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Biomedicina Forense - Livro Texto - Unidade II

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106
Unidade II
Unidade II
5 OUTRAS ÁREAS FORENSES
5.1 Balística forense
A balística forense é uma área da criminalística que tem como objetivo a análise técnico-científica 
de identificação das armas de fogo utilizadas no ato criminal ou acidental, de seu funcionamento 
e efeitos mediatos e imediatos sobre a vítima e o próprio atirador; além da verificação da munição 
(projétil e estojo) utilizada no fato.
Atualmente, a balística e a medicina legal, que serão estudadas em um tópico particular, são 
indispensáveis na tipificação dos crimes envolvendo arma de fogo (homicídios, suicídios ou acidentes).
5.1.1 Classificação das armas de fogo
Para o estudo da balística forense é preciso conhecer armas de fogo (funcionamento, características 
e classificação), bem como o tipo de munição, seus constituintes e o calibre.
As armas de fogo são objetos mecânicos que, através da combustão de substância ou mistura de 
elementos explosivos em seu interior, obtêm a impulsão do projétil em uma determinada direção e sentido.
Figura 53 – Sequência do mecanismo interno do disparo de arma de fogo
As armas de fogo podem receber diferentes classificações, de acordo com alma do cano, sistema de 
carregamento, sistema de inflamação e funcionamento.
107
BIOMEDICINA FORENSE
Alma do cano
Quando fabricada, a arma de fogo pode ter impressa uma série de sulcagens helicoidais paralelas 
(raiamento) no interior do cano, tornando-a de alma raiada (exemplos: revólver, pistola, fuzil) ou 
não imprimir nenhum raiamento, caracterizando a arma como de alma lisa (espingarda). Existe 
arma de fogo com alma mista, a qual apresenta um cano de alma lisa e outro cano de alma raiada. 
Para confeccionar o raiamento de uma arma, utiliza-se o processo de usinagem ou brochamento 
e martelamento ou forjamento a frio, o qual pode ser impresso no sentido horário (dextrógiro) ou 
anti-horário (sinistrógiro).
 Saiba mais
Para conhecer mais detalhes sobre os processos de usinagem, 
brochamento e forjamento, leia os artigos indicados a seguir.
PROCESSOS de usinagem: mandrilhamento e brochamento. 
Disponível em: https://profmilton.weebly.com/uploads/2/6/6/4/26645062/
mandrilhamento_brochamento.pdf. Acesso em: 26 ago. 2020.
PAIVA, M. C. Forjamento. Wordpress, [s.d.]. Disponível em: https://
burocracismo.wordpress.com/2009/08/28/forjamento/. Acesso em: 26 ago. 2020.
A B
Figura 54 ؘ– Espingarda de origem alemã
Sistema de carregamento
O carregamento das armas consiste em municiá-las e pode ser feito pela boca do cano (antecarga) 
ou pela extremidade posterior, culatra ou câmara de combustão (retrocarga).
Sistema de inflamação
As armas mais antigas e obsoletas apresentam um sistema de inflamação direta por faísca (atrito) 
e as mais modernas apresentam um sistema de percussão, no qual a inflamação ocorre por detonação 
de explosivo sensível a choques mecânicos (impacto do precursor). Esse último sistema se divide em 
108
Unidade II
extrínseco, quando a espoleta é colocada externamente e se comunica com a carga de projeção através 
de um orifício (ouvido), um mecanismo comum das armas de antecarga, e intrínseco, normalmente 
verificado em armas de retrocarga e que consiste na utilização de cartucho de munição, composto 
de mistura iniciadora e carga de projeção (pólvora). O sistema de percussão intrínseco ainda se divide 
em sistema de pino lateral (obsoleto), central (a mistura iniciadora encontra-se na espoleta localizada 
no centro da base do cartucho) e radial (a mistura iniciadora encontra-se internamente ao cartucho, 
mais precisamente em torno de sua base). Ainda, os sistemas de percussão intrínseco central e radial 
se classificam de acordo com o mecanismo de disparo em recuo direto, quando o cão do revólver e 
pistola ou o precursor presente no conjunto do ferrolho do rifle aciona a espoleta através do impacto 
na cápsula, e indireto, quando uma peça móvel – pino precursor – localizado na armação entre o cão e 
a espoleta a aciona.
Funcionamento
Em relação ao funcionamento das armas, elas podem ser classificadas em armamento de tiro 
unitário e de repetição. As armas de tiro unitário se dividem em simples, quando ocorre apenas 
um disparo antes do recarregamento, e múltiplos, quando apresentam dois ou mais canos 
paralelos com mecanismos de disparo independentes. Já as armas de repetição apresentam um 
único mecanismo de disparo, com a extração e o carregamento entre os tiros ocorrendo de forma 
mecânica. As armas de repetição se dividem em não automáticas, quando o mecanismo de disparo, 
extração e carregamento se dão por sistema de alavanca, bomba ou ferrolho de forma manual; 
semiautomática, quando o mecanismo de disparo é acionado pela força muscular do atirador e 
a extração do estojo e o carregamento ocorrem devido às forças geradas pelos gases produzidos 
durante o tiro; e automática, quando apenas o primeiro disparo depende do atirador, sendo que os 
demais são sequenciais e contínuos devido à movimentação dos gases originados da combustão 
da carga de projeção.
Na balística forense, os exames periciais em sua maioria são realizados em armas de fogo portáteis, 
sendo as principais:
•	 Revólver: arma de repetição, não automática, constituída de: armação (corpo da arma), que 
a identifica e a classifica perante os demais tipos de armamento; tambor (cilindro rotativo), 
que é a parte de carregamento da arma e integrante do mecanismo de disparo e repetição; 
gatilho, parte integrada ao tambor e responsável pelo acionamento do disparo através de uma 
pressão manual do dedo do atirador; cão, que corresponde à parte do revólver que movimenta 
o percursor para impactar a base do cartucho íntegro; e cano, que tem como função imprimir 
a velocidade inicial do projétil em uma direção e sentido determinados devido à expansão 
dos gases produzidos pela combustão, empregando um movimento de rotação (helicoidal) 
devido ao raiamento da arma e proporcionando uma maior estabilidade à trajetória do projétil 
(maior precisão do tiro). Geralmente, os revólveres apresentam ação simples (disparo da arma 
engatilhada – tração manual do cão) e ação dupla (não engatilhada – o não armamento do cão 
antes do disparo).
109
BIOMEDICINA FORENSE
1 2 3 4
5
6
12
11
10
9 8
7
Figura 55 – Peças externas do revólver: 1 – massa de mira; 2 – cano; 3 – tambor; 4 – alça de mira; 5 – cão; 
6 – botão da chave do retém do tambor; 7 – placa esquerda de guarnição do cabo; 8 – gatilho; 
9 – guarda-mato; 10 – armação; 11 – suporte do tambor; 12 – vareta do extrato
•	 Pistola: arma de repetição semiautomática e independente da força muscular do atirador (que 
apenas aciona o mecanismo de disparo). As partes desse armamento são: armação (corpo da 
arma), na qual encontram-se o carregador, o cano e o ferrolho. O carregador é uma peça oca e 
alongada que recebe os cartuchos e os impulsiona em direção à câmara; o cano apresenta em 
sua porção próxima ao cão a câmara de combustão (lisa) e posteriormente a essa parte raiado; 
o ferrolho é uma peça móvel que desliza sobre trilhos presentes na armação, responsável pelo 
mecanismo de disparo e repetição que ocorre devido ao pino do percursor e também do extrator. 
As pistolas apresentam movimento simples (ação simples ou dupla) e movimento duplo (ação 
simples e dupla).
1 2 3 4 5 6 7
8
12 11
10
9
13
1415
Figura 56 – Peças externas da pistola: 1 – massa de mira; 2 – cano; 3 – janela de ejeção; 4 – ferrolho; 5 – retém do ferrolho; 
6 – alça de mira; 7 – cão; 8 – trava de segurança; 9 – carregador; 10 – coronha; 11 – retém do carregador; 12 – gatilho; 
13 – guarda-mato; 14 – alavanca de desmontagem; 15 - armação
110
Unidade II
•	 Armas longas:
— Rifle: armamento com cano maior que 20 polegadas de comprimento e raiado, pode ser de tiro 
único (utilizado para caça) ou de repetição (não automático ou semiautomático) e de vários 
calibres (.22 – curto e pequeno poder de fogo até .50BMG – grande alcance e alta energia, 
utilizado por militares).
— Carabina: apresenta as mesmas característicasdo rifle, porém com um cano menor que 
20 polegadas de comprimento.
Guarda-mato
Gatilho
Soleira
Coronha Cão
Carregador
Armação
Ejetor
Alça de 
mira Cano
Massa de mira
Obturador
Telha
Carregador tubular Boca do cano
Figura 57 – Vista explodida de uma carabina da marca Winchester, de calibre 38
— Fuzil: armamento de cano com comprimento maior que 20 polegadas e raiado, de repetição 
(aproveita a expansão dos gases da combustão de carga de projeção) automática e a cadência 
(intermitente ou em rajada) pode ser selecionada; de uso militar.
— Submetralhadora: arma de cano raiado, de repetição (análogo ao do fuzil) automática ou 
semiautomática, calibre típico de porte de arma curto, tendo dimensões (ausência de coronha 
para apoio no ombro) que não a classifica como arma longa; as submetralhadoras utilizadas 
pelos policiais e militares apresentam coronhas fixas ou escamoteáveis, com seletor de cadência 
de tiro, semelhante ao fuzil.
— Espingarda: arma de cano longo e liso, de tiro unitário (munição – cartucho carregado com 
múltiplos projéteis (balins) ou projétil único de grande massa (balote), é utilizada em competições 
esportivas e para caça de animais; ainda, existe cartucho carregado com projéteis de borracha 
(elastômero) ou sacos de areia utilizados por policiais e militares para dispersão de multidão 
(controle de distúrbios civis). A espingarda de tiro unitário pode apresentar um ou dois canos 
(lado a lado ou sobrepostos). Existem espingardas de repetição semiautomáticas (sistema de 
tomada de gases e alimentadas por carregadores) e não automáticas (alavanca e ferrolho).
•	 Armas de fabricação artesanal: são feitas de forma rústica ou até mesmo em escala industrial e 
consistem, normalmente, na mudança do calibre da arma original (por exemplo, submetralhadora 
utilizando calibre .380 e revólver usando cartucho de calibre 12).
111
BIOMEDICINA FORENSE
A
B
C
Figura 58 – (A) Arma de fogo, rusticamente confeccionada, para utilização com munição do calibre 38 (apreendida 
na cidade de São Paulo). (B) Exemplos de armas de fogo artesanais do tipo submetralhadora, confeccionadas em 
escala industrial. (C) Arma de fogo artesanal do tipo revólver, também confeccionada em escala industrial
Munição é um termo utilizado para designar um conjunto de cartuchos que correspondem à 
unidade de alimentação das armas de fogo. O cartucho de munição para arma de fogo de alma raiada 
é constituído de estojo, peça mais externa de liga metálica, que contém em seu interior a carga de 
projeção (pólvora) e em sua base a espoleta, onde são inseridos a identificação do fabricante e calibre e, 
na outra extremidade é fixado o projétil. Para cada tipo de arma existe um formato de estojo específico, 
por exemplo, o estojo do revólver é cilíndrico em toda sua extensão e apresenta a base com aros para 
melhor acomodação nas câmaras do tambor, já o estojo de pistola não apresenta aros em sua base e o 
de fuzil possui o diâmetro da base maior do que o da boca, local onde o projétil é fixado.
112
Unidade II
Pólvora
Pólvora
Pólvora
Projétil
(camisa de revestimento)
Projétil
(núcleo de preenchimento)
Projétil
Estojo
Estojo
A B C
Culote do estojo
Culote do estojo
Evento
Eventos
Bigorna Bigorna
Mistura iniciadora
Mistura iniciadora
Mistura iniciadora
Culote 
do estojo
Espoleta
Espoleta
Projétil
Figura 59 – (A) Cartucho de fogo central no calibre 9 mm. (B) Cartucho de fogo 
circular no calibre 22. (C) Cartucho de fogo central no calibre 7,62 x 39 mm
Espoleta é o compartimento onde está localizada a mistura iniciadora (explosivos sensíveis a choques 
mecânicos) que, quando deflagrada, resulta na explosão da carga de projeção. Em cartucho de fogo 
central, a espoleta apresenta uma cápsula na base do estojo, tendo um orifício de comunicação; já em 
cartucho de fogo circular não há cápsula, a mistura iniciadora se localiza no interior da base do estojo 
de forma radial e em contato com a carga de projeção.
Carga de projeção, também chamada de propelente, corresponde à substância ou mistura responsável pela 
combustão e, consequentemente, pela expansão de gases dentro do estojo e do cano da arma, promovendo o 
disparo do projétil. Atualmente, a pólvora utilizada nos cartuchos como propolente pode ser de base simples 
(nitrocelulose) ou dupla (nitrocelulose e nitroglicerina), conferindo maior estabilidade e controle.
Projétil é a parte móvel do cartucho, que se desprende quando a arma é disparada, transfixando 
o alvo. É produzido em chumbo ou cobre, podendo apresentar diversas formas e dimensões de 
acordo com o propósito, uma vez que tais fatores influenciam em sua velocidade e trajetória e nos 
efeitos perante o alvo.
Totalmente 
encamisado 
ponta oca 
silver tip
Pontiagudo
Cone truncadoPonta planaSemicanto-vivoCanto-vivoOgival
Totalmente 
encamisado 
ogival
Semiencamisada 
ponta oca
Totalmente 
encamisado 
(nyclad) ponta 
hydra-shok
Pontiagudo 
expansivo
Figura 60 – Diferentes tipos de projéteis. Os dois últimos no calibre 7,62 mm e os demais no calibre 38
113
BIOMEDICINA FORENSE
A composição dos cartuchos de armas de cano de alma lisa é semelhante à dos de alma raiada, 
diferenciando-se apenas quanto ao estojo, que pode ser de base metálica e corpo de plástico ou papelão 
e com os projéteis mais pronunciados. Dentro dos cartuchos de armas de fogo de alma lisa, mais 
precisamente entre a pólvora e os projéteis (balins ou balote), há uma bucha pneumática, normalmente 
de plástico, que determina o calibre do cartucho após disparo.
Evento
Bucha pneumática
Balins
(projéteis múltiplos)
Fechamento
estrela
Estojo
A Cartucho de fogo central para 
arma de caça calibre 12
Pólvora
Mistura 
iniciadora
Bigorna
Espoleta
12 7½ 111 7 T9 6 TTT8 35 SG balote
1,25 2,38 4,001,50 2,50 5,002,00 2,75 5,502,25 3,503,00 8,40 17,6
Número de chumbo
B Dados sobre os tamanhos 
de chumbos da CBC
Diâmetro em milímetros
Figura 61 – (A) Cartucho de fogo central no calibre 12. (B) Dados dos balins (projéteis múltiplos) 
e balotes fabricados pela Companhia Brasileira de Cartuchos
Como descrito anteriormente, a balística forense tem como intuito identificar armas e munições, 
individualizando-as e associando-as a determinados eventos e/ou pessoas. A identificação pode ser 
direta ou imediata e indireta ou mediata.
Na identificação direta verificam-se as dimensões, as características como espécie (revólver, pistola 
etc.), raiamento (quantidade e orientação), calibre, comprimento do cano, capacidade, acabamento, 
modelo, entre outras, e também caracteres de identificação impressos na produção das armas e munições, 
como sinetes do fabricante, número de peças e numeração de série, que muitas vezes são alteradas 
(supressão por lixamento ou soldagem/regravação). Para tentar revelar as inscrições suprimidas, a perícia 
utiliza-se de processos físico-químicos, descritos no tópico sobre química forense.
A B
D
C
E
Figura 62 – (A e B) O número de série das armas foi suprimido, o primeiro encontra-se pinado e o segundo, raspado. (C) O número de 
série da arma foi regravado. No detalhe observa-se a nítida falta de homogeneidade na gravação dos caracteres. (D e E) O revólver, 
com acabamento oxidado, foi submetido ao tratamento físico-químico para restauração dos vestígios latente do número de série 
original, com uso do reagente de Besseman e Haemers. Apenas o segundo caractere não foi revelado
114
Unidade II
A identificação indireta ou mediata consiste no confronto balístico microcomparativo, ou seja, na 
análise do cartucho deflagrado, mais precisamente do estojo/espoleta e projétil para verificar se foi 
disparado de uma determinada arma.
Outra análise considerada de identificação é a mensuração da energia cinética do projétil utilizado 
como parâmetro-limite para a restrição de armas e munições. Como exemplo, as armas de fogo de cano 
de alma raiada apresentam uma energia cinética do projétil na saída do cano de 407 J (joules) para as 
curtas e de 1.355 J para as longas. Assim,para determinar a energia cinética do projétil, o perito precisa 
aplicar a fórmula a seguir, na qual m representa a massa do projétil em gramas, v a velocidade do projétil 
após o disparo, obtido através de um cronógrafo e representado em metros por segundo, e g equivale à 
aceleração da gravidade do local do teste.
E = (1/2 . m . v2) / g
Quando apenas os cartuchos coletados no local do crime são encaminhados para a perícia, 
o perito utiliza tabelas informativas fornecidas pelos fabricantes para obtenção dos parâmetros 
da fórmula.
A perícia criminal recebe constantemente solicitações de exames para verificação da eficiência das 
armas de fogo e de disparos acidentais. Para tal, o perito analisa o funcionamento dos mecanismos de 
disparo, extração, repetição e segurança da arma, além de verificar o peso do gatilho e, caso observe 
algum defeito ou anormalidade, eles devem ser descritos. Portanto, o perito analisa o funcionamento 
da arma de fogo sob condições normais de uso, realizando, caso necessário, testes de queda com a 
arma dotada apenas de estojo com a cápsula de espoletamento e sem carga de projeção e projétil, 
para avaliação da eficiência, bem como testes para verificação de disparos acidentais, nos quais 
são analisadas circunstâncias anormais, como o disparo sem o acionamento do gatilho e possíveis 
interrupções anormais no funcionamento da arma de fogo devido a superaquecimento ou falha de 
alimentação ou ejeção.
No exame de confronto balístico, são feitas análises macroscópica e microscópica do projétil, do 
estojo e da espoleta do cartucho deflagrado, pois neles são formadas impressões após o disparo, como 
o molde das raias e eventuais defeitos (devido ao processo de fabricação ou desgaste natural) do cano. 
Assim, tais impressões individualizam as armas de fogo.
Durante a realização do exame de confronto balístico, são feitos disparos dentro de um tanque 
coletor com água com a arma supostamente utilizada no crime. A seguir, tal munição disparada no 
tanque, denominada como padrão, é comparada com a munição questionada (coletada no local do 
crime) por um equipamento microcomparador balístico. Dessa forma, o perito reúne elementos que 
convergem para a identificação positiva da utilização de determinada arma de fogo no crime ou, ainda, 
elementos que divergem para a eliminação de tal suspeita.
115
BIOMEDICINA FORENSE
A B C 
Figura 63 – (A e B) Tanque coletor com água, para a recolha de projéteis padrões (disparados com arma suspeita de participar da 
ocorrência). (C) Microscópio óptico comparador acoplado a acessório que permite captura e impressão de imagens digitalizadas
No confronto balístico o perito observa inicialmente as características de ordem genérica nos projéteis e nos 
estojos, por serem excludentes. Nos projéteis são analisados profundidade, largura, distância entre as impressões 
de raias, seus números e orientações; e nos estojos avaliam-se conformação, localização e profundidade da 
marca do precursor ou do ejetor e extrator. Caso as características de ordem genérica sejam coincidentes 
entre a munição coletada no local do crime com a padrão, são realizadas as observações de ordem específica 
(estriamentos finos), responsável pela individualização da arma de fogo pelo exame microcomparativo.
A
D
B
E
C
F
Figura 64 – (A) Concordância entre projéteis semiencamisados do tipo ponta oca expansivo calibre 38. (B) Concordância entre 
projéteis encamisados total do tipo ogival. (C) Concordância entre projéteis de chumbo de calibre 32. (D) Concordância entre estojos 
deflagrados por uma pistola da marca Taurus de calibre 380 ACP. (E) Concordância entre estojos deflagrados por uma carabina da 
marca Marlyn de calibre 9 mm Luger. (F) Concordância entre estojos deflagrados por um revólver da marca Taurus de calibre 38
Em locais de crime, os peritos podem relatar os efeitos primários do tiro, quando se deparam com 
projéteis que tiveram sua trajetória interrompida por um anteparo (objetos inanimados - janela ou 
até mesmo o corpo humano); os efeitos secundários do tiro, que são resultantes do disparo da arma 
de fogo, como gases, resquícios de combustão da pólvora e da mistura iniciadora e microfragmentos do 
projétil; além de determinar a trajetória (angulação, direção e sentido) de um disparo de arma de fogo 
em local de crime, desde que haja pelo menos dois pontos de embate do projétil. Para determinação da 
trajetória de um disparo, os peritos utilizam luzes infravermelhas (apontador com mira laser), varetas e 
hastes flexíveis.
116
Unidade II
B
Rupturas radiais
Rupturas 
concêntricas
A
Figura 65 – (A) Simulador de um impacto balístico sobre o corpo humano. (B) Disparo em vidro de veículo. 
As letras A e B em vermelho mostram a orientação de dentro para fora e de fora para dentro, respectivamente
< 
Tr
aj
et
ór
ia
 1
< Traj
etória
 3< Tr
ajet
ória
 2
Laje da residênciaLaje da residência
ReconstituiçãoReconstituição
Ângulos da trajetória no corpo da vítimaÂngulos da trajetória no corpo da vítima
Janela Janela 
da salada sala
Vítima
VítimaVítima
Testemunha
Testemunha
Trajetória 1 Trajetória 1
Obs.: Trajetórias 2 e 3 incompatíveis com os 
ferimentos e as posições da vítima e testemunha
Tra
jet
ór
ia 
(2)
 a 
pa
rti
r d
a l
aje
Trajetór
ia (3) a 
partir 
da janel
a da sal
a da 
residênc
ia
Trajetória (1)
Trajetória (1)
Obs.: Trajetórias 2 e 3 incompatíveis 
com os ferimentos e as posições da 
vítima e testemunha
Figura 66 – Desenhos utilizados na reprodução simulada da reconstituição de um crime para determinação da trajetória de um tiro 
que vitimou um rapaz, em região próxima ao coração. Testemunhas alegavam que o disparo tinha vindo da residência em frente ao 
local em que o rapaz se encontrava conversando com outra pessoa. Esta versão não era condizente com o trajeto observado pelo 
médico legista no corpo do rapaz
117
BIOMEDICINA FORENSE
 
 
Figura 67 – Emprego de varetas para auxílio na determinação da trajetória de tiros que foram dados contra uma 
viatura policial, em cidade do Texas (Estados Unidos), e que vieram a provocar a morte do policial condutor
Os resíduos expelidos, após o disparo da arma de fogo, são analisados para dois propósitos principais: 
estimar a distância do tiro e verificar se o suspeito realmente atirou com a arma de fogo suspeita. 
Adicionalmente, o estudo das formas, proporções e relações da zona de chama ou chamuscamento 
(quando os gases inflamados do disparo queimam o objeto atingido pelo projétil), da zona de 
esfumaçamento (quando partículas finíssimas oriundas da combustão da pólvora são lançadas contra 
o alvo) e da zona de tatuagem (quando fragmentos do projétil ou produtos da combustão apresentam 
um maior potencial de penetração no local atingido), podem sugerir ao perito a distância e a trajetória 
do tiro (tais análises são melhor abordadas no tópico sobre química forense).
A B C
Figura 68 – (A) Resíduos projetados no momento do tiro. (B) Vítima com três orifícios de entrada de projétil de arma de fogo. 
As letras A, B e C, em vermelho, evidenciam, respectivamente, tiro encostado evidenciado pela câmara de mina de Hoffman, 
tiro a curtíssima distância evidenciado pela zona de chama e tiro a curtíssima distância evidenciado pela zona de 
tatuagem. (C) Vítima com orifício de entrada de projétil de arma de fogo. O tiro foi dado a curta distância, 
evidenciado pela zona de esfumaçamento
118
Unidade II
 Lembrete
A balística e a medicina legal são indispensáveis na tipificação dos crimes 
envolvendo armas de fogo. A balística forense tem como intuito identificar 
armas e munições individualizando-as e associando-as a determinados 
eventos e/ou pessoas. O exame de confronto balístico consiste na análise 
macroscópica e microscópica do projétil, do estojo e da espoleta do 
cartucho deflagrado.
Exemplo de aplicação
Como exemplo de aplicação prática em casos de crimes de grande repercussão, pode ser citado o 
uso da balística no caso Mércia Nakashima,pois os únicos vestígios encontrados dentro de seu veículo 
foram dois projéteis de arma de fogo que, de acordo como as posições em que estavam alojados no 
carro, levaram à conclusão de que os disparos e sua trajetória aconteceram de baixo para cima e que a 
vítima teve uma postura de defesa. Ainda, após a análise de balística dos projéteis ficou evidente que 
se tratava de um revólver 38 com algumas alterações particulares. Porém, a arma do crime nunca foi 
achada, prejudicando o detalhamento preciso do instrumento utilizado no crime.
5.2 Papiloscopia, datiloscopia e revelação e impressões digitais
Existem relatos indicando que desde a Antiguidade as impressões digitais, palmares e plantares já 
eram usadas em contratos e selos chineses e babilônicos para garantir o reconhecimento de compromisso 
e da individualidade.
Em 1880, ocorreu a primeira identificação criminalística realizada por Henry Faulds no hospital 
de Tsukiji, no Japão. E, na Índia, William Herschel fez o primeiro trabalho de identificação criminal, 
provando que as impressões digitais permaneciam íntegras por um longo período de tempo.
Juan Vucetich elaborou o primeiro sistema de classificação de impressões digitais em 1891, recebendo 
a denominação icnofalangometria, junção das palavras gregas ichmos (vestígio) + fálangas (falanges) + 
métro (medida). Posteriormente, tal denominação foi alterada para dactiloscopia, junção dos vocábulos 
gregos dáchtylo (dedo) + skopeîn (examinar), sugestão de Don Francisco Latzina, em seu artigo publicado 
no jornal La Nación. E, em 1904, Vucetich publicou sua obra-prima, Dactiloscopia comparada.
A palavra papiloscopia (originária dos termos latino papillae e grego skopeîn) foi usada pela primeira 
vez na obra La técnica de la papiloscopia: identificacíon de recíen nacidos y menores. Atualmente, 
papiloscopia ou datiloscopia refere-se à área da criminalística que estuda as impressões formadas pelas 
projeções da pele nos dedos (digitais), nas palmas das mãos (palmares) e nas plantas dos pés (plantares).
119
BIOMEDICINA FORENSE
A revelação dessas impressões pode ocorrer dentro de laboratórios e em locais de crime, sendo que 
nesse último os exames são realizados em estruturas, objetos, e outros materiais encontrados, além de 
na própria vítima, a fim de identificar a autoria e a dinâmica do delito. Tal procedimento recebe o nome 
de revelação de impressões papilares.
 Saiba mais
Para conhecer melhor o histórico dos processos de identificação, leia o 
artigo indicado a seguir.
ARAÚJO, M. E. C.; PASQUALI, L. Histórico dos processos de identificação. 
Disponível em: http://www.institutodeidentificacao.pr.gov.br/arquivos/File/
forum/historico_processos.pdf. Acesso em: 26 ago. 2020.
 Observação
Papiloscopista é o profissional responsável por controlar e executar 
trabalhos periciais relacionados a levantamento, coleta, análise, codificação, 
decodificação e pesquisa de padrões e vestígios papilares.
5.2.1 Identificação criminal e civil
Devido à necessidade de identificação de criminosos reincidentes, surgiu a identificação criminal, 
que tem por base a análise das impressões digitais. Entretanto, de forma natural, tal análise passou a ser 
utilizada também para determinar, através de vestígios encontrados, se o indivíduo suspeito realmente 
está envolvido na autoria do crime.
Após o início da revelação de impressões digitais em cenas de crime, temos os primeiros arquivos de 
suspeitos para comparação. Com o aumento desses arquivos, a polícia passa a prender pessoas suspeitas 
de serem autoras de crimes e impedir a prisão de inocentes. Dessa maneira, surge a identificação civil, 
composta de um conjunto de registros e procedimentos jurídicos armazenados em um banco de dados, 
individualizando e ditando os direitos e deveres do indivíduo perante a sociedade.
Assim, a perícia criminal utiliza como ferramenta de identificação as bases de dados da identificação 
civil, ou seja, as carteiras de identidade para consultar e comparar as impressões digitais com as do 
suspeito do delito. Tal procedimento foi otimizado após o desenvolvimento de sistemas automatizados, 
que permitem ampla comparação, incluindo toda a população. Portanto, com a finalidade de buscar a 
autoria do delito, a criminalística utiliza-se do confronto datiloscópico, ou seja, compara o elemento 
questionado de um local de crime com um padrão gerado pela identificação civil.
120
Unidade II
Na década de 1960, devido ao aumento do número de fichas de impressões digitais, surge o AFIS 
(Automated Fingerprint Identification System) com o objetivo de comparar de forma automática a 
impressão digital questionada (revelada em cenas de crimes) com a de possíveis suspeitos.
A polícia do estado de São Paulo possui o sistema AFIS, que está atualmente alimentado pelo registro 
geral de identificação civil (RG) de pessoas que solicitaram, nesse Estado, suas respectivas carteiras de 
identidade e pela identificação criminal de pessoas que praticaram algum tipo de crime. Em âmbito 
nacional a Polícia Federal é a detentora do referido sistema.
O sistema AFIS funciona da seguinte forma: a impressão digital encontrada e revelada no local 
de crime, como em objetos, materiais e corpo, por exemplo, é tratada gerando padrões previamente 
definidos, os quais são comparados com a base de dados que leva a um escore (seleção de impressões 
semelhantes) em relação a um montante. Em seguida, o papiloscopista, profissional especializado em 
papiloscopia, verifica as características correspondentes entre as impressões digitais, concluindo a 
identificação ou não do indivíduo.
A partir de 2002, normas e consensos empregados pelo método de exame chamado ACE-V (Analysis, 
Comparison, Evaluation and Verification) passaram a qualificar tal prática de confronto papiloscópico 
criada pelo sistema AFIS.
A classificação da datiloscopia/papiloscopia é feita de acordo com o objeto de estudo e dos objetivos 
propostos. Portanto, pode-se dividi-la em:
•	 datiloscopia criminal: que realiza o confronto de vestígios digitais encontrados em local de 
crime, em materiais e objetos e no corpo da vítima, com padrões digitais da própria vítima e do 
suspeito a fim de determinar a autoria do delito;
•	 datiloscopia civil: trata-se da identificação civil através da biometria (impressão digital) em 
documentos oficiais, como na cédula de identidade, passaporte, entre outros;
•	 datiloscopia clínica: estuda as alterações dos desenhos papilares em decorrência de doenças, de 
esforços repetitivos e da influência da hereditariedade.
Características dos desenhos papilares (impressão digital)
A impressão digital possui algumas características bastante peculiares, descritas a seguir.
•	 Perenidade: os desenhos papilares são perenes, ou seja, permanecem inalterados desde o 
nascimento até a morte do indivíduo.
•	 Imutabilidade: os desenhos papilares permanecem inalterados, mesmo após regeneração 
do tecido local devido sua retirada, em decorrência de atividades repetitivas, de doenças e de 
cicatrizes cirúrgicas.
121
BIOMEDICINA FORENSE
•	 Variabilidade: os desenhos papilares variam de dedo para dedo e cada pessoa apresenta suas 
digitais próprias e diferentes, permitindo sua individualização.
Tipos fundamentais de impressão digital
As impressões digitais são constituídas de linhas salientes que demarcam todo o dedo chamadas 
cristas papilares. Essas cristas encontram-se na parte superior da epiderme e apresentam poros que 
excretam compostos do suor. Entre as cristas existem depressões, conhecidas como sulcos papilares.
Normalmente, a impressão digital apresenta três sistemas de linhas: nuclear (região central do 
desenho papilar), basal (abaixo da região nuclear) e periférica (acima da região nuclear). A junção desses 
sistemas de linhas origina uma formação particular e específica, denominado delta. O delta classifica as 
impressões digitais quanto a sua presença ou ausência e posição.
Ainda, as impressões digitais apresentam desenhos observados diretamentena pele do dedo e que 
são peculiares a cada pessoa. Esses desenhos ou tipos fundamentais classificam-se em:
•	 Arco: desenho papilar formado apenas por linhas que percorrem o dedo de um lado para o outro 
sem apresentar o delta.
•	 Presilha: é um conjunto de linhas que se inicia de um lado do dedo e, em um determinado ponto, 
recurva-se e volta para o mesmo lado em que se originou. Esse tipo de desenho papilar pode se 
apresentar como presilha interna, quando as extremidades livres da presilha estão voltadas para 
o lado esquerdo (interno) do observador e o delta para o lado direito, e presilha externa, quando 
as extremidades livres da presilha estão voltadas para o lado direito (externo) do observador e o 
delta para o lado esquerdo.
•	 Verticilo: é um desenho papilar com um formato circular ou espiral presente no centro do dedo 
e que possui dois ou mais deltas.
A
C
B
D
Figura 69 – (A) Arco. (B) Presilha interna com o delta marcado. (C) Presilha externa 
com o delta marcado. (D) Verticilo com os deltas marcados
122
Unidade II
De acordo com os tipos fundamentais observados no polegar direito de cada pessoa, os indivíduos 
são agrupados em quatro grandes grupos, os quais, posteriormente, são divididos em quatro subgrupos 
com base nos tipos fundamentais do polegar esquerdo, perfazendo um total de dezesseis subgrupos. 
Ainda, existem subdivisões subsequentes de acordo com os algarismos da série, subdivididos a partir dos 
algarismos da seção.
Tais divisões apenas foram possíveis devido à planilha ou ficha decadatilar (dez dedos) idealizada por 
Vucetich. Nela, há informações do indivíduo e, ao lado delas, duas fileiras com cinco espaços, cada uma 
para a inserção das cinco impressões digitais da mão direita (série) e das cinco impressões digitais 
da mão esquerda (seção), devendo ser seguida uma sequência padronizada. Nessa planilha, os tipos 
fundamentais são determinados por letras nos polegares e por número nos demais dedos da mão 
(arco – A ou 1; presilha interna – I ou 2; presilha externa – E ou 3; verticilo – V ou 4), originando um 
conjunto de caracteres denominado fórmula datiloscópica (ex.: V-1222/V-3333).
 Observação
Uma ficha decadatilar compreende o conjunto das impressões digitais 
dos dez dedos das mãos de um indivíduo.
Figura 70 – Ficha individual datiloscópia de Juan Vicetich
O formato de análises das impressões digitais descrito anteriormente é preconizado para 
as buscas manuais.
A comparação dos tipos fundamentais de impressões digitais constantes nas fichas decadatilares 
da identificação civil permite a classificação do indivíduo dentro de um determinado grupo, e não sua 
identificação, que só será possível por análise dos pontos característicos.
123
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Pontos característicos datiloscópicos
Os desenhos digitais apresentam pontos característicos que os diferem do comum devido à 
descontinuidade das linhas (acidentes), as quais podem ser observadas como confluência (forquilha), 
bifurcação, começo e fim de linha, cortada, empalme (encerro) e ilhota. Esses pontos característicos 
ocorrem de forma aleatória e não se repetem entre os indivíduos, sendo algo primordial para a 
identificação inequívoca de uma pessoa.
A) B)
C) D)
E) F)
G) H)
Figura 71 – Alguns exemplos de pontos característicos: (A) fim da linha; (B) início da linha; 
(C) bifurcação; (D) confluência; (E) cortada; (F) dupla bifurcação; (G) trifurcação; (H) empalme
Para fins criminais, o estudo das impressões digitais encontradas em local de crime, objetos, materiais, 
corpo, entre outros, é feito através da comparação inicial entre as impressões da vítima e do suspeito; 
caso não coincidam, a comparação passa a ser feita com toda a população. Esse confronto datiloscópico 
faz parte dos diversos exames periciais realizados em laboratório com o intuito de identificar a autoria 
do delito e, para tal, faz-se necessária a verificação de um número suficiente de pontos caraterísticos.
13 13 1 2 3
4
5
6
78
9
10
11
12
12
11
10
9
8 7
6
5
4
321
Figura 72 – Exemplo da aparência de um confronto datiloscópio
124
Unidade II
5.2.2 Revelação de impressões digitais em diferentes superfícies
As impressões digitais podem estar presentes em diferentes superfícies e objetos do local do delito, 
incluindo as vestes e o próprio corpo da vítima. No entanto, para que elas permaneçam como vestígio, 
há dependência da dinâmica do contato, ou seja, se eventual ou persistente, longo ou rápido, acidental 
ou intencional, além das características da própria superfície.
Pelo fato de existirem diferentes superfícies, a escolha de técnicas adequadas para a revelação das 
impressões digitais é de grande importância. A seguir são descritas as principais superfícies e técnicas 
utilizadas na perícia para revelação de impressões digitais.
•	 Superfícies lisas e não porosas: são as mais comumente encontradas em local de crime, tais 
como vidro, estruturas de materiais e equipamentos, plásticos de montagem, entre outros, e 
nas quais a impressão permanece depositada, tornando-se mais frágil e de fácil destruição. 
As técnicas mais recomendadas para esse tipo de superfície são as de pó, vaporização por 
cianoacrilatos, aplicação de filmes finos crescidos em vácuo e pulverização catódica, podendo 
ser realizadas no próprio local do crime.
Figura 73 – Impressão digital relevada com cianocrilato
•	 Superfície rugosa e não porosa: presente na grande maioria dos materiais sintéticos, sendo a 
vaporização por cianoacrilatos, realizada dentro dos laboratórios, a melhor técnica utilizada.
•	 Superfície porosa: destacam-se os papéis, papelão e madeira. Devido à porosidade desses 
materiais, a impressão digital migra para baixo da superfície, podendo se tornar latente por anos. 
A revelação da impressão digital nesses materiais ocorre no laboratório, através de reagentes 
líquidos que interagem com aminoácidos, com destaque para a ninidrina e seus derivados 
(DFO – 1,8 diazafluoren-9-one e IND – 1,2 indanedione), além de reagentes alternativos 
(fluorescamina, OPA e outros) e de produtos naturais (genipina e hena). Ainda, através do 
aquecimento do papel é possível revelar impressões digitais pela coloração contrastante que 
se forma, pois o papel apresenta propriedades térmicas diferentes dos compostos da impressão 
digital; a evolução de tal técnica propõe o uso de micro-ondas para a revelação.
125
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Figura 74 – Impressão digital relevada com ninidrina
•	 Plástico: devido às várias possibilidades de fabricação, são necessários diferentes reveladores 
(específicos para cada tipo).
•	 PVC, borracha e couro: por serem materiais de difícil revelação, recomenda-se o uso de 
vaporizações em laboratório.
•	 Fita adesiva: por apresentar duas superfícies distintas (uma lisa e outra com substância adesiva), 
deve-se utilizar duas técnicas diferentes e realizá-las no laboratório. A técnica mais empregada 
neste tipo de superfície é a revelação da impressão digital pela violeta genciana.
•	 Metal não tratado: se a superfície metálica for pintada ou coberta com outro revestimento, 
deve-se utilizar a técnica de vaporização no próprio local do crime. Porém, recomenda-se levar 
esse tipo de material para o laboratório para aplicar a técnica de filmes finos.
•	 Madeira não tratada e superfícies enceradas e oleosas: as técnicas devem ser realizadas em 
laboratório. Podem ser empregadas técnicas como ninidrina e nitrato de prata.
•	 Tecido: é a superfície mais difícil de reter impressões digitais, dependendo de vários fatores como 
presença de sangue ou outro fluido biológico, exposição a chuva (ou molhado de outra forma), 
se o tecido estava em contato direto com a pele, o espaçamento entre as fibras etc. Nesse caso, 
pode-se utilizar a técnica de depósito de metal a vácuo.
•	 Mancha de sangue: as impressões digitais feitas por sangue são visíveis, precisando apenas de 
tratamento para melhoria. Elas podem ocorrer de duas formas: quando a mão ou dedo é colocado 
sobre uma poçade sague ou quando a mão ou dedo sujo de sangue entra em contato com 
alguma superfície que permita a retenção e fixação da impressão digital (decalque em superfícies, 
parede, papel etc.).
•	 Pele humana: apesar de difícil execução, atualmente existem técnicas para verificar impressões 
digitais na pele de indivíduos vivos e mortos. As mais utilizadas são as de cianoacrilatos em 
associação com pó magnético.
126
Unidade II
 Saiba mais
Como visto, existem diversas técnicas que podem ser utilizadas na 
perícia para a revelação de impressões digitais, as quais são aplicadas de 
acordo com o tipo de superfície. Leia mais sobre o assunto acessando os 
artigos indicados a seguir.
CHEMELLO, E. Ciência forense: impressões digitais. Química Virtual, dez. 
2006. Disponível em: http://www.quimica.net/emiliano/artigos/2006dez_
forense1.pdf. Acesso em: 26 ago. 2020.
MACEDO, I. O.; CAMPOS, A. F. C. Discussão da técnica de visualização 
térmica de impressões digitais em suportes metálicos. Disponível em: 
http://www.cpgls.pucgoias.edu.br/6mostra/artigos/SAUDE/IZABELA%20
DE%20OLIVEIRA%20MACEDO.pdf. Acesso em: 26 ago. 2020.
Além da revelação de impressões digitais através de diversas técnicas, empregadas para as diferentes 
superfícies, atualmente vários trabalhos científicos demonstram a possibilidade da extração de material 
genético das impressões digitais para a realização de exame de DNA.
Apesar de haver controvérsias sobre sua aplicabilidade pelos estudiosos, a estimativa da idade da 
impressão digital (verificação do tempo em que ocorreu o fato) também pode ser feita pelas características 
físicas da imagem que se deterioram. Com o tempo, o decalque das impressões digitais em superfícies 
começa a evidenciar as cristas papilares espalhadas, diminuindo os sulcos e deixando os contornos mal 
definidos. Essa distorção depende de vários fatores, como variação pessoal, concentração de substâncias 
orgânicas e inorgânicas, estresse, predisposição metabólica, dieta e idade, além de fatores ambientais. 
Mais recentemente, a partir de um trabalho científico, foi possível a datação de uma impressão digital 
através da eletrização, uma vez que o decaimento da carga elétrica superficial é mensurável.
 
Figura 75 – Impressões digitais reveladas dentro de medidores de energia elétrica
127
BIOMEDICINA FORENSE
 Lembrete
Papiloscopia ou datiloscopia é a área da criminalística que estuda as 
impressões formadas principalmente pelas projeções da pele nos dedos, 
denominadas digitais, que são únicas para cada indivíduo, mesmo no 
caso de gêmeos monozigóticos. Além da revelação de impressões digitais 
através das diversas técnicas, atualmente existe a possibilidade da 
extração de material genético das impressões digitais para a realização 
do exame de DNA.
Exemplo de aplicação
A papiloscopia poderia ser empregada em todos os casos de repercussão que estão sendo abordados 
como exemplos de aplicação.
No caso de Isabella Nardoni, a papiloscopia poderia verificar e identificar as impressões digitais 
deixadas pelas manchas de sangue na maçaneta da porta de entrada do apartamento, na tesoura e faca 
utilizadas para cortar a tela de proteção, no lençol da cama onde foi observado um decalque de sangue 
da mão da vítima, entre outros lugares relacionados de forma direta e indireta ao caso.
No caso de Elisa Samudio, a impressão digital da vítima, bem como as dos comparsas do crime, 
poderia ser observada no apartamento, no veículo Land Rover e na casa do sítio do acusado Bruno.
Já no caso do zelador Jezi, poderiam ser verificadas impressões digitais do acusado Eduardo no 
serrote e em outros instrumentos utilizados no desmembramento do corpo, além das digitais da própria 
vítima no interior do apartamento onde aconteceram os fatos.
A presença de todas essas impressões digitais nas diferentes superfícies poderia ter sido evidenciada 
pela aplicação de técnicas específicas, as quais podem ser executadas por biomédicos que atuam na 
área papiloscópica.
5.3 Medicina veterinária forense
É a área de estudo que relaciona a saúde animal no âmbito penal, civil, trabalhista, administrativo, 
entre outros. Através de conhecimentos científicos, a medicina veterinária forense analisa o bem-estar 
animal (avaliação da dor, desconforto e estresse), a identificação de animais silvestres (verificação da 
origem, história de vida e morte), a segurança alimentar (fraudes alimentares e doenças transmitidas 
por alimentos de origem animal, inspeção sanitária no abate), além de realizar a patologia veterinária 
para determinação de causa, tempo e circunstâncias da morte.
128
Unidade II
Quando acionado para verificar e tipificar o crime de maus-tratos de animais, em um primeiro 
momento o perito veterinário analisa o local de criação (espaço inadequado, sujidade e baixa luminosidade 
do local, infestação de insetos e/ou roedores, privação de alimento e água, umidade e calor excessivo do 
local, além da observação da presença de equipamentos de caça e outros, como de choque elétrico) e, 
em seguida, através do exame clínico, observa o aspecto geral do animal (porte atípico, arranchamento 
de penas e pelos etc.) e seu comportamento (acuado ou agitado).
No exame clínico, o veterinário forense pode diagnosticar sintomas de desidratação, diversas 
lesões, como as de pele e as ortopédicas, aumento de temperatura, elevação da frequência cardíaca 
e respiratória, indicando maus-tratos. Adicionalmente, o perito veterinário pode utilizar análises 
laboratoriais complementares (toxicológicas, parasitológicas, microbiológicas e patológicas).
Ainda nessa vertente, o veterinário forense verifica procedimentos e métodos empregados na 
eutanásia de animais para que não caracterize tecnicamente maus-tratos e, consequentemente, crime. 
A eutanásia é preconizada nos seguintes casos: quando o animal estiver com dor, estresse e sofrimento 
e que não tenha nenhum tratamento que possa aliviar tais sintomas; quando o animal representar uma 
ameaça à saúde pública e de outros animais; ou quando o animal for material de estudo e pesquisa.
Outra situação analisada pelos peritos veterinários é o abate humanitário, que estabelece 
procedimentos técnicos desde o embarque do animal na propriedade rural até o momento da morte 
nos frigoríficos. Os animais de corte devem ser inicialmente insensibilizados e depois mortos de forma 
indolor, para que não configure maus-tratos.
Figura 76 – Insensibilização de um suíno – procedimento técnico previsto para o abate humanitário de animais de açougue
A perícia de animais silvestres inicia-se com a identificação da espécie, pois a legislação brasileira 
imputa diferentes penas em relação a animais domésticos e/ou exóticos e os ameaçados de extinção. Para 
a identificação do animal, primeiramente é feito o estudo morfológico (forma, tamanho, cor, aspectos 
da plumagem ou pelagem e algumas particularidades anatômicas). Esse estudo é realizado em animais 
vivos e mortos, carcaças, ovos, peles, pelos, penas, entre outros, e se baseia em fontes bibliográficas 
especializadas, podendo utilizar também instrumentos de medição, pesagem, ampliação e iluminação 
quando necessário. Ainda, a identificação do animal pode ser realizada através da vocalização (cantos 
de aves, rugidos, entre outros sons emitidos por eles).
129
BIOMEDICINA FORENSE
A
C
B
Figura 77 – (A) Complexidade da identificação morfológica em face da grande diversidade da fauna silvestre e exótica. 
(B) Objeto confeccionado com partes animais exigem conhecimento técnico especializado para a identificação das 
espécies envolvidas. (C) A identificação de ovos de aves silvestres ganha cada vez mais importância forense
Atualmente, para identificação da espécie animal de forma inequívoca são empregadas as análises 
de DNA, principalmente em casos de identificação morfológica inconclusiva de ovos e carcaças ou 
fragmentos de corpos de animais que muitas vezes podem se assemelhar e passar por animais domésticos 
(alegação da defesa de acusados de crimesambientais). Os ovos são amplamente traficados devido à 
facilidade de acondicionamento e transporte e por terem menor visibilidade durante o processo de 
fiscalização em fronteiras e aeroportos.
A análise de DNA também é uma ferramenta determinante na verificação e rastreamento da 
ancestralidade de animais, principalmente nos casos em que criadores de animais silvestres mantêm os 
exemplares (matrizes) de forma ilegal, oriundas do tráfico.
130
Unidade II
Figura 78 – Técnica de venipunção jugular aplicada em exemplar de Ara ararauna 
(Arara-canindé) com fins de investigação de ancestralidade
Já na área de segurança alimentar, o médico veterinário atua desde a produção e industrialização dos 
alimentos (controle de qualidade) até a fiscalização e investigação criminal. Os alimentos de origem animal 
são os mais investigados, uma vez que representam os principais veiculadores de doenças, como as 
intoxicações alimentares bacterianas. Além desses riscos biológicos, existem os riscos químicos, como 
uso de conservantes proibidos, adulterantes, fármacos e resíduos de processos industriais, e os riscos 
físicos (resíduos sólidos).
Nesse contexto, o perito veterinário atua investigando possíveis contaminações nas instalações e 
nos processos produtivos e adulterações através de análises laboratoriais preconizadas para avaliação da 
idoneidade e inocuidade, evitando, dessa forma, irregularidades e fraudes.
 Observação
Diz-se inócuo aquilo que não causa dano à saúde humana.
A patologia veterinária é considerada uma ferramenta crucial na apuração de crimes de 
maus-tratos, envenenamento e morte de animais. Através da necropsia o perito veterinário 
pode determinar a causa, o tempo e as circunstâncias da morte, observando e evidenciando 
alterações macro e microscópicas de órgãos, tecidos e células. Ainda, o exame cadavérico pode 
ser complementado com algumas análises laboratoriais, como as toxicológicas, histopatológicas, 
citopatológicas, microbiológicas, entre outras.
131
BIOMEDICINA FORENSE
CB
A
D E F
Figura 79 – (A) Aspecto geral do animal, evidenciando lesões ao longo da lateral do corpo, sobretudo na face. (B) Lesões cutâneas à 
direita do corpo do animal. (C) Detalhe da lesão no membro anterior direito. (D) Hemorragia subcutânea na região da lesão. 
(E) Porção da traqueia e brônquios evidenciando transudato. (F) Fotomicrografia de pulmão evidenciando sinais de congestão e edema
Com o exposto, observa-se a importância da medicina veterinária forense na revelação da verdade 
científica para a materialização de delitos e para a elucidação de crimes contra os animais.
5.4 Perícia audiovisual forense
Atualmente, a maioria do conteúdo investigativo policial consiste em registros de áudio, produzidos 
por interceptações telefônicas e por gravações de áudio ambiental, e de imagens, reproduzidas por 
tomadas de imagens ou fotografias em campo ou por equipamentos de vigilância (câmera de circuito 
fechado de TV). Para que tais conteúdos sejam inseridos como provas materiais nos inquéritos policiais 
e nos processos judiciais, é necessária a descrição de um laudo pericial com todos os aspectos técnicos 
observados na execução das análises.
5.4.1 Divisão das análises audiovisuais
As análises periciais em conteúdo audiovisual devem ser feitas nas mídias originais (primeiro 
registro do evento), pois cópias e reproduções podem apresentar alterações no formato original, serem 
adicionadas de degradações e elementos que mascarem indicativos de edição, dificultando a detecção 
de alguns elementos significativos e, consequentemente, a conclusão da perícia.
Tais análises podem ser divididas em: comparação fonte/origem, análise de conteúdo e 
verificação de edição.
132
Unidade II
Comparação fonte/origem
São exames comparativos entre o vestígio questionado de um crime com um material padrão que 
o produziu (indivíduo ou objeto). Destacam-se nas análises audiovisuais a comparação do locutor, a 
comparação facial e a comparação de indivíduos ou objetos por imagens. As conclusões dos exames 
comparativos audiovisuais são baseadas na experiência prévia do perito criminal, e não em critérios 
científicos mensuráveis. Assim, a comunidade forense vem aceitando a apresentação dos resultados 
desses exames audiovisuais em uma escala de grandeza através do cálculo da razão de verossimilhança 
(likelihood ratio – LR), que determina por probabilidade matemática o envolvimento ou não de um 
indivíduo a um crime.
O exame comparativo de registros de áudio e imagem (vestígio) de um crime com um determinado 
suspeito locutor (padrão) consiste em extrair dos registros questionados características específicas através 
das análises acústicas (avaliação da composição dos formantes – fonemas vocálicos característicos 
da anatomia do trato vocal do falante) e articulatórias (observação dos sons produzidos pela fala – 
características regionais e sociais, produção de fonemas particulares e a existência de características 
conversacionais ou de patologias específicas) que possam materializar e individualizar o crime. 
Dessa forma, os peritos fonoaudiólogos elaboram roteiros para o procedimento de coleta da voz do 
locutor (suspeito), dividindo-o em períodos de fala espontânea e de leitura de textos previamente 
descritos. Essa coleta de voz deve ter uma boa qualidade e quantidade, além de apresentar um lapso 
temporal curto entre o fato e a perícia. Atualmente, existem sistemas de reconhecimento automático 
de fala (FASR – Forensic Automatic Speaker Recognition) utilizado como ferramenta de apoio na 
comparação de locutor.
A comparação facial e a comparação de indivíduos ou objetos por imagem para fins forenses 
compreendem uma análise preliminar das imagens, observação de parâmetros da imagem investigada, 
coleta consentida do suspeito (padrão de comparação), observação de parâmetros do padrão de imagem 
coletado e conclusão. Esse tipo de análise se torna inconclusiva quando se tem uma baixa qualidade 
das imagens devido à distância do indivíduo ou objeto em relação a câmera (variação de detalhes 
perceptíveis), a luminosidade do local, a resolução da câmera, o tipo de lente, entre outros fatores.
No exame de comparação facial é observada a anatomia facial do indivíduo presente na imagem 
investigada com uma fotografia dele (padrão), a fim de traçar algumas características biométricas da face 
através de técnicas de processamento digital de imagem, fotogrametria e antropometria craniofacial.
133
BIOMEDICINA FORENSE
Imagem 1 captada a uma distância adequada 
da câmera
Trecho da imagem 1 recortado e 
ampliado: podem ser vistos diversos 
detalhes da face da pessoa
Imagem 2 captada a uma distância excessiva 
da câmera
Trecho da imagem 2 recortado e 
ampliado: vários detalhes e características 
potencialmente identificadoras são perdidos
Figura 80 – Efeitos da captação de imagens em diferentes distâncias
Figura 81 – Estimativa da altura de um suspeito a partir de imagens utilizando-se técnicas de fotogrametria
 Observação
Fotogrametria é a técnica que utiliza medições obtidas a partir de 
fotografias ou imagens digitais para definir e estudar dimensões, formas e 
posições de objetos no espaço.
134
Unidade II
Análise de conteúdo
Nessa análise, o perito deve elucidar dúvidas inerentes ao conteúdo dos registros audiovisuais 
gravados, como falas inteligíveis, e desmascarar eventos do fato encobertos pela presença de ruídos; 
retratar a dinâmica dos fatos e elementos específicos de interesse, como a placa de um veículo, a 
estatura estimada do suspeito, entre outros, através de técnicas de filtragem e tratamento digital de 
imagens. Também na análise de conteúdo, principalmente de áudio, cabe ao perito fazer a transcrição 
fonográfica literal dos diálogos, ou seja, descrever e interpretar o conteúdo gravado.
Verificação de edição
Tem como finalidade verificar e detectar a existência de edições ou alterações (inserção, subtração 
ou remanejamento) no conteúdo dos registros audiovisuais atravésde técnicas de processamento 
digital. As principais ferramentas utilizadas na verificação de edição audiovisual são: softwares editores 
de áudio (Audacity, Sony Vegas, Adobe Audition, Cool Edit Pro, Praat, entre outros), que possibilitam 
caracterizar o sinal dos domínios de tempo e frequência de onda (espectrograma), identificar a existência 
de elementos indicativos de edições ou alterações e suprir ruídos ou melhorar a inteligibilidade de 
determinados trechos da gravação (filtros digitais); além de sistemas de reconhecimento biométrico 
por voz (voice fingerprint) utilizados nos exames de comparação de locutor, sendo os principais: FASR/
Batvox – Agnitio, Vocalise – Oxford Waver Research, ALIZE – SpkDet, entre outros. Já para as análises 
de imagens (fotografias e vídeos), utilizam-se os softwares ImageJ, Adobe Photoshop e o Gimp, os 
quais identificam a presença de edições e melhoram a qualidade da imagem através de filtros. Outros 
softwares como VirtualDub, Adobe Premiere, Vegas Video, Apple Final Cut e Avid Media Composer, 
além de realizarem as duas funcionalidades descritas, separam os fluxos de áudio e vídeo para a análise 
individualizada. Ainda, existem softwares (WinHex, Streameye e DeFraser) capazes de verificar detalhes 
sobre o equipamento utilizado para codificar o material audiovisual, obter informações de data e hora da 
gravação, indicar elementos sugestivos de processo de recodificação no material, bem como recompor 
e recuperar conteúdo de material audiovisual corrompido ou parcialmente apagado.
A
C
B
D
Figura 82 – (A) Interface do software Audacity. (B) Interface do software Praat. 
(C) Interface do software ImageJ. (D) Interface do software VirtualDub
135
BIOMEDICINA FORENSE
Exemplo de aplicação
No caso do zelador Jezi, as imagens registradas pelas câmeras de segurança do edifício onde trabalhava 
mostram que no dia de seu desaparecimento, por voltas das 16h, Jezi entregou correspondência no 
apartamento do suspeito Eduardo, o qual já teria tido algumas desavenças com o zelador, descobertas 
em depoimento. Ainda, no mesmo dia, o suspeito aparece nas imagens das câmeras de segurança saindo 
do edifício com uma mala grande de viagem. Tais vestígios foram cruciais para ligar o crime de homicídio 
ao acusado Eduardo, evidenciando, dessa forma, a aplicabilidade da perícia audiovisual forense como 
auxílio na elucidação de um crime.
5.5 Psicologia e psiquiatria forense
A psicologia e a psiquiatria forense atuam de forma determinante no tocante jurídico-penal 
quando se faz necessária a compreensão multifatorial de um crime, ou seja, se o discernimento ou 
autocontrole do criminoso tinha sido prejudicado por algum problema mental que interferisse na sua 
conduta (entendimento da ilicitude do fato) ou se o comportamento delituoso foi resultante apenas 
de motivações subjacentes, sendo observações importantes para a caracterização ou exclusão da 
culpabilidade do indivíduo diante de um crime ou do período de reclusão (redução da pena).
Assim, a psicologia e a psiquiatria forense têm como objetivo identificar as circunstâncias que 
levaram o indivíduo ao crime e o seu histórico de comportamentos anteriores. Além disso, têm como 
foco de atuação a mediação de casais em litígio e a prevenção e tratamento de vítimas de violência 
doméstica e/ou sexual.
Na esfera criminal, as perícias relacionadas a psicologia e psiquiatria forense podem ser solicitadas 
na fase investigativa, processual e de execução, sempre que houver dúvidas sobre a integridade ou 
saúde mental do acusado. Tais perícias devem adotar o sistema biopsicológico (estudo dos aspectos 
biológico e psicológico), o qual, além de atestar enfermidade, evidencia a manifestação da patologia 
no momento do crime. E, ainda, verificar algumas condições que possam influenciar o comportamento 
delituoso, como o uso de substâncias psicoativas (álcool e drogas ilícitas), a modificação no desempenho 
da funcionalidade do cérebro (sensopercepção, atenção, concentração, memória, sentimentos, emoções, 
coordenação motora, nível intelectual, entre outros) e a impulsividade.
A perícia psicológica analisa a personalidade, o nível intelectual, as características psicosensoriais 
e afetivas e faz uma avaliação neuropsicológica, a fim de entender e não julgar o ocorrido. Após 
concluídas as análises, o perito confecciona um laudo ou parecer para a autoridade solicitante. Já a 
perícia psiquiátrica segue a conduta de uma consulta clínica, porém com o objetivo de produzir uma 
forma de prova judicial, figurada no laudo.
Atualmente, outra análise relacionada a psicologia e psiquiatria forense que vem ganhando espaço na 
criminalística, principalmente nos casos de homicídios, é a caracterização do perfil criminal do suspeito 
como forma de complementar e até mesmo elucidar casos investigativos da polícia e/ou como insight 
da personalidade do criminoso, contribuindo nos trabalhos de acusação e defesa nos tribunais. Para 
136
Unidade II
tal análise é preciso conhecer a dinâmica psicológica e comportamental humana, o modus operandi 
(planejamento do criminoso em assegurar o sucesso do crime, proteger sua identidade e garantir sua 
fuga), a possível motivação para o crime e o comportamento físico e/ou sexual tanto do criminoso como 
da vítima escolhida; além disso, é necessária a verificação de marcas pessoais do criminoso (assinatura 
do crime), se elas se mantêm ou são similares a cada crime, como o local dos fatos ser o mesmo do 
despojo da vítima.
A análise de caracterização do perfil criminal tem sido amplamente utilizada como ferramenta 
essencial na elucidação dos crimes em série, os quais são praticados na maioria das vezes por criminosos 
que apresentam alguma psicopatologia, e também nos crimes sem motivação aparente. Tal análise 
auxilia nas investigações policiais, diminuindo a amostragem de suspeitos e gerando estratégias de ação 
contra novos crimes e métodos de interrogatório mais eficientes.
5.6 Engenharia forense
A engenharia forense surgiu da necessidade de periciar e avaliar, através da medição e demarcação, 
as terras em conflitos (disputas pela propriedade e posse da terra). A partir de então, a engenharia 
forense começou a ser utilizada para elucidar algumas questões pertinentes aos objetos correlatos 
na engenharia, como projetos, redes, sistemas, obras e equipamentos, e encontrar as possíveis causas 
associadas a acidentes, crimes e eventos catastróficos oriundos do emprego de ações que transformassem 
a natureza, visando a busca de uma infraestrutura adequada aos propósitos humanos.
Atualmente, para caracterizar as provas periciais envolvendo a matéria técnica nas diferentes 
engenharias, compete aos engenheiros civis, industriais, mecânicos, eletricistas, de minas, agrônomos, 
aeronáuticos, cartográficos, florestais e navais o esclarecimento de questões tanto na esfera 
civil como na penal.
Os principais exames solicitados na engenharia forense são:
•	 exame documental de obra de engenharia relacionados a licitação, projetos e orçamentos;
•	 exame de obra de engenharia para avaliação de custos e qualidade (edificação, estrada, barragem etc.).
Os dois exames mencionados são realizados, principalmente, para compreender a alocação de 
recursos públicos em obras municipais, estaduais e federais quando há suspeita de desvios monetários. 
Para isso, deve-se verificar e assegurar através de documentos, do plano de trabalho, do projeto básico, 
do termo de convênio, da planilha orçamentária e do processo licitatório, a viabilidade técnica e os 
impactos ambientais do empreendimento, além de avaliar os custos da obra e definir os métodos e 
prazos de execução.
Na maioria das vezes, esses exames demandam do perito engenheiro um árduo trabalho de pesquisa, 
com análise de custos e cálculos para descrever de forma minuciosa a possibilidade de desvios de 
recursos públicos na obra proposta.
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BIOMEDICINA FORENSE
C
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B
E
A
D
Figura 83 – (A) Desabamento de trecho da ciclovia Tim Maia, no Riode Janeiro/RJ, em 2016. (B) Desabamento do Edifício 
Palace II, no Rio de Janeiro/RJ, em 1998. (C) Cenário devastado após o rompimento da barragem do Fundão, em 
Mariana/MG, em 2015. (D) Desabamento de parte de viaduto em construção em Fortaleza/CE, em 2016. 
(E) Matadouro público vistoriado: ausência de revestimento externo nas paredes. (F) Visão interna do 
matadouro público vistoriado: execução de piso diferentemente do originalmente previsto
Na história da humanidade, alguns acidentes grandiosos ficaram registrados na memória coletiva 
como verdadeiros desastres/tragédias, descritos no quadro a seguir.
Quadro 4 – Sinistros de grande repercussão envolvendo vítimas no mundo
Natureza Evento Ano
Náutica Naufrágio do Titanic (Oceano Atlântico) 1912
Química Vazamento de gás na fábrica da Union Carbide (Índia) 1984
Aeroespacial Explosão do ônibus espacial Challenger (EUA) 1986
Nuclear Explosão de reator na usina de Chernobyl (Ucrânia) 1986
Estrutural Colapso do World Trade Center (EUA) 2001
Adaptado de: Velho, Geiser, Espindula (2017, p. 323).
Segundo sua origem, tais desastres ou tragédias são classificados como acidentais, naturais ou 
intencionais. Os acidentais se caracterizam como ocorrências involuntárias quando causados pela ação 
do homem, como colisões, desabamentos, explosões etc. Como exemplo de desastres/tragédias naturais 
temos os terremotos, que na maioria das vezes provocam desabamentos de edificações, sendo necessário 
verificar se tais edifícios, quando construídos, obedeceram às normas vigentes de prevenção de eventos 
sísmicos de grande magnitude. Já as tragédias ou desastres intencionais podem ser representados pelos 
atentados terroristas, como a queda das torres do World Trade Center, sendo que, nesse caso, os peritos 
engenheiros verificaram o comportamento da estrutura dos edifícios após o choque das aeronaves.
138
Unidade II
Exemplo de aplicação 
Agora que você já sabe que os desastres ou tragédias podem ser classificados como acidentais, 
naturais ou intencionais, de acordo com sua origem, que tal fazer uma pesquisa a respeito dos mais 
frequentemente encontrados e das consequências associadas?
Assim, para todos os casos de grandes acidentes (sinistros) em que se verificam não apenas prejuízos 
financeiros, mas também envolvem lesão corporal ou morte de vítimas em decorrência do fato, é 
obrigatória e prioritária a convocação da perícia criminal (perito oficial). Esse perito irá caracterizar o 
sinistro, determinando as causas e os responsáveis através de investigações árduas e minuciosas, sejam 
em obras de engenharia, máquinas e/ou equipamentos periciados.
As investigações consideram vários aspectos, a saber:
•	 sinistros envolvendo obra de engenharia (acidente do trabalho etc.);
•	 levantamento em local de acidente envolvendo máquinas, equipamentos e veículos;
•	 levantamento em local de desabamento;
•	 levantamento em local de desmoronamento;
•	 levantamento em local de inundação;
•	 constatação de ligação clandestina de serviços, como energia elétrica, água, linha telefônica, TV 
a cabo (por se tratar de uma conduta criminosa, é necessária a realização de exame pericial para 
identificação da fraude referente às ligações clandestinas de serviços pelo usuário. Muitas vezes, 
tal perícia é acompanhada por um representante da concessionária do serviço para disponibilizar 
o acesso ao material de investigação ou, ainda, autorizar sua retirada para a realização de exames 
em laboratório a fim de materializar o crime);
•	 levantamento em local de esbulho possessório;
•	 levantamento em local de parcelamento e loteamento irregular;
•	 demarcação de terras (em situações de invasão de propriedade, esbulho possessório ou parcelamento 
e loteamento irregular, a perícia realiza aferição da área investigada, buscando verificar seus 
limites legais, pela aplicação dos seus conhecimentos de topografia e georreferenciamento);
•	 exame de constatação de danos ao patrimônio histórico, artístico e cultural (a constatação pelo 
perito de danos ao patrimônio histórico, artístico e cultural está diretamente relacionada às obras 
de engenharia – edificações, monumentos etc. – que tenham sofrido alguma alteração em suas 
139
BIOMEDICINA FORENSE
características construtivas, tipológicas, estruturais e dimensionais originais ou, ainda, a verificação 
da utilização de materiais e componentes inadequados em caso de reformas ou restauração.
•	 constatação de emissão de fumaça, gás ou vapor;
•	 avaliação de bens – imóveis, empreendimentos, máquinas e equipamentos (nos casos de avaliação 
de bens, o perito determina o método mais adequado a ser aplicado de acordo com a especificidade 
do objeto periciado; quando se tratar de imóveis, deve-se levar em consideração a área construída, 
localização, benfeitorias, disponibilidade de serviços, acessos viários, entre outras e, em relação 
a máquinas e equipamentos, verifica-se o fabricante, depreciação, estado de conservação, entre 
outras características relevantes).
Atualmente, a demanda de solicitações de perícias da engenharia forense vem aumentando 
gradativamente no tocante à criminalística e ganhando novas perspectivas em relação à aplicabilidade 
de uma variedade de exames que possam propiciar uma celeridade no judiciário, além da apresentação 
de provas cada vez mais irrefutáveis para a materialização do crime. Dessa maneira, a engenharia forense 
vem constantemente aprimorando métodos de análise já existentes, além de se observar o surgimento 
de outros, aliados ao avanço tecnológicos, como o receptor GPS diferencial (precisão centimétrica), 
o ground penetrating radar (GPR), o scanner 3-D, a microscopia eletrônica de varredura (MEV) para 
inspeção e análise de superfícies fraturadas através da ampliação e resolução de imagens, o drone 
(para filmar e fotografar áreas de difícil acesso, fornecendo localização geográfica e gerando pontos 
georreferenciais com extrema precisão e passíveis de modelação em computador), entre outros.
Com todos esses avanços, a engenharia forense vem conquistando credibilidade e poder de 
convencimento por parte das autoridades competentes e da sociedade.
 Observação
Esbulho refere-se à perda da posse de um bem, independentemente de a 
pessoa ser proprietária ou possuidora, devido à tomada forçada por terceiros.
5.7 Informática forense
Atualmente, os computadores, na maioria das vezes, encontram-se embutidos em outros dispositivos, 
sendo utilizados como meio e/ou alvo da prática de crimes. Ainda, o uso de redes de comunicação 
(internet) para a entrada e saída de dados colabora para que ocorram crimes virtuais ou cibercrimes como 
propagação de imagens de pornografia infantil, disseminação de códigos maliciosos, acesso a dados em 
sistemas computacionais sem a devida autorização, entre outros, uma vez que usuários inautênticos 
podem solicitar a realização de operações em nome de outros a distância, com os resultados dessas 
operações ilegais sendo enviados a usuários remotos. Dessa forma, a informática forense tem como 
intuito encontrar, analisar e apresentar os resultados de análises feitas em dispositivos computacionais 
em busca de evidências que apontem a autoria e materializem o crime.
140
Unidade II
A realização de perícia em dispositivos computacionais é um grande desafio aos peritos devido à 
fragilidade física na manipulação desses equipamentos, desde a coleta até a apresentação da análise, 
e à possibilidade de destruição das evidências e na inserção de vestígios forjados por indivíduos com 
expertise na área de informática.
Para uma melhor compreensão de crimes virtuais, observe o quadro a seguir.
Quadro 5 – Associação entre crimes no mundo real e virtual
Mundo real Mundo virtual
Violação de domicílio: entrar numa edificação sem 
a devida autorização
Hacking: invasão de um computador ou rede sem a 
devida autorização
Extorsão: uso ilegal da força, posição ou autoridade 
para conseguir vantagens
Extorsão na internet: invadir um sistema e exigirdinheiro 
ou vantagens para devolver o controle e/ou dados furtados
Estelionato: obter vantagem ilícita induzindo ou 
mantendo alguém em erro
Fraude na internet: usar a internet para realizar transações 
ou criar relações, sem oferecer a contrapartida devida
Roubo de identidade: atribuir-se falsa identidade 
para obter vantagem
Roubo de identidade: obter informações de identidade, 
passando-se por terceiro através de ardil usando 
computadores
Exploração de menores: pedofilia, abuso ou 
pornografia infantil
Exploração de menores: uso de computadores e internet 
para facilitar a exploração de menores
Fonte: Velho, Geiser, Espindula (2017, p. 356).
Quando o crime envolve computador, sem a internet como recurso, os peritos analisam a máquina 
suspeita (disco rígido, laptops, câmara fotográfica digital e filmadora, console de games, GPS, telefone 
celular, assistente pessoal portátil – smartphone, impressora, equipamento de fac-simile, modem 3G 
com memória, tocadores de MP3 etc.) e eventuais dispositivos de memória portáteis (disco rígido 
externo, cartão de memória, mídia renovável – CD, DVD, disquete, pendrive). Já quando o crime ocorre 
pela utilização de computador com internet, os peritos verificam o endereço IP (internet protocol) da 
máquina de onde partiu ou para onde foi destinado o comando ou os dados da investigação, sendo 
que na maioria das vezes é necessário um mandato judicial para que o mantenedor do servidor forneça 
informações a respeito.
Em situações de busca e apreensão de dispositivos eletrônicos e computacionais, a arrecadação 
desses objetos para fins de elucidação de um crime deve seguir alguns cuidados, como o manuseio físico 
do equipamento, a perfeita acomodação e lacração, a vinculação do item a documentos que formalizem 
o processo e a garantia de que o conteúdo armazenado nos dispositivos possa ser validado.
Quando o equipamento apreendido pelos investigadores da polícia se tratar de disco rígido de 
computador, a arrecadação deve obedecer a alguns critérios, como:
•	 fotografar o microcomputador e seus periféricos;
•	 enumerar os principais itens que formam o microcomputador;
141
BIOMEDICINA FORENSE
•	 especificar as relações do microcomputador com seus periféricos e enumerar os elementos de 
conexão utilizados;
•	 especificar as informações de tempo constantes no BIOS (basic input output system) e confrontá-las 
com o momento atual;
•	 remover o disco rígido, registrando as conexões do disco à placa-mãe;
•	 solicitar ao responsável pelo sistema as senhas de BIOS, sistema operacional e sistema aplicativo;
•	 executar o cálculo do número verificador de integridade (resumo de todos os dados constantes 
em um dispositivo) através de equipamentos (Tableau TD3 e UFED Touch Ultimate) que também 
realizam uma cópia integral de dados de um dispositivo para outro;
•	 consignar todas as informações em documento de arrecadação, identificando o responsável pelas 
atividades realizadas.
5.7.1 Exames periciais em informática forense
Após a arrecadação dos dispositivos é feita a autenticação (verificação da integridade física e lógica) 
pelos peritos e, em seguida, a análise propriamente dita. Para a fase de análise é essencial que os peritos 
façam a duplicação (cópia) integral bit a bit dos dispositivos de armazenamento, mantendo o original 
intacto. Caso necessário, nessa cópia os peritos recuperam dados, identificam, transplantam e liberam 
os sistemas operacionais.
Os principais exames periciais realizados em informática forense são descritos a seguir.
Análise em dispositivos de mídia de armazenamento computacional
Consiste em recuperar dados apagados e/ou ocultados e buscar por palavras selecionadas (chaves) 
para a elucidação do caso.
Análise de adulteração de dados e tempo de um sistema computacional
Determina se as informações temporais presentes em uma mídia de armazenamento 
correspondem à realidade.
Análise de registros de acesso a dados de um sistema computacional
Análise da sistemática de registros de acessos adotada pelo sistema (operacional ou aplicativo) a fim 
de verificar o acesso, o cadastramento e/ou modificação em um determinado tempo.
142
Unidade II
Análise de crimes relacionados à internet
Essa análise se divide em três tipos:
•	 Análise de sítio de internet: consiste em rastrear todos os hiperlinks de uma página através da 
recuperação de um sítio para a materialização e navegação off-line. São exemplos divulgação 
de material proibido, propaganda enganosa, difamação e calúnia (ponto focal de redes sociais 
Instagram e Facebook), entre outras situações.
•	 Troca ilícita de informação usando a internet: atualmente, a internet, por ser a principal fonte 
de troca de informações, viabiliza também a divulgação de conteúdos ilícitos, como a troca de 
imagens e vídeos sexuais de crianças e adolescentes, materiais protegidos por direitos autorais 
(softwares de músicas e filmes) através das redes peer-to-peer (eDonkey2000, GnuTella e KazaA), 
usando programas (e-Mule etc.) e baseados em arquivos torrents. Para a elucidação desse tipo 
de crime, os peritos buscam pelo IP que está oferecendo tais arquivos (filmes e vídeos sexuais, 
materiais protegidos), bem como identifica o IP e o provedor de internet detentor desse IP.
•	 Análise de conversação usando internet: os programas de comunicação instantânea 
(MSN, Skype, Yahoo!, Messenger, WhatsApp, Telegram) correspondem aos principais meios de 
conversação entre pessoas atualmente e, portanto, são ferramentas muito úteis para descoberta 
e certificação de alguns tipos de crimes (tráfico de drogas, assassinatos, pedofilia etc.). Lista de 
contatos, gravação voluntária de conversações, lista de chamadas e mensagens trocadas podem 
ser analisadas. O programa WMM é utilizado pelos peritos criminais para a verificação de crimes 
praticados com o suporte de programas de comunicação na internet.
Análise de sistemas de informação
Nesse tipo de análise o perito deve estabelecer o funcionamento do sistema, que depende de 
informações obtidas na fase de arrecadação, verificar o registro de conexões do equipamento com 
outros, a arquitetura do sistema de informação (stand-alone, cliente-server), a dependência de hardware 
específico para execução, entre outras características. Portanto, nesses casos cabe ao perito:
•	 estabelecer o funcionamento do sistema em um ambiente controlado;
•	 liberar proteções e senhas que o sistema eventualmente possua;
•	 identificar as políticas de acesso;
•	 identificar os mecanismos de registro de ocorrências que o sistema implementa;
•	 reconstruir um processo de instalação do sistema se o original não estiver disponível;
•	 estabelecer um procedimento para que outros peritos possam instalar e executar o sistema por 
seus próprios meios para a realização de exames finais.
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BIOMEDICINA FORENSE
Fraude bancária via internet
Nos dias atuais, devido à realização de diferentes transações bancárias on-line, há um aumento das 
tentativas de fraudes, as quais consistem na obtenção do número da conta-corrente e da respectiva 
senha, para posterior execução de saques de contas de terceiros com cartão falso, transferência de 
valores para conta de laranjas e pagamento de contas e compras com dados usados como cartão 
de débito. O procedimento utilizado pelo criminoso para furtar senhas bancárias, conhecido por 
phishing scam, é induzir o usuário a acessar um hiperlink que contenha e instale um programa espião 
em sua máquina que, quando identifica a interação do usuário com um sítio de instituição bancária, 
captura a conta e a senha, enviando-as automaticamente para o e-mail do criminoso.
Nesses casos, em um primeiro momento a perícia visa determinar quem é o participante da 
conversação ou o responsável pelo envio de e-mails maliciosos ou falsas mensagens que induzam a 
vítima a instalar o programa espião. Tal procedimento pode não ser efetivo devido ao e-mail enviado 
ou à conversação ter acontecido da máquina de um terceiro que já esteja infectada

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