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Prof. Bruno César UNIDADE II Educação Física Integrada O trabalho ocupa a centralidade da organização social. O lazer e o ócio são elementos fundamentais, possibilitando a transformação do sujeito. A disciplina expõe como o pensamento sociológico busca compreender o contexto contemporâneo em seus diversos tipos de interações e movimentos. Unidade I: reconhecer e analisar o contexto contemporâneo pela sociologia do lazer. Conceitos como tempo livre, lazer e ócio são presentes, integrando-se com Homo faber e ludens. Unidade II: descrever a trajetória dos estudos da sociologia do lazer no Brasil, suas influências e suas perspectivas. Para tal, o duplo aspecto do lazer e do ócio na educação são pontos abordados. Apresentação da disciplina “Ócio” vem do latim otium (ocupação prazerosa). É associada ao repouso e confunde-se com ociosidade. O tempo livre e o ócio são tomados como mesmo fenômeno social. Há diferenças entre ambos por terem naturezas diferentes. Aquino e Martins (2007): tempo livre tem natureza cronológica e atingiu seu ápice após a Revolução Industrial. A liberdade é um exercício temporal e o lazer, baseado no tempo livre, tem perspectiva objetiva. O ócio aborda a experiência subjetiva. Sua vivência constitui experiência gratuita, necessária, prazerosa e integrante da forma de ser de cada pessoa. A vivência do ócio não depende do tempo da atividade em si, nem da condição econômica, como acontece com o lazer. Lazer e ócio na contemporaneidade: conceitos, concepções e significados Aquino e Martins (2007): o ócio é relacionado ao sentido atribuído a quem vive, à subjetividade, ao modo que nos relacionamos com o mundo e as pessoas de forma particular. É importante na perspectiva individual, no questionamento de cada um consigo mesmo em relação à vivência e à experiência do ócio. Permite autoconhecimento, identificação e recuperação do equilíbrio das decepções e das frustações. Lazer e ócio na contemporaneidade: conceitos, concepções e significados Fonte: goo.gl/dWwBsW Há uma série de funções que organizam a função do ócio: Psicológica: Dumazedier (1974) define desenvolvimento, diversão e descanso. Eles atendem à compensação das perdas humanas, equilibrando psicologicamente o indivíduo. Social: relacionada à integração social, em contraponto ao empobrecimento da comunicação interpessoal. Simbólica: percepção de identidade e pertencimento, com afirmação pessoal pela escolha das atividades diversionais. Econômica: gastos pessoais e familiares com as atividades de ócio, como suas implicações no sistema econômico. Terapêutica: possibilidade em melhorar saúde física e mental. Lazer e ócio na contemporaneidade: conceitos, concepções e significados Cuenca (2003): a função econômica do ócio é ambígua, pois os gastos alimentam o sistema, mas as práticas não são amparadas pela política econômica. O acesso ao ócio passa pelo consumo, que não expressa experiências significativas. O ócio não é atribuído ao tempo, pois implica liberdade de escolha. O tempo e a atividade em si não podem determinar uma experiência do ócio. Por exemplo, a pessoa pode ter o tempo livre e viajar, mas a viagem pode ou não ser uma experiência de ócio, dependendo da experiência humanista relacionada com os valores e o sentido da vida para cada um. Por isso é algo subjetivo: a experiência do ócio depende da formação de cada indivíduo. Lazer e ócio na contemporaneidade: conceitos, concepções e significados O pensamento do ócio humanista surge em meados dos anos 1990, como aconteceu no World Leisure and Recreation Association, em 1998. O ócio como experiência humana está vinculado a valores e significados profundos que provocam transformações na vida das pessoas. Ainda há um caminho para se trilhar: o ócio cada vez mais é necessário em um contexto cada vez mais acelerado. O lazer e o ócio são capazes de substituir a ordem cronológica do tempo e compreender o sentido da sua duração, para que nós, seres humanos, possamos expressar nossas subjetividades. O ócio e as experiências subjetivas Lipovetsky (2007): Revolução Industrial promoveu o tempo livre para a vivência do lazer, construindo uma sociedade de consumo. Surgiu na expansão de mercados e no consumo de massa, tendo como a sofisticação dos meios de comunicação e transportes elementos fundamentais para seu crescimento. Em uma segunda fase (segunda metade do século XX), expandiu-se a democratização do consumo de bens duradouros e a sociedade começou a consumir ideias e modos de vida que até então pertenciam apenas às classes mais abastadas. Ou “há também todo um ambiente de estimulação dos desejos, a euforia publicitária, a imagem luxuriante de férias, a sexualização dos símbolos e dos corpos” (LIPOVETSKY, 2007, p. 30-1). A sociedade do hiperconsumo Terceira fase do capitalismo, ou sociedade do hiperconsumo, na qual consumidores tornam-se mais exigentes em relação à qualidade de vida. A criação de novas necessidades que prometem a felicidade, assim como a criação de um sistema de signos gerados pelas marcas revela a realização dos seus próprios desejos de prazer, felicidade e êxtase. Lipovetsky (2007): a nova ordem cultural valoriza os laços emocionais e sentimentos do homem. Além do consumo material, há um consumo do simbólico, tendo como justificativa a resolução de temores, dilemas, frustrações e ansiedades, o que se evidencia na produção e no consumo de valores efêmeros que passam do campo material para o das subjetividades. A sociedade do hiperconsumo Lipovetsky critica o modelo voltado para o consumo. Isso apresenta a “frustração de não poder consumir” ou a “competitividade com outro” (sobre “quem é mais feliz”) como manifestações de uma sociedade de consumo que faz da felicidade um bem a ser consumido, desde que haja condições econômicas para fazê-lo. As redes sociais (Facebook e Instagram) evidenciam o compartilhamento da experiência e uma concorrência explícita sobre quem é mais feliz. Bauman (2009, p. 36): “atingir a felicidade significa a aquisição de coisas que outras pessoas não têm chance nem perspectiva de adquirir. A felicidade exige estar à frente dos competidores”. A sociedade do hiperconsumo Das afirmações a seguir, qual delas é incorreta? a) A Revolução Industrial promoveu o tempo livre para a vivência do lazer, construindo uma sociedade de consumo. b) A função econômica do ócio é ambígua, pois os gastos alimentam o sistema, mas as práticas não são amparadas pela política econômica. c) As redes sociais (Facebook e Instagram) evidenciam o compartilhamento da experiência e uma concorrência implícita sobre quem é mais feliz. d) “Ócio” vem do latim otium (ocupação prazerosa). É associada ao repouso e confunde-se com ociosidade. e) O lazer e o ócio são elementos fundamentais, possibilitando a transformação do sujeito. Interatividade Das afirmações a seguir, qual delas é incorreta? c) As redes sociais (Facebook e Instagram) evidenciam o compartilhamento da experiência e uma concorrência implícita sobre quem é mais feliz. Comentário: c) As redes sociais (Facebook e Instagram) evidenciam o compartilhamento da experiência e uma concorrência explícita sobre quem é mais feliz. Resposta Questionamos a qualidade das atividades de lazer e as possibilidades que são dadas para experimentar o ócio: Até que ponto são edificantes? O que as pessoas trazem para as suas vidas quando assistem a um filme no cinema ou a uma peça teatral? Qual a contribuição das viagens para o repertório cultural das pessoas? Há um enriquecimento ou um empobrecimento das experiências de lazer e do ócio? As sociedades de hiperconsumo integram ou segregam as pessoas quando se trata do lazer? É preciso ter para ser feliz? A sociedade do hiperconsumo Primeira Guerra Mundial: jornada de trabalho de 40h/semana,8h/dia e férias remuneradas. É a conquista do tempo livre e o marco seria a Assembleia-Geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), realizada em 1924. Seu tema foi o lazer. Mommaas (1996): antes do estudo da OIT, outras iniciativas surgiram. George Bevans (1913) fez estudos sobre o tempo livre dos trabalhadores de Nova Iorque. Pesquisas foram feitas na Alemanha, Bélgica, França, Holanda e União Soviética. No final do século XIX, trabalhos como “Le Droit à la Paresse”, de Paul Lafargue (1880), e “Leisure Theory Class”, de Thorstein Vebler (1899) discutem o trabalho e o lazer. Criação da primeira organização direcionada para o lazer: a American National Recreation Association. Contribuições para a compreensão do lazer Décadas de 1930 e 1940: surgimento de instituições, em diferentes partes do mundo, que discutem o lazer e sua relação com o trabalho. Décadas de 1950 e 1960: desenvolvimento de estudos e pesquisas empíricas sobre o lazer, trazendo cientificidade à sociologia do lazer e do cotidiano. Os estudos de lazer realizados buscaram novas conotações para uma melhor compreensão das atividades de lazer, utilizando técnicas para avaliar como as pessoas usavam o seu tempo livre etc. Aos poucos, tais pesquisas foram incorporadas e aplicadas nas áreas de Sociologia, Economia e Psicologia. Contribuições para a compreensão do lazer Muitos fatores contribuíram para o lazer e sua diversificação: redução da jornada de trabalho, aposentadoria, aumento da expectativa de vida, crescente necessidade de educação profissional adulta, avanços tecnológicos que impulsionaram o lazer doméstico etc. A diversificação das atividades promoveu mudanças no tempo social e dos valores, como também chamou a atenção dos pesquisadores: a “sociedade do lazer” começou a ser questionada considerando as suas mais diferentes práticas. O lazer adquire, em estudos, um caráter multidisciplinar, com enfoque nos estudos culturais, bem como turismo, esporte e educação física. Destacam-se as contribuições de Michel Maffesoli (fenomenologia como método de estudo). Contribuições para a compreensão do lazer Jofre Dumazedier esteve no Brasil entre as décadas de 1960/70, em diferentes cidades e ocasiões. A bibliografia era restrita, devido às poucas cidades industrializadas na época. Isso não chamava atenção de sociólogos, educadores, economistas e nem do próprio governo. José Acácio Ferreira pesquisou trabalhadores assalariados de Salvador (BA), resultando no livro “Lazer Operário” (1959). 597 trabalhadores foram entrevistados e ele observou a prática de jogos e a participação no candomblé. “Lazer & Cultura” (1968), organizado por João Camilo Torres, caracterizou as relações entre a cultura de massa e o lazer. Um ano depois, o Sesc, em conjunto com a Prefeitura de São Paulo, organiza discussões sobre o lazer no país. Escola dumazediana e principais estudiosos brasileiros Requixa (1977): entre os anos 60/70, muitas pessoas eram orquestradas por ideias preconceituosas que consideravam a discussão sobre lazer ofensiva à cultura do trabalho. Luiz Octávio de Camargo dizia que sociedades urbanas apresentam três estágios em relação ao lazer: a negação da questão pelos mais diferentes argumentos, a visão do lazer como algo importante do ponto de vista terapêutico em relação à vida urbana, a percepção de que o lazer é importante em si mesmo. Os três estágios refletem o processo de crescimento da industrialização e da urbanização das sociedades capitalistas. Escola dumazediana e principais estudiosos brasileiros A CF1988 instituiu o lazer como um direito básico do cidadão brasileiro. Houve desenvolvimento significativo na área do lazer, por eventos de importância nacional e internacional. Sarah Bacal publicou “Lazer: Teoria e Pesquisa”, abordando relações entre trabalho, tempo livre e turismo. O tempo total (TT) é dividido em tempo necessário (TN) para a execução das tarefas essenciais e tempo liberado (TLB) para as atividades não obrigatórias, sendo, muitas vezes, confundido com tempo livre. Escola dumazediana e principais estudiosos brasileiros Fonte: goo.gl/QDmW2M Discussões sobre lazer estão presentes em cursos como: Administração, Artes, Educação Física, Hotelaria, Turismo e Sociologia. Contudo, têm pequenos espaços no interior das propostas curriculares em muitos cursos, o que restringe as oportunidades de estudo e atuação. Marinho et al. (2011): identificados 211 grupos de pesquisa que estudam direta ou indiretamente o lazer no Brasil. Assim, há a necessidade de pensar a construção de conhecimento no que se refere ao lazer e ao ócio, em uma perspectiva interdisciplinar. “Encontro Nacional de Recreação e Lazer” (Enarel), “Congresso do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte” (Conbrace) são exemplos de eventos de disseminação. Novas perspectivas para a sociologia do lazer Marcellino (1987): ao tratar o lazer como veículo de educação, é importante considerar potencialidade para desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos. O lazer não pode ser visto como um bem de consumo. Requixa (1977): educar pela prática do lazer, estimulando a produção cultural que buscam simultaneamente introduzir a prática criativa despretensiosa nas necessidades lúdicas do cotidiano, assim como aprimorar a apreciação crítica. É preciso pensar e organizar um programa de ensino dedicado ao lazer, adotando procedimentos didático- metodológicos que possam concretizar um fazer educativo de forma lúdica, criativa, cultural e coletiva. Duplo aspecto educativo das experiências do lazer Das afirmações a seguir, qual delas é incorreta? a) Em 1906, houve a criação da American National Recreation Association. b) Entre as décadas de 1930 e 1940 houve o surgimento de instituições, em diferentes partes do mundo, que discutem o lazer e a sua relação com o trabalho. c) Marinho et al. (2011) identificam 211 grupos de pesquisa que estudam direta ou indiretamente o lazer no Brasil. d) Sarah Bacal publicou “Lazer: Teoria e Pesquisa”, abordando relações entre trabalho, tempo livre e turismo. e) A CF1998 instituiu o lazer como um direito básico do cidadão brasileiro. Interatividade Das afirmações a seguir, qual delas é incorreta? e) A CF1998 instituiu o lazer como um direito básico do cidadão brasileiro. Comentário: e) A CF1988 instituiu o lazer como um direito básico do cidadão brasileiro. Resposta Marcellino (2010): equilíbrio entre quatro eixos fundamentais para a formação do profissional de lazer: “teoria do lazer”, “relato de experiências refletidas”, “vivências de conteúdos culturais” e “políticas e diretrizes gerais do campo do lazer”. Requixa (1979): educação é um veículo de desenvolvimento e tem no lazer um ótimo instrumento para incentivar e motivar o indivíduo a desenvolver-se e ampliar seus interesses de ordem individual, familiar, cultural e comunitária. A pedagogia da animação cultural é o sentido da vida, de movimento e de alegria. Ou seja, reconhecer a relação “lazer-escola-processo educativo”: “[...] assim encarada, estaria ligada à criação de ânimo, à provocação de estímulos, e à cobrança da esperança” (MARCELLINO, 1988b, p. 142). Duplo aspecto educativo das experiências do lazer A Carta Internacional de Educação para o Lazer (2002), da Associação Mundial de Recreação e Lazer, é importante pois apresenta as diretrizes para o desenvolvimento de educação para o lazer. Ela enfatiza que o lazer tem papel fundamental na diminuição de diferenças das condições de vida, permitindo a igualdade de oportunidades e recursos. A animação sociocultural tem como objetivos: proporcionar o autoconhecimento, promover a compreensão das pessoas em relação a si mesmas e ao mundo, incentivar a participação dos sujeitos nas questões sociais mais amplas e também naquelas que estão diretamente ligadasà sua comunidade, possibilitar o preparo e o empreendimento de mudanças por meio do estímulo à reflexão e à crítica. Duplo aspecto educativo das experiências do lazer A animação sociocultural deverá ser: concebida, discutida, planejada, organizada, executada e avaliada. Tudo isso poderá ser desenvolvido a partir dos seguintes aspectos: facilitação: interação e troca de informações entre pessoas e grupos; conscientização: noção dos significados individuais e coletivos das atividades de lazer que se pretendem desenvolver; catalisação: iniciativas para a elaboração das atividades; promoção: a partir das ações realizadas, promoção da participação dos sujeitos. Duplo aspecto educativo das experiências do lazer Camargo (1998): as atividades são pensadas conforme o tipo de público e a quantidade de pessoas que se deseja envolver. Assim, os profissionais devem ter as seguintes características: polivalência cultural: conhecer diferentes práticas e linguagens como ginástica, dança, música, cinema etc.; conhecer peculiaridades da participação de diversos públicos a partir de gênero, faixa etária, classes socioeconômica e sociocultural; capacidade de organizar e coordenar equipes das mais diversas formações, a partir da formatação de projetos e sua viabilidade socioeconômica; conhecimento do espaço físico onde serão desenvolvidas as atividades. Desenvolvimento de projetos de animação sociocultural Fonte: Adaptado de: Livro-texto. Introdução (Por que fazer?) Objetivos e metas (O que fazer?) Público-alvo Metodologia e cronograma (Como fazer?) Análise do contexto atual. Limites e possibilidades. Justificativas. Local e público-alvo. Contato prévio com o público. O que se pretende alcançar. Solução de problemas. Delimitar objetivos gerais e específicos. Descrever os grupos que serão atendidos pelos projetos. Faixa etária. Interesses. Descrever como os objetivos propostos serão alcançados. Descrever passo a passo todas as ações. Organização cronológica dos passos pensados para a execução completa do projeto. Expectativas. Preferências. Outros dados relevantes, tais como gênero, classe social, etnia etc. Fonte: Adaptado de: Livro-texto. Metodologia e cronograma (Como fazer?) Descrever como os objetivos propostos serão alcançados. Descrever passo a passo todas as ações. Organização cronológica dos passos pensados para a execução completa do projeto. Recursos humanos Quais são os profissionais que atuarão no projeto? Quantos serão? Quais funções exercerão? Qual sua formação específica? Materiais e serviços Materiais necessários. Bens e serviços que permitem oferecer as atividades propostas. Orçamento e fontes de financiamento Delimitar as fontes de recursos de cada elemento de despesa. De onde os recursos serão provenientes. Setor público: centros culturais, esportivos e comunitários. Em clubes recreativos urbanos e campestres, parques públicos, museus, oficinas, conservatórios públicos, entre outros. Além disso, empresas e autarquias ligadas ao poder público municipal, estadual e federal nas áreas de: cultura, esportes, turismo, lazer e meio ambiente. Setor privado: clube, parque temático, livraria, academia de dança etc. Além disso, em empreendimentos turísticos hoteleiros, podem atuar em: acampamentos de férias, hotéis, colônias de férias, cruzeiros marítimos etc. Terceiro setor: ONGs desenvolvem projetos sociais ligados ao esporte e às artes (música, dança, produção audiovisual). Lazer e animação sociocultural: áreas de atuação Entre 1850-1914 e 1927-1937, houve aumento significativo da taxa de industrialização. A mudança do sistema econômico trouxe novas formas e métodos de organização do trabalho. Houve delimitação do tempo do trabalho, que foi reduzido. Horas dedicadas ao trabalho apontavam para a necessidade de atividades recreativas reduzindo a “desintegração fisiológica do homem”. Influenciada pela Europa, parte da elite brasileira construiu a ideia do trabalho como ação moralmente edificante, ligada ao catolicismo. A partir de 1930, surge a medicina do trabalho, com técnicas de racionalização para otimizar a produção e diagnósticos de fadiga e cansaço. Experiências do lazer e do ócio no Brasil: estudos de caso (lazer e esporte) Surge a assistência social aos trabalhadores em fábricas, oferecendo atividades recreativas, esportivas e culturais. Exemplo disso é dos clubes de futebol, organizados no chão das fábricas entre 1910 e 1920 na cidade de São Paulo. O Juventus, time de futebol do bairro operário da Mooca, surgiu nesse contexto. Era nas sedes sociais dos clubes que os associados, acompanhados de seus familiares, estavam nas atividades de lazer, como bailes, piqueniques, excursões, festas de final de ano etc. Em contrapartida, as empresas, ao investirem no grêmio dos trabalhadores, exigiam a prestação de contas, como forma de controle, dos clubes que estavam subsidiando. Era comum que o dono recebesse título de “presidente de honra”. Experiências do lazer e do ócio no Brasil: estudos de caso (lazer e esporte) Das afirmações a seguir, qual delas é incorreta? a) Publicada em 2002, a Carta Internacional de Educação para o Lazer apresenta as diretrizes para o desenvolvimento de educação para o lazer. b) A animação sociocultural deverá ser: concebida, discutida, planejada, organizada, executada e avaliada. c) Entre 1850-1914 e 1927-1937, houve aumento significativo da taxa de industrialização. d) O Juventus é time de futebol do bairro operário do Pari, São Paulo. e) A partir de 1930, surge a medicina do trabalho, com técnicas de racionalização para otimizar a produção e diagnósticos de fadiga e cansaço. Interatividade Das afirmações a seguir, qual delas é incorreta? d) O Juventus é time de futebol do bairro operário do Pari, São Paulo. Comentário: O Juventus, time de futebol do bairro operário da Mooca, surgiu nesse contexto. Era nas sedes sociais dos clubes que os associados, acompanhados de seus familiares, estavam nas atividades de lazer, como bailes, piqueniques, excursões, festas de final de ano etc. Resposta 1942: criação do Serviço Nacional da Aprendizagem Social (Senai). Em 1946, organiza-se formalmente a criação do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Comércio (Sesc). Dentre as atividades desenvolvidas pelo Sesi, destacamos: atividades de lazer, esporte, jogos operários, segurança no trabalho, nutrição, literatura e economia doméstica. Tanto Sesi quanto Sesc são organizadores de lazeres que têm como objetivo o desenvolvimento físico, intelectual, cultural e moral dos trabalhadores. Atualmente, as entidades oferecem: teatros, clubes, bibliotecas, colônias de férias, equipamentos e atividades esportivas. 1990: Secretaria dos Desportos da Presidência da República, que origina, em 2003, o Ministério dos Esportes. Experiências do lazer e do ócio no Brasil: estudos de caso (lazer e esporte) Além do esporte, as atividades culturais desenvolvidas em nosso País têm contribuído para o lazer e a qualidade de vida da população. Nem todos têm acesso aos bens culturais, mas há interesse das pessoas em experimentar atividades culturais fora do lar. Dentre os principais locais visitados quando se deseja fazer alguma atividade cultural, destacam-se: shoppings, cinemas, parques, igrejas, teatros, restaurantes e outros espaços de alimentação e praças. Muitas pessoas se divertem com a televisão, internet e rádio. Poucas vão ao cinema ou ao teatro com frequência, bem como clubes ou centros culturais. Experiências do lazer e do ócio no Brasil: estudos de caso (lazer e cultura) A cultura popular, ou espontânea, refere-se às manifestações de caráter coletivo, marcada de forma pela espontaneidade e pelo cotidiano, e relaciona-se com osmodos de vida, saberes e fazeres, tais como: alimentação, crenças, habitação, divisão de tarefas, práticas de cura, entre outras expressões. Rita Amaral (1998): as festas nas cidades brasileiras revelam múltiplos sentidos, como: organização popular, expressão artística e identidade cultural, ação social, afirmação de valores etc. As festas foram utilizadas pelos colonizadores portugueses como um instrumento didático e de catequização para a implantação da religião católica em nosso País, e meio de inserção social. Experiências do lazer e do ócio no Brasil: estudos de caso (festas tradicionais) Fandango caiçara: festas de comunidades caiçaras, nas regiões litorâneas do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Emprega cantigas e versos improvisados, de acordo com acontecimentos do cotidiano, ou repertórios tradicionais. O fandango está ligado à organização do trabalho coletivo (mutirão). O dono da terra (lida) convoca a comunidade para auxiliá-lo. Vizinhos e “camaradas” se reúnem para erguer uma casa, varar uma canoa, fazer lanço de tainha, ou ajudar nos preparativos para um casamento. Realizam-se os bailes, que são acompanhados de mesas fartas (pratos à base de peixe, mariscos, farinha de mandioca e de milho, carne de caça, doces, cachaças curtidas em ervas ou com melado). Experiências do lazer e do ócio no Brasil: estudos de caso (festas tradicionais) Gaspar e Barbosa (2007): lazer, na cultura popular, tem jogos, apetrechos e brincadeiras. Os elementos infantis permitem benefícios físicos, culturais, lúdicos, imaginativos e sociais. Evolução tecnológica e urbanização/verticalização: jogos infantis populares e brincadeiras são substituídos pela TV, pelo computador e pelos jogos eletrônicos. Era costumeiro encontrar crianças brincando e jogando tranquilamente nas ruas, jogos como: amarelinha, bola de gude, esconde-esconde, boca de forno, passarás, queimada, quebra-panela. Diversos equipamentos culturais e escolas desenvolvem atividades que visam a resgatar e ressignificar brincadeiras para as gerações mais novas. Jogos, brinquedos e brincadeiras Remonta a história da sociedade. Gregos e romanos faziam viagens para desfrutar de eventos culturais e artísticos, como Jogos Olímpicos (VIII a.C.). No Renascimento (XVI-XVIII d.C.), jovens buscavam ampliar seus conhecimentos acerca de distintas manifestações culturais. O turismo organizado surge na Revolução Industrial e marcou a Europa. As conquistas do tempo livre e direitos trabalhistas dos operários contribuíram para a busca de atividades de lazer, dentre elas o turismo. Além disso, surge a classe média que viaja mais, usufrui a evolução dos meios de transporte. O apogeu do fenômeno foi alcançado entre as décadas de 1970 e 1980. Isso causou problemas ambientais. Natureza, sociedade e turismo Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA), o viajante tem as seguintes motivações: paz e tranquilidade (descansar, relaxar, contemplar), socialização (conhecer diferentes pessoas), união de casal (romantismo e privacidade), exploração e descobertas (conhecer novos lugares e estilos de vida), fuga (da família, do trabalho, do estresse, da rotina), proatividade (saúde, bem-estar, condicionamento físico), liberdade (de horários e responsabilidades), união familiar (momentos com os filhos, resgate de memórias). Principais destinos no Brasil: Pantanal (MS/MT), Rio de Janeiro, Fernando de Noronha (PE), Amazônia (AM), Foz do Iguaçu e Curitiba (PR), Brotas, Vale do Ribeira e São Paulo (SP). Natureza, sociedade e turismo A Associação Mundial de Recreação e Lazer conta com uma comissão permanente sobre turismo e meio ambiente que tem como objetivos: fornecer rede de comunicação sobre relações entre lazer, turismo e meio ambiente para os membros participantes; desenvolver iniciativas que pesquisem mais as inter-relações de lazer, recreação, turismo e meio ambiente; servir como um mecanismo de defesa para políticas e programas na associação mundial. Com relação principalmente ao lazer na cultura popular e suas relações com o turismo, essas atividades podem contribuir não só para a qualidade de vida, mas também favorecer as experiências subjetivas e individuais ligadas ao ócio. Natureza, sociedade e turismo Os benefícios tanto do lazer quanto do ócio só poderão ser ameaçados se o lazer for visto apenas como mais um produto para consumo, levando os indivíduos à alienação. A alienação está vinculada à fragmentação e também à perda de consciência do sujeito. Ao propor atividades de lazer e ócio alienantes e pautadas somente pela lógica do consumo, o sujeito deixa de ser o centro de si e passa a ser comandado. Como consequência, perde a sua consciência crítica sobre o mundo e a sociedade na qual está inserido. Além disso, perde também a sua individualidade, não conseguindo, portanto, pensar por si. Natureza, sociedade e turismo Das afirmações a seguir, qual delas é incorreta? a) Gregos e romanos faziam viagens para desfrutar de eventos culturais e artísticos, como Jogos Olímpicos (VI a.C.). b) 1942 foi o ano de fundação do Senai – Serviço Nacional da Aprendizagem Social. c) Em 1946, organiza-se formalmente a criação do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Comércio (Sesc). d) As festas nas cidades brasileiras revelam múltiplos sentidos, como: organização popular, expressão artística e identidade cultural, ação social, afirmação de valores etc. e) O fandango está ligado à organização do trabalho coletivo (mutirão). Interatividade Das afirmações a seguir, qual delas é incorreta? a) Gregos e romanos faziam viagens para desfrutar de eventos culturais e artísticos, como Jogos Olímpicos (VI a.C.). Comentário: Gregos e romanos faziam viagens para participar de eventos culturais e artísticos, como Jogos Olímpicos (VI a.C.). Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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