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Respostas - Seminário de Classe V

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MÓDULO: TRIBUTO E SEGURANÇA JURÍDICA
SEMINÁRIO V – SEGURANÇA JURÍDICA E PROCESSO: RECURSOS, AÇÃO RESCISÓRIA E COISA JULGADA
GABRIEL RIBEIRO GONÇALVES RAMOS
SEMINÁRIO DE CLASSE V
1. O contribuinte X obteve em 2012 uma decisão favorável por meio de controle de constitucionalidade, afastando o pagamento de tributo incidente sobre suas atividades. Contudo com o transcurso do lapso temporal, outras normas surgiram, versando sobre o mesmo tributo ao qual o contribuinte havia conseguido o afastamento. Pergunta-se:
a) Explicar os efeitos “no tempo” da coisa julgada produzida a partir da decisão favorável quando a relação jurídica de direito material que constitui o seu pano de fundo é do tipo continuativa.
Quando o contribuinte obtém uma decisão favorável por meio de controle de constitucionalidade afastando a cobrança de um determinado tributo, o que se pode supor é que a inconstitucionalidade percebida no caso concreto recai sobre a própria norma em si. Assim, a coisa julgada formada anteriormente deve, em tese, proteger o contribuinte contra a cobrança de tributos instituídos pelo mesmo fundamento e nos mesmos parâmetros, mesmo que a instituição tenha sido feita novamente e através de uma nova lei. Dito de outro modo, o que é inconstitucional é a cobrança do tributo que é feita com aquela fundamentação e daquela maneira, de forma que a mera instituição de novo tributo em nova lei (mas com as mesmas premissas) não pode ser aceita, tendo em vista que se colocaria em risco a própria segurança jurídica de todo o ordenamento, retirando a previsibilidade daquela relação jurídica. 
b) Pode a coisa julgada ser flexibilizada por mudança dos critérios da norma que institui o tributo? Com a edição de uma nova lei que preveja uma mesma regra-matriz de incidência tributária, pode ser alegada a existência de coisa julgada? (Vide acórdão 1301001.083 do CARF, julg. 06/11/2012).
CSLL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. TRÂNSITO EM JULGADO. OBSERVÂNCIA DO ARTIGO 52A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. JULGAMENTO PELO STJ DO REsp 118893/MG. Recurso Especial 2009/00111359 NA FORMA DO ARTIGO 543C DO CPC. Na forma do Regimento do CARF, cumpre observar o que decidido pelo STJ no julgamento do REsp 118893/MG Recurso Especial 2009/00111359, na forma do artigo 543C do CPC, de sorte que se firmou o entendimento de que o fato de o Supremo Tribunal Federal posteriormente manifestar-se em sentido oposto à decisão judicial transitada em julgado em nada pode alterar a relação jurídica estabilizada pela coisa julgada, sob pena de negar validade ao próprio controle difuso de constitucionalidade. CARF, 1301001.083, julg. 06/11/2012.
Se a nova lei instituidora do tributo promover alterações nos critérios normativos que foram objeto da fundamentação da decisão que fez coisa julgada, é possível imaginar um cenário em que ela seria flexibilizada.
Se existia uma lei instituidora de tributo e essa lei foi objeto de controle de constitucionalidade, no qual concluiu-se que aquela regra matriz era inconstitucional, esse tributo não poderá ser exigido no caso de haver publicação de nova lei com a mesma regra matriz, tendo em vista que a coisa julgada formada ataca justamente os critérios que enseja a cobrança do tributo, e não meramente o veículo legislativo utilizado. Nesse cenário, seria possível alegar a existência de coisa julgada, como no caso acima transcrito. Entretanto, caso a nova lei instituidora promova alterações nos critérios da norma de forma a contornar a decisão tomada anteriormente, entende-se que a coisa julgada perderia sua soberania e não poderia mais ser alegada naquele caso.
2. A empresa Xpto propôs ação de repetição de indébito tributário em face da União, obtendo decisão, transitada em julgado junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, reconhecendo a inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo pago e condenando a União na restituição. Iniciada a fase de cumprimento de sentença contra a União sobreveio decisão de mérito do STF, em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), julgando a mesma lei constitucional (isto significa que a referida ADI foi julgada improcedente e que o controle de constitucionalidade exercido foi o concentrado). Pergunta-se:
	a) É necessário o ajuizamento de ação rescisória pela União objetivando a desconstituição da coisa julgada com vistas a não cumprir a sentença que a condenou à restituição do tributo? Se afirmativa sua resposta, indicar o fundamento legal contido no CPC/15 que respalde sua conclusão. Se negativa sua resposta, justifique-a indicando a solução processual que a União deve adotar, bem como o dispositivo do CPC/15 que respalde sua conclusão. (vide Anexo III) 
Sim, é necessário o ajuizamento da ação rescisória. A decisão que transita em julgado não está “imune” a decisões futuras por conta do princípio da segurança jurídica (ou seja, uma decisão equivocada pode ser perfeitamente revertida posteriormente). No caso concreto, a decisão do TRF-1 fez coisa julgada no processo, vinculando as partes àquela decisão. Embora a decisão superveniente do STF deva ser respeitada, ela não torna a decisão do TRF-1 invalida, tendo em vista que esta foi adequadamente proferida, respeitando-se o devido processo legal. Assim, a ação rescisória se faz necessária para evitar que a União não tenha que cumprir com a sentença e consequente restituir um tributo que é perfeitamente devido, conforme o art. 966, VII, CPC. O prazo para o ajuizamento da Rescisória é de 2 anos, contados do trânsito em julgado da decisão do STF (art. 535, §§ 5º e 8º, CPC).
	b) Na hipótese de modificação posterior da jurisprudência do STF, em sentido oposto ao da coisa julgada e por meio de controle difuso de constitucionalidade, em recurso extraordinário em que houve o reconhecimento da repercussão geral da matéria, a conclusão a que você chegou na resposta “a” será alterada? Justifique.
No caso de posterior modificação da jurisprudência do STF, decidindo de forma contrária ao da coisa julgada e por meio de controle difuso de constitucionalidade, em RE em que houve o reconhecimento de repercussão geral da matéria, essa alteração jurisprudencial não possui o condão de afetar a decisão anteriormente tomada pelo TRF e já transitada em julgado. Além disso, não há a possibilidade de se propor ação rescisória, tendo em vista que o controle de constitucionalidade difuso, via de regra, não estende seus efeitos para fora dos processos sobrestados (embora, como já exposto anteriormente, a jurisprudência mais recente do STF já permita a hipótese do controle de constitucionalidade difuso com efeito erga omnes).
3. Um contribuinte recolheu determinado tributo a partir de uma base de cálculo prevista em lei. A instrução normativa regulamentadora (IN nº. 01/02) esclareceu que, na base de cálculo, não deveria ser considerado o valor do transporte pago a terceiro (frete). Um ano depois, a IN nº. 03/03 esclareceu que o frete pago a terceiro integraria a base de cálculo do tributo em questão. Nesse contexto, o contribuinte consultou você questionando a necessidade de complementação do recolhimento durante a vigência da IN nº. 01/02. O que você responderia? Analise os arts. 100, 103 e 146 do CTN na resposta. 
O art. 100, I, determina que os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas são normas complementares das leis tributárias. O art. 103, I, CTN, determina que os atos normativos descritos no artigo anterior só entram em vigor na data da sua publicação. Por fim, o art. 146, CTN, determina que a modificação nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento só pode ser efetivada quanto a fato gerador ocorrido posteriormente a sua introdução.
O arcabouço legislativo acima exposto nos faz concluir que: a) a instrução normativa é uma norma complementar do direito tributário; b) que entra em vigor somente na sua publicação e c) que quando alterar entendimento retroativo, o novo entendimento só valerá para fatos geradores futuros. Assim, não há necessidade do contribuintecomplementar o recolhimento do tributo supostamente a menor durante o período de vigência da IN n. 01/02, tendo em vista que naquele período a norma válida não incluía na base de cálculo do tributo o valor do transporte pago a terceiro. Essa mudança legislativa só veio com a publicação da IN n. 03/03, que por sua vez só passa a vale no ato da sua publicação e para fatos geradores futuros, não tendo efeitos sobre fatos pretéritos.

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