Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade São Judas Tadeu Psicologia A dependência emocional vista pela teoria cognitivo- comportamental. Leticia Silva Ruel Vitoria Costa Moreira Orientadora: Dra. Maria Rita Gascon São Paulo 2021 Leticia Silva Ruel Vitoria Costa Moreira A dependência emocional vista pela teoria cognitivo- comportamental Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade São Judas Tadeu como requisito parcial à obtenção de título de Bacharel. Orientadora: Dra. Maria Rita Gascon São Paulo 2021 Resumo Este estudo teve como objetivo apresentar a dependência emocional, seus sintomas e possíveis causas, como a teoria cognitivo-comportamental enxerga a dependência emocional e como ela pode intervir. Obtivemos um total de 103 participantes, a pesquisa foi feita através da plataforma digital Google forms disponibilizada em 02 de junho de 2021 a 02 de julho, foram respondidos o questionário sociodemográfico e o Cuestionario de Dependência Emocional (CDE), onde das 52 afirmações do CDE, apenas 12 tiveram significância. No geral da pesquisa os participantes não se identificaram com as afirmações, a idade pode ser um dos fatores relacionados à dependência emocional, como os participantes são jovens eles têm fácil acesso à informação sobre o tema, podendo evitar desenvolver o transtorno dependente afetivo. Mas distribuindo a frequência de respostas, os solteiros apresentaram sinais para dependência emocional em relacionamento amoroso, social e parental. Supõe-se que eles tenham se identificado com as afirmações a respeito do relacionamento amoroso por justamente não estarem em um relacionamento, assim, são criadas crenças e pensamentos disfuncionais, enquanto os relacionamentos sociais e parentais, podem estar relacionados ao apego inseguro ambivalente, Bowlby (1958, pp. 1-25.) desenvolvido enquanto bebês, uma vez que os primeiros vínculos originados desde o nascimento servem como base para a formação dos próximos vínculos do indivíduo, para Beck (1997) conteúdos cognitivos aparecem em forma de regras e suposições relacionadas ao nível mais profundo, sendo essas as crenças centrais referentes a si mesmo, dos outros e do mundo, a partir de experiências remotas da infância. Palavras-chave: Dependência emocional, Intervenção, Terapia cognitivo- comportamental, Relacionamento. Abstract This study aimed to present emotional dependence, its symptoms and possible causes, how the cognitive-behavioral theory sees emotional dependence and how it can intervene. We obtained a total of 103 participants, the survey was carried out through the digital platform Google forms made available on June 2, 2021 to July 2, the sociodemographic questionnaire and the Cuestionario de Dependencia Emocional (CDE) were answered, where of the 52 statements of the CDE , only 12 were significant. Overall, the participants did not identify with the statements, age can be one of the factors related to emotional dependence, as the participants are young, they have easy access to information on the topic and can avoid developing affective dependent disorder. But distributing the frequency of responses, singles showed signs of emotional dependence in romantic, social and parental relationships. It is assumed that they have identified with statements about the love relationship precisely because they are not in a relationship, thus, dysfunctional beliefs and thoughts are created, while social and parental relationships may be related to ambivalent insecure attachment, Bowlby ( 1958, pp. 1-25.) developed as babies, since the first bonds originated from birth serve as a basis for the formation of the individual's next bonds, for Beck (1997) cognitive contents appear in the form of rules and related assumptions at the deepest level, these being the core beliefs about oneself, others, and the world from early childhood experiences. Keywords: Emotional dependence, Intervention, Cognitive-behavioral therapy, Relationship. 4 Introdução A necessidade de suporte, orientação e aprovação o tempo todo, ou se agir, decidir e resolver algo de forma independente causa ansiedade, são características de quem sofre do transtorno dependente afetivo. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-5 (2014), aponta que o transtorno de personalidade dependente, também denominado de dependência afetiva, tem como característica diagnóstica, uma necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva ao comportamento de submissão e apego e a temores de separação, seja de um relacionamento amoroso, familiar ou amizade. Dependentes afetivos geralmente apresentam algumas características específicas, tais como: 1) serem exclusivas em seus relacionamentos interpessoais, tendo apenas um pequeno número de pessoas com as quais se relacionam, 2) precisam de acesso constante à pessoa da qual dependem emocionalmente, ou seja, o outro precisa estar sempre disponível, 3) necessitam de forma exagerada a aprovação de outras pessoas, passam a maior parte do tempo tentando agradar as pessoas que estão ao seu redor ao invés de a si mesmos, 4) subordinação nas relações com os parceiros, uma vez que tentam de todas as formas preservar a relação, 5) idealização de seus parceiros selecionando-os com características entendidas como egoístas, com muita segurança em si mesmo e frio emocionalmente, 6) pânico com a ruptura do relacionamento e podem desenvolver transtornos mentais tais como vazio emocional, sintomas de abstinência na ausência do parceiro, depressão e entre outros (Blasco, 2001, 2004; see also Jimenez & Ruiz, 2009). A origem do amor patológico ou dependência emocional, pode estar associada ao apego aprendido na infância, John Bowlby em sua obra “teoria do apego” descreve como os primeiros vínculos podem moldar as expectativas futuras do indivíduo sobre si e sobre o mundo, ele identificou três tipos de apego e o que se assemelha a dependência afetiva é o ambivalente (inseguro) onde a criança apresenta grande ansiedade na ausência da mãe, e os que não possuíam reações emocionais previsíveis ou consistentes, poderiam gerar adultos com grande medo de abandono. Crianças absorvem os comportamentos do ambiente em que vivem, aquilo que elas podem ver e como são tratadas, as crianças observam como as relações se dão ao seu redor, como o pai e a mãe se relacionam, os irmãos, avós e todas as pessoas que convivem com ela, assim a forma como um indivíduo adulto se relaciona está ligado às experiências vividas em sua infância. (Bowlby 1958, pp. 1-25.). A teoria cognitivo de Beck (1963, pp. 324–344) e a Terapia Racional Emotiva Comportamental de Ellis (1957, pp. 38–44), foram responsáveis por criarem a estrutura 5 fundamental do paradigma moderno da teoria cognitiva-comportamental, os modelos anteriores não tratavam os sintomas de transtorno da personalidade como uma expressão de uma doença ou conflito subjacente, mas sim como respostas humanas a estímulos específicos ou gerais que teriam sido aprendidos. No entanto, na estrutura moderna, o componente cognitivo tem sido enfatizado com frequência, entendido como uma “causa” preliminar dos outros, sendo uma estrutura psicológica interativa multidimensional, originando o modelo ABC, onde “a” seriam os eventos ativadores. O “b” as crenças do indivíduo, o processamento das informações (cognições) através de crenças e pensamentos. E “c” são as consequências em forma de respostas subjetivas, comportamentais ou psicofisiológicas do indivíduo. Indivíduos com transtorno de personalidade dependente ou apego patológico, apresentam distorções cognitivas de catastrofização,onde há muito pessimismo e negatividade, fica imaginando o pior e para o dependente afetivo o pior que pode acontecer é ser abandonado, existe um medo de abandono muito intenso no dependente afetivo e isso faz com que ele passe a maior parte do tempo “vivendo para o outro”. Outra distorção seria a maximização e minimização, assim ele minimiza suas conquistas ou aspectos positivos e maximiza os erros e as coisas negativas que acontecem, dando grande importância às suas falhas e as considera de sua total responsabilidade, enquanto as realizações são desconsideradas e tratadas como obra da sorte ou fruto da ajuda de outros, no caso atribuem suas realizações ao seu alvo de dependência. E outra distorção muito comum seria a leitura mental, nessa distorção o ponto está em achar que sabe o que os outros estão pensando, muitas vezes imagina que o outro está com raiva dele. Relacionamentos A sobrevivência do ser humano está ligada a constituir vínculos primários que são estabelecidos desde o nascimento, quando o homem nem ao menos é capaz de entender o que é se relacionar e se estende até os vínculos que são formados na vida adulta, como amigos, cônjuges, trabalho e entre outros, esses vínculos se desenvolvem e se modificam conforme as influências por normas sociais e aspectos culturais. (Bowlby, 1969, p.202). Estuda-se além de uma única forma de se relacionar, em sua maioria, atribuímos o ato de se relacionar, há relacionamentos amorosos, porém, é possível a análise de diferentes formas de se relacionar ao longo da vida, construímos diferentes relacionamentos, e por isso, podemos analisar cada um deles e suas particularidades para um indivíduo, existem os relacionamentos interpessoais, amorosos, familiares e também em uma amizade. Relacionamentos pessoais ou mais próximos – por exemplo, com familiares, amigos e parceiros românticos – atenuam a 6 solidão e proporcionam bem-estar subjetivo, tendo, portanto, papel importante na felicidade pessoal e na promoção da saúde. (Argyle, Berscheid .; Regan., 2001., 2005, no prelo). O relacionamento amoroso, do qual mais se ouve falar, está ligado ao ato de afeição, carinho e amor, para com outra pessoa. Tratando de uma relação íntima entre duas pessoas ou mais, em casos de relacionamentos não monogâmicos, onde além de todas as interações de qualquer outro relacionamento, além do amor entre pessoas, existe também o desejo sexual. Enquanto no relacionamento parental, vai além do ato de se relacionar, criar vínculos, afeição, existem os laços sanguíneos. Sendo que não necessariamente exista amor e carinho, pois, nem sempre é criado esse laço durante a vida do indivíduo, e não é uma obrigatoriedade do desenvolvimento, pode inclusive existir apenas o laço sanguíneo, sem nenhum tipo de afeição. E isso pode ocorrer simplesmente por não ter sido desenvolvido essa afeição pela pessoa, por conflitos interpessoais, entre inúmeras outras diferenças que os indivíduos possam ter. (Adolpho, 2017). As relações sociais, tendem a ocorrer em sua maioria durante a adolescência, onde o jovem se enxerga pronto para expandir seu círculo de relacionamentos fora dos limites familiares, existindo um grande investimento e esforço a favor da construção de seu senso de identidade buscando autonomia. Para Feeney (2007), durante o desenvolvimento efetivo da autonomia o indivíduo que está se desenvolvendo precisa sentir-se seguro nas relações que o rodeiam para ter a liberdade de explorar terrenos desconhecidos, e caso ocorra algo errado, existe um lugar seguro para voltar. Assim em todas as formas de relacionamento, existe uma importante relação entre dependência e independência, dessa forma a dependência é um processo clínico pelo qual os indivíduos estão prontos para se direcionar para figuras de apego para aprender, explorar e descobrir quando se sentem seguros e contentes e pelo qual os indivíduos estão aptos a se mover em direção as figuras de afeto para conseguir conforto, segurança quando ameaçados de alguma forma (Feeney, 2007, p.268). Para o indivíduo que está em um relacionamento de dependência tende a surgir sintomas que especifiquem determinado caráter. Na pesquisa de Bution e Wechsler (2016), foi apresentado que no perfil dos dependentes emocionais puderam observar comportamentos de submissão, vazio emocional, ausência de decisões, tédio, conflito de identidade, medo da solidão, baixa tolerância à frustração, sinais de fissura e abstinência do outro, sensação de estar preso na relação e não conseguir abandonar o relacionamento. Intervenção clínica A dependência emocional pode trazer prejuízos significativos na vida da pessoa, como por exemplo, pessoas que possuem dependência emocional com um quadro mais grave e não 7 fazem o tratamento adequado podem vir a desenvolver depressão ou outros transtornos. Uma vez que o dependente emocional sente vazio emocional, ansiedade, medo, conflito de identidade, e até mesmo solidão, o dependente emocional constantemente ativa crenças de desamparo, desvalor e desamor, fazendo com que sinta solidão muitas vezes, e a solidão é um fator de risco para a depressão, ideação e comportamento suicida, bem como para uma variedade de outros resultados psicológicos e fisiológicos negativos (Hackett, Hamer, Endrighi, Brydon, Steptoe, Oliveira & Silva, 2012, 2014, no prelo). Na abordagem cognitivo-comportamental existe uma estrutura da terapia, ou seja, um conjunto de princípios teóricos inter-relacionados e um conjunto de técnicas que podem ser organizadas em estratégias clínicas incluídas em protocolos clínicos mais ou menos estruturados. A partir disso são derivados vários tratamentos psicológicos com base em modelos generalizados ou específicos relacionados a diversas condições clínicas. (David & Freeman, pp. 27-28, 2017). Para Shinohara, Figueiredo & Brasileiro (1999, pp. 153-159), a forma como as pessoas interpretam as situações será determinante da forma como ela irá se sentir, afetiva e fisiologicamente, e de como ela irá se comportar, assim, entende-se que emoções, comportamentos e reações fisiológicas estão diretamente ligados à forma como o indivíduo avalia suas experiências no mundo. Em Beck (1997), foram identificados três níveis de cognição: os pensamentos automáticos, nível mais superficial e espontâneo que se manifesta na mente diante de variadas situações do cotidiano; as crenças intermediárias, onde conteúdos cognitivos aparecem em forma de regras e suposições relacionadas ao nível mais profundo, sendo essas as crenças centrais referentes a si mesmo, dos outros e do mundo, que surgem a partir de experiências remotas da infância. O indivíduo portador do transtorno de personalidade dependente muitas vezes tem uma interpretação distorcida da realidade, que geram pensamentos automáticos e ativação de crenças disfuncionais que trazem muito sofrimento emocional e desequilibram a forma como o indivíduo se relaciona com o outro, a terapia cognitiva proposta por Aaron Beck tem como principal característica ser uma abordagem psicoterapêutica estruturada, de participação ativa entre terapeuta e cliente, voltada para o presente, visando a modificação dos padrões de pensamentos e crenças disfuncionais que causam ou mantêm sofrimento emocional e/ou distúrbios psicológicos no indivíduo. A terapia seria como uma base para a compreensão dos conceitos pessoais que são ativados em determinadas situações que levam o indivíduo a se comportar de forma disfuncional, dispondo de estratégias para corrigir esses conceitos. 8 Após o estabelecimento da boa relação entre o terapeuta e o cliente, é possível trabalhar a colaboração e participação ativa do cliente e do terapeuta na resolução dos problemas abordados através de metas voltadas para o “aqui e agora” e para a identificação, avaliação e modificação de pensamentos e crenças disfuncionais. Segundo, Greenberger& Padesky (1999), para atingir esses objetivos são utilizadas técnicas cognitivo-comportamentais, principalmente o registro de pensamentos, o questionamento socrático e os experimentos comportamentais, e no caso de dependentes emocionais, a descastatrofização seria uma técnica muito importante para o “medo de abandono”, uma vez que eles possuem a crença absoluta de que serão abandonados pelo outro a qualquer momento caso venham a desagradar o outro de alguma forma. Em função disso, este estudo objetivou apresentar a dependência emocional pela perspectiva cognitivo-comportamental e verificar qual o tipo de status de relacionamento mais se identificaria com as afirmações apresentando sinais para o transtorno dependente e várias sociodemográficas que podem estar associadas a dependência emocional. Métodos Foi realizado um estudo quantitativo transversal, constituído por 104 participantes de ambos os sexos, sendo um deles excluído por ser menor de 18 anos, totalizando 103 participantes, o questionário disponível no período de 02 de junho de 2021 a 02 de julho. Para a coleta de dados foram utilizadas as redes sociais como whatsapp, facebook e instagram, com intuito de obter maior visibilidade, através de um convite (Anexo A), e estava aberta ao público que se identificasse com o tema. Os dados coletados foram analisados com o auxílio do programa estatístico SPSS na versão 20.0. Os participantes tiveram acesso ao link para a plataforma de formulários do google o “google forms”, https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScKZAQqRw4unkHihxzgMTDhory0KBdlT55U PwZaA34j_Pfg0g/viewform. No link disponibilizado aos voluntários, foi disponibilizado o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) https://drive.google.com/file/d/146DFkyZ1KgoTmy8jK9Zb4ZnwZbx_Q1ZF/view?usp=shari ng (anexo B) para que fosse declarada a ciência da participação e também o arquivo para download, após ser dado o consentimento no termo, a escala e questionário ficariam disponíveis, para serem respondidos. Os instrumentos utilizados foram: 9 1) Cuestionario de Dependencia Emocional (CDE) O questionário "CONSTRUCCION Y VALIDACION DEL CUESTIONARIO DE DEPENDENCIA EMOCIONAL EN POBLACION COLOMBIANA" foi traduzido e adaptado como “questionário de dependência emocional (CDE)”, por Patricia Nunes, Ricardo Neves, Paulo Gregorio, Clara Lohana e Mayara de Oliveira, da universidade Federal da Paraíba, 2020. (Anexo C) O questionário oficial possui 23 afirmações, com uma escala de 6 opções de resposta para cada afirmação. Neste projeto utilizaremos o questionário traduzido e adaptado utilizado no artigo "Dependência emocional nas relações interpessoais em universitários", que possui 52 afirmações, onde foram adaptadas às 23 afirmações do questionário oficial, para três tipos de relações (familiares, amorosas e de amizades). 2) Foi realizado também o uso de um questionário sociodemográfico, com algumas questões pessoais, como idade, sexo, orientação sexual, status de relacionamento, se o participante já foi diagnosticado com algum transtorno psicológico, produzido pelas autoras do presente artigo, esse pequeno questionário proporcionará complementar os dados fornecidos pelos questionário “Cuestionario de Dependencia Emocional (CDE)”, possibilitando gerar novos dados referente a experiência e forma de enfrentamento dos voluntários sobre o tema abordado. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu em (02/06/2021) com o parecer n° 4.751.902 e Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) n° 46639521.9.0000.0089. (Anexo E). A escala e questionário foram aplicados individualmente e seu acesso poderia ser realizado por meio de computadores, notebooks ou celulares smartphones com acesso a internet, estima-se que cada participante levou em torno de 60 minutos para responder a escala e o questionário. Foram realizadas estatísticas descritivas e inferenciais dos resultados obtidos por meio dos instrumentos de avaliação, com o objetivo de verificar o desempenho dos participantes. As análises inferências visaram a identificar possíveis relações entre o instrumento de medida e as informações obtidas pelo questionário sociodemográfico. Todas as respostas foram tabuladas através do Excel office 2019, e as análises foram conduzidas por meio do programa estatístico SPSS na versão 2.0, sendo a apresentação dos resultados por meio de tabelas e discussão. Foram realizadas análises descritivas (porcentagens, frequências, médias, desvio padrão) e inferenciais (Teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov e Teste de Qui-Quadrado de Pearson). O nível de significância adotado foi de 5%. 10 Resultado e discussão Dos 103 participantes que responderam ao questionário na íntegra, foi observado que as idades variaram entre 18 e 52 anos, a maioria dos participantes possuem faixa etária entre 18 e 22 anos correspondendo a 74,76% das respostas. Em relação ao status de relacionamento, 66,02% dos participantes estão solteiros, 81,55% são heterossexuais, e 95,1% já trabalhou ou está trabalhando. Tabela - Dados sociodemográficos Quantidade de respostas N (%) N = 103 Sexo Feminino Masculino 88 (85,44 %) 15 (14,56%) Idade 18-22 anos 23-27 anos 28-32 anos 33-37 anos 38-42 anos 43-47 anos 48-52 anos 47 (45,63%) 30 (29,13%) 9 (8,74%) 6 (5,83%) 6 (5,83%) 3 (2,91%) 2 (1,90%) Orientação sexual Heterossexual Homossexual Bissexual Assexual Não se identifica 84 (81,55%) 7 (6,80%) 10 ( 9,71%) 1 (0,97%) 1( 0,97%) Relacionamento Solteiro 68 (66,02%) 11 Namorando Noivo Casado Divorciado 5 (4,85%) 1 (0,97%) 28 (27,18%) 1 (0,97%) Trabalho Sim Não 98 (95,15%) 5 (4,85%) Fonte: Dados da pesquisa, 2021. Transtorno psicológico Foi observado que 58,3% dos participantes não possuem nenhum transtorno psicológico, 5,8% possuem transtorno de depressão, 1,0% possuem diagnóstico para transtorno de Borderline, 30,1% dos participantes possuem ansiedade, 1,0% são portadores de transtorno disfórico pré-menstrual e 1,0% dos participantes transtorno psicótico. No Cuestionario de Dependência Emocional (CDE) de 52 afirmações, somente 12 afirmações tiveram uma significância maior devido ao valor de P, equivalente a probabilidade de a resposta ter sido verdadeira ao invés de ter sido escolhida aleatoriamente. Abaixo constam as 12 afirmações: Número Afirmação Valor de P 11 Quando meu/minha parceiro(a) fica ausente por alguns dias, sinto-me angustiado (a). 0.32 13 Ameacei me machucar para que meu/minha parceiro (a) não me deixe. -0.01 15 Preciso ter uma pessoa, para quem eu seja, mas especial que as outras. -0.01 12 21 Preciso ter uma pessoa, para quem eu seja, mas especial que as outras. 0.032 23 Se eu tenho planos e meu/minha parceiro (a) aparece, eu os troco apenas para ficar com ele (a). 0.009 25 Para atrair a atenção dos meus pais, procuro diverti-los e elogiá-los sempre. 0.020 30 Para atrair a atenção dos meus pais, procuro diverti-los e elogiá-los sempre. 0.02 41 Quando discuto com meu pais, tenho medo de receber menos afeto. 0.01 48 Se meus amigos não ligam ou não aparecem no horário combinado, fico angustiado (a) ao pensar que podem estar com raiva de mim. 0.050 50 Receio que meus amigos me abandonem. -0.01 51 Se eu não sei onde meus amigos estão, me sinto incomodado 0.02 52 Apenas me divirto quando estou com meus amigos. 0.038 11- Quandomeu/minha parceiro(a) fica ausente por alguns dias, sinto-me angustiado (a). Foi possível observar que a maioria das pessoas que se identificaram com a afirmação foram os solteiros, enquanto nenhum dos participantes que estão em um relacionamento se identificaram, dessa forma presume-se que os solteiros sentem mais angústia ao ficarem 13 sozinhos, enquanto os casados por estarem em um relacionamento fixo não sentem o medo do abandono nessa proporção. Existe uma certa angústia ao ficar longe do parceiro, ou seja sentir angústia ao ficar muito tempo longe do parceiro pode estar associado a sentir-se isolado, podendo ser tomado por crenças disfuncionais, que são padrões automáticos de falas e imagens que se manifestam de forma totalmente espontânea, sendo distorcidos levando os pacientes a emoções e sentimentos disfuncionais, como por exemplo levar o indivíduo a ter pensamentos de que está isolado, sozinho e até mesmo sentir-se abandonado, essa crença disfuncional pode ser tratada através da terapia breve, estruturada e orientada para o presente, direcionada para solucionar problemas atuais e modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais, como citado em Beck (2013). A angústia sentida pelo indivíduo ao ficar longe do parceiro, também está relacionada a ansiedade de separação, que pode causar grande sofrimento emocional e incapacidade de ter um luto normal pelo fim do relacionamento, pessoas que sofrem de ansiedade de separar possuem personalidade dependente e costumam ter gatilhos muito específicos, como por exemplo um medo irracional de abandono. A ansiedade de separação se caracteriza como um transtorno a partir do momento em que se torna inadequada para o grau de desenvolvimento ou quando interfere no funcionamento da vida diária do indivíduo (Suveg & cols, 2005, pp. 773-795). 13 - Ameacei me machucar para que meu/minha parceiro (a) não me deixe. Embora grande parte dos participantes não tenham apresentado comportamento auto lesivo para não perder o parceiro, quando isso ocorre, a maior frequência ocorre entre os solteiros, eles possuem certo receio em ficarem isolados como apontado na afirmação 11 em relação a angústia em ficar longe do parceiro, os solteiros se identificaram, o que pode indicar diversos transtornos, incluindo depressão e transtorno de borderline, o ato de se ferir para não perder o parceiro pode ser entendido como uma forma de resolver um conflito na relação, o dependente afetivo presta cuidados excessivos para seu parceiro, mesmo que isso inclua negligenciar a si mesmo, está relacionado à ansiedade sentida pelo indivíduo diante de situações nas quais ele necessita agir. (Bution, Catricala, & Wechsler, 2016). O pensamento de se ferir para não perder o parceiro, seria uma distorção, e de acordo com Beck (2013) os pensamentos automáticos distorcidos ou exagerados acarretam prejuízos emocionais, pois moldam as emoções e as percepções frente aos eventos cotidianos. Assim, os relacionamentos podem ser vistos de forma distorcida e como estímulos que ofereciam felicidade e sofrimento e os fazem emitir comportamentos disfuncionais para manter os relacionamentos a todo custo, como forma de controlar que algum tipo de amor lhes fosse 14 assegurado, mesmo sendo este amor não somente uma fonte de segurança, mas, igualmente, de dor. 15- Preciso ter uma pessoa, para quem eu seja, mas especial que as outras. Foi observado que a maioria dos participantes não se identificam com a afirmação, mas ainda assim os solteiros foram os que mais se identificaram com a afirmação, a necessidade de ter alguém para quem seria mais especial que as outras pessoas, seria uma forma até mesmo de evitar o abandono, uma vez que sendo especial para a pessoa, diminuiria a probabilidade de ser abandonado. A necessidade de ser especial para alguém é um indicativo para ser dependente afetivo, uma vez que o dependente quer ser o centro do mundo do outro, sufocando-o com suas demandas e necessidades, podendo recorrer a manipulações e chantagens para ter a pessoa perto. Como a maioria dos participantes não sentem necessidade de atenção constante, assim compreende-se que são pessoas seguras e com autonomia para estarem em um relacionamento sem cobranças excessivas ou conflitos constantes que possam vir a prejudicar sua saúde mental, desencadeando transtornos. 21- Se eu tenho planos e meu/minha parceiro (a) aparece, eu os troco apenas para ficar com ele (a). Na afirmação acima a maior parte dos participantes não se identificou, o que não seria um indicativo para dependência emocional, em contrapartida os solteiros foram os que mais se identificaram com a afirmação, trazendo algumas hipóteses, como por exemplo não verem com tanta frequência o parceiro e no tempo livre eles preferem dar essa prioridade ou até mesmo pode ser que esteja vinculado a ansiedade de separação, a ideia de não estar com o parceiro e sim fazendo outra coisa, poderia trazer um pensamento disfuncional de que seria deixado pelo parceiro, assim, gerando uma insegurança e dando gatilho para o comportamento dependente, e o portador de transtorno de personalidade dependente muitas vezes abandona compromissos pessoais, não cumpre com as responsabilidades profissionais e renúncia aos próprios anseios em função da necessidade de estar com o outro (Izquierdo & Gómez 2013). Mas na presente pesquisa a maioria dos participantes conseguem manter seus planos como prioridade e sem a formação de pensamentos disfuncionais que os fariam acreditar que não priorizar o parceiro faria com que ele se afastasse. Dependentes emocionais possuem crenças centrais de dependência e paranoia (Lemos, 2007). 15 23- Me divirto somente quando estou com meu/minha parceiro (a) Na afirmação “me divirto somente quando estou com meu/minha parceiro (a)”, a maioria dos participantes não se identificaram, e a minoria dos participantes afirmaram apenas se divertir com o seu parceiro, e dentre eles os solteiros foram os que mais se identificaram, supõe que exista uma imaginação que façam com que idealizem que a diversão só seria completa com o seu parceiro, tendo como hipótese a necessidade de ter alguém, e essa limitação de divertir-se apenas na presença do parceiro é um sintoma para dependência emocional, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-5 (2014), transtorno de personalidade dependente, também denominado de dependência afetiva, tem como característica diagnóstica, uma necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva ao comportamento de submissão e apego e a temores de separação, seja de um relacionamento amoroso, familiar ou amizade. 25- Para atrair a atenção dos meus pais, procuro diverti-los e elogiá-los sempre. Comparando a frequência de respostas foi possível observar que os solteiros acreditam que precisam divertir e elogiar os pais como um meio para atrair atenção deles, enquanto os casados ou pessoas que se encontram em algum tipo de relacionamento não concordam com essa afirmação. Essa concordância dos solteiros seria um sintoma para dependência emocional parental, a necessidade da atenção dos pais pode ser entendida também como a necessidade de aprovação. Bornstein e Cecero (2000) propõem que uma relação de dependência pode ser definida por quatro elementos, motivacional, afetivo, comportamental e cognitivo, sendo o componente motivacional que se refere à necessidade de suporte, orientação e aprovação. A busca por essa aprovação pode estar ligada a autoestima, a necessidade de um reforçamento positivo, fazendo com que o indivíduo tenha o comportamento de elogiar e divertir os pais conforme afirmação, buscando como retorno essa reafirmação, assim tendo a atenção desejada, trazendo esse reforço que é buscado. Essa busca de atenção diz respeito à necessidade de assegurar a permanência do parceiro na relação,além do desejo de exclusividade do parceiro, essa seria uma das dimensões elaboradas por Hoyos e Arredondo (2006). 30- Quando discuto com meu pais, tenho medo de receber menos afeto. O medo de receber menos afeto após discutir com os pais, está presente entre os participantes, em sua maioria os solteiros, e está associado a uma crença disfuncional, ou seja o indivíduo tem uma interpretação distorcida da realidade, onde a discussão pode decepcionar o outro, no caso os pais, e ele acaba não sendo amado, essas crenças centrais disfuncionais são 16 quase sempre rígidas, imperativas e super generalizadas, impondo um caráter determinista à autoimagem do indivíduo, que pode se perceber subjetivamente como incapaz de realizar mudanças no seu funcionamento. Beck, (1995, 1997, no prelo); Beck e cols (2004, 2005, no prelo). Nessa afirmação é possível observar a crença de desamor, onde o indivíduo vincula a discussão a não ser digno de receber amor/afeto, ele se diminui, acreditando ser defeituoso e tem pensamentos de que será rejeitado. 41- Se meus amigos não ligam ou não aparecem no horário combinado, fico angustiado (a) ao pensar que podem estar com raiva de mim. No geral, grande porcentagem dos participantes não apresenta indícios de dependência emocional no meio social, compreende quando os amigos se atrasam ou não ligam, compreendendo que pode ter acontecido algo e sem que haja a formação de crenças distorcidas, conseguem lidar com esse evento sem frustrações. Mas verificando a distribuição da frequência, houve uma diferença significativa entre os solteiros e aqueles que possuem algum tipo de relacionamento, onde existe a formação pensamentos disfuncionais de estar sendo abandonado, dos amigos estarem com raiva e isso faria com que ele não seja digno para ter atenção dos amigos, uma vez que ele desagradou os amigos. 48- Receio que meus amigos me abandonem. Verificando a frequência de respostas foi observado que os solteiros são os que mais partilham do medo dos amigos abandonarem, supõe-se que os participantes que estão em algum tipo de relacionamento não se identificam com essa informação, talvez por estarem em um relacionamento e já terem alguma companhia, o medo de ser abandonado não é algo que gere pensamentos distorcidos que podem prejudicar o indivíduo, enquanto os solteiros têm as amizades. O medo do abandono é um comportamento muito comum de quem sofre de dependência emocional, causando muita angústia e inquietação, estaria também ligado a uma das crenças criadas por Beck (1964, p.561-571), a crença de desamparo, onde a pessoa se sente frágil, vulnerável e sozinha. Dependentes emocionais são pessoas que podem não ter suprido suas necessidades afetivas na infância, o que leva a um aspecto relevante na constituição psicológica do ser humano. Podendo assim, apresentar baixa autoestima, ansiedade, depressão, tristeza na ausência do parceiro, sentimento de "vazio" e medo de abandono (Urbiola, Estévez, Iruarrizaga, & Jauregui, 2017). 17 Assim compreende-se que os indivíduos que estão em algum tipo de relacionamento não apresentam indícios de dependência emocional de suas amizades. Assim como em Machado e Romanha, (2019), entende-se que os participantes conseguiram atingir a autonomia emocional necessária para enfrentar suas frustrações na vida adulta e não sobrecarregar cobranças excessivas ao outro. 50- Se eu não sei onde meus amigos estão, me sinto incomodado (a) Os participantes no geral não sentem necessidade de saber onde os amigos estão com frequência, porém quando o olhamos para a distribuição da frequência das respostas, existe uma mudança, os indivíduos que estão dentro de um relacionamento quando não sabem onde os amigos estão se sentem incomodados e talvez abandonados, essa é uma mudança nas respostas, uma vez que nas respostas anteriores os solteiros se identificavam muito mais com as afirmações. Essa mudança levanta algumas hipóteses, como por exemplo o fato de alguém estar em relacionamento cada vez mais sério, a faz sentir-se longe dos amigos, no estudo de Smeha e Oliveira (2013) diz que muitas vezes às vezes entram em um relacionamento para suprir uma carência, assim pensando na concordância para essa afirmação, as pessoas que estão em um relacionamento e concordaram com essa afirmação podem ter feito de tudo para suprir sua carência, e isso incluiria se distanciar das amizades, fazendo com que se sintam abandonados pelos amigos, podendo assim indicar dependência emocional no meio social, uma vez que os dependentes emocionais precisam ter contato constante com os amigos, e saber a onde os amigos estão o tempo todo se enquadraria em um contato constante. 51- Se eu tenho planos e meus amigos aparecem, eu os troco apenas para ficar com eles. Comparando a frequência geral das respostas, foi observado que os solteiros são os que mais mudam seus planos para estarem com seus amigos, enquanto as pessoas que estão em um relacionamento não costumam fazer isso, no estudo de Smeha e Oliveira (2013), os participantes relatam que estar em um relacionamento significa perder a liberdade, no caso dos solteiros eles podem facilmente mudar seus planos para estarem com os amigos, já as pessoas que estão em um relacionamento não têm essa flexibilidade tão facilmente, se o parceiro desmarca com o outro para estar com os amigos, isso altera os planos do outro também, e isso seria um fator conflituoso para o relacionamento. 52- Apenas me divirto quando estou com meus amigos. Ao verificar a frequência das respostas, nota-se que os solteiros concordam com a afirmação, podendo apresentar indícios de dependência emocional, uma vez que o dependente só alcança sua estabilidade emocional por meio do outro (Hoogstad, 2008, pp. 63-68), ou seja 18 a diversão estaria condicionada a presença dos amigos. Os solteiros foram os que mais se identificaram com a afirmação porque diferente das pessoas que estão em um relacionamento, eles não tem um parceiro com quem compartilham sua rotina, passeios e entre outros, eles têm os amigos que são suas companhias. Considerações finais O presente estudo teve como objetivo verificar qual o tipo de status de relacionamento mais se identificaria com as afirmações apresentando sinais para o transtorno dependente, também foi verificado se outras variáveis sociodemográficas poderiam estar associadas à dependência emocional nessa população e apresentar a dependência emocional através da perspectiva Cognitivo Comportamental, onde acredita-se que, embora exista uma vulnerabilidade cognitiva que pode ativar a crença de desamparo, desvalor e desamor e fazer com que pensamentos e comportamentos relacionados ao padrão dependente manifestem-se, igualmente, existe a possibilidade de que após uma reestruturação cognitiva e exposições comportamentais, novas formas de pensamentos e relacionamentos sejam experienciadas, fazendo com que assim, as vulnerabilidades típicas do padrão dependente diminua. Dentro das variáveis observadas foi possível identificar duas variáveis que podem estar associadas: à idade e status de relacionamento. Através dos dados obtidos nos resultados, foi considerado para o geral da pesquisa que os participantes não se identificaram com as afirmações, a idade pode ser um dos fatores relacionados à dependência emocional, como os participantes são jovens, a maioria possui entre 18 e 22 anos, sendo pessoas com muito mais acesso a informações e autonomia sobre o tema, podendo evitar desenvolver o transtorno dependente afetivo. Mas distribuindo a frequência de respostas, os solteiros apresentaram sinais para dependência emocional em relacionamento amoroso, social e parental. Supõe-se que para os solteiros terem concordado com as afirmações a respeito do relacionamento amoroso, é porque existe a idealização de como seria se estivessem em um relacionamento,como reagiriam para não perder o parceiro, podendo estar relacionado ao medo de ficar solteiro, esse pode ser caracterizado como uma preocupação, angústia ou ansiedade em relação a uma experiência atual ou potencial de ficar sem um parceiro romântico, como apontado no estudo de Fonseca, Gouveia, Santos, Couto, Neves e Coelho (2017), e esse medo também poderia ser responsável pela criação de crenças e pensamentos disfuncionais. E quanto aos relacionamentos social e parental, as pessoas que já estão em algum tipo de relacionamento não sentem tanta necessidade da atenção de pais ou amigos justamente por terem um parceiro, em uma pesquisa desenvolvida por Adamczyk e Segrin (2015), participantes solteiros apresentaram menor nível de satisfação com a vida e de suporte social, além de 19 maiores escores de solidão do que àqueles que se encontram em algum tipo de relacionamento. E também há a hipótese que os sinais para dependência emocional nos relacionamentos social e parental, podem estar relacionados ao apego inseguro ambivalente, Bowlby (1958, pp. 1-25.) desenvolvido enquanto bebês, uma vez que os primeiros vínculos originados desde o nascimento servem como base para a formação dos próximos vínculos do indivíduo, para Beck (1997) conteúdos cognitivos aparecem em forma de regras e suposições relacionadas ao nível mais profundo, sendo essas as crenças centrais referentes a si mesmo, dos outros e do mundo, a partir de experiências remotas da infância. Estima-se que para futuras pesquisas juntamente com o questionário deverão ser feitas entrevistas iniciais, com participantes mais velhos, para verificar se a frequência da dependência emocional de fato pode estar vinculada a idade ou se realmente houve uma coincidência no estudo, também deverá ser levado em consideração o status de relacionamento, uma vez que os solteiros apresentaram indícios de dependência emocional muito mais frequentes do que os que estão em algum tipo de relacionamento, visando entender sobre os vínculos primários dos participantes, uma vez que a partir dos vínculos primários a pessoa tem uma base para criar os próximos vínculos, e filtrar para pessoas que já tenham tido pelo menos algum sintoma de dependência emocional em qualquer relacionamento em sua vida. 20 Referências Adamczyk, K., & Segrin, C. (2015). Direct and indirect effects of young adults’ relationship status on life satisfaction through loneliness and perceived social support. (Psychologica Belgica. doi:http://doi.org/10.5334/pb.bn). Adolpho, M. (2017) A dependência emocional em casais: O amor que aprisiona. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Psicologia. Faculdade Integrada de Santa Maria; Orientador: Piccoloto, L. recuperado de: https://www.fismapsicologia.com.br/wp- content/uploads/2018/10/A-DEPEND%C3%8ANCIA-EMOCIONAL-EM-CASAIS-O- AMOR-QUE-APRISIONA-2017.pdf). Beck, A. T. (1963). Thinking and depression: I. Idiosyncratic content and cognitive distortions. Archives of General Psychiatry. (pp. 324–344). Beck, A. T. (1964). Thinking and depression: II. Theory and therapy. Archives of Gene ral Psychiatry. (pp. 561-571). Beck, A. T. (1976). Cognitive therapy and the emotional disorders. (New York: International Universities Press). Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F. & Emery, G. (1997). Terapia cognitiva da depressão. (Porto Alegre: Artes Médicas). Beck, A. T., Freeman, A., & Davis, D. D. (2005). Terapia cognitiva dos transtornos da personalidade (M. A. V. Veronese, Trad. Porto Alegre: Artmed. Trabalho original publicado em 2004). Beck, J. S. (2013). Terapia Cognitiva-Comportamental: teoria e prática. (2ed. Porto Alegre). 21 Berrios, G. E. (2012). A psicopatologia da afetividade: Aspectos conceituais e históricos. (Revista Latinoam. Psicopatol. Fundam., p. 138). Berscheid, E. & Regan, P. (2005). A psicologia das relações interpessoais. (Upper Saddle River: Pearson). Blasco, J. C. (2001). Análisis Del Concepto Dependencia emocional. (I Congresso Virtual de Psiquiatria. recuperado de: www.psiquiatria.com/congresso/mesas/mesa6/conferencias/6_ci_a.htm). Bowlby, J. (1940) The influence of early environment in the development of neurosis and neurotic character. (International Journal of Psycho-Analysis. vol. 21, pp. 1-25). Bution, D. C. & Wechsler, A. M. (2016). Dependência emocional: uma revisão sistemática da literatura. (Estudos Interdisciplinares em Psicologia, pp. 77-101. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236- 64072016000100006&lng=pt&tlng=pt). Bution, D & Wechsler, A. Dependência emocional: uma revisão sistemática da literatura. (Est. Inter. Psicol., Londrina, v. 7, n. 1, pp. 77-101, jun. 2016. recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236- 64072016000100006&lng=pt&nrm=iso). Ellis, A. (1957). Rational psychotherapy and individual psychology. (Journal of Individual Psychology, pp. 38–44). Ellis, A. (1962). Reason and emotion in psychotherapy. (New York: Stuart). Ellis, A. (1994). Reason and emotion in psychotherapy. (Secaucus, NJ: Birch Lane. Original work published 1962). 22 Feeney, B. C. (2007). The dependency paradox in close relationships: Accepting dependence promotes independence. (Journal of Personality and Social Psychology, pp. 268-285). Freeman, Arthur, David, Daniel (2017). Terapia cognitiva dos transtornos da personalidade. (Cap. 1 Visão geral da terapia cognitivo-comportamental dos transtornos da personalidade. p.14). Fonseca, P. N., Gouveia, V. V.,, Santos, J. L. F., Couto, R. N. & Coelho, G. L. H. (2017). Medo de ficar solteiro: evidências psicométricas e de validade de uma medida. (Temas em Psicologia, pp. 1499-1510. https://dx.doi.org/10.9788/TP2017.4-02Pt). Greenberger, D. & Padesky, C. A. (1999). A mente vencendo o humor. (Porto Alegre: Artmed). Guimarães, A. P. M. & Silva, N;, Melchisedech, C. (2015). A formação do self e a dependência afetiva: uma revisão bibliográfica da abordagem centrada na pessoa. (Revista do NUFEN, pp. 48-77. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175- 25912015000200004&lng=pt&tlng=pt). Hackett, R. A., Hamer, m., Endrighi, R., Brydon, L. & Steptoe, A. (2012). Respostas inflamatórias e neuroendócrinas relacionadas ao estresse e à solidão em homens e mulheres mais velhos. (Elsevier: Psiconeuroendocrinologia. Volume 37, edição 11 , novembro de 2012. https://doi.org/10.1016/j.psyneuen.2012.03.016). Hoogstad, J. (2008). Choice Theory and Emotional Dependency. International Journal of Reality Therapy, pp. 63-68. Recuperado de http://www.wglasserinternational.org/wp- content/uploads/bsk-pdf-manager/119_IJCTRT_APRIL2015.PDF 23 Hoyos, M. L, & Arredondo, N. H. L. (2006). Construcción y validación del cuestionario de dependencia emocional em población colombiana. (Acta Colombiana de Psicología, pp. 127-140. Recuperado de http://www.hmredalyc.org/articulo.oa?id=79890212). Izquierdo, M. S. A & Gómez, A. C. (2013). Dependencia afectiva: abordaje desde una perspectiva contextual. (Psychologia: Avances De La Disciplina, 7(1), pp. 81-91. Recuperado de http://www.redalyc.org/pdf/2972/297226904011.pdf) Lemos, S. C. A., Gechele, H. H. L. & Andrade, J. V. (2017). Os Vínculos Afetivos no Contexto de Acolhimento Institucional: Um Estudo de Campo. Psicologia: Teoria e Pesquisa. (22 de jun. de 2017. recuperado de https://doi.org/10.1590/0102.3772e3334). Lemos, H. M., Londoño, A. N. H & Zapata, E. J. A. (2007). Distorsiones cognitivas en personas con dependencia emocional. (Informes Psicológicos pp. 55-69. recuperado de: https://revistas.upb.edu.co/index.php/informespsicologicos/article/view/783/608). Machado I., MSC & Romanha R.. (2019). Dependência emocional nas relações interpessoais em universitários. (Santa Catarina: Trabalho de conclusãode curso de graduação em Psicologia da Universidade do Sul, Unisul). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. (5ª ed.). (2014). American Psychiatric Association (APA). (Ed. Artmed). Mota, G & Mugnol, M. (2018). Dependência afetiva: Quando amar é uma patologia - Levantamento, intervenção e prevenção. (Universidade Paulista. recuperado de http://conic-semesp.org.br/anais/files/2018/1000002547.pdf). 24 Oliveira, C. Pires, A. Vieira, T. (2009). A terapia cognitiva de Aaron Beck como reflexividade na alta modernidade: uma sociologia do conhecimento. (recuperado de https://doi.org/10.1590/S0102-37722009000400020). Panciera, S. D. P., Valverde, B. B. R. & Jurdi, A. P. S. (2021). Desenvolvimento humano e formação interdisciplinar: possibilidades de encontro entre os cursos de Psicologia e Terapia Ocupacional. Interface - Comunicação, Saúde, Educação. (Dez 04 de 2020. https://dx.doi.org/10.1590/interface.200208). Shinohara, H.; Figueiredo, C. & Brasileiro, R. F. (1999). Terapia cognitiva: Aspectos históricos, filosóficos e conceituais. (Psicologia Clínica, Pós-Graduação e Pesquisa, PUC-Rio, pp. 133-159). Smeha, L. N. & Oliveira, M. V. (2013). Os relacionamentos amorosos na contemporaneidade sob a óptica dos adultos jovens. (Psicologia: teoria e prática, pp. 33-45. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 36872013000200003&lng=pt&tlng=pt). Souza, L. K. & Hutz, C. S. (2008). Relacionamentos pessoais e sociais: amizade em adultos. (Psicologia em Estudo, pp. 257-265. recuperado de https://dx.doi.org/10.1590/S1413- 73722008000200008). Sternberg, R. J. (1988). O triângulo do amor: Intimidade, paixão e compromisso. (New York, NY: Basic Books). Suveg, C., Aschenbrand, M. A. & Kendall, P. C. (2005). Separation Anxiety Disorder, Panic Disorder and School Refusal. (Child & Adolescent Psychiatric Clinics of North America, pp. 773-795). 25 Urbiola, I., Estévez, A., Iruarrizaga, I., & Jauregui, P. (2017). Dependencia emocional em jóvenes: relación con la sintomatología ansiosa y depresiva, autoestima y diferencias de género. (Ansiedad y Estrés, pp. 1-6. Recuperado de https://www.elsevier.es/index.php?p=revista&pRevista=pdf- simple&pii=S1134793716300537&r=242). Wright, J. H., Basco, M. R.; Thase, M. E. (2008). Aprendendo a terapia cognitivo- comportamental: um guia ilustrado. (Porto Alegre: Artmed). Zanin, C. R. & Valerio, N. I. (2004). Intervenção cognitivo-comportamental em transtorno de personalidade dependente: relato de caso. (Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, pp. 81-92. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517- 55452004000100009&lng=pt&tlng=pt). Apêndice A - Convite divulgado para a participação da pesquisa https://drive.google.com/file/d/1FBLICXHwhejqm0RWd- kEzHQYxQ4js6M8/view?usp=sharing 26 27 Apêndice B - Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) https://drive.google.com/file/d/146DFkyZ1KgoTmy8jK9Zb4ZnwZbx_Q1ZF/view ?usp=sharing 28 29 Apêndice C- Cuestionario de Dependencia Emocional (CDE) https://drive.google.com/file/d/19i0zVV7j36op23G-2HG42y5YqivvST- w/view?usp=sharing 30 31 32 Apêndice D - Questionário Sociodemográfico https://drive.google.com/file/d/1owNUG3HkKFILMU- wSzpVHoDElDcvfzMI/view?usp=sharing 33 Apêndice E - Parecer Consubstanciado do CEP 34 35 36 37 Revista Brasileira de Terapias Cognitivas (RBTC). Segue as recomendações de estilo da sétima edição do Publication Manual of the American Psychological Association (APA, 2010). Fonte: Times New Roman, tamanho 12, ao longo de todo o 38 texto, incluindo Referências, Notas de Rodapé, Tabelas, etc. Margens: Superior e esquerda 3,0cm – Inferior e direita 2,0cm Espaçamento: espaço duplo ao longo de todo o manuscrito, incluindo Folha de Rosto, Resumo, Corpo do Texto, Referências, etc. Alinhamento: esquerda Recuo da primeira linha do parágrafo: tab = 1,25 cm
Compartilhar