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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO CIVIL
Sucessões – Parte II
Livro Eletrônico
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Sucessões – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
Sumário
Apresentação ................................................................................................................................... 3
Sucessões – Parte II ....................................................................................................................... 5
1. Sucessão Testamentária ............................................................................................................ 5
1.1. Noções Gerais ............................................................................................................................ 5
1.2. Vedação ao Testamento Conjuntivo ..................................................................................... 5
1.3. Testamento vs Codicilo ........................................................................................................... 5
1.6. Flexibilizações no Testamento Público ............................................................................... 7
1.7. Capacidade de Testar ............................................................................................................... 8
1.8. Espécies de Testamento ......................................................................................................... 9
1.9. Disposições Testamentárias ................................................................................................. 11
1.10. Legado ......................................................................................................................................16
1.11. Direito de Acrescer ................................................................................................................ 18
1.12. Substituições Testamentárias ............................................................................................19
1.13. Extinção do Testamento ...................................................................................................... 22
Questões de Concurso ................................................................................................................. 36
Gabarito ........................................................................................................................................... 70
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Sucessões – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
ApresentAção
Olá!
Escute, desde logo: o ideal é você ler a teoria deste PDF e os comentários dos exercícios 
que estão ao final. Separei tudo de forma milimetricamente calculada para você estar pre-
parado para enfrentar as provas.
Mais uma recomendação: faça você mesmo o seu resumo ou seu próprio mapa mental. 
Não basta você ler o PDF; é fundamental você escrever o que você está aprendendo, pois 
isso é que faz você fixar a matéria. Escrever o que você estuda te ajudará também a treinar 
para as provas discursivas. Você é que precisa sistematizar o conhecimento. Não recomen-
do que você busque resumos ou mapas mentais feitos por outras pessoas, a não ser que, 
posteriormente, você elabore o seu próprio resumo ou mapa mental. Eu, pessoalmente, pre-
firo fazer um resumo a fazer um mapa mental. Eu fixo mais assim. Fique, porém, à vontade 
para adotar a metodologia de sua preferência.
Vamos em frente!
Resumo
Amigos e amigas, quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para 
os exercícios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu 
aprofundar o conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiarida-
de com as questões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não 
tiver familiaridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir 
às questões.
O resumo desta aula é este:
• A sucessão testamentária decorre da vontade manifestada em testamento ou em 
codicilo;
• Codicilo é menos formal e se dedica a bens de pequeno valor e a questão não patri-
moniais;
• Testamento é mais solene e pode abranger qualquer disposição patrimonial ou não 
patrimonial;
• É vedado o testamento conjuntivo (dois testamentos, de pessoas diferentes, em um 
mesmo instrumento);
• STJ admite flexibilizar algumas solenidades do testamento de modo excepcional, 
como a quantidade de testemunhas, especialmente que, no caso concreto, não hou-
ver suspeitas de fraudes;
• Incapaz não pode testar, salvo o maior de 16 anos de idade;
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Sucessões – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
• Incapacidade superveniente do testador é irrelevante: o que importa é se o testador era 
capaz ao tempo do testamento;
• Há três formas ordinárias do testamento: (1) público; (2) particular; e (3) cerrado;
• Há três formas especiais de testamento: (1) marítimo; (2) aeronáutico; e (3) militar;
• A cláusula de inalienabilidade abrange a de impenhorabilidade e a de incomunicabilida-
de;
• É preciso haver justa causa para a imposição de cláusula restritiva da propriedade sobre 
a legítima (deserdação bona mente);
• O direito de acrescer entre os sucessores testamentários ocorre automaticamente se, 
na redação da cláusula testamentária, o testador nomear mais de um sucessor para 
uma mesma herança ou legado sem individualizar o quinhão de cada um;
• Há três espécies de substituição testamentária: a vulgar, a recíproca e a fideicomissória;
• A extinção do testamento pode ser classificada como:
− Extinção Normal: corresponde ao cumprimento do testamento. O testamento é feito 
para ser cumprido. Se tal ocorre, ele se extingue pelo seu caminho normal;
− Extinção Anormal: refere-se à extinção do testamento por um motivo que não é a sua 
vocação natural, ou seja, quando ele se extingue por hipótese diversa do seu cumpri-
mento. A extinção anormal pode se dar nestas hipóteses:
 ◦ Invalidade: abrange casos de nulidade ou anulabilidade;
 ◦ Redução testamentária: é uma hipótese de extinção parcial do testamento;
 ◦ Ineficácia: alcança as hipóteses de revogação, rompimento e caducidade.
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Sucessões – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
SUCESSÕES – PARTE II
1. sucessão testAmentáriA
1.1. noções GerAis
A sucessão testamentária é a que decorre de manifestação de última vontade do falecido, 
expressada mediante testamento ou codicilo. Por essa via sucessória, a partilha dos bens do 
falecido seguirá a vontade que, em vida, o falecido por uma desses instrumentos. Não é admi-
tido outro instrumento que não o testamento ou o codicilo diante do formalismo exigido pelo 
Código Civil diante da seriedade da sucessão testamentária.
1.2. VedAção Ao testAmento conjuntiVo
O art. 1.863 do CC veda o testamento conjuntivo, também chamado de testamento conjun-
to ou de mão comum, que é o testamento feito por duas ou mais pessoas no mesmo ato (no 
“mesmo papel”). Não podem duas pessoas fazerem o testamento em ummesmo ato! Não se 
podem formalizar dois testamentos em um único instrumento.
Não importa se o testamento conjuntivo é simultâneo (ambos os testadores favorecem 
simultaneamente um terceiro), recíproco (um testador beneficia o outro, e vice-versa) ou cor-
respectivo (um testador beneficia o outro na mesma proporção em foi beneficiado).
Nada impede, porém, que cada pessoa faça um testamento diferente, em atos diferentes 
(em “papéis diferentes”), beneficiando quem quer que seja.
O motivo da proibição do testamento conjuntivo é que permitir que duas pessoas, no mes-
mo instrumento, façam um testamento viola a natureza personalíssima do testamento, cuja 
eficácia é vinculada a questões personalíssimas, como a possibilidade de revogar,
Zeno Veloso (2017) lembra que vários países também vedam o testamento conjuntivo 
(como França, Portugal, Espanha, Japão, Argentina e Chile), mas que a Alemanha admite o 
testamento conjuntivo se for feito por cônjuges.
1.3. testAmento Vs codicilo
1.3.1. Principal Distinção
Testamento é o negócio jurídico unilateral por meio do qual a pessoa manifesta sua última 
vontade para a partilha do seu patrimônio e para outras questões não patrimoniais. O legisla-
dor é muito formalista para o testamento, exigindo várias cautelas formais (testemunhas, por 
exemplo) em razão da seriedade do ato.
Já o codicilo é, por assim dizer, um “pequeno testamento”, por envolver questões de me-
nor monta. É, mais tecnicamente, o negócio jurídico unilateral por meio do qual uma pessoa 
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expressa sua última vontade para a partilha de bens móveis de pequeno valor ou para ques-
tões não patrimoniais, como seu enterro (art. 1.881, CC). Como o codicilo lida com questões 
de menor monta, o legislador dispensou-o do rigoroso formalismo do testamento. O codicilo 
pode ser realizado por mero instrumento particular (por um mero escrito particular). Não 
há necessidade de testemunhas nem de outra formalidade adicional, tudo conforme art. 
1.881 do CC.
1.3.2. Codicilo: Aplicação Subsidiária das Regras de Testamento
O codicilo pode tratar de questões patrimoniais de pequeno valor e, portanto, no que cou-
ber e no que for omisso o regramento específico, deve respeitar todas as regras de proteção 
da legítima e da higidez da vontade do disponente no testamento, como as regras relativas à 
redução testamentária, ao rompimento, à revogação etc.
1.3.3. Interação entre Testamento e Codicilo: Revogação
De um lado, como o testamento é mais abrangente, ele pode revogar codicilo, conforme 
reconhece o art. 1.884 do CC.
De outro lado, se o testamento lida com questões próprias do codicilo, indaga-se: o codicilo 
poderia revogar essas partes do testamento?
O tema é controverso.
Entendemos positivamente, pois, nessas questões de valor, o testamento é, materialmente, 
um codicilo, embora formalmente seja um testamento. Advertimos que, em regra, o codicilo 
não pode revogar o testamento. A exceção corre à conta daquelas partes do testamento que 
lidou com questões de pequeno valor ou questões não patrimoniais que poderiam ser tratadas 
em codicilo. No mesmo sentido do que defendemos, estão Cristiano Chaves de Farias e Nel-
son Rosenvald (Farias e Rosenvald, 2020, pp. 433-434).
Há, porém, respeitados doutrinadores que anunciam a inaptidão do codicilo para revogar um 
testamento, sem, porém, enfrentar especificamente a exceção que mencionamos acima (a de o 
codicilo revogar apenas as cláusulas do testamento que lidou com matéria própria de codicilo).
1.3.4. Revogação Tácita de Codicilo com Superveniente Testamento
A superveniência de testamento revoga codicilo anterior, salvo se este for expressamente 
confirmado no testamento. O legislador resolveu presumir que, ao manifestar a sua última 
vontade de modo mais formal (por testamento), o testador revogou o codicilo anterior, salvo 
previsão expressa e diversa no testamento. É o art. 1.884 do CC. O motivo disso é que, ao es-
colher uma via extremamente formal para suas disposições de última vontade (o testamento), 
o testador se esqueceu ou desprezou os seus “escritos simples” que tratavam de questões de 
pequena monta ou de questões não patrimoniais.
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Diferente é o raciocínio no caso dois testamentos. O testamento posterior não revoga o 
anterior pelo simples silêncio, pois ambas são vias extremamente formais e, por isso, não se 
deve presumize 10/03/2016).
Em outros casos de ação de confirmação, registro e cumprimento de testamento, o STJ 
admitiu a confirmação de testamento particular assinado por 2 testemunhas apenas (STJ, 
REsp 1432291/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva DJe 08/03/2016; REsp 
1583314/MG, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 23/08/2018). Seja como for, se não 
houver sequer a assinatura de uma testemunha instrumentária no testamento particular, ele 
deve ser considerado nulo diante da gravidade da irregularidade formal, ainda que terceiros 
aleguem ter presenciado o ato (STJ, REsp 1639021/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro Ricardo Villas 
Bôas Cueva, DJe 30/10/2017).
Não é, porém, possível flexibilizar indiscriminadamente as formalidades do testamento 
particular, especialmente se houver elementos que levantem suspeitas. A falta, por exemplo, 
de assinatura do próprio testador, por exemplo, impede a confirmação do testamento por ser 
nulo (se o testador escreveu e não assinou) ou inexistente (se testador sequer escreveu a cé-
dula apócrifa).
Ademais, como não é admitida a assinatura “a rogo” no testamento particular diante da 
obrigatoriedade legal da assinatura do testador na cédula, tem-se que cegos, analfabetos e 
pessoas incapazes de escrever (assinar) só podem fazer testamento público (arts. 1.865, 
1.867 e 1.876, §§ 1º e 2º, do CC).
Questão interessante é saber se o testador pode, no lugar de assinar de próprio punho, 
lançar apenas a sua impressão digital. O STJ admite como válido o testamento particular com 
a impressão digital quando não houver suspeitas contra a lucidez e a livre vontade do testa-
dor. Com base nisso, o STJ confirmou um testamento particular com a impressão digital do 
testador no caso em que todas as três testemunhas eram unânimes acerca da livre vontade 
do testador (STJ, REsp 1633254/MG, 2ª Seção, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 18/03/2020). 
Com esse julgado, ficaram superadas as divergências que havia no âmbito do STJ1.
1.6. FlexibilizAções no testAmento público
Mesmo no caso de testamento público, irregularidades formais não devem gerar invalida-
de do testamento se há segurança probatória acerca da efetiva manifestação de vontade.
Assim, no caso de as testemunhas instrumentárias do testamento público serem funcio-
nários do cartório que não presenciaram efetivamente a declaração, embora tal prática ca-
racterize irregularidade administrativa por parte do tabelião capaz de autorizar repreensões 
disciplinares, não há falar em invalidade do testamento público pelo fato de inexistir elementos 
probatórios que comprometam a fidedignidade da cédula. Trata-se de uma irregularidade 
1 Havia precedentes antigos que negavam a impressão digital como substituta da assinatura de próprio punho (STJ, REsp 
1618754/MG, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi,Rel. p/ Acórdão Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 13/10/2017).
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formal incapaz de invalidar o testamento público (STJ, REsp 1419726/SC, 3ª Turma, Rel. Minis-
tro Marco Aurélio Bellizze, DJe 16/12/20142).
Igualmente, no caso de testamento público cujo testador é cego, é requisito formal que essa 
condição seja consignada na cédula e que haja duas leituras em voz alta: uma pelo tabelião ou 
seu substituto e outra por uma das testemunhas (art. 1.867, CC). O STJ entendeu que a falta 
da segunda leitura em voz alta (a feita pela testemunha) e a ausência de menção expressa à 
condição de cego seriam meras irregularidades incapazes de invalidar o testamento público se 
inexistirem outros elementos probatórios que coloquem em suspeição a fidedignidade das de-
clarações (STJ, REsp 1677931/MG, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 22/08/2017).
Cita-se, ainda, outros julgados que flexibilizaram requisitos formais de somenos importância no 
caso concreto: STJ, AgInt no REsp 1521371/MG, 4ª Turma, Rel. Ministro Marco Buzzi, DJe 03/04/2017; 
AgRg no REsp 1401087/MT, 3ª Turma, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, DJe 13/08/2015.
1.7. cApAcidAde de testAr
1.7.1. Requisito
Diante do caráter personalíssimo do testamento, o legislador considera inapto a fazer tes-
tamento não apenas os incapazes, mas também “os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno 
discernimento” (art. 1.860, CC). Por conta disso, ainda que uma pessoa não se enquadre nas 
hipóteses de incapacidade absoluta ou relativa (arts. 3º e 4º, CC), se ela não exibir lucidez ple-
na no momento da lavratura do testamento, ela é incapaz.
Há apenas uma exceção: quem tem mais de 16 anos pode testar, apesar de serem relati-
vamente incapazes.
Havendo incapacidade para testar, o testamento será nulo.
1.7.2. Irrelevância de Mudança Posterior do Estado
Para aferir a validade do testamento à luz da capacidade de testar, o que importa é o mo-
mento da lavratura do testamento. É irrelevante a posterior mudança da capacidade de testar; 
fatos posteriores relativamente à capacidade são desinfluentes.
De fato, à luz do art. 1.861 do CC, a incapacidade superveniente não invalida o testamento, 
tampouco capacidade posterior não valida testamento feito por incapaz.
De um lado, se, no momento da prática do ato, a pessoa era apta a testar, o testamento é 
válido, ainda que, posteriormente, ela se torne incapaz. Se o testador perde totalmente seu dis-
cernimento e, portanto, não tem mais condições de revogar um testamento, isso é irrelevante, 
até porque, se ele tivesse morrido, o testamento já teria produzido efeito.
2 No caso concreto analisado pelo STJ, a tabeliã que praticava reiteradamente a irregularidade de colocar seus funcionários 
para assinarem instrumentos como testemunhas instrumentárias apesar de não presenciarem os atos acabou perdendo a 
delegação por outras irregularidades. Funcionário de cartório pode ser testemunha instrumentária, desde que presencie o ato.
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De outro lado, se o testador era incapaz no momento da elaboração do testamento, este 
é nulo (art. 1.860, CC). Caso o testador incapaz convalesça e se torne capaz, cumpre-lhe fa-
zer outro testamento, já que aquele que ele fez no seu período de falta de lucidez é nulo e 
irremediável.
1.8. espécies de testAmento
O testamento pode assumir dois tipos de formas: a ordinária ou a especial.
As formas ordinárias de testamento são os testamentos público, particular e cerrado (art. 
1.862, CC).
As formas especiais são os testamentos marítimo, aeronáutico e o militar (art. 1.886, CC).
Não se pode criar outro tipo de testamento sem respaldo legal, visto que o CC adota o regi-
me da taxatividade das espécies de testamento por conta da solenidade do ato (art. 1.887, CC).
1.8.1. Formas Ordinárias
Testamento Público, de Forma Pública ou de Forma Aberta
Disciplinado pelos arts. 1.864 ao 1.867 do CC, o testamento público, de forma pública ou 
de forma aberta é aquele que é formalizado por uma escritura pública, ou seja, que é redigido 
por um tabelião.
É exigido, no mínimo, duas testemunhas instrumentárias, além de ter de ser lido em alta 
voz pelo tabelião perante o testador e perante as testemunhas (fato que – recomenda-se – 
deve ser consignado na escritura pública).
Se o testador for surdo, ele terá de ler o testamento ou, se não souber ler, designará uma 
pessoa para ler no seu lugar diante das duas testemunhas (art. 1.866, CC).
Cegos só podem fazer testamentos públicos, pois a intermediação do tabelião – que é um 
agente público – reduzirá o risco de fraudes (art. 1.867, CC).
É claro que o tabelião, o testador, e as testemunhas têm de assinar a escritura. Todavia, 
se o testador não puder ou não souber assinar, é permitido que qualquer testemunha assine a 
rogo do testador, fato que será declarado pelo tabelião na escritura (art. 1.865, CC).
Testamento Particular, Hológrafo ou Privado
Regra Geral
Disciplinado nos arts. 1.876 ao 1.880 do CC, o testamento particular, hológrafo3 ou privado 
é aquele redigido e lido pelo próprio testador.
Não pode ter rasusas ou espaços em branco, se tiver sido redigido de modo mecânico, sob 
pena de facilitar fraudes e adulterações (art. 1.876, § 2º, CC).
3 Diz-se hológrafo, porque ele é todo (“holo”) escrito pelo testador (grafado – “grafo”).
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É exigida a presença de 3 testemunhas instrumentárias, tudo com o objetivo de garantir a 
fidedignidade do instrumento (art. 1.876, § 1º, do CC). Não há incongruência alguma do CC em 
relação ao fato de ter exigido apenas 2 testemunhas para o testamento público, pois, nesta, o 
tabelião acaba exercendo o papel de mais uma testemunha, de modo que a manifestação de 
vontade do testador se faz diante de três pessoas.
No futuro, quando da morte do testador, essas testemunhas serão ouvidas e, caso atestem 
a fidedignidade do testamento, este será confirmado. À falta das testemunhas (que podem 
ter morrido, por exemplo), o juiz pode confirmar o testamento com base em outros elementos 
probatórios da veracidade da cédula testamentária (art. 1.878, CC).
O idioma do testamento particular pode ser estrangeiro, desde que as testemunhas o com-
preendam (art. 1.880, CC).
Testamento Particular de Emergência
É viável o testamento particular sem testemunha alguma se o testador consignar alguma 
circunstância excepcional, caso em que o juiz verificará a procedência dessas circunstâncias 
e aferirá a veracidade do instrumento pelos elementos probatórios disponíveis (art. 1.879, CC). 
Trata-se do que a doutrina designa de testamento particular de emergência ou, simplesmente, 
testamento de emergência.
Testamento Cerrado, Secreto ou Místico
Disciplinado pelos arts. 1.868 ao 1.875 do CC, o testamento cerrado, secreto ou místico é 
aquele que, embora tenha sido escritopelo testador (ou por outrem a seu rogo), é aprovado e 
lacrado pelo tabelião de notas.
Para tanto, o testador, diante de duas testemunhas, tem de entregar a cédula para o tabe-
lião, o qual, logo após a última palavra escrita na cédula, lavrará o auto de aprovação e lacrará 
o testamento.
O testamento, já lacrado, será devolvido ao testador após o tabelião consignar, em seus 
livros, a prática do ato de aprovação do testamento (art. 1.874, CC).
1.8.2. Formas Especiais
Testamento Marítimo
Disciplinado pelos arts. 1.888 ao 1.892 do CC, o testamento marítimo é o lavrado pelo co-
mandante da embarcação perante duas testemunhas com registro no diário de bordo. Segue-
-se, no que couber, as regras do testamento público ou cerrado, caso em que o comandante 
atuará como se fosse o tabelião.
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Esse tipo de testamento só é admitido em favor de passageiros da embarcação, desde que 
esta não esteja embarcada em porto onde era viável lavrar um testamento na forma ordinária 
(arts. 1.889 e 1.892, CC).
Todavia, sob pena de caducidade, eles têm o dever de, em até 90 dias do desembarque em 
terra, fazer um testamento na forma ordinária, salvo – é óbvio – se o testador tiver falecido 
antes disso (art. 1.891, CC).
Testamento Aeronáutico
O testamento aeronáutico, mutatis mutandi, segue as mesmas regras do testamento marí-
timo (arts. 1.888 ao 1.892, CC).
Testamento Militar
Regra Geral
O testamento militar é disciplinado nos arts. 1.893 ao 1.896 do CC e se destina a hipóteses 
em que militares ou pessoas a serviço das Forças Armadas que, estejam em situação excep-
cional (vinculada à sua atividade) sem condições de lavrar um testamento perante um tabe-
lião. Nesse caso, sob a presença de 2 ou 3 testemunhas, o comandante, o oficial de saúde ou, 
na hipótese de o testador ser o mais graduado, o oficial substituto fará o papel de um tabelião 
e lavrará um testamento militar.
Todavia, sob pena de caducidade, o testador tem o dever de lavrar testamento na forma 
ordinária nos 90 dias posteriores à cessação da circunstância excepcional, salvo se o testa-
mento tiver sido redigido de próprio punho pelo testador perante duas testemunhas e tiver sido 
apresentado ao auditor na forma do art. 1.894 do CC.
Testamento Nuncupativo Verbal
De modo muito excepcional, é admitido o testamento nuncupativo verbal, assim entendido 
aquele por meio do qual o testador declara verbalmente a sua última vontade perante duas 
testemunhas. Tal só é admitido se o testador estiver em combate ou ferido. Caso, porém, ele 
sobreviva à guerra ou convalesça, o testamento caduca (art. 1.896, CC).
1.9. disposições testAmentáriAs
Ao regulamentar as disposições testamentárias, apontando as diretrizes que devem ser se-
guidas na análise das cláusulas do testamento, os arts. 1.897 ao 1.911 do CC tratam de quatro 
grupo de questões: (1) elementos acidentais do negócio jurídico; (2) regras de interpretação; 
(3) cláusula restritiva da propriedade; e (4) invalidade de disposição testamentária.
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Com exceção desta última – que será objeto de análise em outra ocasião -, passamos à 
análise do assunto.
1.9.1. Cláusula Restritiva da Propriedade
Definição
Como se dá sobre qualquer liberalidade, o testador pode impor cláusula restritiva da pro-
priedade sobre a deixa testamentária.
Há três cláusulas restritivas da propriedade: inalienabilidade, incomunicabilidade e impe-
nhorabilidade. A primeira, por presunção legal, já abrange as duas últimas (art. 1.911, CC).
Sub-Rogação Real
O bem clausulado só poderá ser convertido em outro por conta de desapropriação ou de 
autorização judicial que leve em conta a conveniência econômica do sucessor, mas, nesse 
caso, a cláusula restritiva da propriedade recairá sobre o novo bem, ou seja, haverá a sub-roga-
ção real (art. 1.911, parágrafo único, CC).
Cláusula Restritiva sobre Bem da Legítima (Art. 1.848, CC): Deserdação 
Bona Mente e Cancelamento por Perda da Justa Causa
Embora o testador, em regra, só possa dispor da sua parte disponível quando tem herdeiros 
necessários, o art. 1.848 do CC, com olhos na proteção do próprio herdeiro necessário, auto-
riza que o testador imponha uma cláusula restritiva da propriedade sobre bens da legítima, 
desde que apresente uma justa causa para tanto. Por exemplo, se um filho sofre de gravíssimo 
vício de entorpecentes e tende a ter comportamento perdulário para alimentar o vício, o pai, por 
testamento, poderia impor uma cláusula de inalienabilidade sobre esse imóvel apresentando 
essa justa causa, supondo-se que esse imóvel integra a legítima.
Essa hipótese é conhecida na doutrina como deserdação bona mente, pois, em princípio, 
está limitando os direitos do herdeiro necessário sobre a legítima por um bom motivo.
Questões Especiais
Cancelamento da Cláusula Restritiva da Propriedade com Base na Função 
Social
Em regra, a cláusula restritiva da propriedade só pode ser cancelada com a morte do su-
cessor, salvo previsão de termo ou condição resolutiva para momento anterior. Jamais esse 
gravame será transmitido para depois da morte do sucessor (STJ, REsp 1641549/RJ, 4ª Turma, 
Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, DJe 20/08/2019).
Excepcionalmente, porém, mesmo sem fundamento legal expresso, o STJ admite o can-
celamento da cláusula com fundamento social se, no caso concreto, o juiz verificar que isso 
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será mais proveitoso para o sucessor (STJ, REsp 1422946/MG, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy 
Andrighi, Rel. p/ Acórdão Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 05/02/2015).
É o caso, por exemplo, do sucessor que, tendo recebido uma fazenda como legado com cláusu-
la de inalienabilidade, está passando fome por não ter o menor traquejo com a exploração de ativida-
des agrárias. Nesse caso, se ele comprovar que tem aptidão para se mudar para cidade e começar 
novas atividades econômicas, o juiz pode autorizar o cancelamento da cláusula de inalienabilidade.
Doação de Bem da Legítima a Herdeiro Necessário com Cláusula Restritiva 
da Propriedade
Como o art. 1.848 do CC exige justa causa para a imposição de cláusula restritiva da pro-
priedade sobre bem da legítima no caso de testamento, deve-se, por analogia, estender esse 
dispositivo para casos de doação de bens da legítima a herdeiro necessário, pois, em ambos 
os casos (testamento ou doação), há uma liberalidade. Não estender, por analogia, o referido 
preceito seria admitir a burla à exigência de justa causa pela via da doação.
Nesse sentido, o STJ, analisando caso de doação a descendentes e enfatizando que aí há 
uma antecipação de legítima na forma do art. 544 do CC, decidiu pela necessidade de haver 
justa causa para justificar a imposição de uma cláusula restritiva da propriedade (STJ, REsp 
1631278/PR, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe29/03/2019).
Alerta-se para o fato de que, se a doação ao descendente viesse da parte disponível do doador 
(o que ocorre se houver previsão expressa de dispensa de colação na forma do art. 2.005, CC4), 
não haveria necessidade de justa causa, porque o art. 1.848 do CC se restringe a bens da legítima.
Cancelamento da Cláusula Restritiva da Propriedade pela Perda da Justa 
Causa no Caso de Bens da Legítima
O STJ admite que, judicialmente, o herdeiro necessário pleiteie o cancelamento da cláusula 
restritiva da propriedade imposta sobre bem da legítima se comprovar que a justa causa desa-
pareceu (STJ, REsp 1631278/PR, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 29/03/2019).
1.9.2. Elementos Acidentais no Testamento
Condição: Permissão para Herdeiro ou Legatário
Testador, ao deixar uma herança (patrimônio) ou um legado, pode estabelecer uma condi-
ção suspensiva ou resolutiva (art. 1.897, CC).
4 Essa dispensa pode ocorrer depois de prático o ato (Oliveira, 2020-B).
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Termo
Vedação para Herdeiro
No caso de herança testamentária, apesar de ser admitido condição suspensiva ou re-
solutiva, o art. 1.898 do CC proíbe o uso de termo suspensivo ou resolutivo, com exceção da 
hipótese de substituição fideicomissória.
A nulidade da cláusula testamentária que prevê termo para herdeiro não implica invalidade 
de toda a cláusula! O art. 1.898 do CC apenas o considera “não escrito”, razão por que a heran-
ça testamentária se transmitirá sem qualquer termo suspensivo ou resolutivo.
O motivo é que termo só deveria ser usado pelo testador em caso de substituição fideico-
missória. Permitir para qualquer hipótese desfiguraria esse instituto.
Além do mais, o termo sobre herança (que é um patrimônio, e não uma coisa individuali-
zada) afrontaria uma regra antiga do Direito Romano no sentido de que herança não deve ficar 
sujeita a termos, pois, “uma vez herdeiro, herdeiro para sempre” (semel heres semper heres”). 
A regra decorre, em última análise, do princípio da perpetuidade da propriedade5 e da função 
social (que desaconselha o engessamento da circulação de imóveis para atender a caprichos 
de quem já morreu).
Clóvis Beviláqua, porém, critica a falta de coerência do CC, pois, apesar de ter proibido o 
termo para a herança testamentária, admite que esta seja sujeita à condição. O pai do CC/1916 
afirmava que, “para sermos lógicos, deveríamos considerar também como não escrita a condi-
ção resolutiva, que trona função temporária a instituição do herdeiro na qualidade de continu-
ador da pessoa do de cujus”.
Permissão para Legado
Apesar de ser proibido o termo para a herança, o art. 1.924 do CC admite termo (como uma 
data ou um prazo) para o legado.
O motivo da distinção é o fato de que, no caso de herança testamentária, o sucessor é 
titular de um patrimônio (o que envolve ativos e passivos), de maneira que soaria inconve-
niente essa condição ser temporária. Quando, porém, se trata de legado, o sucessor é titular 
apenas de uma coisa específica e, por isso, poderá fruir dela de forma mais adequada dentro 
do termo legal.
1.9.3. Regras de Interpretação
Dúvida Interpretativa (Art. 1.899, CC)
Havendo dúvida na interpretação de uma cláusula, deve-se buscar aquela que mais bem 
assegure a vontade do testador (art. 1.899, CC). Trata-se de um desdobramento do princípio da 
vontade soberana do testador.
5 Farias e Rosenvald, 2016, p. 438.
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Erro Acidental quanto à Pessoa ou ao Objeto (Art. 1.903, CC)
Erro gera anulação do testamento (arts. 1.903 e 1.909, CC).
Todavia, se for viável, com base em outros documentos ou em fatos inequívocos, for viável 
sanar erros na designação do sucessor ou da coisa legada, o juiz deve fazê-lo, tudo em nome 
do princípio da conservação do negócio jurídico e do princípio da vontade soberana do testa-
dor. Di-lo o art. 1.903 do CC.
Presunção de Rateio Pro Rata (Art. 1.904, CC)
À semelhança da lógica adotada para doações conjuntivas (art. 551, CC) e obrigações divi-
síveis (art. 257, CC), presume-se que a deixa testamentária deve ser rateada em partes iguais 
(pro rata) entre os cossucessores, se o testador não individualizou a fração de cada um (art. 
1.904, CC).
Presunção de Unidade na Designação Coletiva (Art. 1.905, CC)
No caso de designação coletiva (ou seja, no caso de o testador nomear cossucessores in-
dicando um grupo) em conjunto com designação individual, deve-se presumir que cada grupo 
representa uma quota da deixa testamentária, impendentemente da quantidade de membros 
(art. 1.905, CC). Ex.: “deixo um apartamento a João, a Maria e aos filhos de Patrícia”. Nesse 
caso, João e Maria terão, cada um, 1/3 do apartamento, ao passo que os filhos da Patrícia fi-
carão com o último 1/3 do apartamento (porção essa que será rateado igualmente entre todos 
os filhos da Patrícia).
Rateio do Remanescente da Parte Disponível (Arts. 1.906 e 1.907, CC)
Em regra, o remanescente da parte disponível será rateado entre os herdeiros legítimos 
(art. 1.906, CC).
A exceção corre à conta da hipótese em que o testador tiver designado herdeiros testa-
mentários sem especificar o quinhão deles, pois, nesse caso, será rateado entre eles aquilo 
que sobrar da parte disponível após a contemplação dos herdeiros com quinhões determina-
dos (art. 1.907, CC).
Exemplo: “instituo João como meu herdeiro testamentário e deixo 10% do meu patrimônio a 
Manoel”. Nesse caso, considerando que eu tinha herdeiro necessário e que, portanto, a minha 
parte disponível é de 50% do meu patrimônio, tem-se que 10% irá para Manoel e 40% (o resto 
da parte disponível) para João, ao passo que a legítima será partilhada entre os herdeiros 
necessários segundo as regras da sucessão legítima.
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Disposição para Generalidade De pessoas (Art. 1.902, CC)
Se o testador faz disposição em favor de uma generalidade de pessoas, como aos pobres 
ou às entidades filantrópicas, presumir-se-á que a sua vontade foi contemplar a generalidade 
de pessoas de seu domicílio, salvo manifesta prova em contrário (art. 1.902, caput, CC).
E, nesse caso, as entidades privadas preferirão às públicas, o que se justifica pelo fato de 
estas já serem custeadas pelos impostos (art. 1.902, parágrafo único, CC).
1.10. leGAdo
1.10.1. Definição
Legado é a deixa testamentária que consiste em uma coisa ou em uma fração ideal de uma 
coisa. Decorre, pois, de uma sucessão a título singular. Distingue-se da herança (em sentido 
estrito), que corresponde a um patrimônio (ativos e passivos) ou a uma fração dele.
Nos arts. 1.912 ao 1.940 do CC, o legislador esmiúça o assunto do legado.
1.10.2. Espécies
Legado de Coisas Certa Alheia e de Coisa Comum
É ineficaz (e, portanto, gera caducidade) o legado de coisas certas que não pertençam ao 
testador no momento da morte (arts. 1.912 e 1.939,II e III, CC). Não importa se o testador sa-
bia que coisa certa pertencia a terceiros. Testador não pode legar coisas alheias.
Nada, porém, impede que o testador, sabendo que uma coisa certa seja de terceiro, estabe-
leça que o testamenteiro tente adquiri-la com os recursos do espólio a fim de entregá-la ao le-
gatário. Nesse caso, o legado de coisa certa alheia será eficaz, pois o testador não está dispon-
do de coisa alheia, e sim determinando o uso de seus recursos para adquirir determinado bem.
Se, todavia, o testador for condômino da coisa certa legada (legado de coisa comum), o 
testamento será eficaz apenas em relação à sua fração ideal na coisa (art. 1.914, CC).
Sublegado, Legado de Coisa do Sucessor ou Legado com Encargo de Entre-
gar Coisa a Outrem
Testador pode deixar um legado a alguém com o encargo de que este entregue coisa de 
sua própria propriedade (sublegado) a outrem (sublegatário). Ex.: deixo o apartamento do Rio 
de Janeiro (legado) a Manoel (legatário) com o encargo de que este transfira a sua casa de São 
Paulo (sublegado) a Maria (sublegatária).
Se o legatário não quiser cumprir o encargo, presume-se que ele renunciou à deixa testa-
mentária (art. 1.913, CC).
Se, porém, o legatário quiser cumprir o encargo, ele, salvo disposição contrária do testador, 
terá direito a pleitear, em regresso, contra os demais coerdeiros, o reembolso do sublegado 
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(art. 1.935, CC). A presunção da lei é a de que o ônus financeiro do sublegado não pode ser 
suportado pelo legatário, salvo se o testador expressamente o tiver previsto.
Legado de Coisa Genérica
Nada impede que o testador ordene que seja adquirida uma coisa genérica pelos herdeiros 
a fim de ser entregue ao legatário. Nesse caso, na verdade, o testador está deixando uma coi-
sa especificada apenas pelo gênero e a quantidade. Caberá ao testamenteiro adquirir a coisa, 
individualizando-a (concentração) usando os recursos do espólio.
Exemplo: “deixo um cavalo de tal qualidade a João”. Caberá ao testamenteiro comprar um 
cavalo com a qualidade indicado pelo testador para entregar ao João.
Legado de Coisa Singularizada
Se o testador deixar uma coisa singularizada de sua propriedade, é irrelevante se ela tiver 
reduzido em quantidade: a disposição testamentária será eficaz até onde ela existir entre os 
bens do falecido.
Suponha que Manoel deixe 1 tonelada de grãos de minha fazenda para João, mas, quando 
de abertura da sucessão, só há 500Kg de grãos. O legado será eficaz só até esses 500 Kg que 
sobraram (art. 1.916, CC).
Legado de Alimentos
O legado pode consistir em alimentos in natura ou em espécie, na forma do art. 1.920 do 
CC. Ter-se-á aí uma hipótese de alimentos voluntários.
Legado de Usufruto
Se o legado for um usufruto sobre um determinado bem, presume-se que ele é vitalício, 
salvo previsão diversa no testamento (art. 1.921, CC).
Legado de Imóvel
No caso de o legado ser um imóvel, as benfeitorias feitas no imóvel legado estão incluídas, 
mas não outros imóveis que tenham sido adquiridos em proximidade com o imóvel legado. A 
exceção dá-se se houver previsão em contrário (art. 1.922, CC).
Legado de Dinheiro
No caso de o legado ser dinheiro, só se poderá cobrar juros desde o dia em que for consti-
tuído em mora a pessoa obrigada a pagar o valor (art. 1.925, CC).
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Legado em Renda ou Pensão Periódica
Presume-se que a renda ou a pensão prevista a título de legado sejam devidas desde a data 
da morte do testador (art. 1.926, CC).
Legado Alternativo
No caso de legado alternativo, a escolha é, em regra do herdeiro ou, se este morrer, aos 
seus sucessores (arts. 1.932 e 1.933, CC).
1.11. direito de Acrescer
1.11.1. Definição
Na sucessão testamentária, o direito de acrescer é o direito que um sucessor testamentá-
rio tem de receber a quota de outro que não pôde ou não quis receber a deixa testamentária. 
É o caso, por exemplo, de não aceitação da deixa testamentária, de premoriência, de exclusão 
sucessória por indignidade ou de falta de vocação hereditária (ex.: art. 1.801, CC).
O tema é disciplinado nos arts. 1.941 do CC.
1.11.2. Cabimento e as Conjunções na Redação do Testamento
Em regra, o direito de acrescer ocorre automaticamente se, na redação da cláusula testa-
mentária, o testador nomear mais de um sucessor para uma mesma herança ou legado sem 
individualizar o quinhão de cada um. O legislador presume que, ao deixar de individualizar a 
porção, o testador quer que haja o direito de acrescer entre os sucessores por ele indicados 
para ficar com a deixa testamentária.
A exceção corre à conta dos casos em que o testador expressamente prevê o contrário, o que 
pode ocorrer quando o testador simplesmente proíbe o direito de acrescer ou quando ele nomeia 
um substituto (hipóteses de substituição testamentária), tudo conforme arts. 1.941 e 1.942 do CC.
Para sistematizar as formas de redação da cláusula testamentária que admitem ou não o direi-
to de acrescer, a doutrina especifica três tipos de conjunções utilizadas na redação de testamentos:
• Conjunção verbal ou verbis tantum: é quando se individualiza o quinhão de cada suces-
sor em uma mesma disposição testamentária, ou seja, em um mesmo período, em um 
mesmo parágrafo. Em outras palavras, é “verbalizado” o quinhão de cada um no texto 
da cláusula testamentária. A “voz” é o elemento de conjunção (de ligação) entre os su-
cessores. Imagine que, em um parágrafo do testamento, escrevo: “deixo 70% dos meus 
bens a João e os outros 20% dos meus bens para Artur”;
• Conjunção real ou re tantum: é quando um mesmo bem é endereçado a dois sucessores 
em cláusulas diferentes. Em outras palavras, a coisa (a res) foi o elemento de conjunção 
(de ligação) entre os sucessores. Imagine que, em um testamento, no primeiro pará-
grafo, escrevo: “deixo o apartamento n. X para Artur”. No segundo parágrafo, escrevo: 
“deixo o apartamento n. X para Manoel”;
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• Conjunção mista ou re et verbis: é quando, em um mesmo parágrafo, um bem é en-
dereçado a dois sucessores sem a individualização do quinhão de cada um. Suponha 
que, em um parágrafo do testamento, escrevo: “deixo o apartamento n. Y para Afonso e 
Thiago”.
A utilidade prática dessa classificação doutrinária é distinguir quando há ou não direito 
de acrescer.
Não há direito de acrescer na conjunção verbal, pois o testador especificou a quota de cada 
sucessor. O STJ chancela isso (STJ, REsp 566.608/RS, 3ª Turma, Rel. Ministro Castro Filho, DJ 
17/12/2004; STJ, REsp 1674162/MG, 3ª Turma, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 
26/10/2018).
Já, no caso de conjunção real ou de conjunção mista, há direito de acrescer por se presumir 
que o testador quisesse esse direito de acrescer, salvo previsão expressa em contrário pelo 
testador (art. 1.941 e 1.942, CC).Podemos fazer este resumo:
• Há direito de acrescer em:
− Mesmo objeto + mais de uma pessoa + sem individualização:
 ◦ Conjunção real ou “re tantum”: disposições ou frases diferentes;
 ◦ Conjunção mista ou “re et verbis”: mesma disposição ou frase;
• Não há direito de acrecer em:
− Mesmo objeto + mais de uma pessoa + com individualização:
 ◦ Conjunção verbal ou “verbis tantum”: testador especifica a quota de cada herdeiro/
legatário testamentário.
1.12. substituições testAmentáriAs
Substituição testamentária dá-se quando o testador indica alguém para “substituir” (substi-
tuto testamentário) um sucessor que não possa6 ou não queira7 receber a deixa testamentária 
(sucessor inicial). O “substituto testamentário” substitui o “sucessor inicial”.
O tema é disciplinado nos arts. 1.947 ao 1.960 do CC.
Há três espécies de substituição testamentária: a vulgar, a recíproca e a fideicomissória.
1.12.1. Substituição Vulgar, Ordinária ou Direta
Substituição vulgar, ordinária ou direta ocorre quando o testador indica um ou mais suces-
sor substituto para o caso de um ou mais sucessores iniciais não quererem ou não poderem 
receber a deixa testamentária (art. 1.947, CC).
6 É o caso, por exemplo, de premoriência, de exclusão sucessória por indignidade ou de falta de vocação hereditária (ex.: art. 
1.801, CC).
7 É o caso de não aceitação da deixa testamentária.
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A substituição vulgar pode ser singular (ou simples) ou coletiva.
Se houver apenas um sucessor substituto, tem-se uma substituição vulgar singular ou sim-
ples. Ex.1: “deixo um apartamento a João (“sucessor inicial”), mas, caso ele não queira ou não 
possa receber, o bem deve ir para Manoel (“substituto testamentário”)”. Ex.2: “deixo uma casa 
a Maria e a Joaquim (“sucessores iniciais), mas, na hipótese de qualquer deles não querer ou 
não poder receber, o seu quinhão deve reverter-se a Manoel (“substituto testamentário”).
Se, porém, houver dois ou mais sucessores substitutos, há uma substituição vulgar cole-
tiva. Ex.: “deixo o imóvel para João (“sucessor inicial”), mas, na hipótese de ele não querer ou 
não poder, o bem deverá ir para Afonso, Rodolfo e Bruno (“substitutos testamentários”)”.
1.12.2. Substituição Recíproca
Substituição recíproca dá-se quando o testador indica mais de uma pessoa como bene-
ficiária de uma deixa testamentária e nomeia-as como substitutas testamentárias uma das 
outras. Não se trata de uma categoria autônoma de substituição, e sim de uma de uma subs-
tituição vulgar em que os substitutos testamentários coincidem com os sucessores iniciais. É 
prevista no art. 1.948 do CC.
A substituição recíproca pode ser geral ou particular.
Diz-se geral, quando todos os sucessores iniciais são substitutos uns dos outros. Ex.: “dei-
xo o apartamento a Maria, Joaquim e João, mas, na hipótese de qualquer deles não querer ou 
não poder, o seu quinhão deverá reverter-se em favor dos demais”. Em termos de efeitos práti-
cos, a substituição vulgar geral assemelha-se ao direito de acrescer: a diferença prática é que, 
no direito de acrescer, não há necessidade de previsão expressa por ela ser uma decorrência 
legal em razão do fato de a redação da cláusula testamentária ter-se valido de uma conjunção 
real ou mista.
Diz-se particular, quando apenas alguns dos sucessores iniciais são substitutos uns dos 
outros. Ex.: “deixo a casa a Bruno, Patrícia, Maria e Raimundo, mas, na hipótese de qualquer 
deles não querer ou não poder, o seu quinhão deverá reverter-se em favor de Bruno”.
1.12.3. Substituição Fideicomissária
Definição
A substituição fideicomissária dá-se quando o testador deixa um bem a um fiduciário com 
um termo ou condição resolutivos e estabelece que, com a ocorrência desse termo ou condi-
ção resolutivos, a deixa seja transmitida ao fideicomissário.
É o caso do avô (fideicomitente) que quer deixar um apartamento para quando o seu futu-
ro neto (fideicomissário) vier a completar 18 anos, neto esse que sequer foi concebido ainda. 
Nesse caso, o avô nomeia a filha (fiduciária) como fiduciária para, na condição de proprietária 
resolúvel do bem, “cuidar” deste até que o neto complete a maioridade.
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Sucessões – Parte II
Carlos Elias
DIREITO CIVIL
O fiduciário, pois, é titular de um direito de propriedade resolúvel (art. 1.359, CC).
Há, pois, duas transmissões de bens: a transmissão hereditária ao fiduciário e, depois, a 
transmissão em favor do fideicomissório. Do ponto de vista tributário, haveria aí dois fatos ge-
radores de ITCD: o primeiro por uma sucessão causa mortis e o segundo por uma transmissão 
gratuita decorrente da extinção do direito do fiduciário. Essa é a principal distinção da substi-
tuição fideicomissória em relação às substituições vulgar ou recíproca.
Fiduciário é aquele que recebe o bem sob termo ou condição resolutivos. Diz-se fiduciário, 
porque, em princípio, o testador confia nele (tem fidúcia) para “cuidar” da deixa testamentária 
que, na verdade, deverá ser transmitida ao fideicomissário quando se implementar o termo ou 
a condição resolutivos.
O testador é também chamado de fideicomitente, pois é ele quem dá a tarefa (quem co-
missiona) o fiduciário a “cuidar” do bem até o momento adequado de transferi-lo ao fidei-
comissório.
Fideicomissório é o destinatário final da deixa testamentária.
Fideicomissário como Concepturo
A substituição fideicomissória se destina a beneficiar pessoas que ainda não foram 
concebidas.
Por isso, a regra é a de que o fideicomissório não pode ter sido concebido no momento da 
abertura da sucessão: tem de ser um concepturo (= nondum conceptus). Di-lo o caput do art. 
1.952 do CC.
Todavia, em prestígio à vontade soberana do testador e à conservação do negócio jurídi-
co, o parágrafo único do art. 1.952 do CC preserva o testamento se o fideicomissário já tiver 
nascido ao tempo da morte do testador, com uma adaptação: no lugar de ser transferida a pro-
priedade ao fiduciário sob termo ou condição resolutivos, será transferido apenas o usufruto 
com esses termo ou condição resolutivos. A propriedade da deixa testamentário, a seu turno, 
será transferida diretamente ao fideicomissório, pois, como ele já foi concebido, ele já pode ser 
beneficiário com bens.
Limitação ao Segundo Grau
É vedado que o testador estabeleça mais do que essas duas transmissões, pois o art. 
1.911 do CC, condenando a predestinação da cadeia dominial pela vontade de uma única pes-
soa, proibiu a substituição fideicomissária além do segundo grau (art. 1.959, CC).
Classificação
Quanto ao momento de extinção do direito do fiduciário, a substituição fideicomissária 
pode ser classificada como:
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DIREITO CIVIL
• Vitalícia: quando o direito do fiduciário se extingue com a morte deste;
• Condicional: quando o direito do fiduciário se extingue por uma condição resolutiva;
• A termo: quando o direito dofiduciário se extingue por um termo diferente da morte8.
1.13. extinção do testAmento
1.13.1. Classificação (Extinção Normal e Anormal)
Extinção
Normal
Anulabilidade
Caducidade
Revogação
Rompimento
Nulidade
Anormal
Cumprimento do 
testamento
Invalidade
Redução 
testamentária
Ineficácia
A extinção do testamento pode ser classificada como:
• Extinção Normal: corresponde ao cumprimento do testamento. O testamento é feito 
para ser cumprido. Se tal ocorre, ele se extingue pelo seu caminho normal;
• Extinção Anormal: refere-se à extinção do testamento por um motivo que não é a sua vo-
cação natural, ou seja, quando ele se extingue por hipótese diversa do seu cumprimento. 
A extinção anormal pode se dar nestas hipóteses:
− Invalidade: abrange casos de nulidade ou anulabilidade;
− Redução testamentária: é uma hipótese de extinção parcial do testamento.
− Ineficácia: alcança as hipóteses de revogação, rompimento e caducidade.
8 A morte é um termo, por ser um evento futuro e incerto (embora a doutrina a designe como um termo incerto, pois o seu 
momento de ocorrência não é conhecido de antemão).
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1.13.2. Invalidade
Regras Gerais
Como os demais atos jurídicos, o testamento precisa observar as normas de ordem públi-
co para passar incólume pelo plano da validade, sob pena de incorrer em nulidade ou em anu-
labilidade. Para ser válido, o testamento tem de nascer respeitando o ordenamento jurídico. 
Vamos sistematizar as hipóteses de anulabilidade e de nulidade do testamento.
Antes, porém, antecipamos um alerta: apesar de o testamento ser um negócio jurídico, 
há particularidades no seu regime de invalidade em relação aos demais negócios jurídicos, 
a exemplo da existência de prazo decadencial para os casos de nulidade e das diferenças de 
hipóteses de invalidade. Trataremos disso mais à frente.
Anulabilidade
O testamento pode ser anulado quando houver erro, dolo ou coação, conforme art. 
1.909 do CC.
O referido dispositivo não faz menção a outros vícios que, para os negócios jurídicos em 
geral, geram anulabilidade, como a lesão, o estado de perigo e a fraude contra credores. Daí se 
indaga: o testamento poderia ser anulado por esses vícios?
Entendemos que não pelo fato de esses vícios serem inaplicáveis ao testamento. De um 
lado, o testador não se obriga a prestação alguma, de modo que soa inviável falar em lesão 
ou em estado de perigo (os quais censuram manifesta desproporção de prestação). De outro 
lado, no procedimento da sucessão causa mortis, os credores são pagos antes de se cumprir 
qualquer cláusula testamentária de índole patrimonial, de maneira que se torna inviável em fa-
lar em fraude contra credores (que presume um negócio jurídico feito pelo devedor insolvente).
É verdade que o testador poderia reconhecer uma dívida inexistente como forma de “preju-
dicar” um credor, mas, nesse caso, não haveria uma fraude contra credores, e sim uma simu-
lação, que, a nosso sentir, atrai a nulidade da cláusula testamentária, e não sua anulabilidade9.
1.13.3. Nulidade
O testamento é nulo quando violar norma de ordem pública. As principais hipóteses de 
nulidade do testamento podem ser assim sistematizadas:
• Art. 166, CC: hipóteses gerais de nulidade dos negócios jurídicos, como objeto ilícito, 
ressalvadas as particularidades abaixo;
• Art. 1.860, CC: incapacidade civil do testador, com a ressalva de que maiores de 16 anos, 
ainda que sejam relativamente incapazes, já podem testar por força do art. 1.860, pará-
grafo único, CC;
9 Nesse ponto, ousamos pensar diferente de uma das maiores autoridades em Direito Sucessório, o Professor José Fernando 
Simão, que defende, nessa hipótese de reconhecimento de dívida inexistente, “a deixa é anulável também, apesar da ausên-
cia de menção legal, e, por analogia, aplica-se o prazo de 4 anos do parágrafo único do art. 1.909” (Simão, 2020, p. 1570)
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• Art. 1.863, CC: testamento conjuntivo;
• Arts. 1862 ao 1.885, CC: inobservância das formalidades e das restrições de conteúdo 
dos testamentos e do codicilo;
• Art. 1.900 do CC e outros dispositivos: nulidade de disposições testamentárias.
1.13.4. Decadência para Declarar Invalidade do Testamento (Arts. 1.859 e 
1.909, Parágrafo Único, CC)
Com o objetivo de impedir a eternização de litígios, o legislador optou por estabelecer um 
regime de invalidade especial para o testamento, fixando prazo decadencial tanto para hipóte-
ses de nulidade e de anulabilidade.
Para ambos os casos de invalidade, opera-se a decadência após 5 anos do registro do 
testamento (art. 1.859, CC10). Chama-se a atenção para o fato de que o termo inicial é apenas 
a data do registro do testamento, ato que, em procedimento jurisdicional especial (arts. 735, 
§ 2º, 736 e 737, CPC), é praticado pelo juiz com o objetivo de garantir o amplo acesso ao con-
teúdo da cédula a terceiros.
Passados os 5 anos, o testamento fica imune a qualquer impugnação quanto à sua valida-
de, mesmo para casos de nulidade absoluta.
Como se vê, testamento, ainda que nulo, pode convalescer com o tempo, o que representa 
uma exceção à regra geral do art. 169 do CC, segundo a qual os negócios jurídicos nulos nunca 
convalescem pelo tempo.
Cabe uma advertência. Quando se tratar de anulabilidade, o convalescimento do testamen-
to pode ocorrer antes do quinquênio acima. É que, para anular o testamento por erro, dolo ou 
coação, o parágrafo único do art. 1.909 do CC estabelece um prazo decadencial de 4 anos da 
data da ciência do vício pelo interessado.
Alertamos que o termo inicial aí é da data da ciência do interessado, evento incerto que, 
em tese, poderia acontecer décadas depois da abertura e do registro do testamento, ou seja, 
muito depois de já ter expirado o prazo decadencial do art. 1.859 do CC, que se aplica também 
a nulidade.
Não se pode, porém, chancelar uma interpretação absurda dessa.
De fato, como a interpretação não pode resultar em absurdos11, deve-se repelir qualquer 
interpretação do art. 1.909 do CC que credencie pleitos de anulabilidade além do prazo deca-
dencial previsto para nulidade, visto que esta – por veicular interesse público – é mais grave 
do que aquela.
10 O art. 1.859 do CC dispõe o seguinte: “extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado 
da data do registro”. Zeno Veloso chama a atenção para o fato de que esse dispositivo propositalmente se valeu de termo 
genérico (validade) que abrange tanto a nulidade quanto a anulabilidade, de maneira que, “como a lei não distingue [os tipos 
de invalidade], não cabe ao intérprete distinguir” (Veloso, 2003, p. 21).
11 Como lembrava Teixeira de Freitas (2000, p. 122) – citando brocardos latinos clássicos listados por Simão Vaz Barbosa 
Lusitano – “interpretação se deve fazer, que não resulte absurdo” (interpretatio facienda est, ut ne sequatur absurdum)
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Por isso, a melhor interpretação do art. 1.909 do CC é a de que esse preceito não se sobre-
põe ao art. 1.859 do CC, de maneira que jamais se poderá pleitear a anulação do testamento por 
erro, dolo ou coação depois de escoado o prazo de 5 anos da data do registro do testamento.
Assim, se o interessado tomar ciência de um erro no testamento antes mesmo do registro 
do testamento, o prazo decadencial para anulação será de 4 anos e começará a correr da data 
dessa ciência. Como consequência, decairá o direito de anular o testamento na forma do art. 
1.859 do CC, sem necessidade de, para tal efeito, invocar o art. 1.909 do CC.
Se, porém, o interessado tomar ciência desse erro três anos depois do registro do testa-
mento, deverá ser aplicado apenas o prazo decadencial do art. 1.859 do CC, de maneira que, ao 
completar 5 anos do registro do testamento, terá decaído o direito de anular o testamento por 
erro. Será aí inaplicável o prazo decadencial do parágrafo único do 1.909 do CC, pois ele daria 
uma sobrevida a esse direito de anular, o que seria um absurdo jurídico diante do fato de até 
mesmo as nulidades já terem convalescido.
Essa nos parece a melhor interpretação dos preceitos acima. E, nesse ponto, inferimos ter 
o amparo de respeitados doutrinadores que, ao defenderem a necessidade de alteração do 
malsinado parágrafo único do art. 1.909 do CC, censuram que o direito de anular sobreviva ao 
de declarar nulo. É o caso de Mauro Antonini (2012, p. 2269) e de Zeno Veloso (2003, p. 24)12.
1.13.5. Decadência para Declarar Invalidade do Testamento (Arts. 1.859 e 
1.909, Parágrafo Único, CC)
Com o objetivo de impedir a eternização de litígios, o legislador optou por estabelecer um 
regime de invalidade especial para o testamento, fixando prazo decadencial tanto para hipóte-
ses de nulidade e de anulabilidade.
Para ambos os casos de invalidade, opera-se a decadência após 5 anos do registro do 
testamento (art. 1.859, CC13). Chama-se a atenção para o fato de que o termo inicial é apenas 
a data do registro do testamento, ato que, em procedimento jurisdicional especial (arts. 735, 
§ 2º, 736 e 737, CPC), é praticado pelo juiz com o objetivo de garantir o amplo acesso ao con-
teúdo da cédula a terceiros.
Passados os 5 anos, o testamento fica imune a qualquer impugnação quanto à sua valida-
de, mesmo para casos de nulidade absoluta.
Como se vê, testamento, ainda que nulo, pode convalescer com o tempo, o que representa 
uma exceção à regra geral do art. 169 do CC, segundo a qual os negócios jurídicos nulos nunca 
convalescem pelo tempo.
12 Aliás, Zeno Veloso (2003, p. 24), com autoridade, defende que a alteração legislativa deveria ser feita de modo a que o termo 
inicial do quadriênio decadencial do parágrafo único do art. 1.909 do CC deveria ser a data da abertura do testamento.
13 O art. 1.859 do CC dispõe o seguinte: “extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado 
da data do registro”. Zeno Veloso chama a atenção para o fato de que esse dispositivo propositalmente se valeu de termo 
genérico (validade) que abrange tanto a nulidade quanto a anulabilidade, de maneira que, “como a lei não distingue [os tipos 
de invalidade], não cabe ao intérprete distinguir” (Veloso, 2003, p. 21).
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Cabe uma advertência. Quando se tratar de anulabilidade, o convalescimento do testamen-
to pode ocorrer antes do quinquênio acima. É que, para anular o testamento por erro, dolo ou 
coação, o parágrafo único do art. 1.909 do CC estabelece um prazo decadencial de 4 anos da 
data da ciência do vício pelo interessado.
Alertamos que o termo inicial aí é da data da ciência do interessado, evento incerto que, em 
tese, poderia acontecer décadas depois da abertura e do registro do testamento, ou seja, muito de-
pois de já ter expirado o prazo decadencial do art. 1.859 do CC, que se aplica também a nulidade.
Não se pode, porém, chancelar uma interpretação absurda dessa.
De fato, como a interpretação não pode resultar em absurdos14, deve-se repelir qualquer inter-
pretação do art. 1.909 do CC que credencie pleitos de anulabilidade além do prazo decadencial 
previsto para nulidade, visto que esta – por veicular interesse público – é mais grave do que aquela.
Por isso, a melhor interpretação do art. 1.909 do CC é a de que esse preceito não se sobre-
põe ao art. 1.859 do CC, de maneira que jamais se poderá pleitear a anulação do testamento por 
erro, dolo ou coação depois de escoado o prazo de 5 anos da data do registro do testamento.
Assim, se o interessado tomar ciência de um erro no testamento antes mesmo do registro 
do testamento, o prazo decadencial para anulação será de 4 anos e começará a correr da data 
dessa ciência. Como consequência, decairá o direito de anular o testamento na forma do art. 
1.859 do CC, sem necessidade de, para tal efeito, invocar o art. 1.909 do CC.
Se, porém, o interessado tomar ciência desse erro três anos depois do registro do testa-
mento, deverá ser aplicado apenas o prazo decadencial do art. 1.859 do CC, de maneira que, ao 
completar 5 anos do registro do testamento, terá decaído o direito de anular o testamento por 
erro. Será aí inaplicável o prazo decadencial do parágrafo único do 1.909 do CC, pois ele daria 
uma sobrevida a esse direito de anular, o que seria um absurdo jurídico diante do fato de até 
mesmo as nulidades já terem convalescido.
Essa nos parece a melhor interpretação dos preceitos acima. E, nesse ponto, inferimos ter 
o amparo de respeitados doutrinadores que, ao defenderem a necessidade de alteração do 
malsinado parágrafo único do art. 1.909 do CC, censuram que o direito de anular sobreviva ao 
de declarar nulo. É o caso de Mauro Antonini (2012, p. 2269) e de Zeno Veloso (2003, p. 24)15.
1.13.6. Diferença Prática entre Anulabilidade e Nulidade do Testamento
Na prática, duas são as distinções práticas em reputar um testamento como anulável, e 
não como nulo:
• não caberá decretação, de ofício, pelo juiz, da anulabilidade, ao contrário do que se dá 
com a nulidade (arts. 168, parágrafo único, e 177 do CC);
• o prazo decadencial do direito de anular (art. 1.909, parágrafo único, CC) poderá se ope-
rar antes do prazo decadencial geral previsto tanto para o direito de anular quanto para 
o de declarar nulo (art. 1.859, CC), tudo conforme já exposto.
14 Como lembrava Teixeira de Freitas (2000, p. 122) – citando brocardos latinos clássicos listados por Simão Vaz Barbosa 
Lusitano – “interpretação se deve fazer, que não resulte absurdo” (interpretatio facienda est, ut ne sequatur absurdum)
15 Aliás, Zeno Veloso (2003, p. 24), com autoridade, defende que a alteração legislativa deveria ser feita de modo a que o termo 
inicial do quadriênio decadencial do parágrafo único do art. 1.909 do CC deveria ser a data da abertura do testamento.
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1.13.7. Ineficácia do Testamento
Redução Testamentária
Definição e Natureza Jurídica (Invalidade ou Ineficácia)
Se o testador dispuser do patrimônio além da parte disponível – avançando, pois, sobre a 
legítima –, o testamento é nulo ou ineficaz nesse excedente e, em consequência,o juiz deve de-
terminar a “redução testamentária” nos termos dos arts. 1.967 e 1.968 do CC. Não se declara a 
nulidade ou a ineficácia de todo o testamento, mas apenas da parte excedente, tudo em respei-
to ao princípio da conservação do negócio jurídico, que já prevê a redução do negócio jurídico 
nulo como regra geral no art. 184 do CC e que encontra uma norma específica nesse caso.
Entendemos que, em regra, o avanço sobre a legítima caracteriza uma hipótese de ineficá-
cia do testamento nessa parte exorbitante, pois somente se caracteriza a infração por um fato 
superveniente à sua lavratura, ou seja, pela constatação, no momento da morte (após a confec-
ção do testamento), da existência herdeiros necessários e da insuficiência do patrimônio do de 
cujus. De modo excepcional, pode-se falar em invalidade da parte exorbitante do testamento 
(nulidade), especificamente se a cédula textualmente determinar que, ainda que haja herdeiros 
necessários, a disposição testamentária abrangerá mais do que a parte disponível.
A discussão da natureza jurídica da redução testamentária (ineficácia ou nulidade) é bizan-
tina: o que importa é que se aplicará a redução testamentária.
Como se Fará a Redução?
O testador pode determinar como ocorrerá essa redução (art. 1.967, § 2º, CC). Se, porém, 
ele for silente, a redução deve recair, de modo igual, sobre todas as quotas daqueles que foram 
nomeados herdeiros testamentários, pois estes foram contemplados pelo testador com uma 
fração do patrimônio deste (herança), e não com uma coisa individualizada ou individualizável 
(legado). Em não sendo suficiente, a redução deverá recair sobre os legados de modo igual.
Como o legado consiste em uma coisa individualizável (à diferença da herança testamentá-
ria, que consiste em uma fração da herança), o art. 1.968 do CC estabelece regras específicas 
para o caso de o legado ser um imóvel (“prédio) indivisível. Se o imóvel legado for divisível, não 
há complexidade: basta desmembrar o imóvel na proporção da redução testamentária. Caso, 
porém, o imóvel for indivisível, deve-se observar se a redução testamentária alcança mais ou 
menos do que ¼ do valor do imóvel, ou seja, se a redução é expressiva:
• Redução expressiva: o legatário perderá, em favor dos herdeiros legítimos, o imóvel 
legado, mas poderá reclamar, em dinheiro, o valor excedente ao que deveria incidir a 
redução;
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• Redução inexpressiva: o legatário ficará com o imóvel legado, mas terá de repor, em di-
nheiro, o valor correspondente à redução.
Em qualquer caso (redução expressiva ou inexpressiva), se o legatário for também herdeiro 
necessário, este poderá ficar com a imóvel legado se quiser inteirar a sua legítima com a parte 
que seria abrangida pela redução testamentária.
Cabe um exemplo. Se a redução testamentária deveria ser de 60 mil reais para recair 
sobre um imóvel indivisível de valor de 100 mil reais, a redução é expressiva, pois alcançaria 
mais de ¼ do imóvel. Nesse caso, o imóvel ficará no monte-mor para ser partilhado entre os 
herdeiros necessários, mas estes deverão pagar 40 mil reais ao legatário (diferença entre va-
lor do imóvel e valor da redução testamentária). Se, porém, o legatário for um dos herdeiros 
necessários, ele poderá, se quiser, ficar com o imóvel inteiro se o seu quinhão, na sucessão 
legítima, for de, no mínimo, 60 mil reais.
Revogação do Testamento
Definição
Enquanto estiver vivo, o testador pode revogar o seu testamento nos termos dos arts. 
1.959 ao 1.972, CC. Tal decorre do princípio da vontade soberana do testador, segundo o qual 
esta vontade deve ser sempre respeitada.
Revogação Expressa e Tácita
A revogação pode ser expressa ou tácita. Diz-se expressa quando novo testamento textu-
almente determina a revogação do testamento anterior (art. 1.969, CC). Esse comando pode 
ser genérico: “ficam revogados todos os testamentos anteriores” (STJ, REsp 1694394/DF, 3ª 
Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 26/03/2018).
Diz-se tácita quando há incompatibilidade de conteúdo entre o novo testamento e o an-
terior (ex.: os dois dispõem sobre o mesmo bem) ou quando há dilaceração, consentida pelo 
testador, do testamento cerrado ou particular (o art. 1.972 do CC, é aplicável, por analogia, 
ao testamento particular).
Revogação Expressa ou Parcial
A revogação pode ser total (revoga integralmente testamento anterior) ou parcial (revoga 
apenas parte das disposições do testamento anterior).
Instrumento Revogador: Testamento de qualquer Modalidade e Codicilo?
Novo testamento, ainda que de outra modalidade, pode revogar o anterior, pois não há 
hierarquia de formas entre os testamentos. Ex.: testamento particular pode revogar testa-
mento público.
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O problema é definir se um codicilo pode revogar um testamento. Entendemos que, apesar 
do silêncio legal, codicilo pode revogar as disposições de testamento que tratem de matérias 
próprias de codicilo, pois o que importa é o respeito à forma mínima legalmente exigida para 
o conteúdo. Assim, codicilo pode revogar disposições de testamento que dispunham sobre 
bens de pequeno valor. Trata-se de uma decorrência do que chamamos de princípio da forma 
englobante: o testamento é forma mais rigorosa que engloba as hipóteses de codicilo. Isso 
está implícito no art. 183 do CC.
Rompimento do Testamento
Noções Gerais
O rompimento do testamento ocorre na hipótese de o testador, no momento da lavratura 
do ato, ignorar a existência de descendentes ou outros herdeiros necessários ou na hipótese 
de ele não os ter, desde que esse herdeiro sobreviva ao testador (arts. 1.973 ao 1.975 do CC). 
Em outras palavras, o rompimento só sucede nas hipóteses de herdeiro necessário ignorado 
ou de herdeiro necessário desconhecido que sobreviva ao testador16. Ex.: testador deixa todo 
seu patrimônio a um amigo, mas (1) posteriormente vem a ter um filho ou (2) ignora que ele já 
tinha um filho fruto de um relacionamento casual no passado.
Trata-se de uma hipótese de ineficácia, e não de invalidade, por decorrer de um fato super-
veniente à lavratura do testamento. Invalidades são problemas genéticos do negócio: decor-
rem de violações ao ordenamento no momento do nascimento do ato jurídico.
O fundamento das hipóteses de rompimento do testamento é que o legislador presumiu 
que a vontade implícita do testador seria outra, caso soubesse da existência desses herdei-
ros necessários ou caso já os tivesse: presume-se que o testador haveria de ter outra postura 
testamentária se soubesse que só poderia dispor de metade do patrimônio. Não está em jogo 
aqui nenhuma presunção de proximidade familiar ou afetiva que levaria o testador a prestigiar 
o herdeiro necessário desconhecido, e sim a presunção de que a vontade mortuária seria di-
ferente se a parte disponível não fosse a integralidade dos bens, e sim apenas metade. Clovis 
Bevilaqua (1959, pp. 964-965) era certeiro, in verbis:
(...) se o indivíduo faz o seu testamento, quando não tem descendente sucessível, ou não o conhece, 
distribuirá seus bens de um certo modo; e, se, depois, se reduzirem as suas liberalidades à meta-
de, já o testamento não exprime a sua vontade. Muitos legados deixariam de ter sido feito,

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