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Teoria da Constituição
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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO IZABELLA F. REIS - 3° PERÍODO 2021/01 - PROFESSOR: CHRISTIANO LACERDA Conceito. Derivada do termo em latim constituere, que significa constituir, criar, delimitar, ou seja, refere-se a noção de organizar e delinear sistemas. Alexandre de Moraes, conceitua a Constituição como uma lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas sobre a estruturação do mesmo, formação dos poderes públicos, formas de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Contudo, existem várias concepções referente à esse termo, sendo possível encontrar a conceituação de sob diferentes perspectivas: · Aspecto sociologico: Representado pelo político alemão Ferdinand Lassale, a concepção sociológica confere legitimidade a uma Constituição na capacidade da mesma em refletir as forças sociais que dominam determinado país. Nesse sentido, a Constituição, chamada de real ou efetiva, é válida por conter a realidade social de determinado país, levando-se em consideração suas forças sociais e o momento histórico da sociedade. Contudo, caso a Constituição Escrita não apresente estas temáticas, Lassale a caracteriza como uma folha de papel, pois o texto constitucional não apresenta legitimidade. Legitimidade Forças sociais Realidade social Momento histórico Const.Efetiva Const. Escrita Folha de papel · Aspecto político: Proposto pelo jurista Carl Schmitt, para ele uma Constituição é definida não por normas legais, mas sim pela presença de uma decisão política fundamental titularizada pelo poder constituinte, sendo as normas legais nomeadas como Leis Constitucionais. Dessa forma, a configuração da Constituição brasileira fica de acordo com o seguinte esquema: Constituição de 88 Tem decisão política fundamental Presença: Preâmbulo + art. 1° a 12 → Objetivos e fundamentos da República; → Direitos e garantias fundamentais; → Direito políticos; Lei Constitucional de 88 Sem decisão política fundamental Presença: Art. 195 adiante → Organização e financiamento da seguridade social; → Normas programáticas (saúde, tributação etc) O pensamento proposto por Schmitt é de fundamental importância para a compreensão do aspecto seguinte. · Aspecto material e formal. Do ponto de vista material, uma norma é caracterizada como constitucional pelo seu conteúdo, não se importando a maneira pela qual este regramento foi introduzido no ordenamento jurídico. Assim, a norma material constitucional é aquela que estrutura e fundamenta o Estado, como por exemplo as normas que determinam as formas de Estado e governo e quais os órgãos pertencentes a este Estado. Por outro lado, o critério formal configura como constitucional as normas que forem introduzidas no ordenamento por um poder soberano e um processo legislativo adequado e complexo, ou seja, não importa-se com seu conteúdo, mas sim seu formato. Acerca das conceituações acima, é preciso fazer duas observações: a) A coexistência destas determinações configura na possibilidade de haver normas materialmente constitucionais fora do texto constitucional e normas que não tratam de regras estruturais e fundamentais dentro deste texto constitucional. Normas materialmente constitucionais Normas formalmente constitucionais b) Considerando os conceitos tragos por Schmitt, é possível considerar que as normas materialmente constitucionais são aquelas em que ele estabeleceu como Constituição e as normas formalmente constitucionais às Leis Constitucionais. → Constituição Regras estruturais e fundamentais ↓ sentido material → Lei constitucional Sem regras estruturais e fundamentais ↓ sentido formal Inicialmente no ordenamento jurídico brasileiro, o caráter constitucional adotado era o formal, ou seja, constitucional apenas as normas inseridas no texto. Contudo, a partir de 2004, com a Emenda Constitucional n° 45, pelo § 3° do art. 5° da CF/88, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos foram incorporados como Emendas Constitucionais, por ter caráter constitucional em razão do seu conteúdo. Dessa forma, atualmente, considera-se o ordenamento jurídico misto. · Aspecto jurídico. Representado por Hans Kelsen, e quem moveu a Constituição para o universo do "dever - ser” e não apenas no “ser”, caracterizando-a como fruto de uma vontade racional do homem e não das leis naturais. Para ele, a Constituição é divida em dois sentidos: sentido lógico-jurídico e jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, Constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento de validade para o texto constitucional. Por outro lado, o sentido jurídico-positivo diz respeito à norma positiva suprema, a qual finalidade seria a regulamentação da criação de outras normas. Para compreender melhor esta diferenciação, é necessário considerar que o ordenamento jurídico é composto por escalonamento de normas, ou seja, há uma verticalidade hierárquica entre as normas. Constituição norma positiva suprema Leis ordinárias e complementares Resoluções, decretos e portarias norma fundamental hipotética Assim, a partir da análise da Pirâmide de Kelsen, é possível observar que a Constituição é a norma positiva suprema, tendo sua validade com base na norma fundamental hipotética, que leva este nome por não estar prevista nem positivada, porém apresenta a maneira pela qual vai ser elaborada a Constituição. Em resumo, a Constituição pode ter dois sentidos: a) Lógico-jurídico: Normas pressupostas → norma fundamental hipotética; b) Jurídico-Positivo: Normas postas → norma positiva suprema / decisão política fundamental. · Aspecto cultural: Nesta corrente, a Constituição, nominada de total, é um fato cultural histórico, produzido pela sociedade. Contém elementos históricos, sociais racionais, sendo então um conjunto de normas fundamentais emanadas pela vontade de unidade pública, regulando a existência, estrutura e os fins do Estado, como também o modo pelo qual adquire o exercício do poder e os seus limites. História das Constituições Brasileiras. A história brasileira é marcada por rupturas constitucionais, tendendo a um movimento pendular entre a democracia e a ditadura cívico-militar. Constituição Surgimento Vigência em anos 1824 25/03/1824 65 1891 24/02/1891 39 1934 16/07/1934 03 1937 10/11/1937 08 1946 18/09/1946 20 1967 24/01/1967 02 E.C. n 1/69 17/10/1969 18 1988 05/10/1988 33 · Constituição de 1824: O Constitucionalismo luso-brasileiro durou de 1808 a 1824, com a promulgação desta Constituição, foi outorgada por D. Pedro I e possuía uma ideologia liberal, definiu o Estado como uma Monarquia Parlamentar hereditária. Organizou os poderes em quatro: Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador, sendo o último a chave de toda organização política, delegado ao Imperador Constitucional e quem faria valer a independência e harmonia dos demais Poderes do Império. A respetio das garantias dos direitos individuais, era restringido às pessoas livres, o que evidenciava a contradição entre o liberalismo e a escravidão. · Constituição de 1891: A primeira Constituição da república foi proclamada pelo Decreto do Governo Provisório n° 1, de 15 de novembro de 1889, como a forma de governo da nação brasileira. Feita pela Comissão dos Cinco e inspirada pelas Constituições da Argentina de 1853 e pela Norte-Americana de 1787 e consagrou a autonomia dos estados e municípios, extinguiu o poder moderador, instituiu-se o habeas corpus, o sufrágio ainda não era universal e surgiu o Estado Laico. Comment by Izabella Reis: Comissão de Verificação de Poderes, criada no Brasil Império e ganhou relevância na república velha. Um instrumento importante na Tepública do Café com Leite para reforçar a política dos governadores. Seu objetivo era reconhecer a legitimidade dos deputados eleitos e excluir os que eram de grupo político oposto, sendo chefiada por uma pessoa de confiança do presidente. Acabou quando Getúlio