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RESUMO CAPÍTULO 1 - O FIM DAS ALIANÇAS MÓVEIS: ANTECEDENTES DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL Davina Silva Os acontecimentos que desencadearam a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) são vários, mas tudo se inicia na Guerra Franco - prussiana (1870 - 1871), conflito entre o Império Francês e o Reino da Prússia, opôs as duas principais potências econômicas da parte continental da Europa onde o principal objetivo era a disputa pelo trono espanhol, o fim da guerra ocasionou relações negativas entre as duas nações desencadeando uma tensão no continente que, décadas depois, proporciona o início da Primeira Guerra Mundial. Na Europa a interdependência economia mundial teve um grande avanço, outrossim, a conquista de diversos territórios e o desenvolvimento de diversos meios de comunicação. O novo e último Kaiser alemão, Imperador Guilherme II, teve um papel importante na relação das potências, entretanto essa mudança da política externa era de certa forma instantânea, especialmente para tirar proveito de algumas circunstâncias. Desse modo, ocasionando a divisão da Europa em dois blocos, gerando antagonismo entre ambos que levariam a primeira guerra mundial. A competição entre estados, buscando garantir um cenário internacional que deve prevalecer, é uma ideia de equilíbrio de poder, logo, administrado por Bismarck seria primordial a manutenção do distanciamento da Rússia e da França. O principal motivo para a aproximação das duas potências era o temor do isolamento político, como também, do ponto de vista ideológico ambas não poderiam estar separadas. A aliança entre o Império Alemão e o Império Russo, conhecida como Tratado de Resseguro (Reinsurance Treaty), não foi renovada em 1890, o que ocasionou a ideia que poderia afetar negativamente as relações com a Áustria. De fato, pois se houvesse uma guerra entre a França e Alemanha a neutralidade da Rússia não seria garantida, outrossim, tanto a França quanto a Rússia poderiam ser afetadas pela aproximação do Reino Unido e a Tríplice Aliança, acordo econômico e militar entre a Alemanha, o Império Austro-Húngaro e Itália. Desse modo, levando em conta os últimos acontecimentos, o acordo militar em 1892 e aliança política em 1994 fez com que, a França e a Rússia unissem suas forças contra Tríplice Aliança, o acordo entre as duas potências garantiu que se houvesse uma mobilização de qualquer membro da Tríplice Aliança haveria o apoio conjunto de ambas. A aproximação da França e da Rússia, foi vista como um desafio para os interesses britânicos Como a aliança com a Alemanha não funcionou, os britânicos necessitavam de uma aliança na Europa e se aproximaram da França. Em 1902, a Itália saiu da tríplice aliança e fechou acordo franco-italiano para trocar neutralidade caso houvesse ataques à França ou à Itália. No ano seguinte, 1903, o acordo Franco - britânico foi firmado a Entente Cordiale, entretanto, a Entente foi testada durante a guerra russo-japonesa, pois como a França e a Rússia já tinham um acordo isso colocaria a França e os britânicos em lados opostos, por fim o acordo Franco - britânico permaneceu. Em 1908, a Áustria negociou com a Rússia anexação da Bósnia, em troca do apoio austríaco à abertura do estreito aos russos, porém antes do acordo a Áustria se anexou a Bósnia, ocasionando mais diferenças entre a aliança austríaco alemã e os Russos. A possibilidade de um conflito fez com que a Rússia apoiasse a Sérvia e a Áustria recebeu imediato apoio dos alemães, porém os franceses e os britânicos não viram vantagem em apoiar a Rússia então esta recuou. Em 1911, uma nova crise iria dificultar a relação entre as potências, a ocupação da cidade de Fez pela França provocou o envio do contratorpedeiro alemão Peter ao ponto de Agadir. As consequências dessa segunda crise foram graves, a ocupação italiana nas ilhas de Dodecaneso estendeu a guerra às proximidades dos Balcãs, o que agravou a relação da Itália com a Áustria e Alemanha. The sick Man of Europe (homem doente da Europa), expressão utilizada no século XIX, referente ao fim do império otomano que se encontrava em decadência. A franqueza do império otomano conciliada com a ofensiva Russa que tinha interesse no estreito de Bósforo, levou à formação da Liga entre a Sérvia, Bulgária e Grécia para partilha da Macedônia. No ano de 1912 houve um acordo entre a França e a Rússia contemplando que se houvesse uma guerra com a Áustria sucederia ajuda militar para defender a Sérvia. No mesmo ano grandes potências perderam o domínio sobre os Bálcãs. A liga alcançou a capital Otomana, assim, os turcos tiveram que se conformar e sair da Europa. Em 1913 a Bulgária perdeu grande parte da Macedônia para a Grécia, Romênia e os Sérvios, que se tornaram grandes ameaças para a Áustria. Desse modo, a Europa toda sentia a tensão criada pela estabilidade balcânica e a imobilidade das alianças, então, a Alemanha Rússia e França decidiram aumentar seus contingentes militares e, em junho de 1914 aconteceu o estopim que iria ocasionar a primeira guerra mundial, um ataque da organização terrorista Sérvia mão Negra falhou ao tentar contra a vida do herdeiro ao trono da Áustria Hungria, porém após a falha da organização terrorista, Gavrilo Princip Sérvio fanático assassinou Francisco Ferdinando e sua esposa em Sarajevo. Consequentemente, a Áustria declarou guerra à Sérvia no dia 28 de julho de 1914, desencadeando várias declarações de guerra. Desse modo, a Rússia ofereceu apoio à Sérvia, e assim houve uma mobilização militar que ocasionou a guerra contra a Alemanha, e no dia 1° de agosto a Alemanha declarou guerra à Rússia. Como a França se recusava a declarar neutralidade no conflito, a Alemanha também declarou guerra à França no dia 3 de agosto, no dia 5 de agosto o Reino Unido declarou guerra também à Alemanha. A Itália manteve neutralidade, justificando que a ação da Áustria contra a Sérvia violava os termos da Tríplice Aliança. Há muitos fatores que influenciaram na formação de uma generalizada guerra na Europa, no início do século XX o processo de imobilização e esgotamento da política das alianças de Bismarck foi um fator definitivo para o início do conflito. De acordo com Keegan, "às vésperas da primeira guerra mundial, quase todo europeu qualificado do século masculino em idade militar tinha uma carteira de identidade militar [...] no caso de mobilização geral. No início de 1914, havia cerca de quatro milhões de europeus uniformizados; no final de agosto havia 20 milhões, e milhares já haviam sido mortos. A sociedade guerreira submersa um irromperam armada na passagem pacífica os guerreiros travaram a guerra até e quatro anos depois não conseguiram mais lutar." (Keegan, p. 39 - 40). Com a corrida armamentista o Reino Unido viu a expansão naval alemã como uma grande ameaça. Entretanto, com a crise doméstica por que passavam boa parte das potências europeias fazia com que alguns políticos militares vissem a guerra com alguma simpatia. A indústria armamentista, como por exemplo grupo siderúrgico da Alemanha Krupp ou grupo da Áustria Skoda, exerce cada vez mais pressão e influência sobre os governos, principalmente dos grandes impérios (Tuchman, p. 166 - 168). Segundo Bartlett, o general von Moltke, comandante do estado-maior alemão, aceitou a utilização do Plano Schlieffen pois acreditava que a Alemanha seria capaz de efetuar uma guerra curta com várias vitórias. Assim acreditava que nem a Rússia ou a França estariam organizadas para um confronto e que a guerra era inevitável já que a Alemanha não poderia resolver suas ambições de formas pacíficas (Bartlett, p. 170). Entretanto, essa imagem de "guerra curta" acabou sendo chamada de "A grande guerra" e durante 4 anos trouxe grandes prejuízos não só para o continente com uma divisão política, mas também para o mundo. REFERÊNCIA LOHBAUER, Christian. História das Relações Internacionais I: o século XX: do declínio europeu à era global. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. (Cap. 1: O fim das aliançasmóveis: os antecedentes da Primeira Guerra Mundial).
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