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Respostas - Seminário de Casa V

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Aluno: Gabriel Ribeiro Gonçalves Ramos
Módulo 1 – Tributo e Segurança Jurídica
Turma Quinzenal
Seminário V – Segurança jurídica e processo: recursos, ação rescisória e coisa julgada
1.	Tomando o conceito fixado por Paulo de Barros Carvalho acerca do princípio da segurança jurídica:
“dirigido à implantação de um valor específico, qual seja o de coordenar o fluxo das interações inter-humanas, no sentido de propagar no seio da comunidade social o sentimento de previsibilidade quanto aos efeitos jurídicos da regulação da conduta.”
Pergunta-se:
a) Que é segurança jurídica? Qual sua relevância?
Como bem define o Prof. Paulo de Barros Carvalho, a segurança jurídica é um princípio de nosso ordenamento jurídico que decorre de alguns fatores sistêmicos e visa a melhor coordenar o fluxo das interações inter-humanas, visando a de garantir na sociedade o sentimento de previsibilidade quanto aos efeitos jurídicos da regulação de uma conduta. A ideia é que os cidadãos possam se planejar melhor para fatos e atos futuros, sabendo de antemão qual tratamento o Direito irá resguardar àquela conduta e presumindo que esse tratamento normativo será perfeitamente respeitado pelo aplicador da lei no caso concreto. Ao mesmo passo, a quase certeza do tratamento normativo dos fatos outrora consumados e dos direitos adquiridos lhes dá a garantia do passado[footnoteRef:1]. [1: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2021, p. 2019] 
A segurança jurídica, na visão do Prof. Paulo de Barros Carvalho, se efetiva pela atuação conjunta de diversos outros princípios previstos em nosso ordenamento jurídico, a exemplo da anterioridade, igualdade, retroatividade, universalidade da jurisdição etc. Nesse sentido, a segurança jurídica pode ser entendida como um sobreprincípio jurídico.
	b) Analisando o ordenamento jurídico como um todo, isto é, as normas de direito material (constitucional e tributário) e processual civil, texto constitucional e infralegal, indique limites objetivos cuja função no sistema é dar efetividade à segurança jurídica, justificando sua resposta com motivos e indicação do dispositivo normativo. 
	Para auxiliá-lo(a), segue um exemplo: formação da coisa julgada num processo, mecanismo processual que impede a rediscussão da mesma questão em outro processo – art. 5º, XXXVI da Constituição Federal/1988, art. 502 do CPC/2015.
Como exposto na questão anterior, o sobreprincípio da segurança jurídica decorre naturalmente da observância e da aplicação de diversos outros princípios e normas previstos em nosso ordenamento jurídico.
Nesse sentido, o princípio da irretroatividade (art. 150, III, a, CF), que determina, de modo geral, que os entes tributantes não podem cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído. Está intrinsicamente ligado à segurança jurídica no sentido de permitir ao indivíduo que tenha a segurança de saber de antemão se a sua ação ensejará a cobrança de qualquer tributo, visto que é necessária a anterior instituição em lei de um tributo para que ele possa ser cobrado.
No mesmo sentido, cite-se o princípio da anterioridade (art. 150, III, b, CF) que determina que o Fisco não poderá cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que ele haja sido instituído ou majorado. Esse princípio também garante a segurança necessária para que o contribuinte saiba de antemão quanto terá que arcar a título de tributos, além de tornar mais fácil a sua defesa em caso de violação de tal princípio (diante da facilidade de construção dessa prova).
Há ainda o princípio da legalidade (art. 5º, II, CF) que determina que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei. Esse princípio se relaciona diretamente com a segurança jurídica ao garantir ao cidadão que ele não será forçado a praticar atos diversos daqueles pré-determinados pelo legislador.
	c) As prescrições do CPC/15 voltadas à estabilização da jurisprudência vêm ao encontro da realização da segurança jurídica (vide arts. 9º, 10, 926, 535, §§ 5º, 6º, 7º e 8º 927 ambos do CPC/15) em hipóteses como a de mudança de orientação de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, como, por exemplo, ocorreu no caso do direito à manutenção do crédito de ICMS na hipótese de saída de mercadorias com redução de base de cálculo (sobre essa questão ver RE 161.031/MG e 174.478/SP – Anexos I e II)?
Sim, todo o disposto nos artigos acima transcritos está em acordo com a realização do sobreprincípio da segurança jurídica. O art. 9º, CPC, por exemplo, determina que não será proferida decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Essa previsão normativa é importante para garantir que ambas as partes processuais possam expor sua visão acerca dos fatos e possam provar o seu direito, de modo a evitar qualquer condenação injustificada. Mais à frente, o art. 926, CPC, determina que os tribunais devem manter sua jurisprudência uniforme e estável. Essa norma é extremamente importante para a consecução da segurança jurídica, posto que ela garante aos indivíduos interessados em ingressar em juízo que ele poderá esperar decisões semelhantes e pautadas nos mesmos entendimentos ainda que essas decisões sejam tomadas por tribunais completamente diferentes. Isso ajuda a garantir a uniformidade da aplicação do direito em todo o país. O art. 927, CPC, que de modo geral determina que os tribunais deverão observar as decisões do STF em controle concentrado de constitucionalidade, súmulas vinculantes, acórdãos em assunção de competência ou IRDR, súmulas do STF e do STJ e a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados, é importante pois visa a garantir uma série de direitos que, quando conjuntamente aplicados, nos levam em direção à segurança jurídica. Assim, por conta desse artigo do CPC, o contribuinte pode esperar que nenhum tribunal no país deverá aplicar norma que já foi objeto de controle de constitucionalidade pelo STF, assim como pode esperar que as Súmulas dos tribunais superiores serão corretamente aplicadas, garantindo uma previsibilidade da decisão que será tomada e uma justiça mais célere.
Não há problema nenhum nas hipóteses em que o Supremo Tribunal Federal, com uma boa fundamentação, altera o seu entendimento acerca de um assunto, como no caso do direito à manutenção do crédito de ICMS na hipótese de saída de mercadorias com redução da base de cálculo. A superação de uma jurisprudência pode ser tomada por conta de diversos fatores, como a alteração de uma norma, um novo entendimento construído pelas Cortes ou mesmo uma outra forma de se interpretar o que está disposto na norma jurídica. Nesse sentido, o respeito à segurança jurídica nos casos em que há uma mudança no entendimento de um Tribunal passa pelo fato de que o indivíduo deve ter o direito, que a época era tido como válido, respeitado. Se ele agiu em conformidade com o que estava disposto em lei na época do ocorrido e em acordo com a interpretação feita pelo Tribunal à época, esse jurisdicionado não poderá ser punido pela nova orientação construída justamente em nome da segurança jurídica, posto que no momento da prática, suas ações eram válidas.
2.	Jurisprudência, precedente e julgamento de caso repetitivo são utilizados como termos sinônimos CPC/15? Exponha o alcance e o conteúdo de cada um desses três termos. Considerando sua resposta a essa primeira parte da pergunta, responda:
a) Jurisprudência, precedente e julgamento de caso repetitivo são normas jurídicas? Se sim, de que tipo?
b) A obrigação veiculada no art. 927 do CPC/15 vincula os julgadores à jurisprudência, (e/ou) ao precedente (e/ou) ao julgamento de caso repetitivo? Essa art. 927 do CPC/15 é instrumento hábil para garantia da segurança jurídicata? (Vide arts. 926, 927, 988, IV do CPC/15).
Os precedentes judiciais, de modo geral, representam uma decisão que traz novos paradigmas no presente no qual ela é tomada. Normalmente por conta de novos contextos fáticos específicos, os julgadoresdaquela época tomam uma decisão que é completamente inédita ou mesmo divergente do padrão que era utilizado até aquele dia, de forma que a partir dali o modo de se relacionar com o direito será transmutado. Ao mesmo tempo, um precedente é uma decisão que servirá para o futuro, ao passo em que a medida em que o tempo avance, os juristas dos novos tempos irão recorrer àquela decisão disruptiva tomada no passado como base para as decisões futuras. Assim, para que se caracterize um verdadeiro precedente, é necessário que a decisão judicial satisfaça essas duas condições.
O termo jurisprudência representa o conjunto de sentidos que são dados pelos órgãos jurisdicionais ao analisarem a realidade e os casos fáticos através do direito. Esse conjunto de sentidos é construído através das diversas decisões judiciais que são tomadas em cada caso ao longo do tempo. É um conceito bem mais amplo do que o do precedente, posto que a jurisprudência representa um universo de decisões tomadas no mesmo sentido, enquanto aquele se refere a um caso emblemático e específico.
Por julgamento de caso repetitivo entende-se o agrupamento de diversos casos que versam acerca do mesmo assunto, pautados quase que no mesmo argumento, e que serão suspensos até que a Corte competente resolva a questão, dando o mesmo destino a todos os casos iguais. O caso repetitivo se diferencia dos dois conceitos anteriores pelo fato de que não é apenas um caso emblemático (logo, não é um precedente), ao passo que também não representa uma série de decisões judiciais que balizam o direito em determinado assunto. Trata-se de um única decisão que é tomada no intuito de se resolver de uma vez só um universo de casos semelhantes, que tratam a respeito dos mesmos assuntos.
Ante o exposto e a diferenciação demonstrada entre os três conceitos, não é possível concluir que o CPC/15 trata os três conceitos de forma igual. A exemplo disso, cite-se o art. 926 do CPC. No caput, o legislador afirma que os Tribunais devem sempre manter sua jurisprudência uniforme. Mais à frente, o § 2º determina que os enunciados da súmula (que correspondem às jurisprudências dominantes) devem se ater ao conteúdo dos precedentes que ensejaram a sua criação. No artigo seguinte, há referência aos julgamentos de casos repetitivos. Se os três conceitos fossem sinônimos, não haveria a necessidade de o legislador determinar que um deve sempre estar coerente ao conteúdo do outro (ou seja, fazendo diferenciação entre eles).
a) Como define o Prof. Paulo de Barros Carvalho, a norma jurídica é a significação que obtém-se a partir da leitura dos textos do direito positivo, sendo algo que é produzido apenas em nossa mente, como resultado do contato com o mundo exterior[footnoteRef:2]. Nesse sentido, os precedentes judiciais são sim espécies de normas jurídicas. Tendo em vista que nele estão condensadas várias interpretações jurídicas acerca de uma realidade fática, é forçoso concluir que esses conjuntos de decisões podem facilmente vincular sua aplicação aos casos futuros que se adequem ao contexto fático tratado no precedente. O mesmo pode ser dito da jurisprudência e dos julgamentos de casos repetitivos, posto que ambos são textos do direito positivo que ensejarão uma significação daquele que entra em contato com ele. [2: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2021, p. 49.] 
b) Vincula os julgadores aos três. O art. 926, §1º, CPC, determina que os tribunais devem editar súmulas que reflitam a jurisprudência dominante. Já o art. 927 determina que os tribunais observarão as súmulas no momento de expressarem suas decisões. Logo, a jurisprudência é de fato seguida. O inciso III do art. 927 faz referência direta aos acórdãos publicados em incidente de resolução de demandas repetitivas. Enfim, são várias as referências no art. 927 sobre precedentes, jurisprudência e casos repetitivos, de modo que é fácil concluir que vincula os julgadores aos três. Sim, os artigos citados na questão são instrumentos úteis na busca por maior segurança jurídica no Brasil. Isto porque o disposto nesses artigos obriga os tribunais a observarem as decisões que vêm sendo tomadas nos casos semelhantes ao que está sendo julgado ali. Isso traz uma maior garantia de que a mesma decisão será observada, além de tornar mais fácil ao contribuinte prever a possível consequência de seus atos, afinal, em última análise, o juiz deverá no mínimo citar a jurisprudência/precedente/IRDR e desconstrui-lo a partir dali.
3.	Uma lei tributária municipal é considerada inconstitucional por uma associação que possui representação em âmbito estadual. Quais seriam os caminhos para a discussão da questão com efeitos erga omnes sem que seja necessária a discussão individual por cada contribuinte? Analise as opções seguintes motivando as razões do cabimento ou não e, no último caso, o foro de ajuizamento:
	a) Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI:
	b) Mandado de Segurança Coletivo:
	c) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental:
	d) Ação popular:
	e) Ação Civil Pública:
	f) Ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária:
a) Ação Direita de Inconstitucionalidade: o art. 2º da Lei 9.868/99, que traz os sujeitos que possuem legitimidade para propor ADIN perante o STF, não traz a associação com representatividade em âmbito estadual. Nesse caso, esse caminho não é possível.
b) Mandado de Segurança Coletivo: como determina a Lei nº 12.016/09, o mandado de segurança é o instrumento utilizado para versar sobre direito líquido e certo, ou seja, que não demandam dilação probatória. Se a norma ingressou no ordenamento jurídico, ela tem presunção de validade, de modo que a sua inconstitucionalidade deve ser provada, o que nos faz concluir que o MS não é o instrumento correto para essa discussão.
c) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental: o art. 2º da Lei 9.882/99 não traz a associação com representatividade em âmbito estadual como um dos sujeitos legítimos para propor uma ADPF perante o STF com efeitos erga omnes, de modo que esse também não é o caminho.
d) Ação popular: a ação popular é o instrumento utilizado para anular atos lesivos ao patrimônio público. No caso de uma norma tributária inconstitucional, apenas os contribuintes daquele tributo foram eventualmente prejudicados, de modo que não se justificaria a propositura de uma Ação Popular.
e) Ação Civil Pública: esse tipo de ação visa apurar a responsabilidade após a causa de um certo ato lesivo, além de ser o caminho para se buscar reparar os eventuais danos ocorridos. Além disso, o art. 3º da Lei 7347/85 determina que essa ação pode versar sobre obrigações de fazer, não fazer e pleitear indenizações, de modo que ela não possui força declaratória, não servindo para a declaração de uma inconstitucionalidade no caso concreto.
f) Ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária: é a ação que deve ser utilizada pleo contribuinte que queira declarar a inexistência de uma relação jurídica tributária entre si próprio e a autoridade fazendária. É uma ação de caráter preventivo, que deve ser proposta antes da ocorrência do fato gerador. Entretanto, a ADIRJT não fará coisa julgada com efeito erga omnes, de modo que esse também não é o caminho.
Nesse sentido, uma solução plausível para o caso concreto seria a propositura de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça do Estado onde está localizada a associação municipal. Nesse cenário, as condições da ação estariam perfeitamente preenchidas e a decisão do caso teria efeito erga omnes na jurisdição daquele estado, garantindo que a lei municipal seria declarada inconstitucional. 
4.	Pode o Supremo Tribunal Federal, ao julgar Recurso Extraordinário que trate de matéria tributária, modular os efeitos de decisão proferida em controle difuso de constitucionalidade de forma a lhe dar efeitos ex nunc, proibindo com efeitos erga omnes a repetição do indébito tributário dos valores recolhidos até a data do julgamento? Há norma que preveja a modulaçãode efeitos em controle de constitucionalidade em matéria tributária em hipótese como a apresentada nesta pergunta? Pode haver modulação de efeitos por meio da edição de Súmula Vinculante? (Vide o RE 556.664-1, na parte afeta à modulação de efeitos – ementa e parte final da discussão em Plenário – e a Súmula Vinculante n. 8)
O art. 27 da Lei 9868/99 determina que “ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado”. 
Embora o dispositivo em questão trate de hipótese de modulação de efeitos em controle de constitucionalidade concentrado, a jurisprudência do STF tem decidido que ele também vale para hipóteses de controle de constitucionalidade difuso. Nesse sentido, quando o STF exerce esse controle de constitucionalidade, será função posterior do Senado suspender a aplicação da lei em todo o território nacional, mas com efeitos erga omnes e ex nunc, ou seja, valerão para todos, mas só após a suspensão feita pelo Senado (art. 52, X, CF). Ao contrário, na hipótese descrita no dispositivo transcrito no parágrafo anterior, quando o controle de constitucionalidade é exercido de modo concentrado, de modo geral, os efeitos serão erga omnes e ex tunc, ou seja, alcançarão a todos e retroagirão. 
Nesse sentido, percebe-se que o disposto na Lei 9869/99 introduziu uma técnica no ordenamento jurídico pátrio que permite a declaração de inconstitucionalidade da norma, mas sem a pronúncia de sua nulidade. Assim, ao declarar a inconstitucionalidade de uma lei, o STF pode, em nome da segurança jurídica e em nome da proteção à interesses sociais maiores, restringir os efeitos daquela decisão e controlar a sua eficácia, conferindo a ela efeito ex nunc. Embora a regra seja a adoção da teoria da nulidade no Brasil (que determina que a declaração de inconstitucionalidade de uma lei deve retroagir até a sua gênese, anulando todos os seus efeitos), essa teoria vem sendo constantemente flexibilizada nos últimos anos, já que os tribunais passaram a se deparar com situações nas quais o reconhecimento da nulidade da norma seria mais prejudicial à sociedade do que a declaração da sua inconstitucionalidade com efeitos ex nunc. Portanto, apesar de não haver norma expressa que preveja a hipótese de modulação de efeitos em controle de constitucionalidade difuso, a jurisprudência do STF tem admitido essa hipótese.
Via de regra, a súmula vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal Federal tem o poder de modular os seus efeitos em atenção ao princípio da segurança jurídica ou ao interesse público, nos termos do art. 4º da Lei 11.417/2006.
5.	A empresa Xpto propôs ação de repetição de indébito tributário em face da União, obtendo decisão, transitada em julgado junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, reconhecendo a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo pago e condenando a União na restituição. Iniciada a fase de cumprimento de sentença contra a União sobreveio decisão de mérito do STF, em Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), julgando a mesma lei constitucional (isto significa que a referida Adin foi julgada improcedente e que o controle de constitucionalidade exercido foi o concentrado). Pergunta-se:
	a) É necessário o ajuizamento de ação rescisória pela União objetivando a desconstituição da coisa julgada para não ter que cumprir a sentença que a condenou à restituição do tributo? Se afirmativa sua resposta, indicar o fundamento legal contido no CPC/15 que respalde sua conclusão. Se negativa sua resposta, justifique-a indicando a solução processual que a União deve adotar, bem como o dispositivo do CPC/15 que fundamenta normativamente sua conclusão. (vide Anexo III) 
Sim, é necessário o ajuizamento da ação rescisória. A decisão que transita em julgado não está “imune” a decisões futuras por conta do princípio da segurança jurídica (ou seja, uma decisão equivocada pode ser perfeitamente revertida posteriormente). No caso concreto, a decisão do TRF-1 fez coisa julgada no processo, vinculando as partes àquela decisão. Embora a decisão superveniente do STF deva ser respeitada, ela não torna a decisão do TRF-1 invalida, tendo em vista que esta foi adequadamente proferida, respeitando-se o devido processo legal. Assim, a ação rescisória se faz necessária para evitar que a União não tenha que cumprir com a sentença e consequente restituir um tributo que é perfeitamente devido, conforme o art. 966, VII, CPC.
b) Tendo havido modificação posterior da jurisprudência do STF, em sentido oposto ao da coisa julgada e por meio de controle difuso de constitucionalidade, em recurso extraordinário em que houve o reconhecimento da repercussão geral da matéria, a conclusão a que você chegou na resposta “a” mudaria? Justifique
No caso de posterior modificação da jurisprudência do STF, decidindo de forma contrária ao da coisa julgada e por meio de controle difuso de constitucionalidade, em RE em que houve o reconhecimento de repercussão geral da matéria, essa alteração jurisprudencial não possui o condão de afetar a decisão anteriormente tomada pelo TRF e já transitada em julgado. Além disso, não há a possibilidade de se propor ação rescisória, tendo em vista que o controle de constitucionalidade difuso, via de regra, não estende seus efeitos para fora dos processos sobrestados (embora, como já exposto anteriormente, a jurisprudência mais recente do STF já permita a hipótese do controle de constitucionalidade difuso com efeito erga omnes).
6.	Um contribuinte recolheu determinado tributo a partir de uma base de cálculo prevista em lei. A instrução normativa regulamentadora (IN n. 01/02) esclareceu que, na base de cálculo, não deveria ser considerado o valor do transporte pago a terceiro (frete). Um ano depois, a IN n. 03/03 esclareceu que o frete pago a terceiro integraria a base de cálculo do tributo em questão. Nesse contexto, o contribuinte consultou você questionando a necessidade de complementação do recolhimento durante a vigência da IN n. 01/02. O que você responderia? Analise os arts. 100, 103 e 146 do CTN na resposta.
O art. 100, I, determina que os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas são normas complementares das leis tributárias. O art. 103, I, CTN, determina que os atos normativos descritos no artigo anterior só entram em vigor na data da sua publicação. Por fim, o art. 146, CTN, determina que a modificação nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento só pode ser efetivada quanto a fato gerador ocorrido posteriormente a sua introdução.
O arcabouço legislativo acima exposto nos faz concluir que: a) a instrução normativa é uma norma complementar do direito tributário; b) que entra em vigor somente na sua publicação e c) que quando alterar entendimento retroativo, o novo entendimento só valerá para fatos geradores futuros. Assim, não há necessidade do contribuinte complementar o recolhimento do tributo supostamente a menor durante o período de vigência da IN n. 01/02, tendo em vista que naquele período a norma válida não incluía na base de cálculo do tributo o valor do transporte pago a terceiro. Essa mudança legislativa só veio com a publicação da IN n. 03/03, que por sua vez só passa a vale no ato da sua publicação e para fatos geradores futuros, não tendo efeitos sobre fatos pretéritos.

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