísia Sá (Introdução à Filosofia), Roland Corbisier 
(Introdução à Filosofia), Alcântara Nogueira (Filosofia e Ideologia), Arcângelo Buzzi (Introdução ao Pensar), 
Caio Prado Junior (O que é Filosofia), entre outros, e (2) curso Grécia Clássica - Eudoro de Souza (Mitologia e A 
História e o Mito), Hélio Jaguaribe (A Democracia Grega), Tucidides (A Guerra do Peloponeso), Rostovtzeff 
(História da Grécia), entre outros. 
20 Localizada à época na rua Edgar Borges, 40. 
21 Com o crescente conhecimento das ações da Universidade Aberta, ainda naquele primeiro ano aumentou o 
número de solicitações de livrarias que desejavam ser parceiras do projeto e receber a Biblioteca da Universidade 
Aberta. Entre elas: Solivros, Educativa e Ao Livro Técnico. 
22 Caixa Postal D-50, Fortaleza, Ceará; CEP 60.000 ou Caixa Posta 1011, Fortaleza, Ceará - CEP 60.000. 
23 A maioria dos postos de matrícula eram sedes das livrarias parceiras da Biblioteca da Universidade Aberta: 
Livraria Gabriel, Livraria Fátima (Faculdade de Direito da UFC), Livraria Ana (Ciclo Básico da UFC), Solivros, 
Educativa, Ao Livro Técnico, Ciclo Básico da Uece, Coordenadoria de Extensão da Uece, Reitoria da 
Universidade Valeu do Acaraú (Sobral) e Centro de Desenvolvimento Regional do Rio Grande do Norte. 
Texto publicado no livro EAD NO ESTADO DO CEARÁ: história, memória e experiências formativas I. 
Coleção Sequência Fedathi - Volume 5. Autores: Hermínio Borges Neto - Antonia Lis de Maria Martins 
Torres - Ana Cláudia Uchôa Araújo - Marília Maia Moreira (Orgs.) – Editora CRV (2020). 
 
Universidade Aberta O POVO, via Correios, que se encarregaria de acompanhar as respostas e 
esclarecimentos dos respectivos autores e publicá-las às segundas-feiras nas páginas do jornal 
O POVO. Por conta da grande procura e interesse na ação, a coordenação da Universidade 
Aberta decidiu publicar um novo e nono fascículo contemplando apenas as dúvidas e seus 
respectivos esclarecimentos. 
A partir desses cursos, o jornal O POVO e as suas rádios AM e FM passaram a divulgar os 
aprovados na Avaliação Final, mantendo o envio do resultado pelos Correios. 
No ano seguinte, em 26 de agosto de 1984, a Universidade Aberta O POVO apresentaria 
mais dois cursos no modelo “paralelo”: A História do Ceará e Introdução à Antropologia. 
O primeiro, cuja idealização e coordenação técnica coube à professora Simone Sousa, tinha 
uma proposta ousada de, conforme o coordenador geral da UA, professor Auto Filho: 
oferecer uma nova interpretação da origem e da evolução da sociedade 
cearense, cobrindo desde o povoamento até a época contemporânea. Essa nova 
interpretação consiste na utilização de novos métodos desenvolvidos pela 
ciência histórica atual na análise e interpretação dos acontecimentos das 
personagens e do seu condicionamento econômico, social e político. 
 
Embora contasse com o apoio da UnB e Uece (em especial, do seu Departamento de Ciências 
Sociais), a Universidade Federal do Ceará (UFC), por meio do seu curso de História e da Pró-
Reitoria de Extensão, foi a instituição responsável em certificar os alunos deste curso. 
Para participar desses cursos, cujo objetivo seria “democratizar a informação humanística, 
científica e técnica de nível superior”, era exigida a idade mínima “de 14 anos, com qualquernível de escolaridade, mas que saibam ler e escrever”. 
Diante do sucesso alcançado pelo curso História do Ceará, a temática passaria, poucos anos 
mais tarde, a ser bastante explorada e difundida pela FDR, resultando em diversas publicações, 
desde 1989, e em especial na série Construindo o Ceará, que envolvia as disciplinas de História 
e Geografia do estado, assim como da História e Geografia de Fortaleza, intitulado Fortaleza: 
a criança e a cidade, obra premiada em 1997, na categoria de “Melhor Livro Didático”, pelo 
Ministério da Educação e Cultura (MEC). 
Além da mobilização em torno da temática, outra consequência da publicação foi a 
obrigatoriedade da disciplina nos vestibulares das universidades Federal e Estadual do Ceará, 
nas quais era ausente. 
Em 6 de fevereiro de 1985, uma experiência foi inovadora para a história da instituição, 
mesmo quando não evidenciava a Universidade Aberta em si, mas utilizando-se das suas 
Texto publicado no livro EAD NO ESTADO DO CEARÁ: história, memória e experiências formativas I. 
Coleção Sequência Fedathi - Volume 5. Autores: Hermínio Borges Neto - Antonia Lis de Maria Martins 
Torres - Ana Cláudia Uchôa Araújo - Marília Maia Moreira (Orgs.) – Editora CRV (2020). 
 
estruturas e ferramentas de EaD: o Colégio Universitário O POVO24. Tratava-se de um curso a 
distância preparatório para o vestibular, uma ação pioneira e inédita para o país, com o objetivo 
de “oportunizar condições iguais de livre acesso às universidades, deselitizando e 
desmitificando o famigerado Vestibular”. 
O curso teve duração de 20 semanas consecutivas. Cada “fascículo-aula” trazia as disciplinas 
contempladas pelo Vestibular. Ao todo, 74 autores, entre eles, os denominados “medalhões” 
dos cursinhos da época. 
A Rádio AM do POVO25 transmitiria todos os domingos, a partir das 18h20, um programa 
de apoio. No programa, conforme o coordenador Myrson Lima, “informações sobre os 
vestibulares das universidades cearenses, as mudanças nos conteúdos, orientação bibliográfica, 
entrevistas com professores e orientadores educacionais e outras ‘dicas’ importantes para os 
candidatos ao vestibular”. É relevante lembrar que o emprego do uso da radiodifusão, 
historicamente, teve larga aceitação por diversos motivos, entre eles, o seu baixo custo e a 
possibilidade de acesso a interessados de regiões urbanas e rurais, mesmo aquelas nas quais não 
havia ainda energia elétrica. 
Outras ações complementares ao curso: o Curso Especial de Redação, o Seminário sobre 
Ensino da História no Vestibular e o Vestibular Simulado. 
Depois dessa ação, muitas outras foram realizadas no gênero pela FDR, podendo dizer que 
gerou uma tradição de ações, por meio da Universidade Aberta ou não, direcionada a aumentar 
o número de ingresso de alunos, em especial das escolas públicas, nas instituições de ensino 
superior. Entre outros cursos e ações similares: Ensino Médio (2000), Vestibular do POVO 
(2001)26, Enem 201027, Enem 2011, Enem 2012, Enem.Com Cidadania (2014), SuperAÇÃO 
 
24 Em 4 de dezembro de 1983, a UA já havia produzido o curso Português Básico Moderno, coordenado 
tecnicamente também pelo prof. Myrson Lima, utilizando recursos de jornais, por meio de 24 fascículos e aulas 
radiofônicas, com apoio da Academia Cearense de Língua Portuguesa e Uece e com patrocínio do Governo do 
Estado do Ceará e Grupo Jereissati. 
25 Cumprindo a tradição da inserção do rádio em projetos de ensino a distância, como se deu, em 1923, com a 
fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por Henrique Morize e Roquete Pinto, e, posteriormente, em 
1936, o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação. Em 1947, O Serviço Social do Comércio 
(Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) reuniriam emissoras de rádio em torno da 
“Universidade do Ar” e, nos anos de 1960, o Movimento de Educação de Base (Meb) criaria as Escolas 
radiofônicas (no Norte e Nordeste do país). Mais tarde, outras experiências com rádio se tornariam mais populares, 
como o Projeto Minerva, em 1973, e, em 1983, o projeto “Abrindo Caminhos” do Senac, entre outros. 
26 O Vestibular do POVO distribuía gratuitamente aos inscritos os 28 fascículos do curso, 1 CD com 7 mil questões 
de vestibulares anteriores (últimos 12 anos) e tinham acesso a aulões presenciais e radioaulas. 
27 Os cursos referentes ao Enem, a partir do ano de 2010, dispunham de diversos recursos para auxiliar no processo 
ensino-aprendizagem: 16 fascículos, 4 simulados on-line, videoaulas, podcasts, radioaulas, tutoria on-line, linha 
0800 e fax. 
Texto publicado no livro EAD NO ESTADO DO CEARÁ: história, memória e experiências formativas I. 
Coleção Sequência Fedathi - Volume 5. Autores: Hermínio Borges Neto - Antonia Lis de Maria Martins 
Torres - Ana Cláudia Uchôa Araújo - Marília Maia Moreira (Orgs.) – Editora CRV (2020). 
 
Enem28 (2012), Enem Projeto de Vida: profissão & carreira (2014 e 2015) e o Enem MIX 
(desde 2015). 
A partir de 3 de fevereiro até 27 de outubro de 1985 o Projeto Retorno: a Tecnologia da 
Seca traria, em convênio com a UnB, Uece e UFC e patrocínio da Petrobras, três cursos que 
visavam a capacitação tecnológica, a primeira experiência no gênero da Universidade Aberta. 
Em 4 de março de 1985, é realizada a Assembleia de criação e instituição da Fundação 
Demócrito Rocha (FDR). Entre as primeiras deliberações, a institucionalização da 
Universidade Aberta, “tornando-a um evento estável voltado para a democratização do ensino 
superior no Nordeste, apoiada na colaboração das instituições de ensino superior formais da 
região”29. A partir de então, a Fundação Demócrito Rocha passou a assinar os cursos da 
Universidade Aberta. 
Assim, em 10 de novembro de 1985, a Universidade Aberta, agora acolhida pela FDR, 
publica o curso Microempresa: administração de pequenos negócios, com a coordenação geral 
de Auto Filho e a técnica de João Francisco Teixeira (representando o Centro de Apoio à 
Pequena e Média Empresa do Estado do Ceará/Ceag-CE). O curso era distribuído em 14 
módulos, encartado aos domingos, no jornal O POVO, e também transmitido pela Rádio AM 
do POVO (e também por outras 38 emissoras que integravam a Rede Nordestina de Educação 
Superior Informal), às terças e quintas, às 20h30. 
O curso, conforme informação do Ceag-CE, teve grande repercussão nacional, e a secretaria 
geral da Universidade Aberta recebia cartas frequentes de diversos estados solicitando pelo 
reembolso postal os fascículos-aula do curso. 
Nele, pela primeira vez, encontramos expresso o serviço de Tutoria. Esses tutores eram 
disponibilizados para visitar os Círculos de Estudos Dirigidos da Universidade Aberta no 
interior cearense e no Rio Grande do Norte, desde que as solicitações viessem de núcleos 
compostos por, no mínimo, 100 inscritos. No ano seguinte, 1986, durante o curso 
Associativismo Urbano e Rural, os tutores seriam técnicos da Secretaria Nacional de 
Cooperativismo do Ministério da Agricultura, que visitariam os núcleos existentes no interior 
do estado e fora dele. Neste curso, outra inovação seria a criação do Serviço de Apoio Direto, 
que atenderia a grupos compostos por, no mínimo, 50 moradores de bairros que, por meio de 
solicitação dessa assistência, tivessem interesse na criação de conselhos populares em seu local 
 
28 Alunos de 16 escolas selecionadas (3 de Fortaleza e 13 do interior do estado) da Rede Estadual de Ensino 
participavam da gincana televisiva SuperAÇÃO Enem, projeto realizado pela TV O POVO da FDR, em parceria 
com a Secretaria da Educação do Estado do Ceará, durante 11 semanas. 
29 O POVO, em 21 de maio de 1985. 
Texto publicado no livro EAD NO ESTADO DO CEARÁ: história, memória e experiências formativas I. 
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de moradia. Grupos de 20 produtoresou profissionais de um determinado ramo de atividades 
poderiam, da mesma forma, pedir apoio técnico para a criação de cooperativas. Foi também 
durante o curso de Associativismo... que, por iniciativa da professora Júlia Holanda Lima e 
através da Pró-Reitoria de Extensão da Uece, consolidou-se a estrutura dos Círculos de Estudos 
Dirigidos da UA. Seria então instalado um Círculo em cada uma das 10 unidades da Uece 
existentes no interior do estado. Nesse curso, como autoras, Celeste Cordeiro e Rejane 
Assunção (socióloga do Centro de Estudos e Informações Sociais/Ceis, cujos técnicos estavam, 
com apoio da UA, treinando quadros para o movimento sindical urbano e rural e para o 
movimento comunitário de Fortaleza e de outros grandes municípios cearenses). 
A partir do curso Microempresa: administração de pequenos negócios, entre 20 a 22 de 
novembro de 1985, com patrocínio do Ceag-CE e apoio da Universidade Aberta, no Crato, 
aconteceria o I Encontro de Microempresas do Cariri, “o mais importante evento político dos 
microempresários cearenses realizado naquele ano”, demonstrando como a Universidade 
Aberta da Fundação Demócrito Rocha expandia as suas ações para além da “sala de aula”, o 
que o faz até os dias atuais. 
No artigo “Prova de Competência”, publicado no último fascículo-aula: 
Estudantes de 15 estados brasileiros que participaram do curso têm 
manifestado, reiteradas vezes, efusivo entusiasmo. Microempresários do 
Ceará e de outras partes do Nordeste prestaram depoimentos espontâneos 
sobre o que aprendem lendo os fascículos-aulas da Universidade Aberta. 
Alguns chegaram a informar que estão nacionalizando a atividade 
empresarial graças às orientações recolhidas no próprio curso. [...] 
Professores universitários e experts de outros centros culturais mais avançados 
vêm demonstrando grande interesse por esta experiência de ensino a distância 
[grifos nossos]. 
 
O professor Francisco Ariosto Holanda, em 27 de julho de 1986, no artigo “A Difusão 
Tecnológica como Estratégia de Desenvolvimento”, publicado no primeiro fascículo do curso 
Tecnologias Agroindustriais Alternativas, no qual era coordenador técnico, apresenta: 
Inicialmente, gostaríamos de parabenizar a Fundação Demócrito Rocha e o 
jornal O POVO por essa feliz iniciativa, que eu destacaria como inédita no 
país, de transmitir através da Universidade Aberta ensinamentos tecnológicos 
que podem resultar em ações efetivas de trabalho voltado, sobretudo, para a 
produção de bens e serviços. Esse compromisso social se destaca, não só pelo 
seu propósito em si, de transferir conhecimentos técnicos-científicos, mas, 
sobretudo, por ser no momento mais uma ferramenta no combate a esse 
quadro de alienação e miséria que aí está. [...] E a Fundação Demócrito Rocha, 
juntamente com o Nutec e a Universidade Federal do Ceará, se propõe a 
divulgar conhecimentos que possam gerar trabalhos produtivos de interesse 
na comunidade. [...] A ciência e a técnica durante muito tempo vem sendo 
monopólio de uns poucos, que delas se servem para defender seus interesses 
e garantir a dominação. Faz-se necessário esse trabalho da Universidade 
Texto publicado no livro EAD NO ESTADO DO CEARÁ: história, memória e experiências formativas I. 
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Aberta como instrumento do povo, para que ele possa, apropriando-se da 
técnica, colocá-la a seu serviço [grifos nossos]. 
 
Esse curso, em 16 módulos, com apoio da UnB, UFC e Uece, e patrocínio do Banco do 
Brasil e da Secretaria de Indústria e Comércio, abriria portas para a elaboração e o 
desenvolvimento de outro projeto de grande sucesso da FDR: os Cadernos Tecnológicos30. 
O curso Mercado de Capitais, com início em 6 de fevereiro de 1987, inaugurou a 
programação Norte-Nordeste da Universidade Aberta da FDR, sendo o “primeiro grande 
empreendimento educacional de massa sobre a matéria, sendo ofertado simultaneamente pelos 
13 maiores jornais das 11 capitais do Norte e Nordeste do País, devendo atingir um público 
potencial de um milhão de pessoas”. 
O curso exigia a entrega do Gabarito de Respostas até 15 dias (o menor prazo até então) 
para a banca examinadora da UA. Eram exigidos 60% de acertos nesse gabarito. Os alunos que 
obtivessem a nota máxima em cada um dos estados participantes concorriam a uma bolsa de 
estudos de curso intensivo na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, com direito à estadia e 
passagens aéreas pagas. O resultado dos aprovados e premiados sairia em cada um dos 13 
jornais e todos receberiam notificação postal pela FDR. 
Finalmente, em 26 de maio de 1987, seria lançado o curso Constituição & Constituinte da 
UnB, FDR e Movimento Pró-Mudanças, em 10 módulos. O curso teve uma importância 
histórica para a Universidade Aberta, promovendo esse debate imprescindível durante a 
formulação daquela que seria a nossa Carta Magna, a “Constituição Cidadã” de 1988. Os 
autores conteudistas, escolhidos pela UnB, seriam especialistas brasileiros, políticos de 
expressão nacional e representantes da sociedade civil. 
O Trabalho Final enviado à UA da FDR consistia em uma proposta para a Assembleia 
Nacional Constituinte. O Governo do Distrito Federal, o Ministério do Desenvolvimento 
Urbano e Meio Ambiente, o Ministério da Agricultura, Empresa Brasileira de Pesquisa 
Agropecuária, Ministério de Minas e Energia, Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico, Secretaria Especial do Meio Ambiente, Instituto Nacional de 
Previdência Social (INPS) e o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher assinaram convênio 
 
30 O projeto Difusão Tecnológica para o Trabalho, uma ação da FDR com o apoio do Instituto Centro de Ensino 
Tecnológico (Centec) e do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene/BNB), iniciado em 
2000, tinha o objetivo de produzir material didático de elevada qualidade e adequado para contribuir na 
qualificação de trabalhadores, em especial, com baixa escolaridade. A princípio, esse conteúdo seria 
disponibilizado em livros, denominados Cadernos Tecnológicos, evoluindo também para videoaulas disponíveis 
gratuitamente em site específico. Mais tarde, a FDR adotaria a coleção Formação para o Trabalho, publicando, 
até os dias atuais, novos títulos, em formato tabloide, distribuídos gratuitamente. 
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com a UnB para a realização, entre seus servidores e funcionários, de Jornadas de Estudos. 
Outros órgãos públicos, entidades associativas e comunitárias, também estavam sendo 
estimuladas à discussão desses temas. 
E o que eram essas Jornadas de Estudos? Eram discussões em grupo realizadas nos próprios 
locais de trabalho, clubes, escolas e/ou associações durante 2 horas por semana, a partir de 
expositores do grupo que desenvolviam o tema do fascículo da semana, completando então 20 
horas até o final do curso. O grupo teria um coordenador e um relator e a sugestão era de que 
cada grupo tivesse, no máximo, 20 pessoas. O objetivo: ao final do curso, os grupos das 
Jornadas deveriam chegar a uma proposta sobre que país eles desejavam para seus filhos e 
netos, apresentando soluções para as principais questões nacionais. 
A UnB sugeria aos grupos, como aprofundamento do curso, uma lista de documentários e 
filmes de ficção31, que motivariam debates, de preferência, com a presença de especialistas, 
líderes sindicais, entre outros profissionais. 
Os trabalhos seriam encaminhados à FDR, até 30 dias após a publicação do último fascículo 
do curso, e deveriam ser enviados pelo Movimento Pró-Mudanças aosdeputados e senadores 
constituintes cearenses para a apresentação no Plenário da Assembleia Constituinte. 
O curso Informática & Organização, em 20 fascículos, foi uma iniciativa da Universidade 
Aberta da FDR, com apoio da UnB, Uece, UFC e do Grupo IOB. O curso, cujo primeiro 
fascículo teve a sua publicação em 13 de abril de 1988, destinava-se a “romper as barreiras 
culturais desmitificando a tecnologia [informática]”, especialmente no Norte e Nordeste 
brasileiros. Este curso trazia a inovação de uma seção de “Estudo de Casos”, além do já 
tradicional “Guia de Estudos”. 
O primeiro lugar de cada estado participante – Ceará, Bahia, Maranhão, Pará, Pernambuco, 
Piauí, Rio de Janeiro, Distrito Federal – receberia, como premiação, um microcomputador de 
16 bits compatível com IBM-PC, a ser entregue por um integrante do Grupo IOB, após a 
correção das provas e o envio dos relatórios de aprovados em todos os estados pela UA32. 
 
31 Entre eles: Taguatinga em Pé de Guerra (Armando Lacerda), Como era Gostoso o meu Francês e Memórias do 
Cárcere (ambos de Nelson Pereira dos Santos), Ganga Zumba (Cacá Diegues), A Bolandeira e A Pedra da Riqueza 
(ambos de Wladimir Carvalho), Terra em Transe (de Glauber Rocha), Garrincha: a alegria do povo (Joaquim 
Pedro de Andrade). 
32 A solenidade de entrega dos dois microcomputadores modelo Solution, de 16 bits, fabricados pela Prológica 
Computadores, aos dois cursistas que conquistaram a nota máxima, deu-se no Auditório da UFC, em 23 de 
fevereiro de 1989. Contando com a participação de 300, entre os 400 cursistas certificados. Durante a palestra, o 
espanto com as novas tecnologias, como a criação do CD-ROM e do scanner de mão. 
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A tutoria seria realizada por meio de mesas-redondas em todos os estados em que o curso 
estivesse sendo distribuído, e, pela primeira vez, neste curso, ao final, encontramos uma 
Pesquisa de Avaliação da instituição UA. 
Em 25 de novembro de 1988, no curso Iniciação Empresarial, sob a coordenação de Celeste 
Cordeiro, pela primeira vez, o cabeçalho do fascículo indicava: Universidade Aberta do 
Nordeste, hoje, conhecida carinhosamente por Uane. 
Neste ano de 1988, a Secretaria de Ensino Superior (Sesu) do Ministério da Educação, por 
meio do Parecer MEC/Sesu nº 263/88, reconheceu a Universidade Aberta do Nordeste como 
“experiência pioneira, sem similar no Brasil”, recomendando ao poder público e à iniciativa 
privada o apoio aos seus programas educacionais. 
Também em 1988, a Universidade Aberta do Nordeste da Fundação Demócrito Rocha foi a 
realizadora, juntamente com a Cread, Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta) e 
Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da II 
Jornada de Educação a Distância no Mercosul33. Marlene Blois, que se apresentou na abertura 
do Encontro, atentou para o “despertar tardio” das possibilidades do uso da Educação a 
Distância no Brasil. 
A professora Eloisa Vidal, além de participar de todo o processo de realização da Jornada e 
coordenar editorialmente a publicação dos Anais de registro da ação34, colaborou com a 
apresentação do tema “Saúde para Comunidade: uma experiência com EaD utilizando jornal e 
rádio”, na qual conclui: 
O que a FDR tem conseguido é se apoiar no que poderíamos chamar de tripé 
de sustentação. De um lado, os meios de comunicação – jornal e rádio – e sua 
enorme capacidade de difusão e democratização do conhecimento. De outro 
lado, a vasta e reconhecida produção acadêmica das universidades que, na 
maioria das vezes, não ganha visibilidade pública e com isso deixa de 
contribuir para a sociedade. E, por último, as parcerias com instituições sociais 
que contribuem com recursos financeiros, garantindo a sustentabilidade do 
programa. 
 
Até 1989, a Fundação Demócrito Rocha (FDR) seria a única instituição privada não 
universitária nacional a ser convidada para integrar, na condição de membro fundador, 
a Rede Brasileira de Educação Superior Aberta e a Distância (Read), na época, recém-criada 
em Brasília por um circuito de universidades públicas e privadas, sob os auspícios do Conselho 
 
33 Embora a ideia das Jornadas tenha surgido em 1996, em Punta Leona, Costa Rica, a 1ª edição da Jornada havia 
acontecido em 1997, em Foz do Iguaçu. 
34 A publicação contou com o apoio do Cefet-CE e do Programa de Educação a Distância da UFRJ, além do 
patrocínio do Ministério da Educação e Cultura (MEC), UFC, Fiec/Sesi, Clube Dirigente Lojistas de Fortaleza e 
Bolsa de Valores do Ceará. 
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de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), que considerava a Uane “como a maior e 
mais importante experiência de educação superior não presencial, indicando-a como modelo 
não só para o resto do país, como também para outros países da América Latina que dispõem 
de grandes jornais e de um moderno sistema de radiodifusão”35. 
No final da década de 1980, encontramos registros nos fascículos da Uane de diversos cursos 
realizados por meio de captação através da Lei nº 7.505/86, vulgarmente conhecida como “Lei 
Sarney”, que dispunha sobre benefícios fiscais na área do imposto de renda concedidos a 
operações de caráter cultural ou artístico. A FDR já havia feito uso da Lei, ainda em 198636, 
para realizar a I Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras37, uma original exposição 
criada por Sérvulo Esmeraldo e de grande repercussão em todo o país e no exterior pela sua 
singularidade e pioneirismo. 
As aulas dos cursos, nesse período, eram transmitidas por 50 emissoras, assim distribuídas: 
Ceará (11), Rio Grande do Norte (6), Paraíba (2), Alagoas (1), Pernambuco (7), Sergipe (2), 
Bahia (7), Piauí (7), Maranhão (4), Pará (1) e Amazonas (2). 
Podemos perceber, pelos relatos e pelo detalhamento das ações até então listadas, essa 
capilaridade, o poder de expansão, de articulação, a qualidade do projeto gráfico, editorial e 
conteudístico, além do pioneirismo – vocábulo fartamente empregado pelas autoridades e 
profissionais que fizeram e fazem parte do histórico – da Universidade Aberta do Nordeste, 
fatores que contribuíram desde o início do projeto para o seu reconhecimento perante as 
universidades públicas, especialmente as do Nordeste, os órgãos públicos das mais distintas 
esferas, assim como as entidades privadas e instituições internacionais, como seria o caso da 
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco) que, em 17 de 
dezembro de 199638, assinaria um Convênio com a Uane/FDR, passando a figurar seu selo em 
 
35 Jornal O POVO, em 4 de novembro de 1989. 
36 Talvez a FDR tenha sido uma das primeiras organizações a serem beneficiadas pela Lei Sarney, que, mais tarde, 
originaria a Lei Rouanet, a Lei Federal de Incentivo à Cultura. 
37 Essa iniciativa inseriu o Nordeste brasileiro no cenário mundial em 1986, pela originalidade e ineditismo do 
empreendimento e pela qualidade das obras reunidas, em sua primeira edição, em Fortaleza, Ceará, feitas a partir 
de esculturas compostas por material de baixo custo, de 81 artistas de 17 países, expostas, a céu aberto. A I EIEE 
foi destaque nas mais importantes publicações internacionais, sendo considerada pela Revista VEJA, na época, 
como uma das dez principais exposições da década. 
38 Desde 1997, a Unesco reconheceria o papel democratizador da educação dos cursos de aprendizagem aberta e a 
distância, estimulandoa busca por sistemas alternativos e acessíveis de ensino (UNESCO. Aprendizagem aberta 
e a distância: perspectivas e considerações sobre políticas de qualidade. Florianópolis: UFSC, 1997). 
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todos os cursos39, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas)40, o Fundo das nações Unidas 
para a Infância (Unicef), entre outros. 
O ano de 1989, como podemos perceber, em apenas 6 anos após a adoção do programa da 
UA pela Empresa Jornalística O POVO, mantenedora da FDR, foi marcado pelo 
reconhecimento nacional da Uane. 
Ainda em 1989, o prof. Hélio Leite, reitor da UFC e vice-presidente do Conselho de Reitores 
das Universidades Públicas (Crub), grande entusiasta do projeto, tentou negociar com 
representantes de universidades de Portugal e de países africanos lusófonos, em Brasília, um 
programa de cooperação no qual se incluiria a extensão dos cursos da Uane para a Europa e a 
África. 
No mês seguinte, de 6 a 8 de dezembro de 1989, aconteceria o I Seminário Brasileiro de 
Educação Aberta e a Distância, durante três dias, com a participação de 25 universidades 
brasileiras41. A ação, coordenada pela Pró-Reitoria de Extensão da Uece, representada pela 
professora Tereza Rocha, foi promovida pela Rede Brasileira de Educação Aberta e a Distância 
(Read). No Seminário, discutiu-se sobre experiências de ensino superior a distância e foram 
propostas formas de cooperação interuniversitárias, elaborando propostas de institucionalização 
do sistema de educação aberta e a distância no ensino brasileiro. Entre as propostas, a criação 
de uma Universidade Aberta do Brasil, o que aconteceria apenas em 2005, 16 anos depois, 
em parceria do Ministério da Educação com estados e municípios, integrando cursos, pesquisas 
e programas de educação superior a distância. 
A abertura dos painéis dedicados a relatos de experiências nacionais sobre a educação aberta 
e a distância deu-se com a apresentação do prof. Francisco Auto Filho, da Uece, que falou sobre 
a Universidade Aberta do Nordeste. Na época, a Uane contava com o apoio de 12 instituições 
de ensino superior, 55 emissoras de rádio e os 13 mais importantes jornais do Nordeste. Durante 
seus cursos, havia a edição semanal de 380 mil fascículos-aulas, com um potencial estimado de 
1.200 mil leitores e de 22 milhões de ouvintes pela radiodifusão. 
 
39 O Selo Unesco vigorou de 1996 até 2012. O ato de assinatura de convênio deu-se por meio do representante da 
Unesco, o sr. Jorge Werthein. 
40 Em parceria com a Universidade Estadual do Ceará, Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de 
Saúde (OPAS), a Uane, em 2014, lançou o curso de extensão Promoção da Equidade no SUS, de formação e 
mobilização para o reconhecimento e o enfrentamento das iniquidades (injustiças e desigualdades de tratamento) 
em saúde das populações negra, quilombola, LGBT, campo e floresta, das águas, em situação de rua e populações 
nômades. 
41 Algumas universidades e entidades participantes: Católica de Petrópolis, Federal Rural do Rio de Janeiro, 
federais do Mato Grosso e do Maranhão, Gama Filho, Estadual de São Paulo, Federal do Rio Grande do Norte, 
PUC do Rio de Janeiro, federais do Pará, Bahia, Rio de Janeiro, Alagoas e de Santa Catarina, Universidade Mogi 
das Cruzes, PUC de Campinas (SP), UnB, federais de Ponta Grossa, Piauí, Amazonas, Acre e Estadual do Rio de 
Janeiro. Embratel, Funtevê, Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, Federação Nacional de Engenheiros. 
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Em pesquisa do Ibope, apresentada na ocasião por Auto Filho, 
32% dos inscritos concluem os cursos; 12 a 14% realizam a prova final; 80% 
dos que fazem a prova, são aprovados. 75% dos cursistas têm mais de 25 anos 
e que não frequentam universidades, buscam reciclagem de conhecimentos, 
enquanto outros são aposentados que resolveram constituir grupos de estudos 
para abordagem dos temas. 
 
Em 1992, ano em que seria criada a Universidade Aberta de Brasília42, a Universidade 
Aberta do Nordeste, em parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza, lançaria o curso 
Repensando o Ensino do 1º Grau. Geraldo José Campos, secretário de Educação do Município 
de Fortaleza, na época, declarou na abertura do curso: 
Em trabalho técnico conjunto, a Secretaria de Educação e Cultura do 
Município de Fortaleza e a Fundação Demócrito Rocha estão oferecendo aos 
educadores e aos que se interessam por educação, 12 semanas seguidas, dentro 
do que há de moderno ao nosso alcance em matéria de jornal e rádio, o 
programa Universidade Aberta, totalmente feito em equipe, com a intenção 
amorosa e construtiva de dar aos professores, instrumentos e mecanismos de 
apoio para que eles valorizem integralmente na tarefa árdua, mas 
profundamente nobre, de transformar as experiências em conhecimento, os 
conhecimentos em sabedoria e as expectativas em esperanças [...]. 
 
O curso tinha a distribuição dos fascículos pelo jornal O POVO e as radioaulas pela AM do 
POVO (3 vezes por semana, segundas, quartas e sextas, das 18h50 às 19h ou das 20h às 20h10). 
Em novembro de 1995, juntamente com outras instituições idôneas cearenses, a Fundação 
Demócrito Rocha é convidada para ser membro fundadora do Instituto de Estudos, Pesquisas e 
Projetos da Universidade Estadual do Ceará, o Iepro, entidade da sociedade civil sem fins 
lucrativos que tem como finalidade contribuir para o desenvolvimento técnico-científico das 
instituições públicas e privadas do estado do Ceará e da região, aproximando as culturas 
universitária, empresarial e governamental. 
Em 20 de dezembro de 1996, são estabelecidas das diretrizes e bases da educação nacional, 
por meio da Lei nº 9.394. Por meio desta Lei, assim como, posteriormente, pela sua 
regulamentação pelo Decreto nº 5.622/0543, a modalidade de ensino a distância é reconhecida 
e estimulada, como em: (1) “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de 
programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação 
 
42 A Universidade Aberta do Distrito Federal surgiu legalmente a partir da Lei nº 403, de 29 de dezembro de 1992, 
assinada pelo então governador Joaquim Roriz. A legislação seria mais tarde alterada pela Lei nº 2.919, de 16 de 
março de 2002. Por desinteresse político de governadores distritais seguintes, a UA do DF, mesmo criada, não 
conseguiu atuar, dependendo de um decreto de regulamentação. Somente em 22 de agosto de 2013 foi assinado o 
decreto nº 34.591, do governador Agnelo Queiroz, que regulamentou a universidade. 
43 O Decreto nº. 5.622, quando publicado em 2005, passou a regulamentar a EaD no País, revogando os decretos 
anteriores: 2.494/98 e 2.561/98. 
 
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continuada” (Art.80); (2) “Os sistemas de ensino poderão reconhecer competências e firmar 
convênios com instituições de educação a distância com notório reconhecimento, mediante as 
seguintes formas de comprovação” (Art.36, inciso II, § 11); entre outros. 
Em 24 de junho de 1997 tem início o curso Marketing para Todos, em 14 fascículos, uma 
parceria com a UFC e a Unesco. O curso beneficiou 8.517 trabalhadores filiados aos sindicatos 
de trabalhadores emprocessamento de dados, dos empregados do comércio e dos técnicos de 
segurança. A iniciativa recebeu o Prêmio Paulo Freire na modalidade “Tecnologia da 
Comunicação”, honraria destinada a incentivar ações de educação para trabalhadores no âmbito 
das empresas e instituições em geral, criando alternativas de renda e trabalho. 
No ano seguinte, em 10 de fevereiro de 1998, a Educação a Distância seria normalizada pelo 
Decreto nº 2.494, que regulamenta o Artigo 80 da Lei nº 9.394/96, a LDB. Em seu Art. 1º, 
estabelece: 
Educação a Distância é uma forma de ensino que possibilita a 
autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente 
organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados 
isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de 
comunicação. 
 
Não havia dúvida, naquele momento, de que a popularização contínua da internet seria um 
vetor importante na difusão do conhecimento e, naturalmente, da difusão da EaD pelo mundo. 
Seus diversos recursos audiovisuais, o avanço de métodos de digitalização, a diversificação de 
fontes de conteúdos e publicações, o avanço dia a dia da velocidade de navegação, entre outros, 
permitiriam uma maior integração de mídias, das Tecnologias de Comunicação e Informação 
(TICs), que podia acontecer em tempo real (síncrono) ou no horário que fosse adequado ao 
potencial cursista (assíncrono). 
Aos poucos, com o advento de tais tecnologias, e nos dias de hoje, os recursos didáticos da 
EaD passaram a ser menos “estáticos”, criando-se a possibilidade de maior interação e diálogo 
entre aluno-tutor-professor-coordenação/administração por meios síncronos/on-line (chats, 
videoconferências, webconferências, lives em redes sociais) ou assíncronos (fóruns, e-mail, 
troca de mensagens por redes sociais). Os cursistas, antes apenas como autoaprendizes, também 
passam a poder interagir entre si, gerando uma rede de educação/aprendizagem colaborativa, 
de compartilhamento e socialização de conhecimentos construídos, por meio dos fóruns de 
discussão ou de grupos estabelecidos para esse fim em redes sociais previamente elencadas. 
Uma metodologia diferencial da Uane, que gerou grande reconhecimento, deu-se em 1999, 
por meio da promoção do curso de Formação Continuada de Professores da Rede Pública 
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Estadual (1ª fase), com 51 fascículos (200h), em parceria com a Secretaria Estadual de 
Educação do Ceará, beneficiando a 33.185 professores da 1ª a 4ª séries do ensino fundamental 
inscritos no curso. Integrava o projeto, a edição e a publicação do Jornal da Escola: formação 
continuada de professores, com o apoio da Secretaria de Educação do Estado do Ceará e a 
Secretaria do Trabalho e da Assistência Social, destinado aos alunos e professores das escolas 
públicas no Ceará. Nele, conteúdos e discussão sobre a Lei nº 9.394, a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação (LDB), criada há apenas 3 anos. 
No curso, o serviço de tutoria da Uane era exercido por 10 universitários bolsistas, sendo 
que 4 deles atendiam a distância, por meio da internet, fax e telefone, enquanto os demais 
visitavam presencialmente as 21 Coordenadorias Regionais de Educação (Crede) existentes. 
O objetivo do curso era “oferecer aos professores polivalentes das séries iniciais do Ensino 
Fundamental das Redes Públicas de Ensino (Estadual e Municipal) capacitação docente, 
utilizando recursos multimeios e educação a distância, envolvendo os conteúdos curriculares 
desse grau de ensino”. 
A segunda fase desse Programa (100h) aconteceria quinzenalmente a partir de setembro de 
2003, por meio de 24 fascículos, 6 provas e a produção de 12 números do Jornal da Escola. 
Tanto na primeira fase, como na segunda, além dos fascículos e o Jornal da Escola, os 
professores tinham acesso a radioaulas e teleaulas. As provas eram presenciais. 
Em 13 de março de 2000, a Uane lançaria o curso Ensino Médio, em caráter preparatório, 
também conhecido como 2º Grau pelo Jornal, em 39 fascículos (360h), abordando 3 áreas de 
conhecimento e apresentando um bloco de disciplinas seguindo as Diretrizes Curriculares do 
Ensino Médio do Ministério da Educação (MEC), destinado a pessoas que não conseguiram 
concluir o 2º grau (Ensino Médio) e que pretendiam submeter-se ao exame supletivo da 
Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc). 
A data 20 de outubro de 2003 marca a formação da primeira turma do Curso Técnico em 
Secretariado Escolar da Uane/FDR, na modalidade de ensino a distância e com 1.500h, 
reconhecido pelo Conselho de Educação do Estado do Ceará por meio do parecer nº 959/2003, 
publicado em DOE em 17 de outubro de 2003, com o objetivo de: 
Formar profissionais para atuar diretamente em estabelecimentos 
educacionais de educação básica que ministrem os níveis e modalidades de 
ensino previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei N° 
9394/96) – educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação de 
jovens e adultos, educação especial, educação escolar indígena, educação 
profissional e outras. 
 
Texto publicado no livro EAD NO ESTADO DO CEARÁ: história, memória e experiências formativas I. 
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O Curso Técnico em Secretaria Escolar, hoje, conta com o apoio de 29 cidades-polo 
distribuídas pelo estado do Ceará e, até 2019, a FDR formou, por meio de 26 turmas concluídas 
(duas ainda em andamento) até então, 4.505 secretários escolares. Foi na turma de 2013.1 que 
a Uane iniciou o uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) por meio do software livre 
denominado Moodle44. 
Marlene Blois (UniCarioca), coordenadora da Oficina da Cread/Brasil e do GT História da 
Mídia Educativa do II Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho, em Florianópolis, em 
abril de 2004, enfatizou em seus destaques históricos: 
Interessante destacar que alguns jornais de grande circulação passam a brindar 
seu público com coleções de fascículos encartadas nos exemplares, em dias 
determinados da semana, aumentando suas vendas. No entanto, poucos 
tomaram a iniciativa de transformar o jornal em poderoso meio de levar 
educação a tantas pessoas, como o fez O POVO de Fortaleza, Ceará. Na 
verdade, a produção dos cursos veiculados por O POVO, bem como toda a 
organização do atendimento ao leitor-aluno (matrícula e tutoria) e a avaliação 
da aprendizagem, fica sob a responsabilidade da Fundação Demócrito Rocha, 
em parceria com instituições de ensino superior. Marketing e Informática45, 
dois dos cursos oferecidos com grande sucesso, extrapolam a área do estado 
do Ceará, beneficiando alunos em todo o nordeste brasileiro. 
 
A Universidade Aberta do Nordeste, em 2020, completa 37 anos de atuação no Brasil. 
Durante a construção deste breve histórico, tentamos demonstrar, em especial, os primeiros 
anos da instituição, a “fase heroica”, período em que constatamos o grande feito de conquistas 
e de ser pioneiro no país de algo que hoje, com o desenvolvimento contínuo dos avanços 
tecnológicos e a popularização da banda larga de internet, parece ser simples e, de certa forma, 
sem novidade. 
Em nossa busca bibliográfica, percebemos o quanto essa história é invisibilizada e 
desconhecida – às vezes, diminuída –, o que potencializa a importância da publicação da 
historiografia dessa experiência que acontece ininterruptamente há anos, aparentemente 
silenciada pelas instituições que promovem e estudam o EaD no Brasil, mas visivelmente 
acalourada pelos mais de um milhão de inscritos em todo o país, aquelesa quem destinamos 
todos os nossos esforços e aprendizados. 
 
44 De 2009 até o ano de 2013, o AVA da Uane era constituído de um site, uma espécie de landing page, no qual 
os cursistas poderiam fazer downloads e uploads. Antes disso, no período de desenvolvimento da internet discada, 
mesmo as operações mais simples de download de arquivos não eram muito fáceis, restringindo-se muitas vezes 
ao uso de e-mails, fax e envio por Correios. O emprego de linha 0800 também permitia o acesso a alunos que 
menos recursos. Com o tempo, alguns novos recursos, como chat/sala de bate-papo, entre outros, se incorporaram 
à metodologia da Uane. 
45 Referia-se aos cursos Marketing para Todos e Informática & Organização. 
Texto publicado no livro EAD NO ESTADO DO CEARÁ: história, memória e experiências formativas I. 
Coleção Sequência Fedathi - Volume 5. Autores: Hermínio Borges Neto - Antonia Lis de Maria Martins 
Torres - Ana Cláudia Uchôa Araújo - Marília Maia Moreira (Orgs.) – Editora CRV (2020). 
 
Destacamos, aqui, a técnica, a metodologia, os processos que proporcionaram e ainda 
proporcionam a elaboração dos novos cursos da multiplataforma Universidade Aberta do 
Nordeste da Fundação Demócrito Rocha. Para sermos fiéis ao sentimento da época, destacamos 
relatos de autoridades sobre a Uane, no momento em que o fato acontecia, contextualizados na 
realidade no momento, ou seja, quando o que a Uane fazia era completamente novo, original, 
necessitando articulações e execuções árduas, fatores que justificavam o seu reconhecimento 
pelas maiores instituições educacionais do país e até do exterior, como podemos constatar no 
último depoimento apresentado por Marlene Blois. 
Para trabalhamos com EaD, necessário se faz estar atentos às possibilidades: de acesso a 
uma diversidade de informações e de recursos, da comunicação em tempo real, de flexibilidade 
de tempo e espaço, de respeito ao ritmo do(a) aluno(a), da troca de experiências e de 
conhecimentos entre alunos independentemente do local geográfico em que estejam inseridos, 
do protagonismo dos cursistas no seu processo de aprendizado – partindo do conhecimento 
prévio desses alunos – e de inclusão social e digital dos participantes. 
Para isso, as estratégias utilizadas variam de curso a curso, conforme decisão da 
coordenação de conteúdo (técnica) com a gerência pedagógica da Uane, a partir de um 
Protocolo de Análise de Curso (PAC) elaborado pela equipe da FDR, sempre pesando a 
integração de componentes tecnológicos que possam produzir melhores resultados no ensino-
aprendizagem e integrar a maior parte dos sentidos (a escolha dos recursos é da autonomia do(a) 
cursista), atentos à inovação e às novas ferramentas que possam auxiliar e contribuir na 
efetividade desse processo e na prevenção da evasão de cursistas: fascículos impressos/digitais 
(conteúdo responsivo em smartphones e emprego de recursos de auxílio para deficiências 
visuais e/ou auditivas), audiofascículos, radioaulas/podcasts, videoaulas, webconferências, 
biblioteca virtual/conteúdo extra, chats, fóruns, tutoria on-line, exercícios de fixação de 
conteúdo, grupos em redes sociais, avaliação on-line, ambiente virtual de aprendizagem, 
elaboração e distribuição de kits educativos etc. 
A Uane, para não nos estendermos mais, desde 2003, quando formada a primeira turma 
de secretários escolares, ato final elencado neste histórico, teve ainda diversos cursos de grande 
relevância, ao lado de grandes parceiros locais, nacionais e internacionais, sendo, por isso, 
gratuitos e abertos a todos os interessados. Hoje, sem exceção, os cursos da Uane contemplam 
todos os estados brasileiros – mais de um milhão de inscritos até então –, incluindo milhares de 
cursistas residentes em municípios no interior desses estados, que têm acesso a poucas ou 
mesmo a nenhuma outra forma de capacitação, o que faz a Uane cumprir o seu objetivo de 
Texto publicado no livro EAD NO ESTADO DO CEARÁ: história, memória e experiências formativas I. 
Coleção Sequência Fedathi - Volume 5. Autores: Hermínio Borges Neto - Antonia Lis de Maria Martins 
Torres - Ana Cláudia Uchôa Araújo - Marília Maia Moreira (Orgs.) – Editora CRV (2020). 
 
democratizar o acesso à educação, incentivar e qualificar a educação permanente/continuada, a 
atualização e o aperfeiçoamento profissional, desenvolvendo competências e habilidades 
articuladas com as premissas apontadas pela Unesco para a educação do século XXI: aprender 
a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver; e aprender a ser. 
Diante de tudo aqui exposto, uma certeza: essa história não para por aqui. 
 
Bibliografia Consultada 
ALVES, Lucineia. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. Revista da 
Associação Brasileira de Educação a Distância. Vol. 10, 2011. 
 
BLOIS, Marlene. História das mídias educativas. II Encontro Nacional da Rede Alfredo de 
Carvalho. Florianópolis, 2004. 
 
CASTANHO, Sandra Maria. A Trajetória da educação a distância no Brasil. XVIII Semana 
de História. I Fórum de Licenciatura em História. O perfil profissional do historiador: impasses 
e desafios. Universidade Estadual de Maringá. 2012. 
 
CRUZ, Telma Maria da. Universidade Aberta do Brasil: implementação e previsões. 
Brasília/DF, 2007. 
 
GOZER, Maruza Silverio; SOUZA, Suyanne Tolentino de; MALLMANN, Francisco. As 
mídias audiovisuais e a sua utilização na educação. XI Congresso Nacional de Educação: 
Educere. Curitiba, 2013. 
 
HERNANDES, Paulo Romualdo. A Universidade Aberta do Brasil e a democratização do 
Ensino Superior público. Ensaio: avaliação de políticas públicas em Educação. Rio de janeiro, 
2017. 
 
MARTINS, Luiz Roberto R. Educação a distância na Universidade de Brasília: uma 
trajetória de janeiro de 1979 a junho de 2006. Dissertação (Mestrado). Curso de Educação, 
Universidade de Brasília, Brasília, 2007. 
 
NUNES, Carolina, S. Análise da criação e compartilhamento do conhecimento no curso de 
administração a distância da UFSC – Projeto Piloto. 2010. 69 f. Trabalho de conclusão de 
curso em Administração. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 
 
O POVO. Empresa Jornalística O POVO S.A. Banco de Dados. 
 
UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE. Coleção de fascículos de cursos (1983-2020) 
 
VIDAL, Eloisa Maia (org). Anais da II Jornada de Educação a Distância Mercosul: o 
presente e o futuro da EaD no Mercosul: cenários e experiências. Fortaleza, Edições da 
Fundação Demócrito Rocha, 1998.

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