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CADERNO DIREITO EMPRESARIAL - PROF. JOÃO GLICÉRIO

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Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
MANUAL DE ANDRÉ 
MANUAL DE MARCELO BARBOSA SACRAMONI 
CURSO DO PROFESSOR MARLON TOMAZETI 
Direito Empresarial estuda a atividade empresarial. E a atividade 
empresarial é que sustenta o sistema capitalista de produção. Não existe 
capitalismo sem atividade empresarial, sem livre iniciativa. Ou seja, a base da 
nossa economia mundial é estudada pelo Direito Empresarial. 
Qual o país mais capitalista do mundo? Considerando o capitalismo 
clássico, lucro pelo lucro, a China. O segundo, a Rússia. Não associar o 
capitalismo à democracia ou ditadura, ou seja, não associar o sistema de 
produção com o sistema de governo. O fato de não haver na China uma 
democracia como nós conhecemos no mundo ocidental, não tem nada a ver com 
o seu sistema de produção. É um país capitalista. Tem atividades empresariais 
relevantes no mundo. Na década de 70, as fábricas americanas migraram para a 
China, buscando reduzir o seu principal custo: mão-de-obra. Esse foi o único 
objetivo. 
Mas não foram só as fábricas americanas, mas sim europeias, brasileiras, 
sul africanas etc. Primeiro, as fábricas de mão de obra braçal, mesmo 
especializadas e, depois, fábricas mais especializadas, com mão de obra mais 
técnica e especializada. 
American Factory e Fome de Poder 
O Direito Empresarial pode ser divido em: 
1. Teoria Geral do Direito Empresarial; 
2. Direito Cambiário (títulos de crédito, que são instrumentos de 
circulação da riqueza produzida pelo empresário); 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
Essas duas partes, fazem parte do Empresarial da Baiana, que veremos 
nesse semestre. 
3. Direito Societário (é o exercício da atividade empresarial como uma 
pessoa jurídica); 
4. Falência e Recuperação de empresas (momento em que as empresas 
estão em crise); 
5. Propriedade industrial (marca, patente); 
6. Direito Bancário (relações financeiras); 
7. Contratos empresariais (contratos tipicamente firmados entre 
empresários, como, por exemplo, franquia, contrato de cheque 
especial. São os contratos que fazem girar a riqueza gerada pelo 
empresário); 
8. Direito concorrencial (estuda os limites da concorrência entre os 
empresários, para evitar medidas ilícitas para aniquilar a 
concorrência). 
Sem os títulos, talvez a humanidade durasse muito mais tempo na Idade 
Média. As invasões bárbaras invadiram os estados nacionais, as pessoas fugiram 
das cidades e protegeram-se nos feudos. Os feudos tinham vocações que 
dependiam de várias circunstâncias. Cada feudo vendia algo (lã, carne, trigo). 
Eles começaram autossuficientes, mas começaram a ter excedentes e começaram 
a vender. O excedente era trocado entre os feudos. Só que era muito ruim 
transitar com pedras preciosas que servia para troca (ouro, prata, moedas). Então 
eles utilizavam título de crédito para facilitar as trocas. Essa facilitação dos títulos 
antecipou, em muito tempo, o fim da Idade Média. 
AVALIAÇÕES 
1ª Prova – 7 pontos + 2 pontos de seminário + 1 ponto de presença com 
câmera ligada 
2ª Prova – 7 pontos + 3 pontos de artigo 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
3 pontos de artigo 
2 pontos de seminário 
1 ponto de presença (limite 3 faltas) 
Legal Techs/Law Techs (09/03) 
Analíticas e jurimetria (16/03) 
Conciliação online (30/03) 
Automatização de acórdãos (06/04) 
Criptomoedas e Blockchain (13/04) 
Advocacia e AI (27/04) 
BIGDATA (04/05) 
Automação e gestão de docs (11/05) 
Datas dos seminários 
Vai ter o tempo para a gente vai ler o caso. Acabou o tempo, vou ter um 
prazo curto para responder à questão. O tempo do caso é longo, o tempo da 
questão é curto. Terminou o tempo, sobe a segunda questão. 
E-mail para enviar a prova = trabalhosdeempresarial@gmail.com 
PODERÃO ENTREGAR A PARTE ESCRITA NO DIA 30/03 
Horário da apresentação será 12h e tempo de 30 minutos de apresentação. 
AULA 09 DE FEVEREIRO 
HISTÓRICO DO DIREITO EMPRESARIAL 
1. INTRODUÇÃO 
mailto:trabalhosdeempresarial@gmail.com
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
Falar do histórico do direito empresarial é falar do histórico da 
humanidade. 
O recorte histórico só tem relevância quando está vinculado a algum 
aspecto do conhecimento atual que merece ser 
O que a parte histórica que naturalmente interessa é aquela que tem 
vinculação com a disciplina atualmente. O histórico do direito empresarial. 
Porque demoraríamos muito tempo para falar sobre o histórico do direito 
empresarial. Falar apenas das duas teorias que serve de base para fundamentar 
o direito empresarial como nós conhecemos hoje: (a) teoria dos atos de comércio 
e (b) teoria da empresa. 
2. TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO 
A Teoria dos atos de comércio surgiu em 1808, na França, enquanto a 
Teoria da Empresa surgiu em 1942, na Itália. 
Com o movimento das grandes codificações (promovido 
substancialmente por Napoleão, a partir do Código Civil francês de 1804), a 
disciplina do Direito Comercial passou a ter nova “roupagem”, com a criação da 
teoria dos atos de comércio, positivada pelo Código Comercial francês de 1807 e 
mais tarde adotada pelo Código Comercial brasileiro de 1850. 
É absolutamente natural imaginar que os institutos jurídicos sejam 
influenciados pelo momento histórico do seu surgimento. Exemplo: casamento. 
Este é fortemente influenciado pelo momento histórico do seu surgimento. 
Quando o casamento surgiu no ordenamento jurídico brasileiro ele era 
indissolúvel e existia uma relação de hierarquia entre marido e mulher. Com o 
avançar do tempo, o casamento torna-se dissolúvel, em 1977, surge a lei do 
divórcio. Mesmo assim, ainda existia a questão de apuração de culpa para fins 
de dissolução do casamento. Hoje não há mais essa apuração. Nem mais está 
atrelada a questão patrimonial à questão dissolutória. O juiz pode dissolver o 
casamento independentemente da partilha, que pode ser feita em momento 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
posterior. Então é um instituto que vem sendo modificado a partir da evolução 
da sociedade. Isso é aplicado a qualquer instituto. 
A teoria dos atos de comércio surgiu em 1808 na França. Esse período é o 
período Pós-Revolução Francesa. Nesta, a burguesia toma o poder. E ao tomar o 
poder, a burguesia começa a adotar inúmeras medidas para preservar esse poder. 
A primeira delas foi a bipartição do direito privado. A separação do direito 
privado em dois grandes ramos: de um lado, o direito civil, do outro, o direito 
empresarial. Naquele momento, o direito privado era o direito das pessoas 
comuns, um direito só. E aí foi bipartido entre direito civil, para cuidar das 
relações entre os nobres e o empresarial para cuidar das relações entre os 
burgueses. Então, naquele momento, o direito comercial assume uma feição 
representativa da classe dos burgueses. Mas estes estavam no poder. Sendo 
assim, naturalmente começaram a adotar medidas para preservar este poder. 
Por que separar os dois ramos? Pois poderia rechear o direito comercial 
com benefícios e privilégios e deixar para o direito civil apenas deveres e 
obrigações. 
A questão ideológica permeia a sociedade. Não ter ideologia, inclusive, é 
uma ideologia. Mas o caráter ideológico se manifesta também pelas palavras que 
usamos; pelo comportamento corporal etc. Ele é manifestado em todo o 
momento. Naquele momento, o direito civil tem um ramo equivalente ao direito 
comercial: o ramo que cuida do negócio jurídico de caráter patrimonial, qual seja, 
o direito das obrigações. Enquanto o instrumento que representa o negócio 
jurídico de caráter patrimonial no direito comercial é chamado de “título de 
crédito”. A essência é a mesma, mas o olhar é diferente. Enquanto o direito 
comercial olha a partir do ponto de vista do credor, o direito civil olha a partir do 
direito do devedor.Há dois privilégios do direito comercial que se perderam com o tempo e 
dois que continuam até hoje: hoje quem pode aguardar o julgamento em cela 
especial é o diplomado em curso superior. Antigamente era o comerciante 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
matriculado em junta comercial. Ao longo do tempo essa prerrogativa foi 
transferida para aquele graduado em curso superior. 
Naquela época, ainda, somente o comerciante matriculado poderia passar 
procuração de próprio punho ou procuração por instrumento particular, porque 
existia a ideia de que esse comerciante possui algo próximo do que hoje nos 
conhecemos como fé pública. Então o comerciante matriculado na junta 
comercial poderia passar procuração de próprio punho. As outras só podiam 
passar procuração por instrumento público. 
Há os benefícios que permanecem até os dias atuais. Um desses benefícios 
está ligado à atividade empresarial em crise, que encontra no ordenamento duas 
maneiras de se reestruturar: (a) recuperação judicial de empresas; (b) 
recuperação extrajudicial de empresas. Já a atividade civil em crise não encontra 
nenhuma forma de se reestruturar. 
Há outro: quem paga menos imposto hoje no Brasil, pessoa física ou 
jurídica? Indiscutivelmente a pessoa jurídica. Ainda que coloque todos os 
tributos relacionado com a renda, ainda assim a PJ paga menos que a pessoa 
física. Enquanto a faixa mais alta da PF gravita em torno dos 27,5%, a PJ gravita 
em torno dos 11,33%. Tanto é assim que há o fenômeno da pejotização, que gera 
uma economia não apenas ao empregador. Muitas vezes ocorre por iniciativa do 
empregado, para gerar uma economia tributária para o empregado. Pensando no 
ponto de vista financeiro imediatista, mas talvez não seja tão interessante por 
conta da perda das proteções sociais dos trabalhadores. 
Esse benefício tributário à pessoa jurídica, tem como foco, em verdade, à 
atividade empresarial. A PF que exerce atividade empresarial paga imposto 
como se pessoa jurídica fosse. A PF que exerce atividade empresarial recebe 
CNPJ. A discussão entre a PF e PJ é uma distinção apenas para justificar a 
argumentação do ponto de vista jurídico, mas, na prática, a distinção tem por 
objetivo o benefício do empresário. 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
Foi lá nas codificações oitocentistas que os principais impostos sobre a 
terra foram criados ou majorados. Também foi lá na Revolução que os principais 
impostos sobre a atividade econômica foram reduzidos ou extintos. Aliás, um 
dos grandes fundamentos da Revolução Francesa, seguramente, foi a alta carga 
tributária que os nobres estavam impondo aos burgueses para sustentar os 
benefícios estatais. 
Mas os burgueses daquela época tinham outro medo: além da separação 
do direito privado, tinha outro receio muito grave, qual seja, eles não queriam 
trazer um conceito fundamental para a disciplina porque ao trazer um conceito 
fundamental à disciplina, invariavelmente, poderiam se deparar com um sério 
problema, qual seja, os nobres poderiam se adaptar a este conceito e atender aos 
requisitos apresentados por eles e ter acesso, assim, aos benefícios concedidos 
pelo direito comercial. Então os burgueses não trouxeram um conceito 
fundamental para a disciplina. A teoria dos atos de comércio não trouxe consigo 
um conceito fundamental para o direito comercial, para evitar que os nobres se 
adaptassem a este conceito. 
Qual foi então a estratégia da teoria? Ela simplesmente listou os atos que 
deveriam ser considerados de comércio. Quatro atos foram considerados atos de 
comércio: (a) comércio em sentido estrito, ou seja, comprar aqui para vender ali 
por um preço maior; (b) a indústria, que é a fabricação ou manufatura de bens; 
(c) atividade dos bancos, a intermediação financeira; (d) a atividade dos seguros, 
que é a assunção dos riscos. 
Esses quatro atos foram considerados atos de comércio. Por quê? Porque 
eram os atos praticados pelos burgueses. Não há agricultura, extrativismo, 
criação de animais, prestação de serviço etc. Isso porque quem tinha terra para 
criar, plantar, extrair e quem explorava a mão de obra serva ou escrava eram os 
nobres. Estes que se beneficiavam dessa estrutura sedimentada na terra e, por 
isso, os nobres não poderia ter suas atividades elencadas como atos de comércio, 
justamente para que eles não pudessem ter acesso aos benefícios que deveriam 
ser apenas dos burgueses. 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
Vários doutrinadores tentaram encontrar um conceito fundamental para 
a matéria e quem mais perto chegou foi o professor italiano Alfredo Rocco. O 
conceito dele foi bastante elogiado. Para ele, ato de comércio pressupõe a 
interposição na troca e essa interposição ligava todas as atividades que eram 
exercidas pelos burgueses. Mas o problema é que a interposição na troca acabava 
alcançando, também, atividades não empresariais; que não eram consideradas 
empresárias e nem poderiam ser. É importante lembrar que o consumidor 
interpõe dinheiro na troca por produto ou serviço e a atividade do consumidor 
não é empresarial. É importante lembrar que o empregado interpõe trabalho na 
troca pelo dinheiro da sua remuneração e a sua atividade não é empresarial. 
Então quando falamos em interposição na troca de Rocco, que teve certa 
receptividade doutrinária, precisamos lembrar que, mais tarde, o conceito de 
Rocco também foi bastante criticado. 
Vários autores tentavam encontrar um conceito para a matéria e nenhum 
deles encontrou. Então percebeu-se que dentro da teoria dos atos de comércio 
não seria possível estruturar um conceito cientificamente sustentável para a 
matéria. A saída foi mudar o sistema. Se o sistema da teoria dos atos de comércio 
não permite estruturar um conceito, muda-se o sistema. E aí que em 1942, na 
Itália, nasce a teoria da empresa. 
3. TEORIA DA EMPRESA 
Surgiu com um objetivo muito claro: preencher as lacunas e corrigir os 
defeitos deixados pela teoria dos atos de comércio. Quais eram as duas mais 
importantes características da teoria dos atos de comércio: ausência de conceito 
fundamental e a bipartição do direito privado. 
O que fez, então, a teoria da empresa? Trouxe, logo de cara, o conceito 
fundamental para a disciplina. O Código Civil italiano, logo no primeiro artigo 
do livro de direito de empresa, artigo 2.082, trouxe o conceito fundamental à 
disciplina. 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
E o Brasil? O Brasil copiou o seu sistema de direito comercial do sistema 
francês. Em 1850 nós tivemos a edição do Código Comercial brasileiro copiando 
o sistema francês. Ele não tinha um conceito fundamental, seguido a linha do 
direito francês. E trazia um rol de atos considerados de comércio. Esse rol era 
estabelecido num regulamento. Era o regulamento 737 de 1850. Foi a primeira 
norma processual civil brasileira e foi criado este regulamento para auxiliar o 
funcionamento, do ponto de vista procedimental, do direito comercial. Então o 
CPC brasileiro nasce a partir do direito comercial. 
Havia comércio, indústria, bancos, seguros... esses atos eram considerados 
de comércio e o Brasil segue a mesma linha do Código Comercial francês de 1808. 
Quando veio a teoria da empresa, o Brasil também seguiu a linha da teoria da 
empresa. O CC/02, logo no seu primeiro artigo do livro de direito de empresa, 
também trouxe o conceito de empresário, art. 966. E o conceito de empresário 
brasileiro copiou o conceito de empresário do código civil italiano, sendo o texto 
idêntico. A única diferença é que aqui usa o verbo “considerar” e lá usa o verbo 
“ser”. 
OBS: O código comercial brasileiro ainda está vigente em pequena parte, 
aquela que fala do código comercial marítimo. Isso faz com que hoje ele seja a lei 
ordinária mais antiga vigente no nosso ordenamentojurídico: Lei 556/1950. 
Esse art. 966 é seguramente o artigo mais importante do direito privado 
moderno. Mas não seria do direito empresarial moderno? Não, pois esse artigo 
separa o direito civil do direito comercial. É ele que vai dizer quem vai se sujeitar 
ao direito civil e quem vai se sujeitar ao direito empresarial. Quando ele traz o 
conceito de empresário, quem atende a esse conceito, vai se submeter ao direito 
empresarial e quem não atende, vai se submeter ao direito civil. 
A teoria da empresa veio acompanhada da tese da reunificação do direito 
privado. Alguns livros falam em “unificação do direito privado”. O direito 
privado era unificado, foi separado, então o movimento só pode ser de 
reunificação. Então não há que se falar em unificação do direito privado. 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
Esse fenômeno da reunificação foi fortemente defendido por um professor 
italiano chamado Cesare Vivante. Foi o maior defensor da reunificação do direito 
privado. Ele defendeu a reunificação da primeira à quarta edição do seu livro. 
Mas na quinta edição ele mudou de ideia. Ele percebeu que a reunificação do 
direito privado seria um mal, tanto ao direito civil, quanto ao direito empresarial. 
Os mais de cem anos de separação entre os dois proporcionaram um super 
aprofundamento, uma super especialização de cada matéria, distanciando, ainda 
mais, o direito civil do direito comercial, fazendo com que a reunificação se 
tornasse absolutamente inviável. Por isso, Vivante, reconhecendo que a 
reunificação seria viável, passou a ser um opositor da reunificação. 
Como ele foi o maior defensor da reunificação, algumas pessoas fazem 
referência a Vivante como primeiro propôs a reunificação. Mas isso é falso. Ele 
recebeu essa fama, pois era europeu. Quem primeiro propôs foi um professor 
baiano, nascido em Cachoeira-BA: Augusto Teixeira de Freitas, em seu projeto 
de Código Civil de 1864, projeto que foi rejeitado no Brasil. Dizia-se que o projeto 
era muito avançado para a época e preferiram o defasado de Beviláquia, que 
resultou no CC/16. 
Mas o projeto de Teixeira de Freitas serviu de base para o Código Civil 
argentino, uruguaio e italiano, influenciando toda a legislação civil ocidental. E o 
Código Civil italiano, que tomou como base o código de Teixeira de Freitas, 
serviu de base para o código civil de 2002. Então o rejeitado projeto de Teixeira 
de Freitas acabou sendo utilizado quase 90 anos depois. 
Importante ter em mente que a reunificação do direito privado não se 
concretizou. No Código Civil há regras de direito civil e regras de direito 
empresarial. Pode até se dizer que ocorreu uma unificação do ponto de vista 
legislativo e, mesmo assim, de maneira parcial. Do ponto de vista didático, do 
ponto de vista científico e do ponto de vista profissional, as disciplinas continuam 
separadas, continuam sendo disciplinas autônomas, isto é, independentes. 
Nem o direito empresarial é sub-ramo do direito civil, nem o contrário. São ramos 
autônomos do direito privado. 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
Mesmo do ponto de vista legislativo foi parcial a unificação. Há regras do 
direito civil fora do CC/02 e há regras do direito empresarial fora do CC/02. 
Então a tentativa de reunificação do direito privado foi uma tentativa 
frustrada, não logrando o êxito esperado. 
AULA 16 DE FEVEREIRO 
EMPRESÁRIO 
1. CONCEITO DE EMPRESÁRIO (ART. 966, CC/02) 
Seguramente é o conceito mais importante do direito privado moderno. 
Foi estabelecido pelo art. 2.082 do Código Civil italiano, que foi copiado pelo 
CCB. 
“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.” 
i. Quando ele diz “profissionalmente”, ele se refere ao primeiro 
elemento do conceito de empresário, que é profissionalismo. 
ii. O exercício de uma atividade econômica com intuito lucrativo é o 
segundo elemento. 
iii. O terceiro elemento é a organização. 
Esses são os três requisitos do conceito de empresário. Mas há um 
problema: os manuais de direito empresarial fazem menção a quatro requisitos 
do conceito de empresário. Todos entendem que haveria um quarto requisito do 
conceito de empresário. Esse quarto é a parte final do art. 966, quando diz “para 
a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. Todos os autores entendem 
que esse seria o quarto requisito para estruturar o conceito de empresário. O 
professor discorda, mas não há quem defenda o posicionamento divergente. 
i. Profissionalismo 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
Ser profissional é congregar três características: habitualidade, 
pessoalidade e monopólio de informações. Quando se fala de habitualidade, 
muita gente pensa que ser habitual é fazer funcionar a sua atividade todos os 
dias, e isso não é verdade. Ser habitual é atender a demanda periódica do 
empresário e essa demanda varia de atividade para atividade. Exemplo: farmácia 
requer funcionamento todos os dias. Então a periodicidade esperada para a 
farmácia é o seu funcionamento diário. Já para um bloco de carnaval, a 
periodicidade esperada é o seu funcionamento anual. O que não pode é a 
farmácia abrir um dia sim, dia não, dois sim, três não. O que não pode é o bloco 
funcionar um ano sim, outro não, dois sim, três não. 
OBS: Eu tenho um tio que tem uma farmácia e não aparece lá. Alguns 
termos jurídicos têm um sentido técnico que é corrompido no uso comum. Então 
é muito comum encontrar termos técnicos jurídicos sendo utilizado de maneira 
popular. É importante saber quem é empresário. 
Quando se fala em empresário, se fala em um gênero que comporta três 
espécies: (a) empresário individual; (b) sociedade empresária; (c) EIRELI. 
a) Empresário individual 
Empresário individual é a pessoa física que exerce atividade empresarial. 
É aquele indivíduo que utiliza a sua própria personalidade jurídica para exercer 
a atividade. Inclusive o patrimônio particular do empresário responde por 
eventuais dívidas decorrentes do negócio, pois o patrimônio é um só. Será 
responsabilidade ilimitada. A despeito de receber CNPJ, o empresário individual 
continua sendo pessoa física, pois a aquisição de personalidade jurídica não ocorre no 
registro na receita federal. 
b) Sociedade empresária 
A sociedade empresária é pessoa jurídica formada por sócios, mas o sócio 
não se confunde com a sociedade, pois a sociedade tem personalidade jurídica 
própria, independente da personalidade jurídica do seu sócio. Quem exerce a 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
atividade empresarial é a sociedade. Quem precisa atender as regras do art. 966 
do CC/02 é a sociedade. O sócio não precisa. Então o sócio não é empresário. 
Empresária é a sociedade. Por isso, no exemplo anterior, o tio não precisa ir à 
farmácia, pois ele é sócio de uma sociedade que explora a farmácia. 
c) EIRELI 
A EIRELI é a empresa individual de responsabilidade limitada. É também 
uma pessoa jurídica, que possui um único integrante, um único titular. Assunto 
de societário. Com a criação da sociedade unipessoal, a EIRELI praticamente 
ficou fadada ao insucesso, já que aquele não traz o requisito de capital social de 
100 salários-mínimos. O único titular de uma EIRELI também não é empresário. 
A pessoalidade é o exercício da atividade em nome do empresário. Não é 
que o empresário precisará fazer tudo. Ele poderá contratar auxiliares para 
exercer a atividade em nome dele. É imprescindível que a atividade seja exercida 
em nome dele. 
A pessoalidade é o fundamento da responsabilidade. Todo mundo fala 
que é o responsável pelo ato praticado pelo seu preposto. Mas a pergunta é: por 
quê? Porque o preposto estava agindo em nome do empresário. Historicamente, 
sempre que falamos sobre o profissionalismo,ele era representado pela 
habitualidade e pela pessoalidade. A partir da década de 90 é que surgiu o 
terceiro elemento, que é o monopólio de informações. 
A expressão monopólio de informações é uma expressão muito ruim. 
Pensa que o empresário precisa saber tudo e aquilo que ele precisa saber, ele tem 
de guardar só para ele. Mas o empresário não precisa saber tudo. O dono de um 
hospital, por exemplo, não precisa ser médico. O dono de uma construtora pode 
ser um advogado. O empresário não precisa saber as informações técnicas, ele 
pode contratar pessoal para isso. O que o empresário é obrigado a saber são as 
informações relacionadas com o consumo do produto ou serviço que ele 
oferece. Informação do tipo: eventual defeito de fabricação, condição de uso do 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
produto, riscos que oferece à saúde do consumidor etc. É obrigado a saber para 
poder passar aos seus consumidores. 
ii. Atividade econômica com intuito lucrativo 
Sempre que falamos em atividade econômica é importante que se tenha 
em mente que a ideia de atividade econômica perpassa a ideia de lucro. Uma 
fundação tem lucro, uma associação tem lucro. Elas não podem ter finalidade 
lucrativa, intuito lucrativo. Não podem perseguir o lucro. Têm outros objetivos: 
social, cultural etc. O lucro é o meio para alcançar outros fins. O lucro é o meio 
para alcançar outros fins, mas existem atividades civis que perseguem o lucro. 
Para o empresário o lucro é a finalidade. 
É muito comum que as pessoas façam uma confusão sobre o que ouve no 
dia a dia e o que tecnicamente deve ser aplicado. Muita gente utiliza a expressão 
“empresa” de forma equivocada. O que é empresa? A teoria da empresa foi 
consolidada na legislação italiana em 1942. Mas a teoria da empresa foi 
sistematizada pelo professor italiano Alberto Asquini. Para ele, a empresa seria 
um fenômeno poliédrico, formado por quatro perfis: (a) subjetivo, que é o 
empresário; (b) objetivo, que é o objeto da atividade econômica organizada, que 
é o estabelecimento empresarial; (c) funcional ou abstrato, que é o vínculo 
jurídico que liga o sujeito ao objeto, que é a empresa. A empresa é algo abstrato, 
algo funcional. Empresa não é coisa nem pessoa. Não é agente, nem paciente. 
Não é sujeito, nem objeto. Tecnicamente, empresa é o vínculo jurídico que liga 
o sujeito ao objeto. Para aplicar corretamente, basta substituir o termo 
“empresa” pelo termo “atividade”, pois são sinônimos; (d) corporativo, que 
seria a mão de obra, os prepostos do empresário. 
iii. Organização 
É a articulação dos quatro fatores de produção: (a) capital; (b) insumos, (c) 
mão de obra; e (d) tecnologia. 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
O capital pode ser próprio ou alheio. O empresário não precisa ter 
dinheiro. Tecnologia é o aprimoramento da técnica para atender a demanda. 
Insumo é a matéria prima utilizada do exercício da atividade. A mão de obra 
pode ser qualificada de várias maneiras. A que interessa aqui é a classificação em 
mão de obra direta (tem vínculo empregatício) e indireta (não tem vínculo 
empregatício). O requisito não é contratar empregados, é contratar mão de obra. 
Eventualmente, o indivíduo pode não ter nenhum empregado, mas prestadores 
terceirizados, o que atende ao requisito. 
Há um autor italiano chamado Vincenzo Buonocore. Ele defendia que 
contratar mão de obra não deveria ser elemento da organização. Defendia que 
contratar mão de obra não deveria ser requisito para ser considerado empresário, 
pois se o sujeito conseguir fazer tudo sozinho, ele deve ser considerado 
empresário também. A tese dele não prosperou. 
ATIVIDADES NÃO EMPRESARIAIS OU ATIVIDADES CIVIS 
1. Hipótese por excludência 
A primeira hipótese de atividade civil é justamente a hipótese excludente. 
Aquele que não atender a qualquer dos requisitos do art. 966 não poderá ser 
considerado empresário. 
2. Profissional intelectual 
A segunda hipótese de atividade civil é a hipótese do profissional 
intelectual. É tratado pelo parágrafo único do art. 966 do CCB. Diz que não se 
considera empresário quem exerce profissão intelectual de natureza científica, 
literária ou artística, ainda que com concurso de auxiliares ou colaboradores, 
salvo se o exercício da atividade constituir elemento de empresa. Portanto, os 
profissionais liberais em geral não serão considerados empresários. 
Na hipótese em que o exercício da atividade constituir elemento de 
empresa, não há que se falar no enquadramento daquela atividade em atividade 
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civil. Quando é que se torna elemento de empresa? Quando ele for parte de uma 
organização empresarial. Quem vai a um consultório médico, procura aquele 
profissional específico. Quem vai ao hospital, não. Quem vai ao hospital procura 
atendimento médico. No hospital, o médico é um dos elementos de empresa. O 
referencial deixa de ser o profissional e passa a ser a instituição. 
O parágrafo único se aplica à advocacia? O advogado pode ser um 
elemento de empresa? O Estatuto da Advocacia tem algumas restrições em 
relação à mercancia, como publicidade em excesso. Essas restrições impediriam 
o exercício da advocacia como uma atividade empresarial? Quando o direito 
ignora a realidade, a realidade se vinga, ignorando o direito. Pouco importa a 
OAB, Código de Ética etc. dizer que um escritório não pode ter organização 
empresarial. Se ele tiver organização empresarial, ele vai ter e ponto. O Código 
de Ética não proíbe uma estrutura empresarial. Há escritórios que exercem 
verdadeiramente uma atividade empresarial, ocupando, por exemplo, um prédio 
comercial inteiro. 
3. Atividade rural 
A terceira hipótese é daquele que exerce uma atividade rural. Aqui tudo 
muda de figura. As regras mencionadas antes não se aplicam para essa 
hipótese. A quem exerce uma atividade rural, o referencial não é o art. 966, mas 
sim o lugar do registro, pouco importando se ele atende ou não ao art. 966. Se ele 
exerce uma atividade rural, estaremos diante de uma atividade que pode ser 
empresária ou não, a depender do registro. Se ele efetuar o registro na junta 
comercial, estaremos diante de uma atividade empresarial. Se ele efetuar o 
registro no RCPJ (registro civil de pessoa jurídica), estaremos diante de uma 
atividade civil. 
4. Cooperativas 
A quarta e última hipótese é das cooperativas. Por expressa determinação 
legal, as cooperativas serão SEMPRE sociedades simples, SEM EXCEÇÃO. 
Nunca serão sociedades empresárias. Mas a lei, para facilitar o registro da 
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cooperativa, determina que a cooperativa faça seu registro na Junta Comercial. 
Isso inclusive é muito criticado pela doutrina, pois se ela é uma sociedade 
simples, deveria efetuar o registro no RCPJ e não na Junta. Mas o legislador 
determinou que ela fizesse o registro na junta, justamente para facilitar o registro. 
OBS: De outro lado, o parágrafo único do art. 982 estabelece que as 
sociedades por ações serão sempre sociedades empresárias. Sociedades por ações 
são aquelas divididas por ações (sociedade anônima e sociedade comandita por 
ações). 
NESTES CASOS, NÃO TEM EXCEÇÃO! 
AULA 23 DE FEVEREIRO 
VEDAÇÕES AO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL 
1. INCAPACIDADE 
Não existe uma incapacidade própria do direito empresarial. Quando se 
fala incapacidade, é do direito civil. A pergunta é: o civilmente incapaz pode 
exercer atividade empresarial? 
Antes de responder à pergunta, necessário alguns esclarecimentos. O 
emancipado é plenamente capaz, então ele pode ser empresário. E o incapaz? Há 
duas espécies de incapacidade, a relativa e a absoluta. O absolutamente incapaz 
precisa ser representado e o relativamente incapaz precisa ser assistido. Então 
pode o incapaz ser empresário? Essapergunta precisa ser dividida. A primeira 
parte da pergunta é: pode o incapaz ser empresário individual? E pode o incapaz 
ser sócio de uma sociedade empresária ou integrante de uma EIRELI? 
Para a primeira pergunta, a resposta é sim. O incapaz pode ser empresário 
individual, desde que continue uma atividade empresarial, iniciada por ele, 
quando capaz, ou que tenha sido objeto de herança. ENTÃO O INCAPAZ NÃO 
PODE COMEÇAR UMA ATIVIDADE EMPRESARIAL COMO UM 
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL. Ele só pode continuar. E por que ele não pode 
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começar? Porque exige a assunção de um risco muito maior do que continuar 
uma atividade empresarial. Outra razão é porque a continuação da atividade 
individual pode envolver a sua própria subsistência, porque é a continuação 
dessa atividade que paga as suas despesas. 
Mas para continuar, ele precisará de uma autorização judicial, constante 
de alvará. Esse alvará vai listar os bens particulares do incapaz ao tempo de sua 
sucessão. Isso porque os bens particulares estarão protegidos do eventual 
insucesso do negócio. Os credores do negócio não poderão alcançar os bens 
particulares do empresário individual incapaz. Só tem um detalhe: se o bem 
listado no alvará como particular for utilizado na atividade, perde a proteção. 
Por óbvio, o incapaz precisa estar representado ou assistido. E se por 
alguma razão o representante ou assistente do incapaz, não puder exercer a 
atividade empresarial? Nesse caso, o juiz vai nomear um gerente para cuidar do 
negócio pelo incapaz. Ele não vai destituir o assistente ou representante. Eles 
continuam o mesmo para todos os aspectos da vida do incapaz, exceto para a 
atividade empresarial. 
Exemplo: o único representante do incapaz é servidor público federal da 
ativa. Não pode ser empresário individual, nem sócio administrador de 
sociedade. Então se o incapaz não tem outro representante para cuidar de seus 
negócios, o juiz nomeará um gerente. 
E o incapaz pode ser sócio de uma sociedade empresária? Sim, desde o 
começo, inclusive. Mas para isso, três situações precisam ser observadas, quais 
sejam, as três situações descritas no § 3º do art. 974 do CCB: (a) o incapaz não 
poderá exercer a administração da sociedade. Se ele não pode administrar os seus 
próprios bens, como ele poderá administrar a sociedade? (b) o incapaz deverá 
estar representado ou assistido; (c) o capital social da sociedade deve estar 
totalmente integralizado. Isto é, todo mundo tendo pago o que prometeu à 
sociedade. 
 
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2. PROIBIÇÕES 
A incapacidade existe para proteger aquele indivíduo da coletividade, que 
não tem discernimento para as práticas da vida civil e empresarial. A proibição 
faz o oposto: protege a coletividade daquele indivíduo que já se mostrou nocivo 
ou potencialmente nocivo. 
Quem está proibido de exercer a atividade empresarial? 
2.1. Falido 
O primeiro proibido é o falido, até a sua reabilitação. Quando ele for 
reabilitado, ele poderá exercer a atividade empresarial livremente. 
2.2. Condenado por crime incompatível com o exercício da empresa 
O segundo é o condenado por crime incompatível com o exercício da 
empresa. Se a pena prevê a vedação do exercício da atividade empresarial, o 
crime é incompatível. Então é a pena que diz se é incompatível ou não. 
2.3. Leiloeiro 
O terceiro proibido é o leiloeiro, pois este é o agente auxiliar do 
empresário, que tem acesso a informações privilegiadas em razão da função que 
exerce. 
2.4. Estrangeiro 
O quarto proibido é o estrangeiro. Mas essa proibição não é ampla. O 
estrangeiro pode exercer atividade empresarial do Brasil, exceto aquelas 
relacionadas com a segurança nacional, com a soberania etc. Exemplo de 
atividade limitada ao estrangeiro: empresas jornalísticas. O estrangeiro não pode 
ter participação superior a 30% de empresas jornalísticas e de radiodifusão. Não 
pode exercer cargo de administração e coordenar programação. 
2.5. Funcionário público 
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O quinto proibido é o funcionário público. 
2.6. Devedores de tributos 
A sexta proibição é dos devedores de tributos. Eles podem continuar 
aquela atividade que gerou os tributos, mas ela não pode começar nova atividade 
empresarial. 
OBS: Se os proibidos exercerem a atividade empresarial de maneira 
irregular, não poderão se eximir das obrigações contraídas (art. 973, CCB). 
PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO 
Preposto é toda mão de obra utilizada pelo empresário. Mão de obra 
contempla tanto aqueles que têm vínculo empregatício, como aqueles não têm. 
O ato praticado pelo preposto vincula o empresário? Não é qualquer ato, mas 
aqueles atos relacionados com o objeto da atividade e praticados no lugar da 
atividade. Exemplo: um indivíduo foi numa loja de móveis. Chegando lá, 
procurando uma cadeira, o vendedor ofereceu uma cadeira específica. O detalhe 
é que o consumidor não sabia que aquela cadeira estava quebrada e que o 
empresário tinha proibido o vendedor de negociar aquela cadeira. Mas o 
vendedor decidiu vender a cadeira mesmo assim, sem informar ao comprador. 
O comprador leva a cadeira, cai da cadeira e se acidenta. Assim, o comprador 
propõe uma ação indenizatória para causar a reparação dos danos pela cadeira 
quebrada. O comprador da cadeira pode propor a ação indenizatória contra o 
empresário? Sim, pois o ato foi praticado no lugar da atividade e estava 
relacionado ao objeto da atividade. 
O preposto pode concorrer com o empresário? Não. O preposto que 
concorre com o empresário comete crime de concorrência desleal. 
O CCB destacou dois prepostos como os mais importantes para o 
empresário: o gerente e o contador. 
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GERENTE: O gerente é o preposto do empresário que tem funções de 
chefia. Só que não se exige do gerente nenhuma formação específica, de modo 
que qualquer pessoa capaz pode ser gerente do empresário. Gerente é preposto 
facultativo. 
CONTADOR: Já o contador cuida da escrituração do empresário. Cuida 
dos livros, dos balanços, das declarações etc. O contador precisa ter formação 
específica em contabilidade. E é preposto obrigatório: todo empresário precisa 
ter um contador. Ele pode ser empregado ou não. Mas todo empresário precisa 
ter um contador, salvo nas localidades onde não existir contador. Nesse caso, o 
empresário pode fazer a sua própria contabilidade ou contratar qualquer pessoa, 
ainda que não habilitada. 
AULA DIA 02 DE MARÇO 
OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO 
As três obrigações mais importantes do empresário são: (a) obrigação de 
registrar-se na junta comercial. A obrigação de informar ao Estado que ele vai 
iniciar uma atividade econômica organizada; (b) manter uma escrituração 
regular, ou seja, lançar nos livros as operações realizadas; (c) a obrigação de 
levantar balanços periódicos. Livro é onde o empresário vai contar a sua história, 
é onde vai lançar as operações que ele realizar. Então o livro vai funcionar como 
memória do que ele fez. E o balanço é o resumo do que ficou nos livros. 
Essencialmente são três as funções do livro: (a) função empresarial; (b) 
função documental, para que o empresário mostre a terceiros a sua atividade; (c) 
fiscal, para que o Estado possa fiscalizar o pagamento de tributos. Os balanços 
são resumos daquilo que foi colocado nos livros. 
1. OBRIGAÇÃO DE REGISTRAR-SE NA JUNTA COMERCIAL 
É INFORMAR ao Estado e NÃO PEDIR AUTORIZAÇÃO ao Estado, 
pois a base do nosso sistema é a base da livre iniciativa. A CF/88 coloca a livre 
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iniciativa não é como direito ou garantia fundamental, mas mais do que isso: 
como um dos fundamentos da República. 
1.1. Histórico 
O primeiro relato concreto noBrasil é em 1808, o ano da chegada da 
Família Real ao Brasil. Nessa chegada, várias medidas foram adotadas para 
promover certa infraestrutura para o país. No dia 23 de agosto de 1808 foi 
expedido um Alvará Real que criava no Brasil o Tribunal da Real Junta do 
Comércio Agricultura Fábrica e Navegação. Essa fábrica ficava no litoral. A 
Espanha tinha muito mais dificuldade de chegar ao seu lado do que Portugal. 
Isso fez com que o litoral brasileiro fosse ocupado bem mais rápido e o seu 
interior também, além dos limites da fronteira do Tratado de Versalhes. Nessa 
perspectiva de avançar para o interior, em 1850 teve o Código Comercial 
Brasileiro e este reduziu o nome do Tribunal para apenas Tribunal de Comércio. 
E criou, também, os Tribunais de Relação. Os Tribunais de Comércio ficariam no 
litoral e os Tribunais de Relação iriam avançar pelo interior. 
Esses tribunais tinham um grande problema: acumulação de funções 
incompatíveis. Eles tanto efetuavam o registro da atividade empresarial, como 
também acabavam julgando as eventuais lides que envolvessem esses registros. 
Então havia ali uma quebra da imparcialidade. Por isso, em 1875, foram criadas 
as Juntas Comerciais e as Inspetorias Regionais. As Juntas ficavam nas capitais, 
juntamente com os Tribunais de Comércio, e as Inspetorias Regionais ficavam no 
interior. Os Tribunais continuariam com a função de julgar e as Juntas e 
Inspetorias de efetuar o registro da atividade comercial. 
Havia agora, então, uma separação técnica: a atividade judicante estava 
separada da atividade executiva de efetuar o registro. Só que com a Proclamação 
da República, as juntas comerciais e inspetorias regionais passaram a ser de 
competência dos estados. Aí tinha um problema: cada estado fazia o registro de 
uma maneira. Em 1946, especificamente com a CF/46, nasce o sistema que 
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conhecemos hoje: a União assume a função de regulamentar o registro e os 
estados assumem a função de concretizar o registro regulamentado pela União. 
Esse sistema atual é conhecido como SINREM. Sistema Nacional de 
Registro de Empresas Mercantis. Esse sistema é dividido em duas esferas: no 
âmbito federal, nós temos o DREI e no âmbito estadual nós temos as juntas 
comerciais. DREI é o Departamento Nacional de Registro Empresarial e 
Integração. Quem diz as regras do registro no Brasil hoje é o DREI, mas quem 
executa é a Junta Comercial. 
O DREI está vinculado ao Ministério da Economia. Enquanto as juntas têm 
dupla subordinação. As Juntas têm subordinação técnica ao DREI (pois é ele 
quem diz como o registro deve ser feito) e têm subordinação administrativa ao 
governo estadual (é ele quem paga as contas da Junta). Então todas as Juntas têm 
dupla subordinação, exceto a do Distrito Federal. O DF tem as receitas relativas 
aos estados e aos municípios, mas não têm as despesas totais nem de um estado, 
nem de um município. Muitas despesas do DF são assumidas pela União, como 
a Junta Comercial. A Junta do DF está subordinada técnica e administrativamente 
ao DREI. Ou seja, quem paga as contas da Junta do DF é o DREI. 
1.2. Atos de registro 
Registro é o gênero que comporta três espécies: (a) matrícula; (b) 
arquivamento; (c) autenticação. 
1.2.1. Matrícula 
A matrícula é o ato de registro dos auxiliares do empresário. Tradutores 
públicos, intérpretes comerciais e leiloeiros devem ser matriculados na Junta 
Comercial. Antigamente, o ato de registro do empresário era a matrícula. Hoje 
a matrícula não é mais ato de registro de empresário, este é o arquivamento. A 
matrícula é o ato de registro dos auxiliares do empresário. 
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Há, ainda, o administrador de armazém geral e o trapicheiro. Este é quem 
gerencia os trapiches, aqueles, quem administra o armazém geral. 
1.2.2. Arquivamento 
Qual o prazo para o arquivamento? 30 dias, a contar da prática do ato. Do 
momento em que o ato foi concretizado. 
Exemplo: Paula, Léo e Borba decidem formar uma sociedade e assinam 
hoje o contrato social. Então hoje o ato foi praticado. Eles terão o prazo de 30 dias, 
a contar da assinatura do contrato social, para requerer o arquivamento deste 
contrato na Junta Comercial. Se o arquivamento for requerido dentro do prazo, 
este arquivamento produzirá efeitos ex tunc, ou seja, efeitos para trás e efeitos 
para frente. O arquivamento requerido dentro do prazo, retroagirá, 
convalidando todos os atos anteriormente praticados. Que atos? Paula, Léo e 
Borba assinaram o contrato nesse dia, mas no dia seguinte assinaram o contrato 
de locação com o proprietário do imóvel em que vão exercer a atividade e no 
outro dia um contrato com o fornecedor, no outro alguns contratos de trabalho 
etc. Todos esses atos foram praticados enquanto a sociedade era considerada 
sociedade irregular. Porém estes atos serão convalidados com o arquivamento 
requerido dentro do prazo, se ele for deferido. 
Mas se eventualmente o requerimento de arquivamento for posterior ao 
prazo, este produzirá apenas efeitos ex nunc, isto é, dali em diante. Assim, se 
existirem atos exercidos antes do arquivamento, sendo este requerido posterior 
do prazo, estes atos serão submetidos às consequências dos atos irregulares. 
1.2.3. Autenticação 
Tem dupla função: a de veracidade e a de regularidade. 
Quando pega a cópia de um documento e um original e leva ao cartório. 
O cartório vai dizer que a cópia confere com a original. Quando faz isso, está 
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atribuído fé pública àquele documento. Essa é a função da veracidade e a Junta 
Comercial também exerce. 
A autenticação é requisito de regularidade de inúmeros documentos 
empresariais. Então alguns documentos empresariais somente serão 
considerados regulares se autenticados, a fim de evitar fraudes. Um Livro 
Empresarial, por exemplo, ele é numerado e autenticado. Se alguém tentar 
colocar uma página falsa no lugar, pela autenticação dá para verificar. 
1.3. Exame das formalidades 
Ela vai examinar apenas os aspectos formais, não materiais. Por exemplo, 
se Vitória decidiu plantar morango no Nordeste, o funcionário da Junta diz que 
não vai registrar, porque no Nordeste não dá morango. O funcionário da Junta 
não pode fazer isso, pois é um aspecto material. O único aspecto material que a 
Junta pode examinar é a ilicitude do objeto. 
Ao examinar os aspectos formais, a junta pode se deparar com duas 
categorias de vícios: o vício insanável e o vício sanável. O vício insanável é aquele 
que atinge a validade do ato praticado. Por exemplo: um contrato social assinado 
por um absolutamente incapaz sem representante. Nesse caso, deve-se indeferir 
o pedido. Mas se ele se deparar com um vício sanável, isto é, aquele que pode ser 
corrigido, que atinge a eficácia do ato praticado. Exemplo: esqueceu de juntar 
uma certidão. A Junta vai receber o pedido, vai ver que está faltando a certidão, 
vai devolver o processo ao interessado para que ele possa juntar a certidão. Esse 
processo de devolver para correção é chamado de “conversão em exigência”. 
Então o vício sanável gera conversão em exigência. O processo será convertido 
em exigência para que o interessado corrija o vício e devolva à Junta Comercial. 
1.4. Processo decisório na junta comercial 
Como a Junta vai decidir o meu pedido de arquivamento? Os atos na Junta 
Comercial são divididos em duas categorias: atos de maior complexidade e atos 
de menor complexidade. 
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1.4.1. Atos de maior complexidade 
Os atos de maior complexidade serão decididos por um órgão colegiado. 
Enquanto os atos de menor complexidade serão decididos de maneira singular. 
E quem é o colegiado que decide? Há dois colegiados: o Plenário de Vogais e as 
Turmas de Vogais. Quemdecide singularmente é o Presidente da Junta 
Comercial. 
O Plenário vai julgar os recursos das decisões das Turmas e das decisões 
do Presidente. As Turmas vão julgar atos de maior complexidade e o Presidente 
de menor complexidade. Os atos de maior complexidade são os arquivamentos 
relacionados com as operações societárias, portanto julgados pelas Turmas. Os 
arquivamentos relacionados com os grupos de sociedades e consórcios de 
empresas também são arquivamentos mais complexos e os arquivamentos 
relacionados com a constituição da S.A. 
1.4.2. Atos de menor complexidade 
Os atos de menor complexidade são os demais arquivamentos. Exemplo: 
a matrícula, a autenticação etc. 
O prazo para julgar os atos de maior complexidade é de 5 dias úteis e de 
menor complexidade de 2 dias úteis. 
Então, em suma: pego o contrato, faço o pedido de arquivamento na Junta 
e ela vai julgar. Ao julgar, ela pode deferir, indeferir ou converter em exigência. 
Mas em 2019, a Lei de Liberdade Econômica trouxe uma mudança: permitiu 
que os atos de menor complexidade que atendessem a dois requisitos, 
ingressassem na esfera de deferimento automático. Ou seja, são atos que não 
serão examinados a priori pela Junta Comercial. Quando é que um ato de menor 
complexidade vai entrar nessa esfera de deferimento automático? Atendendo a 
dois requisitos: (a) aprovação da consulta prévia da viabilidade do nome 
empresarial e da viabilidade da localização (quando o ato exigir este último). Ele 
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precisa saber que o nome está vago; (b) precisa utilizar o instrumento padrão 
adotado pelo DREI. O DREI criou um modelo de contrato social. 
Se a Junta encontrar um vício insanável posteriormente, ela vai anular o 
registro. 
Então apenas os atos de menor complexidade se submetem a hipótese de 
deferimento automático. E se, e somente se, tiver aprovação da viabilidade do 
nome e usar o instrumento padrão do DREI. 
1.5. Processo revisional na junta comercial 
O processo decisório leva a Junta a três soluções: deferir, indeferir ou 
converter em exigência. Se ela deferir ou converter em exigência e deferir depois, 
tudo certo. Mas se ela indeferir o pedido, você pode se conformar ou pode, 
inconformado, seguir dois caminhos diferentes: (a) buscar judicialmente o 
deferimento do pedido; ou (b) buscar administrativamente o deferimento do 
pedido. Pode escolher uma, outra ou as duas simultaneamente. 
Qual o caminho administrativo de julgamento do indeferimento do 
pedido de registro? O processo revisional, que é composto de três atos: 
i. Pedido de reconsideração. É direcionado ao próprio órgão julgador 
que indeferiu o pedido. Ele pode deferir ou manter o 
indeferimento; 
ii. Se ele mantiver o indeferimento, pode interpor um recurso ao 
Plenário de Vogais. O Plenário pode mudar a decisão para 
deferimento ou pode manter o indeferimento. Se mantiver o 
indeferimento pode; 
iii. Propor um recurso ao DREI. 
OBS: Prazo. Todos os atos desse processo revisional têm o mesmo prazo, 
qual seja, 10 dias úteis. 
1.6. Inatividade 
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Como um empresário fica inativo? Ele está registrado na junta, como ele 
fica inativo? Quando ele não cumpre uma obrigação específica: ele tem de efetuar 
um arquivamento na Junta Comercial a cada 10 anos. Se ele passar 10 anos e não 
tiver mudança nenhuma no contrato social, , ele pega o contrato e arquiva o 
contrato de novo como está. Ele fará uma consolidação do contrato. 
A inatividade tem como consequência a irregularidade. 
1.7. Irregularidade 
Ele estará irregular se ele não fizer o registro, assim como o empresário 
que passa 10 anos sem fazer arquivamento e se torna irregular, também é 
irregular. Então a irregularidade pode ocorrer por inatividade ou por ausência 
de registro. 
As consequências da irregularidade são: 
i. Responsabilização ilimitada dos sócios; 
ii. O empresário irregular não tem direito ao benefício da recuperação 
judicial ou extrajudicial; 
iii. O empresário irregular não pode requerer a falência de outro 
empresário. Ele pode ser réu de uma falência, mas não pode pedir 
a falência de ninguém; 
iv. O empresário irregular não terá inscrição nos cadastros fiscais. Se 
ele não tem inscrição, ele não paga tributo. Se ele não paga tributo, 
ele será autuado e terá que pagar com multa, correção etc.; 
v. Também não vai ter matrícula no INSS e, assim, não poderá 
contratar com o poder público. 
AULA 09 DE MARÇO 
(AS OBRIGAÇÕES DE LIVROS E BALANÇOS SERÃO FALADAS EM 
AULA POSTERIOR) 
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OBJETO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL: ESTABELECIMENTO 
EMPRESARIAL 
1. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 
1.1. Conceito 
Muita gente enxerga como o local onde a atividade empresarial é 
desenvolvida, mas isso não é verdade. O lugar de desenvolvimento recebe o 
nome de “ponto empresarial”. O estabelecimento empresarial é o conjunto de 
bens materiais e imateriais do empresário, destinados ao exercício da atividade 
econômica organizada. 
OBS: No patrimônio empresarial não se inclui o patrimônio do sócio, é 
apenas o patrimônio da sociedade. No caso de empresário individual, refere-se 
apenas à parte do patrimônio do empresarial individual que é destinada ao 
exercício da atividade. A parte do patrimônio profissional. 
Então o estabelecimento não se confunde com o patrimônio empresarial? 
Não. Imagine-se que temos o patrimônio empresarial da Faculdade Baiana de 
Direito. Temos a marca, os créditos e um terreno em Pituaçu. Esse é o patrimônio 
empresarial da faculdade baiana de direito. A marca, créditos etc. faz parte do 
estabelecimento empresarial. Como vou saber se determinado bem integra ou 
não o estabelecimento empresarial? É a destinação. Se o terreno for utilizado na 
atividade, passa a integrar o estabelecimento empresarial. Se deixar de ser 
utilizado na atividade, ele deixa de integrar o estabelecimento empresarial. 
Como se chega no valor do estabelecimento empresarial? Aviamento é o 
valor agregado ao estabelecimento empresarial em razão de sua organização. 
Portanto, é o valor dos bens que compõem o estabelecimento empresarial mais o 
aviamento. 
Exemplo: tenho dois carros. Mesma marca, mesmo modelo, mesmo ano, 
mesmos acessórios. Dois carros idênticos. A diferença é que um está montado e 
o outro está desmontado. Qual dos dois vale mais? Óbvio que o carro que está 
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montado. A diferença está na organização das peças e, por isso, é que os valores 
são diferentes. 
1.2. Trespasse 
É possível alienar o estabelecimento empresarial? Sim. Ele tem um valor 
econômico, é um objeto patrimonial disponível, pode ser vendido. A alienação 
do estabelecimento empresarial é chamada de trespasse. 
Para vender o estabelecimento, eu estou vendendo o bem mais importante 
do patrimônio do empresário. Sendo assim, é também a principal garantia dos 
credores do empresário. É necessário a observação de alguns requisitos: 
1.2.1. Requisitos do trespasse 
 
a) O contrato precisa ser escrito, para que ele possa ser arquivado na Junta 
Comercial; 
b) Publicação na imprensa oficial; 
c) Anuência ou concordância de todos os credores. Não é anuência ou 
concordância da maioria, mas sim de todos. A anuência pode ser 
expressa ou tácita, esta última o credor não se manifestando no prazo 
de 30 dias, de modo que o silêncio importa anuência. 
OBS: Como resolve a questão se todos os credores não anuírem? Se o 
patrimônio restante for solvente, não é preciso a concordância ou anuência de 
nenhum credor. É o patrimônio suficiente para saldar todas as dívidas. 
Exemplo: imagine que a Baiana tem algo em torno de R$ 15.000.000 em 
dívidas. Ela pode vender o estabelecimento empresarial sem a anuência ou 
concordância dos credores?É necessário analisar o patrimônio restante da 
Baiana. Este patrimônio é solvente? Ou seja, suficiente para saldar as dívidas do 
empresário? Se não for, a Baiana precisa da autorização dos credores para a 
alienação. Se for, a Baiana não precisará dessa autorização, de modo que o 
empresário poderá alienar o seu estabelecimento empresarial, ainda que um dos 
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credores não anuírem, pois o patrimônio restante é solvente. Isso não significa 
que ele precisa saldar, até porque as dívidas se transferem ao comprador, mas ele 
também é responsável. Ao vender um bem coletivo, ele está transferindo ao 
comprador tudo o que está relacionado ao bem coletivo (bens, direitos e deveres). 
Então as dívidas devidamente contabilizadas, vinculadas ao estabelecimento 
empresarial, serão transferidas ao comprador adquirente, mas permanecerá o 
alienante vendedor solidariamente responsável por elas pelo período de 1 ano, 
a contar do trespasse para as dívidas vencidas e 1 ano a contar do vencimento 
para as dívidas vincendas. 
OBS: Ou o patrimônio restante é suficiente para saldar a dívida de todo 
mundo, ou ele não pode ser objeto de alienação. Isto é, o patrimônio restante, 
ainda que seja possível saldar dívida com um credor que não anuiu, não valerá 
de nada. 
Há duas exceções: (a) dívidas trabalhistas; (b) dívidas tributárias. 
As dívidas trabalhistas serão regidas pela CLT (art. 448-A). E as dívidas 
tributárias serão regidas pelo CTN (art. 133). 
O 448-A da CLT é um artigo que veio com a Reforma Trabalhista. Ele diz 
que as dívidas trabalhistas se transferem ao comprador e que o vendedor não 
responde por elas. O credor trabalhista só poderá cobrar do comprador, e não do 
vendedor, salvo se eles agiram em conluio; se conseguiu provar fraude entre eles. 
Ou seja, o tratamento do credor trabalhista é inferior ao credor quirografário, que 
não tem nenhum privilégio. 
Mas como vivemos num sistema jurídico único, qual é o princípio que 
sustenta o Direito do Trabalho moderno? O princípio da proteção ao 
hipossuficiente. E esse princípio tem três repercussões e uma delas é a aplicação 
da norma mais favorável ao empregado. A norma mais favorável ao empregado 
não é a CLT, mas sim o Código Civil. 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
O CTN tem um tratamento diferente, a depender do comportamento do 
vendedor. O vendedor está vendendo o estabelecimento empresarial ao 
comprador. O vendedor pode continuar o exercício de alguma outra atividade 
econômica ou pode não continuar nada. Se ele não continuar nada, ele deixa de 
existir para o fisco, enquanto agente econômico. Se ele continua alguma outra 
atividade, o fisco vê que ele continua existindo. Neste caso, a regra é que a dívida 
tributária não extingue para o alienante e o adquirente é responsável subsidiário. 
Mas se ele não continua, a responsabilidade vai ser totalmente do adquirente. 
Em relação às dívidas tributárias, aplica-se o art. 133 do CTN. Se o 
alienante continuar a exercer alguma outra atividade econômica ou parar e voltar 
antes de 6 meses, é ele o responsável pelas dívidas tributárias, mas terá o 
adquirente responsabilidade subsidiária. Se o alienante encerrar definitivamente 
o exercício de qualquer atividade ou parar e voltar depois de 6 meses, será o 
adquirente integralmente responsável pelas dívidas tributárias. 
1.3. Ponto empresarial 
É o lugar onde a atividade empresarial é desenvolvida. Nesse caso, o 
empresário tem vantagem de não ter a sede. Primeira vantagem é tributária. Se o 
negócio dele segue os parâmetros do lucro real, ele consegue abater o pagamento 
do aluguel no imposto de renda. Além disso, se ele não é proprietário do imóvel, 
ele tem todo o dinheiro disponível para novos empreendimentos. Porque se ele 
quer ser proprietário, ele vai precisar gastar muito para comprar e reformar. Se 
ele não é proprietário, ele pode gastar esse dinheiro investindo. Então ao invés 
de ter só um ponto e sendo proprietário desse ponto, ele pode lucrar com três 
pontos alugados. Então tem muitas vantagens não ser mais proprietário dos 
imóveis e, por isso, atualmente os empresários normalmente estabelecem um 
contrato de locação. 
Esse contrato de locação é regido pela lei do inquilinato (Lei n. 8.245/91). 
Ela prevê dois tipos de locação: (a) a locação residencial; (b) locação não 
residencial. Locação residencial é aquela em que o imóvel é utilizado para fins de 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
moradia; locação não residencial é aquela em que o imóvel é utilizado para o 
exercício de uma atividade econômica. Dentre as atividades econômicas 
possíveis, temos a atividade empresarial. Locação empresarial é aquela em que o 
locatário é empresário e o imóvel é utilizado para o exercício de uma atividade 
econômica. 
AULA 16 DE MARÇO 
LOCAÇÃO EMPRESARIAL 
A locação é regida pela Lei 8.245/1991 (Lei do Inquilinato). Ela prevê dois 
tipos de locação: (a) locação residencial; (b) locação não residencial. 
A locação residencial é aquela em que o imóvel é utilizado para fins de 
moradia. A locação não residencial, por sua vez, é aquela que o imóvel é utilizado 
para o exercício de uma atividade econômica. 
Dentre as várias hipóteses de atividade econômica, a que nos interessa é a 
empresarial. A locação empresarial é aquela que tem como locatário o empresário 
e o imóvel é utilizado no exercício da atividade econômica organizada. Se a 
locação é para o exercício de atividade econômica e o locatário não é empresário, 
não será locação empresarial. Então é importante que o locatário seja empresário 
e o imóvel seja utilizado no exercício da atividade econômica organizada. 
A locação empresarial recebe um tratamento diferenciado. Um tratamento 
mais benéfico do que a locação residencial. O direito à moradia é assegurado pela 
Constituição, mas não é assegurado o direito àquela moradia. É assegurado a 
uma moradia e não àquela. Quando um empresário aluga um imóvel é diferente 
da locação residencial. O investimento em um imóvel para morar é pequeno, se 
comparado a um imóvel empresarial. 
A vinculação é feita pelo direito de inerência ao ponto. É a proteção 
conferida à locação empresarial que também se estende às outras hipóteses de 
locação não residencial. E que proteção é essa? É o direito que tem o locatário de 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
renovar o contrato de locação, mesmo que o locador não queira. É a renovação 
compulsória do contrato de locação. 
É preciso que alguns requisitos sejam atendidos para configurar a 
renovação compulsória: 
i. Contrato de locação tem de ser escrito e ter prazo determinado. Se 
o contrato não for escrito ou se o prazo for indeterminado, não que 
se falar em direito de inerência ao ponto; 
ii. Ter o locatário pelo menos 5 anos ininterruptos de contrato ou 
contratos, inclusive com diferentes titulares, desde que entre eles se 
tenha mantido vínculo jurídico inter vivos ou mortis causa; 
OBS: Exemplo: locatário A firma contrato de 6 anos com o proprietário. Só 
que ele só fica no imóvel por 3 anos e morre. O locatário B, com autorização do 
proprietário, fica os outros 3 anos. Ele pode aproveitar o tempo de contrato do 
locatário A para ter o direito de inerência. Isso porque ele manteve o vínculo 
jurídico. Exemplo 2: imagine o locatário C fez um contrato de 5 anos, mas depois 
de 2 anos no imóvel, ele vendeu o estabelecimento empresarial para o locatário 
D. Este ficou os 3 anos finais. O locatário D decide propor ação renovatória, ele 
tem 5 anos de contrato? Não, ele tem 3 anos. Mas ele pode usar os 2 anos do seu 
antecessor para o seu direito de inerência? Pode, pois entre eles há o vínculo 
jurídico inter vivos. 
OBS: A lei fala em 5 anos ininterruptos (art. 51, lei do inquilinato), mas a 
jurisprudênciaestá entendendo que nas situações em que o proprietário do 
imóvel tenta escapar do direito de inerência de maneira antijurídica, que é o caso 
das situações em que há uma interrupção entre dois contratos idênticos, entre as 
mesmas partes, em que ambos os contratos têm vigência inferior a 5 anos, é 
apenas uma interrupção de vínculo formal, de modo que não desnatura o direito 
de inerência ao ponto do locatário. Não há um padrão definido no tempo de 
interrupção para configurar uma violação ao direito de inerência. 
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iii. Ter o locatário pelo menos três anos ininterruptos de efetivo 
exercício da mesma atividade, quando da propositura da ação 
renovatória. 
O prazo para a propositura da ação renovatória é decadencial, de modo 
que não se suspende, não se interrompe, nem se prorroga. O prazo se inicia em 1 
ano do término do contrato e finda em 6 meses do término do contrato. Após a 
proposição da ação renovatória no prazo tempestivo, por quanto tempo será a 
renovação? Por igual período. Os tribunais têm entendido que esse “igual prazo” 
é a renovação por 5 anos, já que o contrato pode ter muitos anos de vigência. 
Então ficará renovando de 5 em 5 anos. 
OBS: Há cinco defesas que o proprietário pode utilizar para reaver o seu 
imóvel, chamadas de exceção de retomada, e estão previstos nos artigos 52 e 72 
da Lei de Locações. Essas hipóteses não se aplicam para interromper o contrato 
de locação, mas sim para a não renovação do contrato. 
a) A primeira defesa, indiscutivelmente, é o uso próprio. Mas ele vai ter 
de usar. Ele não poderá usar para a mesma atividade do locatário. Isso 
porque seria até uma hipótese de concorrência desleal. Fica impedido 
por 5 anos de montar naquele imóvel a mesma atividade, salvo se ela 
não alugou o imóvel vazio. Ou seja, se ela já alugou o imóvel preparado 
para aquela atividade. Mas pode montar o que quiser, menos a 
atividade empresarial do locatário. 
Em outras palavras, se o proprietário já tinha a atividade em 
funcionamento e alugou o estabelecimento empresarial funcionando, ele poderá 
continuar o empreendimento ao tomar o imóvel de volta, já que quem vinculou 
a clientela àquele endereço foi o proprietário e não o locatário. Então ele deve 
ficar impedido por 5 anos, salvo se ele alugou o estabelecimento empresarial em 
funcionamento. 
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b) A segunda defesa de exceção de retomada é a reforma substancial do 
prédio locado, seja por imposição do poder público ou para ampliação 
do imóvel. 
c) A terceira defesa é a proposta de renovação insuficiente em relação ao 
valor de mercado. 
d) A quarta defesa é a proposta melhor de terceiro. Então o proprietário 
tem o direito de locar para quem pague melhor, ainda que o locatário 
originário pague o valor de mercado. Mas neste caso, o proprietário e 
o terceiro proponente deverão indenizar o locatário pela perda do 
ponto. Então eles responderão solidariamente pela indenização ao 
locatário pela perda do ponto. Essa proposta não pode ser de boca, 
deve ser feita por escrito e assinada por duas testemunhas. 
e) A quinta hipótese de exceção de retomada é a transferência de 
estabelecimento existente há mais de um ano do cônjuge, ascendente 
ou descendente do proprietário para o seu imóvel. Exemplo: levar para 
uma farmácia a lanchonete que o pai tem há mais de um ano. 
AULA 23 DE MARÇO 
PROVA: 9h30. 
ENVIO DA PROVA PARA 98103-8030; 
No dia da prova vou precisar de uma folha de caderno e caneta. Câmeras 
ligadas e microfones ligados. Vai projetar na tela o caso prático. Vou ter 8 minutos 
para ler o caso. Posso fazer anotações sobre o caso. Depois de 8 minutos, vai subir 
a primeira questão sobre o caso. Aí tem 3 minutos para responder com resposta 
curta (uma até três linhas). 40 segundos para mandar a prova. Tira foto da folha 
com o celular e mandar para o wpp e para o e-mail. 
EMAIL: trabalhosdeempresarial@gmail.com 
AULA 06 DE ABRIL 
mailto:trabalhosdeempresarial@gmail.com
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LIVROS EMPRESARIAIS, BALANÇOS E NOME EMPRESARIAL 
1. LIVROS EMPRESARIAIS 
São questões do cotidiano do empresário. Isso porque são obrigações de 
todos os empresários. A primeira obrigação é o registro dos atos perante a junta 
comercial. Além disso, existem mais duas obrigações: os livros empresariais e os 
balanços. 
Nos livros empresariais estarão registradas todas as operações que o 
empresário efetuar. Então todas as operações realizadas pelo empresário devem 
estar escrituradas nos livros empresariais e, por isso, essa atividade rotineira, pois 
ela registra todos os atos do dia a dia da empresa. 
1.1. FUNÇÕES 
Então ela possui, a partir dessa inserção de todas as atividades realizadas 
pela empresa, três funções: (a) gerencial; (b) documental; (c) fiscal. 
Na gerencial, ela possui como objetivo auxiliar o empresário nas decisões 
tomadas sobre o seu negócio. A partir da análise dos livros empresariais, é que o 
empresário poderá utilizar dessas informações par aa tomada das suas decisões. 
No próprio empreendedorismo, as decisões perpassam sobre as informações 
colhidas pelo empresário. 
Na documental, é importante ter os livros porque neles, por estarem 
escrituradas todas a documentações do dia a dia da empresa, a partir dele é que 
o empresário poderá utilizar-se como meio de prova para eventual litígio. 
Na fiscal, tem o princípio como fundamento a possibilidade para os órgãos 
de fiscalização do estado, utilizar-se dos livros empresariais como fonte para 
exercício dessa fiscalização. Aqui principalmente a fiscalização tributária, mas 
também pode haver uma fiscalização trabalhista, ou de obrigações 
previdenciárias. 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
1.2. PRINCÍPIOS 
A doutrina traz três primeiros princípios: 
Uniformidade: os lançamentos realizados nos livros têm de ser feitos 
uniformemente, ou seja, deve ser utilizada a mesma regra contábil durante todo 
o livro. Então o empresa´rio deve realizar as escriturações no livo de acordo com 
a mesma regra contábil durante todo o livro; 
Fidelidade: os lançamentos realizados devem ser fieis à documentação 
que deu origem ao lançamento. Exemplo: lançamento de passivo de cheque da 
sociedade, esse lançamento necessariamente deve ser fiel ao documento que o 
comprova, no caso, o cheque. 
Sigilo: em regra, os livros empresariais são sigilosos, já que eles têm toda 
a informação do negócio. São informações sensíveis ao negócio. Em regra, porque 
existem suas exceções. 
1.3. PROCEDIMENTO 
Os livros empresariais são lançamentos contábeis, então existe a natureza 
da contabilidade nos lançamentos realizados nos livros empresariais. Em razão 
disso, os lançamentos só podem ser feitos por um contador. A lei prevê que, caso 
não haja contador no município, aí sim poderá ser feito por outro profissional ou 
pelo próprio administrador. 
Além disso, tamanha importância dos livros empresariais que o Código 
Penal trata os livros como documento público para fins penais, de modo que se 
houver fraude no livro, se caracterizará como fraude a documento público. 
E se o empresário não tiver livros empresariais? 
1.4. CONSEQUÊNCIAS 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
Crime falimentar: caso seja requerida a falência da empresa e veja que os 
livros empresariais não existem ou os lançamentos não foram feitos de forma 
escorreita, poderá consumar o crime falimentar. 
Não utilização como prova: Além disso, ele não poderá ser utilizado como 
prova (função documental) 
1.5. ESPÉCIES 
Se dividem entre os livros obrigatórios e os livros facultativos. Dentro dos 
obrigatórios, a doutrina divide entre obrigatórios comuns e os livros obrigatórios 
especiais, que são obrigatórios a determinadosempresários. 
Obrigatórios Comuns: existe apenas um, que é o livro diário. Consiste 
naquele que traz todos os lançamentos diários de todas as operações patrimoniais 
ou contábeis da empresa. Através dele é que existe a inserção do fluxo financeiro-
patrimonial da empresa. Esse lançamento deve ser feito de forma detalhada. 
Deve conter a data da operação, o título da conta lançada, a natureza (crédito ou 
débito), o valor exato e o fundamento da operação. 
OBS: Apesar de ser obrigatório a todos os empresários, existe um tipo de 
empresário que não está obrigado a ter um livro diário, que são as microempresas 
e as empresas de pequeno porte. Eles precisam ter livro-caixa ou optar pelo 
Simples. Essa medida é para desburocratizar e reduzir os custos desse tipo de 
empresário. 
Obrigatórios Especiais: são obrigatórios para alguns tipos de sociedade 
ou para àquela com determinadas atividades sociais. Exemplo: Livro de 
Duplicatas (se a empresa emitir duplicatas, que é um tipo de título de crédito, a 
lei das duplicatas prevê que a empresa deve ter esse livro justamente para 
escriturar e ter a prova, o registro das duplicatas emitidas pela empresa), Livros 
das Sociedades Anônimas, Amarzém-Geral. 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
Facultativos: são os demais livros que o empresário entender pertinentes 
para auxiliar na condução do negócio. Exemplo: livro caixa, livro conta-corrente, 
livro estoque etc. 
1.6. REQUISITOS 
São divididos em intrínsecos e extrínsecos. 
Intrínsecos: são requisitos dos próprios lançamentos nos livros. São 
trazidos pelo art. 1.183 do CC/02, que se trata da forma como os lançamentos 
devem ser realizados no livro. Precisam ser em língua portuguesa, a moeda 
nacional e forma contábil, a cronologia, que demanda seguir dia, mês e ano, e os 
livros não podem ter rasuras, para evitar fraudes. 
Extrínsecos: relaciona-se à segurança dos livros a terceiros. Tem um 
caráter externo. São três: (a) Termo de abertura; (b) Termo de encerramento; e (c) 
autenticação. O livro deve ter um termo de abertura e um termo de encerramento, 
ambos assinados por contador e pelo empresário ou administrador. E quanto à 
autenticação, todas as páginas devem ser autenticadas pela Junta Comercial. 
Todos devem ser autenticados, exceto os livros facultativos. 
1.7. FORMA 
Pode ser realizado em fichas ou microfichas, que são lançamentos avulsos 
apensados na forma cronológica; ou livros digitais. 
1.8. PERDA DE LIVROS 
Se o livro for perdido, a lei determina que o empresário deverá publicar 
que houve esse extravio. Então é um custo ao empresário para que ele realize essa 
publicação. Além da publicação, no prazo de 48h, o empresário deverá ir à Junta 
Comercial comunicar com detalhes o ocorrido. Por fim, a cópia desse relato 
deverá ser enviada à Receita Federal. 
1.9. FORÇA PROBATÓRIA DOS LIVROS 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
A função documental é uma das finalidades de se existirem os livros 
empresariais. Nessa seara, os livros empresariais podem ser utilizados como 
prova em dois cenários: a favor ou contra o empresário. Essas normas estão 
presentes do CPC, então são normas processuais que determinam qual vai ser a 
força probatória desses livros. Se for a favor, o empresário poderá utilizar em um 
litígio entre empresários e se o livro estiver regular. Se o livo não estiver regular, 
não poderá ser utilizado a favor do empresário, pois isso seria um beneficiamento 
sobre a própria torpeza. Se for contra o empresário, mesmo que o livro esteja 
irregular, tenha inserções feitas de forma irregular, ainda terá força probatória, 
mas o empresário vai poder utilizar-se de outros meios de prova para contradizer 
o livro. 
1.10. EXIBIÇÃO DOS LIVROS 
A exibição do livro é uma exceção ao sigilo, porque mesmo sigilosos, os 
livros podem ser utilizados como prova por determinação judicial ou 
administrativa. 
Se for judicial, pode ser exibição parcial ou total dos livros. A parcial pode 
ser determinada de ofício ou a pedido da parte. Na parcial, destina-se à prova de 
algo específico nos livros (art. 421 do CPC). No judicial total, só poderá ocorrer a 
requerimento da parte, quando a lei permitir, em especial na liquidação ou 
sucessão por morte do empresário (art. 420 do CPC). 
Por fim, na exibição por via administrativa, é requisitada para aferição do 
cumprimento das obrigações tributárias. 
2. BALANÇOS PERIÓDICOS 
Também é uma obrigação de todos os empresários. 
Os balanços são um resumo dos lançamentos dos livros. Então pega todos 
os lançamentos e colocar de forma bem clara e resumida o resultado num 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
balanço. Existem dois tipos principais de balanço: o patrimonial e o de resultado 
econômico. 
OBS: O micro e o pequeno empresário também estão dispensados deles. 
Balanço patrimonial: O balanço patrimonial é a exposição do ativo e o 
passivo da empresa em determinado momento. É calculado da seguinte forma: 
Ativo + Passivo = Patrimônio Líquido. 
Balanço de resultados Econômico: reflete o desempenho da empresa em 
determinado período, normalmente anual, conforme o exercício social, trazendo 
os lucros e prejuízos. Então o balanço do resultado econômico diz respeito a um 
período. Exemplo: balanço de 2020, vou saber quais foram os lucros e prejuízos 
de janeiro de 2020 a dezembro de 2020 e, a partir daí, vai haver a apuração de 
todos os resultados para saber se houve lucro ou prejuízo no período analisado. 
3. NOME EMPRESARIAL 
É como um nome civil. Toda PJ deve ter um nome empresarial e ele possui 
como fim a identificação da PJ. Ele possui a natureza jurídica, assim como o nome 
civil, de direito da personalidade. 
3.1. DISTINÇÕES 
Nome empresarial: identificação do empresário. É o nome que vai constar 
do CNPJ. 
Marca: Identificação do produto ou serviço da empresa. Não se confunde 
a marca do nome. 
Nome fantasia: Identificação do estabelecimento. Não se confunde com o 
nome empresarial. É um apelido do nome. 
Domínio: Identifica o endereço eletrônicos dos sites. 
3.2. ESPÉCIES 
Direito Empresarial – Leonardo David – Prof. João Glicério – 2021.1 
O nome empresarial se divide em duas principais espécis: firma e 
denominação. 
A) FIRMA 
Firma: Firma é o nome individual privativo de empresários individuais 
ou sociedades de pessoas. A depender de se for individual ou sociedade, vai 
determinar se é uma firma individual ou firma social, respectivamente. Sendo 
uma firma individual, deverá ter, na firma, o nome do empresário individual. 
Então se eu vou ter uma empresa individual, a empresa vai ter que ter, 
necessariamente, o meu nome ou alguns dos meus nomes. Na firma social, é 
preciso ter o nome de um ou mais sócios. 
Abreviação: É permitida a abreviação dos nomes. Exemplo: L.L. DAVID. 
Além do nome do empresário, pode colocar alguma atividade exercida como 
complemento, mas isso é uma faculdade. Exemplo: J. Glicério Alimentos. 
Função de Assinatura: a firma tem uma função de assinatura, de modo 
que o empresário, quando for assinar, ele vai assinar de acordo com a sua firma. 
Então João não vai assinar como J. Glicério Alimentos representado por João 
Glicério. Vai ser J. Glicério Alimentos e a assinatura de João, sem precisar ter o 
seu nome. 
Obrigação: devem ter firma o empresário individual, a sociedade em 
nome coletivo e a sociedade em comandita simples. 
Faculdade: podem ter firma a sociedade limitada, a sociedade em 
comandita por ações e a EIRELI. 
Exemplo: (a) João Glicério Oliveira Filho MEI; (b) Glicério e Rebouças 
Serviços de Informática; (c) J. Glicério e Cia Informática. 
B) DENOMINAÇÃO 
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É o nome empresarial para a sociedade de capital. A denominação se 
forma por uma expressão linguística qualquer e, além disso,

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