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RESUMO CAPITULO 3 LIVRO DO TARTUCE - SUCESSOES

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3.1 DO CONCEITO DE TESTAMENTO E SEU CONTEÚDO. DAS DIFICULDADES PRÁTICAS DE SUA ELABORAÇÃO NO BRASIL
Flávio Tartuce inicia assentando que “O testamento representa, em sede de Direito das Sucessões, a principal forma de expressão e exercício da autonomia privada, da liberdade individual, como típico instituto mortis causa” (p. 524). O autor conceitua o testamento como sendo um ato unilateral, personalíssimo e revogável, em que o testador pode fazer disposições de caráter patrimonial ou extrapatrimonial, a exemplo daqueles elencados no art. 24 da Lei n. 9.610/98, para o período após a sua morte (p. 526).
Quanto ao objeto do testamento este não é apenas de cunho patrimonial, podendo também, segundo o autor, pode ser de cunho existencial, relativo aos direitos da personalidade. (p. 527). Além disso, o autor ressalta que, por meio do testamento, é possível dispor acerca do armazenamento de material genético para a reprodução assistida após a morte do testador, o que a doutrina convencionou chamar de testamento genético (p. 527). Cita também o testamento afetivo, relativo a memórias de afeição; o testamento digital, para bens adquiridos no âmbito digital; e por fim, apresenta o testamento ético, por meio do qual seria possível traçar projetos de vida para os filhos no futuro (p. 528).
 O autor exemplifica situação em que uma pessoa deixa em testamento instruções para publicação de sua autobiografia, o que é atendido pelos herdeiros, porém se a publicação ofender a terceiros, a responsabilidade recairá sobre o espólio, antes da partilha, e sobre os herdeiros, após a divisão dos bens, até o limite da herança, conforme art. 1792, do CC (p. 582/533).
O autor cita como fatores para afastar a utilização do testamento no Brasil a ausência de patrimônio para dispor, o medo da morte, os custos e formalidades para a elaboração do testamento público, a ideia de que a vocação hereditária prevista em lei é correta e justa, o que nem sempre é verdade. (534/535).
3.2 DAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO TESTAMENTO
Segundo Tartuce, o “testamento constitui um negócio jurídico unilateral, pois tem aperfeiçoamento com uma única manifestação de vontade” (p. 536). Segundo o autor, o testamento possui as seguintes características: a) é um negócio jurídico gratuito ou benélovo, pois o testador não aufere nenhuma vantagem; b) é um negócio mortis causa, somente produzindo seus efeitos após a morte do autor do testamento; c) é um negócio formal, pois a lei estabelece todas as formalidades do ato; d) é um negócio revogável, pois o testador pode revogar ou modificar o testamento a qualquer momento; e) é um ato personalíssimo, porque ninguém pode testar em conjunto com outro pessoa ou por procuração.
3.3 REGRAS FUNDAMENTAIS A RESPEITO DO TESTAMENTO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 E A CAPACIDADE DE TESTAR. O PRAZO PARA INVALIDAR O TESTAMENTO. HIPÓTESES DE INVALIDADE TESTAMENTÁRIA
Segundo o autor, o testamento exige a capacidade civil prevista nos artigos 3º e 4º do Código Civil, sendo que a capacidade testamentária é prevista no artigo 1.860 do CC. Cita o autor os exemplos de Maria Helena Diniz, aduzindo que estão proibidos de testar os menores de 16 anos e os desprovidos de discernimento, por estarem impedidos de emitir vontade livre, “caso das pessoas com arteriosclerose, com mal de Alzheimer, com sonambulismo, com embriaguez completa e os surdos-mudos” (p. 541)
Quanto à incapacidade testamentária, afirma que apenas os menores de 16 anos e as pessoas que não tem discernimento para expressar uma manifestação de ultimo vontade, conforme artigo 3º do CC. (p. 542). Porém, o autor sustenta a ideia de que o pródigo pode testar, pois os atos de alienação atingiriam somente os bens praticados em vida (p. 543). Ressalta ainda que a incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, conforme art. 1861 do CC. De igual modo, a recíproca é verdadeira, pois o testamento do incapaz não se convalida com sua capacidade superveniente (p. 545). 
Conforme o art. 1.798 do CC, aduz o autor que “legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão, sendo a sucessão legítima ou por ato de última vontade”. (p. 545). Podem também ser chamados para suceder: os filhos de pessoas indicados pelo testador; as pessoas jurídicas e; a fundação cuja criação o testador determinou, conforme art. 1799 do CC. Já o art. 1801 do CC afirma que não podem ser nomeados como herdeiro ou legatário: a pessoa que escreveu o testamento a rogo; as testemunhas do testamento; o concubido do testador casado; a autoridade perante quem se aprovar o testamento. (p. 546).
Segundo o autor, os bens da legítima não podem ser objeto de testamento, conforme art. 1857,§1º do CC, pois protege a quota dos herdeiros necessários. O §2º do art. 1857 do CC estabelece que é válida a disposição de caráter não patrimonial, frisando-se o autor que o testamento pode ter conteúdo apenas existencial (p. 546). Quanto à nulidade relativa do testamento, o autor comenta o art. 1859 do CC, asseverando que se trata de regra especial de anulação do negócio jurídico. Afirma ainda que “é de cinco anos, devendo ser contado especificamente do seu registro” (p. 547). É possível anular o testamento por erro, dolo, coação moral, nos demais casos de anulabilidade, ou em caso de fraude contra credores, conforme art. 1.909 do CC. Quanto à nulidade absoluta testamentária, aplicam-se as hipóteses do art. 166 e 167 do CC, vez que o direito à herança é um direito fundamental, conforme art. 5º, XXX, da CF/88.
3.4 DAS MODALIDADES OU FORMAS DE TESTAMENTO
3.4.1 PRIMEIRAS PALAVRAS
De acordo com o art. 1862 do CC, são espécies de testamento comuns: o testamento público, o testamento cerrado e o testamento particular. Já as espécies especiais são: o testamento marítimo, o testamento aeronáutico, e o testamento militar. Tais espécies cuidam de um rol taxativo, sendo proibido o testamento conjuntivo, simultâneo, recíproco ou correspectivo, sob pena de nulidade absoluta. Sendo possível tão somente que duas ou mais pessoas utilizem-se de cédulas testamentárias distintas, autonomamente.
3.4.2 DOS TESTAMENTOS COMUNS
3.4.2.1 DO TESTAMENTO PÚBLICO
Segundo o autor testamento público é “aquele que traz maior segurança para as partes envolvidas, pois lavrado pelo Tabelião de Notas ou por seu substituto, que recebe as declarações do testador ou autor da herança” (p. 558). Aduz que a competência exclusiva para elaborar testamentos públicos consta no art. 7º, II, do CC. Os requisitos formais estão previstos no art. 215, §1º do CC, sendo: data e local, qualificação das partes, a manifestação clara da vontade do testador, a leitura da declaração perante as testemunhas, a assinatura das partes, conjunto de atos que representa o princípio da unicidade do ato testamentário.
Os oficiais notários podem contratar escreventes como prepostos, de acordo com a lei 8.395/94, os quais podem praticar todos os atos conjuntamente com o oficial de registro. (p. 560), havendo jurisprudência nesse sentido. Quanto às testemunhas, não podem ser admitidas os menores de 16 anos, aqueles que não tiverem discernimento para a prática dos atos da vida civil, os cegos e surdos, quando a ciência da dos fatos depender desses sentidos e os parentes até o terceiro grau, inclusive união estável.
Quanto ao local para se realizar o testamento, este é de livre escolha pelo testador não havendo nenhum impedimento nesse sentido. A jurisprudência tem afastado o rigor formal e privilegiado a manifestação do ato de ultima vontade. Quanto à publicidade do testamento, alega que o testamento não deve ser colocado à disposição da coletividade, pois seus efeitos são para depois da morte. (p. 576), mas seu acesso deve ser autorizado a quem requerer fundamentadamente e comprovar perante a CNB-CF, por requisição do MP, por requisição do próprio testador, ou por pessoa interessada (p. 578/579).
3.4.2.2 DO TESTAMENTO CERRADO
Leciona o autor que o testamento cerrado é uma carta sigilosa, pois o conteúdo permanece em segredo até a morte do testador.A desvantagem é que se o documento for atingido de alguma forma, pode ocorrer sua revogação tácita. Já a vantagem é que traz maior segurança nos relacionamentos sociais, pois ninguém saberá a expressão de última vontade do testador.
O testamento cerrado será escrito pelo testador, ou por outra pessoa a rogo, e por ele assinado, sendo valido se aprovado por tabelião ou substituto legal, segundo o art. 1868 do CC. Suas formalidades são: presença de duas testemunhas, a declaração do testador de que aquele é o seu testamento e requerer sua aprovação; que o tabelião faça o auto de aprovação na presença das testemunhas e que o auto seja assinado por todas as partes. O testamento será cerrado com cinco pontos retrós (art. 1869, CC). A jurisprudência tem mitigado as exigências para o testamento cerrado. Inclusive, o STJ admitiu que o testamento cerrado seja elaborado por pessoa com grave deficiência visual. Porém, não pode dispor dos bens em testamento cerrado a pessoa que não saiba ou não possa ler, como analfabeto ou cego, com exceção do surdo-mudo, desde que possa escrever tudo à mão. Ocorrendo o falecimento do testador, o testamento será apresentado ao juiz que o abrirá e ordenará que seja cumprido. (art. 1875 do CC).
3.4.2.3 DO TESTAMENTO PARTICULAR
A principal desvantagem do testamento particular é que não possui a mesma segurança do testamento público. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou de forma mecânica. Se for escrito à mão, deve ser lido e assinado por quem escreveu na presença de 3 testemunhas que também deve assinar. Se feito de forma mecânica não pode conter rasura ou espaços em branco, lido e assinado também por todas as partes. A jurisprudência tem mitigado os requisitos formais. 
Após a morte do testador, o testamento será publicado, com a citação dos herdeiros. Tal publicação poderá ser requerida pelo herdeiro, pelo legatário ou pelo testamenteiro. O juiz ouvirá o MP e confirmará o testamento. O autor critica a necessidade de intimação do MP, pois o conteúdo do testamento é puramente privado. Necessário ressaltar que o testamento sem assinatura de testemunhas poderá ser confirmado pelo juiz, trata-se do tratamento de emergência, o qual ocorre em caso situação anormal, como incêndio sequestro, desastre, etc, e situação em que é impossível a intervenção de testemunhas. 
3.4.3 DOS TESTAMENTOS ESPECIAIS 
3.4.3.1 DO TESTAMENTO MARÍTIMO E DO TESTAMENTO AERONÁUTICO
O testamento marítimo é celebrado a bordo de navio mercante ou de guerra viagem marítima lacustre ou fluvial, conforme 1888 do Código Civil. É possível testar em alto mar desde que preenchias as formalidades para o testamento público ou cerrado, devendo o testamento ser registrado no diário da embarcação. É possível o testamento em viagem marítima clandestina ou náufraga, pois são passageiros, devendo serem tradados como tais para todos os fins.
O testamento aeronáutico consta no art. 1889 do CC, e procede do mesmo modo do testamento marítimo, sendo realizado a bordo de aeronave militar ou comercial, perante o comandante e duas testemunhas, nos moldo do testamento público. 
Aos os testamentos ficaram sob a guarda do comandante que os entregará às autoridades administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional com o registro do diário de bordo, segundo o art. 1890 do CC, não tendo este direito a prêmio, pois seu trabalho é de mero depósito do documento. Ambos os testamentos caducaram se o testador não morrer na viagem ou no prazo de 90 dias do desembarque. 
3.4.3.2 DO TESTAMENTO MILITAR. O TRATAMENTO RELATIVO AO TESTAMENTO NUNCUPATIVO. 
Segundo o autor, “o testamento militar poderá ser feito, não havendo tabelião ou seu substituto legal, ante duas testemunhas. Se o testador não puder ou não souber assinar, o número de testemunhas aumenta para três, hipótese em que assinará pelo testador uma das testemunhas.” (p. 604). Conforme aponta, “A regra geral é que o testamento deve ser efetuado perante o comandante do destacamento, mesmo que em grau militar inferior em relação ao autor da herança”. Porém, há exceção, “em caso emergencial ao extremo, estando o ferido em hospital ou casa de saúde, poderá tal regra ser afastada”, sendo que em tal hipótese o testamento poderá ser feito perante o oficial médico ou o diretor do estabelecimento em que se encontra. (p. 606).
Quanto procedimento após a redação do testamento, ensina que “o testamento será apresentado ao auditor ou à autoridade, na presença das testemunhas. Ato contínuo, o auditor irá autenticar o documento, lançando a nota autenticadora em qualquer papel, indicando local e tempo do referido ato jurídico. ” (p. 607) A caducidade do testamento militar ocorre em 90 dias seguintes desde que o testador esteja em local onde possa testar da forma comum.
É possível ao militar fazer testamento oral, confiando sua última vontade a duas testemunhas, conforme art. 1896 do CC, tratando-se, segundo o autor, do testamento militar nuncupativo, feito a voz (p. 608), entretanto, a doutrina critica duramente este tipo de testamento, vez que é enorme a insegurança jurídica que carrega (p. 609).
3.4.4 DO DENOMINADO TESTAMENTO VITAL OU BIOLÓGICO
Segundo Tartuce, “por meio do testamento vital, visa a influir sobre os profissionais da área de saúde, “no sentido do não tratamento, como vontade do paciente, que pode vir a estar impedido de manifestar sua vontade, em razão da doença” (p. 610). O autor assevera que quando se fala em testamento vital o conteúdo do documento será referente ao modo de tratamento da pessoa hospitalizada. Nesse contexto, o autor disserta acerca da eutanásia, distanásia e ortotanásia, sendo que apenas esta última é autorizada por nosso ordenamento, sendo um meio termo entre as duas anteriores, e objetiva não gerar qualquer tipo de sofrimento ao paciente, seja físico, espiritual ou psicológico. Visa, portanto, a proteção da dignidade do paciente.
Todavia, o autor afirma que não se trata efetivamente de um testamento, mas sim de uma declaração de vontade, pois não se presta a gerar efeitos pós morte, mas enquanto viva a pessoa, sendo somente uma forma de permitir que a pessoa declare que recusa terapias que prolonguem dolorosamente sua vida. A forma do ato é livre, seguindo a disposição do art. 107 do CC, sendo um ato unilateral.
3.5 DO CODICILO
Segundo Tartuce, “o codicilo ou pequeno escrito constitui uma disposição testamentária de pequena monta ou extensão”. (p. 619). Para o autor, o codicilo é um ato particular de última vontade simplificado em razão de ser o seu objeto de menor importância tanto para o falecido quanto para os seus herdeiros. De acordo com o art. 1881 do CC, toda pessoa capaz de testar poderá dispor em um codicilo de questões de pequena monta, relativas ao seu enterro, a esmolas, etc. 
O autor exemplifica que “é possível, ainda, fazer disposição sobre sufrágios da alma, como para celebração de uma missa ou culto em nome do falecido (art. 1.998). ” Porém a análise do que sejam efetivamente bens de pequeno valor deve ser feita caso a caso. É plenamente possível reconhecer um filho por meio de codicilo, segundo interpretação do art. 1609, III, do CC. O codicilo pode na modalidade cerrado.
3.6 DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS. REGRAS FUNDAMENTAIS A RESPEITO DA INTERPRETAÇÃO DO TESTAMENTO
Quanto à regra contida no artigo 1.897 do Código Civil, preleciona Tartuce que “a nomeação de herdeiro ou legatário pode ser pura ou simples, ou seja, sem a presença de qualquer elemento acidental descrito entre os arts. 121 a 137, na Parte Geral do Código Civil, quais sejam a condição, o termo e o encargo”. (p. 626). O prazo para anulação do ato é de 1 ano contado de quando chegar ao conhecimento do interessado.
Quanto à regra do art. 1899 do CC, afirma que “A menção à vontade do testador guia a prevalência do aspecto subjetivista ou intencional, na esteira do que consta do art. 112 do Código Civil em vigor.” 
Já quanto à regra do art. 1900 do CC, analisa que “O dispositivo ora em análise traduz uma norma proibitiva relevante, ao elencar um rol taxativoou numerus clausus de cláusulas testamentárias não admitidas pelo sistema jurídico nacional” (p. 634). 
Ressalta que é nula o testamento que favoreça a pessoa incerta, bem como aquelas indicadas no art. 1801 e 1802 do Código Civil, quais sejam: pessoa que escreveu o testamento, testemunhas, concubina do testador casado, as autoridades perante quem se fez o testamento.
Em relação à regra do art. 1901 do CC, alega que “é válida a disposição em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro.” (p. 636). Quanto ao art. 1902 do CC, comenta que “Em havendo no testamento um intuito filantrópico genérico, os beneficiados devem ser aqueles que se localizam no último domicílio do testador, o que representa uma presunção da sua vontade.”
Sobre a dicção do art. 1903 do CC, o autor tece comentários no sentido de que “No caso do testamento, o erro mencionado que gera a sua nulidade relativa diz respeito à indicação da pessoa do herdeiro ou legatário (error in persona), ou quanto à coisa legada (error in corpore).” (p. 639)
O art. 1904 do CC traz a seguinte ponderação: “aplica-se a máxima concursu partes fiunt, própria das obrigações divisíveis, presumindo-se de forma relativa a divisão igualitária entre os herdeiros.” E o art. 1905 do CC, para o autor, significa que “havendo disposição mista, com nomeações individuais e coletivas, deve-se interpretar a vontade do autor do testamento de acordo com as correspondentes atribuições, se com o intuito pessoal ou de benefício do grupo” (p. 639)
O art. 1909 do CC é muito interessante pois trata das hipóteses de erro, dolo ou coação. Tartuce tece brilhante explicação acerca de cada um dos institutos, pontuando ao final que o prazo decadencial em relação a estes vícios é de 4 anos a contar da ciência do vício, sendo certo que a validade do testamento pode ser impugnada em 5 anos, a partir do registro. (p. 642)
O art. 1910 do CC ressalta que se “trata-se de exceção à máxima pela qual a parte inútil do negócio, em regra, não prejudica a parte útil (utile per inutile non vitiatur), retirada do art. 184 do próprio Código Civil”. (p. 643).
3.7 DAS CLÁUSULAS RESTRITIVAS NO TESTAMENTO: INALIENABILIDADE, INCOMUNICABILIDADE E IMPENHORABILIDADE
O autor pontua que “No sistema atual, há tratamento não só das cláusulas de inalienabilidade e de incomunicabilidade, mas também da de impenhorabilidade, conforme o art. 1.848 do Código Civil brasileiro de 2002.” Explica que “a cláusula de inalienabilidade veda a alienação ou transmissão do bem clausulado, seja de forma gratuita ou onerosa.” Esclarece ainda que “a cláusula de inalienabilidade não veda que o bem seja adquirido por usucapião” (p. 645)
Quanto à inalienabilidade absoluta, afirma que “está presente uma proibição de alienação de todos os bens para quem quer que seja.” Por outro lado, “no caso de inalienabilidade relativa, existe a permissão de alienação para determinadas pessoas e vedação para outras” Cita também a inalienabilidade vitalícia, que “é aquela em que a restrição dura toda a vida do beneficiado do bem, extinguindo com a sua morte,” (p. 646)
Em relação a cláusula de incomunicabilidade, Tartuce esclarece que esta “afasta a comunicação de bens havidos antes ou depois da constituição da entidade familiar, seja por casamento ou união estável”. Adverte ainda que “a cláusula de incomunicabilidade somente impede que a pessoa receba o bem em vida” (p. 648)
No que se fere à impenhorabilidade, elucida que “o bem relacionado não pode ser objeto de penhora judicial, ou seja, não pode ser constrito para os fins de satisfação patrimonial de terceiros, caso de credores da parte relacionada” (p. 648). Aduz também que “é com o intuito de proteger o herdeiro ou a própria família – base da sociedade, com especial proteção do Estado, na dicção do art. 226, caput, da CF/1988 – que as cláusulas são impostas...” (p. 655)
3.8 DOS LEGADOS
3.8.1 CONCEITO E MODALIDADES ESPECÍFICAS
Com relação ao instituto, o autor denomina que “chama-se legado o benefício quando um direito patrimonial, como unidade e independente, se separa do todo e a sucessão singular é assegurada”. Ensina ainda o autor que são partes: o legante ou testador que faz a disposição de última vontade a título singular; e o legatário, aquele que é beneficiado pela disposição, mas a lei admite o sublegado, segundo o art. 1913 do CC. É possível também a figura do prelegado ou legado precípuo, quando “o herdeiro legítimo também é beneficiado com o ato de disposição testamentária singular” (p. 672)
3.8.1.1. DO LEGADO DE COISA ALHEIA
Flávio Tartuce destaca que “o legado de coisa alheia está tratado pelo art. 1.912 da codificação privada em vigor, segundo o qual é ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momento da liberalidade” (p. 673). Destaca ainda que é ineficaz o legado realizado por pessoa que não é proprietária do bem objeto do testamento. (p. 674)
3.8.1.2 DO LEGADO DE COISA COMUM
Segundo dispõe o art. 1914 do CC, “se a coisa legada pertencer somente em parte ao testador, só quanto a essa parte valerá o legado em benefício do legatário” Traz o autor excelente observação pois o bem comum somente valerá quanto a propriedade do autor, devendo “entender por sua eficácia nesse montante, como bem expõe atenta doutrina, que prega a sua necessária interpretação com o art. 1.912 da própria codificação” (p. 675)
3.8.1.3 DO LEGADO DE COISA GENÉRICA
Segundo bem analisa Tartuce “A lei privada admite o legado de coisa genérica, sendo o seu objeto determinável, indicado pelo gênero e pela quantidade, a exemplo da obrigação de dar coisa incerta, tratada pelo art. 243 do CC/2002.” Prossegue nesse raciocínio afirmando que “Conforme o art. 1.915 da codificação civil, se o legado for de coisa que se determine pelo gênero, será ele cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados pelo testador” (p. 676)
3.8.1.4 DO LEGADO DE COISA SINGULAR
Tartuce explica que é o legado de coisa individualizada, com objeto determinado, equivalendo “à obrigação de dar coisa certa ou específica, tratada entre os arts. 233 a 242 do Código Civil em vigor” (p. 678)
3.8.1.5 DO LEGADO DE COISA LOCALIZADA
Em resumo, é quando o testador faz disposição acerca de coisa de pode ser encontrada em determinado lugar, na linha do que dispõe o art. 1917 do CC.
3.8.1.6 DO LEGADO DE CRÉDITO E DE QUITAÇÃO DE DÍVIDA
Segundo Tartuce, tal espécie envolve título de crédito ou documento que representa e dívida perdoada, sendo que “A efetivação da disposição testamentária pela entrega do título representativo correspondente diz respeito ao fato de exigir uma situação análoga à cessão de crédito”. (p. 680)
3.8.1.7 DO LEGADO DE ALIMENTOS
Segundo escreve, “O legado de alimentos está regulado pelo art. 1.920 do Código Civil em vigor, abrangendo o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.” (P. 680), valendo ressaltar que tal legado é extinto após a maioridade do alimentado (p. 681). Outra nota interessante conta que “extinção da obrigação alimentar a favor do menor não pode ser reputada como automática, na expressão da Súmula 358 do mesmo Tribunal Superior:” (p. 682)
3.8.1.8 DO LEGADO DE USUFRUTO 
Em relação ao legado de usufruto Tartuce entende que “sendo realizado pelo testador sem fixação de tempo, entende-se como vitalício, ou seja, deixado para toda a vida do legatário.” (p. 685). Alude a possibilidade de usufruto a termo, por certo período de tempo, porém, anota que “Não havendo a fixação desse caráter temporário, o usufruto é vitalício, sendo extinto com a morte do legatário-usufrutuário, o que denota o seu caráter personalíssimo ou intuitu personae” (p. 685)
3.8.1.9 DO LEGADO DE IMÓVEL
Quanto a este legado, que tem correspondência no art. 1922 do CC, o autor ensina que “se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não se compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário do testador.” (p. 686)
3.8.1.10 DO LEGADO DE DINHEIRO
Segundo o civilista, “é possívelque a coisa legada seja dinheiro, só vencendo os juros desde o dia em que se constituir em mora a pessoa obrigada a prestá-los”. Tal hipótese consta no art. 1925 do CC.
3.8.1.11 DO LEGADO ALTERNATIVO
Nas palavras de Tartuce, legado alternativo “é aquele em que o legatário tem a opção de escolher entre alguns bens descritos pelo autor da herança (art. 1.932 do CC).” Assim, o testamento pode prever que o legado caberá ao herdeiro ou a terceiro (p. 690).
3.8.1.12 DO LEGADO PURO OU SIMPLES E O LEGADO COM ELEMENTOS
ACIDENTAIS
Tal legado é “aquele que não contém qualquer elemento acidental.” Tais elementos poderiam ser uma condição, o termo, o encargo, nos termos dos artigos 121 a 137 do CC. Há também o legado condicional que é aquele cuja eficácia depende de evento futuro e incerto, e há ainda o legado a termo ou a prazo, cuja eficácia depende de evento futuro e certo. (p. 694). Por fim, cita o legado modal ou com encargo, no qual “a liberalidade testamentária vem acompanhada de um ônus ou fardo, o que é plenamente possível, sem maiores discussões.” (p. 693).
3.8.2. DOS EFEITOS DO LEGADO E DO SEU PAGAMENTO
Pontua Tartuce que “Como primeiro e fundamental efeito do legado, desde a abertura da sucessão, o que se dá com a morte do autor da herança, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo”. Identifica ainda que o legatário não tem a posse imediata da coisa, o que se dá em momento posterior, por ato voluntário do herdeiro, ou por decisão judicial, seja no inventário ou em ação possessória (p. 693). Interessante notar que os frutos da coisa legada pertencem ao legatário a partir do momento da morte do testador, salve se houver condição suspensiva, porém, obviamente, o legatário não poderá exigir seu legado enquanto houver litígio acerca da validade do testamento (p. 694).
Pontua também que sendo o legado de prestações periódicas “datará da morte do testador o primeiro período, e o legatário terá direito a cada prestação, uma vez encetado cada um dos períodos sucessivos, ainda que venha a falecer antes do termo dele (art. 1.927 do CC).” (p. 695). Cita-se o legado alternativo, onde o legatário opta pelo bem que desejar dentre os bens da herança (art. 1932 CC).
As despesas de entrega do legado são de responsabilidade do legatário (art. 1936 do CC). Conforme já havia dito o autor em relação aos frutos do bem legado, também seus os ônus do bem, relativamente as obrigações propter rem, como o IPTU, por exemplo. (p. 698).
3.8.3 DA CADUCIDADE DOS LEGADOS
A caducidade do legado tem previsão no art. 1939 do CC, que no inciso I, ocorrerá se a coisa legada sofrer modificação, por exemplo, o testador deixa de legado uma barra de ouro que posteriormente e derretida e transformada em diversas joias (p. 700). 
Também ocorrerá caducidade se o testador alienar no todo ou em parte a coisa legada (inciso II, art. 1939 CC). Afirma que “em casos de alienação parcial, caducará a disposição até onde a coisa alienada deixou de pertencer ao testador, podendo ser eficaz em parte.” Exemplifica Tartuce: o pai deixa uma casa para um filho, e a metade da casa é vendida. (p. 704)
Por fim, prescreve que “A terceira hipótese de caducidade do legado diz respeito às situações em que a coisa legada perece ou é evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do herdeiro ou legatário incumbido do seu cumprimento”. Se o bem perecer em parte, o legado permanece. (p. 706)
A quarta hipótese de caducidade trata do caso de homicídio doloso ou tentativa contra o testador, acusação de calúnia do legatário, atos do beneficiário que dificultem a livre disposição do testador, tudo conforme art. 1939, inciso IV, CC. E, por fim, caso o legatário morra antes do testador, o legado caducará, pois desaparece a razão de ser da disposição testamentária, art. 1939, inciso V, CC. (p. 706)
3.8.4 DO DIREITO DE ACRESCER ENTRE HERDEIROS E LEGATÁRIOS
O autor faz uso das palavras de Orosimbo Nonato para definir o direito de acrescer e diz: “quando apelidadas várias pessoas à mesma herança ou ao mesmo legado, em partes não determinadas, falta, por qualquer motivo, um dos concorrentes. Sua parte se enumera à dos outros, assim acrescida” (p. 707)
No Código Civil, tal direito consta no art. 1941, que tem a interpretação do autor nesse sentido “quando vários herdeiros, pela mesma disposição testamentária, forem conjuntamente chamados à herança em quinhões não determinados, e qualquer deles não puder ou não quiser aceitá-la, a sua parte acrescerá à dos coerdeiros, salvo o direito do substituto”.
Para o autor, há três possibilidades de previsão no legado que repercutem no direito de acrescer: conjunção re tantum, “quando a mesma coisa é legada a mais de uma pessoa, mas por via de frases distintas ou de cláusulas distintas”; conjunção verbis tantum , quando o testador deixa metade dos bens para um dos herdeiros e a outra metade para os demais herdeiros; conjunção re et verbis, podendo se ilustrar quando o testador dá uma parcela de seus bens a determinados herdeiros sem fixar a parcela de cada um. (p. 710)
Ressalta que, deixando como legado um imóvel para dois legatários e se um destes morrer, o outro ficará com sua metade, ficando sujeito aos encargos e obrigações que oneravam o bem, conforme art. 1943 do CC. Ressalte-se que “não pode o beneficiário do direito de acrescer repudiá-lo separadamente da herança ou legado que lhe caiba” (p. 713). E ainda, “Havendo legado de um só usufruto conjuntamente a duas ou mais pessoas, a parte da que faltar acresce aos colegatários (art. 1.946, caput, do CC).” Os termos do art. 1946, p. único, do CC, são esclarecidos pelo que exemplifica: se há dois legatários, sendo que cada um tem direito a metade do usufruto, se um deles morrer, a quota parte do falecido não passará ao outro, mas voltará ao proprietário do bem. (p. 713).
3.9 DAS SUBSTITUIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
Segundo leciona “na substituição que está tratada na lei brasileira como instituto sucessório já consta do testamento quem será o herdeiro a ser chamado em segundo lugar, de forma sucessiva no tempo.” (p. 714). O autor alude esclarece as modalidades de substituição, tratadas do art. 1947 em diante do Código Civil.
Na substituição vulgar ou ordinária, “aquela em que o testador substitui diretamente outra pessoa ao herdeiro ou ao legatário nomeado”. Na substituição recíproca, um herdeiro substitui o outro e vice-versa. Na substituição recíproca geral, todos o herdeiro ou legatário que não suceder. Quanto à substituição recíproca particular, somente determinados herdeiros são apontados como substitutos recíprocos. Finalmente, a substituição singular somente um herdeiro é nomeado do herdeiro ou legatário que não sucedeu. (p. 715).
O autor também comenta o art. 1951 do CC, que trata da substituição fideicomissária, aquela onde o testador da herança, chamado de fideicomitente, dispõe patrimônio em favor de um herdeiro, chamado de fiduciário, e para outro, chamado de fideicomissário. Os bens são transmitidos ao fideicomissário caso o fiduciário faleça ou não cumpre com as condições impostas. (p. 716).
Ainda quanto ao tema, se o fiduciário renunciar, o fideicomissário poderá aceitar a herança. Caso aceite, terá direito à parte que o fiduciário acrescer, respondendo também pelos encargos da herança, mas se recusar o fideicomisso caduca. (p. 720). Faz-se necessário pontuar, segundo entende o autor, que o fideicomisso não se confundo com o usufruto, pois o primeiro é um instituto sucessório, enquanto o outro, um direito real, asseverando que “o usufruto recai sobre pessoas já existentes, concebidas e nascidas. O fideicomisso abrange apenas a prole eventual pelo Código Civil de 2002, ou seja, os não concebidos ao tempo da morte do testador (art. 1.952)” (p. 722)
3.10 DA REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS 
O tema é muito bem detalhado por Tartuce, segundo o qual, “o sistema legislativo do Código Civil de 2002 consagra a tutela da legítima, da quota de 50% do patrimônio de determinada pessoa em favor de seus herdeiros necessários.” Os herdeiros necessários são os descendentes,os ascendentes e o cônjuge, de acordo com o art. 1845 do CC.” A redução das disposições testamentários visa a proteção da legítima.
Quanto à regra do art. 1966 do CC, o autor assevera que “se o testador fizer disposição que exceda a proteção da legítima, a disposição somente será eficaz nos limites de sua metade. O remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos” Outra regra quanto à redução testamentária afirma que se “se o testador, prevenindo o caso de redução, dispuser que se inteirem, de preferência, certos herdeiros e legatários, a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados”. 
Quando houver legado de imóvel, deve-se observar o art. 1968 do CC, a redução será proporcional ao número de beneficiários, sendo uma divisão cômoda e eficiente, nas palavras de Tartuce.
3.11 DA REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO
Segundo pode se depreender das explanações do autor, a revogação do testamento é um direito potestativo do testador, sendo ato unilateral que pode ser praticado a qualquer momento, tendo por objetivo a extinção de determinado negócio jurídico. Assim, a revogação não deve ser confundida com a nulidade do testamento. A nulidade absoluta ocorrerá nas hipóteses do art. 166 e 167 do CC, já a nulidade relativa tem lugar quando o ato padecer de erro, dolo ou coação. Porém, como se nota, a revogação não decorre de qualquer vício, sendo bastante a vontade do testador.
A revogação pode ser total, referente a todo o testamento, ou pode ser parcial, e extinguir apenas parte de suas disposições, à luz do que prescreve o art. 1970 do CC. O autor ressalta que “Havendo revogação parcial ou se o testamento posterior não contiver cláusula revogatória expressa, o anterior subsistirá em tudo o que não for contrário ao posterior, conforme consta do seu parágrafo único” (p. 731). Por fim, quanto aos efeitos da revogação, Tartuce leciona que “a revogação produzirá seus efeitos, ainda quando o testamento, que a encerra, vier a caducar por exclusão, incapacidade ou renúncia do herdeiro nele nomeado (art. 1.971 do CC).” (p. 731)
3.12 DO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO
Tartuce faz citação da obra de Veloso, que ensina que “ruptura, rupção ou rompimento do testamento é também chamada de revogação presumida, ficta ou legal”. Ademais, o autor pondera que “As suas consequências dizem respeito apenas ao conteúdo patrimonial do testamento, não atingindo questões existenciais ou extrapatrimoniais”, tal afirmação tem por base o teor do artigo 1973 do CC. 
Afirma que o STJ é pacífico no entendimento de que o rompimento do testamento somente se admite em casos excepcionais, preservando-se ao máximo a vontade manifestada no ato de última vontade. (p. 735)
Aduz o autor que, nos termos do art. 1974 do CC, rompe-se o testamento se testador desconhecia a existência de outros herdeiros necessários, citando o exemplo de um neto. Sendo os herdeiros necessários os ascendentes, descendentes e o cônjuge, rompe-se o testamento se o testador não tinha conhecimento de tais herdeiros. Tartuce estende esta regra ao companheiro, sustentando a tese de que o convivente deve ser tratado como herdeiro necessário, na linha do que decidiu o STF no julgamento do RE 878.694/MG (p. 737).
O autor elabora interessante indagação: Se um sujeito casado sem ascendentes ou descendentes deixa seus bens para um sobrinho, tudo na vigência no Código Civil de 1916 e então morre na vigência do código de 2002, haveria o rompimento deste testamento, tendo em vista que novo código afirma que a cônjuge é um herdeiro necessário? O autor responde negativamente, e explica. Não haverá rompimento do testamento, mas sim sua redução a fim de resguardar a parte legítima.
Por fim, conforme o art. 1975 do CC, “não se rompe o testamento se o testador dispuser da sua metade, não contemplando os herdeiros necessários de cuja existência saiba, ou quando os exclua dessa parte”. Como se nota, respeitada a legítima, não fundamento para rompimento do testamento.
3.13 DO TESTAMENTEIRO
3.13.1 Conceito, natureza jurídica e modalidades
Testamenteiro é aquele que fica encarregado de vigiar o cumprimento do testamento ou mesmo de executar suas disposições, no todo ou em parte, ou seja, a pessoa indicada pelo testador para que zele pelo encargo de fazer valer aquela expressão de última vontade. (p. 740).
Segundo Tartuce, a natureza jurídica da testamentaria é de um mandato especial pos mortem, sendo uma modalidade de mandato a termo, indelegável e intransmissível. Sua nomeação pode ser dar pelo testamento ou mesmo pelo codicilo. A capacidade para o encargo é a mesma exigida para a capacidade civil.
A testamentaria pode ser singular ou plural. Neste último caso, pode ser solidária, quando qualquer testamenteiro poderá atuar; conjuntiva, quando deverão sempre atuar em conjunto; fracionária, quando a atuação de cada um está bem delimitada; e sucessiva, quando um sucederá ao outro. (p. 741)
São suas as modalidades: testamenteiro universal e testamenteiro particular. Universal “é aquele que tem a posse e a administração da herança, ou de parte dela, não havendo cônjuge ou herdeiros necessários, nos termos do que consta do art. 1.977 do Código Civil.” Já o particular, que é “quando a sua atuação restringe-se à mera fiscalização da execução testamentária, podendo exigir, judicialmente, os meios aptos ao cumprimento do testamento” (p. 742)
3.13.2 Principais atribuições e efeitos da testamentaria
De início, frisa-se que o exercício da testamentaria não é obrigatório, ao passo que a pessoa indicada deve aceitar o encargo. Quanto às atribuições do testamenteiro, este não tem legitimidade para pleitear a colação de bens doados, incumbência privativa dos herdeiros (p. 744)
Porém, compete ao testamenteiro defender a validade do testamento, bem como sua eficácia plena. Nesse sentido, pode atuar em conjunto com os herdeiros ou inventariante, requerendo ainda que o detentor do testamento o leve a registro, podendo ser responsabilizado por má administração, caso não exercer esta atribuição, dependendo da prova da culpa (p. 745)
Quanto aos seus deveres, nos termos do art. 1980 do código Civil, deve cumprir o testamento no prazo designado pelo testador, além de prestar contas do que houver recebido ou gastado, destacando-se que, obviamente, sua responsabilidade dura enquanto o testamento não for executado. (p. 745)
A prestação de contas é o encargo principal do testamenteiro, segundo afirma Tartuce (p. 745). Aponta também que a prestação de contas deve se dar no prazo de 180 da aceitação da testamentaria, conforme art. 1983 do CC, podendo o magistrado prorrogar o prazo.
Segundo Tartuce, “Admite-se a nomeação de um testamenteiro dativo, eis que, na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a execução testamentária compete a um dos cônjuges, e, em falta destes, ao herdeiro nomeado pelo juiz (art. 1.984 do CC).” Caso não haja herdeiros pelo fato da herança estar distribuído em legados, o juiz chamará o legatário com maior quinhão ou o que, a seu critério, for mais idôneo. Caso os herdeiros ou legatários sejam incapazes, o juiz pode nomear pessoa de sua confiança (p. 746)
O encargo de testamenteiro é intuito personae porém este pode fazer-se representar em juízo, por meio de procuração com poderes especiais. O testamenteiro, salvo disposição em contrário, terá direito a um prémio, denominado vintena que será no percentual de 1 a 5% sobre o valor líquido da herança, sendo dividido em quotas iguais no caso de testamentaria plural (p. 748/750)

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