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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS - IFG CAMPUS APARECIDA DE GOIÂNIA DEPARTAMENTO DE ÁREAS ACADÊMICAS CURSO BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL ANÁLISE DA LOGÍSTICA DE PRODUÇÃO DE UMA INDÚSTRIA DE PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO MARCELO MARTINS DOS SANTOS APARECIDA DE GOIÂNIA 2017 MARCELO MARTINS DOS SANTOS ANÁLISE DA LOGÍSTICA DE PRODUÇÃO DE UMA INDÚSTRIA DE PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, como avaliação parcial para conclusão do Curso Bacharelado em Engenharia Civil, ofertado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - IFG, Campus Aparecida de Goiânia, sob a orientação da Professora Esp. Lorrayne Correia Sousa e coorientação do Professor MSc. Renato Costa Araújo na Linha de Pesquisa: Construção Civil Materiais e Tecnologias. APARECIDA DE GOIÂNIA 2017 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S231 Santos, Marcelo Martins dos Análise da logística de produção de uma indústria de pré- moldados de concreto / Marcelo Martins dos Santos. – Aparecida de Goiânia, 2018. 66 f. : il. Orientador: Esp. Lorrayne Correia Sousa. Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Goiás: Campus Aparecida de Goiânia, Bacharelado em Engenharia Civil, 2018. 1. Pré-moldados. 2. Logística. 3. Compatibilização. 4. Cronogramas. I. Título. CDD 624.183 414 Catalogação na publicação: Thalita Franco dos Santos Dutra – CRB 1/2186 AGRADECIMENTOS A Deus por ter me dado saúde, força e fé. Aos meus pais, pelo apoio, incentivo e amor. Ao Instituto Federal de Goiás - Campus Aparecida de Goiânia, pelo ambiente amigável e incentivador, ao seu corpo docente e direção. À minha orientadora professora Esp. Lorrayne Correia Sousa, pelo paciente trabalho de revisão da redação e por toda assistência. Ao meu coorientador Professor MSc. Renato Costa Araújo, pelo direcionamento e apoio. Obrigado aos Professores de TCC, pelo incentivo e aconselhamento. Agradeço a empresa Mold Estruturas e seu departamento de produção, que prontamente colaborou para o desenvolvimento do estudo de caso, presente neste trabalho. A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado. RESUMO SANTOS, M.M. ANÁLISE LOGÍSTICA NA GESTÃO DO PROCESSO PRODUTIVO DE PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO. 2017.66 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Departamento de Áreas Acadêmicas, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Campus Aparecida de Goiânia, 2017. A Construção Civil apresenta um grande potencial de desenvolvimento sob o aspecto da Tecnologia da Informação aplicada a logística, beneficiando o nível de comunicação entre os departamentos de uma empresa e consequentemente a qualidade das informações e dos serviços. A roteirização e racionalização das atividades, através da utilização de um modelo econômico que viabilize esse tipo de cultura, contribuem para o planejamento operacional e executivo (tátil). No que se refere aos pré-moldados de concreto, essa comunicação entre os departamentos de obra e produção é importantíssima para o cumprimento dos referidos prazos, descritos nos cronogramas de montagem e fabricação. A análise da relação desses cronogramas, enfatizando a coerência entre as informações pode ser bastante útil do ponto de vista de execução das atividades. Análise essa que pode melhorar a organização das informações necessárias durante o processo, reduzindo também os imprevistos e erros durante as etapas de fabricação. Estudou-se uma empresa de pré-moldados de concreto (Mold Estruturas, citada como Empresa X) e uma determinada obra (Obra A) executada por essa, o que facilitou o entendimento na prática do conteúdo que é abordado nos tópicos deste trabalho. Esse estudo de caso contribuiu para fundamentar a metodologia, permitindo a extração de informações fundamentais. No desenvolvimento da pesquisa percebe-se a importância da comunicação em todos os níveis: operacional, executivo (tátil) e estratégico da empresa. Propõe-se ao final um mapofluxograma, que possibilita a visualização dos processos envolvidos na produção de pré-moldados. Documento esse que pode auxiliar em melhorias futuras no que diz respeito à logística e compatibilização de informações. Palavras-chave: Pré-moldados, Logística, Compatibilização, Cronogramas. ABSTRACT SANTOS, M.M. LOGISTICS ANALYSIS ON MANAGEMENT OF PRECAST CONCRETE´S PRODUCTIVE PROCESS. 2017.66 p. Undergraduate thesis (Civil Engineering Graduation Course) – Department of Academic Areas, Federal Institute of Education, Science and Technology of Goiás, Campus Aparecida de Goiânia, 2017. Civil construction shows great development potential under the light of Information Technology applied to logistics, improving the level of communication between departments in a company and consequently the quality of information and services. The activities´ scripting and rationalization, through the use of an economic model that enables this type of habit, contribute to operational and executive planning. Concerning precast concrete, this communication between construction and production departments is imperative for meeting the deadlines described on assembling and manufacturing schedules. The analysis of the schedules´ relation, emphasizing the coherence between the info can be very useful from the point of view of fulfilling the activities. This analysis can improve the data organization required throughout the process, and it also can reduce unexpected events and mistakes during the manufacturing steps. A precast concrete company has been studied (Mold Structures, mentioned as Company X) and a specific building site (Building site A) executed by the former, which has made easier the real life comprehension about the content that will be approached on this study´s topics. This case study contributes to justifying the methodology, allowing the extraction of substantial info. Throughout the research, the importance of communication can be noticed in all degrees: operational, executive and strategic in the company. At the end of this project it is presented a mapflowchart that enables visualizing all processes involved in the production of precast concrete. This document is able to help future improvement when it comes to logistics and info compatibility. Key words: Precast, Logistics, Compatibility, Schedules. LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 - Focalização do Trabalho no Contexto da Logística Empresarial................................22 Figura 3.1 - Fluxograma do plano de pesquisa............................................... .................................26 Figura 3.2 - Empresa X - Pórticos rolantes para transporte e armazenamento................................27 Figura 3.3 - Obra A na fase de fundação (a) e (b) vista do canteiro de obras....................... ..........28 Figura 4.1 - Organograma da estrutura hierárquica da empresa X..................................................30 Figura 4.2 - Empresa X - Montagem da armadura de uma viga na pista de concretagem..............32 Figura 4.3 - Pista de fôrmas - Empresa X. ......................................................................................33 Figura 4.4 - (a) espaço de armazenamento na empresa X (b) viga I sendo carregada conforme plano de cargas............................................................................................... .................................36 Figura 4.5 - Pilar sendo montadona Obra A....................................................... ............................38 Figura 4.6 - Estrutura pré-moldada sem vigas de coberturas – Obra A..........................................39 LISTA DE QUADROS Quadro 2.1 - Fatores importantes para implantação do Just In Time no canteiro de obras.............19 Quadro 2.2 - Divisão das atividades da Cadeia Logística...............................................................23 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABNT BIM CAD CP FCK ICC JIT KANBAN NBR PCP Associação Brasileira de Normas Técnicas Building Information Modeling Computer Aided Design Corpo de Prova Resistência característica do concreto à compressão Indústria da Construção Civil Just In Time Sistema de gestão visual Norma Brasileira Planejamento e Controle de Produção SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................... 11 1.1. Justificativa .......................................................................................................... 11 1.2. Problema .............................................................................................................. 14 1.3. Objetivo geral....................................................................................................... 15 1.4. Objetivos específicos............................................................................................ 15 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 16 2.1. Industrialização da construção civil no Brasil ................................................. 16 2.2. A Indústria de pré-moldados de concreto ........................................................ 17 2.3. Canteiro de obras ................................................................................................ 19 2.4. Modelo de produção Toyotista .......................................................................... 20 2.5. Logística integrada na indústria de pré-moldados de concreto ..................... 21 2.6. A compatibilização de informações no segmento ............................................ 23 2.7. Compatibilização de informações entre obra e fábrica – processos .............. 24 3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 26 4. DISCUSSÃO DE RESULTADOS ................................................................................. 30 4.1. Produção na fábrica ........................................................................................... 31 4.2. Produção na obra ................................................................................................. 34 4.3. Etapas de produção ............................................................................................. 34 4.4. Estudo de caso. ..................................................................................................... 36 4.5. Consequências e propostas de melhorias ........................................................... 40 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 43 APÊNDICE A – ENTREVISTA ........................................................................................... 45 APÊNDICE B – AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA ........................................................... 48 APÊNDICE C – FLUXOGRAMA DA PRODUÇÃO ....................................................... 49 APÊNDICE D – MAPOFLUXOGROMA REAL .............................................................. 50 APÊNDICE E – MAPOFLUXOGROMA PROPOSTO .................................................... 51 ANEXO A – PROGRAMAÇÃO DE CARGA .................................................................... 52 ANEXO B – SISTEMA DE GESTÃO VISUAL/KANBAN ............................................... 53 ANEXO C – PLANTA DA EDIFICAÇÃO/ESTUDO DE CASO ..................................... 54 ANEXO D – CRONOGRAMA DE FABRICAÇÃO .......................................................... 55 ANEXO E – PLANO DE RIGGING ................................................................................... 58 11 1. INTRODUÇÃO A gestão da produção observa a distribuição física como um todo, além de processos de padronização e roteirização das tarefas. Enfatiza-se que o nível de competividade de uma organização também está vinculado ao nível de capacitação dos colaboradores. Ainda, a combinação de modelo econômico, aperfeiçoamento das atividades e serviços auxiliados pela tecnologia da informação, contribui significativamente para a melhoria do sistema. A Logística está inevitavelmente relacionada à Construção Civil. Processos de industrialização nesse setor envolvem planejamento operacional, estratégico e executivo (tátil). Nos tópicos que seguem, deseja-se aprofundar na importância da Logística para fabricação de pré-moldados de concreto, o que abrange a racionalização da produção e da concepção do nível de qualidade da produção, do fluxo de materiais, informações e volume de produção. A ordem dos tópicos do seguinte estudo usa de uma lógica de organização e de afunilamento do tema. Inicia-se com a Justificativa do trabalho com um rápido esboço da importância dos pré-moldados de concreto e a relação entre Compatibilização de Informações, Logística e Construção Civil. Avalia-se então a importância da Logística Empresarial na gestão desse sistema de construção, possibilitando uma discussão das atividades e serviços ligados a uma determinada indústria do segmento, previamente selecionada. Constitui-se ainda por Objetivos da pesquisa, explanando o propósito do trabalho, a Revisão Bibliográfica com um aprofundamento do tema e dos tópicos, anteriormente relacionados na Justificava. Na Metodologia evidencia-se o método utilizado para fazer a realização da pesquisa, do estudo de caso, bem como os instrumentos de coletas de dados. Neste tópico é definida a sequência de desenvolvimento do trabalho, estabelecendo-se as etapas necessárias. 1.1. Justificativa O sistema de pré-moldados de concreto possibilitou a rápida reconstrução dos grandes centros urbanos, destruídos durante a segunda guerra mundial. Esse modelo permite 12 um alto processo de industrialização dentro da construção civil, contribuindo para o desenvolvimento e aprimoramento de técnicas construtivas do setor. A logística empresarial pode ser um caminho para a diferenciação sobre os concorrentes ao simplificar o processo de gestão; flexibilizar o momento do uso de capitais; realizar planejamento contínuo de atividades e operações; reduzir ou eliminar mão-de-obra que não agregue valor; reduzir estoques e custos, agregando valores aos seus produtos, entre outros aspectos (SERRA; OLIVEIRA, 2006 apud NASCIMENTO; SERRA; FERREIRA, 2010). Atualmente o Brasil, que vive na era da informação, percebe o alto grau de competitividade entre indústrias da construção civil, onde a veiculação de informações acontece de maneira muito rápida. Concorrência essa cada vez mais acentuada devido a atuação massiva da iniciativa privada, uma característica do Capitalismo como modelo econômico predominante no mundo. Sendo assim, a necessidade de desenvolver e aprimorar tecnologias, processos, mecanismos, ferramentas e instrumentos torna-se tarefa de extrema importância para a competividade no segmento de pré-moldados de concreto. Quando se fala em processos de industrialização, seja em indústrias de pré-moldados ou não, a logísticaocupa um importante papel, uma vez que está atrelada ao processo de fabricação como um todo. Segundo o Conselho de Administração da Logística (Council of Logistic Management), Logística é o processo de planejar, programar, controlar o fluxo eficiente e econômico de matérias-primas, mercadoria, informação e produtos finalizados, do ponto de origem até o ponto de consumo, objetivando atender as necessidades do cliente (NOVAES, 2001 apud OLIVEIRA; CÂNDIDO, 2006). A literatura nos mostra que a logística possui ferramentas e processos que possibilitam um planejamento que começa na cadeia de suprimentos, passando pela produção e então distribuição dos produtos. São intrínsecos a esse processo o tempo e o espaço. Segundo Cruz (2002, p.133): O gerenciamento logístico do fluxo de material no canteiro de obra é caracterizado por uma sequência de atividades destinadas a disponibilizar fisicamente, onde necessários e no momento certo, os materiais envolvidos na execução das várias etapas do processo de produção. Inicia com a chegada dos materiais no canteiro de obra (ponto de origem) e termina com o material disponibilizado em seu ponto final de aplicação na edificação (ponto de consumo). O comportamento do fluxo material 13 nos canteiros de obras é influenciado por variáveis como cultura e patamar tecnológico da empresa, estratégia de movimentação de materiais, condições das instalações provisórias do canteiro, entre outras. Em indústrias de pré-moldado de concreto esse gerenciamento logístico precisa estar muito bem planejado, uma vez que os elementos pré-moldados devem estar no devido local de utilização determinado em projeto, no momento certo. Caso isso não ocorra, pode haver conflitos para continuidade da obra que está sendo executada. Dessa forma, esse planejamento necessita começar na fase de concepção do projeto. A produção o transporte e a montagem dos pré-moldados devem estar continuamente em harmonia. Isso possibilita a prática de Just In Time 1, uma característica do modelo produtivo Toyotista. Na literatura, encontram-se definições semelhantes para Just In Time, que basicamente tem por objeto eliminar o desperdício e aquilo que não acrescenta valor para uma empresa. Assim, revela-se importante a necessidade de atribuir procedimentos e orientações para o planejamento logístico das atividades mencionadas, uma vez que podem envolver variáveis não previstas no escopo do projeto. Desse modo, outro processo importante na industrialização da construção é a compatibilização de informações. Uma vez que vivemos na era da informação, esse mecanismo se torna altamente necessário para minimizar conflitos existentes. Ademais, devido ao dinamismo atual das produções de estruturas pré-fabricadas de concreto, acredita-se na importância da análise da compatibilidade de cronogramas de fabricação em relação ao planejamento de montagem no canteiro de obras, evidenciando a necessidade de uma análise da logística empresarial. Sendo assim, a construção civil, a indústria de pré-moldados, a logística e a compatibilização de informações, são assuntos que estão intimamente correlacionados. É parte integrante da metodologia desta pesquisa um estudo de caso. O principal intuito dessa prática está em fazer uma avaliação de determinada empresa, de modo a enriquecer o processo como um todo. A revisão da literatura especializada traz uma representatividade para as condições que foram abordadas no estudo de caso, de maneira a validar o mesmo com os parâmetros já previstos em outros trabalhos acadêmicos. 1 Just In Time – Produção de partes que são incorporadas de modo a formar um produto. Compra de matérias primas no devido tempo de ser incluído no processo de fabricação, de maneira a reduzir custos de estoque (OHNO, 1997). 14 Em resumo, é feito um estudo de uma empresa de pré-moldados de concreto no município de Aparecida de Goiânia, com uma análise dos processos e mecanismos que podem promover uma melhoria na produção de produtos e serviços da empresa, além da aplicação de um questionário na empresa. Foram previstas visitas técnicas na fábrica e em uma obra da empresa no intuito de verificar in loco, possíveis acréscimos não previstos no escopo do projeto, seja na produção (fábrica) ou na fundação (canteiro de obra), por exemplo. As etapas de construção deste trabalho são respectivamente: revisão bibliográfica e planejamento do trabalho, coleta de dados e materiais de estudo, visitas técnicas na empresa, desenvolvimento teórico introdutório do trabalho com a demonstração do problema, desenvolvimento e análise de dados embasando-se em questionários que foram respondidos pela empresa analisada. Finalmente é realizada uma revisão dos textos e apresentação final do TCC. 1.2. Problema Foram levantadas algumas questões relacionando canteiro de obra e a fábrica de estruturas de concreto (armado/protendido), ao realizar visitas técnicas na empresa X e na obra A escolhida, de modo a observar as atividades e serviços desenvolvidos. Durante a fabricação dos pré-moldados na indústria, constatou-se que os elementos são controlados por supervisores que liberam a peça para próxima etapa. Segue a sequência de produção: Armadura, Fôrma (ajuste da armadura na fôrma e lançamento do concreto) e Acabamento. Enquanto que na obra são realizados serviços de preparação do terreno (Terraplanagem) quando for o caso, e perfurações do solo para a execução da fundação que receberá toda a estrutura. O Departamento de Produção ainda realiza o Plano Rigging, um relatório com indicação de como a operação de montagem deve ocorrer, evidenciando as limitações do equipamento e tensão resistente mínima do solo. . Durante o processo de comunicação entre cronograma de fabricação e cronograma de montagem, existem incompatibilizações? Isso pode implicar em quais tipos de consequências no processo de fabricação e de execução da edificação? Atividades como o plano de cargas, fundação no canteiro de obras e fabricação das peças na indústria, coesos entre si, impactam a eficiência do sistema? 15 1.3. Objetivo geral Analisar a logística de produção de uma indústria de pré-moldados de concreto e propor melhorias. 1.4. Objetivos específicos Fazer um levantamento na literatura especializada, dos possíveis mecanismos e processos que podem ser utilizados para compatibilizar informações da logística de produção de uma indústria de pré-moldado de concreto; Verificar a importância do desempenho logístico no planejamento estratégico e operacional de indústrias de pré-moldados; Propor um Mapofluxograma para a logística da empresa, objetivando aperfeiçoar a compatibilização entre obra e fábrica; Retroalimentar a empresa com oportunidades de melhoria. 16 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Industrialização da construção civil no Brasil A Indústria da Construção Civil (ICC) tem grande importância na economia e na sociedade. Emprega uma grande diversidade de mão de obra no que se refere ao nível cultural. É necessário o investimento na capacitação e educação da classe de trabalhadores mais carente, que desempenham funções essenciais à nível operacional (CAVALCANTI, 1999). No nível mais técnico do segmento, a informática vem sendo cada vez mais difundida com o aprimoramento e inovação de softwares que tornam o trabalho de escritório mais prático (CAVALCANTI, 1999). A gestão dos projetos e processos, por sua vez, também se torna mais ágil, isso tudo graças a melhorias proporcionadas na integração das etapas (CASTANHA; PORTO; FARIAS FILHO, 1999). No Brasil, a ICC pode ser dividida basicamente em construção pesada, edificações e montagem industrial. É marcada por técnicas antigas, mas agora com a influênciada modernização e dos avanços em tecnologias de informação oriundos de um mundo globalizado. Atualmente o cliente está cada vez mais exigente no que se refere à qualidade do produto. Em contra partida existe uma mão de obra com pouco investimento em escolaridade e cultura, o que dificulta melhorias na comunicação e aumenta a rotatividade do operariado na organização (CASTANHA; PORTO; FARIAS FILHO, 1999; CAVALCANTI, 1999). Uma vez que a logística nesse segmento pode ser bastante complexa, pelo alto grau de diversificação dos serviços que foram executados, se faz presente associações de empresas de modo a separar atividades específicas do então grupo formado (CASTANHA; PORTO; FARIAS FILHO, 1999). Isso pode aumentar o controle do gerenciamento e planejamento da organização, interferindo na sua produtividade, qualidade de produtos e serviços prestados. Também há reflexos no comportamento dos gestores nas organizações, graças a uma relativa redução do acúmulo de tarefas e decisões causadas pelo avanço tecnológico, que tendem a serem menos conservadores em um mercado mais moderno (CASTANHA; PORTO; FARIAS FILHO, 1999). Como Cavalcanti (1999) já afirmava, a tendência dos processos produtivos é de se tornarem cada vez mais informatizados, onde poderá se fazer o uso, nos canteiros, de computadores portáteis com acesso ao banco de dados da produção, o que pode ser importante 17 para respostas mais rápidas e precisas, conforme as diversas situações podem exigir. A rede interligada entre obra e os centros de decisão, é mais ágil. Uma tecnologia que está em vias de crescer no Brasil, pela praticidade e nível de compatibilização, é o Building Information Modeling (BIM). Essa tecnologia consiste em criar um modelo virtual com um nível de detalhamento extremamente minucioso, de maneira a possibilitar a integração e construção simultânea de projetos relacionados à arquitetura, hidráulica, elétrica e estrutura, por exemplo. Dessa forma é possível prever e solucionar erros ligados à concepção da execução da edificação, visualizando o resultado final de modo mais realista, ao considerar as peculiaridades de cada projeto. São duas características do BIM, a simulação e a colaboração entre as equipes técnicas (CRESPO; RUCSHEL, 2007). 2.2. A Indústria de pré-moldados de concreto Como já mencionado, foi no período depois da segunda guerra mundial que a indústria de pré-moldados de concreto ganhou mais espaço pela rapidez com que se poderia entregar uma obra (PIGOZZO; SERRA; FERREIRA, 2006). Havia a possibilidade de construção de diversos tipos edifícios, dentre eles, galpões industriais e hospitais, por exemplo. Essa indústria busca racionalizar a construção civil, através da repetição no processo produtivo dos elementos pré-moldados (BRUMATTI, 2008). A partir dessa lógica é possível aumentar a produção, a qualidade e ainda reduzir desperdícios e custos com matéria prima (PIGOZZO; SERRA; FERREIRA, 2006). Aqui se torna muito importante a previsão daquilo que é produzido, de maneira a organizar as pistas de produção (fôrmas de concretagem – fundo e lateral), observando a logística relacionada às dimensões dos elementos que foram concretados. A organização é outro ponto importante, uma vez que é possível planejar e aperfeiçoar continuamente o layout da fábrica, agilizando as atividades desde o recebimento da matéria prima básica até o produto final acabado. Isso beneficia a logística ao amadurecer as trajetórias de transporte de materiais e cargas dentro do pátio de produção (CRUZ, 2002). Trata-se então, de um sistema racionalizado e por isso mais econômico. O prazo de execução de obras de pré-moldados de concreto é encurtado graças a esse processo de racionalização da execução dos serviços, trazendo mais qualidade e padronização 18 para produção. No pátio fabril o planejamento do transporte do fluxo de produção é feito de modo a minimizar os riscos de danos às peças produzidas, além de visar maior segurança para o colaborador. A execução dos serviços começa na fase de recebimento da matéria prima bruta para constituição do elemento estrutural, que basicamente consiste em concreto e armadura. Tem- se então os agregados graúdos e miúdos, cimento e aditivo mineral para o concreto e o aço para armadura NBR 9062 (ABNT, 2001), traz as recomendações para produção e execução de concreto pré-moldado. Nos itens sete e oito da norma anterior, por exemplo, pode ser visto especificações sobre a execução e os materiais utilizados na pré-fabricação, indicando também as demais normas envolvidas durante a produção. Algumas precauções são necessárias quanto ao processo de fabricação desses componentes do elemento, principalmente no que se refere ao controle de qualidade. A cura, dosagem do concreto, além da correta fabricação da armadura influenciam diretamente na qualidade do produto NBR 9062 (ABNT, 2001). Existem diversos tipos de elementos estruturais que podem ser pré-moldados em concreto armado ou protendido, quando for o caso. São exemplos: pilares, vigas, escadas, lajes, manilhas, capitéis, aduelas, entre outros, onde a configuração dos elementos deve ser levada muito a sério uma vez que as medidas devem estar em conformidade com o projeto (BRUMATTI, 2008). Para tanto é necessário haver uma boa comunicação entre o departamento de produção e de projetos. Uma vez que a logística empresarial envolve ter o produto certo no momento certo (CRUZ, 2002), destaca-se a importância do setor de produção da fábrica com o setor de produção no canteiro de obra. O sistema de Kanban, por exemplo, traz uma metodologia que possibilita não só operacionalizar, como também, sincronizar e alinhar a produção como um todo. Trata-se de um método de gestão visual que inclui as etapas envoltas à produção do produto. Esse sistema basicamente utiliza de uma referência visual que fica atrelada ao produto, de maneira a facilitar seu rastreamento e movimentação dentro da fábrica (CARDOSO; FARIA; CHAVES, 2006). No anexo B deste trabalho é possível ver um exemplo desse método de gestão visual, utilizado pela empresa X, alvo da análise deste trabalho. 19 2.3. Canteiro de obras A NBR 12284 (ABNT, 1991) traz a seguinte definição para canteiro de obras: “áreas destinadas à execução e apoio dos trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência”. Onde a área operacional está ligada a produção enquanto que a área de vivência se refere às necessidades humanas do colaborador, como higiene e descanso. Essa norma prescreve ainda disposições gerais sobre a localização e configuração de componentes das instalações sanitárias (chuveiro, lavatório e bacia sanitária), o refeitório, vestuário e a cozinha. É necessário então o dimensionamento de algumas variáveis como quantidade de colaboradores, prazo de execução, tipos de serviços que foram realizados, além de hábitos que contribuam para uma boa gestão. Segundo Barbosa Júnior (1997), agrupa os fatores, expressos no quadro 2.1, que mais influenciam na eficiência do processo de construir, que além de reduzir o custo, permitem a otimização do tempo e a redução do desperdício, viabilizando o Just In Time. Fator Característica Comunicação Componente humano Educação e treinamento Melhorias no processo de trabalho Time Integração Simplificação Sequência de operações Motivação Análise de sugestões feitas Melhorias Contínuas Aspectos ruins melhorados até sua eliminação Relacionamento com fornecedores Qualidade e performance na entrega Quadro 2.1: Fatores importantes para implantação do Just In Time no canteiro de obras. Fonte: Barbosa Júnior (1997). A utilização de ferramentas e instrumentos mais dinâmicos, que conseguem entregar uma simplificação do fluxo de material, concede mais rapidez à produção. O nível de intimidade entre os departamentosde uma empresa é outra variável que pode ser bastante significativa. O estabelecimento de metas, padrões e diretrizes para utilização comum, dos colaboradores e departamentos compactuam para a motivação dos mesmos e aprimoramento das funções. 20 No canteiro de obras, o Plano de Rigging visa aperfeiçoar a montagem das peças ao analisar as limitações do equipamento conforme o peso e dimensões de cada elemento estrutural, além das manobras que foram necessárias para a montagem desses elementos em obra. Observa características físicas relacionadas ao solo e movimentação do equipamento de montagem no canteiro. É gerado então um relatório com as especificações e orientações para a correta execução de montagem. 2.4. Modelo de produção Toyotista Nesse modelo de produção, a lógica consiste em produzir conforme a demanda. Uma vez que o fluxo é definido pelo mercado, ao entrar mais matéria prima dentro da empresa, a produção aumenta. Ao diminuir a entrada de matéria prima, a produção também diminui. Visa, portanto, uma redução do estoque de produtos. Uma vez que a redução mencionada está diretamente ligada a demanda do mercado, ocorre nessa ordem: aumento ou redução da demanda, posteriormente da quantidade de matéria prima e por último do estoque de produtos. Outro aspecto desse modelo está na qualidade do serviço, em que o colaborador passa a ser mais exigido pela sua qualificação profissional e aprimoramento das técnicas utilizadas. Existem processos e ferramentas que ajudam a tornar as atividades mais claras e simplificadas, como por exemplo, a sincronização da produção. Ohno (1997) menciona a questão da cultura de um colaborador fazendo múltiplas tarefas, importância da redução do estoque e da influência nos lucros quando há superprodução. Prescreve também os elementos que caracterizam o trabalho padrão, segundo ele: Tempo de Ciclo, Sequência de Trabalho e Estoque Padrão (mínimo de trabalho de processo entre os processos). Se tratando de custos, uma forma de reduzir o desperdício da produção está na aplicação de Just In Time, onde o item necessário tem de estar na quantidade certa, no momento certo para seguir à próxima etapa. Esse sistema se baseia na autonomação dos processos. O grande desafio está na quantidade de processos envolvidos em indústrias, pois erros em formulários, necessidade de retrabalho, problemas em equipamentos e absenteísmo dificultam a aplicação do método (OHNO, 1997). O custo de cada unidade de produto, considerando o valor total para sua fabricação que implica não apenas o custo direto como também a mão de obra e a matéria prima, é um 21 fator de relevância. Está diretamente associado ao nível de lucro de uma empresa, uma vez que os processos podem ser muitos, sendo importante enxugá-lo ao máximo. O Planejamento e Controle da Produção (PCP) engloba todos os fatores que podem ser antecipados e previstos anteriormente à produção. Esse planejamento envolve todos os insumos envolvidos no processo, que vão desde a mão de obra e materiais até os equipamentos e ferramentas que foram necessários durante o processo de fabricação. Esse processo de controle e administração é importante não apenas para o monitoramento e previsão das atividades e cronogramas que foram executados, mas também para atingir metas relacionadas ao orçamento e prazo dos contratos (FILHO; ROCHA; SILVA, 2004). 2.5. Logística integrada na indústria de pré-moldados de concreto A Logística Empresarial2 pode promover uma integração mais completa dos fluxos de materiais e serviços, exemplificada na Figura 2.1 com a focalização do trabalho, onde a troca de informações deve ser feita de maneira mais ampla, observando o gerenciamento de estoque e de transporte dos produtos (CRUZ apud TABOADA RODRIGUEZ, 2002). Esse sistema promove mais competitividade ao gerar valor para o cliente, colocando- o como ponto chave desde a concepção até o produto pronto para uso. É possível criar ferramentas específicas, além das existentes na literatura de modo a controlar processos na fábrica que incluem estoque, movimentação dos produtos, e expedição dos mesmos (CRUZ, 2002). O projeto logístico, que envolve os ambientes e a gestão da empresa, deve estar em sincronia. Isso pode produzir uma maior coerência entre cargas, prazo e nível de estoque, principalmente quando se tem múltiplas obras para serem produzidas, além de garantir maior flexibilidade nos pedidos de alteração do plano de carga. O Fluxo de informações nesse sistema atende a três tipos de atividades: distribuição física, apoio à manufatura (programação e planejamento da produção) e suprimentos (OLIVEIRA; CANDIDO apud BOWERSOX; CLOSS, 2006). 2 Fase da integração do suprimento com a distribuição, onde temos a cadeia que começa no fornecedor, passando pelos suprimentos, produção, distribuição e enfim o cliente final. (TABOADA; RODRIGUEZ, 1999). 22 Figura 2.1: Focalização do Trabalho no Contexto da Logística Empresarial. Fonte: adaptado de Cruz (2002, p. 160). A qualidade da relação entre fornecedores de materiais, empresas e consumidores finais deve estar ligada ao desempenho de produção dentro do canteiro, onde o controle minucioso de estoque de produtos finalizados e dos trajetos para o transporte destes até o cliente evidencia a necessidade de planejamento das atividades relacionadas com uma visão mais ampla (OLIVEIRA; CÂNDIDO, 2006; CRUZ, 2002). Logo, o aperfeiçoamento do fluxo de informação na organização pode produzir um relacionamento entre fornecedores e clientes mais aproximado, de modo a promover parcerias que tornam a empresa, grupo ou associação em empreendimentos mais competitivos. É importante ainda estabelecer processos para estudar a opinião do cliente sobre o serviço que está sendo prestado. A integração envolve então, não apenas os processos específicos e internos, mas a logística de suprimentos como um todo (CRUZ, 2002). Portanto, a estratégia da gerência se torna um diferencial, quando utilizados as ferramentas de logística corretamente. Em outras palavras, o nível logístico empresarial traduz a capacidade de transformar matéria prima bruta passando por todo o processo de fabricação até que chegue ao ponto de consumo para o cliente. Assim, os recursos disponíveis para esse tipo de sistema permitem uma aproximação entre o fluxo de materiais e fluxo de informações, sendo a cadeia de suprimentos responsável por promover essa integração. 23 De acordo com FREITAS e LOBATO, 2015, são ferramentas importantes para o Supply Chain Management (SCM), ou cadeia de suprimentos: Outsourcing (Terceirização), Serviço ao Cliente, Eletronic Data Interchange (Intercâmbio Eletrônico de Dados) e Vendor Manager Inventory (Estoque Gerenciado pelo Fornecedor), ambas são ferramentas de controle de estoques gerenciados pelo fornecedor em parceria com o cliente, e Postponement (Postergação), paradoxo conceito que prega distanciar o produto acabado do cliente, como forma de diferencial competitivo ao torná-lo mais dinâmico e customizável (FREITAS; LOBATO, 2015 apud BALLOU, 2012). Como pode ser visto no quadro 2.2, separam-se as atividades logísticas em: atividades primárias, que são a base para o desenvolvimento do processo produtivo, detentoras de um custo mais significativo e uma relevante participação na circulação do fluxo de materiais, e atividades de apoio (CRUZ, 2002 apud BALLOU, 1999). ATIVIDADES PRIMÁRIAS ATIVIDADES DE APOIO Transportes Armazenamento Manutenção de Estoques Manuseio de Materiais Processamento de Pedidos Embalagem de proteção - Obtenção (Fluxo de Entrada) - Manutenção de Informação Quadro 2.2: Divisão das atividades da Cadeia Logística. Fonte: Adaptado de Cruz (2002 apud Ballou, 1999). 2.6. A compatibilização de informações no segmentoUma vez o cliente sendo parte envolvida de grande importância, na concepção Toyotista, deve-se ressaltar sua importância na logística da empresa com um todo. Assim é razoável a utilização das tecnologias e inovações que o mundo digitalizado nos fornece, para melhorar essa relação cliente-empresa, e por sua vez empresa-fornecedor. Isso é feito em virtude do aumento da discretização que se obtém das atividades, e por sua vez do nível de controle. A administração de informações durante a fabricação dos elementos, no que se refere aos insumos necessários, mão de obra, serviços, além da condição atual do produto, aperfeiçoa o rigor do processo. Portanto, a tecnologia da informação auxilia consideravelmente na execução de atividades simultâneas executadas, onde a criação de um 24 banco de dados permite uma organização e integração desses serviços ao antecipar um estudo que seria feito na obra, de maneira a reduzir os improvisos (CORRÊA, 2005) Fatores como tempo e localização são preponderantes para que os cronogramas e programações sejam executados em conformidade. A disponibilização do produto finalizado no tempo correto define a precisão dessas ferramentas, algo que influencia no custo do mesmo. Logo a comunicação nesses processos de gerência causa melhorias do desempenho do fluxo de material. A velocidade de produção e o prosseguimento das atividades necessárias são ambos afetados pela rotatividade da mão de obra, o aparecimento de patologias e retrabalhos. Logo o nível executivo (tátil) está ligado à capacitação, treinamento e aprimoramento da mão de obra. Esse processo de racionalização eleva o nível da comunicação e do serviço que está sendo executado impactando positivamente no tempo e desperdício gerado. Dessa maneira a especificação das operações e etapas nas diversas áreas de uma empresa, mostra como a Logística Empresarial e os fluxos de informações estão intimamente correlacionados, em que a previsão das necessidades para a devida execução do projeto garante mais eficiência ao processo e fornece um direcionamento para a segurança do colaborador, asseio e salubridade do local de trabalho. Aspectos esses que direto ou indiretamente concedem mais competitividade à organização. Para programar um sistema que vise uma melhora da compatibilização de informações, os indicadores de desempenho3 são de grande importância. Esses ajudam a identificar as medidas qualitativas e quantitativas, auxiliando as tomadas de decisões. Tudo isso com vista a trazer mais clareza, agilidade e transparência dos processos. Indicadores esses que podem ser específicos para uma empresa, ou comuns a várias empresas de um mesmo segmento ou setor da economia (CORRÊA, 2005; CRUZ, 2002). 2.7. Compatibilização de informações entre obra e fábrica – processos Uma vez que o segmento de pré-moldados de concreto tem como diferenciais reconhecidos a qualidade e rapidez na entrega de seus serviços e produtos, onde temos em empresas que executam fabricação e montagem dos elementos estruturais, onde a sequência, 3 Possibilitam uma comparação dos resultados das diferentes áreas funcionais e operacionais de uma empresa, permitindo ainda o estabelecimento de novos patamares de desempenho ou melhorias (SOUSA et al., 2006). 25 bem como a racionalização dos fluxos de materiais se torna algo muito relevante no sistema como um todo. O escoamento dos produtos, de modo a reduzir o estoque no pátio, o lay out da fábrica e do canteiro de obras, exercem forte influência no nível de produção (RODRIGUES et al.,2012). São operações durante o processo executivo (tátil): projeto, fabricação da armadura, colocação da mesma na fôrma obedecendo as orientações de projeto, aplicação de protensão (quando necessário), concretagem, cura e adensamento do concreto, previamente dosado NBR 9062 (ABNT, 2001). No canteiro se destaca a fase de escavação, concretagem da fundação e montagem dos elementos estruturais a partir do plano de cargas e transporte das peças. É fundamental também o planejamento para as áreas de vivência no canteiro, citado no item 3.3 estabelecido pela NBR 12284 (ABNT, 1991). O controle da localização física dos produtos e materiais é necessário para evitar o retardo das ações necessárias para não se criar um estoque excessivo. Logo a importância da utilização de mapofluxogramas que descrevem o fluxo de processos e de matéria física, organizando as informações sobre operações que acontecem dentro de uma empresa. O processo de roteirização que pode ser criado viabiliza uma rotina fixa de modo que softwares advindos da digitalização global se tornam ferramentas que ajudam a visualizar e enxugar a logística empresarial (CARVALHO; OLIVEIRA; JAMIL, 2006; RODRIGUES et al.,2012). 26 3. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa, que em sua totalidade apresenta a seguinte sequência cronológica mostrada na Figura 3.1 logo abaixo. Figura 3.1: Fluxograma do plano de pesquisa. Fonte: Elaborado pelo autor. Inicialmente, foi determinado o tema da pesquisa, levantamento de referências bibliográficas, enfoque do estudo com a definição da problemática, escolha dos trabalhos que fundamentam toda a análise, aprofundamento da leitura nos trabalhos escolhidos como sendo os principais, e definição do tipo de trabalho, optando-se por estudo de caso, baseado na literatura dos assuntos que são considerados relevantes para o tema em questão: “A Logística na gestão do processo produtivo de pré-moldados de concreto”. Isso tudo, de modo a relacionar este último à compatibilização de informações entre obra e fábrica, em empresas nesse segmento. Visando um estudo mais específico e aprofundado do tema, percebeu-se a importância do método de abordagem que seria utilizado para realizar a investigação e estudo organizacional. Assim, o estudo de caso, corresponde à necessidade em se estabelecer um método qualitativo descritivo, de modo a analisar, registrar e interpretar fatos que são relevantes à pesquisa e por sua vez à problemática da investigação. 27 Definiu-se então, a região onde seria feito o estudo de caso, a empresa que faria parte do escopo do trabalho, bem como os instrumentos e processos que seriam utilizados nesse tipo de estudo, para viabilizar a pesquisa. A escolha de uma obra específica da empresa tornou-se necessária para tal estudo. A partir das visitas in loco, verificar o modelo de produção, entrevistar a equipe gestora da produção, criar mapofluxograma, realizar registros fotográficos, e analisar pontos específicos da problemática, constituindo a metodologia escolhida, uma vez que concede autoridade e racionaliza toda a pesquisa. Com o auxílio da literatura, se propôs dentre as possíveis soluções, a que mais se adequa a realidade do contexto geral da empresa. Isso visando a facilidade e praticidade da execução, bem como o custo-benefício. A empresa X, uma indústria de pré-moldados de concreto, escolhida para a realização do trabalho possui um amplo portfólio de obras executadas, que variam entre galpões industriais, shoppings, faculdades e viadutos, por exemplo. Além da variedade de obras executadas, que vão do planejamento a montagem da obra, está há quase vinte anos no mercado, possuindo uma metodologia de produtividade amadurecida. Localiza-se no polo empresarial de Goiás, no município de Aparecida de Goiânia, um centro econômico e industrial do estado. Na figura 3.2, pode ser visto um pouco sobre as instalações e atividades desenvolvidas pela mesma. Figura 3.2: Empresa X - Pórticos rolantes para transporte e armazenamento. Fonte: Acervo pessoal. Após a escolha da empresa, selecionou-se uma obra A, ver Figura 3.3 (a) e (b), para que se pudesse fazer a devida análise que envolvia o tema dapesquisa, bem como, entender o funcionamento do processo de produção, expedição e montagem em obra. Foi escolhida uma 28 obra que estava na etapa de fundação onde a aplicação de questionário e entrevista em fábrica, foi fundamental para o andamento da pesquisa. Ressalta-se que no apêndice B, encontra-se o termo com a autorização por parte da empresa para divulgação de informações sobre a organização estudada. As visitas foram feitas em obra nas seguintes fases: execução da fundação, que inclui perfuração e concretagem da mesma, montagem dos pilares, das vigas de travamento e por último, das vigas de cobertura. Ao todo foram cinco visitas, durante o período de trinta dias (mês de agosto de 2017), prazo esse para entrega da obra. Na fábrica as visitas foram realizadas diariamente durante seis meses (maio de 2017 até outubro de 2017), de forma a se caracterizar as operações que eram desenvolvidas. (a) (b) Figura 3.3: Obra A na fase de fundação (a) e (b) vista do canteiro de obras. Fonte: Acervo pessoal. No Anexo C, pode ser consultada a planta da edificação, que conta com vinte e cinco pilares, quatorze vigas perfil I, oito vigas de empenamento, noventa e seis terças, doze vigas calhas e cinquenta e quatro vigas de fechamento. Trata-se de um galpão industrial para armazenamento de produtos com cerca de três mil e trezentos metros quadrados. Verificar as possíveis incompatibilidades ligadas ao enfoque do trabalho, as melhorias e diretrizes que podem ser propostas para contribuir para a logística da empresa, observar a lógica, as ferramentas e procedimentos usados para se fazer os cronogramas de fabricação e de montagem, com percepção sobre a soberania de algum deles. A partir do que foi exposto pôde-se fazer alguns questionamentos que levaram a construção de um questionário, que pode ser visto no Apêndice A. Questionamentos esses 29 relacionados aos critérios de produção, planejamento logístico, cronologia de fabricação e montagem, acréscimos não previstos no processo de fabricação e logística da empresa. Para isso temos os fluxos de processos, que juntamente com mapofluxograma, entrevistas e questionário, geram dados necessários para validação do estudo. Essa análise de fluxo de informações, que visa um aperfeiçoamento da gestão em termos de organização, permite um mapeamento dos processos e etapas de modo que haja uma visualização do movimento físico dos produtos, bem como, das informações relacionadas a essa logística. A entrevista foi realizada com colaborador da área de engenharia, responsável por funções ligadas diretamente ao processo produtivo na fábrica e em obra. 30 4. DISCUSSÃO DE RESULTADOS Uma empresa de pré-moldados precisa ter uma estrutura mínima para dar suporte para o processo de fabricação do produto final, no que se refere aos maquinários e espaço físico. Isso inclui equipamentos de movimentação e armazenamento de cargas, preparação do terreno de fabricação no que se refere a resistência do solo, organização do layout do canteiro de produção na fábrica, entre outros. A empresa X do estudo de caso subdivide-se nos seguintes departamentos: vendas, compras, produção, projetos e diretoria. Para a produção de uma estrutura de pré-moldados de concreto são necessárias etapas que envolvem contato com o cliente, verificando as necessidades e anseios que o mesmo enfrenta. A partir desse contato é feito uma primeira análise que enseja na concepção do projeto, que é definido e orientado conforme a necessidade do consumidor e da atividade ao qual estará envolto. Como por exemplo, um galpão industrial para armazenamento de produtos dos mais diversos, uma faculdade ou shopping center. Segmentos esses com suas peculiaridades que definirão as características específicas que devem constar na edificação. Figura 4.1: Organograma da estrutura hierárquica da empresa X. Fonte: Acervo Pessoal Após a fase de concepção, tem-se então que fazer toda a parte orçamentária para redação do contrato, que resguarda juridicamente a empresa e o cliente, devendo-se aqui 31 incluir itens de artigos constitucionais. A partir do momento que se tem um acordo firmado entre cliente e empresa fabricante de pré-moldados de concreto, haverá então o encaminhamento do escopo básico primeiramente para a equipe de projetos, responsável pelo cálculo e detalhamento da estrutura da edificação. É bom ressaltar ainda que é comum o dimensionamento, a fabricação e execução dos elementos pela mesma empresa, não sendo, no entanto, uma regra geral. Ocorre por vezes, que o cliente já traz consigo o projeto calculado e detalhado de toda parte estrutural para a empresa fabricante executar a produção das peças pré-moldadas, como laje, pilar, vigas, escadas entre outros. Finalizado o detalhamento das peças que foram fabricadas, encaminha-se o mesmo para Equipe de Produção que inicia os trabalhos, partindo-se basicamente do PCP (Planejamento e Controle de Produção). Aqui, a equipe faz a gestão de todos os recursos operacionais de maneira a procurar sua máxima otimização. Nessa etapa acontece uma importante fase de interpretação do projeto, para sua produção em fábrica e execução da montagem no canteiro de obras, sendo necessária e muito importante a boa comunicação entre esses serviços. No Apêndice D, é possível compreender melhor o que está sendo exposto. 4.1. Produção na fábrica Durante o PCP, o departamento de produção estuda o projeto de maneira a maximizar a quantidade de produtos produzidos diariamente, bem como o estoque de insumos em geral, como matéria prima e ferramentas que deverão ser compradas de maneira antecipada ao início da construção minimizando possíveis imprevistos durante a fase operacional da produção. É válido ainda mencionar que o sucesso de tais operações fica vinculado à concordância dos termos estipulados em contrato por ambas as partes, no caso do cliente à liberação da verba financeira conforme acordo, para o devido andamento da produção. Verificou-se que é durante o PCP que ocorre a otimização da produção, onde é necessário fazer um estudo das pistas de fôrmas para concretagem, de maneira a racionalizar sua utilização ao máximo possível, possibilitando a produção de peças repetidas ou peças com características semelhantes permitindo-se fazer uma associação na pista de produção. 32 Constatou-se que existem pistas para produção de pilares, de vigas armadas ou protendidas e para lajes, também protendidas. Esse tipo de otimização da produção é possível por se tratar de uma fábrica de pré- moldados de concreto. Existe certa padronização das peças por parte do projetista estrutural e das normas técnicas, de maneira a facilitar e aumentar o fluxo de produção. Isso envolve a concordância entre as dimensões dos elementos estruturais de mesma função. Considerando que o fundo da pista está no sentido longitudinal, e se relaciona ao aspecto de comprimento e largura das peças, imagine de maneira bem superficial que a única outra variável em relação à pista de produção do elemento seja a altura do mesmo. Ressalta-se que existem variáveis como o fck do concreto e a cordoalha (no caso de peças protendidas) que são variáveis relevantes para a produção das peças pré-moldadas na mesma pista. Lembrando que estamos relacionando a produção apenas em relação à pista de produção, observando a parte de logística, e não em relação à produção do elemento como um todo. Na Figura 4.1, temos uma viga que é concretada. Figura 4.2: Empresa X - Montagem da armadura de uma viga na pista de concretagem. Fonte: Acervo pessoal. O fundo da fôrma (pista) é fixo, as laterais, por sua vez, podem ser modificadas conforme altura da peça (Figura 4.2). O fundo também define a largura da peça.Por exemplo, se a pista tem setenta metros de comprimento, e a chapa que constitui o fundo da forma, tem quarenta centímetros de largura, então foram fabricadas peças de quarenta centímetros de largura, quantas as quais couberem nesses setenta metros, descontados os espaços entre os fechamentos (parte que define o comprimento da peça), a “cadeirinha” de madeira mostrada na Figura 4.1. 33 Essa relação entre a largura, comprimento e altura da peça, precisa ser observada em projeto para que peças sejam produzidas de uma só vez. As peças que tem características semelhantes, mesma função estrutural (pilar, viga ou laje), dimensões quanto à largura e/ou altura idênticas são identificados no momento do planejamento, de modo que junto com o plano de montagem definem o cronograma de fabricação. Figura 4.3: Pista de fôrmas - Empresa X. Fonte: Acervo Pessoal. Quanto mais peças agrupadas na pista, melhor para o volume de produção diária. E Uma vez que a produção de peças é diária, essas são sacadas (retiradas das fôrmas todos os dias) após o processo de cura do concreto (procedimento para controlar a hidratação do cimento e obter desempenho esperado). Assim, a quantidade de peças que são concretadas diariamente determina a velocidade em que se consegue entregar o empreendimento do ponto de vista de produção em fábrica. Outros aspectos que determinam uma boa eficiência são fatores que estão ligados a logística e qualidade das peças, mão de obra qualificada, e pedidos de matéria prima no momento correto. Os materiais, a propósito, são ensaiados (ensaio de granulometria, massa especifica, teor de materiais pulverulentos) em laboratório, onde são feitas dosagens do concreto com diferentes concentrações dos aditivos que foram utilizados durante a produção do concreto autoadensável (como o próprio nome diz, se auto adensa na fôrma, não sendo necessária a utilização de vibradores, por exemplo). No laboratório ainda é feito o rastreamento do concreto que é utilizado nas peças, onde o laboratorista recolhe amostras do concreto, que é moldado em corpos de prova cilíndricos (10 x 20 cm), e etiquetando (idade de 1, 3, 7 e 28 dias) de maneira a registrá-los no sistema, vinculando-os ao concreto das peças pré-moldadas, que foram sacadas no dia 34 posterior. São realizados ainda, ensaios de resistência à compressão com os CP’s (corpos de provas), de maneira a liberar a desforma das peças concretadas, e também fazer o monitoramento da resistência conforme a idade do CP. 4.2. Produção na obra Acontece na obra, simultaneamente ao processo de produção em fábrica, a execução de serviços preliminares como: aterros e terraplanagem, caso necessário, e posteriormente execução da fundação para o recebimento dos pilares da edificação. No estudo de caso presente, se têm a parte de perfuração, a montagem da armação dos tubulões, gaiolas e execução da concretagem da fundação. É preciso verificar onde e como é disposto o canteiro de obras no terreno, observa-se as limitações dos equipamentos que farão a montagem das peças, para isso existe o plano de Rigging (Anexo E). Outro obstáculo que pode interferir no processo de montagem está no acesso à obra, aspecto muito importante que define a sequência de montagem, no tópico 4.4 Estudo de caso, é possível entender como foi feita a montagem dos elementos da Obra A, cuja planta pode ser consultada no Anexo C. Para tanto, verifica-se a presença de construções ou terrenos baldios nas divisas do canteiro, além de rede elétrica próxima ao acesso, que geralmente é evitada ao máximo (Apêndice A). Essas condições definem como é a execução da edificação, se ela é montada do fundo para frente, ou se é montada do centro para as extremidades. Essa ordem pode variar bastante de obra para obra, por depender de aspectos externos ao sistema de produção. Em obra tem-se por vezes que seguir uma sequência específica de montagem que não se relaciona necessariamente com peças semelhantes, mas sim aquelas que devem ser montadas no devido momento para continuidade da montagem, envolvendo às vezes pilares, vigas e lajes, que não tem características de dimensão semelhantes, o que dificultaria a produção sequencial. Na fábrica, é necessário otimizar ao máximo essa produção visando justamente ganhar velocidade na produção. Uma característica que se torna intrínseca é a flexibilidade, para melhor ajustar a produção. 4.3. Etapas de produção 35 Onde está o impasse então? É comum haver obras onde é necessário começar a execução dos serviços de modo que as fases de produção na fábrica e montagem na obra ocorram simultaneamente. Constata-se na empresa X, que o fator determinante da produção na fábrica é a sequência de montagem em obra, como se pode ver no Apêndice A. A equipe de produção tem a tarefa de aperfeiçoar ao máximo a logística dentro da empresa, de maneira que a comunicação entre as operações possa ocorrer de forma ágil e simplificada. Uma vez que o cronograma é extremamente apertado, é necessário a partir do detalhamento dos elementos e quantitativos de materiais, a compra de aços e de matéria prima para a fabricação do concreto, além de uma comunicação eficaz com o setor de suprimentos, para a verificação dos insumos e ferramentas que precisarão ser repostos para a produção. Durante a produção dos elementos na fábrica existem três etapas sequenciais de fabricação e de importante papel no aspecto logístico, elas são: armação, fôrma e acabamento. Na etapa de armação, ocorre o recebimento dos aços solicitados aos fornecedores, onde as barras de aço foram dobradas, cortadas e montadas nas respectivas quantidades, bitolas (diâmetros), e especificações constantes no projeto, que determina suas disposições e formatos para fabricação das armaduras dos elementos que foram posteriormente concretados. Nas etapas de produção a peça fica condicionada à liberação do serviço para seguir para próxima etapa, através da etiquetação de cada peça (sistema de Kanban - Anexo B), que contém informações sobre comprimento e peso da peça além dos campos referentes a cada setor com espaço disponível para perfuração da etiqueta. Em resumo, uma peça que tem três furos, referente à armação, fôrma e acabamento, está pronta para ser enviada ao canteiro de obras. O próximo setor é o de fôrma. Após a armadura ser liberada, ela é transportada para a montagem dentro da fôrma (Figura 4.2). Isso é acontece com a utilização de pontes ou pórticos rolantes que se movem até as pistas de fôrmas. Nessa etapa a armação é alocada dentro da fôrma, onde a mesma é finalizada com as laterais sendo fechadas e ajustadas conforme especificação de projeto. Em seguida ocorre uma nova verificação do serviço que foi executado, de modo a liberar a peça para receber o concreto. Após a peça ser concretada e ter resistência mínima para ser sacada da fôrma, a mesma é transferida para o setor de acabamento onde deverá receber, quando necessário, 36 melhoria na parte estética e inserto metálico (perfil de apoio chumbado no elemento estrutural) previsto em projeto. Aqui são verificados novamente as cotas (pilares) e dimensões das peças. Caso estejam conforme projeto, são finalmente liberadas para envio até o canteiro de obras, sendo então transportadas para o espaço de armazenagem (Figura 4.3). (a) (b) Figura 4.4: (a) espaço de armazenamento na empresa X (b) viga I sendo carregada conforme plano de cargas. Fonte: Acervo Pessoal. Com a peça liberada e pronta para ser expedida ao canteiro de obras, o responsável pela carga faz a seleção das peças no pátio que deverão ser enviadas ao canteiro de acordo com a programação de carga, elaborada pelo departamento de produção. Essa programação consiste basicamente em: sequência de carga, identificação da peça porsiglas, como por exemplo: P1 (referente ao pilar número um), comprimento total e peso da peça. Essa última é uma importante informação devido a capacidade de carga do veículo que fará o transporte. Nessa programação consta também a data em que o elemento deverá ser levado à obra. No Anexo A é possível ver o modelo da programação de carga utilizada na obra do estudo de caso. 4.4. Estudo de caso: um galpão industrial de estrutura pré-moldada – Obra A Foram realizadas as primeiras visitas no canteiro de obra, observando a ordem em que os serviços eram executados. Trata-se de um galpão industrial para armazenamento de produtos, cujo projeto consiste em vinte e cinco pilares, portanto, em vinte e cinco perfurações no solo para executar a fundação do tipo: sapatas e tubulões, cuja profundidade varia entre três e quatro metros. Essa parte foi relativamente rápida, visto que não foi 37 necessária a realização de aterro ou terraplanagem, pois o local já se encontrava preparado para receber a estrutura do galpão. A empresa terceirizada para fazer as perfurações levou uma semana para fazer o serviço. Com as perfurações devidamente realizadas, iniciou-se então o serviço de montagem das armações dos tubulões dentro dos furos, de maneira a fixá-los na estrutura e também das “gaiolas”, armação para formar os cálices na fundação que receberá posteriormente os pilares. Uma vez que no fundo do canteiro de obras existe uma edificação, constatou-se que nesse caso em específico seria melhor executar a montagem no sentido do fundo do canteiro para frente, de maneira a montar os pilares inicialmente, depois vigas de fechamento, vigas de empenamento, vigas calhas, vigas I e vigas terças. Nessa obra não se utilizou lajes protendidas, por se tratar de um galpão industrial com apenas pavimento térreo e cobertura. Para o início da fase de montagem optou-se pela fixação dos pilares do fundo (P19 ao P1) próximos da edificação existente, depois os pilares da lateral direita (P2 ao P6), pilares do centro (P11 ao P15), pilares da lateral esquerda (P20 ao P24) e por último os pilares da frente (P7 ao P25). Não foi verificado durante as etapas de montagem e de fundação, nenhum imprevisto que pudesse de fato atrasar o andamento da obra, no entanto, pôde-se observar uma situação em que uma peça necessitava ir para o canteiro em determinada data e a mesma não se encontrava finalizada para ser enviada. Foi o caso de uma viga com 11,98 metros de comprimento que estava concretada, mas não finalizada ao ponto de ser expedida. Aqui, verifica-se que tal situação poderia ser evitada, uma vez que a pista de fôrma desse modelo é padronizada, alterando apenas o comprimento. Algumas hipóteses podem ser levantadas: o setor de armação pode ter produzido as peças de maneira a não seguir uma ordem específica, diferente do que acontece com as demais peças. Isso talvez, por se tratar de peças que são padronizadas e tem mais flexibilidade no momento de concretagem. Ou ainda, o planejamento da produção não ter seguido o plano de montagem. Em outras palavras, o plano de cargas solicitava a viga com 11,98 m para ser enviada ao canteiro, mas no pátio de armazenamento era a viga com 10,78 m que estava finalizada. Não houve atraso, uma vez que nesse caso em específico, apesar do plano de cargas solicitar o envio da viga de 11,98 m, era possível começar pela viga de menor tamanho. 38 Figura 4.5: Pilar sendo montado na Obra A. Fonte: Acervo Pessoal. Basicamente o processo consiste em carregar o caminhão no pátio de armazenamento da fábrica (Figura 4.3), fazer o transporte até a obra, retirar o pilar do caminhão, fazer a montagem dos mesmos dentro do cálice da fundação com auxilio de guindaste (Figura 4.4), e colocá-los no prumo com auxílio do teodolito e cunhas de madeira que irão travar o pilar dentro do cálice. Posteriormente, concretar o espaço entre o cálice e o pilar. Enfatizando, as etapas na obra consistem em: terraplanagem, perfurações, fixação das armaduras nos furos da fundação, anexação das gaiolas junto à armadura do Tubulão, concretagem da fundação e vibração do concreto, fazer o controle de qualidade do concreto, através de seu rastreamento em laboratório a partir dos corpos de prova moldados com esse concreto em obra, montar os pilares no cálice da fundação, verificando cota e prumo com auxilio de teodolito, concretar o cálice, montar vigas, grautear furos de montagem das vigas (travamento, empenamento, cobertura, terças). De modo geral verificou-se ainda que os elementos são produzidos ao rigor do projeto, não sendo constatado em fábrica erros de execução do mesmo. Isso pode ser explicado pelo fato, de que uma mesma peça é vistoriada três vezes por diferentes profissionais durante as três etapas de sua fabricação. 39 Ressalta-se que no Apêndice A deste trabalho consta uma entrevista, que foi realizada com o responsável pela produção da fábrica, onde foram abordadas questões sobre a logística da produção, e também a relação entre fábrica e obra. Foram observados aspectos como: critérios de produção, sequência de fabricação e montagem, compatibilização de cronogramas e imprevistos que podem ocorrer no processo de produção. Figura 4.6: Estrutura pré-moldada sem vigas de coberturas – Obra A. Fonte: Acervo Pessoal. Observa-se ainda que a proximidade entre os cronogramas (montagem e fabricação) é evidente, tornando necessária a percepção do nível de harmonia entre os mesmos (cronograma de carga/montagem – anexo A e cronograma de fabricação – Anexo D). Para facilitar a compreensão é possível encontrar no Apêndice C deste trabalho o fluxograma de fabricação que descreve a ordem em que processos são executados. No Apêndice D pode-se ver o Mapofluxograma, que foi elaborado com base nas visitas técnicas realizadas tanto em fábrica como na obra. Aqui o leitor poderá visualizar como ocorrem os processos de fabricação, e ter uma percepção sobre quando e como as operações acontecem dentro da fábrica e do canteiro de obras. Atividades ligadas ao PCP, etapas de fabricação dos elementos estruturais, laboratório e canteiro de obras, são ordenadas e correlacionadas, de modo a proporcionar uma compreensão holística para o leitor. Em resumo, o inicio da montagem em obra começou no dia 07/08/2017. A montagem dos pilares foi finalizada no dia 14 do mesmo mês. O cronograma de fabricação previa um prazo de 40 dias corridos para fabricação das peças, que foi cumprido (ver Anexo D). Considerando que a produção em fábrica começou em dia 13/07/2017, e que os serviços de fundação começaram juntos com a produção em fábrica, a obra levou um prazo total de 56 40 dias corridos para ser construída, sendo entregue dia 06/09/2017. Prazo esse, considerado desde a fundação até a total execução da montagem no canteiro. Na figura 4.5, é possível ver a estrutura pré-moldada praticamente finalizada. 4.5. Consequências e propostas de melhorias Uma vez que a logística tem como função elevar o nível de serviço para o cliente, seria contraditório não evitar gastos desnecessários com despesas não previstas durante o processo de produção. Por exemplo, o simples atraso da produção de um elemento pode causar o atraso de uma obra inteira. Isso por sua vez, pode acarretar gastos extras com equipamentos, mão de obra ou retrabalho. Existem determinados equipamentos onde o atraso de um elemento estrutural na obra no momento certo, e dependendo do período, pode acrescentar um valor de dez mil reais de gasto, sem falar na mão de obra e o tempo adicional. Um agravante seria o atraso da execução da edificação como um todo, causando quebra de cláusula contratual, o que poderia gerar multa. Uma das medidas para aperfeiçoar a logística na empresa do estudo de caso, seria realizar o plano de cargas (conforme o plano de montagem) logo no iníciodo processo de produção, anteriormente à fabricação dos elementos (ver Apêndice E). No que se refere aos processos, indica-se a impressão do mapofluxograma que proposto no Apêndice E deste trabalho, de modo a deixá-lo mais visível aos colaboradores que estão envoltos a nível estratégico e executivo (tátil). Isso poderia estimulá-los ainda mais para colaborar com o modelo de Just in Time. Outro benefício seria a utilização no pátio fabril, de computadores portáteis vinculados ao sistema da empresa, com atualização instantânea. Seria possível uma alimentação diária sobre a real situação de todas as peças que estão sendo produzidas, além de facilitar o rastreamento das mesmas, indicando sua situação, seja no setor de armação, fôrma ou acabamento. Observações quanto ao cronograma de fabricação e de montagem poderiam ser mais facilmente compatibilizados através desse sistema online, onde todos responsáveis a nível executivo (tátil) e estratégico pudessem ter acesso imediato. Um software que atenderia a demanda dessa indústria de pré-moldados é o Plannix – Soluções em Software, voltado exclusivamente para indústrias de pré-fabricado de concreto. Esse programa ajuda a administrar o cronograma de fabricação durante múltiplas obras sendo executadas. Administra ainda, o controle de fôrmas, controle de estoque de peças, 41 programação e acompanhamento de cargas, acabamento de peças, controle de insertos metálicos, planejamento e programação de montagem por equipe, controle de corte e dobra, armação, concretagem, cronograma e gráficos de obras, diário de obras, registro de ações e reunião digital, criação e registro de check lists de peças. O programa acessa por meio de barras eletrônicas impressas no Kanban de cada elemento estrutural, a situação da peça que está sendo fabricada, de modo a auxiliar toda a equipe de produção no que se refere aos cronogramas previamente estabelecidos. Através de um leitor de código de barras, o responsável pode verificar no computador de mão, quando o elemento deve ser fabricado, e quando deve ser expedido e montado no canteiro de obras. 42 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos estudos realizados, compreende-se a importância dos critérios e condições que precisam estar presentes no relacionamento entre canteiro de obra e fábrica de pré-moldados. Fatores como o detalhamento dos projetos, o prazo viável para execução da obra, a possibilidade de repetir elementos pré-moldados durante a sua fabricação de modo a aperfeiçoar o processo, são aspectos que merecem uma atenção especial no momento de planejar a estratégia de produção. É importante que haja uma compatibilização de informações durante a fase de projeto e execução, tanto na obra como na fábrica. No canteiro de obras, a percepção do engenheiro deve ser minuciosa sobre como deverá acontecer a montagem dos elementos, a disposição do canteiro, o Plano de Rigging, verificar algum obstáculo devido a rede elétrica ou edificações existentes. A relação entre obra e fábrica não deve ser vista como algo separado, mas como um conjunto flexível no que se refere à compatibilização dos cronogramas. Indica-se a utilização de programas como o que foi citado no tópico 4.5, de modo a auxiliar o controle e rastreio da produção, modernizando a comunicação dentro da empresa estudada. Recomenda-se ainda para os próximos trabalhos relacionados ao tema e estudo de caso, que foquem no âmbito de detalhar os processos que foram mencionados neste trabalho (Apêndice E). Processos esses, operacionais e burocráticos, de modo a aperfeiçoar o fluxo dos produtos e serviços que são desenvolvidos. 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9062: Projeto E Execução De Estruturas De Concreto Pré-Moldado. Rio De Janeiro: ABNT, 2001. _______. NBR 12284: Áreas De Vivência Em Canteiros De Obras. Rio De Janeiro: ABNT, 1991. BARBOSA JÚNIOR, Nayron Bulhões. 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