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Desvio Social FADISA – Sociologia Jurídica – Prof. Gilson Cássio de Oliveira Santos Desvio social é: [...] um comportamento de não-observância que o grupo desaprova e que vai desde o desrespeito a certas regras de boa educação e de etiqueta até as ações criminosas que colocam em risco a própria sobrevivência do grupo (LUMIA, 2003, p. 26 apud DIAS, 2009, p. 153) Segundo Parsons, quanto maior o afastamento da conformidade aos padrões normativos, maior a tendência ao desvio. O que proporciona o surgimento do desvio? Há muitos fatores que podem dar origem ao desvio social, dentre eles: Biológicos Psicológicos Culturais Econômicos O paradoxo do desvio De um lado o desvio negativo O que influi ação contrária às normas. Parte do grupo possibilidades de combate-lo. De outro lado o desvio positivo O que possibilita o processo de mudança social. O desvio social é definido em função do tempo e do espaço. Quanto a conduta coletiva A conduta é sempre privada de cada pessoa em sua particularidade, no entanto, quando nos referimos a atuação coletiva, não deve esta ser entendida como a soma das condutas individuais. (DIAS, 2009, p. 152) [...] um modo coletivo se origina de condutas individuais que chegam a converter-se em coletivas ao vincular-se e se unirem, formando uma estrutura social, que por sua vez influirá e pressionará as pessoas que a originam. (Idem). Logo, embora se mantenham as características individuais, são formadas outras no ambiente coletivo que só podem ser entendidas levando-se em conta o vínculo estabelecido pelas diferentes particularidades. Integração, socialização e conflito O indivíduo é inicialmente integrado às estruturas sociais através do seu núcleo familiar. Ao entrar em contato com outros grupos, tem início a uma etapa de socialização mais complexa. Interagindo com diversos grupos, o indivíduo assimila diferentes ordens normativas, que muitas vezes entram em conflito entre si. Exemplo: As normas de seu código religioso podem entrar em conflito com as normas existentes no seu ambiente de trabalho, ou de estudo. Há religiões que não permitem o trabalho ou estudo num determinado dia da semana, que para os demais é dia rotineiro. X Outra possibilidade de desvio A estrutura social, através de sua ordem normativa, impõe metas que alguns indivíduos não podem alcançar, e estes adotam então uma conduta não condizente com a expectativa social. Temos então duas possibilidades de desvio: I- As diferentes ordens normativas entram em conflito entre si. II- Desvio em relação a norma aprovada. O desvio social é sempre prejudicial a sociedade? Por um lado, uma sociedade pode operar eficientemente somente se há ordem e previsibilidade na vida social. É necessário conhecer, dentro de limites razoáveis, que comportamento esperar uns dos outros. O comportamento desviante ameaça essa ordem e sua previsibilidade Se muitas pessoas deixam de comportar-se como o esperado, a cultura se desorganiza e a ordem social se desmorona. -A atividade econômica pode ser prejudicada e ameaçada e começa a aparecer a escassez -As tradições perdem sua força compulsiva e os principais valores comuns Por outro lado o comportamento desviante é uma forma de adaptar a cultura à mudança social. Nenhuma sociedade atual pode permanecer estática por muito tempo. O desvio social pode ser o começo de uma nova ordem. DIAS, p. 154 Principais características do desvio social: C) Alguns desvios são tolerados pela sociedade, pois se não fosse assim a vida social seria impossível. B) Nem todo desvio social é reprovado. (Comportamentos desviantes como de um gênio, de um santo ou de um herói, as vezes são aprovados e reverenciados. A) Nenhum ato é um comportamento desviante por si mesmo; ele se torna um desvio social quando é definido como tal. (Pode ocorrer que um comportamento é desviante em uma sociedade e não em outra). Comportamento desviante e ordem social Na maioria das sociedades, são encontradas pessoas que podem ser alocadas em dois grupos: Dos que têm a conduta adequada ao esperado. (Juridicamente lícitos). Dos que apresentam um desvio social. (Juridicamente ilícitos). Toda sociedade espera que a maioria se comporte licitamente, sendo que aqueles que adotem um comportamento ilícito seja a minoria. É importante destacar que o desvio social não se esgota no pleno Direito Positivo, pois pode ser encontrado em outras ordens normativas, como a moral, de trato social, ou religiosa. O ato lícito e o ilícito Para a Sociologia, o delito constitui um tipo de ação social, não possui uma propriedade universal que lhe é inerente, intrínseca; não é possível encontrar um tipo psicológico ou fisiológico de delinquente que os diferencie de outras pessoas. Um ato só é ilícito porque é assim qualificado por uma norma jurídica. Não há delito sem uma norma jurídica que determine esse delito, como não há uma sanção sem uma norma jurídica que estabeleça essa sanção. Uma conduta é lícita se corresponde a uma norma jurídica; é ilícita se a contradiz. (KELSEN, apud DIAS, p.158) Exemplos: Há sociedades em que a poligamia é aceita, em outras se constitui num crime. Há sociedades que punem o adultério com pena de morte, em outras é tolerado sob determinadas circunstâncias A única característica em comum que há em todos os delitos é que todos constituem a violações da lei. (DIAS, p.158) A sanção A sanção pode ter dois aspectos: 1. Reparar o dano causado. 2. Castigar o autor pessoalmente e/ou seus bens. O castigo pode ter dois aspectos: 2.1. Evidenciar um exemplo claro aos demais indivíduos do grupo no sentido de que os delinquentes serão penalizados. 2.2. Exercitar o poder na tentativa de reorientar o delinquente ao padrão normativo do grupo. O conceito de anomia Para Durkheim: anomia é uma condição de perda e regulação na sociedade. Nesse sentido o conceito de anomia remete à ineficácia do poder regulador da sociedade. Para Merton: amomia surge do conflito entre a estrutura social e a estrutura cultural. Quando a estrutura social e a estrutura cultural se confrontam, pelos diversos motivos, surgem situações de falta de norma (a anomia). (DIAS, p.160). Tanto do ponto de vista de Durkheim, quanto de Merton, o resultado é o mesmo. Para estes autores, as condições sociais causam determinados estados psicológicos e estes por sua vez dão origem a conduta desviada. Como os processos de mudança no mundo atual são intensos e velozes, é comum acontecer que surjam transtornos sociais, sensação de falta de objetivos e de desespero, ou seja, manifestações anômicas. O Estado e a política de combate ao crime Diante do desvio social criminalizado, o Estado necessita estabelecer as formas e os métodos que adotará para enfrentá-lo. Desse modo, se evitará que a reação social diante da criminalidade seja espontânea e anárquica. Uma política estatal de combate ao crime é fruto da elaboração científica e perfeitamente identificada com os valores da sociedade, e deve adotar um planejamento de curto, médio e longo prazo na luta contra os delitos. A política de combate ao crime constitui-se numa das manifestações da Política mais geral do Estado, e está diretamente relacionada com a política social desse organismo. Uma condição indispensável para a implementação de uma política de combate ao crime eficaz é a existência prévia de uma política social. Essas duas políticas do Estado devem atuar em perfeita sincronização e cooperação.
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