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Contratos Atípicos e (I)nominados Prof. Me. Cristiane Dalla Valle Aula 01: Conceitos, Contextualização e Contratos Eletrônicos Parte I - Conceitos e Contextualização 1. Contratos atípicos e (i)nominados 1.1. Terminologias MAS AFINAL, CONTRATOS ATÍPICOS E INOMINADOS SÃO A MESMA COISA? Doutrina diverge! Parte os trata como expressões sinônimas (p. ex. Arnaldo Rizzardo e Sílvio Rodrigues) e parte os trata como classificações distintas (p. ex. Álvaro Villaça Azevedo e Flávio Tartuce). Art. 425, CC “É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código” O CC/02 adotou a terminologia CONTRATOS ATÍPICOS! 1.2. Conceito + POSSIBILIDADES CONTRATAÇÃO - AGILIDADE NA REGULAMENTAÇÃO EXERCÍCIO DA LIBERDADE CONTRATUAL CONTRATOS ATÍPICOS: contratos que não possuem regulamentação legal. ** Típicos: Possuem regulamentação legal CONTRATOS INOMINADOS: contratos cuja figura sequer consta na legislação. ** Nominados: Há menção aos mesmos na legislação. Exemplos: Contratos de garagem: são nomeados no art. 1º, Lei 8.245/91, mas não possuem regulamentação legal mínima, logo, são atípicos. Contratos de constituição de servidão: não possuem sequer nomenclatura. 1.4. Classificações SINGULARES: contratos que não possuem regulamentação legal própria, tampouco tem qualquer padrão contratual pré-estabelecido. Ex. Nova forma de garantia MISTOS: contratos que não possuem regulamentação legal própria, mas possuem combinação de elementos de diferentes contratos, formando nova espécie contratual. Ex. Nova forma de garantia com contratação eletrônica (internet) 1.5. Tratamento legal Como visto, os contratos atípicos e inominados são um reflexo direto da liberdade contratual. Mas não se trata de liberdade absoluta! MAS NÃO POSSUEM REGULAMENTAÇÃO, QUAIS REGRAS SERÃO APLICÁVEIS? 1º) Normas contratuais devem ser LÍCITAS Arts. 186 e 187, CC Não podem exceder os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes; Não podem ocasionar situação de abuso de direito. 2º) Normas contratuais devem estar de acordo com os PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO a) Função social dos contratos Art. 421, CC A função social dos contratos limita a liberdade contratual, impondo as partes que não prevejam situações de abuso de direito que ocasionem danos ao outro. ** IMPORTANTE: Lei da Liberdade Econômica modificou o art. 421, CC e o entendimento sobre a função social dos contratos (Lei 13.874/19). b) Boa-fé objetiva Art. 422, CC A liberdade contratual deve observar os modelos de conduta e comportamento esperados do homem médio, sendo limitador ao exercício dos direitos subjetivos. c) Vedação da onerosidade excessiva Art. 478, CC O contrato poderá ser revisado ou até resolvido quando, sendo de execução continuada ou diferida, a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis. Parte II – Contratos Eletrônicos 2. Contratos eletrônicos 2.1. Conceito Contrato eletrônico é aquele em que o ajuste das partes contratantes efetiva-se através do uso da INFORMÁTICA, sem a presença física de uma das partes ou de ambas as partes. ** Informática: Uso de ciência da computação (tratamento automático da informação) e/ou seu maquinário eletrônico (computador ou assemelhado) para formação do contrato. IMPORTANTE: Os contratos eletrônicos NÃO SÃO MODALIDADE de contrato, são MEIO DE EXTERIORIZAÇÃO de qualquer tipo de contrato! O CONSENSO segue sendo o principal elemento de formação do contrato! (Princípio da Liberdade Contratual) REGRA GERAL: Art. 107, CC - Forma é LIVRE! EXCEÇÃO: Art. 108, CC Logo, permite-se que a formação do consenso se dê por interação eletrônica... SÃO CONSIDERADOS ATÍPICOS, MAS NOMINADOS! REGRAS APLICÁVEIS... CDC/90: Regramento Geral Código Civil/02: Regramento Geral Decreto 7962/13: Lei do Comércio Eletrônico Lei 12.965/14: Marco Civil da Internet POR QUE A TERMINOLOGIA “CONTRATOS ELETRÔNICOS”? Muito se debateu sobre a terminologia adequada, chegando-se a cogitar CONTRATOS INFORMÁTICOS, CONTRATOS VIRTUAIS E CONTRATOS ARTIFICIAIS-CIBERNÉTICOS. - Tutelam quaisquer bens jurídicos (não somente os relacionados a informática) - Possuem existência reconhecida pelo Direito ( não são “irreais”) 2.2. Requisitos Art. 104, CC I - agente capaz ** Não estar listado nos arts 3º e 4º, CC II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável ** Não pode ser proibido por lei, deve ter existência tangível e identificável por suas características III - forma prescrita ou não defesa em lei ** Se a lei exigir forma, esta deverá ser observada 2.3. Espécies a) Intersistêmicos: consenso é PRÉ PROGRAMADO pelo sistema, logo, a interação é entre dois sistemas, programados pelas partes para contratar. Ex: compras recorrentes entre empresas, mensais, semanais, etc. b) Interpessoais: consenso forma-se pela INTERAÇÃO ENTRE AS PARTES, que ocorre por meio eletrônico Ex: atendimentos online, pelo WhattsApp, etc. c) Interativos: consenso se forma de um lado pelo SISTEMA E DE OUTRO PELA PARTE, que seguirá “instruções para contratação”. Ex: contratação de um plano de internet pelo site. 2.4. Formação 1º) PROPOSTA/OFERTA 2º) ACEITAÇÃO 2.4.1. Proposta/Oferta a) Proposta - Arts. 427 a 430, CC: é uma declaração de vontade unilateral, SÉRIA E CONCRETA, que vincula o proponente. ** VINCULAR = seu descumprimento gera perdas e danos! b) Oferta - Art. 30, CDC: é ato de veicular produto ou serviço no mercado de forma suficientemente precisa e por qualquer meio de exteriorização, a qual vincula o fornecedor. ** VINCULAR = seu descumprimento gera obrigação de cumprimento da oferta e/ou perdas e danos, a escolha do consumidor! A PROPOSTA/OFERTA PODERÃO SER... - “ONLINE”: interação em tempo real - “OFFLINE”: interação não ocorrem em tempo real 2.4.2. Aceitação É a reação à proposta/oferta! NÃO Contrato não se forma... SIM a) Expresso/Tácito b) Integral/Não Integral c) Online/Offline a) Aceitação Expressa: existe o ato de formalização do aceita (“clicar”, “aceitar termos”, etc.) Aceitação Tácita: decorre do comportamento (uso o bem jurídico, produto ou serviço, faço o “download”, etc). b) Não integral: retorna-se a fase da proposta/oferta (“contra proposta”) Integral: FORMA-SE O CONTRATO! (arts. 430-431 CC) c) Online: aceitação deve ser de forma INSTANTÂNEA/IMEDIATA. Offline: aceitação ocorre na sua EXPEDIÇÃO (art. 434, CC). 2.5. Assinatura Eletrônica A assinatura dos contratos eletrônicos pode ser DIGITALIZADA ou DIGITAL. a) Digitalizada: reproduz a assinatura manuscrita, cuja figura é “colada” no documento, necessitando de outros elementos para posterior comprovação/verificação (Ex. Adobe). b) Digital: usa criptografia para garantir a identidade das partes e possui mecanismos de verificação próprios, como biometria, login e senha e ou certificação digital. Art. 441, CPC “Serão admitidos documentos eletrônicos produzidos e conservados com a observância da legislação específica.” MP 2200-2/01 Instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, para garantir a autenticidade, integridade e validade de documentos eletrônicos. Art. 10, §1º, MP 2200-2/01 Concede presunção de veracidade aos documentos eletrônicos que forem assinados por certificação digital reconhecida pela ICP-Brasil. CERTIFICADO DIGITAL É a “identidade virtual” da pessoa, seja ela física ou jurídica, emitida por autoridade certificadora monitorada pelo ICP-Brasil e também pelo ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação). É uma forma de assinatura digital, considerada a mais segura, mas não a única! Mais comuns: CPF, CNPJ e OAB...
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