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Unidade I: Farmacologia do Sistema Nervoso Central Belém/PA 2022 Profª Ágatha Damasceno E-mail:damasgata7@gmail.com FARMACOLOGIA VETERINÁRIA Anticonvulsivantes Um anticonvulsivo ou antiepilético é uma classe de fármacos utilizada para a prevenção e tratamento das crises convulsivas e epiléticas, neuralgias e também no tratamento de transtornos de humor, como transtorno bipolar e ciclotimia Anticonvulsivantes Utilização • Convulsões • Alterações cerebrais • Agressividade, síndromes cerebrais Anticonvulsivantes • Os medicamentos anticonvulsivantes agem por diferentes mecanismos e múltiplas ações. • Em síntese, esses fármacos objetivam inibir a despolarização neuronal anômala. • Suprimem o excessivo disparo acelerado dos neurônios, a atividade que acontece durante uma convulsão. • Outra função é evitar que esse ataque se propague no cérebro. Anticonvulsivantes Mecanismos da convulsão • Bloqueio da função dos canais de sódio • Potencialização da função GABA • Bloqueio da função dos canais de cálcio • Inibição dos receptores de glutamato Anticonvulsivantes Convulsão • Causada por descarga elétrica excessiva, repentina e anormal no cérebro • Convulsão sintoma Anticonvulsivantes Epilepsia • Recorrência de crises convulsivas • Epilepsia sintomática: Lesão anatômica no cérebro • Epilepsia criptogênica • Epilepsia idiopática Anticonvulsivantes Em Medicina Veterinária são utilizados os medicamentos que são lançados no mercado para uso em Medicina Humana, e tentativas terapêuticas são feitas em cães e gatos a fim de se descobrirem a farmacocinética e os efeitos colaterais nestas espécies. Anticonvulsivantes Quando utilizar? • Epilepsia idiopática ou adquirida, mas não com doenças em evolução • Convulsões por lesão estrutural requerem terapia adicional dependendo da causa (p. ex., neoplasia, encefalite) • Convulsões de origem extracraniana têm o seu uso contraindicado (hipoglicemia, encefalopatia hepática ou renal) Anticonvulsivantes usados em medicina veterinária • Fenobarbital • Benzodiazepínicos • Carbamazepina • Ácido valproico • Brometo de potássio • Flunarizina • Gabapentina • Imepitoína Fenobarbital O Fenobarbital é um barbitúrico com propriedades anticonvulsivantes, devido à sua capacidade de elevar o limiar de convulsão. Este é um medicamento que age no sistema nervoso central, utilizado para prevenir o aparecimento de convulsões em indivíduos com epilepsia ou crises convulsivas de outras origens. • Limita a disseminação da atividade da crise • Eleva o limiar para a crise • ↑ Concentração do GABA https://minutosaudavel.com.br/o-que-e-convulsao-o-que-fazer-causas-sintomas-pode-matar/ https://consultaremedios.com.br/sistema-nervoso-central/c https://minutosaudavel.com.br/o-que-e-epilepsia-tipos-causas-sintomas-remedios-tem-cura/ Fenobarbital Farmacocinética • 25% eliminação renal • 75% inativado por enzimas microssomais hepáticas • Níveis plasmáticos se estabilizam dentro de aproximadamente 8 horas em adultos e 4 horas em animais jovens • Meia-vida: 47 a 74 h no cão Fenobarbital Indicação: Convulsões generalizadas e focais • Cães: 2 a 6 mg/kg/BID • Gatos: 1 a 5 mg/kg/BID Fenobarbital Quando o custo da terapia é o fator a ser considerado (medicamento de baixo custo) Fenobarbital • Via IV: 20 a 30 min • [ ] terapêuticas imediatas • Associado ao diazepam via IV, deve ser administrado por via IM evita depressão respiratória e cardiovascular Fenobarbital Efeitos colaterais • Sedação, hiperatividade paradoxal, poliúria, polidipsia e polifagia, anemia • Alteração hepáticas • [ ] plasmáticas próximas da [ ] terapêutica máxima • Tratamento a longo prazo Fenobarbital Efeitos colaterais • ↑ transaminases séricas e FA • Indução enzimática • Hepatoxicidade • melhora com a retirada ou diminuição do medicamento Benzodiazepínicos • Diazepam • Clonazepam • Clorazepato dipotássico Os benzodiazepínicos constituem o grupo de psicotrópicos mais comumente utilizados na prática clínica devido as suas quatro atividades principais: ansiolítica, hipnótica, anticonvulsivante e relaxante muscular Benzodiazepínicos • Mecanismo de ação: • Potencializam os efeitos inibitórios do GABA • Cérebro e medula • Limitam o espalhamento da atividade convulsiva • ↑ limiar para convulsão • Bloqueiam a excitação • Deprimem centralmente reflexos espinais • O diazepam é um medicamento ansiolítico da classe dos benzodiazepínicos, administrado via oral ou por injeção. • Ele é usado principalmente contra convulsões provocadas por certas condições ou transtornos de ansiedade. • Além de atuar como coadjuvante no tratamento de problemas neurológicos. • Essa é uma droga de tarja preta, vendida apenas com uma receita médica especial que fica retida na farmácia. Diazepam Benzodiazepínicos Diazepam • Farmacocinética • Absorvidos por via oral • Rápida biotransformação hepática (metabólitos ativos) • O diazepam é principalmente metabolizado em substâncias farmacologicamente ativas (N-desmetildiazepam, oxazepam) Benzodiazepínicos Diazepam • Meia-vida: 1 a 2 dias • N-desmetildiazepam: 60 horas • <1% excretado inalterado pelos rins • Penetra imediatamente no SNC via IV Benzodiazepínicos Diazepam • Indicação • Status epilepticus • Convulsões generalizadas e focais • Convulsões mioclônicas • Crises de ausência Não se utiliza como anticonvulsivante único em cães tolerância em 1 a 2 semanas. Benzodiazepínicos Diazepam • Indicação ansiolítica • Em cães: sintomas dos transtornos ligados à ansiedade • Síndrome de ansiedade de separação e nas fobias (medo de trovoadas) • Alprazolam e o clorazepato parecem ser mais satisfatórios nesses casos quando administrados em doses diárias Benzodiazepínicos Diazepam • Indicação ansiolítica • Gatos: efeito benéfico do uso dos BZDs no manejo da marcação de territorial com urina • Recidiva dos sintomas quando da retirada do mesmo • Aves (psitacídeos) toleram melhor o uso do colar elisabetano (casos agudos de automutilação) Benzodiazepínicos Vale ressaltar que o uso de BZDs em animais agressivos deve ser feito com cautela Efeito paradoxal, como o aumento da agressividade, pode ser observado em alguns animais devido à perda da inibição do comportamento agressivo Benzodiazepínicos Diazepam • Tolerância em 1 a 2 semanas • Gatos: mantêm eficácia • Segunda escolha depois do fenobarbital • Via retal e nasal: controle emergencial das crises Benzodiazepínicos Diazepam • Efeitos colaterais: • Sedação e polifagia • Gatos: necrose hepática fulminante Benzodiazepínicos Clonazepam • Indicação: status epilepticus • Convulsões generalizadas e focais • Crises de ausência • Convulsões mioclônicas Benzodiazepínicos Clonazepam • Biotransformação • Produz derivados inativos • Meia-vida plasmática 1 dia • Melhor associado ao fenobarbital • Não há relato do uso em gatos Benzodiazepínicos Clonazepam • 1,5 mg/kg, dividida em 3 doses • Associado ao fenobarbital • 0,06 a 0,2 mg/kg, dividido em 3 a 4 doses • Status epilepticus • IV: 0,05 a 0,2 mg/kg • Efeito colateral: sedação Benzodiazepínicos • Clorazepato: • Indicação: convulsões refratárias a outros medicamentos • Pouca tolerância • Meia-vida curta Benzodiazepínicos Clorazepato • Após a absorção VO é descarboxilado rapidamente no estômago • Transformado em N-desmetildiazepam • absorvido no intestino delgado indicado para uso em pacientes com convulsões refratárias a outros medicamentos Benzodiazepínicos Clorazepato • Tolerância mais lenta que outros benzodiazepínicos • Meia-vida curta • Readministração a cada 3 horas • Alta dependência física • Retirada abrupta: convulsões e morte • Não há relatos de uso em gatos • Efeito colateral: sedação Melhor uso associado com fenobarbital Dose: 2 a 6 mg/kg/dia divididos em 2 a 3 doses Carbamazepina Mecanismo de ação • Ação noscanais de sódio • Inibição diferencial de descargas de alta frequência no foco epiléptico e em suas adjacências, Carbamazepina Carbamazepina • Absorção lenta e irregular por via oral • Concentração plasmática máxima: 4 a 8 h • 75% ligadas a PPT • Concentração no líquor semelhante à concentração livre no plasma • Biotransformação hepática • Eliminação renal • Meia-vida plasmática varia de 10 a 20 h (medicamento único) Carbamazepina Carbamazepina • Indicação: convulsões generalizadas e focais, agressividade • Isolada os associada ao fenobarbital • Cães: 4 a 10 mg/kg/dia, divididos em 2 a 3 vezes • Gatos: 25 mg, 2 vezes/dia, para o controle de comportamento agressivo • Efeitos adversos: sedação, nistagmo, vômitos e hepatopatia Ácido valpróico Mecanismo de ação • Possíveis interações com os canais de sódio voltagem-dependentes • Possível acúmulo de GABA • in vitro observou-se que pode inibir a GABAtransaminase (degradação) Ácido valproico Farmacocinética • Rápido e totalmente absorvido por VO • Cmáx: 1 a 4 h • Alimentação (retarda absorção) • Aproximadamente 90% se ligam às proteínas plasmáticas • Maior parte é biotransformada pelo fígado e excretada na urina Ácido valproico Farmacocinética • Meia-vida • Aproximadamente 15 h • Menor quando em associação com outros agentes anticonvulsivantes Ácido valproico Indicação • Convulsões generalizadas e focais, crise de ausência • Não se recomenda para gatos • Dose:15 a 200 mg/kg (divididos em 3 ou 4 doses) • Pode ser associado ao fenobarbital • Nível sérico efetivo: sedação e hepatopatia Brometo de potássio Mecanismo de ação • Sugere que mimetizem a ação dos cloretos nos neurônios • Excitabilidade celular • Hiperpolarização dos neurônios • Não promove indução enzimática Era utilizado em seres humanos desde o século 19, sendo abandonado por ter vários efeitos colaterais nesta espécie. Em Medicina Veterinária, foi introduzido para uso em cães, sem os efeitos colaterais encontrados no homem. Mostrou-se um produto eficaz, diminuindo a frequência das crises convulsivas até o seu controle total. Brometo de potássio • Não interage com outros medicamentos • Meia vida longa: 16,5 dias • Excreção quase totalmente renal: 25 dias • Dietas ricas em cloretos promovem a diminuição na absorção do brometo • Diminuindo a sua concentração plasmática • Reajuste na dose Pode-se utilizá-lo 1 vez/dia Brometo de potássio Indicação • Convulsões generalizadas refratárias a outros medicamentos • Animais com hepatopatias • Eficaz em gatos • Efeitos colaterais: ataxia locomotora, pancreatite (raro), hiperatividade, e dermatite alérgicas em animais atópicos Brometo de potássio Dose • Cão: 22 a 40 mg/kg, 1 vez/dia ou dividida em duas vezes • Utilizada como medicação única ou associada a outros anticonvulsivantes • Gatos: 30 mg/kg/dia Precauções. O brometo de potássio deve ser administrado com o uso de luvas, evitando-se o contato com a pele devido à possibilidade de lesões cutâneas. Novos anticonvulsivantes • Oxcarbazepina • Flunarizina • Progabide • Gabapentina • Vigabatrina Gabapentina • Aminoácido sintético muito semelhante ao GABA • Ultrapassa a barreira cerebral rapidamente • Possui características farmacocinéticas que favorecem seu uso • não biotransformada em seres humanos • bem tolerada e pouca interação com outros anticonvulsivantes Gabapentina • Em cães, a gabapentina sofre biotransformação hepática parcial • 30% transformada em N-metil-gabapentina • Não ocorre indução de enzimas microssomais hepáticas Gabapentina • Cães • Meia-vida de 2 a 4 h • Requer administração frequente para alcançar o nível sérico ideal • Indicação e dose • Terapia complementar na dose de 10 a 20 mg/kg 3 vezes/dia • Gatos: 5 a 10 mg/kg, 2 vezes/dia • Não há informações de eficácia e segurança do uso crônico • Efeitos colaterais: Sedação Ansiolíticos Introdução • Medicamentos empregados nos transtornos de comportamento • Interferem nos sistemas de neurotransmissão do SNC Introdução • Comportamento é consequência da interação de vários sistemas de neurotransmissão • Há locais do SNC com predominância de um determinado neurotransmissor • Tratamento de um dado distúrbio comportamental é feito por medicamento que interfira na atividade desse neurotransmissor em áreas específicas do SNC Introdução Em Medicina Veterinária os ansiolíticos e os antidepressivos são os medicamentos mais empregados para o tratamento dos transtornos de comportamento. Introdução • Buspirona • O cloridrato de buspirona é um remédio ansiolítico destinado ao tratamento de distúrbios de ansiedade, associada ou não a depressão, e está disponível em forma de comprimidos, na dose de 5 mg ou 10 mg. Buspirona • Grupo das azapironas • único medicamento desta classe utilizado clinicamente para redução de ansiedade em seres humanos e animais • Apresenta propriedades ansiolíticas • Sem atividade anticonvulsivante, miorrelaxante e hipnótica Buspirona Buspirona • Mecanismo de ação não está totalmente esclarecido • Agonista parcial de receptores serotoninérgicos • Diminui a frequência de disparos do neurônio serotoninérgico pré- sináptico e nos receptores pós-sinápticos Buspirona • Pode atuar também em outros sistemas de neurotransmissão • Noradrenégico, dopaminérgico e colinérgico • Efeitos demoram para aparecer (algumas semanas) • Meia-vida curta • Necessidade de administrações de 2 a 3 vezes/dia em cães e gatos Antidepressivos Antidepressivos • Os antidepressivos são uma classe de medicamentos que, em Medicina Veterinária têm sua indicação baseada nos estudos em seres humanos. • Os substratos neuroanatômicos e fisiopatológicos relacionados aos transtornos de comportamento em animais ainda não estão bem definidos. Antidepressivos • Quatro grupos de medicamentos • Inibidores da monoamina oxidase (IMAO) • Tricíclicos • Inibidores seletivos da recaptura de serotonina (ISRS) • Inibidores de recaptura de serotonina e antagonistas α1adrenérgicos (IRSA) • Capacidade de aumentar agudamente a disponibilidade sináptica de um ou mais neurotransmissores Antidepressivos • Atuação sináptica imediata após o início do tratamento • Demora em se obter a resposta clínica • 2 a 4 semanas em média