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Livro - Digital Licenciatura Educação do campo

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Prévia do material em texto

1
2
ESTUDANTES DA LICENCIATURA
EM EDUCAÇÃO DO CAMPO
por acesso e permanência, somos resistência!
Antony Josué Corrêa
Kátila Thaiana Stefanes
Jeferson Rodrigo Campana
(Revisores)
Guilherme Behling
(Diagramador)
Capa elaborada com a arte de André Soares Pereira, baseada na
ilustração de Fabiana Cordeiro dos Santos de Souza.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Jonathas Troglio – CRB 14/1093 
 
 E82 
 Estudantes da Licenciatura em Educação do Campo [recurso eletrônico] : por 
acesso e permanência, somos resistência! / Antony Josué Corrêa, Kátila 
Thaiana Stefanes, Julia Boemer, (Organizadores). – Dados eletrônicos. – 
Florianópolis : CED/UFSC, 2018. 
150 p. : ils., gráfs., tabs. 
 
Inclui bibliografia 
ISBN 978-85-45535-82-9 
E-book 
Disponível em: 
<https://encontrodeestudantesdaregiaosul-com-br.webnode.com/> 
 
1. Trabalhadores rurais - Educação. 2. Educação rural. I. Corrêa , Antony 
Josué. II. Stefanes, Kátila Thaiana. III. Boemer, Julia. 
 
 CDU: 37(816) 
4
Antony Josué Corrêa
Kátila Thaiana Stefanes
Julia Boemer
(Organizadores)
Florianópolis, 2018
ESTUDANTES DA LICENCIATURA
EM EDUCAÇÃO DO CAMPO
por acesso e permanência, somos resistência!
Apoiadores:
Índice
Capítulo 1 — Pág. 9 Capítulo 4 — Pág. 73
Os Cursos de Licenciatura 
em Educação do Campo nas 
instituições públicas
Mulheres e feminismo: 
produções e resistência na 
universidade
Capítulo 5 — Pág. 89Capítulo 2 — Pág. 23
Vidas em Agroecologia: 
experiências e possibilidades
Movimentação Estudantil na 
Licenciatura em Educação do 
Campo: Nada sobre nós, 
sem nós!
Capítulo 6 — Pág. 111Capítulo 3 — Pág. 45
O 2º Encontro: Por acesso 
e permanência, a partir da 
realidade e experiências!
Formação acadêmica: desafios 
e potencialidades.
7
É com um misto de alegria e responsabilidade que apresentamos o primeiro livro 
pensado e organizado por estudantes dos cursos de Licenciatura em Educação do Campo 
(LEdoC) da Região Sul do Brasil. Estudantes da Licenciatura em Educação do Campo: por 
acesso e permanência, somos resistência! ousa ser diferente. Mais que textos, esta obra ob-
jetivou apresentar vidas, sentimentos, vivências, lembranças e aprendizados. Os relatos de 
experiências, os poemas e as imagens que a integram sistematizam reflexões sobre o acesso, 
a permanência das educandas e dos educandos da classe trabalhadora popular, no ensino 
superior universitário.
A proposição de um livro produzido no seio do movimento estudantil no 2º Encon-
tro, aparece durante o espaço cultural do 1º Seminário de Planejamento, em novembro de 
2017, na Ilha de Santa Catarina, no diálogo entre estudantes de diferentes universidades. A 
proposta é retomada e toma corpo no 2º Seminário de Planejamento, em fevereiro de 2018, 
em Matinhos, enfatizando o registro e expressão em diferentes linguagens, contendo ISBN, 
introdução, breve histórico dos cursos de Licenciatura em Educação do Campo da Região 
Sul, depoimentos e registros diversos feito por estudantes dos cursos e alguns depoimento 
de docentes. Orçamentos particulares foram apresentadas, ficando a tarefa de organização e 
recolhimento de trabalhos definida como estadual.
O grupo de trabalho do livro é estruturado regionalmente no 3° Seminário de Planeja-
mento, em Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul, assim como uma chamada de trabalhos 
mais ampla, com modalidades e especificações para o envio. Os membros da comissão regio-
nal no retorno às suas instituições tinham a tarefa de fazer tentativas de orçamento e apoio 
para publicação do material. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) por meio do 
seu Centro de Ciências da Educação (CED) no diálogo com o Coletivo de Estudantes e com 
interlocuções com o Gabinete da reitoria, respondeu com este importante apoio.
A Educação do Campo tem por base a formação ampla, libertadora e a luta pela cons-
trução de uma nova sociedade. Como destaca Roseli Salete Caldart: “A Educação do campo 
nasceu como crítica à realidade da educação brasileira, particularmente à situação educacio-
nal do povo brasileiro que trabalha e vive no/do campo.” 
Este livro (1) registra aspectos históricos do movimento estudantil das LEdoC, na 
construção da autonomia; (2) aponta elementos da realidade de sujeitos dos cursos da Região 
Sul; (3) fornece dados oficiais, diretrizes e marcos da Educação do Campo; e (4) é fonte de 
conhecimento sobre a Licenciatura para as pessoas ingressantes.
Para muitos estudantes, este livro foi a primeira oportunidade para publicar algo, num 
APRESENTAÇÃO
8
exercício inicial de escrita e reflexão. Além de sistematizar e compartilhar as experiências e 
vivências, as páginas seguintes apresentam os olhares das e dos estudantes das Licenciatu-
ras, destacando bandeiras de lutas, as quais comprometem-se, sobretudo, com a Educação do 
Campo para a transformação social.
O livro está dividido em seis capítulos. O primeiro é composto por trabalhos que res-
gatam a história das Licenciaturas em Educação do Campo, tanto no âmbito geral quanto nas 
especificidades de algumas instituições da região Sul. 
O segundo capítulo apresenta a luta das e dos estudantes das LEdoC, do movimento 
estudantil da Educação do Campo, resgatando documentos de encontros importantes, como 
a construção do Movimento Estudantil da Educação do Campo do Brasil (MEEC).
Os desafios e as potencialidades da formação acadêmica são tocados no terceiro ca-
pítulo. Composto por trabalhos sobre experiências de estágios, de disciplinas, tempos co-
munidade e universidade, desenvolvimento de projetos no âmbito das bolsas de pesquisa e 
iniciação à docência, entre outros.
Os capítulos quatro e cinco, ainda ligados à formação acadêmica, tratam de questões 
das mulheres e suas resistências, e as experiências no âmbito da produção alimentar sau-
dável e sustentável, nessa respectiva ordem. O tema Mulheres e Resistência traz relatos de 
experiência de coletivos feministas criados pelas estudantes e professoras dentro das Uni-
versidades, abordando também a resistência das mães para permanecerem nos cursos e as 
vivências de Ciranda Infantil. Na temática Vidas em Agroecologia, que compõe o capítulo 
quinto, os trabalhos referem-se à Educação Ambiental, às técnicas agroecológicas de produ-
ção, às plantas medicinais e à alimentação saudável.
O capítulo final sistematiza o histórico do 2º Encontro de Estudantes da Licenciatura 
em Educação do Campo da Região Sul, ocorrido em Florianópolis, Santa Catarina, entre os 
dias 12 e 15 de outubro de 2018. O referido encontro foi o marco da realização e concretiza-
ção deste livro. Nosso 2º Encontro foi construído frente às demandas de articulação regional 
e nacional presentes em 2016, no 1ª Encontro de Estudantes da Licenciatura em Educação do 
Campo da Região Sul nos dias 23, 24 e 25 de outubro, em Tramandaí (RS) e no I Encontro 
Nacional de Estudantes da Licenciatura em Educação do Campo (I ENELEdoC), de 17 a 21 
de dezembro, em Cruz das Almas (BA).
Entre os objetivos deste encontro, estavam: (I) a construção de um coletivo regional 
de estudantes da LEDOC interligado por uma rede de contatos com atuação nas instâncias 
local, regional e nacional; (II) ser espaço para organização das estratégias de ação na Uni-
versidade em torno das pautas de acesso e permanência a partir das nossas realidades e ex-
periências; (III) compartilhar documentos e registros históricos deste Movimento estudantil.
Para a concretização deste livro, destacamos suporte financeiro da Universidade Fede-
ral de Santa Catarina (UFSC). Agradecemos ao Centro de Ciências da Educação (CED), des-
9
ta Universidade, pelo financiamento das impressões. Ao Laboratório de Novas Tecnologias 
(LANTEC), da UFSC, registramos nosso agradecimento pela formatação e diagramação. 
Agradecemosao coletivo estudantil do Centro Acadêmico de Licenciatura em Educa-
ção do Campo (CaleCampo) da referida universidade, pela tarefa de articulação e realização 
do diálogo institucional para a concretização deste livro. 
Em tempos sombrios, esta obra não se faz importante apenas por sua temática, mas 
também por seu contexto histórico e pelos/as sujeitos que a produziram. Manteremos haste-
ada a bandeira da Educação do Campo ao mesmo tempo em que lutamos pela dignidade de 
ser estudante numa universidade pública
A atualidade apresenta um cenário de intensificação das relações capitalistas, as quais 
expropriam o trabalhador e causam fortemente a deseducação das crianças, jovens e adultos. 
Vivemos um período de retirada das leis trabalhistas, de cortes aos orçamentos de estudos e 
pesquisas, de sucateamento da educação públicas, de golpe político, de retrocesso aos direi-
tos humanos. Estamos ocupando a universidade e nos apropriando dos espaços acadêmicos 
que ela nos proporciona. Nossa responsabilidade, enquanto estudantes da classe trabalhado-
ra, é fortalecer a luta para que rompamos com a conformidade denunciada nas palavras de 
Bertold Brecht: “Nós existíamos através da luta de classes. [...] Quando só havia injustiça e 
não havia revolta”. É preciso revoltar-se!
Seguimos persistentes, pacientes, trabalhando e fortalecendo o coletivo,
porque se nos calarmos, estudante se torna apenas mais um apêndice da
Universidade Pública!
Florianópolis, verão de 2018.
Antony Josué Corrêa
Júlia Boemer
Júnior Alberton
Kátila Thaiana Stefanes
Os Cursos de Licenciatura em Educação 
do Campo nas instituições públicas
Capítulo 1 —
LUTAR E RESISTIR
Bianca Moreira de Sousa1
1 Educação do Campo pela Universidade Federal do Pará. Baião-PA. E-mail: biancamoreira336@gmail.com
10
Vamos, vamos companheiros e companheiras 
levantar nossas bandeiras de lutas.
Bandeiras estas cheias de significados e lem-
branças
Que nos lembram quantos precisaram morrer 
para hoje estarmos aqui. 
Não podemos nos calar, não podemos nos ca-
lar...
Educação do campo é o nosso lugar!
Um sonho ameaçado porque querem nos tirar.
Sonho este, fruto de muitas e muitas lutas de 
movimentos sociais
Fruto de muitas humilhações, discriminações 
e desvalorizações que passamos ao longo de 
nossas trajetórias, por ser quem somos: Sujei-
tos do Campo.
Sujeitos com histórias...
Histórias estas que trazem as origens de nos-
sas raízes
Raízes quilombolas
Que gritam por sede de justiça no meu sangue 
negro!
Raízes indígenas
Que viram a mãe terra ser estuprada por la-
drões, sem ter como se defender ou dizer não.
Raízes agricultoras e lavradoras 
Que viram seu pedaço de chão na mão do 
grande patrão.
Origens que foram escravizadas e comerciali-
zadas como um pedaço de pão.
Que hoje se levantam e gritam em uma só voz: 
NÃO!
Não ao preconceito
Não a escravidão
Não ao agronegócio que prega a evolução, mas 
que só traz a destruição.
Resistir e lutar, 
Resistir e lutar,
Resistir e lutar
E viva a EDUCAÇÃO POPULAR!
 
11
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO: UMA CONQUISTA 
DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
Edson Marcos de Anhaia2
É fundamental iniciar o texto afirmando que o curso de Licenciatura em Educação do 
Campo foi construído a partir da luta dos movimentos sociais do campo por Reforma Agrária. 
Tomando como base o exposto por Caldart (2010) na II Conferência por uma Educação do 
Campo, realizada em 2004, fica evidenciada a opção de se lutar por políticas públicas de educa-
ção. A referida conferência contou com ampla participação de movimentos sociais do campo.
Destacamos que era o segundo ano do governo Lula e existia a crença em mudanças 
mais profundas e significativas, tanto no que dizia respeito à Reforma Agrária quanto à 
Educação do Campo. Além disso, se a primeira Conferência Nacional de Educação Básica 
do Campo, realizada em 1998, se caracterizou por denunciar a precariedade da realidade do 
campo brasileiro, a segunda, se caracterizou pela proposição de políticas públicas de Edu-
cação do Campo ao Estado, tornando-se este o principal foco das lutas e das articulações.
Nesse contexto, a proposição de um Curso de Licenciatura em Educação do Campo 
gradativamente passou a fazer parte da agenda política dos movimentos sociais do campo, 
sendo uma ação que se materializou a partir da pressão e luta do Movimento pela Educação 
do Campo. Segundo Molina e Sá (2012, p. 466), a Licenciatura em Educação do Campo co-
meçou a ser vislumbrada efetivamente a partir da II Conferência Nacional por uma Educação 
do Campo. Após a Conferência foi instituído o Grupo Permanente de Trabalho (GPT)3 com 
a finalidade de construir uma proposta de Educação do Campo para apresentar à Secretaria 
de Educação Continuada e Diversidade (SECAD), na proposição ao MEC do que deveria vir 
a ser um Plano Nacional de Formação de Educadores das escolas do campo. 
Segundo Santos (2012), em função da correlação de forças presente naquele momento 
e a partir do acúmulo de experiências conquistadas pelos movimentos sociais na elaboração 
e participação no Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), por 
meio da realização de dezenas de cursos de Pedagogia da Terra (cuja primeira experiência 
foi realizada em 1998), os movimentos sociais foram capazes de influir de forma relevante 
na indicação dos membros integrantes do referido grupo de trabalho.
2 Professor Doutor do Curso de Licenciatura em Educação do Campo da UFSC.
3 O Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo (GPT) foi oficializado pela Portaria nº. 1374 de 03 de 
Junho de 2003, do MEC (BRASIL, 2003), com representações de algumas de suas Secretarias e posterior agrega-
ção de movimentos e instituições com ações voltadas à Educação do Campo.
12
Conforme Molina e Sá (2012), em novembro de 2006 a SECAD4 e a Secretaria de 
Ensino Superior (SESu) do MEC selecionaram sete universidades públicas federais para im-
plementar os primeiros cursos de Licenciatura em Educação do Campo como projeto-piloto. 
Somente quatro universidades conseguiram elaborar e aprovar em seus colegiados o referido 
projeto, a saber: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal da 
Bahia (UFBA), Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Universidade de Brasília (UnB). 
Tais instituições possuíam experiência em projetos relacionados à Educação do Campo em 
conjunto com movimentos sociais de luta pela terra.
Dessa forma foi instituído o Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura 
em Educação do Campo (PROCAMPO). Com apenas um ano de execução do projeto-piloto, 
o MEC lançou o Edital número 02, de 23 de abril de 2008 (BRASIL, 2008), realizando cha-
mada pública para a seleção de projetos de instituições de ensino superior para o PROCAM-
PO, tendo como um de seus critérios a habilitação dos docentes por área de conhecimento. 
Neste edital, 26 universidades participaram, ampliando para 30 cursos de Licenciatura em 
Educação do Campo. Em 2009 o edital foi relançado (BRASIL, 2009), ampliando o número 
de universidades federais, institutos federais e universidades estaduais na oferta de cursos 
de Licenciatura em Educação do Campo, com recursos provenientes de convênios entre o 
Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) e as instituições ofertantes.
Em 2012, por meio do Edital de Seleção n.º 02/2012- SESU/SETEC/SECADI/MEC, 
de 31 de agosto de 2012, o MEC solicitou que universidades públicas em diferentes regiões 
do país encaminhassem projetos político-pedagógicos para o desenvolvimento de Licencia-
turas em Educação do Campo. A previsão era de implementar 40 cursos regulares, com 
no mínimo 120 vagas para cursos novos e 60 vagas ofertadas em três anos para ampliação 
de cursos existentes, na modalidade presencial. O edital previa também a liberação de 15 
códigos de vagas para contratação de docentes do magistério superior e três para servidores 
técnico-administrativos. Isto porque houve uma diferenciação dos editais anteriores, já que 
esse estabeleceu como condição a institucionalizaçãodos cursos nas instituições de ensino 
superior (BRASIL, 2012). Segundo dados da Coordenação Geral de Educação do Campo5, 
a partir desse último edital, foram implementados no período de 2013 e 2014, 37 cursos re-
gulares de Licenciaturas em Educação do Campo, havendo, portanto, cursos aprovados que 
nem chegaram a iniciar suas atividades. Ressaltamos porém, que nem todos os cursos dessa 
4 Somente com o decreto n. 7.690, de 2 de março de 2012, foi inserida nesta secretaria o eixo “inclusão”, passando 
a ser chamada de Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI). 
5 Dados informados em reunião no MEC em 13/10/2015, na qual participamos na condição de representante da re-
gião Sul na “Comissão Especial para acompanhamento, sugestões de aperfeiçoamento e fortalecimento institucio-
nal das Licenciaturas em Educação do Campo”, instituída na SECADI/MEC pela Portaria nª 102, de 09/10/2015.
13
modalidade, existentes atualmente nas Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras, fo-
ram decorrentes dos editais do MEC, sendo a oferta uma escolha autônoma da universidade. 
Concluímos afirmando que, o curso de Licenciatura não pode ser considerado apenas 
como um curso de formação de professores e professoras, mas como uma estratégia de 
construção política que representa os interesses, as vontades e a visão de mundo de uma 
fração da classe trabalhadora, e que, por isso, se constitui como luta permanente de interes-
ses específicos e como possibilidade estratégica de sua prática política para a construção 
de outra hegemonia.
Não podemos esquecer que o processo de construção de direito é histórico e por isso 
um movimento permanente. Não é porque as demandas das classes sociais estão inscritas 
no espaço do direito que elas já são transformadas em políticas públicas. É necessário que 
as demandas da classe trabalhadora, expressas em suas lutas, sejam constituidora de direi-
to e que as políticas públicas sejam pensadas como estratégia para a construção de outras 
bases societárias.
Esse processo é um movimento permanente que requer organização contínua, e as 
demandas quando são colocadas para o Estado sofrem enquadramentos, sejam das forças 
contrárias dentro do próprio Estado, da burocracia que enquadra a execução das políticas e 
das disputas dentro da própria sociedade civil para a manutenção da ordem.
Não basta garantir acesso à educação formal no campo, é necessário que essa formação 
contribua para elevar o nível de conhecimento e cultura da classe trabalhadora do campo, a 
fim de que esta possa compreender as contradições e antagonismos do capital.
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Edital nº 2, de 23 de abril de 2008: Chamada pública para seleção de projetos de instituições públicas 
de ensino superior para o PROCAMPO, Brasília, 2008.
BRASIL. Edital de convocação nº 09, de 29 de abril de 2009. Brasília, 2009.
BRASIL. Portaria Nº 86, de 1º de fevereiro de 2013. Brasília, 2012.
CALDART, Roseli Salete. Educação do Campo: Notas para uma análise de percurso. In: MOLINA, M. Cas-
tagna (org.) Educação do Campo e Pesquisa II: questões para reflexão. Molina, M. Castagna, MDA, MEC, BRA-
SÍLIA, 2010.
MOLINA, Monica; SÁ, Lays. Licenciatura em Educação do Campo. In: CALDART, Roseli et all. Dicionário 
da Educação do Campo. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, São Paulo: Expressão 
Popular, 2012.
14
Atualmente, as instituições que apresentam o curso de Licenciatura em Educação do Campo:
Fonte: CPEC/DPECIRER/SECADI/MEC, 2018.
Região UF Sigla  Instituição Campus
Centro-
Oeste
DF UnB Universidade de Brasília Planaltina
GO UFG Universidade Federal de Goiás
Catalão
Goiás
MS
UFGD
Universidade Federal da Grande 
Dourados
Dourados
UFMS
Universidade Federal de Mato Grosso do 
Sul
Campo Grande
Nordeste
BA UFRB
Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia
Amargosa, Feira de Santana
MA
IFMA
Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia do Maranhão
São Luís Maracanã
UFMA Universidade Federal do Maranhão Bacabal
RN UFERSA
Universidade Federal Rural do Semi - 
Árido
Mossoró
PI UFPI Universidade Federal do Piauí
Cinobelina Elvas, Floriano, 
Picos, Teresina
PB UFCG Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande
Norte
AP UNIFAP Universidade Federal do Amapá Mazagão
PA
UFPA Universidade Federal do Pará Altamira, Cametá, Abaetetuba 
UNIFESSPA
Universidade Federal do Sul e Sudeste do
Pará
Marabá
RO UNIR Universidade Federal de Rondônia Rolim de Moura
RR UFRR Universidade Federal de Roraima Boa Vista
Sudeste
TO UFT Universidade Federal do Tocantins Arraias, Tocantinópolis
ES UFES Universidade Federal do Espirito Santo Goiabeiras, São Mateus
MG
UFV Universidade Federal de Viçosa Viçosa
UFTM Universidade Federal do Triângulo Mineiro Uberaba
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte
UFVJM
Universidade Federal dos Vales do 
Jequitinhonha e Mucuri
Diamantina
RJ
UFF Universidade Federal Fluminense St. Antônio de Pádua
UFRRJ
Universidade Federal Rural do Rio de 
Janeiro
Seropédica
Sul
PR
UFPR Universidade Federal do Paraná Litoral Sul
UTFPR
Universidade Tecnológica Federal do 
Paraná
Dois Vizinhos
UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul Laranjeiras do Sul
RS
UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul Erechim
IF
Farroupilha
Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia Farroupilha
Jaguari
UNIPAMPA Universidade Federal do Pampa Dom Pedrito
FURG Universidade Federal do Rio Grande São Lourenço do Sul
UFRGS
Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul
Litoral Norte, Porto Alegre
SC UFSC Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis
 
Fonte: CPEC/DPECIRER/SECADI/MEC, 2018.
15
LANCES DE MEMÓRIA ACERCA DA IMPLANTAÇÃO DO CURSO 
DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO NA UFSC6
Antônio Munarim7
ANTECEDENTES
Em 2007 a SECAD disponibilizou recursos para que quatro universidades, que pre-
viamente se dispunham, a iniciar um projeto piloto de implantação do curso nos termos 
da proposta que resultou do GPT com os ajustes sugeridos no Seminário de 07/04/06. Na 
prática, deram início imediato (em 2007) a UnB – começando o curso em convênio com 
o ITERRA – e a UFMG. Esta última, transformando seu curso de “Pedagogia da Terra” 
(experiência acumulada no Pronera, que serviu de base para a nova proposta) já em an-
damento naquela Universidade em Licenciatura em Educação do Campo. As outras duas 
iniciaram mais tarde.
No 1° Edital MEC/PROCAMPO (EDITAL Nº 2, DE 23 DE ABRIL DE 2008), foram 
selecionados oito projetos – entre os quais o da UFSC, para dar início ao curso em 2009, 
com vestibulares ainda em 2008. Já não mais se trata de projeto piloto da SECAD, mas de 
proposta institucional do MEC.
CONTEXTO DA APRESENTAÇÃO DO PROJETO DA UFSC AO EDITAL
O pessoal técnico da SECAD, ou melhor, o pessoal ligado à Coordenação-Geral de 
Educação do Campo/SECAD, faz contato direto com professores de algumas universidades 
para estimulá-los a tomar iniciativa, internamente às suas instituições, no sentido de garantir 
a apresentação de projetos com potencial de aprovação. 
Assim, fomos contatados pela SECAD tão logo o edital fora publicado. Uma equipe 
de três professores do EED/CED (Beatriz Hanff, Terezinha Cardoso e Antônio Munarim) 
assumiu a elaboração do projeto. Buscou assessoria especial junto a colegas do MEN/CED 
(Professores Ademir Donizeti Caldeira, Carlos Alberto Marques e Leandro Belinaso Gui-
marães) e junto a colegas do Centro de Ciências Agrárias, Wilson Schmidt e Ademir Cazella.
Dois fatos se destacam, internamente à UFSC, no ensejo da elaboração e apresentação 
do projeto ao MEC:
a) Disputa de dois projetos no âmbito da Reitoria, com vistas ao encaminhamento de 
6 Trechos do texto escrito para o Projeto “Registros da história da criação, implantação e dos primeiros anos da 
Licenciatura em Educação do Campo da UFSC”, em set/2015
7 Professor Doutor aposentado da Licenciatura em Educação do Campo da UFSC, Florianópolis, SC. E-mail: 
antoniomunarim@gmail.com 
16
um único ao MEC,em nome da instituição. A Reitoria decidiu pelo encaminhamento do 
projeto do CED. O outro se situava fora do escopo da educação;
b) O projeto teve dois encaminhamentos burocráticos paralelos e intercomplementares. 
De um lado, a UFSC o encaminhou à SECAD/MEC, em resposta ao Edital 2/2008, como fi-
zeram outras IFES. Ou seja, seguiu os trâmites oficiais do Edital, com a assinatura do Reitor 
garantindo o compromisso institucional da UFSC. De outro lado, foi incluído no plano da 
UFSC para o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universida-
des Federais (Reuni). Havia coincidência dos tempos para uma e para outra tramitação nas 
instâncias da própria universidade, o que tornava possível o cumprimento dos prazos junto 
ao MEC. Dentro do CED, tal fato (a decisão de assim fazer) gerou certa oposição à ação do 
grupo que se pôs a tarefa de elaborar o projeto. Partiu dos que eram contra o Reuni. Sem 
dúvidas, essa “carona” facilitou, contudo, a aprovação do projeto nas instâncias da UFSC. 
A aprovação no “pacote geral do Reuni” evitou grandes questionamentos às novidades e 
especificidades apresentadas pelo projeto de Licenciatura em Educação do Campo. E mais: 
não fosse isso, a EduCampo teria sido aprovada tão somente como um curso especial. Desse 
modo, o curso da UFSC foi a primeira Licenciatura em Educação do Campo a funcionar na 
condição de curso regular. Foi alocado na CED, mas com interfaces com o CCA. O apoio 
financeiro da SECAD significava um aporte suplementar, que permitia a realização de todas 
as ações inovadoras do curso, tais como o acompanhamento por professores dos tempos co-
munidade ou as viagens e estadia completa dos alunos nos Tempos Comunidade.
O PRIMEIRO VESTIBULAR NINGUÉM ESQUECE
Inicialmente, a Comissão Permanente do Vestibular UFSC (Coperve) exigiu que o 
vestibular para o curso compusesse o processo de seleção único e unificado da Universidade. 
Apesar dos alertas dos professores do curso, foi essa a opção que prevaleceu e que resultou 
em um desastre (tanto no número muito baixo, quanto no perfil inadequado) para a formação 
da primeira turma. O equívoco foi reconhecido nas seleções seguintes e, já a partir da segun-
da turma, a Coperve passou a ser uma boa parceira na estruturação de um vestibular especial 
e diferenciado. De toda maneira, aberto à participação universal.
O CURSO “MAMBEMBE”: UMA MUDANÇA DE ROTA
Diante da demanda que se expressava no Fórum Catarinense de Educação do Campo 
(Focec), especialmente a partir da presença nesse fórum da Secretária de Educação do Mu-
nicípio de Canoinhas, que ali representava a União dos Dirigentes Municipais de Educação 
de Santa Catarina (Undime/SC), o “lugar” do curso foi mudado. Ou seja, a proposta daquela 
representante da Undime era de que o curso tivesse boa parte de suas atividades, seguindo 
a Pedagogia da Alternância (Tempos Universidade e Tempos Comunidade), realizada no 
17
território rural de origem dos estudantes. Ao mesmo tempo, aquela gestora de educação pu-
nha a estrutura da administração municipal de Canoinhas como interessada em estabelecer 
parceria para tal empreendimento. 
Na verdade, essa ideia fora exposta ao Focec, em 2008, já no momento em que foi 
apresentado àquele fórum o primeiro desenho de curso. Contudo, ela foi, temporariamente, 
“arquivada”. Agora retomada, foi apresentada ao Reitor da UFSC como proposta de “curso 
itinerante” ou “mambembe”. Ou seja, dentro da proposta de democratização e interiorização 
da UFSC, a Licenciatura em Educação do Campo iria para os territórios rurais nos quais uma 
demanda existente seria concentrada e organizada em grau suficiente. Ali permaneceria, 
ofertando o curso, até satisfazer aquele público, a exemplo do Teatro Mambembe. O Reitor 
endossou a ideia imediatamente. Determinou que a proposta fosse detalhada e garantiu o 
aporte institucional necessário para a implementação. 
Assim, definiu-se pelo que seriam as quatro primeiras turmas fora da sede, para os qua-
tro anos que se seguiriam: a) Planalto Norte, com sede em Canoinhas; b) Encosta da Serra Ge-
ral, com sede em Santa Rosa de Lima e c) Extremo Oeste (com sede em São Miguel d`Oeste) e 
Meio Oeste (com sede em Caçador). Tal ordem foi assegurada apenas nos dois primeiros anos.
A partir de meados do ano 2012, iniciou-se uma contestação ao formato “itinerante” do 
curso. Ela se deu internamente ao quadro de docentes do curso e se intensificou em 2013. A 
proposta de interiorização do curso passou a ser questionada [...] com a alegação de ilegali-
dade da oferta de curso regular fora do campus sede. As reclamações principais – que davam 
base a esta postura – se davam com respeito ao “excesso de viagens” que os professores 
precisavam cumprir. Como resultado, as turmas de 2014 e 2015 foram formadas para que os 
Tempos Universidade fossem oferecidos no Campus sede. O que se constatou, novamente, 
forma dificuldades na composição e no perfil das turmas. 
SÃO 500 ANOS DE RESISTÊNCIA: INDÍGENAS PRESENTES NA 
UNIVERSIDADE FEDERAL FRONTEIRA SUL!
Maria Eloá Gehlen8
Este relato trata da inserção de estudantes indígenas das etnias Kaingang e Guarani, na 
Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS-LS), campus de Laranjeiras do Sul, no Paraná, a 
qual prima por ser uma Universidade Democrática e Popular.
8 Profa Doutora da Educação do Campo da UFFS - Campus Laranjeiras do Sul, PR. E-mail:maria.gehlen@uffs.edu.br
18
Pode parecer incrível e ao mesmo tempo dramático, o tempo que os estudantes 
indígenas levaram para ingressar no Ensino Superior e na Pós-Graduação Strictu Sensu. 
Foram 500 anos de silenciamento e invisibilidade dos Povos Originários, também na 
Educação Superior.
Atualmente, em decorrência da Constituição Federal de 1988, determinar o Direito à 
Educação para todos, a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a 
Legislação Educacional Indígena estabelecer esse direito, há o ingresso e a permanência dos 
Povos Originários no Ensino Superior.
Perto da UFFS-LS existem aldeias indígenas populosas das etnias Guarani e Kain-
gang: a Terra Indígena de Rio das Cobras, nos Municípios de Nova Laranjeiras e Espigão 
Alto do Iguaçu, a Terra Indígena de Mangueirinha em Mangueirinha, Coronel Vivida e Cho-
pinzinho, a aldeia de Passo Liso em Laranjeiras do Sul, e a aldeia de Marrecas, nos Municí-
pios de Turvo e Guarapuava, todas localizadas no estado do Paraná. 
A Universidade conta hoje, com novecentos e trinta e dois (932) estudantes com matrí-
culas ativa. Desses, setenta (70) são indígenas, sendo sessenta e cinco (65) cursando a Edu-
cação do Campo – Ciências Sociais e Humanas e cinco (5) estudantes indígenas nos demais 
cursos, conforme dados do Serviço de Assistência Estudantil (SAE- LS) da UFFS.
Os/as estudantes indígenas ingressam nessa Universidade, no Curso de Licenciatura 
em Educação do Campo – Ciências Sociais e Humanas, com um vestibular especial para 
essa graduação, a qual trabalha com a Pedagogia da Alternância, com Tempos na Universi-
dade e Tempos na Comunidade.
Na última turma a ingressar na Educação do Campo – Ciências Sociais e Humanas, 
na cidade de Candói, PR, incorporaram-se ao Ensino Superior mais 29 estudantes indígenas, 
vinte e sete (27) da etnia Kaingang e dois (2) da etnia Guarani.
A Universidade já formou na Graduação em Educação do Campo – Ciências Sociais 
e Humanas quatro (4) estudantes Kaingang da Terra Indígena de Rio das Cobras, dos quais 
três (3) já estão atuando como professores de História, Geografia, Sociologia e Filosofia, 
nas Escolas Indígenas das aldeias próximas. Estes estudantes ingressam no ensino superior, 
da mesma forma, via o Programa de Acesso e Permanência dos Povos Indígenas na UFFS 
(PIN), nos demais cursos oferecidos pela Universidade com vagas suplementares em vesti-
bulares destinados aos indígenas.
Inclusive, duas estudantes indígenas Kaingang defenderam sua Dissertação de 
Mestrado em Agroecologia da UFFS - LS. Suzana Kagmu Mineiro arguiu a respeito “O 
Papel do Ambiente Escolar na culturaalimentar Kaingang: O Caso da Terra Indígena 
Rio das Cobras-PR (Kaingang: Vẽnhrán jãfã tá Kanhgág ag vẽjẽn: ẽmã tỹ Rio das Cobras 
– PR ki). Já a dissertação de Ilda Cornélio, intitulada “Resíduos sólidos domésticos na 
Terra Indígena Rio das Cobras (Kaingang: Ẽg tỹ nẽn vãvam ti to kãmén kanhgág ag ga tỹ 
19
Rio das Cobras tá) realizou a análise da geração e destino dos resíduos domésticos pelas 
famílias indígenas.
Esses/as estudantes aprendem em casa, a língua materna Kaingang ou Guarani e so-
mente aos sete (7) anos, quando vão para a escola do Estado é que aprendem o português. 
Há dificuldades linguísticas no início dos cursos, porém, há uma atuação docente no sentido 
de serem compreendidos pelos/as estudantes indígenas, nos seus componentes curriculares.
É um fenômeno interessante e enriquecedor a interculturalidade que acontece nessa 
Universidade. São trocas efetuadas entre duas ou três culturas diferentes. É lógico que no 
começo do ano letivo, há estranhamentos. Porém, com o passar do tempo os estudantes indí-
genas e não-indígenas aprendem a conviver com as diferenças, aprendendo e ensinando uns 
com os outros, respeitando-se e buscando praticar a alteridade.
Porém, o fato é auspicioso no início do século XXI: a existência de setenta (70) estu-
dantes indígenas presentes na Universidade Federal Fronteira Sul, campus de Laranjeiras 
do Sul, PR, sendo que destes, sessenta e cinco(65) comprometem-se a serem educadores em 
suas Terras Indígenas e cinco (5) nas demais graduações. Além de duas (2) indígenas Kain-
gang já serem Mestras em Agroecologia.
Salientamos que apesar de estarem no Ensino Superior eles permanecem vinculados às 
suas origens, realizando a interculturalidade com os não-indígenas, aprendendo e ensinando, 
com respeito as diferenças e a diversidade do outro.
REFERÊNCIAS
CORNÉLIO, Ilda. Resíduos sólidos domésticos na Terra Indígena Rio das Cobras. Dissertação de Mestrado 
em Agroecologia, UFFS, campus Laranjeiras do Sul, PR, 2017.
MINEIRO, Suzana K. O Papel do Ambiente Escolar na cultura alimentar Kaingang: O Caso da Terra Indíge-
na Rio das Cobras-PR. Dissertação de Mestrado em Agroecologia, UFFS, campus Laranjeiras do Sul, PR, 2017. 
SAE – Serviço de Atendimento Estudantil da UFFS – Campus Laranjeiras do Sul, PR. Dados coletados em 
01/11/2018.
20
PINTANDO A UNIVERSIDADE DE POVO
José Rafael de Oliveira Batista 9
Leocadia Marta Dalabona10
Historicamente, no campo educacional brasileiro, os Povos do Campo precisam supe-
rar diversas dificuldades para poderem exercer o seu direito à Educação Superior. O sistema 
capitalista é cruel, exemplo disso é o fechamento das Casas Familiares Rurais, em especial 
no estado do Paraná, o que provoca tanta dor nos povos do campo e traz à tona injustiças na 
educação, como o fechamento de muitas escolas do campo. 
Porém, um fato novo trouxe alento aos estudantes do campo que já tinham concluído 
o Ensino Médio. Frente a essa realidade, a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) 
preocupada e sensibilizada com esses fatos, lança o desafio de construir um curso de gradu-
ação no município de Candói no Paraná, com a finalidade de atender estudantes do campo, 
em nível superior.
Partindo desse pressuposto a UFFS - Campus Laranjeiras do Sul e o município de 
Candói – PR, em sua gestão atual se desafiaram à construir juntos o Curso Interdisciplinar 
em Educação do Campo - Ciências Sociais e Humanas, na modalidade da Pedagogia da Al-
ternância. Os/as estudantes têm o Tempo Universidade com aulas em tempo integral durante 
os dias da etapa, sendo responsáveis pela alimentação e organização do ambiente escolar de 
forma autogestionada; e o Tempo Comunidade, no qual os e as estudantes voltam para suas 
comunidades, desenvolvem estudos que complementam a carga horária das disciplinas e 
pesquisas de campo.
Estão na contramão do sistema que vem fechando as portas da Educação do Campo, 
os movimentos sociais populares junto a uma universidade democrática e popular buscando 
a defesa e a efetivação de uma educação pública, gratuita e de qualidade em diálogo com as 
demandas das comunidades regionais. Surge uma luz na escuridão, pois com o engajamento 
dessas duas instituições públicas inicia-se a construção dos caminhos a serem trilhados para 
que o curso se realize em Candói, PR. O governo Municipal responsabilizou-se pela infra-
estrutura. A UFFS e professores, iniciaram o trabalho burocrático para atender as demandas 
legais que regem as universidades públicas. 
Por fim, se dá início a divulgação da conquista do curso dentro da universidade sendo 
seu primeiro ato a assinatura do Termo de Cooperação entre a Universidade e o Gestor Mu-
nicipal com grande participação da população de Candói no auditório da UFFS. O trabalho 
9 Estudante da Educação do Campo-Ciências Sociais e Humana, UFFS, Laranjal, PR, batistajrafa@gmail.com.
10 Estudante da Educação do Campo-Ciências Sociais e Humana, UFFS, Laranjal, PR, leocadiamarta@hotmail.com.
21
segue na preparação do vestibular e divulgação do edital no site da referida universidade. 
Os professores e professoras ajudaram a difundir o curso na região da Cantuquiriguaçu e 
nas áreas indígenas, quilombolas, assentamentos da reforma agrária, reassentamentos e nas 
diferentes comunidades camponesas.
 Na realização do vestibular inscreveram-se 106 estudantes, sendo 60 vagas oferta-
das para ingresso. As aulas iniciaram em Candói em 03 de setembro de 2018 com a presença 
do Vice-Reitor Antonio Andrioli, que proferiu a aula inaugural dando início ao primeiro 
Tempo Universidade. A turma é heterogênea, constituindo-se de educandos e educandas de 
vários municípios: Candói, Foz do Jordão, Reserva do Iguaçu, Dois Vizinhos, Mangueirinha, 
Honório Serpa, Pato Branco, Rio Bonito do Iguaçu, Nova Laranjeiras, Laranjal e Guara-
puava. Os/as estudantes são do campo, filhas(os) de camponeses, indígenas e quilombolas 
havendo alguns do meio urbano de municípios rurais. Cada qual trouxe o seu sonho e as suas 
possibilidades como futuros educadores/as de História, Geografia, Sociologia e Filosofia. 
 Neste contexto, há grande diversidade cultural, assim como há educandos/as com-
prometidos com a aprendizagem e a defesa das causas culturais e educacionais das diferen-
tes comunidades. A aprendizagem está para além da sala de aula, pois a estrutura do curso 
permite que ao estudante desenvolver atividades coletivas, conhecimentos culturais, respeito 
ao outro e as diferenças. Um dos vetores principais é a formação crítica em várias áreas do 
conhecimento, que faz parte do cotidiano da família rural que nos acolhe.
 E a história segue o seu rumo. Há a possibilidade real de abrir mais uma turma de 
graduandos/as em Educação do Campo – Ciências Sociais e Humanas, em Candói, PR, em 
2019. Isso significa a vitória dos movimentos sociais populares e de uma Universidade Fede-
ral comprometida com os Povos do Campo, onde está situada. 
22
LEGISLAÇÃO REFERENTE À EDUCAÇÃO DO CAMPO
Lei nº 9.394, de 20/12/1996, Artigos 23, 26, 26-A e 28: prevê a educação para popula-
ção rural. https://goo.gl/PQiaD1
 
Parecer CNE/CEB nº 36, de 04/12/2001: Diretrizes Operacionais para a Educação Bá-
sica nas Escolas do Campo. https://goo.gl/xYFbdD
 
Resolução CNE/CEB nº 01, de 03/04/2002: institui Diretrizes Operacionais para a 
Educação Básica nas Escolas do Campo, incluindo os deveres dos Poderes Públicos. http://
portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB012002.pdf
 Parecer CNE/CEB nº 01, de 01/02/2006: trata da Pedagogia da Alternância. https://
goo.gl/eJrLs9
 
Resolução CNE/CEB nº 04, de 13/07/2010: Estabelece a Educação do Campo como 
modalidade. https://goo.gl/tj5uWS
 
Decreto nº 7.352, de 04/11/2010: dispõe sobre a Política de Educação do Campo e o 
Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA. https://goo.gl/g1oetB
 
Portaria nº 86, de 01/02/2013: institui o Programa Nacional de Educação do Campo 
(PRONACAMPO). https://goo.gl/WYauC4
 
Portaria nº 579, de 02 de julho de 2013 institui o Programa Escolada Terra. https://goo.
gl/HZrqNT
Portaria MEC nº 391, de 10/05/2016: orientações e diretrizes aos órgãos normativos 
dos sistemas de ensino para o processo de fechamento de escolas do campo, indígenas e 
quilombolas. https://goo.gl/jMR9za
 
Lei nº 12.960, de 27/03/2014: altera a Lei nº 9.394/1996, para fazer constar a exigência 
de manifestação de órgão normativo do sistema de ensino para o fechamento de escolas do 
campo, indígenas e quilombolas. https://goo.gl/d4egn5
23
Fonte: Turmas da Licenciatura Em Educação do Campo, UFRGS.
24 Fonte: Somos todos girassóis. Desenho de: Luísa Bruna Prestes, UFRGS Porto Alegre.
25
RESISTA11 
Karen da Silva Neto12
Resista!
Resista ao governo golpista
Tentando nos calar
Tentando nos tirar de onde é o nosso lugar. 
Permaneceremos!
Se é do povo, então aqui que estaremos.
Cuidar do que é nosso
porque daqui só sairemos para ensinar aos próximos. 
Instruir a juventude para que estude e também lute
Porque Luto para Educampo é verbo!
E já que é pra lutar
Vamos questionar 
Contestar!
E pra dimensionar
Somos coletividade
Na pele sentimos o que é a irmandade!
11 Poema escrito para a mística do 4º seminário de Planejamento para o 2º Encontro, ocorrido no módulo III da 
Moradia Estudantil da UFSC.
12 Estudante de Licenciatura em Educação do Campo, UFSC, Florianópolis, Santa Catarina, karensnetto98@
gmail.com.
Movimentação Estudantil na 
Licenciatura em Educação do Campo: 
Nada sobre nós, sem nós!
Capítulo 2—
26
A LUTA DOS ESTUDANTES DAS LICENCIATURAS EM EDUCAÇÃO 
DO CAMPO NO BRASIL
Darlene Moraes do Santos 13
Bianca Moreira de Sousa 14
Francisco José da Sousa Rocha15
A criação dos Cursos de Licenciatura em Educação do Campo (LEdoC) nas insti-
tuições de ensino superior no Brasil é resultado das lutas dos povos camponeses por uma 
educação de qualidade no e do campo. Nesse sentido, as formações nas Licenciaturas vêm 
ampliando a capacidade dos estudantes para o debate e estreitando o diálogo entre diferentes 
atores espalhados pelo Brasil. 
O presente trabalho pretende traçar uma linha do tempo na recente história do Mo-
vimento Estudantil da Educação do Campo do Brasil (MEEC), refletindo sobre os eventos 
que marcaram a trajetória de lutas e que vem aos poucos demarcando os rumos da auto-
-organização estudantil campesina. Sendo assim, para além de uma breve narrativa sobre 
acontecimentos pontuais dos últimos quatro anos– período no qual estudantes avançaram 
nos debates intensificando os encontros – nosso principal objetivo é evidenciar que a cada 
novo encontro o movimento estudantil da Educação do Campo está construindo nas regiões 
brasileiras um mosaico da diversidade do campesinato e reafirmando a luta e a resistência 
diante dos retrocessos na educação. Nesse sentido, é preciso reconhecer a relevância do mo-
vimento de auto-organização de estudantes diante do panorama complexo e das pautas de 
reivindicações das Licenciaturas em Educação do Campo dentro das instituições públicas de 
ensino superior brasileiras. 
O presente texto é elaborado pela necessidade de sistematizar as pautas de luta e rei-
vindicação presentes nos debates regionais e nacionais do movimento estudantil nos últimos 
anos, construído a partir da leitura das cartas sínteses e da análise dos relatórios finais de al-
guns encontros. É composto como relato de estudantes, articulados em âmbito regional e na-
cional, que participaram de importantes momentos dessa construção coletiva que é o MEEC.
13 Graduanda do 5º semestre da Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal de Roraima – LE-
DUCARR/UFRR. E-mail: moraesdarelene@hotmail.com.
14 Graduanda do 9° semestre da Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Pará – LEdoC/
UFPA. E-mail: biancamoreira336@gmail.com.
15Graduando do 8° semestre da Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Piauí – LEdoC/
UFPI. E-mail: franzesrocha@gmail.com
27
A partir do histórico de luta por uma Educação do Campo, o IV Seminário Nacional 
das Licenciaturas em Educação do Campo, realizado em 2014 na Praia Paraíso (Mosqueiro 
– Belém/PA), foi constituído um Grupo de Trabalho de Discentes das Licenciaturas. Esse 
grupo debateu sobre as principais demandas das LEDOC e organizou uma Comissão Execu-
tiva (provisória) para viabilizar a articulação do primeiro Encontro Nacional de Estudantes 
do Campo. Nesse momento, as principais pautas eram: concursos públicos específicos para 
educadores/as e gestores/as do campo, recursos para alojamento, alimentação e bolsas para 
garantir a permanência dos estudantes nas universidades.
No ano seguinte, em 2015, os estudantes voltaram a se encontrar em Laranjeiras do 
Sul (Paraná), durante o V Seminário Nacional das Licenciaturas em Educação do Campo. 
No decorrer deste evento, foi viabilizado um espaço para que os estudantes debatessem e 
relatassem a situação das licenciaturas. Neste mesmo encontro, ocorreu o seminário temáti-
co intitulado: Auto-organização Estudantil nas LEdoC. Nesse momento, nos relatos, foram 
expostas as principais queixas e necessidades estudantis, como a ausência de bolsas e a falta 
de estrutura física para organizar, desenvolver e compreender a pedagogia da alternância. 
As vozes presentes em Laranjeiras do Sul reforçaram a imensa urgência de auto-organização 
do movimento estudantil e da importância da realização do primeiro encontro nacional para 
concretizar a organização estudantil. 
Entre os principais encaminhamentos deste evento estava a deliberação, em plenária, 
para a construção do I Encontro Nacional de Estudantes das Licenciaturas em Educação do 
Campo – I ENELEDOC, que inicialmente seria em Brasília no Campus da UnB. Dando 
segmento ao processo de auto-organização, estudantes de diferentes regiões (UFPA, UFRB, 
UFPI, UnB, UFFS, UFG, UFRGS, UFSC e UNIFESSPA) se reuniram no auditório da FUP/
UnB (Planaltina-DF), entre 28/04 e 01/05 de 2016, para o planejamento do I ENELEDOC 
que estava previsto para a segunda quinzena de agosto do referido ano. Como elemento 
articulador dessa discussão, os estudantes contaram com o possível apoio oferecido pela 
então gestão da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão 
(SECADI/MEC) para cobrir os custos logísticos do Encontro. Porém, com o impeachment da 
Presidenta Dilma Vana Rousseff “fecharam as portas” da SECADI e a Educação do Campo 
começou a sentir os efeitos nefastos do Governo de Michel Temer, iniciado em 12 de maio de 
2016. Por conta disso, o evento foi adiado para dezembro.
O I Encontro Nacional de Estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo acon-
teceu na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, entre 16 e 21 de dezembro de 2016, 
na Cidade de Cruz das Almas. Este momento foi muito importante para dar seguimento ao 
processo de construção do Movimento Estudantil da Educação do Campo. A jornada de ocu-
pações que tomou conta de universidades e escolas em todo o Brasil foi fator marcante para 
a materialização do encontro. Esse acontecimento ajudou a iniciar/fortalecer a integração 
28
entre estudantes das LEdoC e o Movimento Estudantil (ME), pois a Universidade do Recôncavo 
Baiano (UFRB) estava ocupada e em greve durante o I ENELEDOC. 
O MEEC participou ativamente de ocupações em diversas universidades do país, 
trazendo à tona o importante papel que as/os militantes camponesas/es podem cumprir nos 
processos de organização do Movimento Estudantil, inclusive, na organicidade dentro das 
ocupações, deixando um legado de aprendizagem mútua e integração entre estudantes do campo 
e da cidade. 
Os estudantes elencaram, no ENELEDOC, os principais elementos da crítica sobre a 
implantação e o funcionamento das LEdoC nas Universidades. A questão mais criticada foi o 
perfi l das educadoras e educadores que foram/são admitidas/os para as vagas conquistadas a 
partir do PROCAMPO, tanto para as vagas de servidor docente quanto para as de servidor 
técnico. Também ficou claro nos argumentos dos estudantes que faltam nas universidadesmateriais didáticos específicos, como por exemplo: livros nas bibliotecas onde os cursos estão 
funcionando e falta a infraestrutura básica para a maioria das LEdoC (alojamentos, alimentação, 
salas de aula e laboratórios). 
No I ENELEDOC, houve deliberação pela realização de eventos regionais, que seriam 
base da construção do II Encontro Nacional de estudantes das Licenciaturas em Educação do 
Campo. Assim, em abril de 2017, estudantes da LEdoC do Piauí realizam o I Encontro Estadual 
dos Estudantes da Educação do Campo- EDUCAMPO, com o objetivo de avaliar as concepções 
da Pedagogia da Alternância da Educação do Campo na LEdoC do Piauí, como alternativa 
viável a permanência dos estudantes do campo na universidade. O evento ocorreu na cidade de 
Bom Jesus, no Sul do Piauí e foi um espaço de fortalecimento da organização da classe a nível 
de estado e região, já que o encontro contou com a participação de estudantes da LEdoC da 
UFRB. 
Em julho de 2017, o Norte do país realizou o Encontro Regional Norte dos Estudantes 
de Licenciatura em Educação do Campo – I ERNELEC, que teve como objetivo discutir 
estratégias para permanência e conclusão dos estudantes que já iniciaram o curso, bem como 
garantir a oferta permanente de novas turmas e promover interação estudantil, através da 
socialização de experiências das turmas de Licenciatura em Educação do Campo. No geral, 
houve um amplo e rico debate sobre a conjuntura nacional e os desafios da Educação do Campo. 
Consequentemente, o movimento estudantil deliberou participar ativamente dos eventos da 
educação do campo e fazer parte dos debates locais. No intuito da continuidade da luta pela 
Educação do Campo, foi apresentada novamente como pauta pelo MEEC a necessidade da 
inclusão das LEDOC nos concursos públicos e os estudantes participaram na construção da carta 
final do evento. 
Outra ação do Movimento Estudantil foi o encaminhamento do processo de escolha de 
representantes para participar da V Reunião ampliada do Fórum Nacional de Educação do 
Campo- FONEC, em Brasília, 26 a 28 de setembro de 2017. O Fórum Nacional de Educação 
29
do Campo (FONEC) fez o convite para o Movimento Estudantil ocupar assento do Conselho 
e apresentar a sua pauta de reivindicações. Por meio deste debate, estudantes do Piauí, Pará e 
Brasília ocuparam as cadeiras do FONEC e começaram a participar das discussões e delibe-
rações desta importante organização. Sem dúvidas, foi um processo de continuidade da teia 
que o MEEC representa no Brasil. 
A contextualização feita até aqui contribui para que o seguinte pensamento seja evi-
denciado: a partir dos eventos e das articulações nas Universidades, Estados e Regiões, o 
Movimento Estudantil do Campo iniciou um processo de ocupação nos espaços da Educação 
do Campo não mais como plateia, mas como sujeitos que contribuem na construção dos 
pressupostos da Educação do Campo ao organizarem plenárias dentro dos eventos e fortale-
cerem os processos organizativos do movimento. A Primeira Plenária Nacional do MEEC já 
estabelecido e consolidado, foi realizada no dia cinco de dezembro de 2017 em São Luís do 
Maranhão, no VIII Seminário Nacional da Licenciatura em Educação do Campo, que contou 
com a participação de representantes dos centros, coletivos e diretórios acadêmicos das Li-
cenciaturas em Educação do Campo do Brasil, reunindo aproximadamente 200 estudantes.
Vale ressaltar que o MEEC tem uma abrangência geográfica nacional e realiza ações 
nesse mesmo âmbito. Exemplos são plenárias e reuniões com o Ministério da Educação- 
MEC ou mesmo as plenárias presenciais ou on-line. O movimento é recente e ainda passa 
por estruturação e definição de processos organizativos internos. Entretanto, cada Estado, a 
partir da demanda e das situações vividas, realiza ações e se reconhece enquanto MEEC. Um 
dos exemplos são os eventos que foram deliberados no ENELEDOC e que continuam sendo 
realizados pelo MEEC. 
Sob esse entendimento, é importante mencionar que foi realizado o II Encontro Re-
gional Norte dos Estudantes de Licenciatura em Educação do Campo (II ERNELEC) com 
o Tema: “LEDOCS E OS DESAFIOS ENFRENTADOS: CONCURSO PÚBLICO, VALO-
RIZAÇÃO E O CURRÍCULO. O evento ocorreu, entre os dias 13 e 15 de abril de 2018, 
em Abaetetuba no Pará e teve a presença de mais 200 estudantes. Iniciou-se com um ato de 
denúncia, por meio de uma caminhada nas organizações públicas do município, como pre-
feitura, câmara dos vereadores e praça central da cidade com o objetivo de chamar a atenção 
para urgência do reconhecimento do curso da Educação do Campo nos Estados. Ao final 
do evento foi entregue ao promotor de justiça do Ministério Público do Pará, Dr. Frederico 
Antônio Lima de Oliveira, um documento elaborado pelos docentes das LEdoC do Pará e 
assinado por todos os estudantes presentes.
Nessa compreensão, o MEEC demonstra que preza pela sua autonomia, mas compre-
ende a necessidade da somatória de forças na luta com os professores, com as coordenações 
e reitorias, fortalecendo, desse modo, a luta por Educação do e no Campo, pública, gratuita 
e contextualizada.
30
Nacionalmente, o MEEC dentro do FONEC, participou da coordenação do encontro 
“20 anos da Educação do Campo e do PRONERA”, que aconteceu nos dias 12 à 15 de junho 
de 2018 na cidade de Brasília. Nesse evento, ocorreu uma Segunda Plenária Nacional com 
estudantes que participavam do encontro, inclusive, esta foi reivindicada nas reuniões de 
construção do evento. Nesta plenária, as falas eram contempladas por um desejo de unidade 
dos discentes, sejam eles dos cursos advindos do Procampo ou do PRONERA. No entanto, 
essa separação é superada dentro do MEEC quando esses estudantes assumem uma identida-
de de Estudantes da Educação do Campo.
Para tanto, concluímos que a Licenciatura em Educação do Campo, além de formar 
sujeitos para atuarem nas escolas camponesas, é um curso de formação política desenvolvi-
do na práxis pedagógica, através da pedagogia da alternância. Além disso, é um curso que 
promove a formação humana continuada e, portanto, necessita de reconhecimento societário 
digno da autonomia conquistada pelos sujeitos participantes deste movimento transformador.
REFERÊNCIAS 
Ata de Criação da Executiva Nacional Provisória dos Estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo. 
Mosqueiro/PA, 2014.
Carta Síntese do I Encontro dos Estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo da Região Norte. Marabá/
PA, 2017. 
Síntese Política do I Encontro Nacional dos Estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo. Cruz das Al-
mas/BA, 2016.
COMPILADO DE DOCUMENTOS HISTÓRICOS DOMOVIMENTO 
ESTUDANTIL
Estas páginas trazem um breve compilado de documentos históricos do Movimento 
Estudantil na Licenciatura em Educação do Campo, organizado com base nos arquivos do 
CaleCampo-UFSC16, proveniente das participações nos eventos e das trocas de informa-
ções realizadas entre estudantes de diferentes estados. Estes documentos foram inseridos 
nesta obra, pela necessidade de compartilhar nossa história, documentos ainda desconhe-
cidos por muitos. E para que inspirem aprendizados nos futuros e futuras estudantes in-
gressantes desta Licenciatura.
16 CaleCampo: Centro Acadêmico de Licenciatura em Educação do Campo - UFSC
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ATA DA COMISSÃO EXECUTIVA DOS ESTUDANTES17
 
ATA DA ASSEMBLÉIA GERAL FUNDAÇÃO DA EXECUTIVA NACIO-
NAL DOS ESTUDANTES DO CAMPO DO BRASIL “ENECAMPO”18
Aos quatro dias, do mês de dezembro do ano de 2014, às 10h30min na Ilha de Mosquei-
ro, Distrito de Belém, Estado do Pará, nas dependências do Hotel Fazenda, dentro do IV SE-
MINÁRIO NACIONAL – LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO ANO DE 
2014. Reuniram-se em assembléia geral, os estudantes do campo dos Estados que compõem 
o território brasileiro, com o objetivo de fundarem uma Comissão Executivas, que represente 
os seus interesses a nível nacional. Inicialmente foi eleita para coordenar a assembleia a estu-
dante TAMIRES PEREIRA DE FREITAS, graduanda do curso de Licenciatura em edu-
cação do campo,habilitação em Ciências humanas e sociais, pela Universidade Federal do 
sui e sudeste do Pará - UNIFESSPA e a estudante ALICE VIEIRA DA SILVA, graduanda 
do curso de Licenciatura em educação do campo, habilitação em matemática, pela Universi-
dade Federal do Sul e sudeste do Pará - UNIFESSPA para secretariá-la. A coordenadora en-
caminhou o único ponto da pauta da referida assembléia, que trata da fundação da COmissão 
Executiva Nacional dos Estudantes do Campo do Brasil. Abrindo o debate, a coordenadora 
conduziu a participação de todos os presentes, ao final de maneira consensual surgiu à pro-
posta de formação de uma Executiva Nacional de Estudantes do Campo, a qual submetida 
à votação sendo eleita de maneira democrática e unânime, desta forma foi declarada funda-
da, a partir desta data sob a seguinte sigla “ENECAMPO”, tendo a seguinte composição 
por representações estaduais: TITULARES – ESTADO DO AMAPÁ: CLEDISON DOS 
SANTOS ROCHA, graduando em Licenciatura em Educação do CAmpo, habilitação em 
agronomia e biologia, pela Federal do Amapá - UNIFPA, polo Mazagão, AP. ESTADO DA 
BAHIA: WELLITON DOS REIS SANTOS, graduando em Licenciatura em Educação 
do Campo, habilitação em ciências agrárias, pela Universidade Federal Rural da Bahia-U-
FBA, BA. DISTRITO FEDERAL- BRASÍLIA: THIAGO MORAIS DE OLIVEIRA, 
graduando em Licenciatura em Educação do Campo, habilitação em ciências da natureza e 
matemática, pela Universidade de Brasília - UNB; TÁLLYTA ABRANTES DO NASCI-
MENTO, graduanda em Licenciatura em Educação do Campo, habilitação em língua, artes 
17 Nota da organização: a ata foi extraída dos Anais do IV Seminário Nacional da Licenciatura em Educação do 
Campo, de 02 a 05 de dezembro de 2014, Belém -Pará, das páginas 97, 98 e 99. Pela baixa qualidade de resolução 
dos registros, o texto do documento foi transcrito pelo grupo de organizadores deste livro.
18 A Executiva Nacional dos Estudantes do Campo do Brasil denominada no ato de ENECAMPO, popularmente 
passou a ser chamada pelas redes sociais de ENEC. 
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e literatura pela Universidade de Brasília. ESTADO DE GOIÁS: RAFAEL PINHEIRO 
CORREIA, graduanando em Licenciatura em Educação do Campo, habilitação em ciências 
da natureza, pela Universidade Federal de Goiás -UFG; ESTADO DO MATO GROSSO 
DO SUL: APARECIDO RODRIGUES SANTADA, graduando em Licenciatura em Edu-
cação do CAmpo, habilitação em ciências da natureza, pela Universidade Federal de Grande 
Dourados-UFGD; ESTADO DE MINAS GERAIS: ROMUALDO JOSÉ DE MACEDO, 
graduando em Licenciatura em Educação do Campo com habilitação em Ciências da Natu-
reza com ênfase em Agroecologia pela Universidade Federal de Viçosa. MARIA ZÉLIA 
RODRIGUES ALVES, graduanda em Licenciatura em Educação do Campo, habilitação 
em língua, arte e literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG; ESTADO 
DO PARÁ: ELI VIANA DOS REIS, graduando em Licenciatura Em Educação do Cam-
po, habilitação em ciências agrárias e ciências naturais, pela Universidade Federal do Pará 
-UFPA. ESTADO DO PIAUÍ: AFRÂNIO MARCOS ALENCAR MOURA, graduando 
em Licenciatura em Educação do Campo, habilitação em ciências da natureza, pela Univer-
sidade Federal do Piauí -UFPI; ESTADO DO PARANÁ: DAVI MELOTO DUARTE JU-
NIOR, graduando em Licenciatura em Educação do Campo, pela Universidade Tecnológica 
Federal do Paraná - UTFPR; ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL: CÍNTIA MELO 
DA SILVA, graduanda em Licenciatura em Educação do Campo, habilitação em ciências da 
natureza, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Litoral Norte - UFRGS. ESTA-
DO DO RIO DE JANEIRO: SAMUEL DE JESUS, graduando em Licenciatura em Edu-
cação do Campo, habilitação em ciências humanas, pela Universidade Federal Rural do Rio 
de Janeiro - UFRRJ; ESTADO DE SANTA CATARINA: IDALETHÉA ZACANINI19, 
graduanda em Licenciatura em Educação do Campo, pela Universidade Federal de Santa 
Catarina - UFSC; ESTADO DO TOCANTINS: LETÍCIA PEREIRA DE FREITAS, 
graduanda em Licenciatura em Educação do Campo, habilitação em artes visuais e música, 
pela Universidade Federal do Tocantins - Campus de Arraías- UFT, TO. E os SUPLENTES 
- ESTADO DO AMAPÁ: PATRÍCIA DUARTE PEREIRA;. DISTRITO FEDERAL-
-BRASÍLIA: SELMA DE ALMEIDA BERNARDES; ESTADO DE GOIÁS: DANILO 
FERNANDES LOBATO; ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL: ANA CARLA FER-
RAPI; ESTADO DO PIAUÍ: FRANCISCO JOSÉ SOUZA ROCHA: ESTADO DE SAN-
TA CATARINA: MARCELLA FARIA DE ANDRADE; ESTADO DO TOCANTINS: 
NELMA LOPES DE SOUZA.
Como último ato da assembléia os membros eleitos foram empossados na referida 
comissão, para um mandato de 1(um) ano, período 2014/2015. E nada mais havendo a ser 
tratado a coordenadora encerrou a assembléia e eu, ALICE VIEIRA DA SILVA que secre-
19 Nota da organização: Nome da estudante: Halethea Zacanini.
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tariei e digitei esta ata, assino-a seguida pela coordenadora, os demais presentes assinaram 
em lista de presença anexada a esta.
Ilha de Mosqueiros, Distrito de belém - Pará, 04 de Dezembro de 2014.
REGISTRO DE ESTUDANTES PRESENTES NO IV SEMINÁRIO NACIONAL 
DA LEDOC DURANTE A CRIAÇÃO DA ENECAMPO/ENEC
Fonte: arquivo extraído da página nas redes sociais da ENEC, publicado por Danilo F. Lobato, 2014.‎
5º SEMINÁRIO NACIONAL DAS LICENCIATURAS 
EM EDUCAÇÃO DO CAMPO, PR, 2015
Nota da organização: Memória da reunião entre estudantes realizada em Laranjeiras 
do Sul, na quadra de futebol, após o seminário temático: 06. Princípios da auto-organização 
estudantil na Educação do Campo, com Thaile Lopes (MST PR) e Cintia Mello (UFRGS 
Litoral Norte e Executiva Nacional), em 09 de dezembro de 2015. As e os estudantes de 
diversas regiões do Brasil, se mantiveram reunidas(os) após o horário pelo aflorar nas dis-
cussões da demanda de organização enquanto movimento estudantil da Educação do Campo 
e construção do seu primeiro encontro nacional.
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Memória: 5º Seminário Nacional das Licenciaturas em Educação do Campo20
7 a 11 de dezembro de 2015 - Laranjeiras do Sul, PR
Sobre o movimento estudantil das LEdoC’s:
Foi viabilizado um espaço dentro do Seminário para que conseguíssemos debater al-
guns assuntos e relatar a situação das Licenciaturas em Educação do Campo. Quem ficou à 
vontade explanou sua angústia e relatou a organização do curso. 
Esse encontro foi na quarta-feira, com o seminário temático: Auto-organização Estu-
dantil nas LEdoC’s. Nesse primeiro momento, a partir dos relatos, há uma discrepância de 
organização nas Licenciaturas, a qual cada instituição realiza e que acaba prejudicando os 
estudantes, como por exemplo: a ausência da bolsa, a falta de estrutura para receber, orga-
nizar e compreender a Metodologia de Alternância, outro ponto colocado é a necessidade de 
organização por parte dos estudantes para a criação dos Diretórios Acadêmicos ou Centro 
Acadêmico, pois a maioria ainda não possui.
Esse debate teve continuidade em outro momento; em uma reunião realizada no mes-
mo dia, antes da janta. Nesse encontro, os estudantes se encontraram novamente e algumas 
deliberações e acordos foram realizados:
• Criar núcleos setoriais entre os estudantes para uma melhor organização e encaminha-
mento das necessidades, como: núcleo setorial para ver a questão da bolsa, criação do DA ou CA; 
• Criar o Diretório Acadêmico ou Centro Acadêmico;
• Realizar pequenos encontros na própria instituição;
• Proposto o Encontro Nacional dos Estudantes em Educação do Campo no 1º semestre;
• Encaminhar e-mail do calendário de 2016 das aulas TU e TC para a executiva nacional;
• Organizar o movimento estudantil para focar, trabalhar e correr atrás;
Quatro pontos foram destacados e organizados para que o Movimento Estudantil se 
organize e faça “a coisa acontecer”:
• Fortalecimento de Base: Caique, Gracinete, Rita, Loivo, Juliana
• Constituições de Movimentos: Antony, Leonardo, Fidel, Sidnei
• I Encontro Nacional (previsto para Maio/2016): Daniel, Juliana, Tamires
• Políticas Afirmativas: Sidnei, Laésio, Daniel, Daiane, Juliane, Diego, Faculdade 
de Viçosa. 
Esses pontos são a forma de organização escolhida pelosestudantes presente no V 
Seminário Nacional para fazer com que a movimento não pare, e sim, se fortaleça e cresça 
em âmbito nacional. 
20 Documento extraído do arquivo do CaleCampo/UFSC.
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UMA BOA LUTA A TODOS E SEGUIMOS NA CAMINHADA
 
Carta: 1º Encontro de Estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo
da Região Sul -Tramandaí- RS (23 a 25 de outubro de 2016) 
 
 -“ Educação do Campo: Direito nosso, dever do Estado!”
Ilmo. Srº. Reitor desta Universidade. 
Durante estes três dias, reuniram-se em Tramandaí/RS duzentos (200) estudantes do 
Curso de Licenciatura em Educação do Campo, representando as suas Universidades Fede-
rais, com o objetivo de discutir a conjuntura atual, criar pautas e encaminhamentos relacio-
nados à garantia dos direitos conquistados e futuros. 
Por conta do atual momento político nacional, com reflexos em todos os Estados da 
Federação, urge ações diretas e pontuais as quais, nós estudantes e futuros profissionais na 
área da educação, não podemos deixar passar em branco. 
Manifestamos nossa preocupação, em especial, aos Projetos que tramitam no Congres-
so Nacional, como a PEC 241/2016 que estabelece a limitação de gastos do Governo Federal, 
com a área da Educação e Saúde, por vinte (20) anos; a PLP 257/2016 que segue na linha da 
Foto 5º Seminário Nacional das Ledoc, 2015. Arquivo do CaleCampo / UFSC.
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redução dos direitos sociais e prioriza a privatização, com efeitos devastadores. O Projeto 
de Lei do Senado Federal nº 193/2016 denominado “ Escola sem Partido” que acorrenta e 
usurpa o direito de livre pensar do educador e, incute uma falsa moral no pensamento do 
educando. 
São de extrema gravidade, as mudanças no Ensino Médio que aprofunda o modelo tec-
nicista e acarretam graves prejuízos à formação básica dos jovens; a sua profissionalização; a 
inserção no “mundo do trabalho” e não no mercado de trabalho, em um processo educacional 
excludente e contramão, a Educação do Campo e a Educação Popular. 
Nosso compromisso se manifesta na pauta de lutas, resistência avanços, onde defen-
demos e lutaremos por: 
1. Respeito às especificidades do Curso de Educação do Campo e sua Pedagogia pró-
pria, bem como, a modalidade de ingresso diferenciada e calendário oficial; 
2. Uma Pedagogia da Alternância que respeite a característica local, adequada aos 
povos tradicionais; 
3. Uma interdisciplinaridade efetiva em sua práxis; 
4. Assistência Estudantil: 
- Bolsa Permanência 
- Acesso ao Pibid diversidade entre outros
5. Alojamento definitivo, com vaga garantida para o Tempo Universidade e Tempo 
Comunidade; 
6. Professores e professoras com perfil, metodologia e experiência em Educação do 
Campo ou ligado a ele (movimentos sociais e outros); 
7. Transparência nas questões financeiras (verbas) do/para o Curso, com gestão partici-
pativa e democrática, inclusive com ressarcimento quando má gestão; 
8. Contra o fechamento e sucateamento das Escolas do Campo nos três Estados; 
9. Pelo reconhecimento e certificação dos estudantes com a especificação da formação 
por Área de Conhecimento, quando dá realização de Concurso Público para professores e 
professoras; 
10. Pelo fortalecimento de um espaço político de articulação entre Cursos. 
Sendo assim, deixamos claro nossa luta constante pela valorização humana, nossa 
resistência aos golpes e submissão às políticas arbitrarias. A um ensino de qualidade res-
peitando as identidades do coletivo, contando com o apoio e colaboração efetiva de Vossa 
Senhoria e sua equipe. 
“ Nenhum direito a menos!”
Comissão Organizadora do Encontro
Tramandaí, 25 de outubro de 2016.
I ENELEdoC - Carta ao Movimento Estudantil da Educação do Campo
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ENCONTRO REGIONAL NORTE DOS ESTUDANTES DE 
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO – ERNELEC
 Bianca Moreira de Sousa21
Francisco José Sousa Rocha22
 Os encontros regionais de estudantes foram deliberados no I Encontro Nacional dos 
Estudantes (ENELEdoC) das Licenciaturas em Educação do Campo (LEdoC), ocorrido em 
2015 na Bahia, especificamente na cidade de Cruz das Almas, onde foram realizados alguns 
encaminamentos e a agenda de luta em nível nacional. Um dos encaminhamentos foi a re-
alização dos encontros regionais com periodicidade anual nas regiões norte, nordeste, sul, 
sudeste e centro oeste. Esses encontros têm por objetivo compartilhar a realidade das LEdoC 
em seus locais e seus desafios enfrentados.
 O primeiro Encontro Regional Norte dos/das Estudantes de Licenciatura em Edu-
cação do Campo (ERNELEC), aconteceu na cidade de Marabá no Pará, nos dias 30 de junho 
a 03 de julho de 2017, na Fundação Agro-Ambiental do Tocantins Araguaia – FATA e teve 
como tema “Educação do Campo: desafios e politicas públicas”.
 O ERNELEC foi construído e organizado por estudantes das instituições: Uni-
versidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Campus Marabá, Universidade 
Federal de Roraima (UFRR), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidades Federal 
do Tocantins (UFT).
 O segundo Encontro Regional Norte ocorreu na cidade de Abaetetuba no Pará, nos 
dias 13 à 15 de Abril de 2018, no campus universitário da UFPA. O Centro Acadêmico de 
Educação do Campo de Cametá (CALEDOC) e estudantes da LEDOC de Abaetetuba tive-
ram a iniciativa de organizar o encontro, cujo tema foi “LEDOC e os desafios enfrentados: 
concurso público, valorização e o currículo”. A organização contou ainda com estudantes de 
Tocantinópolis (UFT), Universidade Federal de Altamira (UFPA), UNIFESSPA (Campus 
Marabá). Além disso, teve a participação do Movimento Estudantil da Educação do Campo 
em nível nacional (MEEC), representado pelo estudante Francisco José Sousa Rocha da 
Universidade Federal do Piauí; por representantes dos Centro Acadêmicos dos cursos de 
21 Educação do Campo Pela Universidade Federal do Pará. Baião-Pá E-mail: biancamoreira336@gmail.com.
22 Educação do Campo Pela Universidade Federal do Piauí. Campus Professora Cinobelina Elvas - Bom Jesus- 
Piauí E-mail: franzesrocha@gmail.com.
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Educação do Campo no Pará; fóruns como FORECam; representante do Ministério Público 
do Estado do Pará na pessoa do Dr. Federico de Oliveira. 
 O ERNELEC permitiu que os e as estudantes pudessem aproximar-se e fazer aná-
lises das vivências das LEDOC ś na região Norte, sobre quais pautas eram comuns e quais 
estratégias seriam adotadas para fortalecer os cursos de Educação do Campo no norte e no 
país. Podemos concluir que o evento foi um marco na organização dos e das estudantes da 
região norte. Configurou-se também como um espaço de fortes debates sobre o “Fechamento 
de escolas do campo”.
Registros do Movimento estudantil na Licenciatura em Educação do Campo. Arquivos do CaleCampo.
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Formação acadêmica: 
desafios e potencialidades.
Capítulo 3 —
QUANDO SINTO QUE JÁ SEI
Beatriz Ferreira Alves Corrêa23
Quando sinto que já sei
É um processo de aprendizagem,
No qual ouvir, olhar, dividir, ter voz e vez 
Mais parece uma bobagem.
Viver no coletivo
Sem estar preso por um muro
O que transforma hoje é um motivo
Que mudará o nosso futuro.
Mas dizem que aluno é alguém sem luz.
Não é o que as crianças são...
Elas podem passar o conhecimento
E mudar a educação.
Através delas os professores se formam.
Cada um cuidando do outro
Em conjunto e construção.
Alguém já perguntou o por quê
Sair da sala é fazer acontecer ?
Que a escola deve ser uma forma de se expressar
Que ela é ser livre, saber e sonhar ?
23 Educação do Campo, UFPR Setor Litoral, PR, lucilenepereira514@gmail.com.
Eu sei que o errado nem sempre é errar.
Se ser livre é o errado
Na disciplina vem o aprendizado.
Aprendizado em comunhão
Força de expressão em respeito
É amor pela educação. 
Quando sinto que já sei
Escolher fazer o que é certo
Com a liberdade de trazer a comunidade para 
mais perto.
Criança, energia, força de expressão
Em respeito mútuo e harmonia
Com sua própria autonomia.
Repense sua ação.
É preciso ouvir as crianças para o conhecimen-
to ser compartilhado.
Épreciso paciência e coragem,
Pois a minha verdade nem sempre será a sua 
verdade. 
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EGRESSOS DE EJA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: 
UM ESTUDO DE CASO
Camila Galvão24
Angela Figueira25
O relato tratará da pesquisa realizada com estudantes ingressantes de 2016 na Univer-
sidade Federal do Rio do Sul – Campus Litoral Norte. Investigamos se os/as estudantes do 
curso da Educação Campo: Ciências da Natureza, provenientes da modalidade de Educação 
de Jovens e Adultos (EJA), percebem-se com déficit conceitual em relação os conteúdos de 
Química, Física e Biologia nos componentes de Ciências da Natureza tratados durante o 
referido curso.
METODOLOGIA
A metodologia consistiu em um estudo de caso de natureza qualitativa e quantitativa 
com estudantes ingressantes em 2016 no curso da Educação do Campo: Ciências da Natureza 
do campus Litoral Norte. Pesquisamos os ingressantes de 2016, oriundos da EJA, se eles/elas 
se percebem com algumas dificuldades perante os conceitos de Ciências da Natureza. 
Neste trabalho objetivamos investigar: a) Como as disciplinas da área de ciências eram 
desenvolvidas durante sua formação na EJA?; b) Os conceitos eram relacionados com o coti-
diano?; c) Os conteúdos do ensino médio da EJA são associados com os conhecimentos com-
partilhados no curso?; d) Se há dificuldade de aprendizagem e como o estudante proveniente 
da modalidade faz para supri-las?.
De 11 estudantes provenientes da EJA, seis aceitaram fazer a entrevista que teve 
o intuito de investigar questões referentes ao seu ensino anterior à entrada no Curso de 
Educação do Campo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES 
De acordo com cinco estudantes entrevistas, as disciplinas de ciências da natureza na 
EJA eram desenvolvidas de forma superficial, com aulas teóricas e de maneira tradicional, 
com aplicações de provas. Apenas uma estudante relatou que havia aulas em laboratórios 
com pesquisas.
24 Licenciatura em Educação do Campo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul/ Campus Litoral Norte 
(UFRGS), Tramandaí, RS. E-mail: camilagalvaoferreira@gmail.com
25 Licenciatura em Educação do Campo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul/ Campus Litoral Norte 
(UFRGS), Tramandaí, RS.
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Sabemos que a Educação de Jovens e Adultos tem sua própria identidade e a função de 
ser reparadora por buscar igualdade, equalizadora por estabilizar os sujeitos e qualificadora 
por reconhecer os/as estudantes com suas qualidades e especificidades, formando a partir 
disso sujeitos críticos, dando-lhes voz para que sejam ouvidos. Porém quando pensamos em 
uma educação superficial para a EJA preocupa-nos que ela não esteja cumprindo com suas 
funções perante a sociedade.
Entre os seis estudantes entrevistadas, metade afirmou que os conteúdos não eram re-
lacionados com o seu cotidiano e sua realidade de vida. Uma relatou que somente havia rela-
ção com alguns conteúdos, mas ainda assim era de forma superficial e duas constataram que 
os conceitos eram relacionados com o seu cotidiano. Compreendemos que o conhecimento 
compartilhado quando relacionado com a vida do/da estudante é mais valorizado por ele/ela.
Quando perguntamos se elas consideram que aprenderam ciências da natureza, metade 
afirmou que não. Duas afirmaram que sim e uma disse que aprendeu muito pouco somente 
em alguns conteúdos.
Questionamos se a partir da experiência no curso elas conseguem associar a aprendi-
zagem adquirida no Ensino Médio com os componentes das Ciências da Natureza. Quatro 
responderam que não conseguem associar por muitas vezes não ter aprendido no Ensino Mé-
dio ou também por ser um conhecimento que não teve importância na vida e foi descartado. 
Já outra afirmou que consegue associar minimamente. 
Indagamos se elas têm dificuldades na compreensão das aulas de Ciências da Natureza 
e o que poderiam fazer para supri-las. A resposta de cinco foi que há dificuldades e elas ten-
tam supri-las lendo livros didáticos do Ensino Médio, pesquisando e organizando grupos de 
estudo. Uma estudante afirmou que não sente dificuldade. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa trouxe contribuições significativas, possibilitando aos pesquisadores ob-
servar, pesquisar e aprender sobre a modalidade EJA e suas especificidades com o ensino de 
Ciências da Natureza, conhecer colegas estudantes do Curso de Licenciatura em Educação 
do Campo e compartilhar experiências.
Finalizando, a intenção não foi acabar a discussão acerca do tema proposto, mas, sus-
citar a importância da EJA e conhecer o ensino de Ciências da Natureza da modalidade nas 
diferentes experiências dos colegas de curso.
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais: Educação básica/ Brasil. Conselho Nacional 
de Educação. Brasília- DF,2014. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=-
download&alias=13448-diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 20 out2016.
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PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE EDUCAÇÃO DO CAMPO: CIÊNCIAS DA NATUREZA. Disponí-
vel em: http://www.ufrgs.br/educampofaced/projeto-pedagogico-2/view. Acesso em:20.out.2016
LEI DE DIRETRIZES E BASE DA EDUCAÇÃO LEI No. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei nº 5692 de 
11.08.71, capítulo lV, Mec, Brasília, 1974. Disponível em: <http://www.mec.gv.br> Acesso em: 07,out2016.
EXPERIÊNCIA COM OS ESTÁGIOS E OS DESAFIOS 
PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE AULA
Rosiclei Vorel26
Desde o início do curso eu já sabia que era esse o caminho que gostaria de seguir, uma 
educadora que faça a diferença na vida dos estudantes. Como futura docente agora eu sei que 
esse não é um caminho fácil a ser seguido, pois muitas vezes as frustrações nos fazem pensar 
se vale a pena continuar, num país que não se prioriza e nem valoriza a educação, tão pouco os 
profissionais que ali estão. É acreditando em autores grandiosos, que continuamos resistindo e 
lutando todos os dias. Para transformar uma sociedade é necessário mudar a educação.
Meu primeiro contato como docente aconteceu numa escola localizada no centro do 
município de São Bento do Sul, com 80.000 mil habitantes. A escola tem uma ótima infraes-
trutura e conta com sala de informática, sala de vídeo, quadra de esportes, etc. Era ali que eu 
e meus colegas iríamos vivenciar nossos estágios e observações.
Achei muito empolgante entrar como estagiária e estar com os professores enquanto eles 
elaboravam suas aulas. Percebi como cada um possui uma didática muito diferente do outro. 
Primeiramente, foram vinte aulas a serem observadas em cada matéria, para depois 
aplicar as regências, sendo duas aulas de matemática e duas de ciências. As observações 
foram muito ricas, mas a cada observação, mais perto da regência eu chegava e algo que 
eu já temia desde o início, aconteceu: eu teria que elaborar planos de aula e administrá-las. 
Não que eu não estivesse preparada, pois fui muito bem orientada a como fazer um plano, 
como trazer a realidade do aluno para a sala de aula, mas o nervosismo de cometer erros 
me assombrava.
Presenciar momentos como a elaboração de um plano de aula é muito rico para nós 
estudantes, mas quando é nossa vez de elaborar queremos colocar tudo que vivenciamos no 
curso em prática. Entretanto, como colocar em prática tudo aquilo vivenciado, em menos 
de duas horas? Como trazer para aula a realidade dos alunos se cada um possui realidades 
26 Educação do Campo, UFSC, Florianópolis - SC. rosicley,sbs@gmail.com
50
diferentes? Como chamar a atenção de todos/as? Muitas questões surgem no momento e você 
percebe que tem mais perguntas do que respostas.
Comecei a estudar os temas para poder ter o domínio dos conteúdos, para quando en-
trar em sala estar preparada. Sabendo que os materiais de apoio ao trabalho docente são de 
extrema importância no processo de ensino e aprendizagem, pesquisei livros, assisti vídeos, 
li diversos textos e falei com outros colegas que já haviam passado por essa experiência 
de elaboração de plano de aula e regência, mas as perguntas persistiam: como ser uma boa 
professora, saber dialogar

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