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Cibercultura e Redes Interativas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Rosângela Paulino de Oliveira Revisão Textual: Prof. Esp. Luciano Vieira Francisco Implicações da Cibercultura • Introdução; • Hipertextos, Multimídia e Hipermídia; • Desenvolvimento Colaborativo de Conteúdos; • Redes Sociais e Comunidades Virtuais na Internet; • Mídias Sociais e a Revolução no Comportamento. · Aprofundar o conhecimento sobre as novas mídias, suas múltiplas linguagens e suas interfaces tecnológicas. OBJETIVO DE APRENDIZADO Implicações da Cibercultura Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Implicações da Cibercultura Introdução O fato de utilizarmos a internet há anos não significa que dominamos plena- mente todos os seus códigos e as suas siglas. Aliás, isso é muito difícil porque volta e meia surge algo novo. Termos como hipertexto, hiperlink, hipermídia, multimí- dia etc., estão à nossa frente durante todo o nosso tempo de navegação e mesmo fora deste. Podemos até confundir alguns devido à sua semelhança. E, apesar de muitos saberem como funcionam, não compreendem de verdade o significado des- ses termos tão comuns aos internautas. Importante! E você, sabe? Então, para esclarecer um pouco das tramas desse universo cibernético, exploraremos um pouco mais sobre essas terminologias. Trocando ideias... 8 9 Hipertextos, Multimídia e Hipermídia Figura 1 Fonte: iStock/Getty Images O termo hipertexto foi criado por Ted Nelson, então estudante da Univer- sidade de Harvard, Estados Unidos, em 1960, quando desenvolvia um projeto de Pós-Graduação. Levando em conta a sua experiência como escritor, Nelson tentou solucionar o dilema que todo escritor enfrenta, o de colocar a sua história em sequências lineares. Sequência linear dá a ideia de continuidade, de sentido direto. Ex pl or Daí que surgiu a ideia de criar um mecanismo que pudesse levar o leitor para ou- tra página onde conseguisse aprofundar o conhecimento sobre um termo, traduzir alguma palavra ou expressão, buscar outras referências e voltar ao texto original exatamente onde parou. A ideia proliferou e Nelson criou um mecanismo de interação com o meio que final- mente possibilitou ao autor recompor o conteúdo do seu texto e colocá-lo novamente em sua estrutura não linear, como tanto sonhou. Trata-se de uma ideia que deu tão certo que hoje, com apenas um passar do mouse ou do cursor sobre uma imagem ou palavra com um link, torna-se possível obter informações sem sair da página ou ir e voltar à mesma página com facilidade. Esse mecanismo foi chamado de hipertexto que, resumidamente, designa uma coleção de documentos com links, ou hiperlinks, que auxiliam o leitor a ir de um texto ou imagem a outro em uma navegação livre. O hipertexto é um documento digital composto por diferentes blocos de informações interconectadas. Essas informações são amarradas por meio de elos associativos, os links. Os links permitem que o usuário avance em sua leitura na ordem que desejar (LEÃO, 1999). 9 UNIDADE Implicações da Cibercultura É o leitor que definirá o percurso que deseja seguir ao acessar o universo virtual e essa liberdade, mesmo com todo o risco de dispersão, é maravilhosa, pois o texto se move, ganha vida, ritmo, janelas e mais janelas. O hiperlink, ou somente link, que tanto nos auxilia na leitura de um texto e na passagem desse percurso é considerado a “alma” de qualquer site. É um comando que nos leva para a navegação, o que permite e facilita a nossa entrada em um site, nas redes sociais ou no abrir de outras janelas durante a navegação. Não há como mencionar hipertexto sem abordar hiperlink, pois ambos funcionam como extensão um do outro. Outro elemento agregador desse sistema é a hipermídia, que é considerada a melhor forma de transmitir informações aos internautas, pois compõe o conjunto de textos, sons, imagens de uma mesma página, completando, assim, o enriqueci- mento do hipertexto e demais produções virtuais. Mas como isso tudo se encaixa na internet? Essas terminologias compõem as ferramentas, tecnologias que nos permitem navegar pelo espaço cibernético e integram o que chamamos de arquitetura da internet, conceito incorporado por Tim Berners Lee em 1990, quando criou a World Wide Web (WWW). Assim, tal estrutura arquitetônica passou a abraçar men- sagens e códigos diversos, criando uma geografia diferenciada para o espaço e o tempo, não ficando restrita apenas a textos. O avanço tecnológico possibilitou a convergência digital que, por sua vez, deu origem à multimídia, onde os vários tipos de linguagem – oral, escrita, imagens, sons – podem ser reproduzidos no padrão digital; por isso a web passou a ser chamada de hipermídia, pois é através dessa tecnologia que o ciberespaço ar- quitetonicamente se constrói com toda a estrutura que em si junta hipertexto e multimídia, ou hipermídia. Virtualmente, todos os textos formam um único hipertexto, uma única ca- mada textual fluida. A análise também vale para as imagens que, virtual- mente, constituem agora um único hiperícone, sem limites, caleidoscópico, em crescimento, sujeito a todas as quimeras (LÉVY, 1999). E é exatamente por isso que o internauta não pode – e nem deve – ser compa- rado a nenhum outro tipo de fã e/ou usuário de qualquer outra mídia – rádio, tele- visão, livro, jornal, revista etc. –, pois diferente desses meios, ao entrar no espaço cibernético, a hipermídia exige do navegador uma atitude mais ativa, participante; não dá para ficar sentado, somente esperando e curtindo a programação. Para Lévy (1999) “[...] o leitor em hipermídia é um leitor ativo, que está a todo mo- mento estabelecendo relações próprias entre diversos caminhos. Como um labirinto a ser visitado, a hipermídia nos promete surpresas, percursos desconhecidos”. No entanto, apesar do encantamento, existem preocupações. As transfor- mações que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) possibilitaram mexeram também com a forma tradicional de leitura-escrita, bem como com o 10 11 processo de aprendizagem. Ramal (2002) alerta que “[...] os suportes digitais, as redes, os hipertextos são, a partir de agora, as tecnologias intelectuais,que a humanidade passará a utilizar para aprender, gerar informação, ler, interpretar a realidade e transformá-la”. Vários estudos apontam que o mundo da internet, com todas as suas ferra- mentas, diminuiu a profundidade de compreensão das informações pelos leitores. Marcuschi (2005) descreve que o hipertexto pode gerar uma dispersão do hiperlei- tor devido à grande quantidade de links e outras saídas, levando ao abandono da leitura original, principalmente porque grande parte dos internautas corresponde a adolescentes e jovens que já nasceram conectados. Tal geração busca informações curtas, rápidas e de linguagem simples, além do movimento. Essa forma de comunicação mediada por computador deu origem a uma nova linguagem rapidamente chamada de “internetês”, onde a escrita apresenta muitos aspectos da fala. Informações, conversas e dados são reproduzidos com a mesma condição oral, com simplicidade, sem preocupação com estruturas linguísticas, tais como concordância verbal e nominal, singular e plural, por exemplo. Geralmente, os enunciados são muito curtos e com várias palavras abrevia- das, igualmente em uma estrutura própria do meio, caracterizada como uma linguagem híbrida onde, além de fundir a escrita e o oral, agrega sons, imagens e ícones diversos em uma mesma estrutura e suporte – a tela do computador ou dos dispositivos móveis. A linguagem mista ou híbrida, como o próprio nome indica, é a mistura das linguagens verbal e não verbal em determinada mensagem.Ex pl or Seja qual for o nome dado, essa forma de linguagem não é uma novidade des- sa geração, fazendo parte da história da evolução da humanidade. Vários povos usaram de abreviações para simplificar a comunicação nos registros e nas transa- ções comerciais e atividades sociais, a exemplo das utilizadas no período medieval, quando os símbolos eram significativamente complexos para expressar ideias. Mas para tal geração, onde o computador e os dispositivos móveis passaram a fa- zer parte de seu dia a dia, ficou ainda mais fácil criar e usar o “internetês”, bem como fazer uso da linguagem padrão sempre que necessário, pois uma forma não descarta a outra, até porque ainda vivemos no mundo real. Assim, a comunicação entre as gerações e diferentes culturas é cada vez mais intensa; afinal, através dos hipertextos, o internauta deixa de ser mero receptor passivo, passando a participar ativamente do mundo onde a escrita e oralidade se fundem e ultrapassam facilmente as dificuldades e os nós da trama que é a rede mundial de computadores. Conforme Lévy (1999), a partir do hipertexto toda lei- tura é uma escrita potencial. 11 UNIDADE Implicações da Cibercultura Portanto, entrar no ciberespaço é uma aventura que nos leva a um mundo de descobertas e surpresas constantes. As mudanças propiciadas pelo hipertexto, pela multimídia e hipermídia mudaram definitivamente a nossa relação com o mundo dos livros, das revistas, dos jornais, enfim, de tudo o que é impresso. Agora, cabe repensarmos os métodos de ensino/aprendizagem para acompa- nharmos melhor estes novos tempos e as suas tecnologias. Desenvolvimento Colaborativo de Conteúdos O desenvolvimento colaborativo de conteúdo é uma das muitas conquistas possi- bilitadas pelas TIC. O primeiro projeto colaborativo foi criado em 1995, pelo norte- -americano Ward Cunningham, inicialmente com o nome de WikiWikiWeb, do termo havaiano wiki-wiki, que significa rápido. O que iniciou como um projeto instalado no próprio computador, tornou-se uma das ferramentas mais populares para a criação de conteúdos coletivos. Atu- almente, existem diversos sistemas wikis disponíveis, pagos ou gratuitos, para as mais diversas necessidades. A novidade trazida pela filosofia wiki é que um website wiki permite que qual- quer pessoa que tenha um navegador de internet possa acessar a sua página e fazer alterações em seu conteúdo, pois uma página wiki utiliza um código de fácil edição, possibilitando textos, links e imagens, isto sem a necessidade de aprendi- zado de códigos de programação, como HyperText Markup Language (HTML), que significa linguagem de marcação de hipertexto. A nova ferramenta simplificou e ampliou a participação nas redes, pois a partir daí qualquer pessoa pode se cadastrar no sistema e publicar a sua produção indi- vidual ou coletiva, contar com a colaboração de outros e, também, editar outras. Isso é possível porque além de dispensar o conhecimento técnico, uma página wiki contém diversos recursos úteis e autoexplicativos, auxiliando o internauta na edição; por exemplo, a tecnologia Concurrent Version System (CVS), a qual permite que todas as versões da página que o internauta acessar e/ou mexer fiquem gravadas no seu histórico, garantindo que qualquer modificação seja facil- mente revertida. Ao entrarmos nos sites de busca como Google, Ask, Yahoo!, entre outros, ou ainda nas buscas em ambientes colaborativos, aparecerão diversos resultados dessa natureza, embora os exemplos mais famosos baseados no sistema wiki sejam os projetos da Wikimedia Fundation, cujo principal e mais conhecido produto é a Wikipédia. Todos os projetos dessa fundação são colaborativos, universais, multi- língues e estabelecidos na internet sob o princípio wiki. Vale a pena visitar algumas dessas iniciativas, já que a maioria de nós conhece apenas a Wikipédia. 12 13 A Fundação Wikimedia é uma entidade fi lantrópica, dedicada a incentivar a produção, o desenvolvimento e a distribuição de conteúdo livre e multilíngue e a disponibilizar ao público, integralmente, esses projetos baseados em wiki de forma totalmente livre. Ademais, conheçamos as suas atuais iniciativas: Quadro 1 Nome Descrição Site Wikipédia Enciclopédia colaborativa, universal <https://pt.wikipedia.org> Wikisource Disponibiliza documentos históricos de valor cultural <https://wikisource.org> Wikiversidade Ambiente livre e aberto para a Educação Universitária <https://www.wikiversity.org> Wikilivros Desenvolvimento de livros, apostilas, manuais de conteúdo livre e educacional <https://www.wikibooks.org> Wikinews Repositório de notícias livres <https://pt.wikinews.org> Wikiquote Citações de pessoas proeminentes, livros, filmes e provérbios <https://www.wikiquote.org> Wikicionário Dicionário eletrônico de conteúdo livre <https://www.wiktionary.org> Wikicommons Repositório para imagens e outras multimídias livres <https://commons.wikimedia.org> Wikispecies Destinado a cientistas, visa a criação de um catálogo de todas as espécies conhecidas até então <https://species.wikimedia.org> Fonte: elaborado pela professora conteudista Ex pl or Além desses, existem diversos outros negócios, projetos e movimentos de com- partilhamento e outros colaborativos que já fazem parte do nosso dia a dia e com- provam que estamos cada vez menos dependentes das grandes corporações cen- tralizadoras do poder de comunicação. As pessoas estão comprovadamente cada vez mais preparadas para projetar e desenvolver projetos que ajudem a resolver problemas complexos que afetam a sociedade nas mais diversas áreas. A maioria dessas iniciativas apenas se tornaram possíveis devido à conexão em rede e às relações de colaboração propiciadas nesse espaço, por exemplo, por meio da Peer-to-Peer (P2P) – par a par, ou simples- mente ponto a ponto –, uma arquitetura de redes de computadores onde cada um dos pontos ou nós funciona tanto como cliente quanto como servidor, permitindo compartilhamentos de serviços e dados sem a necessidade de um servidor central. Os projetos a partir das conexões P2P desenvolvem soluções de mobilidade, combinando tecnologias de geolocalização a exemplo do Waze, onde os usu- ários podem, além da obtenção de informações sobre o melhor caminho até o destino desejado, alimentarem o mapa com dados acerca de radar, policia- mento, acidentes, pontos de parada etc. Há também o Moovit, que por meio dos dados transmitidos por todos os smartphones conectados a esse aplicativo, consegue identificaras melhores rotas de ônibus, trem e metrô, nas principais cidades do mundo. Ou mesmo o Uber que, apesar das polêmicas, conecta pas- sageiros e condutores, em tempo real, para compartilharem viagens. 13 UNIDADE Implicações da Cibercultura Na área financeira, a grande novidade fica por conta das moedas digitais open source. Apesar do nome esquisito, trata-se de um novo tipo de negócio. Você já ouviu falar sobre bitcoins? É uma moeda que não existe fisicamente, como o real, o dólar ou o euro, sendo totalmente virtual e produzida de forma descentralizada por milhares de computadores, os quais mantidos por pessoas que “emprestam” a capacidade de suas máquinas para criar bitcoins e registrar todas as transações feitas. Por ser virtual, torna-se um tipo de transação financeira que permite a par- ticipação de pessoas de qualquer lugar do mundo e não é controlada por um ban- co central. No entanto, essas operações financeiras estão atraindo cada vez mais pessoas e mexendo – e muito – com o mundo real, pois todas as transações são públicas e rastreáveis. As relações são virtuais, mas as operações financeiras são legítimas e reais. Código aberto, ou open source em inglês, é um modelo de desenvolvimento que promove um licenciamento livre para o design ou esquematização de um produto, e a redistribuição universal desse design ou esquema, dando a possibilidade para que qualquer um consulte, examine ou modifique o produto. Ex pl or Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images Código aberto, ou open source em inglês, é um modelo de desenvolvimento que promove um licenciamento livre para o design ou esquematização de um produto, e a redistribuição universal desse design ou esquema, dando a possibilidade para que qual- quer um consulte, examine ou modifique o produto. Outra área que abraçou essas mudanças foi a educação, dado que a atualidade mexeu também com as técnicas de ensino/aprendizagem, de modo que muitas ins- tituições optaram por ter, além dos cursos presenciais, outros na modalidade de En- sino a Distância (EAD), onde a interação com o aluno é bem diferenciada, exigindo 14 15 maior participação discente, os quais podem acessar o conhecimento de qualquer lugar e a qualquer hora – tal como acontece conosco, nesta oportunidade. A exemplo do ramo da comunicação, tal virtualidade quebrou a hegemonia de poder das instituições de ensino credenciadas e popularizou não apenas o conte- údo, como também as formas de ensino/aprendizado. Claro que a credibilidade e responsabilidade pela formação acadêmica está resguardada e garantida às instituições públicas e particulares credenciadas a órgãos governamentais, como o Ministério da Educação (MEC), com o intuito de garantir a excelência na forma- ção profissional; mas abriu um enorme leque para cursos livres em diversas áreas, tudo isto a título de ampliação de conhecimento ou aperfeiçoamento, iniciativas que também são válidas. Na área de educação são muitos os projetos que oferecem opções colaborativas de ensino-aprendizagem, a exemplo do Cinese, uma plataforma de crowdlearning onde é possível tanto propor quanto participar de encontros diversos. São cursos, oficinas de aprendizagem, bate-papo, sempre de forma livre, coletiva e acessível a diferentes públicos. Crowdlearning é o aprendizado coletivo que acontece quando pessoas que têm interesses em comum se agrupam para compartilhar o que sabem. Ex pl or Há ainda inúmeros projetos colaborativos, pela internet, nas áreas de traba- lho, lazer, consumo consciente, desenvolvimento de softwares e tudo o que se possa imaginar – e o que ainda não existe você pode inventar! É essa a liberda- de que o espaço cibernético e as plataformas colaborativas proporcionam. Por exemplo, se você optar por desenvolver um projeto usando da filosofia wiki, a maioria dos sites para a criação de wikis é livre e gratuita, bastando pesquisar e colocar a sua ideia em ação. O conteúdo das páginas wiki é disponibilizado sob a licença creative commons BY-SA, podendo ser copiado e reutilizado sob a mesma licença – mesmo para fins comerciais –, desde que respeitados os termos e as condições de uso, ou seja, citando a fonte e dando o crédito a quem é de direito. Creative commons são várias licenças públicas que permitem a distribuição gratuita de uma obra protegida por direitos autorais. Uma licença creative commons é usada quando um autor quer dar às pessoas o direito de compartilhar, usar e construir sobre um trabalho que concebeu. Ex pl or 15 UNIDADE Implicações da Cibercultura Redes Sociais e Comunidades Virtuais na Internet Figura 3 Fonte: iStock/Getty Images O século XXI revolucionou a educação, concretizou a comunicação em rede e transformou definitivamente o modelo comunicativo das sociedades e a relação do ser humano com o mundo que o cerca. O interesse em se comunicar faz par- te da evolução humana e da vida em sociedade desde que o homem se entende como humano. Aos poucos, o homem foi inventando formas de se comunicar, registrar e transmitir os seus feitos para o maior número possível de pessoas, seja por pinturas nas paredes das cavernas, sinais de fumaça, pombos-correio, cartas, telefonemas, e-mails, Short Message Service (SMS), mensagens no Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp, etc.; o importante sempre foi se comunicar, estabelecer contato com os semelhantes e se fazer entender. Ao longo do tempo, as tecnologias foram acelerando as formas e possibilidades de comunicação, criando novas modalidades de o ser humano se relacionar e se comunicar, até mesmo ultrapassando a capacidade de algumas gerações em acom- panhar tal avanço. Os inventos foram os mais diversos e maravilhosos possíveis, considerando foto- grafia, prensa, rádio, telefone, televisão, computador e tantos outros mecanismos que encantaram gerações, reunindo pessoas em volta da mesa para ouvir radiono- velas, ou as partidas de futebol com o radinho de pilha junto ao ouvido; sentar-se na sala com a família, os vizinhos, amigos para ver televisão; ler o jornal aos finais de semana, da primeira à última página, dividindo os cadernos com os familiares; e tantos outros costumes que nos trouxeram até aqui, onde atualmente as redes sociais virtuais representam uma nova forma de interação que, assim como as tecnologias precedentes fizeram no passado, modificam as nossas percepções e os nossos comportamentos. 16 17 Tais redes são responsáveis por construirmos relacionamentos em escala tanto local quanto global, em uma dimensão nunca antes alcançada. Há quem diga que são relações menos importantes, transitórias, efêmeras e irrelevantes; mas, independentemente das críticas, abrem um universo fantástico, com quan- tidade e velocidade de informações nunca antes oferecidas; sem dizer a enorme variedade e as possibilidades de se viajar pelo tempo e espaço sem barreira alguma de passaporte, transporte ou idioma. Nas redes sociais, nas comuni- dades virtuais tudo e todos se conectam, onde passado, presente e futuro são componentes ativos da mesma história. De acordo com Cardoso (2009), as nossas sociedades têm testemunhado o aparecimento de um novo modelo comunicacional, dividido em quatro ações co- municacionais diferentes: [...] o 1º corresponde à comunicação interpessoal, caracterizando-se pela troca bidirecional entre duas ou mais pessoas dentro de um grupo; o 2º pro- cesso comunicativo é de “um para muitos”, onde cada indivíduo envia uma só mensagem a um grupo limitado de pessoas; o 3º é o modelo da comu- nicação em massa, no qual, graças à utilização de tecnologias específicas de mediação, uma só mensagem é dirigida a uma massa de pessoas; e o 4º é o modelo comunicacional da sociedade contemporânea, moldado pela capa- cidade dos processos de globalização comunicacional mundial, juntamente com a ligação em rede entre as mídias de massa e as mídias interpessoais. Trata-se do novo pressuposto da comunicação: todos somos produtos, produto- res e consumidores de informação emescala global, de modo que cabe aos opera- dores de conteúdo de massa e às emissoras realmente se reinventarem, pois não têm mais as “cartas nas mãos”. Participar de uma comunidade virtual é apenas uma consequência da evolução da comunicação no mundo. O virtual é a característica principal da contempora- neidade. As relações humanas avançaram, modificaram-se e continuarão se mo- dificando, afinal, a evolução tecnológica não parou no tempo, trazendo-nos até aqui. Somos a evolução do mesmo Sapiens do passado, mas agora com novas e variadas habilidades comunicativas. O entusiasmo dos otimistas e dos pessimistas em relação a essa simpli- ficação tem a mesma intensidade. Para os primeiros, a interação pela internet institui “comunidades virtuais” nas quais todos se relacionam em harmonia e igualdade e estão permanentemente dispostos a colaborar uns com os outros. A conexão digital anula as negatividades e as diferen- ças: nos terminais do Brasil e da China, da Holanda e da Índia, todos são cultos, bonitos e bem-intencionados. Para os pessimistas, por outro lado, a comunicação mediada por computador esfria as relações e acentua o que há de pior na natureza humana. O “ciberespaço” é o reino da men- tira, da hipocrisia, das más intenções. As duas posturas desvinculam a internet da realidade social que a circunda e, com isso, esquecem que as tecnologias são artefatos culturais (FRAGOSO, 2009). 17 UNIDADE Implicações da Cibercultura Mas vamos esclarecer melhor a situação evolutiva a que chegamos: a internet possibilitou esta nova forma de comunicação mediada por computador, onde as pessoas passaram a construir uma identidade real ou fictícia para interagir e se co- municarem com outros indivíduos. Esse tipo de comunicação foi estabelecendo as chamadas redes sociais, lugares de representação, dizeres, interação, associação, exposição. É o lugar onde as pessoas expõem o seu verdadeiro eu, ou o seu eu imaginário sem, contudo, diferenciar um do outro. Os usuários, por estarem do outro lado da tela, em um endereço tão virtual quanto a própria identidade, sentem-se livres do julgo alheio e se expõem. São ideias, produções próprias, imagens, sons, fotografias, comentários, críticas tanto positivas quanto negativas. Criam um nickname, um fake e constroem perfil no Facebook, Instagram, criam blogs, weblogs, fotologs nos quais vão formando uma imagem, um “eu” comunicativo que terá seguidores, admiradores e mesmo perseguidores que fogem ao seu controle. O poder comunicativo de cada um defi- nirá o próprio nível de reconhecimento e interação nos grupos e nas comunidades em que participa. As redes sociais e comunidades virtuais possibilitaram a passagem de um modelo unidimensional de comunicação para um padrão multidirecional, que estimula efetivamente a troca colaborativa de mensagens e conteúdos diversos, conforme vimos. Essas mídias sociais permitem uma rápida transmissão de informação e a parti- lha simultânea da mesma informação por diferentes pessoas, independentemente do local em que se encontram; sendo que esse modelo de comunicação em rede concretiza a chamada “Era da Informação”, apresentada por Castells (2010) que, por sua vez, confirma a teoria de McLuhan (1992) sobre a “Aldeia Global”, onde a relação do ser humano, do internauta, com esse novo modelo de comunicação, torna o mundo um lugar semelhante a uma aldeia, onde todos estão próximos, acessíveis a qualquer hora. Em A Aldeia Global – The Global Village –, McLuhan (1992) sugere que os avanços tec- nológicos resumem o mundo à mesma situação de uma aldeia, em que todas as pessoas sabem e discutem a vida dos outros. Ex pl or A mudança é claramente perceptível nos veículos tradicionais de comunicação que tiveram que redimensionar os seus conteúdos e dialogar mais diretamente com o telespectador, criando mecanismos onde pudesse interferir diretamente na programação, a exemplo do 0800, onde podia escolher o final de um programa, o conteúdo de um determinado horário, votar no seu personagem favorito, eli- minar participantes de reality shows, de programação musical, fazer perguntas para apresentadores de programas esportivos e assim por diante. Portanto, per- cebemos que a comunicação por vias virtuais redimensionou o relacionamento entre produtores de conteúdo e os seus públicos, os operadores tradicionais gene- ralistas e a programação convencional, forçando uma interatividade colaborativa. 18 19 Uma coisa é fato: neste novo milênio, as redes tradicionais de comunicação veem perdendo cada vez mais audiência, pois, conforme Castells (2010), os cida- dãos na Era Digital são capazes de inventar novos programas para as suas vidas. Uma pesquisa desenvolvida em 2016, pelo banco de investimento norte-ameri- cano Piper Jaffray, com cerca de dez mil pessoas entre dezesseis e cinquenta anos de idade, sendo a maioria de dezesseis anos, apontou que os jovens dos Estados Unidos que assistem diariamente ao YouTube ultrapassaram a mesma porcen- tagem para a Televisão (TV) a cabo. Entre os jovens, 26% afirmaram assistir ao YouTube todos os dias, contra 25% para a TV a cabo. Entre as plataformas mais acessadas estão o Snapchat, que é o preferido, assistido diariamente por 37% dos jovens estadunidenses; a seguir figura o Netflix e YouTube na lista de acesso diário. Uma das coisas que ajudou a mudar esse modo de agir tradicional foi a capa- cidade de as redes sociais e virtuais se reinventarem mais depressa que os canais tradicionais e de forma cada vez mais atraente, permitindo ao internauta nave- gar e desenvolver outras tarefas enquanto assiste a um filme – tais como checar o e-mail, conversar em um chat e dar pause, ou mesmo voltar, caso tenha perdi- do alguma coisa de seu interesse. Essa liberdade de ação, que os outros meca- nismos não oferecem, faz a diferença. O número de usuários das redes sociais é cada vez maior e a sua maioria desen- volve perfil e participa de várias redes ao mesmo tempo, vejamos: Quadro 2 – Ranking das maiores redes sociais Ranking Rede social Número de usuários ativos 1 Facebook 2.061.000.000 +14 2 YouTube 1.500.000.000 3 WhatsApp 1.300.000.000 + 100 4 Facebook Messenger 1.300.000.000 + 100 5 WeChat 963.000.000 + 74 6 QQ 850.000.000 - 11 7 Instagram 700.000.000 8 QZone 606.000.000 - 32 9 Tumblr 368.000.000 + 11 10 Sina Weibo 361.000.000 + 48 11 Twitter 328.000.000 12 Baidu Tieba 300.000.000 13 Skype 300.000.000 14 Viber 260.000.000 15 Snapchat 255.000.000 16 Line 214.000.000 17 Pinterest 200.000.000 +25 18 yy 122.000.000 19 LinkedIn 106.000.000 20 Telegram 100.000.000 Fonte: Adaptado de https://goo.gl/rSnEV8 19 UNIDADE Implicações da Cibercultura Para participar de uma rede social é simples: basta baixar o aplicativo no seu dis- positivo, criar um perfil e começar a se relacionar com as pessoas e comunidades de seu interesse. Contudo, como veremos, o que é simples pode causar situações boas e problemas, se não forem tomados os devidos cuidados. Mídias Sociais e a Revolução no Comportamento Individualidade, privacidade e vida própria são expressões e realidades cada vez mais difíceis na atualidade. Quem possui perfil nas redes sociais desconhece quase que totalmente essas situações, pois para entrar e cadastrar um perfil em qualquer rede social é necessário que o usuário dê permissão ao administrador para acessar a agenda, o álbum de fotos e as imagens – se o usuário não der tal per- missão, não poderá participar da rede. E aí, ficamos de fora dessa? Nem pensar! Então, a permissão é dada. Os administradores garantem que não usarão os seus dados, mas de tempos em tempos postam no seu perfil álbuns com imagens dos seus dispositivos sobre viagens, festas, aniversários, de amizade etc., sugerindo que você as torne visíveis aos demais usuários, de modo que a sua privacidade não é garantida, pois percebe que há alguém de posse de seus dados. Figura 4 Fonte: iStock/Getty Images 20 21 Mas o importante é que a participaçãonas redes sociais é a entrada em um uni- verso de comunicação onde a flexibilidade de horário e o custo reduzido ao trânsito de informações é o que mais seduz as pessoas. Diferente do telefone, onde, por questão de educação e custo, deve-se ligar somente em horário comercial ou até um limite de horário, levando em conta o fuso horário e custo da ligação; nas redes sociais esse problema desaparece, dado que as mensagens podem ser postadas a qualquer hora sem constrangimento algum, pois cabe ao receptor controlar o seu tempo de recepção e feedback. Essa interatividade provocou uma verdadeira revolução, pois nas redes sociais a comunicação passa a ter maior mobilidade e velocidade, enquanto as mensa- gens são replicadas, curtidas e compartilhadas instantaneamente. Essa revolução representa um fenômeno social no qual o consumidor passa a desenvolver e produzir o seu próprio conteúdo para se comunicar com o mundo que o cerca e sem qualquer barreira. Tal mudança tem preocupado – e muito – as produtoras de conteúdo midi- ático, afinal, além de mensagens pessoais, as pessoas passaram a criar e com- partilhar vídeos, fotos, sons, enfim, produções próprias em todas as áreas. São muitos os casos de artistas que começaram a fazer sucesso através do YouTube, com a possibilidade de disponibilizar vídeos de forma gratuita, promovendo-se na internet e alcançando a desejada fama, como Luan Santana, Justin Bieber, Restart, entre outros. Mas não se trata apenas de lazer, afinal e atualmente, três quartos das empresas norte-americanas usam as redes sociais para preencher vagas de trabalho. No Bra- sil, várias organizações de recursos humanos já adotaram o LinkedIn para a busca de profissionais, rede esta que agrega cada vez mais participantes. Muitas empresas também passaram a vigiar o comportamento de seus funcio- nários em redes sociais como o Facebook, de modo que ao admitir o candidato a uma vaga, o contratante pede os seus endereços em tais redes. Não se trata somente da vida de políticos, atletas e artistas que se tornaram públi- cas e alvos dos fãs e curiosos, pois agora, com as redes, todos se tornaram pessoas públicas, tendo a própria vida exposta no mundo digital. É necessário, portanto, estar atento(a) a isso. Do mesmo modo que as empresas estão “de olho” nas pessoas, estudando o perfil dos participantes das redes sociais, buscando profissionais, tentando se apro- ximar do internauta, este também alterou a sua relação com o mercado, de modo que com um simples post pode tanto construir quanto destruir a imagem de uma marca ao divulgar a sua opinião nas redes e ganhar a adesão de amigos e seguido- res, os quais passam a opinar e compartilhar o conteúdo. Por isso, as organizações estão cada vez mais atentas às redes e muitas criaram até cargos de monitoramento e departamentos de gestão de crise para controlar e acompanhar a forma como a própria marca é exposta em tais meios digitais. 21 UNIDADE Implicações da Cibercultura Como as mudanças de comportamento são muitas e constantes, não é possível detalhar cada uma, mas podemos listar algumas que já fazem parte da nossa dinâ- mica social, vejamos: • A busca crescente pela hipereficiência em questões da área da saúde – busca- mos informações sobre saúde e doença, formas de tratamentos, significado de diagnósticos, composição de medicamentos e uma série de paliativos; • Pedir alimentos por aplicativos, a exemplo do iFood e outras formas de delivery quando a vontade de ficar em casa é mais forte do que a de sair; • Acesso às diferentes redes de transportes, tais como empresas de táxi, táxi dog e aplicativos que facilitam a distância até o nosso destino, como o Waze; • Compra de livros digitais por meio de sites como Amazon; sebos virtuais, como Estante Virtual; e negociação dos mais variados bens via sites de compra e venda, como Mercado Livre; • Articulação de manifestações de movimentos sociais e políticos tanto a favor como contra situações de injustiça e desacato aos direitos humanos. Tratam-se de alguns exemplos, apenas, mas é certo que existem muitas ou- tras formas possíveis de adesão e participação, sendo manifestações das mu- danças no comportamento, as quais abrem oportunidades para pensarmos his- toricamente quantas outras surgiram e vem surgindo a todo momento. A Revolução das Tecnologias criou a virtualidade, mas essas redes, por vezes, con- seguem articular formas de participação que saem das próprias redes para as ruas com a força de um gigante; afinal, com as redes tudo muda a todo momento. 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Canat Tech https://goo.gl/invtMh Emarketer https://goo.gl/S1GVik Oficina da Net https://goo.gl/QLUCef We Are Social https://goo.gl/xBVok7 Wikipédia https://goo.gl/jqBpF5 Filmes A rede social – The social network (2010) Uma história romantizada sobre a criação do Facebook, a maior rede social do mundo, que conta a origem das ideias de Mark Zuckerberg, fundador da empresa, e sua visão empreendedora, mas também mostra a parte suja do mundo dos negócios. Jobs (2013) A obra, que tenta retratar a trajetória do executivo fundador da Apple e sua ascensão a um status de quase deus entre os adoradores da Companhia, sofreu algumas críticas, mas retrata certas passagens importantes da vida de Jobs e sua visão de mundo. 23 UNIDADE Implicações da Cibercultura Referências CARDOSO, Gustavo. Da comunicação de massa para a comunicação em rede, 2009. In: CARDOSO, Gustavo; CÁDIMA, Francisco; CARDOSO, Luís (Org.). Media, redes e comunicação. Lisboa: Quimera, 2009, p.15-54. CASTELLS, Manuel. The rise of the network society – the Information Age: economy, society and culture. Malden: Wiley-Blackwell, 2010. FIORESE, Virgílio. Wirelless: introdução às redes de telecomunicações móveis. Rio de Janeiro: Brasport, 2005. FRAGOSO, Suely. Apresentação In: RECUERO, Raquel. Redes sociais na inter- net. Porto Alegre, RS: Sulina, 2009. (Col. Cibercultura). GOSIOLA, Vicente. Roteiro para as novas mídias – do cinema às mídias intera- tivas. São Paulo: Senac, 2008. LEÃO, Lucia. O labirinto da hipermídia. São Paulo: Iluminuras, 1999. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: 34, 1999. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e com- preensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. SANTAELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço. São Paulo: Paulus, 2004. 24
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