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Mecânica 02 1. Cinemática 4 Conceitos Básicos de Cinemática 4 Deslocamento Escalar 6 Velocidade Escalar Média 8 Velocidade Escalar Instantânea 9 Movimento Uniforme (MU) 10 O Conceito de Aceleração 11 Movimento Uniformemente Variado (MUV) 13 Cinemática Vetorial 15 Operações com Vetores 16 2. Dinâmica 19 Os Princípios da Dinâmica 19 1ª Lei de Newton 23 2ª Lei de Newton 23 3ª Lei de Newton 24 Massa e Peso 25 Força Normal 25 Força de Tração 27 3. Estática 32 Estática dos Corpos Rígidos 32 Estática de Ponto Material (Partícula) 33 Momento de Uma Força 34 Estática dos Fluidos 35 Teorema de Stevin 36 Princípio de Pascal 37 Empuxo 38 4. Referências Bibliográficas 41 03 4 APOSTILA DE MECÂNICA 1. Cinemática Fonte: Uol1 Conceitos Básicos de Cinemática palavra cinemática é derivada do grego κίνηση que significa movimento, que é a mesma raiz da palavra “cinema”, logo, entende-se por cinemática o ramo da física que estuda o movimento e sua descrição e até possível previsão, sem se 1 Retirado em: https://todosabordo.blogosfera.uol.com.br/ preocupar com suas prováveis causas. Designa-se Mecânica todo o conjunto dos estudos sobre movimento e repouso dos corpos, bem como as forças que com eles interagem. Inseridos na mecânica se encontram os ramos da cinemática, que será abordada neste capítulo, bem como da dinâmica e estática, que serão vistos mais à frente. A 5 APOSTILA DE MECÂNICA De acordo com Kazuhito e Fuke (2016): “Todo corpo (porção limitada de matéria, dota de massa e de volume) cujo movimento é objeto do estudo da cinemática recebe o nome de móvel. ” O móvel pode ser classificado de acordo com sua dimensão em comparação com o fenômeno observado. Quando a sua dimensão é importante e afeta a aferição das grandezas física compreendidas o chamamos de corpo extenso, porém quando isso não acontece chamamos o móvel de ponto material ou partícula. Segue abaixo tabela com exemplos de pontos materiais e corpo extensos. Móvel Ponto Material ou Partícula Corpo Extenso Automóvel em longas viagens por rodovias Automóvel sendo manobrado em uma garagem Atleta disputando uma maratona Bailarina executando movimentos em um palco Aeronave sobrevoando o oceano Atlântico, de Londres a Nova York Composição ferroviária atravessando um viaduto Fonte: Kazuhito e Fuke, 2016. Conforme visto em tabela, o mesmo móvel pode ser considerado como partícula ou como corpo extenso quando se altera o referencial. O referencial pode ser utilizado para determinar a posição de um corpo ou objeto, e se está em repouso ou em movimento. Muitos optam por chama o referencial de ponto de referência, não sendo isso incorreto, visto que são sinônimos. Neste exato momento estamos em repouso e em movimento simultaneamente. Como isso pode ser possível? É simples: mudando o referencial. A noção de movimento e repouso sempre será relativa. Por exemplo: Se neste momento, você lê esse material assentado em uma cadeira você se encontra em repouso em relação a ela. Mas se o referencial utilizado por você for um astronauta que se encontra na Estação Espacial Internacional na órbita da Terra, então podemos dizer que você se encontra em movimento. Fonte: NASA 6 APOSTILA DE MECÂNICA A utilização de referenciais e de toda a cinemática é crucial para que se calcule a velocidade de satélites artificiais e naturais e se faça o controle da posição de naves espaciais que desbravam o universo, de modo que não venham a ser perdidas. Um exemplo de referencial utilizado em escala terrestre é o uso de marcações nas margens de rodovias muito extensas visando a fácil localização e cálculo do tempo de viagem conforme pode ser visto na imagem abaixo: Fonte: DNIT Sempre que um referencial não é mencionado subentende-se ser a Terra. Chamamos de trajetória o conjunto de posições sucessivas ocupadas por um móvel durante o seu deslocamento. À diferença resultante da posição final alcançada por um móvel em relação à sua posição inicial chamamos espaço. O espaço é representado na física pela letra “s”, devido à palavra correspondente na língua inglesa: “space”. “Dado um trajeto e tendo sido adotada nele uma orientação, um móvel pode movimentar-se em dois sentidos, aproximando-se do ponto de origem (O) ou afastando-se dele.” (Kazuhito e Fuke, 2016) Na matemática e na física, sentido é uma propriedade associada a uma direção. Se considerarmos que uma direção pode ser representada por uma reta, cada direção pode ter dois sentidos, que indicam cada um dos dois percursos possíveis sobre esta direção, ou seja, sua orientação. Deslocamento Escalar Quando um móvel altera sua posição numa trajetória temos o que se conhece por deslocamento escalar. Quando um movimento ocorre no mesmo sentido que a posição positiva da trajetória temos um movimento progressivo. Para exemplificar a situação observe a ilustração abaixo, que registra uma corrida de 100 metros rasos disputada em 2016. 7 APOSTILA DE MECÂNICA Fonte: Globo Todos os atletas correm de um espaço inicial, a origem da trajetória, rumo ao espaço final, a linda de chegada. Ao espaço inicial chamamos S0 e ao final Sf. O deslocamento escalar é representado matematicamente por: ∆s = Sf – S0 A letra grega ∆ (delta) significa variação. É importante salientar a diferença entre deslocamento escalar e distância percorrida. Para isto vamos utilizar o exemplo de uma ciclista percorrendo uma ciclovia, conforme representado abaixo: Fonte: Física Interativa Ao se deslocar do ponto A ao ponto C e depois do ponto C para o ponto B. Utilizando a fórmula mencionada: ∆s = Sf – S0 Sendo a posição final 600 m e a posição inicial 200 m, logo seu deslocamento é: ∆s = 600 m – 200 m = 400 m A distância percorrida neste mesmo deslocamento irá levar em conta todos os espaços percorridos, e não somente a distância do ponto inicial, ou seja, será obtida somando os módulos dos deslocamentos realizados. Do ponto A ao ponto C houve um deslocamento de 800 m, tendo por posição final 1000 m e posição inicial 200 m: ∆sAC = 1000 m – 200 m = 800 m Partindo do ponto C e indo para o ponto B o deslocamento é de -400 m, indo para a posição 600 m, partindo da posição 1000 m: ∆sCB = 600 m – 1000 m = -400 m Sendo a distância a soma dos módulos dos sucessivos deslocamentos os valores negativos 8 APOSTILA DE MECÂNICA se tornarão positivos ao realizar a soma: d = │∆sAC│+│∆sCB│= 800 m + 400 m = 1200 m Sendo a distância percorrida 1200 m. Sempre que o movimento for realizado em linha reta sem alteração de sentido a distância percorrida será equivalente ao deslocamento. Velocidade Escalar Média O conceito de velocidade média de um corpo em movimento é muito importante e possui diversas aplicações. Fonte: Sofit A velocidade escalar média é definida pela seguinte fórmula: Vm = 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑎 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜 Observe a seguir a utilização da fórmula para a resolução dos seguintes exercícios: Exercício Resolvido 1. Um nadador percorre a extensão de uma piscina de 50 metros de comprimento em 25 segundos. Determine a velocidade escalar média desse nadador. Fonte: Ativo Substituindo os valores fornecidos na fórmula teremos: Vm = 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑎 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑜 Vm = 50 𝑚 25 𝑠 Vm = 2m/s Tenha em mente que não necessariamente o nadador manteveessa velocidade durante todo o percurso, pois provavelmente foi mais ágil no momento do mergulho e com a fadiga muscular resultante de extremo esforço foi diminuindo, mesmo que imperceptivelmente sua agilidade. Todavia, dizer que a velocidade média é 2 m/s é o mesmo que afirmar que se o nadador tivesse mantido essa velocidade constante 9 APOSTILA DE MECÂNICA chegaria à borda da piscina no mesmo instante. Exercício Resolvido 2. Um trem viaja a uma velocidade constante e igual a 80 km/h. Quantos quilômetros o trem percorre em uma hora e quinze minutos? Fonte: Viagens e Caminhos O primeiro passo para a realização do exercício é a conversão dos 15 minutos em horas. Para realizar tal conversão basta dividir o valor por 60: 15 60 = 1 4 h Tendo em mente que em uma hora o deslocamento foi de 80 km basta se descobrir quanto foi percorrido no quarto de hora (quinze minutos) e somar este valor aos 80 km: 80 𝐾𝑚 1 ℎ ÷ 4 = 20 𝑘𝑚 1 4 ℎ ∆s = 80 km + 20 km = 100 km Velocidade Escalar Instan- tânea Algumas cidades possuem o seguinte dispositivo para medir a velocidade de veículos: Fonte: Bernoulli Sistema de Ensino De acordo com Couto: “Simplificadamente, os “radares” funcionam da seguinte maneira: dois sensores são instalados na pista, um a poucos metros de distância do outro. Esses sensores detectam a presença de objetos que tenham metal e disparam quando um objeto metálico passa por eles. Dessa forma, quando um automóvel passa sobre o primeiro sensor, este dispara um cronômetro. Quando o automóvel passa sobre o segundo sensor, o cronômetro cessa a medição. Um computador registra o intervalo de tempo decorrido entre esses dois instantes. Sabendo a distância percorrida entre os sensores, fornecida pelos técnicos que instalaram o dispositivo, e o intervalo de 10 APOSTILA DE MECÂNICA tempo gasto para percorrê-la, é possível determinar o ritmo em que as posições do automóvel variaram, isto é, pode-se determinar a velocidade média do carro em um intervalo de tempo muito pequeno, ou seja, podemos determinar a velocidade escalar instantânea (v) do automóvel. ” (2017, págs. 5 e 6) Portanto, denominamos velocidade escalar instantânea quando o tempo em que a velocidade vai ser medida é muito curto, tendendo a zero. Movimento Uniforme (MU) Há casos onde a posição de um móvel varia sempre no mesmo ritmo. Um exemplo é dado por Kazuhito e Fuke, que descrevem: “Uma pessoa que acaba de adquirir um automóvel equipado com piloto automático está viajando a uma velocidade instantânea constante, em uma rodovia bem conservada, em um trecho longo, plano e retilíneo. Nesse espaço, foram colocados postes de iluminação a cada 25 metros. Pela telemetria do computador de bordo do veículo, o motorista viu que, em todo esse trajeto, os postes foram "ultrapassados" em intervalos regulares de 1 segundo. Assim, durante todo o percurso, o veículo percorreu deslocamentos iguais de 25 m em intervalos de tempo iguais de 1 s, ou 1,5 km em 1 min, ou ainda, 90 km em 1 h. Nesse caso, como a velocidade instantânea esteve sempre constante, ela é igual à velocidade média do percurso. Esse tipo de movimento é chamado de movimento retilíneo uniforme (MRU). Em princípio, pode-se pensar em movimentos uniformes em qualquer tipo de trajetória (circular, oval, sinuosa, mista etc.), basta apenas que a velocidade escalar permaneça a mesma. Caso seja retilínea, teremos um movimento retilíneo uniforme (MRU). Na prática, um carro correr com velocidade constante é algo que não se consegue por muito tempo. Isso porque em seu trajeto surgem curvas, lombadas, semáforos fechados, outros veículos trafegando com velocidade menor etc. Assim, a velocidade instantânea desenvolvida acaba sofrendo variações. ” (2016, pág. 33) Fonte: DAER 11 APOSTILA DE MECÂNICA A função horária da posição no movimento uniforme é: s = s0 + vt A seguir pode ser visto um exercício proposto por Couto (2017) resolvido com a utilização da fórmula: Exercício Resolvido 3. Um carro sai do km 781. Se a velocidade do carro é constante e igual a 80km/h, qual será sua posição após 4h de viagem, sabendo que ele se move no sentido crescente da trajetória? Podemos raciocinar do seguinte modo: 1. Um carro viajando a 80 km/h, durante 4 h, percorrerá 320 km; 2. Se ele sai do km 781 e percorre mais 320 km no sentido crescente das posições, então ele estará no km 1 101 após 4 h. Podemos resolver esse problema utilizando a função horária da posição para o MU, s = s0 + vt, que é a expressão matemática do raciocínio usado na resolução anterior. s = 781 km + 80 km/h ∙ 4 h = 781 km + 320 km s = 1 101 km Segundo Couto: “Quando o movimento ocorre no sentido crescente das posições (por exemplo, do km 30 para o km 90), ele é denominado progressivo, sendo, nesse caso, o valor da velocidade positivo (v = Δs/Δt e Δs é positivo). Caso o movimento ocorra no sentido decrescente das posições (do km 90 para o km 30), é denominado retrógrado, e o valor da velocidade apresenta sinal negativo, pois Δs é negativo. Desse modo, se alguém lhe disser que a velocidade de um carro é de – 70 km/h, isso significa que o carro move-se a 70 km/h, no sentido decrescente das posições. ” (2017, pág. 6) O Conceito de Aceleração Os automóveis aumentam e reduzem sua velocidade durante um percurso. Muitas vezes as curvas, declives e demais irregularidades nas estradas fazem com que o trajeto não se realize da maneira e velocidade esperadas. Na cinemática quando um motor está aumentado sua velocidade chamamos o fenômeno de aceleração. A aceleração é grandeza que mede o aumento da velocidade com o passar do tempo. É importante destacar que um avião com uma velocidade constante de 700 km/h em relação ao solo não 12 APOSTILA DE MECÂNICA possui aceleração. A aceleração só acontece quando há a variação da velocidade, seja para um valor maior ou menor. Quando o valor da velocidade alterna para um inferior chamamos o fenômeno de desaceleração. Kazuhito e Fuke apud Aurélio trazem o significado destas duas palavras (aceleração e desaceleração): “Acelerar [Do lat. accelerare. ] V. t. d. 1. Tornar célere ou mais célere; aumentar a velocidade de; apressar: Acelerou a marcha e chegou antes da hora. 2. Dar pressa a; fazer progredir ou andar mais rápido; apressar, ativar: acelerar o andamento de um processo. 3. Instigar, estimular. 4. Autom. Imprimir maior velocidade a (o veículo automóvel), mediante aceleração progressiva do motor. Int. 5. Tornar-se célere ou mais célere; apressar-se, acelerar-se: "A mão desvia, sobe o ombro, acelera, corre o braço' (José Cardoso Pires, O Delfim, p. 341). 6. Aumentar de velocidade. 7. Autom. Imprimir maior velocidade de rotação ao motor de um veículo automóvel. P. 8. Tornar-se célere ou mais célere; adquirir maior velocidade; acelerar. [Cf. aceleirar. ] Desacelerar [de des + (mais) acelerar. ] V. t. d. Reduzir a velocidade de, retardar. ” Os movimentos onde se aumenta a velocidade são chamados de movimentos acelerados. Já os movimentos onde há redução da velocidade são os movimentos retardados. Couto define a variação do módulo da velocidade trazendo o seguinte exemplo: “Imagine um avião comercial partindo do repouso e atingindo a velocidade necessária para decolagem, de 200 km/h em 40 segundos. Isso significa que, em média, a cada 1 segundo de movimento, a velocidade do avião aumenta de 5 km/h; ao final de 10 s, sua velocidade será de 50 km/h e, ao atingir o final da pista de decolagem, 40 s após o início do movimento, o avião terá a velocidade necessária para decolar, de 200 km/h. O valor da mudançade velocidade em relação ao tempo – aceleração escalar média – é de 5 km/h a cada segundo, ou seja, em média, a cada segundo que passa, o avião aumenta sua velocidade em 5 km/h. Matematicamente, podemos representar essa ideia por: No exemplo apresentado, o valor da aceleração seria de 5 km/h por segundo ou 5 𝑘𝑚/ℎ 𝑠 . O Sistema Internacional de Unidades (SI) não utiliza a unidade anterior, e sim o 𝑚/𝑠 𝑠 = m/s2 (lê-se metro por segundo ao quadrado). ” (2017, pág. 15) 13 APOSTILA DE MECÂNICA Fonte: Bernoulli Assim como no caso da mensuração da velocidade, quando vamos calcular a aceleração de um móvel com o tempo tendendo a zero temos a aceleração escalar instantânea. Movimento Uniformemen- te Variado (MUV) Quando a velocidade de um móvel variar sempre no mesmo ritmo teremos um movimento uniformemente variado. Isso acontece, pois, a aceleração sendo constante e não nula faz com que a velocidade aumente a taxas proporcionais ao tempo decorrido no trajeto. A aceleração no movimento uniformemente variado é igual à aceleração média, como pode ser visto algebricamente: a = am = ∆𝑣 ∆𝑡 Tais movimentos podem ocorrer em espiral, círculos, elipses, etc. Quando ocorrem em linha reta são chamados de movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV). Oliveira (2017) traz alguns exercícios que auxiliam na compreensão do assunto, como pode ser visto abaixo: Exercício Resolvido 4. Determine a aceleração média do corpo em Movimento Uniformemente Variado de acordo com a figura abaixo: Ao analisar a variação da taxa de mudança de velocidade observamos que a cada segundo ela aumenta o valor constante de 3 m/s. Se a variação é de 3 m/s a cada segundo temos uma aceleração de 3 m/s2. Outra forma de calcular é escolhendo dois pontos e utilizando a fórmula: am = ∆𝑣 ∆𝑡 am = 14−2 4 am = 3 m/s2 Exercício Resolvido 5. Caçador nato, o guepardo é uma espécie de mamífero que reforça a tese de que os animais predadores estão entre os bichos mais velozes da natureza. 14 APOSTILA DE MECÂNICA Afinal, a velocidade é essencial para os que caçam outras espécies em busca de alimentação. O guepardo é capaz de, saindo do repouso e correndo em linha reta, chegar à velocidade de 72 km/h, em apenas 2,0 segundos, o que nos permite concluir, em tal situação, ser sua aceleração escalar média, em m/s2, igual a: a. 10 b. 15 c. 18 d. 36 e. 50 Ao utilizarmos a fórmula, antes precisamos converter a velocidade que se encontra em quilômetros por hora para metros por segundo. Isto é feito dividindo o valor por 3,6: 72 ÷ 3,6 = 20 m/s Agora que podemos substituir os valores na fórmula, lembrando que o guepardo partiu do repouso, ou seja, sua velocidade inicial será 0 m/s: am = ∆𝑣 ∆𝑡 am = 20−0 2 am = 10 m/s2 Portando, a alternativa correta é a letra “a”. Para fins didáticos, abaixo pode ser visto uma tabela elaborada com a representação gráfica do repouso e dos tipos de movimento: Fonte: Kazuhito e Fuke, 2016. 15 APOSTILA DE MECÂNICA Caso a variável tempo não seja fornecida, é possível a utilização da equação de Torricelli: v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ ∆s A equação recebe esse nome por causa de seu formulador, o físico e matemático italiano do século XVII que foi discípulo de Galileu Galilei, que também fez importantes estudos relacionados ao movimento dos corpos com a ação da gravidade. Segue abaixo um exercício proposto por Perez para melhor compreensão da aplicação da fórmula de Torricelli: Exercício Resolvido 6. Um ciclista começa seu movimento a 8 m/s partindo da posição 2 com aceleração de 1,8 m/s2. Qual será sua velocidade na posição 12? Fonte: Jornal da USP Utilizando a fórmula temos: v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ ∆s Substituindo os valores encontramos: v2 = 82 + 2 ∙ 1,8 ∙ 10 O deslocamento foi 10 pois o ponto de partida foi 2 e o ponto final 12, logo 12-2=0. v2 = 64 + 36 O quadrado de 8 é 64. Duas vezes 1,8 resultará em 3,6, que multiplicado por 10 será 36. Somando os dois valores teremos: v2 = 100 Extraindo a raiz quadrada em ambos os lados da igualdade teremos: v = √100 A raiz quadrada de 100 é 10, nosso resultado: v = 10 m/s Logo, a velocidade final será de 10 m/s. Cinemática Vetorial Conforme já vimos, as grandezas escalares podem ser 16 APOSTILA DE MECÂNICA definidas somente por um numeral associado a uma unidade de medida. Já para mensurar as grandezas vetoriais será necessário que se informe o módulo, a direção e a velocidade. Para saber para onde um corpo se deslocou é necessário ter uma informação fundamental: para onde foi o deslocamento? Caso não haja tal indicação a informação será incompleta, podendo gerar inúmeras possíveis respostas a uma mesma situação. Para representar as grandezas vetoriais em gráficos utilizaremos os vetores. De acordo com Marques: “Um vetor é representado graficamente através de um segmento orientado (uma flecha). A vantagem dessa representação é que ela permite especificar a direção (e esta é dada pela reta que contém a flecha) e o sentido (especificado pela farpa da flecha). Além disso, o seu módulo (indicado com v ou ) será especificado pelo "tamanho" da flecha, a partir de alguma convenção para a escala. ” (2018, Sessão 6, tópico 2). Operações com Vetores Para somar duas medidas da mesma grandeza escalar basta somar seus valores. Exemplo: 15 kg + 13 kg = 28 kg 31 s + 14 s = 45 s 800 m + 124 m = 924 m O mesmo não ocorre com grandezas vetoriais. Para somar dois valores de vetores é preciso usar o método do paralelogramo ou da poligonal. Para realizar a adição de dois vetores “a” e “b” pelo método do paralelograma em primeiro lugar deve-se iniciar o vetor “b” ao final do vetor “a”: 1. b a 2. b α ------------- a Ao ângulo formado entre a reta que sustenta os vetores chamaremos de alfa. Para calcular a resultando destes vetores iremos ligar o início do vetor “a” ao final do vetor “b”. 17 APOSTILA DE MECÂNICA 3. r b α ------------- a Desta forma teremos traçado nosso vetor resultante. Para calcular o valor do vetor resultante nos recordaremos da lei dos cossenos que diz: r2 = a2 + b2 – 2 ∙ a ∙ b ∙ cos α Substituiremos as incógnitas da equação por alguns valores de modo a demonstrar o desenvolvimento do cálculo: a = 5, b = 4, α = 60 (cos α = ½) r2 = a2 + b2 + 2 ∙ a ∙ b ∙ cos α r2 = 52 + 42 + 2 ∙ 5 ∙ 4 ∙ ½ O quadrado de 5 é 25 e o quadrado de 4 é 16. Duas vezes 5 vezes 4 divido por dois (multiplicar um número por ½ é o mesmo que dividi-lo por dois) é igual a 20 r2 = 25 + 16 + 20 Somando os valores acima o valor resultante será 61. r2 = 61 Extraindo a raiz quadrada em ambos os lados da igualdade teremos: r = √61 Já para somar mais de dois vetores o método da poligonal deve ser utilizado, dada a impossibilidade de realizar tal operação de modo direto no método do paralelogramo. O método consiste em reorganizar os vetores sem alterar seu módulo, sentido ou direção, colocando o início dos vetores no término de outros. A distância entre o primeiro e o último vetor, que ficarão com as pontas soltas será o vetor resultando, abaixo representando na coloração cinza e pela letra s: Fonte: Física Mecânica 1 8 19 APOSTILA DE MECÂNICA 2. Dinâmica Fonte: Pinterest2 Os Princípios da Dinâmica onformevisto no capítulo anterior, o movimento pode ser descrito em função de grandezas físicas de posição, velocidade, tempo de deslocamento e aceleração, sem a preocupação com as causas, como a cinemática se propõe a fazer. 2 Retirado em: https://br.pinterest.com/ Quando analisamos sistemas de movimento ou repouso estabelecendo as relações existentes entre suas causas e seus efeitos estamos lidando com a dinâmica. O surgimento deste ramo da física está atrelado a perguntas fundamentais que um dia foram feitas, tais como: por que os objetos caem? Por que a Terra gira em torno C 20 APOSTILA DE MECÂNICA do Sol em vez de permanecer estática (parada)? Como lançar objetos de modo a serem projetados à maior distância/altura possível? Um dos grandes nomes que se propuseram a responder estas questões ainda na antiguidade foi o filósofo grego Aristóteles. Busto de Aristóteles Fonte: Jastrow, domínio público. Para o estagirita, a Terra era o centro do universo, e permanecia estática, enquanto o Sol, a Lua e demais astros giravam em torno dela. Tal teoria ficou conhecida como geocentrismo. De acordo com Aristóteles os movimentos terrestres e celestes eram totalmente diferentes, não havendo nenhum tipo de relação entre eles, assim como o repouso e o movimento, além de explicar que corpos pesados caem mais rápido que corpos leves. De acordo com Kazuhito e Fuke: “Não que outros estudiosos não tenham tentado obter respostas para questões como essas, mas foi Nicolau Copérnico (1473- 1543), astrônomo e matemático polonês, que abriu um caminho em direção a elas ao propor o modelo heliocêntrico: eram os planetas que giravam em torno do Sol, e não o Sol em torno deles. ” (2016, pág. 134) Retrato de Nicolau Copérnico, 1580 Fonte: InfoEscola 21 APOSTILA DE MECÂNICA Copérnico, embora cônigo (clérigo secular, que possui um canonicato na igreja catedral, ou numa colegiada) da Igreja Católica, revolucionou o pensamento da época influenciando ainda outros pensadores contemporâneos e posteriores com sua teoria, que era contrária aos ensinamentos da Igreja à época. Modelo Heliocêntrico Fonte: Biblioteca Digital Mundial Um dos defensores mais ferrenhos do método científico da experimentação, e obviamente, opositor ao que se entendia erroneamente por ciência na época foi Galileu Galilei. “Em seguida, foi a vez de Galileu Galilei (1564-1642) questionar as ideias apresentadas na Antiguidade por Aristóteles para justificar a queda dos corpos. As investigações de Galileu trouxeram respostas que, apesar de incompletas, preparariam o terreno para que Isaac Newton (1643-1727) pudesse elaborar, de modo completo, as três leis fundamentais do movimento, dando origem ao que viria a se chamar de Mecânica Clássica. ” (2016, pág. 134) Fonte: Justus Sustermans, domínio público. Tendo por base tais pensadores Isaac Newton postulou suas famosas três leis, que relacionariam causa e efeito às alterações de movimento sofridas pelos corpos, que será o estudado neste tópico. 22 APOSTILA DE MECÂNICA Fonte: Godfrey Kneller, domínio público. As leis de Newton para o movimento dos corpos são postulado que estudam alterações realizadas sobre objetos, tais como propulsionar um movimento ou pará-lo, diminuir sua velocidade de deslocamento ou aumentá-la, alterar a direção de objetos em movimento ou até mesmo deformá- los. Tais mudanças acontecem com o que conhecemos na física por força, uma grandeza vetorial que normalmente é mensurada por quilograma-força (kgf) ou por newtons (n), sendo esta última a unidade padrão determinada e adotada pelo Sistema Internacional de Medidas. A força pode atuar por contato (força de contato) ou a distância (força de campo). A força recebeu esse nome para medida em homenagem à Newton por suas descobertas no campo da mecânica. Um newton corresponde à força exercida sobre um corpo de massa igual a 1 kg que lhe induz uma aceleração de 1 m/s² na mesma direção e sentido da força. Já o quilograma-força é um valor numericamente igual à gravidade local, sendo equivalente a 9,80665 newtons. As forças naturais são classificadas em 4 tipos: Força eletromagnética; Força gravitacional; Força nuclear forte e; Força nuclear fraca. Segundo Machado (2017): “Praticamente todas as forças com as quais estamos habituados a lidar são dos dois primeiros tipos. A força de atrito, a tração em cordas, a força muscular e a força de compreensão são forças de natureza eletromagnética. Já a força peso tem, por sua vez, origem gravitacional. Essas forças estão presentes em várias situações do nosso dia a dia e, por isso, nosso estudo enfatizará esses dois tipos de força. As outras duas naturezas de força mencionadas, nuclear forte e fraca, só se manifestam no mundo subatômico. Essas 23 APOSTILA DE MECÂNICA forças são responsáveis pela estabilidade que encontramos na matéria que compõe nosso mundo. ” (2017, pág. 26) 1ª Lei de Newton A primeira lei de Newton é a Lei da Inércia. Conforme Kazuhito e Fuke (2016): “A inércia é uma propriedade geral da matéria pela qual uma partícula, livre de forças ou sujeita à ação de força resultante nula, mantém-se em equilíbrio – em repouso ou em movimento retilíneo uniforme –, mantendo sua velocidade vetorial constante ”. (2016, pág. 138) Em outras palavras, aquilo que está em movimento tende a continuar se movimentando e aquilo que se encontra estático tende a não se movimentar, a menos que uma força atue sobre este corpo, alterando seu estado inicial. De modo geral, os corpos tendem a permanecer em repouso ou em movimento retilíneo uniforme quando outras forças não atuam sobre ele. Quando estamos em pé em um ônibus e o motorista freia bruscamente temos a sensação de ser lançados para a frente do veículo. Isto ocorre porque nosso corpo tende a continuar em movimento quando o ônibus diminui sua velocidade. Quando estamos no interior de um veículo que faz uma curva para a direita sentimos como que uma força nos empurrando para a esquerda. O que realmente acontece é que nosso corpo tende a permanecer em linha reta enquanto o carro está virando. 2ª Lei de Newton Em sua segunda lei, Newton afirma que “a força resultante que atua sobre um corpo é proporcional ao produto da massa pela aceleração por ele adquirida”. Esta lei é também escrita através da fórmula: F = m ∙ a Lê se: força é igual a massa vezes a aceleração. A segunda lei de Newton é o princípio fundamental da dinâmica. Sempre que existe aceleração existe aplicação de força sobre o objeto. Das três leis esta é a única que é representada matematicamente. Exercício Resolvido 7. Num intervalo de tempo de 30 segundos, uma lancha de massa 120.000 kg é acelerada a partir do repouso até a velocidade de 15 m/s. A força 24 APOSTILA DE MECÂNICA resultante média, em newtons, que atuou sobre a lancha nesse intervalo de tempo foi de: a. 15.000 b. 30.000 c. 60.000 d. 90.000 e. 120.000 Partindo do repouso logicamente a velocidade inicial é zero. A massa do objeto é 120.000 kg mas a aceleração não foi fornecida. Lembrando que a aceleração é a variação da velocidade sobre a variação do tempo, representada algebricamente por: a = Δv Δt Substituindo os dados na fórmula temos: a = 15−0 30−0 = 0,5 m/s2 Ou seja, a cada segundo a velocidade da lancha aumentou meio metro por segundo. Utilizando a fórmula da segunda lei de Newton temos que: F = m ∙ a Substituindo os dados na fórmula temos: F = 120.000 ∙ 0,5 F = 60.000 N Logo, aopção “c” é a correta. 3ª Lei de Newton Em seu terceiro postulado, Newton afirma que para toda ação há uma reação de mesma intensidade, natureza e direção, porém, de sentido oposto à origem. Embora as forças sejam iguais elas não se anulam, pois são aplicadas em corpos diferentes, com massa e resistência próprias. São exemplos de situações em que as forças de ação e reação são observadas: 25 APOSTILA DE MECÂNICA Fonte das imagens: Kazuhito e Fuke (2016, pág. 142) Massa e Peso É comum os termos massa e peso serem confundidos, principalmente por aqueles que estão pouco habituados com o estudo científico e com a utilização de termos técnicos. No vocabulário popular, não raro, os termos se tornam sinônimos ou substituem o significado um do outro. A massa é uma grandeza escalar, representada no Sistema Internacional de Medidas pelo quilograma (kg) e representa o valor da inércia de um corpo, ou seja, a dificuldade em alterar seu estado de repouso ou de movimento. Já o peso é uma grandeza vetorial, associando a massa de um corpo à ação gravitacional exercida do planeta para o objeto. Assim, o valor do peso de um corpo é determinado por massa vezes gravidade: P = m ∙ g Força Normal Atuando sobre todos os corpos, há a força da gravidade que nos atrai em direção ao solo e nos prende à Terra. Todavia, em sentido oposto, mas módulo, intensidade e natureza igual, existe uma força que mantém o equilíbrio estático dos 26 APOSTILA DE MECÂNICA corpos, sendo esta conhecida como força normal. Kazuhito e Fuke dão o seguinte exemplo para demonstrar tal força: “Quando nos deitamos em um colchão, ficamos em repouso porque o peso que atua sobre nós é equilibrado por uma força de mesma direção e módulo, mas de sentido oposto. Essa força é exercida pelo colchão, perpendicular a ele, e de baixo para cima, sobre nós. Veja a figura ao lado. Fn é uma força de reação à força F que aplicamos no colchão, que chamaremos de reação normal ao apoio ou, simplesmente, de força normal. O termo normal, aqui, refere-se ao fato de essa força ser sempre perpendicular à superfície de apoio. ” (2016, pág. 144) Exercício Resolvido 8. Uma pessoa com uma bengala sobe na plataforma de uma balança. A balança assinala 70 kg. Se a pessoa pressiona a bengala contra a plataforma da balança, a leitura então a. indicará um valor maior que 70 kg. b. indicará um valor menor que 70 kg. c. indicará os mesmos 70 kg. d. dependerá da força exercida sobre a bengala. e. dependerá do ponto em que a bengala é apoiada sobre a plataforma da balança. Fonte: Videoaula Resolução: Quando uma pessoa sobe com uma bengala em uma balança, a balança registra o “peso” total do conjunto pessoa + bengala. A pessoa, ao pressionar a bengala contra a superfície da balança, faz com que seus pés pressionem menos a superfície desta, de modo que uma ação é compensada pela outra. Sendo assim, o valor total registrado pela balança permanece inalterado. Portanto, a resposta correta é a C. (Extraído de Couto, 2017) 27 APOSTILA DE MECÂNICA Força de Tração Tração, ou tensão, é nome que se dá à força que é exercida sobre um corpo por meio de cordas, cabos ou fios, correntes, polias ou roldanas por exemplo. Por meio da tração se transfere forças de um ponto a outro do espaço. Para isto, utiliza-se principalmente uma corda. A corda ideal tem flexibilidade, não se entende, além do que sua massa é desprezível ao ser comparada com os objetos aos quais está presa, deste modo, não introduzem nenhuma força no sistema e não apresentam inércia. Fonte: Brasil Escola A força de tração sempre atuará no sentido de puxar um corpo, dada a impossibilidade de empurrá-lo. Se temos um corpo suspenso em equilíbrio através de uma corda teremos o peso o puxando para baixo, devido à ação da gravidade, quando o objeto é suspenso ele puxa o teto para baixo gerando uma força de tração, e de acordo com a lei de ação e reação, a terceira lei de newton, o teto também puxa o objeto para cima, conforme ilustração abaixo: Fonte: Prof. Vagner da Luz É importante ressaltar que a tração não é a reação a força peso e, portanto, nem sempre terá a mesma intensidade. Há três situações possíveis para o sistema supracitado. O sistema pode estar em equilíbrio, pode não estar em equilíbrio sendo acelerado para cima, ou ainda não estar em equilíbrio e estar sendo acelerado para baixo. 28 APOSTILA DE MECÂNICA No caso de um sistema em equilíbrio, a força resultante será zero, visto que de acordo com a segunda lei de Newton a força é igual à massa vezes a aceleração, e em um sistema em equilíbrio a aceleração é nula. Sendo a aceleração nula a força de tração nestes casos é igual à força peso. Algebricamente temos: FR = 0 T – P = 0 T = P No caso de um sistema que não está em equilíbrio, sendo acelerado para cima, como por exemplo um elevador subindo os andares de um grande edifício, a aceleração será positiva, gerando também uma força de tração positiva (por estar no mesmo sentido que a aceleração) e tornando a força peso negativa (por estar no sentido oposto). Algebricamente temos: FR = m ∙ a T – P = m ∙ a Sendo o peso o resultado do produto da massa pela aceleração, podemos adicionar a cada lado da igualdade a variável P de modo que se anule a força peso em um lado da igualdade e se obtenha a adição por ela no outro, como pode se observar: T = m ∙ a + P Sendo o peso o produto da massa pela gravidade, substituindo as variáveis temos: T = m ∙ a + m ∙ g Ou, simplificando: T = m ∙ (a + g) Fonte: idem Já numa situação em que o sistema possui uma aceleração para baixo, como por exemplo o elevador descendo, a força de tração será negativa (por ter sentido oposto à aceleração) e a força peso será 29 APOSTILA DE MECÂNICA positiva (por estar no mesmo sentido). Algebricamente temos: FR = m ∙ a P – T = m ∙ a Sendo o peso o produto da massa pela gravidade podemos substituir isto na equação e reorganizá-la, de modo a termos que: m ∙ g - m ∙ a = T Ou, simplificando: T = m ∙ (g – a) Fonte: ibidem Exercício Resolvido 9. (UFLA) Um bloco de 10 kg está preso no teto de um elevador por meio de um cabo que suporte uma tensão máxima de 150 N. Quando o elevador começar a subir, o cabo se rompe ao atingir a tensão máxima. Considerando g = 10 m/s2, é correto afirmar que, no momento da ruptura do cabo, a aceleração do elevador é: a. 15 m/s2 b. 5 m/s2 c. 10 m/s2 d. 25 m/s2 Em primeiro lugar, é importante coletar os dados apresentados no enunciado. 30 APOSTILA DE MECÂNICA A massa é 10 kg, a tensão máxima 150 N e a gravidade 10 m/s2. Sendo o peso o produto da massa pela gravidade podemos calculá-la utilizando a fórmula: P = m ∙ g Substituindo temos: P = 10 ∙ 10 O resultado da operação será: P = 100 N Aplicando a segunda lei de newton busca-se a força resultante através da fórmula: FR = m ∙ a Visto que o elevador está subindo, a força tensão será positiva e a força peso negativa: T – P = m ∙ a Sabendo que a tração máxima é 150 N e o peso 100 N substitui-se isto na fórmula: 150 – 100 = 10 ∙ a Realizando a subtração temos: 50 = 10 ∙ a Dividindo ambos os lados da igualdade por 10 anulamos o numeral no lado direito da igualdade e teremos: 50/10 = a Realizando a razão chega-se ao resultado: a = 5 m/s2 Portanto, a alternativa correta é a letra “b”.32 APOSTILA DE MECÂNICA 3. Estática Fonte: Estudo Prático3 Estática dos Corpos Rí- gidos palavra estática vem do grego statikos, que significa manter parado ou fazer parar. O dicionário Houassis de Física define estática como: “O ramo da Mecânica que investiga as propriedades de equilíbrio em corpos que se encontram sob a ação de forças externas” 3 Retirado em: https://www.estudopratico.com.br/ Para manter um corpo estático, isto é, mantê-lo em equilíbrio, é necessário que sejam cumpridos alguns quesitos, dentre os quais o de que a força resultante atuante sobre eles seja nula (Kazuhito e Fuke, 2016) Ainda segundo os autores (2016): “Um dos pressupostos básicos da estática é que os corpos estudados não sofrem A 33 APOSTILA DE MECÂNICA deformação. Os outros dois pressupostos vêm da dinâmica: primeiro, que um corpo está em equilíbrio, em movimento constante ou em repouso quando a força resultante externa que atua sobre ele é nula; e segundo, que não ocorre a ação de forças externas que possam provocar sua rotação. (Pág. 253) Estática de Ponto Material (Partícula) Quando se tem um ponto material que tem dimensões desprezíveis em relação à situação estudada dizemos que temos uma partícula. Para a partícula estar em equilíbrio sua velocidade vetorial precisa ser constante, com aceleração e forças resultantes nulas. O número de vetores não importa para o equilíbrio estático, mas que, de duas em duas, sejam opostas em seu sentido, se anulando. Exercício Resolvido 10. Na figura abaixo o corpo suspenso tem massa igual a 10 kg. Os fios são ideais e o sistema está em equilíbrio estático. Determine a tração nos fios AB e BC. Dados: g = 10 m/s2; sen30º = 0,5; cos30º = 0,87 A 30º B C 10 kg Em primeiro lugar deve-se encontrar o peso do objeto. Utilizando a fórmula e substituindo os valores pelos informados teremos: P = m ∙ g P = 10 ∙ 10 P = 100 N Tendo encontrado o peso, o próximo passo é desenhar as três forças que estão atuando sobre a corda dos pontos B ao C e do ponto A ao B. Visto que os ângulos alternos internos são iguais, é possível determinar o ângulo entre a corda de tração do ponto A ao B e a reta imaginária que segue a corda de tração do ponto B ao C, conforme ilustrado: 34 APOSTILA DE MECÂNICA -------------- TAB TBC 30º -------------- 100 N A última parte do exercício é realizar uma decomposição vetorial. Para facilitar o entendimento considere o desenho como um plano cartesiano composto por um eixo de abcissas e um de ordenadas. Para decompor o vetor da tração AB pelo eixo x multiplique a tração pelo cosseno do ângulo, ou seja, 30º. Este valor precisa ser igual a 100 N para mantê-lo em equilíbrio. TAB ∙ sen30º = 100 Como o exercício nos fornece o valor de seno de 30º, que é 0,5, basta substituí-lo na fórmula, da seguinte forma: TAB ∙ 0,5 = 100 Dividindo os dois lados da igualdade por 0,5 obteremos: TAB = 100/0,5 Logo, TAB = 200 Tendo encontrado o valor da tração AB, basta decompor o vetor sobre o eixo Y para encontrar o valor da tração sobre o eixo y, da seguinte forma: TBC = TAB ∙ cos30º Como o exercício nos fornece o valor do cosseno de 30º, que é 0,87, basta substituí-lo na fórmula, da seguinte forma: TBC = 200 ∙ 0,87 Que também pode ser escrito como: TBC = 2 ∙ 100 ∙ 87/100 Restando: TBC = 2 ∙ 87 = 174 N Momento de Uma Força O momento de uma força, também conhecido como torque, é um conceito físico, relativo ao movimento de rotação de um corpo após a aplicação de determinada força sobre ele. Essa rotação ocorre em torno de um ponto P escolhido. Sendo sua fórmula: MP = F ∙ d 35 APOSTILA DE MECÂNICA Onde “F” é a intensidade da força, “d” a distância da linha de ação da força até o eixo de rotação, “P” o ponto determinado e “M” o momento. Baseado nesta equação pode- se afirmar que quanto maior a distância do eixo de rotação, maior será o momento para uma determinada força. Por essa razão uma chave de roda tem mais eficácia quando se segura em sua ponta e também é mais fácil abrir uma porta pela extremidade oposta à sua dobradiça. Fonte: Macoe Exercício Resolvido 11. Na figura a seguir são mostradas três forças que poderiam atuar no corpo da chave inglesa. Determine os módulos dos momentos de cada força em relação ao polo P (centro do parafuso). Dados: F1 =5 N; F2 =5 N; F3 =10 N x = 0,10 m; y = 0,14 m Resolução: Utilizando a fórmula basta substituir os dados: MP = F ∙ d MP1 = 5 ∙ 0,10 MP1 = 0,5 N ∙ m, com o parafuso girando em sentido horário MP2 = 5 ∙ 0,14 MP2 = 0,7 N ∙ m, com o parafuso girando em sentido anti-horário MP3 = F ∙ 0 MP3 = 0, com a linha de ação de F passando por P. Estática dos Fluidos A hidrostática irá se preocupar com as forças que os fluidos exercem sobre um corpo. Dentre as forças atuantes neste contexto destacam-se a pressão e o empuxo. 36 APOSTILA DE MECÂNICA Ao estudar o assunto é importante ter em mente o que é densidade volumétrica média, ou simplesmente densidade. Segundo Kazuhito e Fuke (2016, pág. 267) densidade é “a grandeza que representa a razão entre a massa (m) e o volume (V) ocupado por um corpo: d = 𝑚 𝑣 Quando um corpo possui uma única substância tem-se uma densidade absoluta, porém, quando existem vários materiais diferentes, quando o corpo é oco ou quando possui orifícios tem-se uma densidade média. Exercício Resolvido 12. Calcule a densidade volumétrica média da mistura de dois líquidos (1 e 2), de massas respectivas iguais a 800 g e 1700 g. O volume total é de 3,125L. Resolução: São dados: m1= 800 g m2= 1700 g V= 3,125 L = 3125 cm3 A densidade volumétrica média é: d = 𝑚1+𝑚2 𝑣 Substituindo os valores tem-se: d = 800+1700 3125 d= 0,8 g/cm3 Teorema de Stevin O princípio de Stevin se aplica a líquidos que estejam em repouso e possuam densidade constante. Para descobrir a pressão de um líquido em um ponto em relação à superfície, ou seja, sua pressão manométrica, utiliza-se a densidade do líquido, a gravidade, e a profundidade do ponto em relação à superfície através da fórmula: PL = d ∙ g ∙ h Como a pressão atmosférica se transmite a todos os pontos do líquido, esta deve ser somada à pressão manométrica para se obter a pressão total exercida naquele ponto. PT = Patm + d ∙ g ∙ h Exercício Resolvido 13. Um bombeiro está atuando em uma operação de salvamento. Ele está mergulhado a 8,0 m de profundidade em um lago. A pressão atmosférica no local é de 1,0 ∙ 105 N/m2. Calcule a pressão absoluta à qual ele está submetido. 37 APOSTILA DE MECÂNICA Dados: g = 10 m/s2 e dágua = 1,0 · 103 kg/m3. Resolução: A pressão absoluta é a soma da pressão atmosférica com a pressão efetiva da água: Pabs = Patm + d ∙ g ∙ h Substituindo os dados tem-se: Pabs = 1,0 · 105 + 1,0 · 103 ∙ 10 ∙ 8 Realizando as operações chega-se ao resultado: Pabs = 180000 N/m2 ou 1,8 ∙ 105 Pa Observação: o valor encontrado indica que o bombeiro sofre uma pressão de intensidade 80% superior à da atmosfera. Princípio de Pascal O princípio de Pascal é utilizado principalmente na prensa hidráulica. De acordo com o princípio, a pressão exercida em um ponto do líquido (normalmente uma plataforma menorsob um vaso comunicante) é transmitido para os demais pontos e para as paredes do recipiente. Observe a figura a seguir: Fonte: InfoEscola Conforme Kazuhito e Fuke: “Ela consiste basicamente de dois vasos comunicantes, com êmbolos de diâmetros distintos (consequentemente, de áreas de seção transversal diferentes, A1 e A2) sobre as superfícies livres do líquido contido em seu interior. Se aplicarmos uma força (vertical com sentido para baixo) de intensidade F, sobre o êmbolo de área A1, a pressão exercida será propagada pelo líquido até o êmbolo de área A2, transmitindo abaixo dele uma força vertical com sentido para cima de intensidade F2. Portanto, sendo as pressões iguais em ambos os lados da prensa, temos a seguinte proporção: (2016, pág. 278) 38 APOSTILA DE MECÂNICA Exercício Resolvido 14. Quantas vezes a intensidade do peso P2 será maior do que a de P1, se o raio do êmbolo de área A2 for o triplo do da área A1, como se vê na situação de equilíbrio mostrada na figura? Resolução: Consideremos que a área A1 seja: A1 = π ∙ r21 Então, a área A2 será: A2 = π ∙ (3r1) 2 = 9 ∙ π ∙ r21 = 9ª1 Pela proporção 𝐹1 𝐴1 = 𝐹2 𝐴2 , temos: 𝑃1 𝐴1 = 𝑃2 𝐴2 𝑃1 𝐴1 = 𝑃2 9𝐴1 P2 = 9P1 Portanto, P2 será 9 vezes maior que P1. Empuxo O Empuxo Arquimediano, ou Empuxo de Arquimedes, é uma força, com direção vertical e sentido voltado para cima sobre todo corpo imerso total ou parcialmente sobre um fluido e que tem o mesmo valor da força peso dos fluidos deslocados. De acordo com a teoria do empuxo um corpo imerso em um fluido desloca um voluma deste mesmo fluido tal que a diferença de pressão nas diversas profundidades resulta numa força vertical para cima. Sendo por exemplo um cubo solto num fluido, as forças laterais exercidas sobre ele serão canceladas par a par por possuírem o mesmo módulo e direção, mas sentidos opostos. Já a força exercida do fluido sob o cubo irá aumentar à medida que ele for submerso, seja parcial ou totalmente, resultando numa pressão e força maiores que a exercida sobre o cubo. A força resultante gerada será o empuxo. Algebricamente, a força de empuxo é o produto da densidade do fluido pelo volume imerso do corpo neste fluido vezes a aceleração da gravidade. E = dfluido ∙ vimerso ∙ g 39 APOSTILA DE MECÂNICA Este volume será completo se o corpo for totalmente imerso no fluido, porém, se for parcialmente imerso esse valor corresponderá à parte imersa. Para saber se um corpo irá flutuar ou afundar em um fluido basta comparar sua densidade com a do fluido desejado. Se a densidade do corpo for menor que a do fluido ele tenderá a subir. Se a densidade do corpo for maior que a do fluido ele tenderá a afundar. Se a densidade do corpo e do fluido forem iguais ele permanecerá em repouso no fluido. Matematicamente tem-se que: dcorpo < dfluido sobe dcorpo > dfluido afunda dcorpo = dfluido mantém repouso É bom ter em mente que o empuxo não surge apenas em líquidos, mas também no ar atmosférico, que também é um fluido. Exercício Resolvido 15. Uma bola maciça de material homogêneo flutua na água, cuja densidade volumétrica é igual a 1 g/cm3. Se 10% do volume da bola estiver acima da superfície do líquido, qual será a densidade da bola? Resolução: Como 10% é a parcela emersa (fora da água), a parte submersa tem 90% do volume total da bola (Vbola). Isto é, o volume de água deslocada (ou o volume imerso da bola) é: Vi = 90 100 Vbola = 0,9 Vbola Na condição de equilíbrio, temos: E = Pbola. Logo, a igualdade que nos dará a densidade da bola é: E = Pbola. dágua · g · Vi = dbola · g · Vbola dágua · Vi = dbola · Vbola 1 ∙ 0,9 ∙ Vbola = dbola ∙ Vbola dbola = 0,9 g/cm3 Observação: constatamos que a densidade da bola é menor do que a da água, por isso ela flutua na superfície do líquido. 4 0 41 APOSTILA DE MECÂNICA 4. Referências Bibliográficas AURÉLIO. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. CANAL FÍSICA CACO. Como usar a fórmula da velocidade escalar média. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jJ8 h15F1yuI>. Acesso em: 14 de abril de 2020. COUTO, F. P. Física Volume 1. Editora Bernoulli. Belo Horizonte, MG. 2017. DA LUZ, V. Tração – Tensão em corda – Transmissão de força. Canal da Luz Aulas. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hh gMnZBewAg>. Acesso em: 21 de abril de 2020. MARQUES, G. C. Física Universitária 1: MECÂNICA BÁSICA. 1ª Edição. Editora EDUSP. São Paulo, SP, 2018. OLIVEIRA, D. Movimento Uniforme- mente Variado. Canal Física 2.0. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=- MjoaenhAFc>. Acesso em: 15 de abril de 2020. PEREZ, M. Equação de Torricelli. Canal Aula de. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=w miKUvUKWUQ>. Acesso em: 15 de abril de 2020. VICENTE, P. Deslocamento escalar x Distância percorrida. Física Interativa. Disponível em: <https://www.fisicainterativa.com>. Acesso em: 14 de abril de 2020. YAMAMOTO, K. FUKE, L. F. Física para o Ensino Médio, volume 1: Mecânica, 4ª Edição, Saraiva, São Paulo, SP. 2016. Dicionário Houassis de Física. Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 2005. Roditi, Itzhak. OLIVEIRA, D. Estática. Canal Física 2.0. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zC yKpcPCxnY>. Acesso em 22 de abril de 2020. 04 2
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