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UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI CURSO DE ENGENHARIA CIVIL RELATÓRIO ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - PRÉ-MOLDADOS Petra Schmidt Lajeado, junho de 2020. 1 Petra Schmidt RELATÓRIO ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - PRÉ-MOLDADOS Trabalho apresentado na disciplina de Estágio Supervisionado I, do curso de Engenharia Civil, da Universidade do Vale do Taquari - Univates, como parte da exigência para a aprovação na disciplina. Orientador(a): Helena Batista Leon. Lajeado, junho de 2020. 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 3 1.1 Objetivos 3 1.1.1 Objetivo geral 3 1.1.2 Objetivos específicos 4 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5 2.1 Generalidades sobre concreto pré-moldado 5 2.2 Tipos de concreto pré-moldado 5 2.3 Vantagens e desvantagens em construções com a utilização de pré-moldado 7 2.4 Sistemas estruturais básicos de concreto pré-moldado 8 2.4.1 Sistemas aporticados 8 2.4.2 Sistema esqueleto 9 2.4.3 Sistema de painéis estruturais 10 2.4.4 Sistemas estruturais para pisos 10 2.5 Processo de fabricação dos pré-moldados 11 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO DAS ENTREVISTAS 13 3.1 Empresa A 14 3.2 Empresa B 14 3.3 Análise das questões 15 4 CONCLUSÃO 17 REFERÊNCIAS 18 APÊNDICE A 19 3 1 INTRODUÇÃO O ramo da construção civil postergou seu processo de modernização quando comparado a outros setores industriais que se desenvolveram rapidamente e implementaram novas tecnologias. De acordo com El Debs (2002) isso ocorre pois o método construtivo tradicional dispõe de baixa produtividade, com grande desperdício de materiais, além de ser um processo lento e com baixo controle de qualidade. Neste caso, a utilização do concreto pré-moldado, por se tratar de um processo industrializado, possibilita o aumento da produtividade e a padronização da produção, fazendo com que a demanda por produtos de qualidade em menor tempo seja atendida. Este processo também diminui o tempo de construção da edificação, reduz significativamente o desperdício de materiais e melhora o controle de qualidade. Esses fatores somados representam grande economia quando comparado ao método tradicional usado na construção civil. Porém, para que o concreto pré-moldado seja eficiente, o projeto a ser executado deve ser muito bem elaborado, a fim de garantir que no momento da fabricação das peças não ocorram alterações que possam até mesmo inutilizar peças já produzidas, ou que ocorram erros na execução da edificação decorrentes do mal planejamento. 1.1 Objetivos O presente estudo tem como finalidade compreender melhor sobre o assunto abordado, para que seja possível integrar a teoria na prática que será realizada na disciplina de Estágio Supervisionado II. 1.1.1 Objetivo geral A presente pesquisa tem por objetivo estudar, junto às empresas do ramo de pré- moldados do Vale do Taquari, como são realizados os projetos e detalhamentos para a produção dos elementos de concreto pré-moldado, bem como ocorre o controle de qualidade das peças fabricadas. 4 1.1.2 Objetivos específicos a) compreender como são elaborados os projetos de sistemas pré-moldados e seu detalhamento; b) observar o funcionamento do sistema de produção do concreto pré-moldado; c) avaliar quais aspectos são considerados no controle de qualidade. 5 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Generalidades sobre concreto pré-moldado Embora exista uma correlação entre o concreto pré-moldado e o pré-fabricado, os conceitos de ambos são distintos. El Debs (2000, p.11) destaca que “... a pré-moldagem aplicada à produção em grande escala resulta na pré-fabricação, que, por sua vez, é uma forma de buscar a industrialização da construção.” De acordo com a NBR 9062 (ABNT, 2007) um elemento é definido como pré- moldado quando a peça é executada fora do local em que será instalada e utilizada definitivamente, possuindo controle de qualidade menos rigoroso, sem existência de laboratórios, sendo inspecionados individualmente ou por lotes. Já por Koncz (1975) a pré- fabricação é definida como um método industrial no qual os elementos fabricados são produzidos em grande escala e montados na obra, por meio de equipamentos e dispositivos de elevação. Sendo assim, o concreto pré-fabricado é executado industrialmente sob rigoroso controle de qualidade. Portanto requer mão de obra qualificada e laboratórios, a matéria prima utilizada é de melhor qualidade e possui controle das peças. As peças devem possuir identificação a respeito da data de fabricação, o tipo de aço e de concreto utilizados, bem como a assinatura dos inspetores responsáveis (ABNT, 2007). 2.2 Tipos de concreto pré-moldado Outra classificação possível ao concreto pré-moldado é em relação a sua concepção, que pode ser observado na Tabela 1. Tabela 1 - Tipos de concreto pré-moldado. Tipos de concreto pré-moldado Quanto ao local de produção dos elementos Pré-moldado de fábrica Pré-moldado de canteiro 6 Quanto à incorporação de material para ampliar a seção resistente no local de utilização definitivo Pré-moldado de seção completa Pré-moldado de seção parcial Quanto à categoria do peso dos elementos Pré-moldado pesado Pré-moldado leve Quanto ao papel desempenhado pela aparência Pré-moldado normal Pré-moldado arquitetônico Fonte: Adaptado de El Debs (2000). Conforme El Debs (2000), o pré-moldado de fábrica é aquele em que a execução é realizada em uma instalação permanente distante da obra, podendo ou não atingir o nível de pré-fabricado. A capacidade de produção varia conforme o porte da empresa, de acordo com o investimento em fôrmas e equipamentos. Outro fator importante é o transporte das peças ao local da obra, tanto na questão de custos da atividade tanto na conformidade dos gabaritos de transporte. Já o pré-moldado de canteiro é produzido em estruturas temporárias próximas ao local da obra, sua produtividade varia de acordo com tamanho e necessidade da obra, normalmente nesse modelo tem baixa capacidade de produção. O transporte das peças é prático por ser perto do canteiro de obras, dispensando a utilização dos gabaritos de transporte (EL DEBS, 2000). O concreto pré-moldado de seção completa é produzido com sua seção resistente formada em outro local do que o de sua utilização final. A utilização de concreto moldado no local, neste caso, é apenas para realizar as ligações. O pré-moldado de seção parcial é definido por El Debs (2000) sendo “... inicialmente moldado apenas com parte da seção resistente final, que é posteriormente completada na posição de utilização definitiva com concreto moldado no local”. Este tipo de procedimento facilita na execução das ligações além de criar o monolitismo na estrutura. A classificação quanto ao peso das peças é importante para determinar de qual forma será realizado transporte e montagem destes elementos. Um elemento é considerado “pesado” quando necessita de equipamentos especiais para transporte e montagem das peças, como pilares, vigas e painéis, enquanto que o “leve” é aquele que o manuseio das peças não 7 requer equipamentos especiais, como, por exemplo, as vigotas pré-moldadas utilizadas em lajes, podendo ser montado manualmente (EL DEBS, 2000). Em relação a aparência dos elementos de concreto pré-moldado podem ser classificados como normal e arquitetônico, como menciona El Debs (2000), sendo que o primeiro não leva em consideração a aparência da peça, e o segundo a aparência é importante pois faz parte da estética da edificação, ou seja, contribui na forma arquitetônica. 2.3 Vantagens e desvantagens em construções com a utilização de pré-moldado Assim como qualquer outra prática construtiva, a execução de edificações utilizando pré-moldados possui algumas vantagens e desvantagens quedevem ser levadas em consideração no momento da escolha por esta prática. Se tratando de um processo industrial existem características que favorecem o seu uso, algumas dessas vantagens são citadas por Acker (2002), dentre elas estão: a) produção em fábrica: propicia a racionalização de materiais, evita desperdícios de fôrmas e escoras; mantém o canteiro de obras organizado pois a produção é realizada em outro espaço, além de ser indicado para locais de difícil movimentação; alta produtividade, diminuição de processos artesanais passando a ser cada vez mais industrial, reduzindo o tempo de execução da obra; b) otimização do uso dos materiais: dispondo de mão de obra qualificada, o processo tem maior rigor na produção, fazendo com que o produto final apresente características importantes, como desempenho estrutural e durabilidade; os materiais utilizados passam por controle de qualidade para garantir alcançar seu potencial máximo de aproveitamento; c) velocidade de execução: as peças já chegam prontas no local da obra, o que reduz o tempo de construção; o cronograma não é gravemente afetado pelas condições meteorológicas pois a produção pode continuar até no inverno ou em chuvas intensas. Entretanto, o sistema também possui algumas desvantagens que precisam ser avaliadas antes de optar por esta prática, que são: a) tTransporte e montagem: devido ao tamanho das peças e por se tratar de um produto pronto exige maior cuidado, o transporte pode se tornar mais restrito o que, consequentemente, o torna mais caro; as condições de acesso e espaço se tornam um 8 fator importante, pois conforme o equipamento que realizar o manejo das peças necessita de espaço para instalação e movimentação das peças (EL DEBS, 2000); b) lLigação entre os elementos: as ligações que reproduzem o monolitismo das estruturas convencionais de concreto moldadas no local se tornam mais caras devido a complexidade das ligações que exigem maior cuidado durante a execução; as ligações entre elementos mais simples resultam em uma estrutura menos reforçada em relação às solicitações (EL DEBS, 2000); c) sSuperdimensionamento de elementos: para o dimensionamento das peças devem ser considerados todas as situações transitórias, que muitas vezes não são permanentes durante a vida útil da estrutura, como a fabricação, manuseio, armazenamento, transporte, montagem e construção, ou seja, essas condições somadas podem causar o aumento de aço na estrutura (ABNT, 2006). 2.4 Sistemas estruturais básicos de concreto pré-moldado Sabe-se que a elaboração de um projeto requer tempo, principalmente se tratando de pré-moldados, de acordo com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (2015), tanto no arquitetônico como no estrutural, já deve ser estabelecido qual o sistema estrutural que será utilizado no momento da contratação da construtora, levando em consideração aspectos como planejamento, logística e execução. Essa comunicação entre o projeto arquitetônico e estrutural amplifica os benefícios do pré-moldado. Para que isso seja possível, é necessário conhecer os sistemas estruturais básicos, que são: aporticados, em esqueleto, de paredes estruturais, para pisos, para fachadas e celulares. Os sistemas podem ser combinados entre si e também misto com o concreto moldado in loco e estruturas metálicas. 2.4.1 Sistemas aporticados As estruturas aporticadas são formadas por pórticos planos, que por sua vez são constituídos por pilares e vigas de fechamento. Tais sistemas são normalmente utilizados em construções industriais, como depósitos, entre outros (FIGURA 1). Figura 1 - Exemplo de estrutura pré-moldada aporticada. 9 Fonte: ABDI (2015). 2.4.2 Sistema esqueleto Segundo Brito e Gantois (2014), às estruturas em esqueleto apresentam dois componentes básicos, que são as vigas e os pilares, entretanto, podem ser compostos de outros elementos, como painéis de lajes, pré-lajes, as vigotas treliçadas, etc, como é observado na Figura 2. Essas estruturas apresentam a possibilidade de grandes vãos, o que flexibiliza o aspecto arquitetônico, são ideais para shopping centers, estacionamentos e edifícios corporativos. Figura 2 - Estrutura pré-fabricada em esqueleto. Fonte: Acker (2002). 10 2.4.3 Sistema de painéis estruturais O sistema de painéis estruturais podem ser utilizados tanto nas fachadas como nas divisórias internas. O referido sistema normalmente apresenta função estrutural e serve de apoio para lajes, proporcionando ao projeto grandes vãos livres, pois dispensa o uso de pilares nas bordas e de vigas de extremidade (ACKER, 2002), como pode se observar na Figura 3. Quando utilizados apenas nas fachadas, permitem ao projetista elaborar o layout interno de acordo com as exigências do cliente, podendo empregar divisórias mais leves que diminuem o peso da edificação. Este sistema se adapta bem a conjuntos habitacionais, escritórios, hospitais e escolas (ABDI, 2015). Figura 3 - Sistema de painel estrutural combinado com sistema esqueleto. Fonte: ABDI (2015). 2.4.4 Sistemas estruturais para pisos Os elementos estruturais para pisos está relacionado com as lajes, sendo amplamente utilizados, podendo ser combinados em estruturas mistas, como estruturas metálicas e de concreto moldado in loco. Este sistema contém diversos modelos, sendo estes: lajes alveolares protendidas, painel com nervuras protendidas, painel maciço de concreto, laje mista e sistema de laje com vigotas pré-moldadas (FIGURA 4). Para a escolha do sistema que se adapta ao projeto é necessário verificar as condições de transporte e localização, o sistema de montagem, a sua disponibilidade no mercado e os requisitos de desempenho estrutural exigidos no projeto (ABDI, 2015). Além disso, El Debs (2000) menciona a importância das características dos pilares para a escolha do sistema a ser utilizado, como a disposição, espaçamento e os detalhes das ligações. Figura 4 - Modelos de elementos estruturais para pisos. 11 Fonte: Acker (2002). 2.5 Processo de fabricação dos pré-moldados Para começar os procedimentos de fabricação do concreto pré-moldado é importante que o detalhamento das armaduras estejam revisados pelo projetista e com o máximo de informações para que não ocorram falhas na produção (ABNT, 2006). O processo de fabricação dos elementos pré-moldados se inicia na preparação dos materiais que serão utilizados, essas atividades preliminares englobam a dosagem e mistura do concreto e o corte, dobra e montagem das armaduras. Nesta etapa entende-se que todos os materiais necessários já estejam no local em que ocorrerá a fabricação das peças. A preparação da armadura deve seguir a NBR 6118 (ABNT, 2014), conforme a norma as barras devem ser dispostas de maneira a garantir o espaçamento necessário para permitir o lançamento e adensamento do concreto, também levando em consideração a entrada da agulha do vibrador. O espaçamento deve ser no mínimo igual a 2 vez a bitola do aço, 1,2 vez a dimensão máxima característica do agregado graúdo ou 2,0cm (ABNT, 2006). Segundo a NBR 9062 (2006) e El Debs (2000) as fôrmas devem apresentar as formas e dimensões projetadas das peças, respeitando as tolerâncias de variação e podem ser fabricadas em aço, alumínio, concreto ou madeira, podendo ou não ser revestidas com chapas metálicas, fibra, plástico ou outros materiais que atendam às exigências da norma. O material escolhido deve proporcionar a estanqueidade da fôrma, evitando que a nata do cimento escoe afetando a integridade da peça. Além disso é interessante que a forma seja versátil, possibilitando sua reutilização para outras seções transversais. 12 Para o recebimento da armadura, as fôrmas precisam estar limpas e com o desmoldante aplicado, instaladas em local apropriado para a instalação das armaduras. Então ocorre o transportedo concreto misturado, por meio mecânico, até a forma, sendo então lançado e feito o adensamento do concreto. A resistência do concreto deve ser escolhida levando em consideração o local em que será feita a instalação das peças e a durabilidade desejada para estrutura, conforme a NBR 6118 (ABNT, 2014) descreve. Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), quando o controle de qualidade é rígido garantindo limites de tolerância de variabilidade das medidas, é permitido reduzir os cobrimentos nominais da Tabela 7.2 (ABNT, 2014) em 5mm, sendo que deve ser explícito em projeto a obrigatoriedade deste rigoroso controle. Ainda complementa a NBR 9062 (ABNT, 2006) que se for utilizado concreto com fck igual ou superior a 40 MPa com a relação de água/cimento menor ou igual a 0,45, o cobrimento pode ser reduzido em mais 5mm. Porém, o cobrimento não deve ser menor que: a) lajes em concreto armado ≥ 15mm; b) vigas e pilares ≥ 20mm; c) peças em concreto protendido ≥ 25mm; d) peças delgadas protendidas (telhas/nervuras) ≥ 15mm; e) lajes alveolares protendidas ≥ 20mm. De acordo com a NBR 14931 (ABNT, 2004), o concreto deve ser protegido enquanto ocorre o seu endurecimento. Neste processo de cura do concreto deve-se evitar a perda de água pela superfície, devido às mudanças de temperatura do ambiente e também considerando o cimento utilizado, para que não ocorram fissuras no elemento. Também deve haver um cuidado em relação a choques e vibrações bruscas no local em que as fôrmas estão instaladas, pois pode acarretar uma falha na aderência do concreto à armadura. A retirada das fôrmas é realizada quando o concreto já está enrijecido o suficiente para resistir aos esforços que atuarão no elemento, garantindo também que não ocorram deformações que possam comprometer a qualidade do produto. Após a desmoldagem dos elementos, eles são conduzidos até o local de armazenagem, onde permanecem até o momento de envio à obra (ABNT, 2004). 13 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO DAS ENTREVISTAS Como parte da metodologia da disciplina de Estágio Supervisionado I é utilizado a aplicação de questionários de entrevistas para empresas que são especializadas no tema abordado no estudo. Este questionário apresenta cinco perguntas genéricas que foram desenvolvidas para analisar a posição da empresa quanto ao aluno estagiário, além de cinco perguntas desenvolvidas pela autora a respeito do tema do presente trabalho. As perguntas do questionário são apresentadas abaixo: Pergunta 1: Qual o retorno que a empresa espera do trabalho de um estagiário de ensino superior? Pergunta 2: Como a empresa visualiza a atuação do estagiário ao longo do desenvolvimento do seu estágio: acompanhamento, observação e/ou execução? Pergunta 3: Quais conhecimentos prévios para a realização de um estágio em Engenharia Civil? Pergunta 4: Como um profissional de Engenharia Civil pode contribuir na empresa? 14 Pergunta 5: Quais habilidades/competências/conhecimentos você julga que são necessárias para essa contribuição? Pergunta 6: Como é feito o dimensionamento estrutural das peças? É utilizado algum software pela empresa? Pergunta 7: Quais os cuidados que você considera fundamentais no momento de preparação das fôrmas e da armadura de um elemento pré-moldado? Pergunta 8: Como é feito o procedimento de manuseio a peça pré-moldada até o local de armazenamento? Pergunta 9: Qual cimento normalmente é utilizado na empresa para a fabricação das peças? E quais aditivos? Em geral, quantos dias cada elemento fica curando? Pergunta 10: Como é realizado o controle de qualidade na empresa? O questionário foi enviado para algumas empresas que são do ramo de pré-moldados, e os resultados obtidos pela pesquisa serão demonstrados a seguir. 3.1 Empresa A A empresa Pórtico Estruturas Pré moldadas está localizada na RS-129, Km 42 em Estrela - RS e atua desde 2003 na região do Vale do Taquari. Através de uma equipe especializada, a empresa oferece ao público um atendimento diferenciado, prestando serviços topográficos, cálculos de engenharia, acompanhamento de obra, análise quantitativa e qualitativa dos materiais, além de disponibilizar equipe de montagem e execução de edificações. A Pórtico está voltada para o mercado de grandes construções, como pavilhões agrícolas, comerciais, esportivos e industriais, pré-moldados ou metálicos. A entrevista foi realizada com o Engenheiro Civil Igor Emilio Reinehr. 3.2 Empresa B A empresa Pré-Tubo Estruturas Pré-Fabricadas está localizada na Br 386, Km 356 na cidade de Estrela/RS. A empresa possui 20 anos de experiência na construção de pré- fabricados, atuando na região sul e sudeste do Brasil. A entrevista foi realizada com o Engenheiro Civil Roque Ricardo Schmidt. 15 3.3 Análise das questões Em relação a atuação do estagiário do curso de Engenharia Civil na empresa as respostas obtidas com a aplicação do questionário foram bem similares. Tanto a Pré-tubo quanto a Pórtico esperam que o estagiário contribua com novos conhecimentos, trazendo a teoria da universidade para aprendê-la na prática, e que demonstrem interesse em realizar as atividades propostas. As duas empresas consideram importante que o estagiário acompanhe, juntamente com o responsável técnico, as atividades realizadas na empresa e que realize as tarefas delegadas a ele, que são estipuladas de acordo com o seu conhecimento. Além disso, elas visam que o estagiário tenha conhecimento básico em AutoCad, interpretação de projetos e conhecimento das materialidades empregadas, e, de acordo com a Pórtico, os demais conhecimentos serão ensinados ao longo do estágio. Para a Pórtico o profissional deve ter a capacidade de aplicar os conhecimentos obtidos durante o curso de engenharia civil, além de ter boa comunicação com os colegas e demais funcionários e sobretudo estar disposto a realizar os ofícios do dia a dia. Já para a Pré-tubo o profissional deve contribuir para com a empresa trazendo novas ideias e métodos de execução, além de contribuir no controle de qualidade e ajudar a sanar as dúvidas a respeito de interpretação dos projetos. Tanto para Pórtico como para a Pré-tubo o profissional deve ter predisposição em aprender, agilidade e organização, possuir noções básicas de engenharia, saber interpretar projetos e realizar o dimensionamento dos elementos pré-moldados. As empresas entrevistadas utilizam softwares para o dimensionamento das peças pré-moldadas, porém não foram informados. As duas empresas preparam as fôrmas de maneira parecida, conforme a NBR 9062 (2006) menciona, primeiramente fazendo a limpeza da mesma e posteriormente aplicando o óleo desmoldante. Depois é feita a acomodação da armadura, que deve ser executada seguindo a risca as ferragens indicadas em projeto, utilizando os espaçadores garantindo que a armadura se mantenha no local durante a concretagem. A Pórtico relata que após a peça atingir a resistência suficiente ela é retirada da fôrma com a utilização da ponte rolante, quando placas pré-moldadas, e com o caminhão munck, no caso de pilares, vigas e lajes, sendo então levadas ao estoque. Na Pré-tubo é utilizado a 16 ponte rolante para deslocamento das peças que são levadas até o local de armazenagem onde recebem os acabamentos caso necessário. A NBR 9062 (2006) ressalta a importância do cuidado no transporte das peças, evitando choques e movimentos bruscos, além de realizar a suspensão das peças em pontos apropriados e previamente estabelecidos. As duas empresas utilizam o cimento CPV - ARI, que, segundo a NBR 6118 (2014), é o cimento de endurecimento rápido e de alta resistência inicial. A Pórtico utiliza aditivos superplastificantes para dar maior fluidez ao concreto. Já a Pré-tubo especificou que utiliza aditivos Rodo 1020 17 e Rodo Curamais - A, que auxiliam na aceleração do tempo de pegao que faz com que o concreto endureça mais rápido. Ambas empresas realizam a desforma das peças com 24 horas de idade. O controle de qualidade é realizado pela Pórtico desde a preparação das fôrmas e armaduras até a etapa final dos elementos pré-moldados, conferindo um acabamento liso sem imperfeições, enquanto a Pré-tubo realiza o ensaio de compressão de todos os lotes de concreto que foram utilizados na fabricação das peças pré-moldadas. A NBR 9062 (2006) salienta que o controle de qualidade deve ser praticado até o momento da montagem final das peças, ou seja, no seu local definitivo. Com a entrevista foi possível notar que as empresas mantém um cuidado em atender as exigências das normas técnicas, entretanto só é viável tal confirmação, de que todas as etapas são práticas corretamente, no momento em que o Estágio Supervisionado II for efetuado. Além disso, é importante destacar que as empresas esperam que os estagiários possuam capacidade para exercer suas atividades com êxito e que possa ocorrer uma troca de conhecimento entre o estagiário e a empresa. 17 4 CONCLUSÃO Considerando as informações obtidas por meio da revisão bibliográfica e outras referências relacionadas aos pré-moldado foi possível verificar que existem diferentes modelos de pré-moldados que suprem as mais diversas necessidades da construção civil. Este método de construção tem ganhado bastante espaço no mercado devido a agilidade na construção e custo/benefício atrativo. A partir das respostas obtidas através do questionário aplicado nas duas empresas foi possível verificar que ambas empresas cumprem as normas para fabricação dos elementos pré-moldados, seguem as recomendações necessárias para que os elementos pré-moldados atinjam a resistência e as mantêm íntegras até o momento da instalação no local da obra. Portanto ambas empresas estão de acordo com as informações obtidas no estudo realizado na disciplina de Estágio Supervisionado I. As atribuições requeridas pelo estagiário também foram obtidas pelo questionário, no qual as duas empresas esperam que o profissional estagiário apresente novas técnicas para a empresa, compartilhe os conhecimentos adquiridos no curso e realize as tarefas que forem delegadas ao estagiário. Também é importante que o futuro profissional tenha boa comunicação e proatividade, além de ser capaz de trabalhar em equipe. Com realização do Estágio Supervisionado I foi possível adquirir o conhecimento necessário para a próxima etapa, que é o Estágio Supervisionado II, no qual colocamos em prática o conteúdo estudado e assim também agregar valor para a empresa em que será feito o estágio. 18 REFERÊNCIAS ACKER, A. V. Manual de sistemas pré-fabricados de concreto. Tradução por: Marcelo de Araújo Ferreira. FIP: Cambridge, 2002. AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (ABDI). Manual da construção industrializada - Conceitos e etapas - Vol 1: Estrutura e vedação. Brasília: ABDI, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014. _______. NBR 9062: Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro, 2006. _______. NBR 12655: Concreto de cimento Portland - Preparo, controle, recebimento e aceitação - Procedimento. Rio de Janeiro, 2015. _______. NBR 14931: Execução de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2004. BRITO, R. S.; GANTOIS, C. H. J. Estruturas de concreto pré-fabricadas em edifícios de múltiplos pavimentos contraventados por núcleo de rigidez. Seminário Estudantil de Produção Acadêmica, Universidade Salvador, v. 13. 2014. Disponível em: <http://www.revistas.unifacs.br/index.php/sepa>. Acesso em: 30 mar. 2020. CUNHA, B. F. Sistema pré-moldado de concreto: estudo de caso na Universidade Federal de Santa Catarina. 2016. Monografia (Graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016. EL DEBS, M. K. Concreto pré-moldado: fundamentos e aplicações. São Carlos: Escola da Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), 2000. KONCZ, T. (1975). Manual de La construcción prefabricada. 2.ed. v. 3. Madrid, Hermann Blume. http://www.revistas.unifacs.br/index.php/sepa 19 APÊNDICE A Pergunta 1: Qual o retorno que a empresa espera do trabalho de um estagiário de ensino superior? Empresa A: A empresa sempre procura por profissionais que demonstrem interesse e sejam proativos ao longo do estágio, também que traga algo para adicionar ao escritório, como tecnologias ou metodologias novas. Empresa B: A empresa espera uma troca de experiências, do estagiário que vem da graduação vendo toda a teoria e espera poder colocar na prática do dia a dia. E que também o estagiário possa aprender de fato como funciona o dia a dia da produção de pré-moldado. Pergunta 2: Como a empresa visualiza a atuação do estagiário ao longo do desenvolvimento do seu estágio: acompanhamento, observação e/ou execução? Empresa A: A empresa busca o controle do que o estagiário está fazendo, geralmente concedendo serviços de rotinas de engenharia para o estagiário. A empresa sempre insere um responsável para gerir e orientar a jornada de trabalho do estagiário, visto que são ações de grande responsabilidade. Empresa B: A empresa visualiza a atuação de um estagiário contemplando o acompanhamento com observação do processo de produção e uma execução de controles dos processos que estão sendo realizados. Pergunta 3: Quais conhecimentos prévios para a realização de um estágio em Engenharia Civil? 20 Empresa A: O estagiário precisa ter conhecimento mais do que básico em informática e suíte office, conhecimento intermediário em AutoCad e projetos em geral. Demais coisas específicas necessitadas pela empresa são ensinadas durante o estágio. Empresa B: Interpretação de projeto, conhecimento em autocad, conhecimento dos materiais empregados, conhecimento de ligações estruturais. Pergunta 4: Como um profissional de Engenharia Civil pode contribuir na empresa? Empresa A: Observando pelos olhos da empresa, o profissional deve, além de ser astuto, obter conhecimentos adquiridos ao longo do curso e aplicá-los na prática, deve ter bom relacionamento com os colegas de trabalho, estar disposto a realizar os ofícios do dia- a-dia, saber passar a informação corretamente aos colegas de trabalho e demais funcionários. Empresa B: Um profissional de Engenharia Civil pode contribuir com maior controle de qualidade na produção de peças pré-moldadas, pode ajudar a sanar dúvidas corriqueiras que os funcionários têm referente a interpretação de projeto e execução das peças, pode contribuir com seu conhecimento trazendo novas ideias de execução de processos. Pergunta 5: Quais habilidades/competências/conhecimentos você julga que são necessárias para essa contribuição? Empresa A: Noções básicas de engenharia, dependendo da área em que o profissional irá atuar, controle de obra, execução, projeto. Velocidade de aprendizado, capacidade de absorção e execução de ideias, facilidade de interpretação de projetos e realização de cálculos. Proatividade em realizar as atividades e resiliência para superar os obstáculos. Empresa B: Julgamos como necessário predisposição para aprender, agilidade, organização, bom relacionamento em equipe. Pergunta 6: Como é feito o dimensionamento estrutural das peças? É utilizado algum software pela empresa? Empresa A: É utilizado software de cálculo estrutural para análise da estrutura global e alguns cálculos e tabelas para coisas mais específicas. 21 Empresa B: Geralmente é feito o dimensionamento na empresa através de alguns softwares que a empresa possui. Pergunta 7: Quais os cuidados que você considera fundamentais no momento de preparação das fôrmas e da armadura de um elemento pré-moldado?Empresa A: A preparação da fôrma, em itens como sua limpeza e aplicação de óleo desmoldante para conferir um bom acabamento nas peças em sua desforma. O corte das armaduras nas medidas adequadas bem como seu correto posicionamento das fôrmas é fundamental, de modo a manter o espaçamento adequado e requerido pelas normativas. Empresa B: Primeiramente a correta montagem em suas dimensões tanto nas armaduras quanto nas formas, nas armaduras ter o cuidado de estar usando as ferragens conforme projeto indica, ter o cuidado para formar uma ferragem bem executada; na forma cuidar para realizar uma boa aplicação de óleo desmoldante, cuidar para acomodar a ferragem de forma correta, cuidar para a instalação correta dos espaçadores. Pergunta 8: Como é feito o procedimento de manuseio a peça pré-moldada até o local de armazenamento? Empresa A: As peças, após concretadas e como a cura atingindo resistência suficiente, são retiradas das fôrmas com a utilização de ponte rolante (no caso das placas pré- moldadas) e com caminhão munck (no caso de pilares, vigas e lajes) e posicionadas em local específico para o estoque. Empresa B: O material é removido com a ponte rolante da forma até o local de armazenamento e ali é realizado o acabamento na peça, se necessário. Pergunta 9: Qual cimento é utilizado na empresa para a fabricação das peças? E quais aditivos? Em geral, quantos dias cada elemento fica curando? Empresa A: Em virtude da necessidade de rápida desforma, o cimento utilizado é o CP V- ARI, com aditivos do tipo superplastificante para uma maior fluidez no concreto. As peças são desmoldadas, em geral, na idade de 24 horas. 22 Empresa B: É utilizado o cimento CPV-ARI, da marca InterCement, aditivos Rodo 1020 17 e Curamais Rodo – A. As peças são sacadas da forma em no máximo 24 horas, mas para montagem o prazo é de 14 dias. Pergunta 10: Como ele é realizado o controle de qualidade na empresa? Empresa A: O controle de qualidade é realizado em cada uma das etapas, desde a preparação das fôrmas e armaduras, com a sua conferência até a preparação final dos elementos pré-moldados, com o seu acabamento para uma superfície lisa sem imperfeições. Empresa B: A empresa realiza ensaio à compressão de todos os lotes de concreto que são utilizados para as peças pré-moldadas.
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