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PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

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PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO:
NEM SEMPRE O DISCURSO CONDIZ COM A PRÁTICA
PEREIRA, Noêmia Carvalho1
noemiacarvalhobest@hotmail.com 
HARTOG, Sandra Mara2 
 
RESUMO
O projeto político pedagógico é um instrumento de grande importância para a sistematização do funcionamento escolar. É obrigatório, mas não deve ser elaborado apenas por esse motivo, e sim encarado como um aliado para que a escola alcance seu principal objetivo que é a formação do cidadão. O presente estudo objetiva refletir acerca da importância atribuída à elaboração e execução do projeto político pedagógico na organização escolar. Como objetivos específicos, tem-se: discutir o papel da escola na sociedade; investigar concepções de PPP, explanando seus aspectos legais; analisar a relevância do projeto político pedagógico para a organização escolar; discorrer acerca da importância da participação dos sujeitos escolares na elaboração do PPP. Para alcançar os objetivos definidos, optou-se por realizar pesquisa bibliográfica acerca do tema. A partir das discussões levantadas, foi possível concluir que muitas vezes o PPP é elaborado por conta da obrigação burocrática, no entanto, essa prática não deve permanecer, visto que, cada vez mais se busca reconhecimento da importância do PPP tanto em sua elaboração quanto execução. 
Palavras-chave: Projeto Político Pedagógico. Educação. Organização escolar. 
Introdução
	Atualmente, muito se tem discutido a respeito do projeto político pedagógico no âmbito escolar. Sabe-se que o PPP é objeto de estudo para educadores e pesquisadores preocupados com a qualidade da educação. Sendo a escola um espaço multicultural, de integração e interação, espera-se que tenha autonomia e que cumpra seu papel para com a sociedade que é de preparar os indivíduos.
______________
1Pós-graduanda no curso Gestão do Trabalho pedagógico pela FACINTER. Graduada em Pedagogia pela UESC. Professora dos anos iniciais do ensino fundamental I da rede municipal de ensino, Ilhéus-BA.
2Professora orientadora, graduada em Pedagogia pela UNIPAR. Especialista em alfabetização na educação infantil e nos anos iniciais. Professora da rede municipal de Curitiba- PR. 
	Nesse contexto, o projeto político pedagógico torna-se um instrumento fundamental para a sistematização do funcionamento da escola. Acredita-se que o projeto político pedagógico é de grande relevância para a organização escolar, no entanto, nem sempre a escola consegue reconhecer essa importância. O PPP deve apontar as metas que devem ser atingidas e os métodos que serão utilizados pela escola para alcançar tais metas. Logo, deve ser elaborado levando em consideração a realidade da escola, para que seja realmente utilizado. 
	O presente estudo tem a intenção de refletir acerca da importância atribuída à execução do projeto político pedagógico para a organização escolar. Como objetivos específicos, tem-se discutir o papel da escola na sociedade; investigar concepções de projeto político pedagógico explanando seus aspectos legais; analisar a relevância do projeto político pedagógico para a organização escolar; discorrer acerca da importância da participação dos sujeitos escolares na elaboração do PPP. 
	A opção pelo tema deu-se através de reflexões no decorrer do curso de especialização em Gestão do Trabalho Pedagógico, quando, as reflexões acerca da temática se intensificaram, a partir, sobretudo, das disciplinas cursadas. 
	A realização deste estudo torna-se relevante visto que o projeto político pedagógico é de fundamental importância para que a escola cumpra o seu papel social. Sendo então, imprescindível discutir a participação do pedagogo e dos demais sujeitos da organização escolar na elaboração e execução deste documento. 
	Para alcançar os objetivos propostos, optou-se por revisão de literatura, visto que se trata de uma pesquisa bibliográfica fundamentada a partir de livros e artigos de autores que se propuseram a discutir tal temática.
A ESCOLA E SUA FUNÇÃO SOCIAL
	A escola é tem uma função social que consiste, sobretudo, na formação dos indivíduos, buscando a construção de conhecimentos e valores que possam torná-los críticos e participativos. Busca-se, atualmente, reorganizar a comunidade escolar nas suas relações, envolvendo todos os segmentos da escola, através da gestão participativa.
	A escola é um espaço de aprendizagem que tem a função de formar as novas gerações no que se refere à cultura, formação ética e constituição do sujeito social. E, no contexto que atual, de uma sociedade globalizada é inevitável que o conhecimento termine por se tornar uma estratégia fundamental para o desenvolvimento do ser humano. 
	Sabe-se que historicamente, à medida que a ideia da escola comunitária foi ganhando força, grande demanda de pessoas passou a frequentar as escolas, diversos problemas emergiram e nem a escola, nem os professores estavam preparados para essa nova realidade. Assim, a partir daí começaram a emergir os primeiros problemas de qualidade, que persistem até a atualidade. Principalmente por conta desses problemas já atrelados à educação, a sistematização das ações da escola deve ser uma realidade e não utopia. 
CONCEPÇÕES ACERCA DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
	Conforme Grochoska (2011, p. 57), o Projeto Político Pedagógico é o documento dinâmico da escola: trata das diretrizes da instituição de ensino, tanto objetiva quanto subjetivamente; não só explicita o contexto educacional, como também evidencia a intensidade das relações que lá se dão, consolidando, assim o planejamento da organização escolar, de forma coletiva e dinâmica. Sendo, por meio desse documento que toda a escola passa a desenvolver a autonomia , uma vez que a própria instituição se autodefine, se compreende e se avalia, reforçando sua identidade e compreendendo suas especificidades. 
	De acordo com Lopes (2011, p. 01) toda e qualquer escola tem objetivos que deseja alcançar, metas a cumprir e sonhos a realizar. O PPP deve nascer justamente desse conjunto de pretensões e deve abordar também os meios que serão utilizados para concretizar todas as aspirações. 
Se você prestar atenção, as próprias palavras que compõem o nome do documento dizem muito sobre ele: 
- É projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar durante determinado período de tempo. 
- É político por considerar a escola como um espaço de formação de cidadãos conscientes, responsáveis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na sociedade, modificando os rumos que ela vai seguir. 
- É pedagógico porque define e organiza as atividades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem. (LOPES, 2011, p.01). 
	Citando Ferreira, Veiga (2002, p. 01) diz que, o termo projeto vem do latim projectu, particípio passado do verbo projicere, e significa lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Neste contexto, é preciso concordar com a autora, quando diz que: 
Nessa perspectiva, o projeto político-pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola. (VEIGA, 2002, p. 01).
	De acordo com Soares (2011, p. 113), o PPP é um documento vivo, a partir do qual os profissionais atuantes na escola conseguem analisar , refletir e avaliar tosos os processos pedagógicos da organização escolar, com o objetivo de oferecer educação de qualidade à população. 
	Para Longui; Bento (2006, p. 173) o PPP é um documento que ajuda a organizar as atividades, funcionando como mediador de decisões, da condução das ações e da análise dos seus resultados e impactos. Tem-se também este documento como um registro que permite à escola rever a sua intencionalidade e sua história. O PPP serve então para nortear todo o trabalho da escola, visto que tem a função de encaminhar ações para o futuro com base nasua realidade atual e sua história. 
	Conforme os autores, através do PPP pode-se planejar e prever ações a curto, médio e longo prazos, o que pode interferir diretamente na prática pedagógica diária. 
	Sabe-se que nem sempre isso ocorre, porque, infelizmente, nem todas as escolas em sua realidade se utilizam do PPP como deveriam.
As ações refletidas no projeto procuram incluir desde os conteúdos, avaliação e funções até as relações que se estabelecem dentro da escola e entre a escola e a comunidade. A ideologia em relação ao tipo de sujeitos que a escola pretende formar dá o tom político ao projeto. Por meio dessa explicitação ideológica e de objetivos articulados com as ações, é possível distinguir entre uma prática que se preocupa com a formação de cidadãos críticos, participativos, responsáveis e sujeitos de sua própria história e outra de repasse e repetição de conteúdo sem estar atenta ao desenvolvimento humano. (Longui; Bento, 2006, p. 173).
	O PPP é um instrumento que tem o poder de organizar os anseios da comunidade escolar e, consequentemente, permitir a ocorrência de mudanças definitivas ou não, de ações de ordem prática para auxiliar nas metas que se pretende alcançar. Elaborar e executar o projeto político pedagógico é organizar as ações que se pretende alcançar.
É o plano global da instituição. Pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar. É um instrumento teórico-metodológico para a intervenção e mudança da realidade. É um elemento de organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de transformação. (VASCONCELOS apud Longui; Bento, 2006, p. 173).
	Gurgel (2009, p. 01) defende que a elaboração de um plano pode ajudar a equipe escolar e a comunidade a enxergar como transformar sua realidade cotidiana em algo melhor. No entanto, a autora aponta também a outra possibilidade, que é mais comum entre as escolas, consiste justamente na elaboração do PPP por cumprimento de obrigação e a ação de manter tal documento engavetado sem que signifique nada.
	De acordo com Veiga (2002) o projeto político pedagógico é bem mais que um simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas, não é algo que deve ser construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. E sim, deve ser elaborado e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola. Aliás, esta é a sua principal função e utilidade.
	Para Lopes (2011), ao juntar as três dimensões (projeto – político – pedagógico), o PPP ganha a força de um guia, servindo, então de indicador de direção, apontando para onde seguir. Serve para nortear gestores, professores mas também os demais membros da comunidade escolar. 
	Exatamente por isso, a autora supracitada afirma que o PPP tem de ser “completo o suficiente para não deixar dúvidas sobre essa rota e flexível o bastante para se adaptar às necessidades de aprendizagem dos alunos”, afirma. 
	A elaboração do PPP implica em etapas importantes, porque, sua estrutura requer alguns itens que são essenciais. 
	Lopes (2011) aponta ainda a necessidade que o projeto político pedagógico tem de contemplar os seguintes tópicos: 
- Missão 
- Clientela 
- Dados sobre a aprendizagem 
- Relação com as famílias 
- Recursos 
- Diretrizes pedagógicas 
- Plano de ação
 (LOPES, 2011, p. 01).
	Dessa forma, contemplando esses tópicos, pode-se dizer que o projeto pedagógico se torna pleno, visto que preenche dessa forma, as diretrizes ncessárias para a sistematização da organização escolar.
PPP - CONTEXTO HISTÓRICO 	E ASPECTOS LEGAIS
	Segundo Gurgel (2009, p. 01), por volta de 1980 quando o mundo mergulhou numa crise de organização institucional, o modelo de Estado intervencionista - que determinava o funcionamento de todos os órgãos públicos, inclusive a escola, passou a ser questionado. Justamente nesse período o Brasil se encontrava em processo de democratização depois da ditadura militar. 
[...] Onde a centralização e a planificação do governo militar passaram a ser criticadas e, na elaboração da Constituição de 1988, o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública (que congregava entidades sindicais, acadêmicas e da sociedade civil) foi um dos grandes batalhadores pela "gestão democrática do ensino público", um conceito que pretendia oferecer uma alternativa ao planejamento centralizador estatal. (GURGEL, 2009, p. 01).
	
	A autora chama a atenção para outro aspecto importante que é o fato de a escola passar a receber também as pessoas que antes estavam às margens. 
[...] Nessa mesma época a escola brasileira passou a incluir em seus bancos populações antes excluídas do sistema público de ensino. Ela ficou, assim, mais diversa e teve de adequar suas práticas à nova realidade. A instituição de um projeto pedagógico surgiu como um importante instrumento para fazer isso. (GURGEL, 2009, p.01).
	De acordo com Picoli (2010), no Brasil, a Constituição de 1988 ocasionou grandes mudanças políticas, especialmente no que se refere rumo à democratização. Assim, a autora aponta que na educação ocorreram avanços muito significativos, dentre eles a garantia da gestão democrática no ensino público. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 reafirmou este princípio em seu Art. 3º, inciso VIII, no qual contemplou a gestão democrática. Em seu Art. 14, dispõe sobre os seguintes princípios norteadores da gestão democrática nas escolas públicas: 
I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto político-pedagógico da escola; 
II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (PICOLI, 2010, p. 09).
	Refletindo sobre as permissões que cabiam aos professores no período da ditadura, Gurgel (2009) ressalta que os professores tinham que ensinar e aos alunos que aprender. E ao longo do processo de escolarização era decidido quase exclusivamente pelo governo militar. 
A educação era toda organizada com base em determinações do poder central. Assim, os conteúdos eram tratados de maneira hegemônica e as instâncias locais (ou seja, as próprias escolas) ficavam numa posição de "passividade" diante dessas imposições. Com a instituição do projeto pedagógico, na Constituição de 1988, a realidade local passou a funcionar como "chave de entrada" para a abordagem de temas e conteúdos propostos no currículo - justamente por serem relevantes na atualidade. O plano, por outro lado, deve prever que a escola conecte seus alunos com as discussões globais, re-encontrando sua importância cultural na comunidade. (GURGEL, 2009, p. 01).
	
	Conforme Gurgel (2009, p. 01) a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em 1996, o projeto político pedagógico tornou-se obrigatório para todas as escolas. “Esse documento deve explicitar as características que gestores, professores, funcionários, pais e alunos pretendem construir na unidade e qual formação querem para quem ali estuda. Tudo preto no branco”. 
Infelizmente, muitos gestores veem o PPP como uma mera formalidade a ser cumprida por exigência legal - no caso, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996. Essa é uma das razões pelas quais ainda há quem prepare o documento às pressas, sem fazer as pesquisas essenciais para retratar as reais necessidades da escola, ou simplesmente copie um modelo pronto (leia os erros mais comuns). (GURGEL, 2009, p. 01).
	Segundo Grochoska (2011, p. 56), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.393 de 1996 aponta como deve ser a construção dos projetos pedagógicos. Assim, tem-se: “Os estabelecimentos de ensino terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica”. 
	Conforme a autora, fica claro, então, que as instituições de ensino tem a incumbência de elaborar e executar os projetos, tendo como base encaminhamentosdos sistemas de ensino. Grochoska (2011) considera, o PPP como sendo a principal ferramenta de gestão da escola e de sua organização institucional.
A PARTICIPAÇÃO COLETIVA NA ELABORAÇÃO DO PPP
	O PPP, ao se constituir em processo democrático de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola, diminuindo os efeitos fragmentários da divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão.
Desse modo, o projeto político-pedagógico tem a ver com a organização do trabalho pedagógico em dois níveis: como organização da escola como um todo e como organização da sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social imediato, procurando preservar a visão de totalidade. Nesta caminhada será importante ressaltar que o projeto político-pedagógico busca a organização do trabalho pedagógico da escola na sua globalidade. A principal possibilidade de construção do projeto político-pedagógico passa pela relativa autonomia da escola, de sua capacidade de delinear sua própria identidade. Isto significa resgatar a escola como espaço público, lugar de debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva. Portanto, é preciso entender que o projeto político-pedagógico da escola dará indicações necessárias à organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho do professor na dinâmica interna da sala de aula, ressaltado anteriormente. (VEIGA, 2002, p. 02).
	Cientes de que as comunidades são diferentes, e as escolas também são diferentes, o Projeto Político Pedagógico deve estar em sintonia com as necessidades reais da comunidade escolar. Logo, é fundamental a participação dos sujeitos escolares na elaboração do PPP.
	Grochoska (2011) ressalta a necessidade de participação e envolvimentos de todos os sujeitos escolares. Segundo ela, quanto mais envolvidos e quanto amior for a participação da comunidade escolar, de pais, alunos, professores, diretores, pedagogos, e demais funcionários, na construção do projeto da escola, maior a eficácia ele terá, pois todos passam a ser corresponsáveis por aquilo que definem e propõem, bem como agentes ativos de sua implementação. Citando VEIGA, a autora diz que: 
A legitimidade de um projeto político-pedagógico está devidamente ligada ao grau e ao tipo de participação de todos os envolvidos com o processo educativo da escola, o que requer continuidade das ações. (VEIGA apud GROCHOSKA, 2011, p. 57). 
	Lopes (2011) ressalta que é preciso pensar nos rumos que serão tomados, e, sobretudo, compartilhar essa responsabilidade com a comunidade, mesmo sendo um grande desafio, é necessário pois o esforço compensa, afinal, “com um PPP bem estruturado, a escola ganha uma identidade clara, e a equipe, segurança para tomar decisões”. 
	A autora reafirma sua posição a partir das palavras do educador responsável pelo centro de pesquisa Libertad, Celso dos Santos Vasconcelos: 
Mesmo que no começo do processo de discussão poucos participem com opiniões e sugestões, o gestor não deve desanimar. Os primeiros participantes podem agir como multiplicadores e, assim, conquistar mais colaboradores para as próximas revisões do PPP. (VASCONCLOS, apud LOPES, 2011, p. 01).
	De acordo com Bartnik (2011, p. 145), a efetivação da gestão escolar, na perspectiva democrática, requer planejamento da organização do trabalho pedagógico amplo da escola e da ação docente. Essa intencionalidade é sistematizada por meio da construção do projeto político pedagógico. A construção coletiva se configura em um desafio neste momento histórico, em que a democracia, a educação e as diferentes instituições da sociedade vem sendo questionadas. 
A organização do trabalho pedagógico escolar refere-se às práticas educativas que se efetivam na escola, envolvendo não apenas a relação entre professor, aluno e conhecimento na sala de aula, mas as várias mediações e inter-relações educativas. As mediações realizadas por diferentes atores interagem no cotidiano escolar, organizando os meios necessários para que a escola atinja os fins desejados (o processo ensino-aprendizagem). (BARTNIK, 2011, p. 145) [grifos do autor].
	É preciso concordar com Bartnik (2011, p. 146) diz que o plano geral da escola enquanto instituição “é o instrumento teórico-metodológico para a transformação da realidade. É um elemento de organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de transformação”.
	Segundo Bartnik (2011, p. 146), se o PPP for construído coletivamente, certamente expressará o comprometimento da escola com a qualidade do ensino, visto que servirá para fundamentar e nortear a gestão da escola, a ação docente e a formação dos alunos. Assim, ao se organizarem por meio do PPP, os professores buscam:
um rumo, uma direção, um sentido explícito para um compromisso estabelecido coletivamente. O projeto pedagógico, ao se constituir em um processo participativo de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições, buscando eliminar as relações competitivas, coorporativas e autoritárias, rompendo com a rotina de mando pessoal e racionalizado da burocracia e permitindo as relações horizontais no interior da escola. (VEIGA, apud BARTNIK, 2011, p. 146-147). 
	É preciso concordar com Lopes (2011) quando diz que, o próprio processo de construção do documento gera mudanças no modo de agir. Quando todos enxergam de forma clara qual é o foco de trabalho da instituição e participam de seu processo de determinação, viram verdadeiros parceiros da gestão. O processo de elaboração e implantação do projeto pedagógico é complexo e dúvidas sempre aparecem no caminho. 
	Lopes (2011) enumera alguns descuidos no processo de elaboração do projeto político-pedagógico que podem prejudicar a sua eficácia e devem ser evitados, segundo ela, estes são os erros mais comuns que costumam ser cometidos:
	- Comprar modelos prontos ou encomendar o PPP a consultores externos. "Se a própria comunidade escolar não participa da preparação do documento, não cria a ideia de pertencimento", diz Paulo Padilha, do Instituto Paulo Freire. 
- Com o passar dos anos, revisitar o arquivo somente para enviá-lo à Secretaria de Educação sem analisar com profundidade as mudanças pelas quais a escola passou e as novas necessidades dos alunos. 
- Deixar o PPP guardado em gavetas e em arquivos de computador. Ele deve ser acessível a todos. 
- Ignorar os conflitos de ideias que surgem durante os debates. Eles devem ser considerados, e as decisões, votadas democraticamente. 
- Confundir o PPP com relatórios de projetos institucionais - portfólios devem constar no documento, mas são apenas uma parte dele.
Fonte: Adaptados de LOPES (2011).
	É preciso que a elaboração se dê através da participação coletiva, reunindo todos os segmentos da comunidade escolar. E mais, que a escola faça uso do PPP em sua rotina. Entra em foco, aí, a avaliação do PPP, conforme ilustra Grochoska (2011).
O importante é que nessa caminhada estejam envolvidos todos os segmentos da comunidade escolar, por meio de reuniões, grupos de estudos, fóruns de debate, para que todos possam contribuir nesta construção. O projeto da escola não termina depois de sua elaboração. Por ser dinâmico, é preciso constantemente reavaliado, para corrigir suas falhas e buscar continuamente sua adequação à realidade da escola. (GROCHOSKA, 2011, p. 64). [grifo do autor].
	Não basta apenas elaborar o projeto político pedagógico para tê-lo conforme manda o regimento. 
A avaliação é vista como ação fundamental para a garantia de êxito do projeto [...] É parte integrante do processo de construção do projeto e compreendida como responsabilidade coletiva. A avaliação interna e sistemática é essencial para definição, correção e aprimoramento de rumos. É também por meio delaque toda a extensão do ato educativo, e não apenas a dimensão pedagógica é considerada. (GROCHOSKA, 2011, p. 64).
	É preciso que o projeto político pedagógico tenha funcionalidade. E para isso, a avaliação do PPP serve também na hora da tomada de decisões.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	A partir da realização da revisão de literatura, foi possível explanar as concepções dos autores a respeito do tema em questão. Como tem muitas informações relevantes, o projeto político pedagógico é uma se configura em um instrumento de planejamento e também de avaliação que deve ser consultado sempre como ferramenta de auxílio. 
 	Não se deve restringir a responsabilidade sobre o projeto político pedagógico à direção e à equipe pedagógica, o ideal é que todos os sujeitos da comunidade escolar participem da elaboração do PPP, visto que assim, as responsabilidades são dividas, participando da elaboração, os professores, alunos, funcionários sentem-se também parte ativa da escola. 
	O projeto pedagógico deve ser consultado nas tomadas de decisão, por isso, o ideal é que seja construído de acordo com as necessidades da escola, e não apenas para cumprir os requisitos burocráticos. Infelizmente as escolas costumam cumprir apenas a elaboração para constar, mesmo que estejam engavetados.
	Pode-se dizer que os objetivos traçados foram alcançados, visto que, a realização da pesquisa bibliográfica permitiu a construção de embasamento teórico através das concepções dos autores estudados.
Referências
BARTNIK, Helena Leomir de Souza. Gestão Educacional. Curitiba. Ibpex, 2011.
GRACHOSKA, Márcia Andreia. Organização escolar: perspectivas e enfoques. Curitiba: IBPEX, 2011.
GURGEL, Thaís. Produtividade - 8 questões essenciais. 2009. Disponível em: < http://educarparacrescer.abril.com.br/gestao-escolar/duvidas-projeto-politico-pedago gico-415745.shtml>. Acesso em: 14 de agosto de 2012. 
LONGHI, Simone Raquel Pagel; BENTO, Karla Lucia. Projeto Político- Pedagógico: Uma construção coletiva.  Revista de divulgação técnico-científica do ICPG. Vol. 3 n. 9- jul.-dez./2006. < Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/ 6779665/Projeto-Politico-Pedagogico>. Acesso em: 08 de agosto de 2012. 
LOPES, Noemia. O que é o projeto político-pedagógico (PPP). Disponível em: < http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/planejamento/projeto-politico-pedagogico-ppp-pratica-610995.shtml?page=2>. Acesso em 11 de agosto de 2012.
PICOLI, Elaine Sinhorini Arneiro Picoli. Projeto político pedagógico: uma construção coletiva? 2010. Disponível em: < http://www.pedagogia .seed.pr.gov.br/arquivos/File/semanas_pedagogicas/2010/ppp_const_col_picoli.pdf>. Acesso em: 05 de agosto de 2012. 
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 14 a edição Papirus, 2002.
ANEXO I - PROJETO
Título
Projeto Político Pedagógico: Nem sempre o discurso condiz com a prática
Tema
O Projeto Político Pedagógico no âmbito escolar. 
Delimitação do tema 
As escolas não são iguais. Toda escola tem sua identidade. Imagina-se, então que o Projeto Político Pedagógico esteja em harmonia com as necessidades reais da comunidade escolar. E, consequentemente, que este documento seja mais que uma obrigação burocrática.
Problematização
A escola tem atribuído a devida importância à elaboração e execução do projeto político pedagógico ou apenas cumprido sua elaboração como uma obrigação burocrática? 
Acredita-se que o projeto político pedagógico é de grande relevância para a organização escolar, no entanto, nem sempre a escola consegue reconhecer essa importância. O PPP deve apontar as metas que devem ser atingidas e os métodos que serão utilizados pela escola para alcançar tais metas. Logo, deve ser elaborado levando em consideração a realidade da escola, para que seja realmente utilizado. 
Justificativa
A opção pelo tema deu-se através de reflexões no decorrer do curso de especialização em Gestão do Trabalho Pedagógico, quando, as reflexões acerca da temática se intensificaram, a partir, sobretudo, das disciplinas cursadas. 
A realização deste estudo torna-se relevante visto que o projeto político pedagógico é de fundamental importância para que a escola cumpra o seu papel social. Sendo então, imprescindível discutir a participação do pedagogo e dos demais sujeitos da organização escolar na elaboração e execução deste documento. 
Objetivo Geral
· Refletir acerca da importância atribuída à elaboração e execução do projeto político pedagógico na organização escolar. 
Objetivos específicos
· Discutir o papel da escola na sociedade;
· Investigar concepções de PPP, explanando seus aspectos legais;
· Analisar a relevância do projeto político pedagógico para a organização escolar;
· Discorrer acerca da importância da participação dos sujeitos escolares na elaboração do PPP.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica fundamentada a partir de livros e artigos de autores que se propuseram a discutir tal temática.
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