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Respostas - Seminário de Classe VI

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MÓDULO: TRIBUTO E SEGURANÇA JURÍDICA
SEMINÁRIO VI – REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA – HIPÓTESE TRIBUTÁRIA
GABRIEL RIBEIRO GONÇALVES RAMOS
SEMINÁRIO DE CLASSE VI
1. Que é regra-matriz de incidência tributária? E hipótese de incidência tributária? Qual sua função na composição RMIT? Há necessidade de um critério pessoal compor a hipótese da RMIT? Por quê? 
A regra-matriz de incidência é o instrumento metódico que organiza o texto bruto do direito positivo, proporcionando a compreensão da mensagem transmitida em um contexto comunicacional concebido de forma racionalmente estruturada, sendo um subproduto da norma jurídica[footnoteRef:1]. É o conjunto dos critérios aptos a desenhar os sentidos da norma tributária para uma certa realidade, formando a relação entre o direito e o mundo fático. É uma releitura do direito posto através dos olhos da própria realidade. A Profa. Aurora Tomazini de Carvalho assim explica[footnoteRef:2]: [1: CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário, linguagem e método. São Paulo: Noeses, p. 146-148.] [2: CARVALHO, Aurora Tomazini de. Teoria Geral do Direito: o constructivismo lógico-semântico. Tese de doutorada defendida e apresentada à PUC-SP, 2009, p. 284. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp098895.pdf>. Acesso em 21 de jun. de 2021.] 
Chamamos de “regra matriz de incidência” as normas padrões de incidência, aquelas produzidas para serem aplicadas em casos concretos, que se inscrevem entre as regras gerais e abstratas, podendo ser de ordem tributária, previdenciária, penal, administrativa, constitucional, civil, trabalhista, comercial, etc., dependendo das situações objetivas para as quais seu vetor semântico aponta. Na expressão “regra matriz de incidência” emprega se o termo “regra” como sinônimo de norma jurídica, porque trata se de uma construção do intérprete, alcançada a partir do contato com os textos legislados. O termo “matriz” é utilizado para significar que tal construção serve como modelo padrão sintático semântico na produção da linguagem jurídica concreta. E “de incidência”, porque se refere a normas produzidas para serem aplicadas.
Assim, o conceito de regra-matriz conduz o leitor ao momento em que a teoria adrede prevista de forma hipotética na norma irá se encontrar com o mundo in concretu, se aperfeiçoando a fenomenologia da incidência tributária. 
A regra-matriz de incidência tributária se subdivide em duas partes, quais sejam a hipótese de incidência e seu consequente normativo. 
A hipótese de incidência tributária descreve de forma abstrata um fato qualquer do cotidiano do contribuinte, de forma que aquele(s) fato(s) representa(m) a própria condição para que a norma jurídica possa de fato incidir no mundo concreto. Atrelado a essa hipótese de incidência, a regra-matriz de incidência tributária dispõe um consequente normativo, que por sua vez irá descrever os efeitos jurídicos que serão imputados àquele que executar o fato hipoteticamente previsto na hipótese de incidência e adrede previsto em lei. Assim, ao tratar por exemplo do Imposto de Renda, tem-se: Adquirir disponibilidade econômica ou jurídica de renda (Hipótese de Incidência) Pagar Imposto de Renda (consequente normativo).
Sendo assim, a função da hipótese de incidência dentro da regra-matriz de incidência tributária é descrever de forma abstrata o fato corriqueiro do contribuinte que é interessante à tributação, ou seja, aquele fato que quando praticado por um sujeito fará a autoridade fazendária presumir que aquele contribuinte detém capacidade contributiva e, portanto, poderá arcar com a obrigação prevista no comando da norma. 
O critério pessoal é extremamente relevante, posto que é ele quem define a pessoa, o sujeito, o contribuinte que efetivamente pratica o fato em apreço, ou seja, o fato interessante à tributação. Esse é o critério responsável por designar o sujeito protagonista da ação, aquele de quem se denota capacidade contributiva e se presume riqueza. Entretanto, ele vem definido no consequente da regra-matriz, e não em sua hipótese. 
2. Em agosto de 2018 a empresa XPTO faturou R$ 100.000,00, sobre os quais, em razão de estar no regime do lucro presumido, deve pagar 3% a título de COFINS. Não obstante, a empresa declarou o faturamento no valor de R$ 1.000,00. (i) Identifique o “evento” e o “fato jurídico tributário”, justificando sua resposta. (ii) Qual das “receitas” é juridicamente relevante? (iii) Trata-se de erro de fato ou de direito? Estabeleça a diferença entre esses dois conceitos.
 
(i) Evento: a empresa XPTO faturou R$ 100.000,00. Fato jurídico tributário: é o faturamento de R$ 1.000,00 (é o que foi declarado ao Fisco).
(ii) O faturamento de R$ 1.000,00. O faturamento de R$ 100.000,00 foi apenas um evento, o que foi declarado (e, portanto, é relevante para o Direito) é o faturamento de R$ 1.000,00.
(iii) Erro de fato refere-se às provas que, quando submetidas a uma análise mais minuciosa, passam a indicar um novo fato jurídico, que não é o mesmo daquele pensado no primeiro momento. É um equívoco com relação aos recursos de linguagens empregados na produção do fato jurídico tributário.
Erro de direito é quando a prescrição feita na norma geral e abstrata (ou seja, a regra matriz de incidência tributária), que será aplicada no caso em concreto, está em desacordo com a norma individual e concreta. Portanto trata-se de erro de fato.
3. Dado o seguinte suporte legislativo (fictício):
Lins, Lei municipal n.º 5.000, de 10/10/16 D.M. 15/10/16
Art. 1º Esse imposto tem como fato gerador a propriedade de imóvel no perímetro urbano.
Art. 2º A base de cálculo do imposto é o valor venal do imóvel.
§ 1º A alíquota é 1%.
§ 2º Contribuinte desse imposto é o proprietário do imóvel.
Art. 3º Esse imposto incide no primeiro dia de cada ano.
Art. 4º Diante da ocorrência do fato gerador, a autoridade administrativa fica obrigada a lavrar o lançamento até o dia primeiro do terceiro mês.
Art. 5º O contribuinte fica obrigado a pagar o imposto até o vigésimo dia desse terceiro mês. O não - pagamento até essa data implicará multa de 10% sobre o valor do imposto devido.
Art. 6° Todo proprietário de imóvel nas condições descritas no art. 1° dessa lei deve entregar a “Declaração do valor venal do imóvel”, formulário oficial cód. 45.687-9, até o primeiro dia do mês de fevereiro.
Parágrafo único: A não entrega dessa declaração na data aprazada implica multa de 500 reais”.
Pergunta-se:
a) Quantas normas há nessa lei?
b) Construir todas as normas jurídicas veiculadas nessa lei identificando a RMIT.
c) A simples edição dessa lei basta para o nascimento do fato jurídico tributário e a correspondente obrigação tributária? Por quê?
a) Norma veículo introdutor; norma de lançamento (art. 4º); norma de pagamento (art. 5º); norma sancionatória (art. 5º); norma dever instrumental (art. 6º); norma sancionatória pelo descumprimento do dever instrumental (parágrafo único); norma que institui o tributo.
b) Critério material: ser proprietário de imóvel; critério espacial: perímetro urbano do município de Lins; critério temporal: imposto incide no 1º dia de cada ano; sujeito ativo: município de Lins; sujeito passivo: proprietário do imóvel.
c) A lei é norma geral e abstrata, enquanto o fato é norma individual e concreta. Logo, a mera edição da lei não basta para o nascimento do fato jurídico tributário. É necessário que ocorra o relato em linguagem jurídica do evento para que a norma possa incidir e ser aplicada e, consequentemente, será imputado ao contribuinte os efeitos previstos no comando.

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